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RECIFE - PE
2012
ASSOCIAÇÃO INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO
RECIFE - PE
2012
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho,
por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo
e pesquisa, desde que citada a fonte.
Catalogação na fonte
Bibliotecária Elaine Raposo, CRB-4 / 1726
R175r Ramos, Alexandre Sávio Pereira, 1975 -
O racionamento de água no abastecimento rural na Zona da Mata de
Pernambuco / Alexandre Sávio Pereira Ramos. - Recife: O autor, 2012.
148 f.
Inclui bibliografia.
CDU 628.1(1-22)
Só o desejo inquieto, que não passa,
Faz o encanto da coisa desejada...
E terminamos desdenhando a caça
Pela doida aventura da caçada.
Mario Quintana
DEDICO a todos os operadores e moradores,
mulheres e homens das comunidades rurais que,
incessantemente, lutam para garantir as condições
mínimas de qualidade de vida.
Meus agradecimentos a Profa. Dra. Sônia Valéria Pereira, por instigar em mim a possibilidade
de ser pesquisador, orientando, cobrando, confiando nas minhas capacidades e por induzir a
continuidade nos momentos mais críticos.
Também os Professores Walter, Gilson, Portugal e Silvio, por suas dedicações, paciências,
flexibilidades e humanidades, extremamente importantes para continuarmos trabalhando.
Sou muito grato a Hermelinda Rocha, Rejane Santos, Natércia Araújo, pelo companheirismo,
participação, apoio e contribuição ao longo destes 02 anos de convivência. Bem como a todas
as alunas e alunos do curso, grandes achados, pela troca de experiências, conhecimentos e
vivências, bem como a continuidade de vínculos de amizade futuros.
Meus agradecimentos francos a Ana Virgínia, Paula Raquel, Geruza Felizardo, Luci e
Luciano Siqueira, pela companhia e apoio, quebra galhos nas horas mais urgentes e difíceis,
amigas e amigo de plantão. Também a Synergia e sua equipe, pela possibilidade de trabalhar
como educador, de debater e desvendar a problemática do racionamento com várias lideranças
comunitárias de áreas rurais.
Enfim, gostaria de agradecer imensamente a todas as pessoas que participaram das entrevistas
e colaboraram de alguma forma com a construção deste trabalho, a contribuição de todas e
todos foi fundamental.
RESUMO
Keywords: rural sanitation, water supply, rationing, Mata Zone, Community management.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Acesso aos Serviços de água na área rural, 2007 (em %) ........................................ 11
Tabela 2 - População urbana e rural do Brasil, Pernambuco e Mesorregião da Mata.............. 21
Tabela 3 – Comparativo dos domicílios por forma de abastecimento de água 1991, 2000
e 2010 ....................................................................................................................................... 25
Tabela 4- Número de contratos por macrorregiões do Programa de Saneamento Rural ......... 29
Tabela 5- Atendimento e déficit por componente do saneamento básico no Brasil adotado pelo
Plansab, 2008 ............................................................................................................................ 40
Tabela 6- Consumo médio per capita de água.......................................................................... 43
Tabela 7- Consumo médio per capita de água (L/hab.dia) ....................................................... 44
Tabela 8- Demandas médias de água para cidades brasileiras ................................................. 45
Tabela 9 - População do Estado de Pernambuco por Mesorregião e situação do domicílio .... 64
Tabela 10- Recursos investidos por programa governamental ................................................. 73
Tabela 11 - Caracterização dos sistemas de abastecimento quanto ao regime de
racionamento ............................................................................................................................ 83
Tabela 12- Frequência e duração do racionamento .................................................................. 85
Tabela 13 - Categorização das razões do racionamento ........................................................... 88
Tabela 14- Calendário de abastecimento por comunidade ..................................................... 129
LISTA DE QUADROS
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
2 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 5
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 7
3.1 A QUESTÃO DO SANEAMENTO................................................................................. 7
3.2 O SANEAMENTO RURAL .......................................................................................... 19
3.3 RACIONAMENTO NO ABASTECIMENTO DE ÁGUA............................................ 35
3.4 GESTÃO COMUNITÁRIA DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO ........................... 45
4 METODOLOGIA .......................................................................................................... 56
4.1 TIPO DE ESTUDO: PESQUISA EXPLORATÓRIA COM ESTUDO DE CASOS .... 56
4.2 FASE PREPARATÓRIA ............................................................................................... 57
4.3 FASE DE EXECUÇÃO.................................................................................................. 58
4.4 CONTEXTO DA PESQUISA ........................................................................................ 60
4.5 CONSOLIDAÇÃO DOS DADOS ................................................................................. 62
4.6 A ÁREA DE ESTUDO................................................................................................... 63
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 67
5.1 OS PROGRAMAS DE SANEAMENTO RURAL NA ZONA DA MATA
PERNAMBUCANA ............................................................................................................. 67
5.2 OS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA IMPLANTADOS ..................... 71
5.3 CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS ....................................................................... 74
5.4 OS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO COM RACIONAMENTO .......................... 81
5.5 DESCRIÇÃO DOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DAS LOCALIDADES
ESTUDADAS ....................................................................................................................... 88
5.6 A IMPLANTAÇÃO DOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA ............ 108
5.7 O FUNCIONAMENTO DO SISTEMA ....................................................................... 115
5.8 ENTENDENDO O RACIONAMENTO ...................................................................... 119
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................................................... 140
6.1 CONCLUSÕES ............................................................................................................ 140
6.2 RECOMENDAÇÕES ................................................................................................... 142
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 144
APÊNDICE ........................................................................................................................ 150
APÊNDICE A – Questionários aplicados .............................................................................. 150
APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ............................................ 155
1
1 INTRODUÇÃO
Com um aporte financeiro tão reduzido, percebe-se que a política pública para a
universalização do saneamento no Brasil, designou ao saneamento rural uma posição anódina.
Restando assim aos Estados o direcionamento da política de intervenção nas áreas rurais e,
com isso, possibilitando a estruturação de distintos modelos de intervenção e gestão, os quais,
muitas vezes são interrompidos no caminho, por falta de uma política estruturada e
continuada.
Se por um lado os recursos financeiros são exíguos, por outro, nos anos recentes o
Governo do Estado desenvolveu programas de saneamento rural na Zona da Mata do Estado
garantindo o acesso à água para 88 comunidades rurais. O Programa de Apoio ao
Desenvolvimento Sustentável da Zona da Mata de Pernambuco (Promata) e o Programa de
2
A pesquisa faz-se necessária, uma vez que, após a implantação dos sistemas, a gestão
comunitária poderá ser questionada por esse procedimento de racionamento. Assim o estudo é
realizado a partir da análise crítica do processo de implantação, consolidação e manutenção
dessas medidas, enfatizando o funcionamento do sistema e os meios para sanar tal problema.
O estudo justifica-se tendo em vista a necessidade de aprofundar o conhecimento e análise
sobre a apropriação dos operadores no processo, a fim de conhecer as soluções desenvolvidas
pelos gestores, uma vez que, ao longo desse período de racionamento, não foram realizados
ou divulgados estudos que avaliassem esses procedimentos em qualquer aspecto.
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
2.2 ESPECÍFICOS
Nenhum de nós
pode programar a vida
como linha reta
imutável, inflexível...
A cada instante
as surpresas rebentam,
e temos que ter
humildade e imaginação criadora
para ir salvando o essencial,
através do inesperado de cada instante.
Dom Helder
7
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Houaiss, (2001) ao definir o verbo transitivo sanear como tornar são, habitável,
respirável, agradável e limpo, apresenta elementos que relacionam a saúde, a moradia, o
ambiente o bem estar e a salubridade. Esse Autor apresenta o saneamento como uma série de
medidas que tornam uma área sadia, limpa, habitável, oferecendo condições adequadas de
vida para uma população ou para a agricultura.
Para muitas das populações mais carentes do mundo, uma das maiores ameaças
ambientais à saúde permanece sendo o uso contínuo de água não tratada, embora o percentual
da população com acesso a água tratada tenha aumentado de 79% (4,1 bilhões) em 1990 para
82% (4,9 bilhões) em 2000. A maior parte dessas pessoas vive na África e na Ásia. (WHO e
UNICEF, 2000).
Heller (2011) enfatiza que um processo de avaliação, que considera as ações na área
de saneamento básico como política pública, nortear-se-ia pelos princípios da universalidade,
igualdade, integralidade, titularidade municipal, gestão pública, participação e controle social,
parte dos quais são estabelecidos pela Lei n. 11.445/20071.
