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ÍNDICE
1. CONCEITUAÇÃO...............................................................................................................5
Conceito......................................................................................................................................................................................... 5
2. ESCOLAS DA MEDIAÇÃO...............................................................................................7
Escola Transformativa (Bush e Folger).....................................................................................................................7
Escola Tradicional – Linear (Projeto de Negociação de Harvard).........................................................7
Escola Circular Narrativa – Sara Cobb.......................................................................................................................7
3. TIPOS DE MEDIAÇÃO......................................................................................................9
Mediação Facilitativa............................................................................................................................................................. 9
Mediação Valorativa, Interventiva ou Avaliativa................................................................................................. 9
4. PRINCÍPIOS........................................................................................................................11
Princípio da Autonomia da Vontade das Partes............................................................................................... 11
Princípio da Voluntariedade e da Decisão Informada.................................................................................. 11
Princípio da Informalidade................................................................................................................................................ 11
Princípio da Independência.............................................................................................................................................12
Princípio da Oralidade.........................................................................................................................................................12
Princípio da Imparcialidade e da Neutralidade.................................................................................................13
Princípio da Cooperação e Busca do Consenso..............................................................................................14
Princípio da Boa-fé................................................................................................................................................................15
Princípio da Confidencialidade.....................................................................................................................................15
Princípio da Isonomia..........................................................................................................................................................16
5. FINALIDADES DA MEDIAÇÃO....................................................................................19
Restauração do Diálogo entre as Partes...............................................................................................................19
Preservação do Relacionamento................................................................................................................................19
Evitar Novos Conflitos......................................................................................................................................................20
Inclusão Social........................................................................................................................................................................20
Democracia Participativa e Pluralista.....................................................................................................................20
Pacificação Social ...............................................................................................................................................................20
6. TÉCNICAS DE MEDIAÇÃO.......................................................................................... 23
Noções Introdutórias – Linhas de Qualidade....................................................................................................23
Competências autocompositivas..............................................................................................................................23
Técnicas Específicas.......................................................................................................................................................... 24
7. SESSÃO DE ABERTURA............................................................................................... 28
Fases da Sessão.................................................................................................................................................................... 28
9. CONFIDENCIALIDADE.................................................................................................34
Mediador: Técnicas e Cadastro sob a Ótica do CPC..................................................................................34
Mediador: Atuação e Cadastro sob a Ótica da Lei de Mediação.......................................................35
Conceito
A lei de mediação é a Lei 13.140/2015. Caracterizada por um meio de resolução de
conflito em que um terceiro, de modo imparcial (existe a possibilidade de uma pessoa
ser absolutamente imparcial?), ajuda a restabelecer o diálogo entre as partes, tentando
identificar as razões que levaram ao litígio, na tentativa de promover uma resolução
ou transformação do conflito. É necessário estabelecer, ainda, que a mediação é uma
espécie de resolução consensual de conflitos, podendo diferenciar-se da conciliação na
medida em que tem uma maior preocupação com os motivos e causas do conflito. De
acordo com os parágrafos 2 e 3 do artigo 165 do novo CPC, a mediação é mais indicada
em casos nos quais existia um liame prévio entre as partes, ao passo que a conciliação é
mais recomendada quando a ligação é estabelecida pela existência do conflito.
Insta frisar que a mediação é aceita em relação a direitos disponíveis E indisponíveis que
aceitem transição. No entanto, o compactuado entre as partes que envolvam direitos
indisponíveis, mas transigíveis, deve ser homologado em juízo com a oitiva do Ministério
Público (§2º do art. 3º da Lei).
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ESCOLAS DA
MEDIAÇÃO
2. Escolas da Mediação
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TIPOS DE MEDIAÇÃO
3. Tipos de Mediação
Mediação Facilitativa
Nesse tipo de mediação, ocorre maior empoderamento das partes na medida em que
não há intervenção do mediador na propositura de soluções.
Obs: o artigo 165 caput do novo CPC estabelece a criação, pelos tribunais, de
centros judiciários de solução consensual de conflitos, trazendo um afastamen-
to da realidade dos juízos, diminuindo a formalidade e o caráter litigioso das
ações, e dando maior possibilidade de soluções compactuadas.
