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CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA
A biodiversidade é sistematizada através de duas abordagens:
Taxonomia: Descrição (dos caracteres [atributos hereditários e descontínuos que podem ser medidos,
contabilizados ou descritos, podendo ser morfológicos ou genéticos] e respectivos estados [diferentes
expressões]); Identificação (recorrendo a chaves dicotómicas, fotografias, espécimes, etc); Nomenclatura e
Classificação (inserção num taxon) — DINC.
Sistemática: É integrativa, pois compreende a taxonomia e a filogenia (estudo das relações evolutivas). As
bases de dados que permite estabelecer (como a GBIF, Global Biodiversity Information Facility) têm valor
prático na conservação da biodiversidade.
A nomenclatura é o processo de atribuição de nomes. Por exemplo, em Begonia baccata Hook., Begonia
é o género, baccata o epíteto específico, e Hook. é a abreviatura do autor que nomeou a espécie (Hooker). Este
sistema foi estabelecido por Linnæus, que também publicou Species Plantarum, e é regulado pela CINB.
CONCEITO DE «ESPÉCIE»
Filogenético: limite entre a reticulação (organismos que se cruzam) e a divergência total (ausência de
transferência genética).
Morfológico: menor grupo de indivíduos que se mantém distinto de forma consistente e persistente.
Biológico: conjunto de indivíduos que se cruzam entre si e estão separados de outras espécies por
barreiras reprodutivas:
o Anteriores à fecundação: factores ecológicos (desenvolvimento em habitats distintos); geográficos
(separação espacial: especiação alopátrica); reprodutores (floração em épocas distintas,
polinizadores distintos…).
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FILOGENIA
Existem diversos tipos de métodos de classificação:
Fenética: agrupa organismos semelhantes entre si; pode ser arbitrária.
Filogenética: agrupa organismos de acordo com a história evolutiva; não é ambígua.
A filogenia teve início nos anos 70 com Henning e Wagner, e permite estudar a história evolutiva de
OTU (Unidades Taxonomicas Operacionais: grupos monofiléticos em estudo) recorrendo a uma metodologia
rigorosa (e.g. o princípio da parcimónia determina que o cladograma com menos passos é mais provável).
Tipos de caracteres
Ancestral ou Plesiomórfico: pré-existente
Derivado ou Apomórfico: novo
Autapomórfico: apomorfia que existe numa única linha evolutiva (diagnosticante)
Sinapomórfico: apomorfia que existe em diversas linhas evolutivas
Tipos de estruturas
Homologia: estruturas que partilham a mesma origem. Podem ter diferente forma ou função.
Analogia ou Homoplasia: evolução convergente de estruturas que não partilham a mesma origem. Revela
semelhanças superficiais, devendo ser tratados com cautela na classificação filogenética.
Regressão: perda de determinada estrutura ancestral.
Tipos de grupos
Monofilético ou Clade: inclui o antepassado comum e todos os seus descendentes.
Parafilético: inclui o antepassado comum e alguns dos seus descendentes.
Polifilético: não inclui um antepassado que seja comum a todos os membros do grupo.
Não resolvido ou Politomia: quando se desconhece a ordem pela qual as OTU surgiram.
Tipos de especiação
Alopátrica: provocada por uma separação geográfica.
Simpátrica: dentro da mesma área geográfica. Pode ocorrer por autopoliploidia, em que um híbrido
resulta da fusão de dois conjuntos de gâmetas (haplóides); por duplicação dos cromossomas torna-se um
indivíduo poliplóide capaz de gerar gâmetas diplóides. Outro processo de autopoliploidia ocorre quando
um erro meiótico impede a disjunção, originando gâmetas diplóides, seguido de autofertilização.
Parapátrica: ao longo de um gradiente geográfico, criando um cline (variação morfológica gradual ao
longo de uma área geográfica).
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO
Aristóteles & Margulis & Schwartz Woese
Hæckel Chatton Copeland Whittaker
Teofrasto; Linnæus (Super-reinos) (Domínios)
Animalia
Animais Animalia Animalia
Fungi
Eucarióticos Eukarya Eukarya
Plantae Plantae Plantae
Protoctista Protista
Plantas
Protista Bacteria
Procarióticos Bacteria Monera Bacteria
Archaea
Classificações de Cavalier-Smith
1. Thomas Cavalier-Smith propôs um reino Chromista, contendo as algas com clorofilas a e c e cloroplastos
no RER, e.g. algas castanhas e Heterokontophyta. Sugeriu ainda que os Protozoa e Animalia sejam sujeitos ao
Código Internacional de Nomenclatura Zoológica, que as bactérias sejam sujeitas ao Código Internacional de
Nomenclatura Bacteriológica e que as Plantae, Fungi e Chromista sejam sujeitas ao Código Internacional de
Nomenclatura Botânica (embora os Fungi sejam filogeneticamente mais relacionados com os Animalia).
2. Face a novas evidências, Cavalier-Smith dividiu os Eukarya em Unikonta e Bikonta consoante o número de
flagelos. Os Unikonta incluiriam os Opisthokonta (Animalia, Fungi e Choanozoa) e os Amoebozoa. Os Bikonta
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ÁRVORE DA VIDA
Dado que todos os organismos descendem de um antepassado comum (conforme proposto por
Erasmus Darwin, tradutor das obras de Linnæus), eles podem ser organizados num diagrama em árvore. A
primeira árvore da vida foi desenhada por Ernst Hæckel.