Sobre o abastecimento
cimento de água rural, o acesso universal
iversal permanece como um princípio
distante. No Brasil, menos de 30% dessa população possui acesso à rede de distribuição,
índice semelhante às comunidades rurais do Nordeste (Tabela
( 1). Nota-se
Nota que a maioria da
população rural acessa a água para consumo domiciliar a partir de soluções individuais com
poços ou nascentes. Já o contingente nordestino possui o menor índice de acesso dessa
categoria,, acessando outro tipo de fonte como as cisternas de captação de água de chuva ou
caminhões-pipa,
pipa, mais especificamente no semiárido nordestino.
Tabela 1-- Acesso aos Serviços de água na área rural, 2007 (em %)
O MS e a Organização Pan-Americana
Pan da Saúde (Opas) trataram do impacto das ações de
saneamento na saúde (Brasil 2004b)
2004 destacando que noo campo das políticas públicas, a
efetividade, eficácia e eficiência se constituem em critérios analíticos básicos para a avaliação
de políticas (Quadro 1).
12
2
No Artigo 48 da Lei 11.445/07, são definidas as diretrizes para a Política Federal de Saneamento Básico, destacando:
I - prioridade para as ações que promovam a eqüidade social e territorial no acesso ao saneamento básico;
II - aplicação dos recursos financeiros por ela administrados de modo a promover o desenvolvimento sustentável, a eficiência
e a eficácia; (...)
IV - utilização de indicadores epidemiológicos e de desenvolvimento social no planejamento, implementação e avaliação das
suas ações de saneamento básico;
V - melhoria da qualidade de vida e das condições ambientais e de saúde pública; (...)
VII - garantia de meios adequados para o atendimento da população rural dispersa, inclusive mediante a utilização de
soluções compatíveis com suas características econômicas e sociais peculiares;
VIII - fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico, à adoção de tecnologias apropriadas e à difusão dos
conhecimentos gerados;
IX - adoção de critérios objetivos de elegibilidade e prioridade, levando em consideração fatores como nível de renda e
cobertura, grau de urbanização, concentração populacional, disponibilidade hídrica, riscos sanitários, epidemiológicos e
ambientais;
X - adoção da bacia hidrográfica como unidade de referência para o planejamento de suas ações. (BRASIL, 2007)
13
Moraes (2011) ressalta que para o saneamento básico, são diversos os riscos da
coletividade e dos usuários:
Tais perspectivas são tratadas por Borja (2010 apud HELLER, 2011) entendendo o
saneamento básico como ação de saúde pública, medida de interesse local, direito do cidadão
vinculado à moradia digna e à salubridade do meio, ação de proteção ambiental, alegando
então que o saneamento é um direito social vinculado às políticas sociais. Assim, percebe-se
que as ações de saneamento influenciam e impactam as práticas sociais, limitando ou
facilitando a vida social comunitária. Apesar desse fato, as intervenções de saneamento
normalmente não envolvem os favorecidos pelas políticas. De acordo com Heller (2011), a
apropriação dos serviços pela população depende das características socioculturais da
comunidade objeto das intervenções e, frequentemente, não é curta a distância entre as
soluções concebidas pelos técnicos e a aderência a elas pelos pretensos beneficiários.
3
O Artigo 49 dessa lei (BRASIL, 2007) estabelece os objetivos da Política Nacional de Saneamento Básico destacando sobre
a questão social: a redução de desigualdades regionais, geração de emprego e renda e inclusão social; a prioridade às áreas
ocupadas por populações de baixa renda; a salubridade ambiental dos povos indígenas e populações tradicionais conforme
suas características socioculturais; e das populações rurais e núcleos urbanos isolados; a maximização da relação benefício-
custo e do retorno social; a minimização dos impactos ambientais e assegurar o atendimento às normas relativas à proteção
do meio ambiente, ao uso e ocupação do solo e à saúde.
15
necessidade de um tratamento sistêmico dessa relação e uma ampliação dessa visão que
adquire complexidade crescente e busca aproximar os modelos idealizados da realidade,
centrados na busca da integração das ações.
Essa Conferência ainda destaca que ser necessária uma articulação entre os entes
federados para destinação de recursos e ampliação das ações de saneamento rural que
contemplem o diagnóstico e formas de gestão participativa intersetorial e controle social.
Sobre essas questões Britto (2011) sugere que tais problemas resultam de: falta de
prioridade política; falta de recursos humanos e financeiros para contrapartida municipal;
deficiência de planejamento, descontinuidade da política pública de saneamento; falta de
aplicação de políticas específicas, com projetos sustentáveis de saneamento, que atendam a
toda a população urbana e rural; baixo investimento em projetos de saneamento integrado,
principalmente nas zonas rurais e nas ocupações informais. Assim,
Visando à ruptura com o paradigma descrito acima, Teixeira (2011) afirma que existem
seis fatores relevantes para a estruturação de uma política e a gestão dos sistemas rurais de
saneamento, em particular para abastecimento de água:
• Tecnologia apropriada;
• Desenvolvimento de recursos humanos;
• Financiamento viável e factível;
• Articulação dos programas comunitários de saneamento rural com outras ações de
saúde;
• Participação da comunidade e intervenção da mesma de forma permanente;
• Infraestruturas viáveis ou apoios institucionais.
24,5
18,8
15,6
1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010
Anos
Os territórios não são definidos pela objetividade dos fatores de que dispõem, mas,
antes de tudo, pela maneira como se organizam. Esses vínculos sociais nem sempre
se traduzem em formas de organização e resultados virtuosos: a proximidade pode
ser importante para a inovação (...) mas ela é, com imensa frequência, também, a
base do provincianismo e das formas rotineiras de interação que bloqueiam as
inovações tecnológicas e organizacionais. Ainda assim, é importante reconhecer
novas formas de organização produtiva no mundo contemporâneo e os novos
desafios que colocam à intervenção do Estado. (BEDUSCHI FILHO e
ABRAMOVAY, 2004)
Para Chiodi (2009), entende-se que o acesso aos bens comuns por populações rurais
tradicionais é permeado por lógicas invisíveis aos planejadores e que há normas, regras e
acordos locais para apropriação dos recursos naturais que, em muitos casos, garantem a
utilização desses recursos de forma conservacionista e por várias gerações.
Segundo Teixeira (2011), as áreas rurais têm sofrido mudanças profundas, devido ao
fortalecimento da concentração da terra, à manutenção e expansão da economia de mercado
da monocultura e as tecnologias agrícolas modernas sob a liderança do agronegócio focado na
exportação. Essas condições e relações econômicas do meio rural resultam em desemprego e
desigualdades sociais.
23
Dados da Opas (2001, apud TEIXEIRA, 2011), indica que 61% da população rural
tinham acesso à energia elétrica, 15% à coleta de resíduos sólidos, 19% à água de rede geral e
5% estavam conectados à rede pública de esgotos. Para o Autor, diversos dados atestavam
que, quanto mais pobre é a região ou a população, piores são as condições sanitárias, sendo
mais difícil o acesso aos serviços públicos, em especial, aos de saneamento básico.
92%
87%
85%
38%
29%
28% 28% 28%
24% 25%
17% 18%
15%
6% 6% 7%
5% 5%
2% 0% 2% 2% 1% 3%
Poço ou nascente na propriedade
Rede geral
Rede geral
Rede geral
Rede geral
Rede geral
Carro-pipa ou água da chuva
Poço ou nascente
Poço ou nascente f ora
Inojosa (2011) afirma que a desigualdade de cobertura dos domicílios urbanos e rurais
reflete o poder de uns e outros na reivindicação do benefício essencial à qualidade de vida e a
persistência da vulnerabilidade hídrica da população rural. Por sua vez, Matos (2007) acentua
que esse padrão confirma a influência da desigualdade social no acesso às estruturas de
saneamento, assim como uma maior carência do saneamento nos ambientes rurais.
Diante desse cenário, constata-se que “o saneamento rural definha no Brasil ressentido
de uma política nacional de saneamento que dê conta das rápidas mudanças decorrentes do
processo de globalização da economia, e suas implicações no setor em médio e longo prazo”
(LOPES et al, 2000).