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PRINCÍPIOS
4. Princípios
*Resolução número 125, CNJ - Anexo III: Código de Ética de Mediadores e Conciliadores-
Artigo 2º parágrafo 2º (trata sobre a autonomia da vontade das partes, estabelecendo
que a decisão tomada pelos envolvidos deve ser livre e não coercitiva, podendo, inclusive,
interromper o processo a qualquer momento.
Princípio da Informalidade
A informalidade traz a ideia de ausência de regras e procedimentos fixos. Essa medida se
mostra essencial para naturalidade e relaxamento das partes para escolherem a melhor
solução, além de permitir que não ocorra um engessamento do mediador diante das
inúmeras possibilidades de solução de conflitos. Essa falta de formalidade não significa
que não existam parâmetros mínimos necessários de observação, e é para isso que
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serve a lei de mediação e os princípios que devem ser observados, deixando claro que a
informalidade não significa falta de técnica ou de seriedade.
A seriedade e técnica podem ser observadas através da análise do artigo 167, parágrafo
1, do CPC, que impõe capacitação mínima por meio de curso realizado por entidade
credenciada pelo tribunal. Apenas depois dessa capacitação é que ocorre o registro do
mediador no tribunal e, assim, fará parte da lista de mediadores e poderá ser designado
às mediações de forma aleatória.
*Resolução 125, CNJ – Anexo III – Artigo 1º, parágrafo 6º – É necessária a observação
desse artigo para que se deixe claro que a técnica existe na medida em as leis e a ordem
pública devem ser respeitadas na solução estabelecida pelas partes.
Princípio da Independência
Os mediadores devem atuar de forma livre sem nenhuma pressão interna e externa.
É por esse motivo que não se pode medir o sucesso das mediações pelo número de
acordos, ou seja, na mediação não se pode estabelecer metas a serem cumpridas. Mais
vale um “não acordo” que traga um melhor resultado futuro para as partes do que um
acordo que traga qualquer resultado prático ruim aos envolvidos.
*Resolução 125, CNJ – Anexo III – Artigo 1º, V – Trata sobre a independência dos
mediadores e conciliadores e a não obrigação de redigir acordos ilegais.
Princípio da Oralidade
O princípio da oralidade demonstra a necessidade de comunicação entre as partes da
escuta ativa, ou seja, uma escuta com o objetivo de compreensão do está sendo dito,
e não apenas com o objetivo de resposta imediata e “contra-ataque”. Essa escuta ativa
permite que haja reinterpretação do que é dito e a maior percepção das intenções do
orador, através da observação dos gestos e entonações. O artigo 166 do CPC permite
que a tratativa entre as partes seja feita de forma oral, não constando na ata de
audiência. Ademais, a oralidade tem como objetivo conferir a celeridade ao procedimento,
prestigiar a informalidade e ainda conferir a confidencialidade, na medida em que o que
se restará escrito é pouca coisa.
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Obs: Mediação digital: Reflexão! Até que ponto esse tipo de mediação poderia
trazer resultados práticos negativos? Trazer as propostas de acordo por escri-
to e sem a presença física pode resultar em interpretações equivocadas pelo
leitor, fazendo com que o acordo não seja realizado adequadamente, por não
se poder ter certeza das intenções da outra parte. Pessoalmente, é muito mais
fácil de observar e de explicar o que se deseja compactuar.
*Observar o artigo 1º, IV, do anexo III da Resolução 125/2010 do CNJ – artigo que fala
sobre a necessidade de agir com ausência de favoritismos.
*Artigo 5º, parágrafo único, da Lei 13.140/2015 – artigo que fala sobre o dever do
mediador revelar às partes qualquer fato ou circunstâncias que possa suscitar dúvida
em relação a sua imparcialidade.
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Obs: Inércia e imparcialidade são coisas distintas. O mediador deve ser imparcial,
mas isso não lhe tira o dever de agir com todas as técnicas necessárias com o
objetivo de proporcionar um ambiente favorável à resolução do conflito. (artigo
166, parágrafo 3º do novo CPC).
A) separar as pessoas dos problemas – não tratar o problema como algo inerente
à pessoa.
B) buscar pelo interesse real – focar-se nos interesses propriamente ditos e não em
posições pré-estabelecidas.
C) prezar por opções de ganho mútuo – tentar fazer com que as duas partes saiam
satisfeitas, de alguma maneira, com o consenso.
D) utilizar critérios objetivos – ponderar as opções criadas de maneira que os
interesses subjetivos e mágoas pessoais não tenham relevância para a propositura
de soluções.
Atenção!
