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PUC-SP
Mestrado em Fonoaudiologia
São Paulo
2016
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Mestrado em Fonoaudiologia
São Paulo
2016
Banca Examinadora
Dedicatória
À Profª Drª Léslie Piccolotto Ferreira, minha querida mestra, pelas orientações
amorosas, seguras e esclarecedoras; por todos os ensinamentos; por acreditar em
mim e em minha pesquisa; por colocar luz na escuridão e por compartilhar comigo o
seu amor pela Fonoaudiologia. Agradeço pela generosidade, pelo acolhimento e pela
amizade.
À Profª Drª Marta Assumpção Andrada e Silva por ter acompanhado os meus passos
durante o desenvolvimento desta pesquisa, pelas leituras atenciosas, pelos
questionamentos e sugestões que, com certeza, contribuíram para a minha evolução
e do estudo.
À Profª Drª Sandra Madureira e Profª Drª Joana Mariz por contribuírem, com muita
generosidade, com suas reflexões e experiências; pelas leituras atenciosas e por
ajudarem a delinear o caminho.
À Profª Drª Zuleica Camargo pelas contribuições e sugestões para melhoria do projeto
de pesquisa e por ter me acolhido como estagiária docente.
Ao Alexandre Faria, pianista e amigo, pela troca de experiências e por ter me ajudado
nas gravações dos vocalises.
Ao Pedro Melo Ferreira, amigo de pouco tempo, por me auxiliar em alguns momentos.
Aos meus alunos e amigos atores, sem eles esta pesquisa não seria possível.
Agradeço por terem se disponibilizado para serem sujeitos da pesquisa e por
confiarem em meu trabalho.
Aos alunos Anna Beatriz Balido e Victor Moreno por terem me ajudado na organização
no momento da coleta de dados.
À direção do Teatro Escola Macunaíma por me dar a oportunidade de realizar aquilo
que tanto amo na vida, que é lecionar; por incentivar sempre a formação profissional
e humana e por ter cedido o espaço para realização deste estudo.
Aos fonoaudiólogos e/ou preparadores vocais que se dispuseram com muito boa
vontade em realizar as avaliações perceptivo-auditivas das emissões de voz do ator.
Aos meus amigos de jornada no mestrado - Ana Terra, Guilherme, Adriana, Mila,
Thainã, Ivana, Keyla, Telma e Thalita - por terem compartilhado as angústias e as
alegrias que o curso nos proporcionou. Obrigada pelas parcerias!
Ao Luciano Rattier e Carolina Feriancic, pelo prazer e orgulho de tê-los como grandes
amigos. Por estarem comigo em todos os momentos, mesmo que distantes, desde os
mais difíceis até os mais alegres. Agradeço por compreenderem as minhas ausências.
À Sandra Espiresz, minha amiga Sun, por ter me inspirado a realizar essa pesquisa,
por ser minha mestra em canto, enquanto pôde. Agradeço por ter me ensinado a
valorizar a vida e por me mostrar o que é fé.
Ao meu marido Franco, pela paciência e tolerância nos momentos de caos científico,
pelas conversas sobre gravação, microfones e áudio, pela escuta em todos os
momentos e pela motivação sempre.
Aos meus pais, por estarem sempre presentes, por toda torcida, incentivo, apoio, amor
e atenção.
Resumo
1 INTRODUÇÃO 14
2 OBJETIVO 17
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 18
3.1 A VOZ DO ATOR 18
3.2 REGISTRO VOCAL 29
4 MÉTODO 44
4.1 SELEÇÃO DOS SUJEITOS 44
4.2 COLETA DE DADOS 44
4.2.1 Local da Pesquisa 44
4.2.2 Coleta da amostra de fala 45
4.3 INTERVENÇÃO COM FOCO NO REGISTRO VOCAL 46
4.4 ANÁLISE DE DADOS 47
4.4.1 Avaliação perceptivo-auditiva do material coletado 47
4.4.2 Análise estatística 49
5 RESULTADOS 51
5.1 ANÁLISE DA CONFIABILIDADE 51
5.2 ANÁLISE ANTES E DEPOIS DA INTERVENÇÃO 55
6 DISCUSSÃO 60
7 CONCLUSÃO 72
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 73
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 80
ANEXOS 81
Anexo 1 – Parecer consubstanciado do CEP 81
Anexo 2 - Termo de consentimento livre e esclarecido (ator) 84
Anexo 3 – Questionário 85
Anexo 4 – Estudo Piloto 86
Anexo 5 – Instrumento de avaliação perceptivo-auditiva (fase1) 92
Anexo 6 –Instrumento de avaliação perceptivo-auditiva (fase 2) 93
Anexo 7 – Termo de consentimento livre e esclarecido 94
(fonoaudiólogo)
LISTA DE SIGLAS
EGG – eletroglotografia
TA – músculo tireoaritenóideo
CT – músculo cricotireóideo
EMG – eletromiografia
f0 – frequência fundamental
LISTA DE FIGURAS
1. INTRODUÇÃO
“Não basta que o próprio ator sinta prazer com o som de sua fala,
ele deve tornar possível ao público presente no teatro, ouvir e
compreender o que quer que mereça a sua atenção. As palavras
e as entonações das palavras devem chegar aos seus ouvidos
sem esforço” (Stanislavski, 2001 p.128).