Tabela 3- Comparativo dos domicílios por forma de abastecimento de água 1991, 2000 e 2010
Unidade Forma de 1991 2000 2010
geográfica abastecimento absoluto % absoluto % absoluto %
Total de domicílios 34.734.715 100% 42.707.925 100% 57.324.167 100%
urbano
Gráfico 3- Domicílios abastecidos por rede geral, Brasil, Pernambuco e Zona da Mata.
Diante desse cenário, a universalização dos serviços de saneamento básico rural é uma
dívida histórica que as políticas públicas têm para com as populações rurais (TEIXEIRA,
2011). Havendo
Além da Lei, era necessária a definição de um órgão articulador da política, assim foi
criada a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA) em 2003. Apesar de
vinculada ao Ministério das Cidades, dentre suas competências, destaca-se a promoção e
coordenação de programas e ações visando à universalização dos serviços de saneamento
ambiental, incluindo o saneamento rural (BRASIL, 2012a).
Quanto aos recursos para o setor, nos últimos dez anos houve um grande aporte.
Somente a partir de recursos federais, entre 2003 a 2009 foram comprometidos 44,7 bilhões
de reais e desembolsados 22,3 bilhões reais para o setor em seus diversos componentes
(abastecimento de água, drenagem, esgotamento sanitário, resíduos sólidos, saneamento
integrado e desenvolvimento institucional) assim descrito em Brasil (2010a). Somente no ano
de 2009 foram comprometidos 6,6 bilhões de reais e desembolsados 3,5 bilhões para ações
federais, estaduais e municipais de saneamento.
4
Em nível Federal, os principais projetos e atividades encontram-se no Programa de Saneamento Rural (Código 1287) do
Ministério da Saúde, descritos a seguir: Abastecimento de água e instalações hidrosanitárias em escolas públicas rurais,
Implantação e melhoria de serviços de saneamento em escolas públicas rurais, Abastecimento público de água para
comunidades rurais dispersas situadas às margens do rio são Francisco - água para todos, Gestão e administração do
programa, Implantação de melhorias habitacionais para controle da doença de chagas, Publicidade de utilidade pública,
Implantação, ampliação ou melhoria do serviço de saneamento e Saneamento básico em aldeias indígenas para prevenção e
controle de agravos.
29
Borja (2011) também destaca que entre 2005 e 2009 apenas 2,2% dos recursos
federais foram previstos para ações relacionadas ao desenvolvimento institucional, estudos e
projetos e cerca de 14% foram destinadas para os dois tipos de ação. Isso evidencia que, ao
longo dos anos, a programação orçamentária privilegiou a execução de obras em detrimento
das ações relacionadas à gestão.
NÚMERO DE
MACRORREGIÃO %
CONTRATOS
Norte 31 9,39
Nordeste 206 62,42
Centro-Oeste 6 1,82
Sudeste 19 5,76
Sul 18 5,45
Nacional e não informado 50 15,15
Total 330 100,00
Fonte: Borja (2011).
Uma formulação que considere o saneamento como um direito social, ou seja, como
uma medida de prevenção e promoção da saúde, de cidadania e de proteção
ambiental, terá pressupostos, desenhos, normas e critérios de elegibilidade e
financiamento distintos da que considera o saneamento como uma medida de
infraestrutura ou, ainda, como uma mercadoria. Considerar o saneamento básico
como um direito social pressupõe romper com a visão do saneamento como obra
física, para caminhar na construção da noção do saneamento como uma obra social.
Também considerar o saneamento como uma obra social requer rever o privilégio
5
O Programa Saneamento Rural tem como objetivo ampliar a cobertura e melhorar a qualidade dos serviços de saneamento
ambiental em áreas rurais, priorizando as populações rurais dispersas ou localidades rurais com população de até 2.500
habitantes. São atendidos também os assentamentos da reforma agrária, reservas extrativistas, minorias étnico-raciais, como
quilombolas, população indígena e outros povos da floresta, e as escolas rurais. (SIGPLAN, 2010 apud BORJA, 2011)
30
Do mesmo modo, Britto (2011) reforça que programas concebidos a partir de uma
matriz intersetorial são bem estruturados, mas não resolvem o problema do déficit do
saneamento básico. Esses são vistos como programas marginais, que não alteram o
conservadorismo do saneamento básico (inclusive tecnológico), restringindo as inovações que
trazem ao rol de soluções alternativas.
embora o Ministério das Cidades seja responsável pela gestão dos programas mais
importantes, o reconhecimento de sua liderança ainda enfrenta dificuldades.
Também, cada executor conta com critérios próprios de elegibilidade e priorização,
o que interfere na coesão e direção da ação pública. Essa realidade dificulta a gestão
das ações, desde a seleção de projetos ao acompanhamento da sua implementação,
influenciando na consecução dos objetivos da política. (BORJA, 2011)
Santoni (2010) afirma que para um país com proporções continentais como o Brasil
não se pode propor alternativas de gestão padronizadas, o que pelas diferenças sociais,
culturais, regionais e locais significa colocar o intuito da universalização na contramão de
tudo o que as boas experiências municipais e estaduais têm ensinado. Assim a questão
tecnológica encontra-se sob o domínio dos técnicos do setor e clama uma reflexão mais
intensa e crítica das atuais práticas e pela construção de um novo paradigma que considere
padrões tecnológicos sustentáveis e limpos (SANTONI, 2010).
31
condições sanitárias seguras e eficientes, que seja aceita pelas comunidades e que contemple
aspectos construtivos, operacionais e de custos compatíveis com as características
socioeconômicas, ambientais e culturais das respectivas. Enquanto que Oliveira (2004 apud
MORAES, 2011), complementa afirmando que a tecnologia apropriada deve proporcionar o
desenvolvimento de autodeterminação das populações e buscar o respeito e a confiança dos
membros da comunidade a ser beneficiada. Nesse sentido,
Sobre os sistemas de abastecimento de água, Guerra (2009) também pontua que deve
haver equilíbrio entre o enfoque técnico com o enfoque comunitário, a partir da postura e
33
atuação dos técnicos, gestores, engenheiros, das lideranças locais e das Autoridades
governamentais, bem como da integração entre eles.
De acordo com esses enfoques, Brasil (2004b) reforça que essa dimensão consiste na
avaliação das soluções de engenharia empregadas, envolvendo a qualidade dos projetos, o
custo e prazo de execução, a finalização e entrega dos empreendimentos e o grau de
apropriação das soluções pela população beneficiada. Também afirma que tal avaliação não se
caracteriza uma comparação temporal do antes e depois, mas de dados e informações que
necessitarão ser identificados antes (análise de projetos), durante (execução) ou depois
(custos, prazos, entrega, apropriação) da implantação dos sistemas.
Para uma avaliação da tecnologia adotada cabe ainda mencionar, a partir de Galizoni
(2005), que as ações do poder público quase sempre não levam em conta o saber local.
Famílias de agricultores afirmam que os projetos quase sempre chegam prontos, mesmo que
queiram participar, não encontram oportunidades ou espaços. A Autora vai além,
34
Para que tais soluções sejam apropriadas, faz-se necessário a adoção de alguns
critérios como Opas-OMS (2009 apud TEIXEIRA, 2011) propõe:
Quem tem mais condições financeiras, se protege mais facilmente; quem não as tem
procura, ao longo da vida, equipar seu domicílio de canalizações internas de
abastecimento d’água, de caixa d’água, de fossas ou cava valas para evacuar o
esgoto. Esforços permanentes que se verificam em comunidades de baixa renda,
transformadas em milhares de canteiros de obras domésticas, conduzidas ao sabor
36
Em Ramos (2006) é registrado que é necessário resgatar a água como um bem valioso
no imaginário coletivo, que a garanta quando há necessidade e não quando chega. Também
que o desapego à água é uma construção social, pois se trata de um serviço precário, sem
visão de importância, levando à construção de negação desse bem (desperdício, vazamentos
sem relevância). A precariedade induz ao afastamento e não à valorização, tornando este
recurso em um bem não precioso nas comunidades.
1. Qual percentual da população tem acesso à rede de água sob pressão, 24 horas por
dia?