Nesse sentindo, o artigo 167, parágrafo 3º, é criticado, na medida em que ele estabelece
que os mediadores devem ter em seu cadastramento informações importantes, incluindo
o número de processos de que participou e ainda a quantidade de sucessos da atividade.
Ora, se não é a quantidade e o número de acordos, mais importantes no objeto da
mediação, como julgar a qualidade do mediador pelo número de acordos angariados?
Esse tipo de dispositivo pode fazer com que o mediador se sinta estimulado a tentar
alcançar um acordo de qualquer maneira, atropelando os liames da decência, justiça,
razoabilidade, etc, o que, obviamente, vai de encontro à essência da mediação.
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Obs: é importante frisar que a cooperação entre as partes não se restringe ao
campo da mediação. É necessário que as partes cooperem e colaborem entre
si também nos litígios judiciais comuns, como pode ser observado no artigo 6º
do CPC. Isso fará com que a prestação jurisdicional ocorra da melhor maneira
possível para ambos os polos, mesmo que a escolha do procedimento não
tenha sido a mediação.
Princípio da Boa-fé
O princípio da boa–fé caracteriza-se por uma convicção íntima do indivíduo de que a
outra parte está agindo com lealdade, honestidade e justiça para alcançar uma salutar
produtividade. Essa convicção permite que a mediação possa ser aplicada, uma vez que
as partes só se submetem a esse procedimento caso acreditem que realmente há a boa
vontade e cooperação do outro. O mediador também deve transparecer que está agindo
de boa-fé, fazendo com que as partes confiem que estão adotando a melhor saída para
a solução do conflito. Isso favorece o trabalho em conjunto das partes envolvidas.
Existem alguns traços subjetivos do indivíduo que podem indicar um agir de má-fé:
Instabilidade emocional, ódio, desejo de punir a outra parte, ressentimento. Esses
motivos trazem a clara percepção de elementos subjetivos que aproximam as pessoas
do problema, indo de encontro com o trazido pela escola de Harvard. Nesse caso, é papel
do mediador transformar o conflito e a relação das partes, na tentativa de transformar a
competição em cooperação, utilizando-se de mecanismos para reduzir a desconfiança,
aproximando-se dos ensinamentos trazidos pela escola transformativa. Nesse sentido,
o mediador faz com que, no momento da crise que daria ensejo a um pensamento
de “auto-centramento” (o indivíduo é levado a pensar apenas nele próprio e nos seus
problemas e mágoas) e enfraquecimento da possibilidade de consenso, os problemas
e as relações sejam transformados, aumentando a possibilidade de fortalecimento da
solução e o reconhecimento pelo indivíduo das próprias limitações e motivos e interesses
da parte contrária.
Princípio da Confidencialidade
A confidencialidade é um princípio que confere a impossibilidade de qualquer informação
obtida na audiência de mediação ser utilizada para outro fim que não a obtenção do
consenso ou do que foi deliberado pelas partes. Ou seja, as informações só podem ser
divulgadas se as partes deliberarem dessa maneira, e essa deliberação deve acontecer
de maneira expressa. Há a possibilidade de que certas informações sejam passadas ao
mediador de maneira separada, primeiro por uma parte e depois por outra, tendo o
mediador o dever de não falar para a parte contrária o que lhe foi dito pela outra.
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poderá ser utilizado contra elas em nenhum procedimento judicial, nem por parte do
mediador e nem por parte membro algum da equipe. A confidencialidade se refere a
todas as informações produzidas durante o procedimento.
*Artigo primeiro parágrafo 1º, anexo III da Resolução nº 125, CNJ: fala sobre o dever
de manter o sigilo sobre as informações obtidas na mediação, não podendo o mediador
atuar como testemunha do caso, nem advogado caso o litígio caia em processo judicial.
Princípio da Isonomia
A isonomia é de ser considerada na medida em que as partes devem ser tratadas
igualmente, tendo as mesmas oportunidades de manifestação e a mesma chance de
participação. Nesse sentido, o mediador tem o dever de esclarecer as consequências
da celebração, ou não, de um acordo; observar se as partes possuem condições e
capacidades de consentir plenamente à solução apresentada, e facilitar a conversação
equilibrada entre as duas partes.
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"" Educação da parte no planejamento da estratégia de negociação – explicar tudo (muito bem
explicado) a ambas as partes, ajudando-as a lançar possibilidades objetivamente;
"" Indicação de assistência por um advogado, se for o caso;
"" Encorajamento tão somente de concessões realistas e oportunas.