Na atual pesquisa, foi adotada a definição de Hollien (1972), por ser uma das
referências mais citadas, que diz que registro vocal é um evento totalmente laríngeo,
uma série de frequências vocais consecutivas que podem ser produzidas com
qualidade de voz semelhantes. Quanto à classificação, serão usados os termos
registro fry, modal (incluindo peito e cabeça) e falsete, proposto também por Hollien
(1972).
É importante observar que apesar de na prática da autora desta pesquisa ser
possível perceber a diferença na projeção vocal, nesta pesquisa, pretende-se ampliar
e estudar se uma intervenção com foco no registro vocal traz efeitos positivos para a
voz falada do ator que podem estar relacionados à projeção vocal, intensidade, pitch,
ressonância, articulação, entre outros. Resumindo, parte-se da hipótese de que uma
intervenção com foco no registro vocal pode trazer efeitos positivos na voz falada de
atores de teatro.
Os achados poderão contribuir para a atuação do fonoaudiólogo com atores, ao
propor mais uma ferramenta para proteção desses profissionais com novas
possibilidades de expressão no seu fazer, e pretende ainda trazer para discussão
questões voltadas para técnicas fonoaudiológicas, em especial referentes ao registro
vocal.
17
2. OBJETIVO
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Berry (1973) também acredita que quando o ator respira com a parte superior do
peito, a caixa torácica inteira se eleva, o que causa esforço, tensão na parte superior
do tórax e ombros e faz com que a entrada de ar seja em menor quantidade. Quando
o ator encontra o uso correto da respiração, a voz acontece sem esforço, sendo, por
isso, mais saudável para a voz. Para a autora, o ator deve trabalhar a respiração,
levando em conta o apoio e o controle da saída de ar para que o som emitido não seja
nem soproso, nem brusco. Esse trabalho faz com que o ator ganhe sensibilidade para
a origem do som e todo o seu corpo passa a se envolver no processo respiratório, o
que a autora chama de presença física.
Para Buttenmüller e Laport (1974), postura, respiração e voz são três elementos
que se relacionam. A respiração é um fenômeno vital responsável pela pulsação e
pelo ritmo natural, além de proporcionar a intensidade do som e determinar a
qualidade da voz e da fala. Está relacionada à postura, pois esta influencia
diretamente na velocidade e na sua qualidade. Assim, quando a respiração é usada
de forma inadequada, a produção vocal pode ser afetada e a sua projeção dificultada.
Souza e Gayotto (2005) destacam que a respiração além de ser o alimento para
o corpo e para a voz, “conecta o corpo vocal e presentifica o corpo cênico” (p.116).
Para eles, a respiração dá origem a voz e a voz impulsiona a respiração, assim como
a respiração pode ser determinante para um encaixe postural e a postura pode ser
geradora de alteração na respiração.
Houseman (2011) afirma que para se ter uma respiração livre, essencial no
trabalho de voz do ator, o corpo tem que estar alongado, com as articulações soltas,
ombros e quadris abertos. Para ela, respiração livre e um forte apoio podem trazer
poder e energia. Ela define apoio respiratório como uma forma de manipular a
expiração para fornecer energia para a voz. Sons vocais elevados e fortes precisam
de um fluxo constante de ar a uma pressão aérea consistente. Os responsáveis por
essa pressão constante são os músculos do abdômen e do assoalho pélvico. No
entanto, no caso da voz, as pregas vocais vêm junto, de modo a criar a resistência ao
fluxo de ar. Ao fazer isso ajuda a criar, manter e aumentar a pressão do ar. A autora
ainda aponta que muita tensão e esforço são causados quando o ator não usa a
energia natural da respiração, ou seja, muitas vezes o ator começa a expirar antes do
corpo ter finalizado a inspiração. Segundo ela, o corpo precisa estar pronto, e isso não
quer dizer sobre ter uma expiração longa ou uma inspiração longa, é sobre permitir o
corpo respirar ao invés de maltratá-lo.
22
Linklater (2006) também pensa que o ator, para trabalhar sua respiração, deve
antes estar com o corpo alinhado e relaxado. A autora afirma que para que o ator
consiga viver a vida de uma personagem, é preciso que se liberte de um padrão
respiratório enraizado e permita que o psíquico e o comportamento da personagem
governe sua respiração. Ela propõe um guia para geografia psicofísica da respiração,
em que não há regras para uma respiração correta. A autora explica que a respiração
depende das diferentes demandas, ou seja, a exigência para um nadador, um
praticante de yoga e um cantor lírico é de que haja controle respiratório, de modo que
os impulsos emocionais aleatórios não perturbem o ritmo da respiração. No caso do
ator, é importante que não haja controle e, sim, espontaneidade. O controle vem da
imaginação e da emoção, e por isso, o ator deve desenvolver a capacidade de
observar sem controlar. O objetivo é que ele consiga remover os controles musculares
habituais e permitir que seus processos involuntários assumam.