Para enfrentar uma emergência em que exista falta de água, Navarro-Roa (2008)
discute que é indispensável à avaliação das condições ambientais favoráveis e desfavoráveis,
as características das infraestruturas existentes e as tecnologias disponíveis que permitam
resolver o problema no menor tempo e custo possível. Também ressalta que em um sistema
6
Art. 40. Os serviços poderão ser interrompidos pelo prestador nas seguintes hipóteses:
I - situações de emergência que atinjam a segurança de pessoas e bens;
II - necessidade de efetuar reparos, modificações ou melhorias de qualquer natureza nos sistemas;
III - negativa do usuário em permitir a instalação de dispositivo de leitura de água consumida, após ter
sido previamente notificado a respeito;
IV - manipulação indevida de qualquer tubulação, medidor ou outra instalação do prestador, por parte do usuário; e
V - inadimplemento do usuário do serviço de abastecimento de água, do pagamento das tarifas, após ter sido formalmente
notificado. LEI 11.445/2007 (BRASIL, 2007)
38
Conforme detalha o Autor, considerar o déficit nesses vários níveis torna a avaliação
mais complexa e significa também prever estratégias de atendimento em níveis distintos,
39
Outro aspecto a ser analisado neste sentido é a caracterização das demandas a partir das
necessidades de soluções. Segundo Moraes (2011), as demandas seriam caracterizadas por:
Diante dos elementos analisados, é possível inserir as comunidades abastecidas por rede e
com corte programado periodicamente nos índices de déficit em abastecimento de água. E
esse pode ser traduzido pela falta de acesso à água potável, oferta em quantidade limitada à
realização das atividades domésticas ou em qualidade imprópria para consumo humano
(MORAES, 2011). De acordo com Autor, para caracterizar o déficit, deve-se perceber:
• falta de acesso a uma solução que forneça água potável ou em qualidade própria para
consumo humano;
Diante dessa caracterização e conforme Moraes (2011), em 2008 o país possuía um déficit
no abastecimento de água que atingia mais de 54 milhões de habitantes, sendo 46,3 milhões
desses respondendo pelo atendimento precário dos serviços de abastecimento e 8,5 milhões
sem acesso ao serviço (Tabela 5). Ressalta-se que o racionamento no abastecimento de água
compõe parte desse déficit principalmente contabilizado a partir da população urbana.
Tabela 5- Atendimento e déficit por componente do saneamento básico no Brasil adotado pelo Plansab, 2008
Atendimento adequado Déficit
Componente
Atendimento precário Sem atendimento
(hab.) % (hab.) % (hab.) %
Abastecimento
134.244.670 71,0 46.323.865 24,5 8.508.465 4,5
de água
Esgotamento
90.137.850 47,8 44.624.150 43,7 8.325.000 8,4
sanitário
Manejo de
resíduos
125.969.070 66,6 37.957.316 20,1 25.316.000 13,4
sólidos
domiciliares
Fonte: Moraes (2011).
déficit
acesso
déficit
acesso
Consumo
Faixa populacional
(l/dia)
Até 30.000 118,41
30.001 - 50.000 130,40
50.001 - 100.000 132,67
100.001 - 150.000 149,01
150.001 - 250.000 145,64
250.001 - 500.000 145,65
500.001 - 1.000.000 152,00
1.000.001 - 3.000.000 153,88
mais de 3.000.000 200,68
Fonte adaptada: (MORAES, 2011).
Outrossim, Pernambuco se difere desse padrão por possuir a menor disponibilidade hídrica
per capita do Brasil7, sendo o estado mais urbanizado do Nordeste e ao mesmo tempo com o
menor consumo de água per capita da região.
Apesar dessa caracterização da média de consumo per capita de água por estado e
município, o cálculo da necessidade de consumo de água em uma cidade vai depender de
vários fatores de caráter geral (FUNASA, 2006) como o tamanho, o crescimento da
população, as características da cidade (turística, comercial, industrial), os tipos e quantidades
de indústrias, o clima e os hábitos e situação socioeconômico da população. No mesmo
sentido, existem fatores específicos que influenciam a definição da necessidade de consumo
como a qualidade de água, o valor da tarifa, a disponibilidade, a pressão na rede de
distribuição, o percentual de medição da água distribuída e a ocorrência de chuvas.
7
Segundo o Plano Nacional de Recursos Hídricos (BRASIL, 2006) a disponibilidade hídrica social do estado de
Pernambuco é 1.270 m³/hab.ano, utilizando 21% deste montante (268 m³/hab.ano).
45
Barros et al. (1995, apud MATOS, 2007) Von Sperling (1995, apud MATOS, 2007)
Consumo médio Consumo médio
População Aglomerados População
Cidades per capita per capita
(habitantes) urbanos (habitantes)
(L/hab.dia) (L/hab.dia)
Menores Até 5.000 100 a 150 Povoado rural Até 5.000 90 a 140
5.000 a
5.000 a Vila 100 a 160
Pequenas 150 a 200 10.000
25.000
Pequena 10.000 a 110 a 180
localidade 50.000
25.000 a
Médias 200 a 250 50.000 a 120 a 220
100.000 Cidade média
250.000
Acima de Acima de
Maiores 250 a 300 Cidade grande 150 a 300
100.000 250.000
Fonte adaptada: Matos (2007).
Para Matos (2007), esses fatores não atuam individualmente, sofrendo influências de
um conjunto diferenciado de elementos e da interação entre eles. Diante disso, o Autor
evidencia que só é possível apontar tendências provenientes desses fatores, que podem ou não
se confirmar em um estudo de campo, quando as influências se somam.
Para tanto, Lopes et al (2000) acentua que a metodologia deve priorizar o processo de
comunicação social na implantação dos projetos. O respeito à cultura das comunidades rurais
e a possibilidade de canalização das potencialidades locais para processos de desenvolvimento
vão além da expectativa de abastecimento de água potável para comunidades carentes e
possibilitam relações de respeito e cooperação entre o poder público municipal e a
comunidade organizada.
O IRC (2004) revela que o manejo comunitário rural de abastecimento de água deve
garantir a universalização da cobertura do serviço oferecido, a capacidade de gestão adequada
e sustentável dos sistemas, o fortalecimento das instituições envolvidas, a expansão de
cobertura física e a implantação de projetos simples e eficientes de abastecimento de água por
tempo indeterminado. Nessa perspectiva, o modelo de gestão comunitário é implantado de
maneira mais lenta e complexa que as abordagens tradicionais com mínima participação dos
beneficiados. O Centro ainda afirma que apesar dos muitos exemplos positivos de gestão
comunitária ainda existem problemas na sustentação dos serviços em longo prazo e que se
torna mais eficaz quando há o apoio institucional para as comunidades beneficiadas, assim
como o apoio políticas setoriais e regulamentações, papéis e responsabilidades claramente
definidas e financiamento consistente.
De um modo geral, os fatores que podem induzir problemas para a gestão comunitária do
abastecimento de água rural são de limitações internas: dinâmicas comunitárias, políticas ou
conflitos sociais, a incapacidade de gerenciamento financeiro e técnico, falta de transparência
e manutenção; e limitações externas: má concepção do projeto e modelo de gestão,
interferência política, falta de políticas de apoio técnico e socioeconômico e legislação (IRC,
2004).
Dentre esses elementos destacados, Teixeira (2011) afirma que o “processo educativo
constituiu o principal mecanismo de fortalecimento das relações sociais entre os atores
envolvidos, sendo também a via de aprimoramento conceitual e apropriação de práticas
participativas” que contribuem com o empoderamento das comunidades. Esse Autor também
ressalta que as intervenções educativas devem ser vistas como início de um processo
49
contínuo, visando garantir a eficiência, a eficácia e a efetividade dos projetos e das ações de
saneamento básico. Nessa direção,
Estado do Ceará
Britto (2011) acrescenta que as associações locais federadas no Sisar são organizações
locais civis criadas para o fim especifico, ou adaptadas em seu estatuto, para operar sistemas
de saneamento. Assim, a associação local supervisiona a operação, realiza o atendimento
comercial, a emissão de ordens de serviço e recebe as contas. Também efetua a manutenção
mais básica: a verificação equipamentos, supervisão do tratamento, limpeza de filtros,
conservação e limpeza das instalações, reparos de vazamentos, novas ligações, emissão de
relatório dos dados operacionais (volumes, energia, dados de bombas, etc.).
Cada Sisar passa a ser responsável pela administração do patrimônio instalado pelo
Programa de Saneamento Rural, incluindo bens físicos e financeiros, que venham a
receber do governo ou de particulares, bem como os recursos decorrentes das taxas
pela prestação de serviços de saneamento. Enquanto que o papel da Cagece e de
planejar, projetar e construir os sistemas, o papel do Sisar e de administrar e operar
estes sistemas, de forma conjunta e participativa, garantindo sua continuidade, bem
como coordenar e fiscalizar o gerenciamento de cada Sisar (BRITTO, 2011).
