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Clínica Psicanalítica

Clínica Psicanalítica
Aula 15: Psicanálise e as neurociências

AULA 15: PSICANÁLISE E AS NEUROCIÊNCIAS


Clínica Psicanalítica

Psicanálise e as neurociências.

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Psicanálise e as neurociências

A psicanálise e a neurociência já estiveram muito próximas


e o seu ponto de ligação foi Sigmund Freud.

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Psicanálise e as neurociências

• Freud iniciou sua carreira como neuroanatomista e neurologista e, até o fim da vida, manteve a
convicção de que os fenômenos mentais possuem um substrato biológico.

• Trabalhou nos laboratórios do fisiologista Ernst Brücke e do neuroanatomista e psiquiatra


Theodor Meynert, e atuou com neurologista no hospital geral de Viena.

• Antes de criar a psicanálise, escreveu monografias sobre a paralisia cerebral infantil e sobre a
afasia.

Do começo ao fim de sua obra, (até porque foi um neurologista), tentou inserir a psicanálise no
âmbito das ciências da natureza.

O seu mestre Charcot era grande estudioso da histeria, e tinha como projeto demonstrar que a
histeria é uma doença neurológica como as outras, colocando, no corpo da sua teoria, a idéia de que
o elemento principal na histeria seriam essas famílias neuropáticas e que todos os demais fatores
etiológicos seriam apenas causas incidentais.

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Era mais ou menos esse o panorama psicopatológico dominante na virada do século XIX para o século
XX, quando Freud entra no debate: alegava que o fator hereditário está presente, na condição de
precondição.

• Essa precondição vai atuar de maneira patogênica ou não, segundo o contexto, seguindo as
coordenadas existenciais daquele indivíduo.

Com o advento das neurociências, no século XX, chegou o momento de reinserir a psicanálise no rol das
ciências naturais (com mais precisão, biológicas). Assim, a observação dos comportamentos manifestos
do inconsciente, através de suas afecções psíquicas, será feita pela observância dos fenômenos
biológicos do corpo-mente e, de modo especifico, do funcionamento do cérebro.

Aceitando os paradigmas das ciências naturais (biologia evolucionista, neurobiologia, neuroanatomia e a


biologia molecular e genética), a apropriação (teórica) do aparelho psíquico fica concebida como um
sistema neurobiológico, de tal maneira que os sintomas psicopatológicos podem ser verificados
(verificabilidade empírica) pelos acontecimentos/eventos psicossomáticos e não permanecerem de
maneira semântica.

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Edelman (1992, p.208), neurocientista, acata e defende a teoria freudiana dos processos inconscientes
quando cita: "Freud foi a figura mais importante entre aqueles que sublinharam o papel dos processos
inconscientes no nosso comportamento e sentimentos”.

Ele prossegue dizendo que Freud tentou, no seu Project for a Scientific Psychology, dar uma explicação
neuronal explícita da relação dos processos conscientes e inconscientes com o comportamento... A
existência do inconsciente é um princípio fundamental e unificador das teorias psicológicas de Freud.

Ressaltando a posição da psicanálise à luz da neurociência, faz-se necessária a referência ao Projeto


para uma psicologia científica (1895), que Freud escreveu com a intenção de tornar a psicologia uma
ciência natural.

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A relação entre a neurociência e a psicanálise é um debate


central do pensamento contemporâneo, cuja questão
fundamental é uma nova concepção do que forma o
inconsciente.

Sabe-se que existem comportamentos que se remetem ao


inconsciente e podem ser facilmente transformados em estados
conscientes – o pré-consciente – e existem também aqueles que
só com grande dificuldade podem ser transformados ou ser de
todo – o inconsciente propriamente dito.

Freud afirmava que certos acontecimentos ameaçadores


(traumáticos) ficam retidos na memória quase sem nenhum
acesso à evocação consciente.

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A noção de Freud do "recalcamento" é consistente com os modelos desenvolvidos por Edelman (1992)
e Damásio (1993,1999) acerca da memória.

Edelman afirma que a distinção entre eu (ego) e não eu (isso) exige a participação de sistemas de
memória que ficam para sempre inacessíveis à consciência. Assim, o termo recalcamento na
neurociência é a incapacidade seletiva para recordar e estaria a recategorização fortemente carregada
de valor.