Roubine (1987) difere articulação de dicção, uma vez que para ele, a articulação
se relaciona à expressão da personagem, definida por alguns fatores como idade,
temperamento, situação social, entre outros aspectos que envolvem a criação da
personagem. A boa dicção, para o autor, pode ou não ser expressiva, pois ela está
relacionada ao discurso e ao fato de os espectadores entenderem completamente o
que foi dito em cena. Porém, há um risco no trabalho de dicção que é o de deixar a
voz artificial, pelo prolongamento das vogais e das consoantes.
Oliveira (2004), por outro lado, não distingue articulação de dicção. Para o autor,
a voz articulada é necessária na elaboração e na transmissão do pensamento, uma
vez que gera sons linguísticos, palavras e sentenças. Por isso, é tão necessário que
o ator faça treinamentos vocais, pois um dos objetivos dos treinamentos é que o ator
tenha uma dicção clara, precisa e fale de forma que o público o compreenda e o ouça.
Märtz (2002) sugere que o fonoaudiólogo quando for trabalhar a articulação com
os atores, leve em consideração a esfera da textualidade. A autora também associa a
articulação com a ressonância, pois entende que dependendo dos ajustes que forem
feitos com os órgãos fonoarticulatórios, serão produzidas diferentes ressonâncias.
sensação da vibração se concentra no peito, o que faz com que a voz não soe
estridente ou fina. Por último, segundo o autor, a ressonância superior dá brilho,
energia e foco para a voz, ajuda a lançar a voz no espaço e impede que ela seja
abafada. Destaca que a fim de desenvolver uma boa ressonância superior, a face
superior tem de estar vigorosa, particularmente na área entre o lábio superior e as
sobrancelhas.
De acordo com Märtz (2002), a ressonância é responsável pelas qualidades
vocais de cada pessoa e também pelo poder de emissão sonora. Para ela, projetar e
ressoar a voz são coisas distintas. Na ressonância, a voz vibra dentro do corpo,
amplifica, ganha alcance e envolve o ambiente e os espectadores. Além disso, a
ressonância pode ter um sentido voltado para a textualidade, ou seja, o ator pode
ressoar no espectador uma ideia, uma sensação, entre outras. Por outro lado, o
conceito de projeção vocal, segundo a autora, está relacionado à ação de lançar a voz
no espaço e, por isso, a referência da voz está voltada para o exterior do sujeito que
produz a voz.
Na questão de projeção vocal, Beuttenmüller e Laport (1974) definem o espaço
como sendo o lugar em que se está e, portanto, se constitui em um ambiente. Para as
autoras, é o todo, o global, o total, o indefinido, que pode ser dividido em quatro
formas: espaço pessoal, parcial, sonoro e global. O primeiro é aquele ocupado pelo
indivíduo, “da pele para dentro ou vice-versa” (p.24). O segundo está relacionado com
aquele espaço ocupado pelo corpo em repouso. O terceiro, à projeção vocal, pois é o
espaço que sai do pessoal e ultrapassa o parcial, atingindo os ouvintes. Finalmente,
o quarto espaço é aquele no qual se localiza a plateia. Diante disso, o ator deve
“abraçá-la” com sua voz. Esse envolvimento sonoro ocorre a partir do momento em
que o corpo inteiro está integrado à emissão da voz.
Para Brito (2004), para que o ator alcance uma projeção adequada, é de suma
importância que ele, não somente visualize o espaço global, mas que tenha a
percepção a respeito do tamanho do teatro, tipo de palco e plateia, e composição da
personagem. Isso acontece porque, ao enxergar o espaço global e perceber quais
são suas características, o ator localiza o ponto em que irá lançar sua voz. Cada tipo
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de espaço demanda uma intensidade de voz diferente, e com isso, o ator tem que
estar preparado para se adaptar a qualquer espaço, sem prejudicar a sua voz.
Por fim, no que se refere ao parâmetro vocal pitch, não se encontra literatura
artística a respeito do assunto. Pode-se observar, porém, que alguns autores
discorrem e/ou trabalham a extensão vocal com os atores, que é o número de notas
que uma pessoa pode alcançar, desde o mais grave até o mais agudo. Sendo assim,
pode-se dizer que a extensão vocal se relaciona com o pitch.
Houseman (2011) propõe um trabalho de extensão vocal com os atores, cujo
objetivo é que o ator consiga refletir com precisão seu mundo interno, por meio de sua
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entre diferentes comportamentos vocais para cada sujeito sob análise usando
ressonância magnética. Participaram dessa pesquisa três profissionais da voz, a
saber um ator e dois cantores, sendo um do sexo masculino e dois do sexo feminino.