Atenção!
O mediador deve sempre informar às partes que não as pode orientar juridica-
mente, havendo necessidade de procurarem um advogado em caso de dúvi-
das, e que a assinatura de um acordo pode afetar seus direitos.
Em casos nos quais, mesmo utilizando-se as técnicas, a isonomia não for alcançada, a
mediação deve preferivelmente ser encerrada, pois tentar promover o equilíbrio nesses
casos pode gerar uma interferência muito direta do mediador, um “forçar a barra”, o que
não é aconselhado, já que ficariam implícitos julgamentos e suposições por parte do
mediador. Ora, estes não são encorajados, tendo em vista que a autodeterminação das
partes é o quesito mais importante da mediação. Lembre-se de que o objetivo final não
é o consenso, e sim a transformação do conflito (de forma positiva a ambas as partes na
medida do possível).
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FINALIDADES DA
MEDIAÇÃO
5. Finalidades da Mediação
Atenção!
Preservação do Relacionamento
É por isso que a mediação é indicada em casos nos quais a relação entre os sujeitos já
existia antes do conflito. As partes são ajudadas a relacionar-se de forma controlada, e
conversam de modo a traçar soluções harmônicas. Esse tipo de solução, a depender
da análise do caso, pode trazer resultados muito mais positivos do que levar o caso ao
Judiciário, já que são as próprias partes que estão decidindo o que fazer.
A justiça reparadora é uma tendência atual inevitável, porque o judiciário está abarrotado,
e não só por isso. Com a mediação, o conflito pode ser tido como realmente passageiro,
pois que resolvido de forma não excessivamente morosa; as partes são taticamente
empoderadas, já que “decidem juntas” como será solucionado o problema; trata-se
de um meio mais acessível e menos formal, pois que menos burocrático; enseja mais
conhecimento e autonomia às partes, tornando-se mais prático, já que elas decidem
datas de audiência e coisas assim, e mostra-se um sistema mais justo, pois que opera
com maior proximidade, acessibilidade e alcance das partes interessadas.
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Evitar Novos Conflitos
Os conflitos serão evitados já que as partes adquirem melhor capacidade de diálogo e,
ainda, adquirem a capacidade de resolver os conflitos de forma autônoma, não havendo
a necessidade de envolver o judiciário.
Obs: é importante que o mediador use boas práticas para conduzir a audiência,
assim estimula-se que as partes usem, de novo, os meios consensuais e que
melhorem o diálogo entrando, desta sorte, menos em litigância.
Inclusão Social
O indivíduo participa e contribui para a solução do conflito, baseada nas considerações
sobre a realidade social específica de cada um. A justiça, dessa forma, adapta-se a cada
caso e aproxima-se das diferentes realidades.
Pacificação Social
Escopo supremo da mediação e de todos os meios de autocomposição: é inegável
que o simples fato da ocorrência da mediação é sinal de que as partes ali envolvidas
tiveram, ou pelo menos uma das partes teve, antes, alguma turbação em sua vida que
causou mudança incômoda na sua realidade, ainda que mínima. Essa mudança insurge
sentimentos negativos e gera o que chamaremos de “processo de luto”. Nesse sentido, a
mediação ajuda nas novas definições da vida daquele que sofreu o incômodo, ajudando-o
a encarar com mais leveza a mudança negativa que ocorrera, e a deixar aquele passado
sombrio realmente no passado, desenvolvendo um novo olhar sobre o conflito e as
mudanças. O objetivo da mediação, neste aspecto, é proporcionar a compreensão às
partes do que aconteceu e do que pode ser feito para mudar diretamente a realidade,
trazendo, por meio disto, a pacificação social, já que os indivíduos encontram a paz
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internamente. O mediador se utiliza dos diversos aspectos das fases do conflito e, através
de suas técnicas, a abordagem do conflito ocorre da melhor maneira possível.
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TÉCNICAS DA
MEDIAÇÃO
6. Técnicas de Mediação
Competências autocompositivas
É necessário, aqui, que se compreenda o que é o conflito, qual o litígio específico em
questão, suas características principais e, ao mesmo tempo, é necessário que o mediador
o trate como fenômeno natural, que faz parte da natureza humana. O importante, então,
é a maneira como se lida com ele (com o conflito ou litígio).