De acordo com Teixeira (2011), para a implantação dos sistemas de água nas áreas
rurais, a Cagece dispõe de uma equipe de assistentes sociais, pedagogos e profissionais de
áreas correlatas, para capacitação social, educacional, ambiental e de desenvolvimento
comunitário. Esses profissionais se destinam ao envolvimento comunitário, desde a
elaboração do projeto, até a fiscalização da obra, e que continua atuando durante a gestão dos
sistemas.
Estado do Piauí
A iniciativa para o saneamento rural no Estado do Piauí assemelha-se com programa
desenvolvido no Ceará, acrescentando o componente do esgotamento sanitário em todos os
projetos desenvolvidos. O Ministério da Saúde (BRASIL, 2012c) apresenta o Programa de
Saúde e Saneamento Básico na Área Rural do Piauí (Prosar-PI) como resultante da
Cooperação Financeira entre o Kreditanstalt für Wiederaufbau - KfW (agente financiador) e o
MS (mutuário), sendo a Secretaria de Saúde do Estado do Piauí a responsável pela execução.
O Prosar está inserido no semiárido onde foi desenvolvido em 45 localidades, beneficiando
9.245 domicílios e 45.990 pessoas.
Para a seleção das localidades, foram definidos com critérios (BRASIL, 2012c) a
densidade populacional (aglomerações com no mínimo 60 casas ou 300 habitantes), a
disponibilidade de energia elétrica e água subterrânea ou de superfície, em quantidade e
qualidade adequadas, a aceitação do modelo de gestão sustentável e contínua e a viabilidade
financeira para sua manutenção.
Para Teixeira (2011), a Caern criou uma taxa diferenciada para as comunidades rurais
que aderirem ao modelo de autogestão, representando cerca de 1/5 da tarifa normal cobrada
nas sedes. O Autor destaca a precariedade do trabalho de educação e participação
comunitária, ocorrendo apenas durante as reuniões de mobilização e em alguns trabalhos de
educação ambiental em escolas das comunidades.
Estado da Bahia
O modelo de saneamento rural no Estado da Bahia segue os princípios do programa
cearense a partir da formação de associações comunitárias articuladas pela Central de
Associações Comunitárias. Existem quatro Centrais, com cerca de 10 a 15 municípios cada,
somando 49 municípios atendidos e 78 localidades (TEIXEIRA, 2011). Conforme descrito
pelo Autor, o Programa tem a participação da Secretaria Estadual de Desenvolvimento
53
4 METODOLOGIA
Ao reconhecer as populações afetadas pelo processo a ser pesquisado bem como seu
ambiente, a pesquisa se permitiu como um processo dinâmico de construção e sistematização
de conhecimento e de aprendizado, estimulando reflexões e ações comunitárias sobre as
condições de acesso à água. Desse modo, a pesquisa possuiu caráter qualitativo pelo público e
pela situação específica abordada, pelas respostas particulares procuradas e pela
impossibilidade de generalização de seus resultados.
estudos de caso estão baseados em uma metodologia cujas informações são levantadas por
meio de uma amostra reduzida, o que em si não possibilita demonstrar o universo de cada
situação, mas permite ilustrar uma situação concreta, e se mostram adequados para pensar o
problema em foco. Em Ventura (2007) é acrescentado que para
Dessa forma, o eixo do saneamento visa uma abordagem técnica dos resultados,
enquanto que para a gestão comunitária a abordagem é socioambiental. A relação entre as
abordagens constrói um panorama do racionamento nos sistemas de abastecimento rural em
avaliação.
58
Nessa etapa, a coleta de dados foi realizada a partir de diversas diretrizes quantitativas e
qualitativas de pesquisa: da entrevista a busca em bibliotecas e rede mundial de computadores
e visita a órgãos específicos.
Total 10
Fonte: O Autor.
Ressalta-se que houve a necessidade de determinar um recorte territorial que
facilitasse os deslocamentos, assim foi definido que as localidades a serem visitadas estariam
inseridas na Região de Desenvolvimento (RD) Mata Norte, região onde se iniciou o projeto
piloto do Promata e que possui as comunidades com sistemas de abastecimento implantados
com mais tempo de funcionamento.
durante quatro semanas. Enquanto que as entrevistas com os gestores estaduais ocorreram em
horário de expediente em seus locais de trabalho.
Após cada entrevista, era realizada uma caminhada exploratória com registro
fotográfico na comunidade e nos equipamentos do sistema de abastecimento. Essa caminhada
era acompanhada pelo entrevistado ou operador do sistema, visando conferir as informações
descritas e compreender o funcionamento dos sistemas de abastecimento de água implantado.
62
Situação
prevista
Análise de
Situação vulnerabilidade
encontrada do sistema
Fatores
críticos
Análise de
manobras para Análise de
aumentar a Alternativas
confiabilidade
8
Apenas o município de Nazaré da Mata não foi contemplado com intervenções de abastecimento de água em localidades
rurais pelo Promata e ProRural.
64
índice de chuvas do Estado. Os mesmos Autores destacam que a vegetação tem como
formações primitivas as Floresta Subperenefólia, Subcaducifólia e as Formações Litorâneas.
Fonte:O Autor.
Quanto aos aspectos demográficos, a região da Mata possui a terceira maior população
dentre as cinco mesorregiões do Estado com 1.310.638 de habitantes (14,9%), enquanto que
sua população rural representa 19% da população rural do Estado (Tabela 9).
Jansen e Mafra (2012) ainda ressaltam que essa é uma das Regiões de maior potencial
econômico do Nordeste, pelos recursos naturais disponíveis (água, solo, etc.), pelas vantagens
locacionais (em torno da RMR), com razoável infraestrutura econômica (estradas, portos
marítimos, aeroportos) e abundante contingente de mão-de-obra.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos anos recentes, percebe-se uma preocupação significativa dos governos em relação
ao desenvolvimento rural. Assim diversas ações são desenvolvidas visando às melhorias de
condições de vida da Mesorregião da Mata, podendo ser observadas com maior significância
a partir dos programas estaduais conhecidos como Promata e ProRural.
5.1.1 O Promata
5.1.2 O ProRural
9
Iniciamente o programa era denominado de Programa Estadual de Apoio ao Pequeno Produtor Rural (ProRural).
10
Quando iniciou, o ProRural era executado pela Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado (Seplag) através da Unidade
Técnica ProRural, em seguida foi gerido pela Secretaria de Articulação Social e Regional de Pernambuco (SEART).
71
dos recursos ocorreu a partir das agendas dos referidos conselhos, sendo executados 38
sistemas de abastecimento
stecimento rural na Zona da Mata até 2011. De acordo com o Consórcio
Synergia/Colmeia (2011), três dessas obras foram concluídos mas estão sem funcionar e
quatro não foram concluídas (três dessas em operação e uma sem funcionamento). A
distribuição desses sistemas entre Programas e Regiões de Desenvolvimento é bem equânime
como mostra o Gráfico 8.
22 26
Mata Norte Promata
Mata Norte ProRural
24 16 Mata Sul Promata
Mata Sul ProRural
Fonte: O Autor.
Essas redes de distribuição de água expressam uma mudança de cultura pelo uso da
água, pois antes delas as soluções de abastecimento eram individuais/domiciliares, sem
segurança em relação à qualidade e associadas a deslocamentos expressivos para obtenção do
recurso.
Dos 88 sistemas implantados, 74% têm como forma de captação o lençol subterrâneo
(Figura 5), com 41 localidades abastecidas a partir de poços tubulares profundos (artesianos) e
21 com poços rasos tipo amazonas todos executados pelo Promata (não há informação sobre
três comunidades). A implantação de poços rasos resulta da inexistência de lençóis
sedimentares profundos no entorno das localidades e tem consequências diretas à qualidade
da água, pelo risco de contaminação do lençol superficial (freático). Ainda percebe-se a
existência de captação subterrânea associada à dessalinizador em duas comunidades: Tapera
(Glória do Goitá) e Encruzilhada (Ferreiros), onde era a solução possível apesar do custo
elevado e da dificuldade de manutenção, sendo constatado pela pesquisa que ambos
encontram-se sem funcionar há mais de um ano e o abastecimento atualmente é feito com
água salobra.