Lamarck propôs uma explicação para evolução, mas a explicação actualmente aceite, a Selecção
Natural, foi desenvolvida por Charles Darwin (ajudado por Gould) e Alfred Wallace. Hoje em dia, o
Neodarwinismo reconcilia a Selecção Natural com a genética e aponta novos conceitos, por exemplo:
A fusão de genomas e a transferência horizontal de genes tornam a árvore da vida difícil de definir;
Períodos de estabilidade e episódios relativamente rápidos de selecção (equilíbrio pontuado).
A DIVERSIDADE BOTÂNICA
A botânica é o estudo dos organismos fotossintéticos, incluindo plantas, algas e outros, alguns dos
quais se encontram na tabela abaixo (que não pretende ser extensiva nem filogeneticamente rigorosa.)
Chlorophyta
Algas verdes
Charophyta
(Plastos com dupla membrana: algas e plantas terrestres)
Bryophyta (Musgos)
Archaeplastida ou Plantae sensu latu
Lycophyta (Licopódios)
Equisetophyta (Cavalinha)
Monilophyta Eusporangiados
(Fetos)
Leptosporangiados Polypodium
Tracheophyta (Vasculares)
Streptophyta
Embryophyta
ou Plantae Cycas
sensu
strictissimu
Gimnospérmicas
Ginkgo
Spermatophyta
(Plantas com Pinus
semente)
1 cotilédone. Nervação
Monocoti- paralela
ledóneas Peças florais em
Angiospérmicas múltiplos de 3
(Plantas com flor) 2 cotilédones
Dicoti- Nervação ramificada
ledóneas Peças florais em
múltiplos de 4/5
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CIANOBACTÉRIAS
As Cyanobacteria são um filo fotossintético de organismos bacterianos. Muitos botânicos
(algologistas/ficologistas) estudam-nas como organismos vegetais microscópicos, sob o nome Cyanophyceae,
devido às suas semelhanças com as microalgas (eucariontes).
FOTOSSÍNTESE OXIGÉNICA
As cianobactérias são os mais antigos organismos fotossintéticos oxigénicos, ou seja, usam água como
dador de electrões e produzem oxigénio como um produto secundário (embora algumas, e.g. Oscillatoria
limnetica, possam ser induzidas a usar H2O com libertação de S). Dióxido de carbono é reduzido para formar
hidratos de carbono através do ciclo de Calvin.
A maquinaria necessária para a fotossíntese oxigénica está associada a invaginações da membrana
chamadas tilacóides (geralmente isolados no citoplasma ou em anéis concêntricos na periferia). Estes são
dotados de pigmentos fotossintéticos que capturam a luz necessária ao processo, doando-a aos
fotossistemas, PS onde ocorre a transferência de electrões. Os fotossistemas funcionam graças a uma enzima
(centro de reacção, RC) que usa a luz para reduzir moléculas. Há dois tipos de fotossistemas: tipo I e tipo II,
que são reactivos a comprimentos de onda diferentes e usam diferentes receptores finais de electrões. Alguns
organismos que não são cianobactérias também usam fotossistemas simplificados, como Chlorobi e
Heliobacteria (PS I) ou Proteobacteria e Chloroflexi (PS II).
PIGMENTOS FOTOSSINTÉTICOS
Os principais pigmentos utilizados são as clorofilas b e d e, nos RC, a e d; os carotenos; e as
ficobiliproteínas (ficoeritrina, azul com fluorescência vermelha, e ficocianina, com fluorescência azul). Há
ainda outros pigmentos, usados pelas bactérias não-oxigénicas, como as bacterioclorofilas a a e.
Cianobactérias com clorofila a: Estas cianobactérias são as únicas em que os
tilacóides não estão empilhados. Nelas, as ficobiliproteínas associam-se, com
péptidos de ligação, em agregados hemidiscoidais: os ficobilissomas ou antenas
fotossintéticas, responsáveis pelo aporte de energia luminosa para os RCs do PS II.
As antenas localizam-se ordenadamente na face citoplasmática dos tilacóides e são
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constituídas por um core (núcleo) e diversos rods (bastões) com ficocianina proximal e ficoeritrina
distal. O núcleo em si é composto por aloficocianina e localiza-se sobre os PS II com clorofila a. Os
ficobilissomas aumentam a eficiência da transferência energética, dado que os comprimentos de onda de
máxima absorção são sucessivamente crescentes, desde a ficoeritrina (550 nm) até à clorofila a (670 nm).
Adicionalmente, os ficobilissomas podem ser degradados sob limitação de nutrientes – N e S – com a
perda dos bastonetes periféricos que são degradados da periferia para o centro.
Cianobactérias com clorofila a+b: Em alguns géneros, como os Prochloron (endossimbionte de ascídias),
Prochlorococcus e Prochlorothrix, não há ficobilissomas, usando em vez disso clorofila b. Não são
monofiléticos.
Cianobactérias com clorofila a+d: A sua posição taxonómica é incerta. Não têm ficobilissomas (mas têm
rods de ficobilinas acopladas ao PS II nos tilacóides). Incluem, por exemplo, a Acaryochloris marina,
endossimbionte de ascídias. Fazendo fotossíntese nos comprimentos de onda da radiação que atinge as
bactérias através do corpo da ascídia.
REGULAÇÃO LUMINOSA
O ambiente luminoso fornece informação para além de energia. Essa informação pode ser aproveitada
por sistemas de regulação fotossensíveis de modo a acomodar variações do comprimento de onda e
intensidade. Por exemplo, na adaptação cromática complementar, muitas cianobactérias reestruturam os
ficobilissomas, aumentando as quantidades relativas de ficocianina e ficoeritrina em resposta, respectivamente,
a um aumento da luz vermelha ou verde.