Além da ressonância magnética, foram realizadas análise acústica e perceptivo-
auditiva de suas vozes. Foi solicitado aos sujeitos que emitissem três vogais
sustentadas do Português Europeu, a saber: /a/, /i/ e /u/. Para a voz cantada, cada
vogal foi produzida de acordo com três tons diferentes: baixo, confortável e de alta
frequência. O ator, no contexto de atuação, produziu cada vogal de acordo com a
frequência alta e baixa utilizando duas vozes das personagens recentemente
realizadas em uma peça de teatro. Os resultados mostraram que na produção de
vogais durante a fala natural, a língua e os lábios são os principais articuladores e
responsáveis pelas grandes mudanças na morfologia do trato vocal. A principal
diferença, encontrada no exame dos modelos 3D, foi o registro de aumento de
volumes globais no trato vocal, especificamente maior volume na cavidade oral para
os dois cantores e na faringe para o ator. Foram encontradas variações consideráveis
entre a articulação na voz falada, cantada e atuando. A diferença mais relevante foi
um aumento no volume do trato vocal. Para a voz cantada, os volumes mudaram
quando os sons foram produzidos de acordo com diferentes frequências e para cada
habilidade musical. Os autores, sem detalhar, afirmam que essas mudanças em
cantores podem estar relacionadas a diferentes registros vocais e comportamentos
vocais dos indivíduos. Para a voz do ator, algumas adaptações notáveis foram
observadas entre as duas vozes das personagens executadas. Isso pode acontecer
pelo desempenho vocal e caracterização da voz do ator e dos tons específicos
produzidos para cada voz de personagem. A partir do estudo comparativo, apenas
uma mudança sistemática no volume do trato vocal foi encontrada entre todos os
profissionais da voz na produção da vogal /a/ pelas vozes falando, cantando e
atuando. Sendo assim, o estudo apresentou evidências de que a articulação e as
cavidades de ressonância têm características diferentes para cada situação de voz,
nos contextos de uso de voz falada, voz cantada e voz de personagem em atuação.
Sem mais detalhes, os autores finalizam apontando que as cavidades de ressonância
tem papel fundamental nos registros vocais distintos de acordo com diferentes vozes
profissionais.
Com relação aos parâmetros pitch e loudness, será apresentada uma pesquisa
que traz questões referentes a frequência e intensidade.
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discussão, pois apresenta ambiguidades e discordâncias entre eles. Por isso, estudos
que auxiliam na compreensão do registro vocal são fundamentais para a ciência da
voz (Keidar et al., 1987; Roubeau et al., 2009; Miguel, 2012; Kochis-Jennings et al.,
2012, 2014).
Os pesquisadores têm interesses distintos e, por isso, suas abordagens são
diferentes. Os estudos e as descrições a respeito desse tema vêm de observações
heterogêneas, como laringoscópicas, eletroglotográficas, acústicas, auditivas ou
proprioceptivas. Sendo assim, alguns, ao falarem de registro vocal, se referem mais
ao funcionamento da laringe e de sua musculatura, outros adicionam a questão da
ressonância, e outros ainda apontam as sensações provenientes de estímulos
proprioceptivos originados pela contração muscular ou vibrações da laringe (Roubeau
et al., 2009).
Pacheco et al. (2004) investigaram as explicações dos conceitos de registro e
cobertura, proferidas por professores de canto e sua correspondência a referências
teóricas. Para isso, fizeram pesquisa bibliográfica de diferentes obras da área do canto
e da laringologia e entrevistaram 12 professores de canto por meio de perguntas do
tipo não estruturada. Foi observada falta de consenso no que se refere a registro
vocal, uma em que 7 dos 12 entrevistados, se basearam no conceito de ressonância
para explicar o que é registro vocal. Três dos entrevistados atribuíram à mudança de
registro vocal à musculatura vocal. As autoras mostraram que na literatura também
há discordância no que tange o conceito de registro vocal, mas que algumas
pesquisas enfatizam as mudanças na atividade muscular como característica principal
na diferenciação dos registros. Concluíram que o registro está relacionado às
mudanças laríngeas e não somente à ressonância.
Pelo fato de registro vocal ser um fenômeno tão discutido e controverso entre
os profissionais da voz, Miguel (2012) revelou e comparou as definições sobre o
conceito de registro vocal apresentado por diferentes autores, profissionais de
diversas áreas (cantores, professores de canto, fonoaudiólogos e
otorrinolaringologistas), buscando as diferenças e semelhanças de acordo com a
época e com as suas especificidades de trabalho. O autor observou alguns quesitos
em que há concordância entre eles. Um deles é o fato de que a musculatura laríngea
está envolvida no mecanismo fisiológico do registro vocal. Outro quesito é que os
registros vocais são constituídos de elementos perceptivos, acústicos, fisiológicos e
aerodinâmicos e a relação entre eles é fundamental, pois quando associada ao
31
1
Fonte: Garcia M. Mémorie sur La voix humaine présenté à IAcadémie dês Sciences en 1840. Paris.
Duverger.
33
feminino. Foi solicitado a eles que emitissem quinze tons alvos, com variação entre
G#3 a A#4, em escala ascendente e descendente nas vogais /a/ e /i/. Foram
estimuladas transições de registros, estabelecendo limitações precisas na produção.
A partir das notas alvo, trechos de 1s de duração foram extraídos, digitalizados,
analisados acusticamente e apresentados aos dez ouvintes treinados em quatro
diferentes tarefas de percepção. Os resultados mostraram que do ponto de vista
comportamental, os registros de peito e falsete são entidades diferentes e separadas.
A mudança acentuada do peito para falsete, bem como o local da transição entre
esses registros não variou de forma sistemática em função da produção da prova ou
da tarefa perceptual. Significa que o ponto de mudança de frequência do registro no
sexo masculino e do sexo feminino foi percebido em 320 Hz e 353 Hz,
respectivamente. Os autores esclarecem que cada um dos três registros - fry, peito e
falsete – foram validados e estabelecidos perceptivelmente, podendo ser
considerados como unidades de percepção distintas.