75
subterrânea
rede de distribuição 65 superficial
83 chafariz não informado
Sobre a situação atual dos sistemas, registra-se que 79% dos sistemas foram
concluídos e desses, três sistemas não estão funcionando (Figura 6). Apesar de não concluídos
e entregues, sete desses encontram-se em operação, sendo as pendências de diversas ordens
como: perfuração de outros poços, instalação de equipamentos de tratamento (principalmente
clorador), conclusão de redes de distribuição e entrega de kits sanitários para algumas
famílias.
21,6 frequência
19 17,0
percentual
15
9 10,2
4 4,5 5 5,7
3 3,4 3 3,4
Para os 14 sistemas que se encontram sem funcionamento, nota-se que assim estão por
problemas de execução da obra ou manejo inadequado dos equipamentos (Gráfico 10). Os
três conjuntos que foram concluídos e entregues e que não estão em operação enquadram-se
na situação de entraves com os equipamentos implantados. Não foram verificados, como
77
10,2
9 frequência
percentual
4 4,5
1 1,1
63,6
56
frequência
48,9
percentual
43
26,1
23
18,2
16
5 5,7
80,0
frequência
percentual
8 10,0
3 3 1 3
apenas para discutir a tarifa ou o corte no fornecimento por inadimplência (Gráfico 13),
também uma parte levanta que a ausência de respostas do poder público para os problemas
encontrados nos sistemas dificultam a mobilização, ao mesmo tempo em que é um argumento
para envolvimento dos usuários em assembleias.
26,1
frequência
22,7 23
percentual
20
17,0
15,9
15
14
4 4,5
19,3
18,2
frequência
17
percentual 16
14,8
13
12,5
11
9,1
8
1 1,1
47,7
42
frequência
percentual
27,3 26,1
24 23
20,5
18
12 13,6
5 5,7
2 2,3
27
17
61
9 35 Regime de
abastecimento
sem racionamento
com racionamento
52
Funcionamento
em operação
sem funcionar
Fonte: O Autor.
Fonte: O Autor.
racionamento permanente (Gráfico 17), representando 67,3% dos sistemas pesquisados sobre
o assunto. Tal representatividade de dois terços dos sistemas com racionamento retrata a
relevância da questão e produz reflexões sobre o processo de implantação, acompanhamento e
gestão dessa política pública. A estratificação de situações temáticas facilita o entendimento
sobre a questão possibilitando uma investigação mais detalhada sobre o racionamento nos
sistemas. Dessa forma os dados foram desagregados a partir do recorte territorial, dos
programas governamentais, das formas de captação e distribuição, bem como a
hidrometração, tarifação, funcionamento e organização da diretoria (Tabela 11).
76,0%
72,1%
69,2%
69,2%
68,8%
67,3%
67,3%
66,7%
65,4%
61,5%
60,0%
59,3%
55,6%
54,5%
50,0%
50,0%
45,5%
44,4%
40,7%
40,0%
38,5%
34,6%
33,3%
32,7%
32,7%
31,3%
30,8%
30,8%
27,9%
24,0%
23,3%
22,7%
com racionamento
sem racionamento
Fonte: O Autor.
com motivo e na segunda, não soube informar, apesar disso o abastecimento por chafariz
durante 11 horas seguidas (das 6h às 17h) é praticamente a garantia plena do consumo diário
(para quem tem disponibilidade de tempo durante esse período).
Qtde. de Qtde. de
Frequência Duração
Localidades Localidades
mais de 10 horas 4
de 5 a 6 horas 6
Diariamente 15
de 3 a 4 horas 3
até 3 horas 2
mais de 10 horas 4
de 6 a 7 horas 3
A cada 2 dias 12
3 a 4 horas 2
até 2 horas 3
A cada 3 dias 2 3 a 12 horas 2
A cada 4 dias 1 1 hora 1
2 horas
A cada 5 dias 1 1
Essa situação encontrada não satisfaz a natureza integral necessária aos serviços de
saneamento (RAMOS, 2007), bem como os critérios de eficácia e eficiência dos programas
(BRASIL, 2004b) gerando impactos na saúde e na qualidade de vida das populações atingidas
(BRASIL, 2008).
Fonte: O Autor.
reunião ou outra forma, enquanto que, sobre a regularidade dos dias com água é decidido pelo
operador e diretoria, por ser considerado um assunto mais “técnico”.
Fonte: O Autor.
Ressalta-se também que essas razões descritas por representantes locais delineiam caminhos
para as justificativas sobre o tema, mas carecem de maior investigação, pois o conhecimento
do ambiente local conduz a respostas mais efetivas para a questão.
Para a realização dos estudos de casos foram selecionadas dez localidades rurais da
RD Mata Norte de acordo com a categorização proposta (Figura 7), as quais são descritas a
seguir.
89
Fonte: O Autor.
5.5.1 Angélicas
Sobre
bre o racionamento, o sistema é variado por setor em relação aos dias e horários,
não havendo um calendário fixo de abastecimento, sendo alternado por quatro setores: o setor
1 recebe água durante um dia e meio; o setor 2, dois dias; o setor 3, dois dias e;
e o setor 4,
meio dia. O abastecimento ocorre a partir das
d 6:30h até às 15h,, para alguns setores ainda é
possível o acesso das 19h às 3h.
3h Segundo representante da associação “a população não bebe
a água, por conta do descuido com a barragem. Agora está cuidada,
cuidada, mas ficou o preconceito,
apenas alguns bebem a água e todo mundo usa para atividades domésticas”.
domésticas” Existe caixa
d’água na maioria dos domicílios, algumas sem boia (havendo necessidade de maior controle
pelo operador).
Dos sistemas visitados esse é o maior e mais organizado fisicamente e na gestão, porém o
mais desordenado na manobra do corte programado. Sobre a estrutura física (Figura 9), o
sistema é composto de:
91
• 1 barragem de nível;
• 1 bomba centrífuga de eixo vertical de 25CV sobre flutuante;
• 1 macromedidor;
• Adutora de 1.960m e DN de 75mm;
• 1 reservatório apoiado de 75m3 em concreto;
• 1 reservatório elevado de 50m3 em concreto;
• 2 bombas centrífugas de eixo horizontal de 3CV (EEAT) sendo 1 reserva;
reserva
• 2 filtros ascendentes de areia;
• 2 caixas misturadoras e bombas dosadoras (sulfato e hipocal);
• Clorador;
• 2 redes de distribuição:
distribuição rede 1 com 2.635m e rede
ede 2 com 1.392m e diâmetros variando
de 150mm (242m) a 32mm (1.136m).
(1.136m)
Observa-se
se ainda que a bomba de adução trabalha 24 horas, sendo o sistema operando no
automático
tomático e que o tempo para encher os reservatórios é de quatro horas.
horas
5.5.2 Borracha
O sistema foi inaugurado em 2003 com abastecimento pleno na sua implantação. Tal
sistema foi previsto para atender 425 unidades em 2004 e 625 domicílios até 2014, havendo
ainda possibilidade de ampliação. Destaca-se que foi construído outro sistema com captação
por poço para a localidade de Sítio Novo, retirando a sobrecarga do sistema principal.
Ainda observa-se que o sistema não é utilizado para o consumo humano, donde os
moradores acessam a água de uma cacimba próxima da comunidade. O sistema (Figura 11) é
composto pela seguinte estrutura:
• 1 barragem de nível;
• 1 bomba centrífuga de eixo horizontal de 15CV;
• Adutora de 2.657m e DN de 50mm;
• 1 reservatório apoiado de 75m3 em concreto;
• 1 reservatório apoiado de 25m3 em concreto;
• 2 bombas centrífugas de eixo horizontal de 3CV (EEAT) sendo 1 reserva;
• 1 filtro ascendente de areia;
• 1 caixa misturadora e bombas dosadoras (sulfato e cloro);
• 1 rede de distribuição com 4.302m e outra rede com 1.392m e diâmetros variando de
150mm (13m) a 32mm (2.131m).
ass referidas condições poderão ser determinadas por meio de métodos científicos e emprego de
tecnologia apropriada. Na área rural, entretanto, e para o tipo de poço em questão, bons resultados
serão obtidos por algumas
algumas indicações de ordem prática aliadas à experiência dos moradores da
área.