TAXONOMIA
A taxonomia das cianobactérias é difícil porque os dados moleculares não coincidem com a taxonomia
fenotípica clássica (baseada na morfologia e de nomenclatura muito arbitrária). Assim, são comummente
usados, no lugar de taxa lineanos, diversos tipos morfológicos:
Unicelulares (solitárias Reprodução apenas por fissão binária Secção I
ou coloniais) Reprodução por fissão múltipla Secção II
Apenas células vegetativas Secção III
Divisão num
Reprodução por fragmentação Secção IV
Filamentosas (tricomas) Presença de plano único
(ou outros métodos)
heterocistos Divisão em
Secção V
vários planos
Um exemplo é Stigonema, presente em rochas e solo húmidos, formando tufos ou em líquenes. É
composta por tricomas multi-seriados e ramificados (originários pelo plano de divisão perpendicular ao eixo
longitudinal do filamento). Logo, pertence à secção V.
DOMÍNIOS CELULARES
REVESTIMENTO E MATRIZ EXTRACELULAR
O domínio extracelular e de revestimento tem múltiplas funções: adesão, deslocação (por gliding,
graças às microfibrilhas que promovem fototaxis positiva — em mutantes, observa-se fototaxis negativa ou
ausente) e comunicação (por microplasmodesmos).
Membrana cellular: Dupla, semelhante às Gram-negativas. Porém, a sua camada de peptidoglicanos
é mais espessa e, tal como as Gram-positivas, tem maior crosslinking a polissacarídeos específicos. Entre várias
células adjacentes de cianobactérias filamentosas existe continuidade citoplasmática, estabelecida pelos
microplasmodesmos (visíveis em microscopia electrónica de freeze-etching).
CITOPLASMA
Principais substâncias de reserva:
Amido cianófito: um poliglicano linear
Grânulos de cianoficina: um polímero de Asp e Arg.
Grânulos de polifosfato
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Gotas lipídicas
Nutrientes em excesso, acumulados em inclusões citoplasmáticas, que são úteis por poderem ser
metabolizados no caso de as fontes exógenas se tornarem limitantes.
No citoplasma há também microcompartimentos chamados carboxissomas contendo enzimas
envolvidas na fixação de carbono, nomeadamente a anidrase carbónica e a RuBisCo (um corpo poliédrico,
ribulose-bifosfato carboxilase).
Há ainda aerótopos: numerosas vesículas de gás (e.g. em Anabaena têm a forma de favo), que mantêm
as bactérias a uma profundidade adequada na água.
ESPECIALIZAÇÃO CELULAR
Heterocistos: Os heterocistos ou heterócitos são células especializadas em fixação de azoto
atmosférico (N2). São micro-oxigénicas e não fotossintéticas, porque a
fotossíntese produz oxigénio, e a nitrogenase só funciona em anaerobiose.
Conforme indicado em § Registo Fóssil e História Evolutiva, apareceram há
cerca de 2100 Ma.
Acinetos: Células maiores que as vegetativas, com um citoplasma
granulado devido à elevada presença de reservas de glicogénio e
cianoficina. Estas células, dormentes, servem como estruturas de
sobrevivência que resistem ao frio e à desidratação (mas são menos resistentes e mais metabólicas que os
endósporos das bactérias Gram+).
Especialização celular no ciclo de vida de Nostoc
Os Nostoc são cianobactérias filamentosas, Sob sinais externos,
desenvolvem-se nalguns pontos do filamentos células mortas chamadas necrídias
(por apoptose). É por estas células que se dá preferencialmente a fragmentação
(reprodução assexuada).
Os fragmentos são hormogónios e têm mobilidade por gliding. São
formados por acinetos que conferem dormência metabólica durante o tempo
suficiente para a Nostoc entrar em simbiose com uma planta hospedeira. A
diferenciação de hormogónios em filamentos vegetativos envolve a formação de
heterocistos (bem como de uma bainha), começando assim uma simbiose
funcional com a planta.
Multicelularidade
As cianobactérias não são multicelulares, mas partilham muitas características com estes: células
aderentes (nas formas filamentosas uni- e multi-seriadas), especialização celular (heterocistos, acinetos,
hormogónios), comunicação intercelular (microplasmodesmos) e padrões de desenvolvimento com morte
celular programada (hormogónios).
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LÍQUENES
Um líquen (ou fungo liquenizado) é uma associação simbiótica entre um fungo (micobionte) e um
organismo fotossintético (fotobionte, que pode ser uma alga ou uma cianobactéria). O fungo fornece suporte e
protecção; o fotobionte fornece nutrientes produzidos pela fotossíntese.
A taxonomia dos líquenes é baseada na do micobionte, por este ser específico de cada espécie liquénica.
Estudos filogenéticos mostram que a simbiose liquénica é bastante antiga, anterior ao aparecimento das
primeiras plantas vasculares, e que a formação de líquenes é uma estratégia que surgiu independentemente
várias vezes na história evolutiva dos fungos. Da mesma forma, a perda de simbiose liquénica é frequente (e.g.
Penicillum e Aspergillus).
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Exemplos
FOLIÁCEOS
Líquenes de forma
laminar, que aderem
ao substrato por um
ou mais pontos ou
através de rizinas.
Lobaria pulmonaria Xanthoria parietina
FRUTICULOSOS
Crescem fortemente
unidos ao substrato
(rocha), sendo difícil
separá-los do mesmo
sem o destruir.
Graphis scripta Fuscidea kochiana & Rhizocarpon spp. Caloplaca flavescens
ANATOMIA DO TALO
Homómero: fotobionte uniformemente distribuído pelo talo.