Levando em consideração a transição entre os registros peito e falsete e que a
origem do registro pode ser laríngea e no trato vocal, Miller et al. (2002) fizeram uma
pesquisa cujo objetivo foi identificar o que pode ser considerado um “Intervalo de Salto
Característico” para salto entre peito e falsete em uma determinada voz. Foram
selecionados cantores experientes, não necessariamente profissionais, sendo 6
mulheres e 5 homens. Foi registrado o fluxo de ar, e também foi feita a gravação
simultânea de áudio e eletroglotografia (EGG) para determinar tipo e grau da
espontaneidade do salto. Para estabelecer onde o salto entre peito e falsete é mais
natural e confortável para o sujeito, elaborou-se um protocolo. Os resultados
mostraram que há um breve aumento abrupto no fluxo de ar que acompanha o
momento do salto de peito para falsete. Esse movimento é invertido na volta para o
registro de peito. Além disso, há formas diferentes entre homens e mulheres. Nos
homens, o intervalo entre os registros de peito e falsete é maior do que nas mulheres,
podendo chegar a uma oitava, e nas mulheres o intervalo é de sete semitons (uma
quinta). Isso mostra que o registro vocal pode estar relacionado com a estrutura da
voz de cada indivíduo e sexo, não podendo ser tratado como semelhantes para todos
os sexos, como tem sido feito pelos estudiosos até o momento, uma vez que essa
diferença pode ter consequência importante para a teoria e prática da voz cantada,
mais especificamente no que se refere à suavização das transições do registro.
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Falsete
CT CT
Cabeça Quebra
Médio
TA Peito TA
Figura 1: Esquema para representar as atividades de TA e CT nos diferentes tipos de transição entre
os registros vocais.
Fonte: Hirano (1988, p.59).
Observa-se que Hirano (1998), usa os termos leve e pesado para os registros
vocais. De acordo com Roubeau et al. (2009) esses termos podem estar relacionados
com os aspectos morfológicos das pregas vocais.
Quanto mais para baixo em seu esquema, por exemplo, registro de peito, mais
pesado é o registro. Quanto mais para cima, como por exemplo, em falsete, mais leve
é o registro.
Costa e Andrada e Silva (1998) corroboram Hirano (1998) ao classificarem os
registros vocais. Os autores trazem referências fisiológicas e complementam com
sensação subjetiva do som que o cantor tem ao emitir o som. Para os autores, registro
vocal é um termo usado de maneira didática para explicar a ação dos músculos e da
respiração nos intervalos de frequência e podem ser definidos como registro de peito,
misto e cabeça. O registro de peito é produzido pela vibração das pregas vocais em
maior amplitude e menor velocidade, os músculos cricotireóideos (CT) não atuam e
as pregas vocais ficam relaxadas. Esses ajustes promovem sensação vibrátil junto à
laringe. O registro misto também chamado de modal é produzido pela combinação
dos músculos TA e CT. Como apresenta extensão sonora ampla, quanto mais agudo
for o som, maior a atividade do músculo CT; e quanto mais grave, maior a atividade
dos músculo TA. O registro de cabeça é produzido pela ação quase que exclusiva do
CT, por ser um som muito agudo. Além desses registros, os autores trazem outros
como, o baixo profundo e o falsete: o baixo profundo é utilizado no canto litúrgico russo
e acontece no extremo inferior da escala; e o falsete está no extremo superior da
escala.
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estudo de caso com um cantor contra-tenor e uma cantora soprano sobre a relação
do registro vocal misto e os mecanismos de laringe. Eles investigaram se o trabalho
com registro misto consiste na "mistura" de dois mecanismos vibratórios ou se apenas
está relacionado com adaptação ressonantal. Os autores relatam que em suas
práticas com cantores, voz mista acontece em uma parcela pequena da tessitura
vocal, na zona compartilhada dos mecanismos M1 e M2. Nessa região, o cantor está
sempre atento aos ajustes e dinâmicas para aperfeiçoar e equalizar a voz na transição
dos dois mecanismos. Além disso, os cantores tem como objetivo utilizar igualmente
as mesmas capacidades sonoras nos dois mecanismos, de forma que o ouvinte não
perceba qual o mecanismo utilizado. Os resultados mostraram que o trabalho com voz
mista consiste precisamente em equalizar, não apenas a intensidade, mas também a
qualidade do som percebido. Apesar das diferenças entre os dois mecanismos: tanto
em intensidade como em distribuição espectral, os cantores conseguem ajustar a sua
emissão, de modo a equalizar os sons até o ponto de que ouvintes podem ser
enganados. Ou seja, eles conseguem fazer diversos ajustes na voz mista, de tal modo
que em M1 a qualidade do som se assemelha a M2 e em M2 a qualidade se pareça
com M1; realizam adaptações na intensidade que compensa a distância entre os
mecanismos. As adaptações espectrais finas e complexas da voz mista
essencialmente competem a adaptações ressonantais, embora sejam observados
também ajustes precisos de laringe, mas que são apenas nuances do mecanismo
principal que são sempre identificáveis.