O mediador deve ter, ainda, uma competência perceptiva, ou seja, ele deve perceber o
que ocorre entre as partes mesmo que elas não falem, entender que há diversos pontos
de vista sobre um mesmo assunto, não julgando quem está certo ou errado, e evitando
a transferência negativa de aspectos e visões pessoais dele para as partes.
COMPETÊNCIAS EMOCIONAIS
COMPETÊNCIA COMUNICATIVA
COMPETÊNCIA DE NEGOCIAÇÃO
O mediador estimula a negociação entre todos, mesmo que as partes não tenham essa
habilidade.
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COMPETÊNCIA DE PENSAMENTO CRIATIVO
Técnicas Específicas
ESCUTA ATIVA
O mediador deve dar muita atenção ao que é dito e às verdadeiras intenções do orador
através da análise de gestos, do olhar, do tom de voz – isso faz com que haja valorização
do dialogo e de quem está se “abrindo”.
Nesse processo, a linguagem corporal ajuda a valorizar o que está sendo dito. O mediador
deve ter uma postura relaxada, manter contato visual com as partes evitar gestos que
distraiam os envolvidos.
O mediador deve identificar quais são os interesses e sentimentos que aquele conflito
envolve para que o auxílio às partes seja mais efetiva. É importante que o mediador só
pergunte o necessário, e não o que lhe desperta curiosidade.
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*Rapport é estabelecer uma relação de confiança entre as partes – reconhecer e validar
os sentimentos das partes. Comunicação acessível por parte do mediador, linguagem
neutra e empoderamento das partes interessadas.
O enfoque do Rapport é o futuro. Não se deve perder tempo com coisas desnecessárias
do passado, reforçando o fato das partes já terem chegado na mediação e poderem,
juntas, a partir do momento presente, chegar ao consenso.
O mediador pega a visão e a fala de ambas as partes, faz um resumo e, assim, verifica se
elas entenderam o que foi dito e se há algo ainda por ser esclarecido. As partes confirmam
o resumo e fazem ressalvas se acharem necessário. Quando o mediador faz isso, as
partes podem ver com outros olhos o lado da outra e quiçá formar uma percepção
diferente do caso.
PARAFRASEAMENTO NEUTRO
O mediador não resume o que foi dito, ele reformula a frase pra sair do tom ofensivo,
se houver necessidade, e coloca os mesmos dizeres de um modo mais neutro. Ele não
muda o sentido original, então. Apenas suaviza o que foi dito para que chegue na outra
parte de uma maneira mais leve, facilitando uma harmonia. Ou seja, o que ele faz é uma
sintetização, organização e neutralização do que foi dito.
MODO INTERROGATIVO
Atenção!
SILÊNCIO
Permite uma reflexão sobre tudo que foi dito. Caso a situação esteja inflamada demais,
o mediador pode pedir para que seja feito silêncio, no intuito das partes conseguirem
pensar sobre os fatos, reformular o que iriam dizer e tentar compreender o sentimento
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do próximo. A inquietação e desconforto causado aos indivíduos por causa do silêncio
pode favorecer que a comunicação seja reestabelecida, dessa vez de uma maneira mais
tranquila e harmônica.
SESSÕES CONJUNTAS
Todas as possibilidades de solução devem ser colocadas em jogo. Mesmo aquelas que
parecem não ser as mais adequadas devem ser debatidas. Claro, excluem-se aqui as
propostas absurdas, ilegais ou infactíveis. Depois, faz-se uma triagem para escolher a
melhor. Como? Através do teste de realidade. Juntam-se todas aquelas sugestões
trazidas pelo Brainstorming e escolhe-se a que melhor se adapta às partes de acordo
com suas realidades, e observando-se critérios objetivos.
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SESSÃO DE ABERTURA
7. Sessão de Abertura
É uma sessão que explica como vai ser o procedimento. São explicadas as regras e é
apresentada a prática da mediação. Ela tem como função deixar as partes confortáveis,
evitar que no meio do procedimento surjam dúvidas e questionamentos impertinentes.
As regras serão definidas antes de iniciada a prática conciliatória, e isso faz com que as
partes se acostumem com a presença da outra, além de que dá conhecimento a elas de
quais são os limites do papel do mediador.
O papel dele, na instrução das partes, é de definir o ritmo e o tom da conversa, conduzir
o diálogo, além de fazer com que as partes pensem menos no passado e mais no futuro,
impedindo a hostilidade de umas com as outras.