Heterómero: fotobionte distribuído numa camada bem
diferenciada em relação às camadas do micobionte. Camadas:
o Córtex superior: hifas compactas
o Camada algal
o Medula: hifas laxas
o Córtex inferior: hifas compactas
REPRODUÇÃO
REPRODUÇÃO VEGETATIVA
Por sorédios: sorédios são propágulos compostos de hifas fungais enroladas
ao redor de fotobiontes. São libertados por aberturas no córtex superior.
Por isídios: isídios são excrescências da superfície do talo (contendo o
córtex), estruturas colunares, consistindo de hifas e de células do fotobionte.
São estruturas frágeis e podem quebrar-se por acção do vento ou da chuva,
disseminando as células.
REPRODUÇÃO SEXUADA
É exclusiva do fungo; depois de germinar, o esporo tem de se associar a um
fotobionte compatível de modo a formar um novo líquen.
Por ascocarpos (ascomas): corpo reprodutivo composto por hifas e ascos. Um
asco é uma célula contendo oito ascosporos (esporos) produzidos por meiose
seguida de mitose.
o Por apotécios: estrutura em forma de taça, em que a camada fértil é livre, pelo
que muitos esporos podem-se disperar simultaneamente.
o Por peritécios: estrutura semelhante a um apotécio mas mais fechado, estando
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em contacto com o exterior apenas por um pequeno ostíolo no topo, pelo qual os esporos podem passar
apenas um a um.
DISTRIBUIÇÃO
Os líquenes desenvolvem-se em quase todos os ambientes (bosques, pinhais, montanhas, costas,
cidades e mesmo ambientes extremos), dado que podem colonizar habitats que seriam impossíveis de
colonizar para a alga ou o fungo em separado. Alguns factores limitantes são a luz, o pH e a humidade
atmosférica.
Cortícola Usa como substrato as cortiças de troncos ou ramos. Presente em bosques.
Saxícolas Usa como substrato rochas. Presente em bosques.
Muscícolas Usa como substrato musgos. Presente em bosques.
Terrícolas Usa como substrato a terra. Presente em pinhais.
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BRIÓFITOS
Os briófitos são um grupo polifilético de plantas terrestres não-vasculares incluindo três grandes filos:
Bryophyta (musgos), Hepatophyta (hepáticas) e Anthocerotophyta (antocerotas). São pequenas plantas
verdes (clorofilas a e b) com transporte interno de água e nutrientes ausente ou pouco eficiente, sem
verdadeiras raízes, caules, folhas, flores ou sementes. Datam do Devónico, cerca de 400 Ma.
Não possuem raízes, mas diferenciam rizóides para fixação ao substrato (a capacidade de fixação ao
substrato, seja rocha, córtex de árvores, ou outros, fez deles pioneiros da colonização de habitats e, em conjunto
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ESTRATÉGIAS DE VIDA
Fugitivos: vida curta, recursos dispendidos na reprodução sexuada enquanto jovens. Estratégia adequada
a habitats imprevisíveis e que existem por pouco tempo (e. g. após um incêndio).
Colonizadores: vida relativamente curta, recursos dispendidos tanto na reprodução por esporos sexuados
como por propágulos vegetativos. Estratégia adequada a habitats que surgem inesperadamente mas se
mantêm por vários anos.
Perenes: Longa esperança de vida, recursos dispendidos principalmente na propagação vegetativa.
Estratégia adequada para habitats constantes mas que, previsivelmente, acabarão por mudar.
Esporádicas de vida longa: Longa esperança de vida, poucos recursos dispendidos na reprodução
sexuada ou vegetativa. Estratégia adequada para habitats constantes cujas flutuações possam ser toleradas
pelos gametófitos.
CONSERVAÇÃO
A biodiversidade dos briófitos é ameaçada por:
Destruição de habitats Colheita indiscriminada
Agricultura moderna Poluição
BIOGEOGRAFIA
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Os briófitos possuem uma distribuição muito vasta quando comparados com as plantas vasculares,
devido à grande capacidade de propagação vegetativa. Há portanto poucos endemismos. Por exemplo, houve
movimento populacional de briófitos da América para a Europa, usando como ponto de passagem a
Macaronésia. Logo, nas ilhas sobrevivem espécies que se extinguiram no continente.
DIVERSIDADE DE BRIÓFITOS
Phylla briófitos
Hepatophyta Grupos
Gametófito Esporófito Talosas Folhosas
- Protonema reduzido
- Taloso ou folhoso - Gametófito taloso achatado com
- Seda fugaz ramificação dicotómica
- Simetria bilateral
- Cápsula deiscente - Diferenciação dorsoventral com
- Rizóides unicelulares
(que se abre «tecidos»
- Sem hidróides («tecidos»
espontaneamente - Diferenciação de anteridióforos - Gametófito folhoso, com
condutores de água) e
por suturas pré- e arquegonióforos que suportam ramificação variável
leptóides («tecidos»
existentes) por os gametângios (anterídeos e - Diferenciação dorsoventral
condutores de nutrientes)
linhas longitudinais arquegónios) com filídeos com dois ou
- Com corpos oleosos
- Ausência de - Assemelha-se a uma lâmina mais lobos
- Poros compostos
perístoma e de paralela ao substrato - Filídeos sem nervura
columela lateralmente ao longo do eixo
- Elatérios - Perianto envolve os
presentes arquegónios
(estruturas que
ajudam à dispersão
dos esporos)
Bryophyta Grupos
Gametófito Esporófito Pleurocárpicos Acrocárpicos
- Protonema bem
desenvolvido - Seda persistente
- Folhoso - Cápsula abrindo - Gametófito
- Simetria radiada pelo opérculo prostrado com eixo - Gametófito erecto com eixo principal de
- Rizóides pluricelulares - Presença de principal de crescimento limitado
- Com hidróides e perístoma (anel de crescimento ilimitado - Esporófito terminal
leptóides «dentes») e de - Esporófito lateral
- Por vezes com corpos columela
oleosos simples
Anthocerotophyta Uma única classe
Gametófito Esporófito
- Seda ausente
- Cápsula com
- Sem protonema crescimento
- Taloso contínuo, deiscente
- Simetria dorsoventral por linhas
- Rizóides unicelulares longitudinais
- Sem hidróides ou - Presença de
leptóides columela e de
- Por vezes com corpos pseudoelatérios
oleosos simples - Cresce a partir de
- Frequentemente uma região
associados a Nostoc meristomática
onde se localiza a
placenta
As plantas vasculares, ou traqueófitos, são plantas terrestres (embriófitos) com tecidos vasculares
(xilema e floema) para condução de água e nutrientes.
