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Os Milagres do Bodo

Primeiro milagre – A origem da Santa

«…Diz-se que D. Pelagia de Almeida, mãe de D. Maria Fogaça, estando na sua


varanda, gozando da brisa suave e fagueira duma noite de Maio, vira descer uma luz
brilhante e baixar sobre um pontoque defrontava com ela e que se escondera ali… Este
sucedimento provocou em D. Pelagia certa emoção, e acompanhada por um seu
escudeiro, foi ao sitio onde lhe parecera que o esplendor se havia ofuscado, e lá
encontrara, no meio dos cardos, uma imagem de Nossa Senhora com o menino ao colo,
levando-a em seguida para o seu oratório, onde com a maior pompa, a teve patente a
veneração pública durante 15 dias. Foi esta imagem que depois, em 1110, D. Maria
Fogaça colocou na Ermida de Nossa Senhora do Cardal…»

Segundo milagre – A praga de gafanhotos

«… Passados anos, uma quantidade de gafanhotos e lagartas invadiu esta Vila… os


pombalenses julgavam-se já assaltados por uma praga semelhante à do Egipto. Na
Igreja de S. Pedro, então Matriz desta Vila, o pároco e o povo deram principio a uma
procissão de preces, que acabou na Ermida de Nossa Senhora do Cardal, onde houve
missa cantada e no fim dela se prometeu à Senhora fazer-lhe todos os anos um festa no
dia em que os livrasse de tão grande calamidade. A Senhora atendeu os rogos e ouviu as
suplicas do povo aflito, porque na manhã seguinte já o terrível inimigo tinha evacuado
dos campos. Reconheceu-se plenamente o milagre… e no ano seguinte, por mão de D.
Maria Fogaça houve festa.»

Terceiro milagre – O homem do forno

«… Foi então que mandou fazer dois grandes bolos de oferta para o pároco, porém
ficando tortos ao deitar no forno, um creado da casa, invocando o nome de Nossa
Senhora, se resolveu a entrar nele a concertá-los, e saindo sem lesão, sucedeu ao
prodígio e admiração, constituindo novo milagre atribuído à Senhora do Cardal».

Quarto milagre – O atentado infrutífero

«… Algumas pessoas mal intencionadas, querendo desgostar D. Brígida Teresa Pereira


de Lacerda e Melo, no tempo em que esta dama tomou por conta as festas, lhe atiraram
uma carretilha e uma granada, numa das noites da festa, que dando no fogo que estava
junto e destinado para se deitar, ardeu todo de uma vez, com horroroso estampido, e
fazendo algumas vítimas. Porem atribui-se um milagre visível a Nossa Senhora não
irem pelos ares as casas da festeira e todas as pessoas que estavam nelas, sendo verdade
que fugindo do incêndio, se lançavam pelas janelas, como sucedeu a um religioso de S.
Domingos, pregador das festas que por uma janela se salvou do incêndio sem perigo
algum. Diz-se também que estando a bandeira da Senhora do Cardal à janela das casas
onde ardera o fogo, ficara ilesa.»
Quinto Milagre – A pipa de vinho que nunca mais acabava

«…Sendo mordomo de Nossa Senhora do Cardal Bento Teixeira Feio, Tesoureiro-Mor


do Reino, e da família do Conde Castelo Melhor no ano de 1660, mandou pôr uma pipa
cheia de vinho, para se utilizarem dela os muitos concorrentes à romaria no dia da festa.
Pelas 10 horas da manhã foi-lhe metida a torneira e ás 11 horas já estava esgotada. Um
creado foi depois ver se ainda na pipa havia algum vinho e puxando-lhe pela torneira,
começou ele a sair em tão grande quantidade como se estivesse cheia. Em vista de tão
similar prodígio, todas as pessoas presentes começaram a aproveitar-se do vinho, com
tanta precipitação e a lavarem-se nele, que imediatamente parou, indicando Nossa
Senhora que não gostava daquelas demonstrações.»

Sexto milagre – A cura pelo vinho

«…Todas as pessoas que se lavaram no vinho encontraram remédio para as suas


enfermidades. O mancebo António Freire de Araújo… pagem da Marquesa de Castelo
Melhor, tinha o pescoço cheio de grandes caroços, que não o deixavam fazer coisa
alguma…achando-se presente lavou o pescoço com o vinho milagroso…em poucos dias
os caroços começaram a deitar pus, cicatrizando de tal modo que não se conheciam
sinais…»

Sétimo milagre – A salvação do Conde de Castelo Melhor (em criança)

«… sendo menino o Conde de Castelo Melhor, escapou a uma gravíssima enfermidade,


e seus pais suplicaram a intercessão de Nossa Senhora do Cardal, em favor do filho, e
prometeram se ele melhorasse fazer um alpendre magnifico na sua ermida, o que
efectuaram, porque o menino, já abandonado pela medicina, foi salvo».

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