Sobre
bre o racionamento, que existe desde a implantação, o sistema é dividido em três
setores, com água um dia por setor das 5 às 8h.. Apesar de estar prevista a perfuração de três
poços, existem apenas dois, um deles já existia antes da intervenção e foi perfurado pela
Prefeitura. Segundo
egundo representante da associação “tem
“tem gente que tem água todo dia na rua
principal e a rede foi modificada
modific para garantir água assim”. Existe caixa d’água em cerca de
metade dos domicílios,, por outro lado, numa
numa parte onde o sistema é precário e a água é
insuficiente, os moradores buscam no chafariz comunitário sendo liberado apenas no dia
destinado ao setor onde residem.
Percebe-se
se visivelmente uma baixa qualidade na estrutura executada, o reservatório
principal possui rachaduras,
rachaduras sendo executado um reforço com perfis metálicos. Diferente das
comunidades pesquisadas, todo o sistema é automatizado.
automatizado Sua estrutura
ra física é composta
compost de:
pagar a taxa por conta disso. O equipamento de cloração não foi instalado e a água não é
suficiente”. A Prefeitura Municipal desenvolve toda a gestão, operação e manutenção do
sistema e a Asseco desenvolve outras ações sociais diferentes dos objetivos para que foi
instituída.
5.5.5 Encruzilhada
Sobre o racionamento, o sistema é dividido em quatro setores, com água um dia para
dois setores: das 6 às 14h para um setor e das 16 às 22h para outro setor. Existe caixa d’água
na maioria dos domicílios, mas a falta de tratamento na água recebida do sistema obriga os
moradores a obter água para o consumo humano no distrito de Macujê transportada a partir do
ônibus escolar.
Acentua-se ainda que a Asseco não é apoiada financeira ou estruturalmente por instituições e
que existe um projeto para perfurar mais dois poços, minimizando as dificuldades de acesso
ao abastecimento. A estrutura física do sistema (Figura 17) é composta de:
99
• 1 poço com 76 metros de profundidade (com água salobra e alto teor de ferro);
• 1 bomba centrífuga de 1,5CV;
• 1 reservatório elevado de 10m³ em PVC;
• 1 reservatório elevado de 5m³ em PVC;
• 1 reservatório apoiado de 5m³ em PVC (distribuição)
• Adutora de 1.074 m e DN de 50 mm;
• Dessalinizador e Cloradores (desativados);
• Rede de distribuição de 50 mm e 820 m de extensão.
5.5.6 Gambá
5.5.7 Quebec
O funcionamento foi iniciado em 2010 sem racionamento no sistema apenas nas ruas
baixas, segundo o entrevistado “no início era muito precário. Abria-se tudo e era pra quem
pegasse primeiro, tinha rua mais baixa que tinha água permanente”. Diante do problema, foi
executada uma setorização da rede que amenizou o problema e distribuiu o racionamento para
todos os domicílios. A localidade é abastecida por um sistema de captação misto composto
por três poços de água salobra e por uma barragem distante mais de dez quilômetros (os
domicílios recebem no mesmo sistema de distribuição a água salobra e doce em dias
alternados).
Existe uma diferenciação no valor da tarifa, sendo reduzida para quem se encontra na
ponta da rede e recebe água com menor vazão. Também é evidenciado e ausência de
automação que exige o deslocamento entre a captação e a distribuição (por mês são
percorridos de 250 a 300km de moto). Segundo o operador do sistema, “o tempo para encher
o reservatório do sistema é 3:30h, mas o poço seca com 1:30 de bomba ligada”.
106
Segundo a entrevistada, “o
“o reservatório do sistema só esvazia quando falta energia, a
caixa trabalha sempre cheia, o maior problema é monitorar o operador”. Ainda percebe-se
percebe que
o açude já existia antes
es do sistema e sua parede de contenção está ruindo,
ruindo junto a esse existe o
lixão da cidade de Lagoa do Carro, que coloca em dúvida a qualidade da água.
água
Assinala-se que o projeto geral foi apresentado pelo programa governamental executor
em todas as comunidades pesquisadas através de assembleias e reuniões comunitárias e
apenas o povoado de Gambá possui o projeto que se encontra afixado na parede da
Associação.
110
Sobre a informação de que haveria água no sistema com regularidade, boa parte dos
comunitários (70%) informou que foi anunciado tal garantia ainda no processo de
implantação dos sistemas, enquanto que em duas comunidades foi repassado que seria
garantido a suficiência e apenas em uma localidade não foi assegurado o abastecimento
regular com volume adequado disponível nos domicílios (Gráfico 21). Essas três últimas
citadas possuem expressivas dificuldades de abastecimento refletidas em seus calendários de
manobra.
111
Sobre o assunto, Santoni (2010) observa que os projetos de saneamento têm seu tempo
de maturação que, em geral, difere do tempo dos cronogramas políticos, significando
atropelos e riscos agregados. O Autor afirma que esses projetos em sua maioria apresentam
problemas no licenciamento ambiental, na operação, no índice de atendimento e na elevação
dos custos de investimento e de operação.
capacitado 1
sim 4
não 5
Fonte: O Autor.
Diante dessa problemática, Galvão e Galvão (2011) considera que grande quantitativo
de trabalhadores é inserido nos serviços sem qualquer formação prévia, onde a preparação se
restringe a treinamentos introdutórios que apresentam a instituição e o trabalho que vão
desempenhar. Os Autores ressaltam a dificuldade de instrumentalização de um pensar e fazer
crítico e reflexivo.
canteiro ficasse para as associações. Mesmo assim, a entrega da obra incompleta em três
localidades (Gráfico 23) dificultou o repasse de informações e funcionamento dos sistemas.
sem funcionar 1
parcialmente completa 2
completa
Fonte: O Autor.
Segundo o IRC (2005), a gestão comunitária gera muitos benefícios, mas não é isenta
de problemas. Assim o Centro destaca que há o reconhecimento que a maioria das
comunidades não são capazes de gerir seus sistemas de abastecimento de água sem assistência
externa. Mesmo quando a capacidade de gestão das comunidades é reforçada, não é realista
esperar que as comunidades rurais fossem plenamente autossuficientes ao longo de toda ciclo
de gestão de serviços de água: da decisão ao projeto, operação, manutenção, extensão,
aperfeiçoamento, adaptação e ampliação do sistema.
A consciência sobre a situação formal dos sistemas é reafirmada por outro gestor
estadual pesquisado: “A Compesa é concessionária para todo o município, ela precisa
11
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local; (...)
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local,
incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; (BRASIL, 2000)
114
formalizar a Autorização da operação para a associação. Para Autorizar ela precisa assumir. A
obra foi feita pelo Promata e não foi entregue a ninguém, pertence ao Estado. A empresa
passou para o Promata, o patrimônio deveria ser repassado a Compesa e esta Autorizar a
associação”. Para ele, esse patrimônio hoje “deve” pertencer a Secretaria de Agricultura e
Reforma Agrária (SARA).
Essa indefinição fez com que nenhuma das obras possuísse licenciamento ambiental
para operação: “as obras foram licenciadas para instalação, mas não tem licença de operação,
pois não há formalidade na operação, pois a associação não tem Autorização da Compesa ou
prefeitura. Hoje efetivamente esses sistemas são clandestinos”. Sobre o assunto, tal gestor
reflete que “o fato de não ter tido continuidade ou definição de modelo acabou gerando fatos
não previstos, como algumas prefeituras assumindo o sistema”.
Não informou 2
garantiu em 90% 1
garantiu em 20% 2
garantiu em 30% 4
Fonte: O Autor.
Como registra um gestor entrevistado, “foi feito uma amostragem inicial e dali foi
levantada a quantidade de kits necessária (35% dos domicílios), depois foram para campo em
cada comunidade, definir o número real”. Assim, houve uma priorização da construção dos
kits sanitários a partir da precariedade ou da inexistência de banheiros. A representante de
Belo Oriente destacou que “os banheiros ficaram prontos, bonitinhos, mas água que é bom,
pras caixas, era difícil, a água não subia para as caixas”.
Para Silva (2003), os sistemas de abastecimentos de água têm por finalidade a distribuição
de água aos pontos de consumo, com garantia da qualidade do produto, dos serviços e de sua
continuidade. Desse modo, os objetivos fundamentais do controle e exploração são:
1
3
3 100%
não há pagamento
maioria adimplente
3 minoria adimplente
Fonte: O Autor.
3 3
plenamente
parcialmente
2 2 não
não há pagamento
Fonte: O Autor.
2 4
com apoio da prefeitura
com gestão da prefeitura
3 sem apoio
apoio da prefeitura e Compesa
Fonte: O Autor.
representantes pesquisados, são diversos os olhares sobre o tema que pouco dialogam com o
princípio da garantia de água com plenitude (Quadro 11).
controle do consumo 5
economizar, racionalizar 3
insuficiência do sistema 1
falta prolongada não prevista 1
Fonte: O Autor.