A partir do
Meristema
Apical meristema apical,
originam-se os
meristemas
Protoderme Procâmbio Meristema primários
(exterior) (central) Fundamental
(camadas, do
exterior para o
Medula centro:
Tecido vascular
Câmbio Vascular (Parênquima,
Epiderme (Xilema e
Fascicular Periciclo Colênquima, protoderme,
Floema 1.ºs)
Esclerênquima)
meristema
fundamental e
Xilema e Floema
procâmbio).
Câmbio Subero-
Legenda 2.ºs Câmbio Vascular
Interfascicular
Felodérmico ou Deles se originam
Cortical
Meristema apical todos os tecidos
Meristemas 1.ºs da planta.
Tecidos 1.ºs Periderme
Meristemas 2.ºs Xilema e Floema (Súber +
2.os Feloderme +
Tecidos 2.ºs Câmbio Cortical)
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Câmbio subero-
felodérmico ou Meristema cujas células que se formam do lado exterior têm paredes
cortical ou espessas e, por vezes, reforçadas com suberina, originando a periderme
felogénio («casca» das árvores e outras plantas).
( periciclo)
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Fasciculado: a raiz primária tem vida curta e o sistema é formado por um feixe de raízes adventícias.
Típico das monocots.
Organização apical
O ápice da raiz é coberto por uma coifa (rootcap, massa de células que protege o meristema apical). As
três camadas concêntricas de células (meristemas primários: procâmbio, meristema fundamental e
protoderme) podem organizar-se de duas formas:
Organização apical fechada: convergem para um ponto comum, formando uma
organização de camadas horizontais (de baixo para cima: coifa, protoderme,
meristema fundamental e procâmbio). [Imagem à direita]
Organização apical fechada: as três camadas não convergem para um ponto comum,
sendo as três fileiras de células contínuas com as fileiras da coifa. A coifa, o córtex e os
tecidos vasculares surgem de um grupo comum de células do meristema apical.
Estrutura primária
A organização da raiz é em camadas concêntricas. Do
interior para o exterior:
Sistema vascular: xilema e floema primários
Sistema fundamental: córtex (parênquima)
Sistema dérmico: epiderme (pode ter pêlos)
Os tecidos vasculares organizam-se num cilindro
central compacto. A camada mais exterior do cilindro
central é o periciclo (que dará origem ao câmbio interfascicular nas
estruturas secundárias). O xilema organiza-se em feixes radiais alternos
(distinguindo-se o metaxilema, mais central (centripto) e de maior diâmetro,
do periférico (exarco) protoxilema).
A camada mais exterior do córtex chama-se exoderme; a mais interior chama-se endoderme. A
endoderme ajuda a regular o movimento de substâncias para dentro ou fora do sistema vascular, estando
portanto impermeabilizada por espessamentos de suberina (barreiras ao apoplasto).
Estes podem ser em bandas de Caspary (dicots) ou em U (monocots); em qualquer caso,
as trocas gasosas são possibilitadas por lenticelas (células de passagem). Em muitas
angiospérmicas, a exoderme também constitui súber primário com bandas de Caspary.
Nas raízes aéreas, a epiderme pode desenvolver-se num revestimento multi-estratificado:
velame.
Crescimento secundário
O crescimento secundário (que não existe nas raízes de monocots e de dicots
herbáceas) consiste na formação de (1) tecidos vasculares secundários a partir do câmbio vascular e (2)
periderme, composta principalmente de súber (cortiça), a partir do câmbio
subero-felodérmico.
1. O processo tem início com a estrutura primária da raiz.
2. As células de parênquima que, na medula, separam o xilema primário
do floema primário permanecem meristemáticas (procambiais).
3. Por divisões destas células (e de algumas do periciclo), cria-se um
câmbio vascular interfascicular que rodeia a massa central de
xilema, separando-a do floema primário.
4. O câmbio vascular produz xilema secundário para o lado de dentro.
5. O câmbio vascular começa agora a produzir floema secundário para
o lado de fora. Em simultâneo, células parenquimatosas
estendem-se formando raios.
6. O periciclo (camada exterior do cilindro central) origina, para
fora, o câmbio subero-felodérmico. Este produz súber para o
lado externo e feloderme para o interno. O conjunto — súber,
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Caule
O sistema caulinar é constituído pelo caule e pelas folhas. No ápice do
caule em crescimento é possível distinguir primórdios foliares (folhas
rudimentares) rodeando uma zona central meristemática organizada em
duas regiões: a tunica é uma camada periférica com células que se
dividem perpendicularmente à superfície do meristema e contribuem para o
crescimento em superfície; o corpus é uma massa de células inferiores à
tunica que aumenta o volume do caule (organização tunica-corpus).
