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O primeiro Bodo republicano

O Bodo, nos últimos anos da monarquia, definhava em criatividade e inovação,


tal qual o regime vigente.
As festas resumiam-se ao milagre do homem no forno, às arruadas e concertos
da Filarmónica Artística Pombalense, sendo a parte religiosa predominante na sua
organização.
A parte do divertimento do povo era feito pelo próprio, com os cantares e as
danças em exibição, não em palcos como hoje, mas no Largo do Cardal.
O Jornal O Imparcial, de cariz republicano, informava os seus leitores nas
edições de final de Julho, caso «quisessem saber o programa das Festas de 1910,
bastaria ler o programa… de1909, pois a festa era igual.». E criticava a pasmaceira e a
falta de criatividade dos responsáveis.
Com a Implantação da República, o Bodo também veio a ressentir-se das
decisões republicanas. Entrando em vigor a Lei da Separação, também a Câmara
decidiu não apoiar a parte religiosa das festas, que a partir de 1911 passou a ser
organizada pela Comissão Administrativa do Convento. A parte pagã passou a ser
organizada por comissões eleitas para o efeito, com o apoio da Câmara.
E para marcar a diferença, logo em 1911 as Festas do Bodo (as primeiras na
Republica) tiveram na sua organização um elemento novo: um cortejo cívico, com o
objectivo de distribuir pelos pobres, não um naco de pão, mas sim «um obulo que a
alma generosa de Pombal oferecia, sorrindo de prazer e alegria… Participaram no
cortejo cívico a Tuna dos Empregados do Comércio, a Filarmónica Artística
Pombalense, as crianças das escolas, administrador e seu secretário, a câmara e muitos
convidados». O sucesso do cortejo cívico foi tal, que até permitiu «que aos republicanos
lhes chegassem as lágrimas, de comoção.»
Resta dizer que as ofertas do cortejo cívico aos pobres foram obtidas por
subscrição pública.

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