Outros estudos com foco no registro misto foram realizados, como é o caso de
Kochis-Jennings et al. (2012) que realizaram um estudo que teve como objetivo testar
a hipótese de que cantoras comerciais (não clássicas) são capazes de sustentar
registro misto-peito enquanto produzem pitch na região média-superior e superior de
sua faixa de frequência. Os autores acreditam que isso pode acontecer pela
manutenção ou aumento da adução das pregas vocais e pela ação do músculo TA
para uma maior extensão, diferente do que fariam para produzir o registro misto-
cabeça e registro cabeça. Antes de apresentar os resultados, cabe destacar aqui a
visão das autoras a respeito do registro misto. Para elas, o registro misto tem
características perceptivas e sensoriais dos registros de peito e cabeça. Os cantores
treinados que aprenderam a fazer a transição de peito para falsete referem que a área
de transição é perceptivelmente diferente do peito ou falsete. Além disso, dentro deste
registro misto percebe-se uma diferenciação entre as cantoras clássicas e comerciais,
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4. MÉTODO
Este estudo, de natureza observacional, descritiva e de intervenção, foi
aprovado com número CAEE 45411615.0.0000.5482 (Anexo 1) pela Comissão de
Ética da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Figura 2- Ilustração do teatro em que a intervenção foi realizada e com registro (letra X) dos locais em
que as pessoas que representaram a plateia sentaram.
2
Microfone unidirecional que capta com maior eficácia os sons provenientes do eixo (emitidos na sua
frente). É menos sensível aos sons vindos de outras direções, captando 30% menos os som
ambiente.Seu diagrama polar se assemelha ao formato de um coração (Costa , 2009; Oliveira, 2010).
3 Tem melhor resposta de frequência, captando as nuances mais sutis de um som (Oliveira ,2010).
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realizada:
1) Alongamento e aquecimento corporal: rotação das articulações do corpo e
extensão e flexão do pescoço;
2) Vocalises do 1º ao 3º grau, de tom a tom, em escala ascendente e descendente
em legatto com sons vibrantes (vibração de lábio ou língua) e som fricativo (z).
Após essa atividade, foi coletada a amostra de fala ANTES da intervenção e em
seguida, iniciada a intervenção com o objetivo de trabalhar o fortalecimento do registro
vocal de peito. A sequência de exercícios apresentada abaixo foi feita em vocalises
do 1º ao 2º grau e do 2º ao 1º grau glissando nas regiões de voz falada masculina e
feminina, conforme o sujeito. De acordo com o Quadro de Avaliação Vocal de
Correspondentes Tonais (Pinho e Bastos, 2008), a região de voz falada feminina
corresponde as notas entre Fa2# (F2#) e Ré3# (D3#), e a região da voz falada
masculina, entre Si1 (B1) e Fa2# (F2#).
1) Vocalise da vogal [ɛ]: o sujeito foi orientado a segurar a língua com uma gaze
para frente e para fora da boca, de forma que houvesse um alongamento da
parte posterior da língua, e dessa forma a mão tracionaria a língua .
2) Vocalise da vogal [ɒ]4 cavernosa – o ator foi instruído a colocar uma rolha de
2 cm de diâmetro entre os dentes, com o cuidado de segurá-la o mínimo para
dentro da boca e sem morder. A língua deve estar relaxada no assoalho da
boca.
É necessário mencionar que esses exercícios foram trazidos da experiência
pessoal, portanto empírica, da autora desta pesquisa, enquanto aluna de aulas de
canto com a professora Sandra Espiresz. Essa professora relatou verbalmente que se
inspirou nos exercícios que aprendeu em um curso com Jeanette LoVetri, que não os
publicou.
4
Vogal posterior, arredondada e baixa
48
denominados J1 a J3. Cabe esclarecer que para não influenciar nos dados da análise,
o TCLE foi apresentado apenas ao final da avaliação.
5. RESULTADOS
Tabela 5 – Avaliação das mudanças das características vocais ANTES e DEPOIS da intervenção.
Intervenção
Variável ANTES DEPOIS p*
N média (dp) mediana Min – Max n média (dp) mediana Min – Max
Articulação 53 3,00 (0,5) 3,0 1,7 – 4,3 53 3,49 (0,6) 3,7 2,0 – 4,7 <0,001
Loudness 53 2,71 (0,5) 2,7 1,7 – 4,3 53 3,68 (0,4) 3,7 3,0 – 4,7 <0,001
Pitch 53 2,85 (0,5) 2,7 1,7 – 4,0 53 3,36 (0,5) 3,3 2,0 – 4,3 <0,001
Ressonância 53 2,99 (0,4) 3,0 2,0 – 4,0 53 3,58 (0,4) 3,7 2,3 – 4,3 <0,001
posterior/anterior
Ressonância baixa/alta 53 2,96 (0,4) 3,0 2,0 – 4,0 53 3,49 (0,5) 3,3 2,7 – 4,3 <0,001
Projeção vocal 53 2,89 (0,5) 2,7 2,0 – 4,0 53 3,71 (0,5) 3,7 2,7 – 5,0 <0,001
CPFA** 53 3,62 (0,3) 3,6 3,0 – 4,3 53 3,80 (0,3) 3,7 3,0 – 4,3 0,001
* Wilcoxon ; Min – Max = mínimo e máximo
** Coordenação Pneumofonoarticulatória
57
Variáveis F p
6. DISCUSSÃO
Uma das opções que poderia ser considerada para atual pesquisa, para
minimizar a questão da não reprodutibilidade, seria escolher aquele juiz com
maior reprodutibilidade (no caso o J3 que apresentou 92,8% de
reprodutibilidade). Mas, por que optou-se em não fazer dessa forma e manter os
três juízes? Levou-se em consideração que o juiz com maior reprodutibilidade é
fiel a sua própria escuta, sem garantir porém que ele venha a ter a melhor escuta.