Estrutura primária
O xilema e o floema aparecem na forma de feixes colaterais
(i.e., emparelhados, com o floema mais externo e o xilema mais
interno). Dispõem-se como um cilindro oco dentro do tecido
fundamental, separando o córtex (exterior) da medula (interior).
Feixe colateral fechado: entre o xilema e o floema não há câmbio
vascular (intrafascicular). Ocorre em dictos e gimnospérmicas.
Feixe colateral aberto: entre o xilema e o floema há câmbio vascular
(intrafascicular). Ocorre em monocots.
O cilindro oco pode ser quase contínuo ou, como no caso da imagem, constituído por feixes separados
por regiões interfasciculares de tecido fundamental. Nas monocots, os feixes podem não estar organizados em
cilindro, estando espalhados pelo tecido fundamental, caso em que é impossível distinguir córtex de medula.
Comparação das estruturas primárias da raiz e do caule
Raiz Caule
Feixes radiais alternos Feixes colaterais
Protoxilema exarco, metaxilema centripto Protoxilema endarco, metaxilema centrífugo
Córtex grande, cilindro central pequeno Córtex pequeno, cilindro central grande
Endoderme bem distinta Endoderme pouco nítida ou inexistente
Epiderme sem estomas; pêlos unicelulares Epiderme com estomas; pêlos pluricelulares
Esclerênquima como tecido de suporte Colênquima e esclerênquima
Crescimento secundário
Nas gimnospérmicas e dicots arbóreas, o caule continua a crescer em espessura em regiões onde não
ocorre mais alongamento (crescimento secundário) por efeito dos meristemas laterais (câmbio vascular e
câmbio subero-felodérmico).
1. O processo tem início com a estrutura primária do caule.
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SISTEMAS REPRODUTIVOS
Todas as plantas são oogâmicas com alternância de
gerações heteromórficas. O esquema seguinte sintetiza o ciclo
de vida de uma planta vascular típica:
A oogamia é preferida nas plantas uma vez que, desta
forma, apenas um dos tipos de gâmetas (anterozóide) deve
navegar através do meio externo hostil. Nas plantas
vasculares, como vimos, o esporófito é a fase dominante.
As primeiras plantas vasculares eram homospóricas
(apenas produzem um tipo de esporo como resultado da
meiose); actualmente, o mesmo acontece nas Sphenophyta,
Psilophyta, algumas Lycophyta e quase todos os Pteridophyta
(fetos). Após a germinação, tais esporos produzem
gametófitos bissexuados (i.e. que produzem o dois tipos de gametângios – anterídios e arquegónios).
Nas restantes plantas (todas as plantas com sementes, algumas Lycophyta e uns poucos fetos) verifica-
se heterosporia: produção de megásporos e micrósporos em megasporângios e microsporângios. Os
micrósporos originam gametófitos masculinos (microgametófitos); os megásporos originam gametófitos
femininos (megagametófitos). Estes gametófitos unissexuados são muito reduzidos em tamanho,
desenvolvendo-se no interior de um invólucro formado pela parede do esporo. De facto, o gametófito está tão
reduzido nas plantas «superiores» que, nas angiospérmicas, os gametângios (anterídios e arquegónios) estão
ausentes.
Nas plantas com sementes, o gametófito é nutricionalmente dependente do esporófito. A semente é
uma estrutura que contém o embrião, um tegumento resistente e reservas alimentares.
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LYCOPHYTA
Os licófitos constituem a mais antiga divisão extante de plantas
vasculares. Alguns são homospóricos, outros heterospóricos
(nomeadamente os que têm uma lígula, uma excrescência escamiforme
pequeno de função secretora de água e mussilagem, próximo da base da
superfície superior de cada micrófil). Têm geralmente protoestela.
Admite-se que descendem dos zosterófilos. Os licófitos extintos incluíam herbáceos e
árvores de elevadas dimensões e tinham heterosporia, formando estróbilos. As raízes formavam-
se por prolongamentos subterrâneos do caule. Género representativo: Lepidodendron (imagem).
Lycopodium
Ver ciclo de vida (pág. seguinte)
Do seu protalo desenvolve-se um rizoma ramificado (microrrizas) a partir do qual se diferenciam caules
aéreos e raízes. Os micrófilos (folhas) dispõem-se espiraladamente; aqueles em cuja base da superfície superior
se sustentam os esporângios, chamadas esporófilos, agrupam-se em estróbilos. Este é um género isospórico
e homospórico, com gametófitos bissexuados. A água é necessária à fecundação (o anterozóide é biflagelado).
Selaginella
Ver ciclo de vida (pág. seguinte)
O único género da família Selaginellaceae, Selaginella contém a maioria das espécies de Lycophyta
actuais. Tal como os Lycopodiaceae, apresentam micrófilos e os esporófilos organizam-se em estróbilos;
diferentemente, porém, possuem lígula, sendo portanto heterospóricos, com gametófitos unissexuados.
Existem dois tipos de esporófilo: megasporófilo, que produz megasporângios (amarelos, pouco numerosos); e
microsporófilo, que produz microsporângios (vermelhos, muito numerosos) na superfície superior da base.
Ambos ocorrem no mesmo estróbilo. Tal como em Lycopodium, é necessária água para a fecundação. O
gametófito feminino é rico em nutrientes, sustentando o desenvolvimento do embrião.
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Isoetes
Aparentado com os Lycophyta do Carbónico. O seu esporófito tem um caule
subterrâneo (cormo) que pode diferenciar tecidos secundários; acima do cormo,
desenvolvem-se os micrófilos, abaixo as raízes. Heterospóricos.
