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CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ

GUSTAVO AVEIRO DELLA MOTTA

MOVIMENTO NEGRO

RIBEIRÃO PRETO – SP
2020
GUSTAVO AVEIRO DELLA MOTTA

MOVIMENTO NEGRO

Trabalho orientado pelo Prof. Me.


Rafael Cardoso de Mello na
disciplina de História e Cultura
Africana e Afrodescendente.

RIBEIRÃO PRETO – SP
2020
MOVIMENTO NEGRO BRASILEIRO: ALGUNS APONTAMENTOS
HISTÓRICOS

Em seu texto, Petrônio Domingues busca analisar a trajetória do movimento


negro no Brasil a partir da proclamação da República em 1889 até o início do século
XXI.
A primeira fase do Movimento é determinada pelo autor entre a Primeira
República e o Estado Novo, ou seja, de 1889 até 1937. Mesmo com a abolição da
escravidão em 1888 e a proclamação da República no ano seguinte, a população negra
brasileira continuou marginalizada socialmente. Diante desse quadro, surgiram
movimentos com grêmios, clubes a associações em diversos estados da União. Nessa
fase, surgem junto com esses movimentos jornais e periódicos que debatem a condição
do negro na sociedade brasileira. Contudo, “nesta etapa, o movimento negro organizado
era desprovido de caráter explicitamente político, com um programa definido e projeto
ideológico mais amplo” (DOMINGUES, 2007).
De grande relevância é a criação da Frente Negra Brasileira (FNB) em 1931, em
São Paulo. A associação se expandiu pelo país com diversas filiais, mantendo grupos
culturais e um jornal próprio. É de destaque também a participação das mulheres no
movimento, ocupando-se da organização de bailes e festivais.
A FNB pretendeu participar das eleições como partido político, assumindo uma
postura autoritária e nacionalista, mas com a instituição do Estado Novo em 1937, todas
as organizações políticas foram extintas.
Com a fim do Estado Novo em 1945, inicia-se a segunda fase do Movimento
Negro, esta que dura até o golpe militar em 1964. Nesse período surge a União dos
Homens de Cor (UHC) em Porto Alegre, em 1943. A organização chegou a possuir
diversos representantes pelo país. Além da UHC, outra organização de destaque foi o
Teatro Experimental do Negro (TEN), criado no Rio de Janeiro em 1944, cuja proposta,
como a própria nomenclatura sugere, era criar um grupo teatral exclusivo para atores
negros. Apesar do ressurgimento, Domingues (2007) aponta que “esta fase do
movimento negro, entretanto, não teria o mesmo poder de aglutinação da anterior”.
Além do UHC e do TEN, diversos outros grupos surgiram pelo Brasil que
ajudaram a robustecer a imprensa negra, com jornais e periódicos.
Com a instauração do regime militar em 1964, movimentos sociais encontraram
novamente um cenário de dificuldade, visto que poderiam ser taxados de subversivos
sob o prisma da Lei de Segurança Nacional no contexto da Guerra Fria. Assim encerra-
se a segunda fase dos movimentos.
A terceira fase tem início em fins da década de 1970, momento em que se
observa uma incipiente abertura do regime em que florescem movimentos populares,
sociais, estudantis e sindicais. Surgiram iniciativas fragmentadas de movimentos
antirracistas que não visavam enfrentar o regime.
Em 1978, com a fundação do Movimento Negro Unificado (MNU) a luta pela
igualdade racial ganha força. Inicialmente, até 1982, denominava-se Movimento Negro
Unificado Contra a Discriminação Racial (MNUCDR). O Movimento foi inspirado pela
luta negra que já ocorria nos Estados Unidos nos anos 1960 com as lideranças de Martin
Luther King e Malcon X, além da organização dos Panteras Negras.
Seus integrantes possuíam ligações com a Convergência Socialista, uma
organização com orientação política voltada ao marxismo e anticapitalista. Entendiam
que o capitalismo se beneficiava com o racismo e apenas com a superação deste é que
uma sociedade sem racismo seria possível. Nessa fase, o Movimento Negro atinge um
nível inédito de organização com a elaboração de programas de ação e a conclamação à
população negra de organizar centros de luta.
Buscou-se organizar e unificar as lutas dos diversos movimentos antirracistas do
país denunciando o racismo e enfrentar a ordem social vigente. O dia 13 de maio, data
da abolição oficial da escravidão, dá lugar à celebração do dia 20 de novembro, data da
morte de Zumbi dos Palmares. Esse dia ficou conhecido como o Dia Nacional da
Consciência Negra. O termo “homem de cor” passou a ser rejeitado.
Os militantes do movimento voltaram-se também para o campo educacional
propondo a revisão de conteúdos e a inclusão do ensino da história e cultura africanos e
afrodescendentes. A religiosidade também foi abordada no sentido de valorização das
religiões de origem africana.
Até mesmo a mestiçagem foi encarada como uma armadilha que visava a
diluição da negritude brasileira, que esteve a serviço do processo de branqueamento da
população. Nessa fase, o Movimento Negro adotou um discurso profundo e contundente
não visto nas fases anteriores destacadas por Petrônio Domingues.
Por fim, o autor levanta a hipótese de uma nova fase do Movimento Negro no
início dos anos 2000, com as influências do hip-hop. Movimento cultural em ascensão,
o hip-hop tem um caráter de rebeldia e denúncia racial e social com a linguagem e
diálogo com a juventude da periferia.
REFERÊNCIAS
DOMINGUES, Petrônio. Movimento Negro Brasileiro: alguns apontamentos
históricos. Tempo. p. 100-122, mar. 2007.

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