A sessão precisa ser breve, principalmente na mediação judicial, pois o tempo é muito
limitado. É importante que a voz e as palavras utilizadas pelo mediador sejam amenas,
para trazer tranquilidade e a ideia de que o conflito é algo natural e pode ser resolvido
por meio do diálogo. As regras devem ser passadas de maneira clara e, caso ocorra
comediação, as partes devem falar de forma equilibrada e compartilhada. Ambas devem
ter em mente que ali não existe hierarquia entre elas.
Fases da Sessão
1. Recepção das partes – ao mediador, cabe trazer o clima mais ameno possível
evitando a formalidade. Importante ressaltar: é essencial que o mediador saiba o
nome de ambas as partes e que seja atencioso com elas. Inclusive, é legal per-
guntar como as partes gostam de ser chamadas e anotar tal informação, fazen-
do uso do tratamento mais pessoal e respeitoso possível.
2. Explicação do papel do mediador – explicar que o mediador é diferente do
juiz e que ele só está lá para auxiliar é de suma importancia. A postura corporal
e o linguajar do mediador devem espelhar que ele está ali a prezar pela harmo-
nia.
3. Explicar possíveis formalidades e burocracias também é salutar à prática
conciliatória.
4. Explicar sobre a confidencialidade – deve ficar claro que os mediadores e
assistentes não podem reproduzir o que é dito na mediação para outras pes-
soas, e explicarem-se os motivos que levam à exceção de quebra da confiden-
cialidade. Deve-se também deixar claro que, se as partes aceitarem as regras da
mediação, elas podem ser cobradas futuramente.
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busca de soluções e transformação do conflito e não a busca por provas ou um revirar
do passado.
Lista de verificação – o mediador pode ter uma listinha para conferir se foram faladas
todas as regras. Isto ainda demonstra organização e, assim, passa mais confiança às
partes.
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8
COMO ESTÁ
DISCIPLINADA A
MEDIAÇÃO
8. Como está Disciplinada a Mediação
Artigo 3º, caput, §2° do CPC – estímulo do CPC para que as partes resolvam por conta própria o problema
que estão vivenciando. É dever de todos os poderes realizar esse estímulo.
Artigo 3º, §3º do CPC – esse estímulo pode ser feito inclusive no curso do processo judicial. Um exemplo
é o negócio jurídico processual, que ocorre quando as partes compactuam entre si como se dará o
procedimento em alguns aspectos. O estímulo deve ser feito por todos os atores, advogados, membros
do MP, defensores, juízes, etc.
Artigo 16°, caput da Lei de Mediação – permite que o processo litigioso possa ser suspenso, mesmo em
curso, para que as partes tentem conversar e, assim, resolver o problema sozinhas. O requerimento é feito
ao juiz ou ao árbitro.
Obs: a abertura para resolução consensual não faz com que o juiz e o árbitro
fiquem impossibilitados de tomar medidas de urgência.
Artigo 156°, §2° do CPC - a conciliação é indicada para casos em que as pessoas só estabeleceram
relação por causa do fato que gerou o litígio (já dito anteriormente). O conciliador pode sugerir soluções e
interferir mais no procedimento, o que não significa que ele pode pressionar as partes.
Artigo 156°, §3º do CPC – indicado quando as partes já possuíam um vínculo anterior ao vinculo criado
no litígio. O mediador auxilia no reestabelecimento da relação entre as partes para que elas decidam e
busquem soluções sozinhas. O mediador apenas conduz o diálogo, não faz intervenções nem sugestões.
Artigo 1°, p.ú da Lei de Mediação – o mediador como figura imparcial que ajuda na construção do diálogo
e soluções para as partes
*Artigo 166° do CPC e Artigo 2º da Lei de Mediação tem princípios em comum, que são: imparcialidade,
autonomia da vontade, confidencialidade, oralidade e informalidade.
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trabalhar atado ao pensamento do que teria sido o entendimento do magistrado ou
buscando avidamente aproximar-se das opiniões judiciais.
Decisão informada – diz que as partes devem decidir de forma consciente acerca das
consequências que a solução trará.
Isonomia entre as partes: a mediação pode ocorrer no âmbito judicial e em âmbito privado.
Principalmente no campo do âmbito privado, a isonomia possui muita importância, pois
o poder de vigilância do poder público é quase inexistente, então é importante que se
observe este princípio para que uma parte não reste em um polo muito mais fraco que
a outra.