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PTERIDOPHYTA
Dentro da divisão Pteridophyta (fetos no sentido lato) incluem-se diversas classes também tratadas na
literatura como divisões.
PTERIDOPSIDA
São os fetos no sentido mais estrito. Ao contrário de todas as restantes plantas vasculares sem semente,
têm megáfilos (chamados frondes) e os seus protalos (gametófitos) são fotossintéticos e superficiais. Os fetos
dividem-se em dois tipos, consoante a estrutura e desenvolvimento dos seus esporângios:
Fetos eusporangiados
Os esporângios
aparecem a partir de células
epidérmicas, superficiais, do
tecido a partir do qual o
esporângio é produzido.
desenvolvem uma parede com
poucas camadas de espessura;
as células-mãe dos esporos
formam um tapetum dentro
do qual prolifera um grande
número de esporos.
Os fetos eusporangiados incluem as ordens Ophioglossales (uma fronde por ano, com uma porção
vegetativa e um segmento fértil, originando duas fileiras de eusporângios) e Marattiales (inclui os fetos
arbóreos extintos, tendo frondes isospóricas com uma porção fértil e uma porção estéril).
Fetos leptosporangiados
Os esporângios aparecem a
partir de uma única célula, que
primeiro produz um pedicelo e
depois uma cápsula. Esta tem um
tapetum nutritivo e está revestida
por um annulus com uma só
camada de células irregulares, que
se rasga conduzindo à libertação
dos esporos (em pequeno
número). Os esporângios estão
frequentemente revestidos com
um indúsio (se este for apenas
uma dobra da margem da folha,
como em Adiantum, diz-se falso).
A maioria dos fetos são
leptosporangiados, e a maioria destes pertence à ordem Filicales; outros leptosporangiados são os fetos
aquáticos (únicos fetos heterospóricos).
Polypodium
Ver ciclo de vida (pág. seguinte)
Um género representativo da ordem Ficales é o Polupodium. Embora haja raiz, esta degenera
rapidamente, sendo a maioria das raízes adventícias originando-se dos rizomas com sifonostela próximos à
base das frondes. Estas frondes têm elevada proporção área/volume: os fetos são as únicas plantas vasculares
sem semente com megáfilos. As frondes são compostas: a lâmina divide-se em folíolos, presas por uma ráquis,
extensão do pecíolo. Os esporângios (recorde-se que, à excepção dos aquáticos, todos os fetos são
homospóricos) agrupam-se em soros (esferas amarelas) na superfície inferior das frondes. Os esporos dão
origem ao gametófito bissexuado fotossintético cordiforme (protalo), dotado de rizóides e, logo, de vida livre.
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Ciclo de vida de Polypodium (div. Pteridophyta, cl. Pteridopsida, leptosporangiado, ord. Ficales):
Fetos aquáticos
Os fetos aquáticos são leptosporangiados e são os únicos fetos heterospóricos. Incluem duas ordens:
Marsileales: as folhas assemelham-se às de um trevo de quatro folhas. Os esporângios (micro e macro)
agrupam-se em soros e encerram-se em estruturas resistentes: esporocarpos.
Salviniales: plantas pequenas que flutuam na água. Têm esporocarpos. Além do género Salvinia
(verticilos de três folhas, uma das quais imersa e lancinada) inclui o género Azolla, cujas espécies fazem
associações simbióticas com a cyanobacteria Anabaena, que fixa azoto atmosférico.
PSILOTOPSIDA
As Psilotopsida têm uma estrutura simples.
Ciclo de vida de Psilotum nudum (div. Pteridophyta, cl. Psilotopsida) — ver pág. seguinte
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Psilotum nudum
Ver ciclo de vida (pág. anterior)
A espécie representativa, Psilotum nudum, é um protostelo homospórico sem raízes (tem rizomas
subterrâneos com rizóides) nem folhas, cujo esporófito é dicotomicamente ramificado. Os esporângios são
globulares, formando-se sobre as terminações de curtos ramos laterais. Há enações (pequenos apêndices
escamiformes) ao longo do ramo.
O gametófito é bissexuado, subterrâneo, assemelhando-se a um rizoma; os seus anterozóides são
biflagelados e dependentes da água.
SPHENOPSIDA
As cavalinhas estão representadas por um único género, Equisetum.
Equisetum
Têm sílica nas paredes celulares, dando uma textura áspera aos caules. Os seus pequenos micrófilos
escamiformes são verticilados em nós. Quando presentes, os ramos surgem lateralmente nos nós. O caule é
complexo, em sifonostela e com uma medula oca (adaptação ao clima húmido).
As cavalinhas são homospóricas. Os esporângios formam-se no estróbilo que se encontra no ápice
superior do caule. O estróbilo é formado por dezenas de pequenas estruturas em forma de guarda-chuva
(esporangióforos) que sustentam os esporângios. Os esporos têm elatérios, fitas espiradaladas que se
desenrolam, ajudando à dispersão dos esporos. Os gametófitos são verdes e de vida livre, produzindo
anterozóides multiflagelados e dependentes da água.
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megasporângio/nucelo (os outros três são abortivos). Este nucelo é envolvido por
tegumentos que deixam apenas uma abertura no ápice, o micrópilo. Os tegumentos
teriam evoluído a partir de telomas (espórófilos estéreis). Ao conjunto completo
(tegumentos, megasporângio/nucelo, megásporo) chamamos óvulo.
Observámos que o megagametófito se desenvolve no interior do megásporo.
A produção de gametângios (anterídios e arquegónios) por parte dos gametófitos e
no seu interior, porém, é reduzida ou mesmo, nas angiospérmicas e Gnetales,
ausente. Quando presentes, os arquegónios, em pequena quantidade, localizam-
se no ápice superior do megagametófito.
