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Faculdade de Educação

Departamento de Filosofia da Educação e Ciências da Educação da FEUSP

FORMAÇÃO PRÁTICA DE DOCENTES

PROJETO ESPECIAL DE ESTÁGIO HELIÓPOLIS

MODALIDADE DE ATUAÇÃO VOLUNTÁRIA

Coordenador: Elie Ghanem

São Paulo - 2015


FORMAÇÃO PRÁTICA DE DOCENTES
PROJETO ESPECIAL DE ESTÁGIO HELIÓPOLIS
MODALIDADE DE ATUAÇÃO VOLUNTÁRIA

Para a atuação voluntária no Projeto Especial de Estágio Heliópolis, cada estudante


definirá a duração que pretende para o estágio, a quantidade de horas semanais de
dedicação e o tipo de atividade que pretende realizar. Tudo isso, com orientação do
professor coordenador do Projeto e em comum acordo com profissionais dos centros
educacionais em que se pretende fazer a formação prática.

A realização do estágio possibilita a atribuição de horas de estudos independentes para o


curso de pedagogia, a constar no histórico escolar, e atribuição equivalente para as
demais licenciaturas.

O Projeto conta com apoio institucional e logístico da equipe gestora do Centro


Educacional Unificado Heliópolis Arlete Persoli e com apoio político local da Unas
(União de Núcleos, Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis e São João
Clímaco).

O professor coordenador do Projeto recomenda que cada estudante ou grupo de


estudantes explicite preliminarmente um assunto de sua preferência, em torno do qual se
buscarão interlocutores nos centros educacionais locais, com os quais serão planejadas
as práticas educacionais.

Histórico e linhas gerais da proposta

Heliópolis é conhecida como uma das maiores áreas de habitação irregular e de


vulnerabilidade social do município de São Paulo. Mas também é um exemplo de auto-
organização e de mobilização por direitos universais, especialmente por educação.

As muitas associações de moradores ali existentes constituíram a Unas (União de


Núcleos, Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco)
em 1990, com a missão de contribuir para transformar Heliópolis e região num bairro
educador promovendo a cidadania e o desenvolvimento integral da comunidade.
No sentido da realização dessa missão, em 2011, a Unas demandou colaboração da USP
para incrementar a educação na localidade, especialmente a educação infantil, o ensino
fundamental e médio das escolas municipais, estaduais e dos centros educacionais
comunitários conveniados. Em resposta, a Feusp (Faculdade de Educação da USP) criou
o Projeto Especial de Estágio Heliópolis.

O objetivo geral do projeto é contribuir na formação teórico-prática de estudantes dos


cursos de pedagogia e demais licenciaturas no cotidiano de escolas públicas. Para que se
cumprissem os estágios, a Feusp financiou 16 bolsas para estudantes de graduação a
partir de 2012, ampliando as alternativas de estágio remunerado e, com isso,
viabilizando condições para um preparo mais sólido de profissionais da educação.
Devido à indisponibilidade orçamentária, as bolsas se encerraram em abril de 2015,
sendo que a previsão era atingir 100 bolsas em 2014.

A orientação seguida pelas atividades procurou ir além do convencional estágio de


observação, restituindo a perspectiva de que o estágio é uma parte prática da formação,
em situação real de trabalho. Trata-se, portanto, de estágio de intervenção centrada em
três aspectos: aprendizagem mútua, reflexão sobre a prática e articulação com extensão
e pesquisa.

No que diz respeito à aprendizagem mútua, a intervenção pretendida deveria ter duas
características fundamentais: i) superar a separação entre quem concebe e quem executa
as atividades educacionais, compatibilizando teoria e prática; ii) fazer do planejamento,
da implementação e da avaliação de atividades um processo que destina o maior tempo
possível ao diálogo entre estagiário(a) e docentes das escolas básicas, voltado à
aprendizagem mútua, de modo que a universidade e as escolas se beneficiassem
igualmente da experiência.

Quanto à reflexão sobre a prática, também para que fossem produzidos e


compartilhados aprendizados com a experiência, foram organizados encontros de
estudantes e docentes da universidade com profissionais e estudantes das escolas que
acolhessem as práticas de estágio, bem como técnicos das diretorias regionais de
educação municipal e das diretorias de ensino estaduais às quais as escolas estão
vinculadas.
O estágio atende à dimensão do ensino por compor uma parte prática dos estudos
universitários centrada em situações de trabalho profissional. Seguindo o princípio
constitucional (art. 207) de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, as
atividades são, ao mesmo tempo, formas de compartilhar saberes da universidade com
demais segmentos da sociedade. Resta ainda articular a perspectiva da pesquisa,
propondo formas de reunir informação sistemática e de formular projetos de
investigação científica.

De modo geral, a formação discente planejada proporciona a experiência de co-


responsabilizar-se pela modificação de uma cultura política e pelo fortalecimento de
laços comunitários. Essa finalidade é relevante para a formação de estudantes da USP
como cidadãs(ãos) no próprio exercício da solidariedade, como também em seu preparo
para serem profissionais de alta qualificação. Nesse último aspecto, trata-se do
cumprimento de tarefas de construir canais de entendimento entre autoridades públicas
e comunidades beneficiárias de serviços públicos. É um desafio especial para os(as)
profissionais em que os(as) estudantes se transformarão.

O Projeto Especial de Estágio Heliópolis está sob a responsabilidade da Comissão


Coordenadora do Curso de Pedagogia e da Comissão Coordenadora das Licenciaturas,
da Feusp. Conta ainda com a coordenação geral e a orientação pedagógica de um
professor doutor da Feusp, juntamente com a constante interlocução entre estagiários e
educadores (em nível de pós-graduação).

Ao lado de este projeto fazer parte da preparação de docentes de alto nível para a
educação básica, o fato de a Cidade Universitária da USP situar-se no município de São
Paulo aponta para potenciais e desejáveis interações entre ambos. Porém, apesar das
significativas necessidades do município e da elevada capacidade de colaboração da
USP, esta ainda é mobilizada em pequena proporção. Isto ocorre inclusive no que se
refere à formação de pessoal docente para a educação pública e comunitária de nível
básico, tanto em seu preparo inicial quanto durante o exercício profissional.

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