Observa-se que há várias formas de se fazer a avaliação perceptivo-
auditiva e que a Fonoaudiologia ainda não chegou a um consenso de qual seria
a melhor forma de realizar a avaliação perceptivo-auditiva com juízes, em busca
de um resultado mais objetivo. Ao ler alguns estudos, percebe-se que alguns
não explicam detalhadamente como foi realizada a avaliação, como no caso de
Santos (2014) que apenas diz que a confiabilidade foi previamente testada, sem
dizer como. Nota-se também que diferentes estudos que realizam a avaliação
perceptivo-auditiva, fazem de maneiras diversas quanto a contar com o grupo
de juízes e obter uma avaliação consensual ou cada juiz avalia separadamente
e se considera a maioria das respostas; quanto à organização da amostra
incluindo 10% ou 20% a mais da amostra; e quanto à análise de confiabilidade
com a utilização de diferentes testes estatísticos.
Algumas pesquisas podem exemplificar esses aspectos. Zenari (2006)
utiliza um único juiz, enquanto Pereira et al. (2011) faz com três ou mais juízes
em momentos diferentes e ainda (Gianninni, 2010) realiza com três juízes e
considera o consenso. D’Avila et al., (2010) avalia apenas o total de vozes
pesquisadas, enquanto Lopes et al. (2014) acresce 10% para analisar a
reprodutibilidade da avaliação, e Cielo et al. (2015), 20%. Em estudos que
realizam avaliação de vozes antes e depois de alguma intervenção, Azevedo,
(2007) e Santos et al. (2015) editaram as amostras com as duas emissões, em
ordem aleatória, de cada sujeito, mas os juízes estavam cegos quanto ao
momento da gravação, enquanto (Zenari, 2006) editou as amostras antes e
depois e distribuiu de forma totalmente aleatória. Logo, consideram-se
necessárias pesquisas a fim de aprofundar o uso da avaliação perceptivo-
auditiva nas pesquisas científicas.
Outra questão relevante de se discutir está relacionada aos parâmetros
que não houve correlação (coordenação pneumofonoarticulatória e ressonância)
e parâmetros com fraca correlação (loudness e projeção vocal). No que se refere
65
Mas, a pergunta que deve ser feita é: o que é projeção vocal? O que se
espera de uma voz projetada? Ao pesquisar na literatura o conceito de projeção
66
vocal, não foi encontrado nenhum dado objetivo e claro que explique
fisiologicamente o que acontece com o trato vocal (fonte e filtro) quando a voz é
projetada.
7. CONCLUSÃO
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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fonoaudiológica. São Paulo: Lovise; 1998, p.81-95.
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brasileira. [internet]. São Paulo: Soc Bras Fonoaudiol; 2014 [acesso em 23 junho
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76
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Titze IR. A framework for the study of vocal registers. J Voice, 1988; 2 (3): 183-
94.
Bibliografia consultada
ANEXO 1
PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
82
83
84
ANEXO 2
1. Título do estudo: “voz no teatro: análise dos efeitos de uma intervenção com
foco no registro vocal”.
2. Propósito do estudo: analisar os efeitos imediatos de uma intervenção com
foco no registro vocal na voz falada, em contexto teatral.
3.Procedimentos: participarei de intervenção fonoaudiológica realizada três
vezes, com carga horária de no máximo 30 minutos cada.
4. Riscos e desconfortos: não existem riscos médicos ou desconfortos
associados com este projeto.
5.Benefícios: compreendo que não existem benefícios médicos diretos para mim
como participante deste estudo. Entretanto, os resultados deste estudo podem
ajudar os pesquisadores a avaliar os resultados da intervenção fonoaudiológica
direcionada a demanda de atores.
6.Direitos do participante: Eu posso me retirar deste estudo a qualquer momento.
7.Compensação financeira: Estou ciente de que nenhuma forma de pagamento
será oferecida pela minha participação.
8. Confidencialidade: De forma a registrar exatamente o meu desempenho pré e
pós a intervenção, registros em áudio serão usados. Os registros serão ouvidos
pelo pesquisador principal, pelo orientador e pelos juízes desta pesquisa.
Autorizo também a utilização dos meus registros em áudio em novas pesquisas
e também sua publicação e de seus resultados em jornais profissionais ou
apresentação em congressos profissionais, mas que, minha identidade não será
revelada a menos que a lei o requisite.
9. Se tiver dúvidas posso telefonar para Ariane Moulin Pedra no número 3721-
7862 ou 9 9467-1880 a qualquer momento.
Eu compreendo meus direitos como um sujeito de pesquisa e voluntariamente
consinto em participar deste estudo. Compreendo sobre o que, como e porque
este estudo está sendo feito. Receberei uma cópia assinada deste formulário de
consentimento.