Se o megagametófito se desenvolve no megásporo, que por sua vez está
encerrado no megasporângio/nucelo, o microgametófito tem origem no grão
de pólen (= microgametófito imaturo endospórico). Este grão de pólen tem
uma forma particular, com dois sacos aéreos/flutuadores (derivados da
marca trilete). Em geral, não é necessária água à fecundação, sendo os vectores
o vento ou animais. Nas Cycadophyta e Ginkgophyta, os gâmetas masculinos
são flagelados; nas restantes, quando o pólen germina (numa gota polínica
emitida pelo óvulo), a sua porção inferior emite um tubo polínico que alcança o óvulo pelo micrópilo,
permitindo a fecundação (pelo envio de dois núcleos espermáticos). Nunca se diferenciam anterídeos.
Após a fecundação, o óvulo desenvolve-se numa semente e os tegumentos numa testa. Nalgumas
plantas, o óvulo maduro constitui a semente. Em plantas mais derivadas, contudo, desenvolve-se um embrião
(esporófito jovem) antes da dispersão. Em adição, todas as plantas contêm reservas nutritivas, podendo estas
ser derivadas do megagametófito.
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GIMNOSPÉRMICAS
As gimnospérmicas (grupo polifilético) extantes dividem-se em quatro divisões: Cycadophyta,
Ginkgophyta, Coniferophyta e Gnetophyta. São todas as plantas com «sementes nuas»: óvulos e sementes
expostos na superfície dos esporófilos e estruturas análogas.
CONIFEROPHYTA
É o maior filo de gimnospérmicas e existe desde o Carbónico. Composto por árvores de elevadas
dimensões (e.g. Sequoiadendron giganteum). As folhas são em forma de agulha ou escama.
As estruturas reprodutoras femininas são estróbilos chamados pinhas.
Pinus
Nas plântulas, as folhas em forma de agulha (aciculares: redução da área de contacto com o exterior
hostil, seco e frio) dispõem-se espiraladamente em volta do caule; após alguns anos de vida, dispõem-se em
fascículos em braquiblastos (ramos pequenos que se ramificam de ramos principais, ou macroblastos, que
também possuem folhas escamiformes; os braquiblastos são ramos de crescimento determinado, crescendo
apenas um número específico de folhas cada um). Além da forma das folhas, outras adaptações ao clima
incluem a espessa cutícula, as células sub-epidérmicas de paredes
espessadas (hipoderme), entre outros. O mesófilo (tecido
fundamental) é atravessado por ductos resiníferos. Os vasos são
rodeados por tecido de transfusão (parênquima vivo e traqueídos
mortos) que conduz materiais entre o mesofilo e os feixes vasculares.
Domina o meristema apical, suprimindo a formação de gemas
laterais (tronco não ramificado e vertical).
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Outras coníferas
Araucariaceae: incluem as araucárias (Araucaria) e as Wollemia.
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Taxaceae: inclui Taxus baccata (dióico), que não diferencia estróbilos femininos mas sim óvulos solitários
carnudos, atractivos para as aves.
Cupressaceae: ciprestes, com folhas escamiformes e estróbilos esféricos (gálbulas). Inclui as sequóias.
CYCADOPHYTA
Plantas parecidas com palmeiras e encontradas em regiões tropicais. Foram muito numerosas durante a
era Mesozóica. Ao contrário das palmeiras, apresentam crescimento secundário verdadeiro a partir de um
câmbio vascular. Incluem o género Cycas.
As unidades reprodutivas das cicadáceas são folhas mais ou menos reduzidas às quais se unem os
esporângios, agrupados em estruturas estrobiladas no ápice
da planta. Ao redor do estróbilo, dispõem-se as folhas
vegetativas no ápice da planta, formando uma coroa. As
plantas são unissexuadas e os anterozóides são móveis. O
estróbilo feminino tem um odor atractivo para chamar
polinizadores e cada escama tem duas sementes com um
tegumento carnudo e vermelho na base; o endosperma,
porém, é tóxico.
As raízes de Cycas são apogeotrópicas (crescem em direcção à superfície do solo) e abrigam
cyanobacterias simbióticas, capazes de promover fixação de azoto, fotossíntese e toxinas que protegem as
Cycas, sendo prejudiciais para os herbívoros.
GINKGOPHYTA
A Ginkgo biloba, fóssil vivo e única sobrevivente
do filo, é facilmente reconhecível pelas folhas flabeladas
(em forma de leque) e padrão de nervação dicotómico.
Nas plântulas, as folhas são bilobadas. As folhas dispõem-
se em tufos a partir dos braquiblastos (pequenos ramos
que se ramificam a partir dos ramos principais, ou macroblastos). Os braquiblastos também seguram os
pedúnculos dos óvulos (nascem aos pares; quando fecundados pelos gâmetas flagelados em meio líquido
produzem sementes de tegumento carnudo). A espécie é dióica.
É fonte de flavonóides, podendo ser usada para a memória e concentração e como antioxidante.
GNETOPHYTA
As Gnetophyta têm três géneros extantes: Gnetum (inclui árvores e trepadeiras de folhas grandes,
simples, pecioladas), Ephedra (arbustos muito ramificados, de folhas pequenas e escamiformes) e Welwitschia
(planta bizarra cuja maior parte fica enterrada no solo arenoso, com as partes expostas a constituir um disco
maciço e lenhoso que produz somente duas folhas longas, com ramos portadores de estróbilos).
Estas plantas apresentam algumas características angiospérmicas (apresentam traqueias, estruturas
reprodutoras semelhantes a flores e dupla fertilização). São dióicas.
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