121
não 2
sim 4
sim, mas na torneira não 4
Fonte: O Autor.
A situação de corte programado surgiu, pelo menos na metade dos casos, a partir do
início do funcionamento dos sistemas de abastecimento (Gráfico 31), enquanto que duas
localidades alegaram o crescimento da comunidade (Borracha e Gambá), os representantes de
123
Camboa informam que, para a economia do custo com a energia elétrica, o Promata sugeriu o
corte programado e o entrevistado de Encruzilhada afirmou que é necessário o horário para
não haver desgaste da bomba de captação (“depois de 2 anos estourou o motor a comunidade
fez uma cota e comprou um motor novo”).
Não informou 1
para não desgastar a bomba 1
a partir da planilha de custos 1
crescimento da comunidade 2
desde o início do funcionamento 5
Fonte: O Autor.
Quanto à definição do horário e calendário nota-se que, apesar da maioria ter sido
definida pelas associações, o operador e o técnico social do Promata foram fundamentais
nessa proposição em duas comunidades cada (Gráfico 32). Enquanto que na Agrovila
Barragem, a coletividade propôs o horário: “os associados decidiram em assembleia de 7 às
17h, o operador desliga às 17h para que os meninos que vão para a faculdade (final da tarde)
consigam tomar banho”.
2
5 associação
operador
2 técnico do Promata
assembleia
Fonte: O Autor
1
2
5 não
nas assembleias
2 reuniões e visitas
com a escola
Fonte: O Autor.
não 1
para alguns sim, para a maioria não 2
sim 7
Fonte: O Autor.
registros danificados 2
canos danificados 2
canos e registros danificados 4
Fonte: O Autor.
1
1
sim
2 6 é pontual, mas não regular
varia no final do período
varia no início do período
Fonte: O Autor.
Em geral, nenhuma estrutura estudada é abastecida por períodos maiores de 50% das
horas semanais (Gráfico 37), havendo dois casos onde o tempo de abastecimento é de cinco
por cento ou menos (3,6% em Belo Oriente). Ainda se aponta que em 80% dos casos
analisados o abastecimento semanal é inferior a 42 horas semanais (25% do tempo),
resultando em dificuldades na distribuição equitativa e precariedades domiciliares. Para um
morador presente na entrevista (Camboa), “a bomba é ligada às 6h e tem local que só chega á
água às 2h da manhã do outro dia. Ou você dorme ou pega água, na terça feira é o pior dia,
ficamos de sexta a quarta de madrugada. Tem casas que ficam com as caixas e cisternas
abertas, transbordando. Tem um morador que levanta às 2h para desligar a água para não
estragar, e outros precisando”. Para o representante governamental, “a intenção era ter água
24 horas, mas ao trabalhar se viu que a realidade era outra”, havendo necessidade de
racionamento por motivos diversos.
130
2 2
até 5%
2 até 15%
até 25%
4
50%
Fonte: O Autor.
16 a 18h 3
11 a 15h 5
0 a 3h 2
Fonte: O Autor.
8 a 9 operações 2
6 a 7 operações 3
4 a 5 operações 2
1a 2 operações 3
Fonte: O Autor.
Fonte: O Autor.
nada 1
trabalho educativo 1
bomba mais potente e perfurar outro poço 1
perfurar poço e construir reservatório maior 2
reservatório maior 2
perfurar outro poço 3
Fonte: O Autor.
Para outro representante do Estado, com o fim do Promata “houve uma mudança de
Secretaria e o ProRural assumiu todo o saneamento rural na região. Atualmente há uma
equipe pequena somente administrando problemas”. Afirma também que apenas há um
engenheiro do ProRural disponível e atendendo todo o Estado, dando um suporte maior para a
Zona da Mata e que “foi preparada uma planilha por problemas/demandas e enviadas as
UGTs (Unidades de Gestão Territorial) do ProRural (Palmares, Limoeiro e RMR) para
administrar as demandas” não havendo acompanhamento e gestão efetivos do saneamento
rural. Por fim o entrevistado descerra o assunto informando que “as comunidades estão sendo
visitadas para levantamento e identificação de demandas. Muitas demandas seriam resolvidas
a partir da gestão e operação e não por obra. Em alguns locais que as associações dizem que é
necessário perfurar mais poços, a equipe está indo e percebe-se não ser necessário”.
3,5
2,5
1,5
0,5
Fonte: O Autor.
dias (Angélicas) ou sete dias (Borracha), a produção de água durante um dia garante tal
reservação. Consequentemente, a água captada e produzida é suficiente para a maioria dos
sistemas, ocorrendo concentração e má distribuição temporal de tal bem.
perfuração de poço em Encruzilhada e Belo Oriente, sendo essa última intervenção proposta,
a mais urgente dada à escassa produção de água local.
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
6.1 CONCLUSÕES
Água é um bem prioritário e deve ser muito bem cuidado. A gestão comunitária,
pouco experimentada em Pernambuco, é uma ação de Estado que visa garantir o bem estar
das populações atendidas e, ao mesmo tempo, é um desafio interinstitucional. Não é
identificada a existência de um arranjo institucional nesse sentido, muito menos protagonismo
estadual ou municipais para a efetividade da gestão do abastecimento rural, sendo assim
urgente e necessária a maior articulação entre as instâncias envolvidas e responsáveis.
Quanto ao Estado, detecta-se uma grande centralização na iniciativa, bem como nas
obras e pouco interesse na continuidade da intervenção, resultando em ausência de política,
apoio técnico e consequentemente, abandono dos sistemas e investimento dos recursos. Os
programas existem como resultado de empréstimos internacionais, sem dimensionamento da
continuidade. Atualmente há dificuldades de financiamento da manutenção e ampliação,
resultando em reduzida disposição de técnicos no planejamento e gestão. A inexistência de
um programa governamental para o saneamento rural independente de recursos externos
resulta em sucateamento dos sistemas e precarização da gestão, que facilitam a ineficiência e
ineficácia do modelo.
6.2 RECOMENDAÇÕES
REFERÊNCIAS
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WHO; UNICEF. Global Water Supply and Sanitation Assessment 2000 Report. Nova Iorque:
Unicef, 2000. 80 p.
150
APÊNDICE
Codinome:
Instituição:
1.1. Idade:
1.2. Sexo:
1.3. Escolaridade
1.4. Profissão
2. QUESTÕES NORTEADORAS
Codinome:
Instituição:
1.1. Idade:
1.2. Sexo:
1.3. Escolaridade
2. QUESTÕES NORTEADORAS
2.1. Sobre os sistemas de abastecimento rural
• Conhece os projetos dos sistemas de abastecimento?
• Foram projetados para garantir água num volume adequado? Quanto?
• Houve repasse da tecnologia de operação?
• Foi pensado inicialmente garantindo infraestrutura domiciliar (canalização interna e
reservatório)?
• Como foi o envolvimento comunitário no recebimento dos sistemas?
• Sabe como está funcionando os sistemas?
Você está sendo convidado (a) para participar da pesquisa: O racionamento de água no
abastecimento rural na Zona da Mata de Pernambuco. Você foi selecionado (a) considerando sua
condição de representante da diretoria da associação local das comunidades com abastecimento
rural e sua participação não é obrigatória. A qualquer momento você pode desistir de participar e
retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com a pesquisa ou
o pesquisador. O objetivo deste estudo é avaliar o racionamento de água em comunidades rurais
com gestão autônoma de serviços de saneamento inseridas na Zona da Mata de Pernambuco,
enfocando a identificação da estratégia de implementação do racionamento definidas pela
comunidade, mapeando a situação atual do racionamento nas comunidades rurais e propondo um
modelo de operação visando normalizar o abastecimento.
Sua participação nesta pesquisa constituirá em ser entrevistado respondendo sobre temas
relacionados ao acesso à água potável. Garantimos, sob quaisquer hipóteses, que sua participação
não trará riscos de constrangimentos perante pessoas e instituições públicas ou privadas, caso suas
opiniões, vierem a público. Pois tais informações obtidas através da pesquisa serão confidenciais e
asseguramos o sigilo sobre sua participação. Os dados não serão divulgados de forma a possibilitar
sua identificação.
Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do pesquisador,
podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento.
__________________________________________________________________
1