Hermes C. Alvarenga
Este livro, escrito originalmente na que o texto foi concebido em 1920, por um
língua inglesa em 1920 pelo célebre violinista pedagogo que foi contemporâneo de Johannes
e pedagogo russo Leopold Auer (1845-1930), Brahms (1833-1897), que ensinou alguns dos
posiciona-se entre os mais importantes títulos expoentes do cenário violinístico do Sec. XX,
da literatura escrita sobre o violino e sua entre eles Jascha Heifetz (1901-1987), um dos
editora Prismas, com tradução de Luiz Amato e sua juventude como estudante de violino e suas
Robert Suetholz amplia positivamente a ainda experiências vividas sob a tutela de grandes
incipiente literatura sobre o violino disponível nomes da época como Joseph Joachin (1831-
O livro de 148 páginas é dividido em 14 mostra que o ensino do violino naquele período
capítulos que trafegam pela história de vida do era feito majoritariamente por professores
próprio autor enquanto também trata questões privados e em alguns poucos conservatórios em
técnicas de como ensinar e tocar o violino. Seu cidades europeias. Entre esses conservatórios
afirmativo de suas convicções, algumas delas em 1795. Auer descreve Paris como: “sonho
potencialmente inadequadas para os dias atuais. que flutuava diante dos olhos de cada estudante,
Entretanto, devemos sempre ter em mente de de cada artista que desejasse reconhecimento”.
Essa afirmação era compreensível, a França controversas, acredito que controversas até
dominava a cultura musical de grande parte da mesmo para o início do Sec. XX, quando o
havia de mais prestigioso quando o assunto era Auer escreveu esse texto aos 75
Para o violinista, seja ele estudante Estados Unidos. Auer lá chegou já trazendo
momentos únicos sobre passagens da vida de como pedagogo, avalizado por sua cátedra
Auer. Seu relato sobre o período como aluno de várias décadas no Conservatório de São
de Joachim é fascinante e culmina quando Auer Petersburgo, na Rússia, onde formou alunos
cita algumas obras que havia estudado com que se destacaram no cenário internacional,
seu mestre, mas não menciona o Concerto em notadamente nos Estados Unidos.
porém observa, que naquele momento este não apresenta características de um método
concerto ainda não havia sido composto. com instruções de como proceder na abordagem
observação já como professor sobre aqueles forma como encontramos em autores como, por
alunos que “embora bem dotados pela natureza”, exemplo, Carl Flesch (1873-1944) no The Art
estariam “sujeitos a certas limitações”. of Violin Playing, escrito posteriormente. Ao
Nesses casos Auer era afirmativo de que eles contrário de produzir um tratado sobre técnica
representavam a maioria e que esses aspirantes a violinística, Auer prefere discorrer sobre suas
violinistas uma vez “suficientemente filosóficos experiências durante sua vida de violinista
suas limitações”, seriam “excelentes músicos sobre técnica violinística são quase sempre
Auer afirma: “muitos deles também se dedicam instruções de seu conteúdo e procedimentos.
ao ensino, mas em geral não são muito bem Como notam os tradutores no prefácio da
adaptados para esse trabalho”. Como vemos, o edição brasileira, “não se trata de um método
estudar, sugestões para golpes de arcos bem psicologia da performance, que desmontam
se a aspectos mais subjetivos como: escolha importante livro foi feita com esmero pelo
relativas ao psicológico do artista como o “medo Robert Suetholz e representa com fidelidade o
de palco”. É interessante notar a abordagem texto original. Contribuiu muito para o sucesso
de Auer sobre esse aspecto da psicologia da desse trabalho a expertise dos tradutores que
performance citado por último. No capítulo 12, com muita propriedade souberam adaptar o
“Nervo ao Tocar Violino”, Auer relata vários texto original para nosso idioma, contornando
casos de artistas conhecidos e também alunos com maestria as dificuldades inerentes ao tema.
afetados negativamente pelo fenômeno que passa a ser uma importante adição à literatura
usou-se denominar medo de palco. Disse ser para o violino em língua portuguesa e deve ser
interessante a abordagem pois na época ainda considerado título indispensável nas bibliotecas
não havia um foco sistemático em estudos das escolas de música e universidades