Desse modo, a neurociência vem comprovando também as explicações psicanalíticas para a memória,
para o sonho, para as lacunas da consciência entre outros, e, a psicanálise não precisa afastar-se da
neurociência, nem tampouco aderir ao modelo que ela propõe.

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O Project for a Scientific Psychology desperta hoje interesse dos neurocientistas, e também é
considerado um precursor da metapsicologia freudiana, contendo os principais conceitos
psicanalíticos, como: "energia psíquica", "processo primário", "processo secundário", "ego" e
"repressão".

A metapsicologia freudiana é uma elaboração conceitual, que fornece uma explicação para as
situações que se apresentam na experiência clínica, na tentativa de ser a enunciação do
inconsciente. Portanto, somente no setting da clínica psicanalítica é que o inconsciente deverá
ser desvelado ou revelado.

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Os principais conceitos psicanalíticos de Freud à luz da


neurociência:

Repressão – que é central na psicanálise.

Trata-se de um mecanismo de defesa intrapsíquico que


ativamente impede o acesso à consciência de determinadas
representações mentais, consideradas indesejáveis ou
inaceitáveis.

Para Freud, não conseguimos nos lembrar de quase nada dos


primeiros anos de nossas vidas em função da repressão da
sexualidade infantil.

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No entanto, nas últimas décadas, houve um grande progresso no


conhecimento da neurobiologia da memória.
As memórias, segundo Damásio (1993) podem ser classificadas em explícitas
(ou declarativas) e implícitas (ou não declarativas).

As memórias explícitas representam informações sobre o que é o mundo,


informações que são acessíveis à consciência, podem ser evocadas
voluntariamente e expressas em palavras.

A memória implícita refere-se ao aprendizado de como fazer as coisas.


Expressa-se numa melhora de desempenho em uma determinada atividade,
que se dá em função de experiências prévias. É um tipo de memória
automática e reflexa, que não pode ser traduzida em palavras, e que independe
da recuperação consciente das experiências que produziram o aprendizado.

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Há vários tipos de memória implícita:


• Memória de procedimento;
• Condicionamento clássico;
• Condicionamento operante;
• Aprendizagem não associativa;
• Pré-ativação;
• Memória emocional.

Somente as memórias explícitas são passíveis de repressão; as


memórias implícitas de longo prazo, já são por natureza inconscientes.

De acordo com alguns neurocientistas, os mecanismos neurobiológicos


subjacentes à repressão estariam relacionados a uma desconexão
funcional entre os dois hemisférios.

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Recordações afetivas dolorosas ou desagradáveis não teriam acesso ao hemisfério esquerdo e, com isso,
não poderiam ser verbalizadas e se tornar conscientes.

Possivelmente a região orbitofrontal direita, através de uma


ação inibitória, teria alguma participação nesse mecanismo.

Os neurocientistas conferem que não temos memórias explícitas


dos primeiros anos de nossas vidas porque o hipocampo não se
torna plenamente funcional até a idade de três ou quatro anos.

As lembranças mais precoces do ser humano são principalmente emocionais e visuais. Essas primeiras
lembranças são armazenadas no hemisfério direito, não podendo ser recuperadas verbalmente mais tarde
na vida adulta.

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• As descobertas neurocientíficas corroboram a teoria psicanalítica?


• O que a neurociência pode proporcionar à psicanálise?
• Deve-se buscar uma comparação entre as hipóteses formuladas pela psicanálise e os achados da
neurobiologia?

"A psicanálise não tem o objetivo de desvendar os mecanismos fisiológicos do cérebro. Isso é função
da neurociência. Mas os fenômenos que emergem desses processos físicos são objeto da investigação
psicanalítica", diz o psicanalista brasileiro Yusaku Soussumi, da Sociedade Internacional de
Neuropsicanálise.

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VAMOS AOS PRÓXIMOS PASSOS?

Revisão de conteúdo;

Abordagem dos assuntos principais da


disciplina.

AVANCE PARA FINALIZAR


A APRESENTAÇÃO.
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