__________________________
Assinatura do participante
___________________________
Assinatura da pesquisadora
85
ANEXO 3
QUESTIONÁRIO
Caro ator, você foi escolhido para participar da pesquisa “Voz no teatro: análise
dos efeitos de uma intervenção com foco no registro vocal”. Para isso, você
deverá responder o questionário a seguir. É muito importante que você responda
corretamente todas as questões, pois certamente você estará contribuindo para
a melhoria de sua profissão. Contamos com sua colaboração!
I- Dados Pessoais:
1) Nome:
2) Data de Nascimento:
3) Formação:
( ) Graduação em artes cênicas
( ) Curso técnico (profissionalizante) de teatro
( ) Formação de palco
( ) Outra. Qual?_________________________
ANEXO 4
ESTUDO PILOTO
2. Percepção da Plateia
Sujeito 1 Sujeito 2
Comparação ANTES e Comparação ANTES e
DEPOIS DEPOIS
P1 No depois, a articulação Depois – voz mais alta,
das palavras, foi mais mais projetada, melhora
claro o texto e a voz na articulação.
estava mais suave e
disposta. A voz ocupou
toda a sala (projeção).
P2 Senti sua voz mais limpa No depois, percebi sua
e mais suave apos o voz mais nítida, sem ter
exercício. que fazer esforço para
isso acontecer.
Sujeito 1 Sujeito 2
Amostra A DEPOIS ANTES
Amostra B ANTES DEPOIS
Sujeito 1 Sujeito 2
Comparação entre Comparação entre as
Amostras ADepois e BAntes Amostras AANTES e
BDepois
Fonoaudiólogo 1 Diferentes. Na segunda Diferentes. Maior
gravação a ressonância projeção na segunda
está mais equilibrada gravação (ou
(menos nasal); diminuiu intensidade?)
90
um pouco a velocidade
de fala, mais precisão
articulatória.
Fonoaudiólogo 2 Diferentes. A amostra A Diferentes. A segunda
parecia que a voz estava amostra apresenta mais
mais harmoniosa e intensidade, articulação
fluída com o texto. e projeção, assim como
Mesmo com alguns o texto ficou mais fluido.
momentos de aspereza,
a amostra A parece
estar mais conectada
com o texto que a B, que
apresentou uma
articulação mais
fechada, menor
intensidade e
hesitações.
Fonoaudiólogo 3 Diferentes. Na primeira, Diferentes. A segunda
maior projeção, maior está melhor, maior
intensidade, melhor intensidade x maior
articulação, menos projeção.
hesitação.
Fonoaudiólogo 4 Diferentes. A gravação 1 Diferentes. Na gravação
está melhor, pois a voz 2, o loudness está mais
está mais projetada, a forte
ressonância mais
equilibrada e a
respiração mais
coordenada com a fala.
Fase 2:
A partir das justificativas das respostas dos juízes da etapa 1, um
instrumento detalhado foi elaborado pela autora com os parâmetros vocais
levantados na leitura das justificativas para que outros três juízes fonoaudiólogos
dêem uma nota de 1 a 5 para cada parâmetros apresentado (Anexo 6).
92
ANEXO 5
ANEXO 6
INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO PERCEPTIVO-AUDITIVA
(FASE 2)
1. Você aceita participar da pesquisa?
2. Nome:
3. Há quanto tempo você atua na área de voz para teatro?
ANEXO 7
1. Título do estudo: “voz no teatro: análise dos efeitos de uma intervenção com
foco no registro vocal”.
2. Propósito do estudo: analisar os efeitos imediatos de uma intervenção com
foco no registro vocal na voz falada, em contexto teatral.
3.Procedimentos: participarei como juiz desta pesquisa. Sendo assim, farei a
avaliação perceptivo-auditiva das emissões vocais dos atores participantes
deste estudo e entregarei por escrito um parecer no formato determinado pela
autora.
4. Riscos e desconfortos: não existem riscos médicos ou desconfortos
associados com este projeto.
5.Benefícios: compreendo que não existem benefícios médicos diretos para mim
como participante deste estudo. Entretanto, os resultados deste estudo podem
ajudar os pesquisadores a avaliar os resultados da intervenção fonoaudiológica
direcionada a demanda de atores.
6.Direitos do participante: Eu posso me retirar deste estudo a qualquer momento.
7.Compensação financeira: Estou ciente de que nenhuma forma de pagamento
será oferecida pela minha participação.
8. Confidencialidade: Compreendo que os resultados deste estudo poderão ser
publicados em jornais profissionais ou apresentados em congressos
profissionais, mas que meu nome será mantido em sigilo, a menos que a lei o
requisite.
9. Se tiver dúvidas posso telefonar para Ariane Moulin Pedra no número 3721-
7862 ou 9 9467-1880 a qualquer momento.
Eu compreendo meus direitos como um sujeito de pesquisa e voluntariamente
consinto em participar deste estudo. Compreendo sobre o que, como e porque
este estudo está sendo feito. Receberei uma cópia assinada deste formulário de
consentimento.
__________________________
Assinatura do juiz-fonoaudiólogo
___________________________
Assinatura da pesquisador