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CONFIDENCIALIDADE
9. Confidencialidade
Artigo 166°, §§1° e 2° do CPC e Artigo 30° da Lei de Mediação – as informações não podem ser
divulgadas em processo judicial e arbitral. Confere SEGURANÇA e confiança das partes.
Artigo 30°, §1° da Lei de Mediação – a confidencialidade alcança a declaração, opinião, sugestão, promessa
ou proposta formulada por uma parte à outra na busca de entendimento para o conflito, incluindo o
reconhecimento de um fato por qualquer das partes, eventuais manifestações de proposta de acordo
apresentada pelo mediador, documentos que sejam preparados unicamente para os fins da mediação e
as anotações das partes durante a audiência de mediação.
Artigo 30°, §4° da Lei de Mediação – IMPORTANTE! Relembrar o que foi dito sobre a impossibilidade de
confidencialidade em relação às obrigações tributárias.
Artigo 31° da Lei de Mediação – confidencialidade das informações prestadas em sessões individuais.
Quando as partes conversam de maneira individual, as informações prestadas nessas sessões individuais
são confidenciais perante terceiros e em relação às outras partes também, a menos que a própria parte
em questão autorize.
Artigo 166°, §3º do CPC - é necessário utilizar técnicas de negociação. A utilização dessas técnicas não
induz as partes a aceitarem soluções com as quais não concordam. Pelo contrário, favorece um ambiente
para a autocomposição.
Artigo 166°, §4º do CPC - é importante falar da livre autonomia dos interessados, inclusive na definição
das regras procedimentais. Na mediação judicial, o tempo faz com que a autonomia seja um pouco menor,
pois é necessário que a mediação não seja tão extensa, visto que há uma fila, e a demora pode atravancar
as demais, mas ainda sim existe autonomia.
Artigo 167° do CPC - Os mediadores são cadastrados no cadastro nacional e/ou no cadastro dos
respectivos TJ’s e TRF’s. Há a possibilidade de parceria entre o poder público e a câmara privada de
conciliação. É necessário que esse cadastro contenha o registro do profissional e, ainda, a profissão que
ele exerce, para que sua área de atuação profissional possa ser utilizada de forma proveitosa na mediação.
§1º: Esse artigo estabelece os requisitos da inscriçãoo: capacitação mínima do mediador, através de curso
credenciado e parâmetros estabelecidos pelo CNJ e pelo Ministério da Justiça.
§3º: aqui se confere também que podem ser estabelecidos os processos dos quais participou, além da
análise se houve sucesso ou insucesso e a matéria que versou a lide, além de outros dados que o tribunal
achar necessário
Obs: o sucesso não necessariamente é o acordo e sim o reestabelecimento do diálogo das partes, por esse
motivo esse parágrafo traz críticas doutrinárias.
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§4º - Os dados colhidos dos mediadores são reunidos pelo tribunal anualmente, para que a população
tenha conhecimento de quais são os mediadores e para que o próprio tribunal possua os dados estatísticos
e de avaliação de como está o andamento da mediação e da atuação dos mediadores.
§5º - Impedimento do exercício da advocacia no Juízo nos quais o indivíduo atue como mediador.
OBS: Crítica: na maioria das vezes o mediador atua como voluntário, sendo assim, prejudica que os
profissionais da área queiram atuar como mediador, pois restringiria a sua possibilidade de atuação
advocatícia.
Esse parágrafo ainda fala sobre a possibilidade de estabelecer concurso público para mediadores.
Artigo 168°, caput do CPC – As partes podem, em comum acordo, escolher o mediador ou a câmara
privada de mediação, ou seja, o mediador não precisa estar cadastrado, desde que seja escolhido de
comum acordo entre as partes. Caso elas não cheguem a um consenso, será determinado mediador de
acordo com a distribuição entre os cadastrados. Se for recomendando, será aplicada a comediação.
Artigo 9° da Lei de Mediação - O mediador extrajudicial pode ser qualquer pessoa de confiança das partes
desde que ela seja capacitada para fazer a mediação, ainda que não integre qualquer classe ou associação.
Artigo 2° da Lei de Mediação - OLHAR! – o mediador judicial apresenta requisitos que o mediador
extrajudicial não necessita. Tem que ser pessoa capaz, graduada em instituição de ensino superior há pelo
menos dois anos e que seja reconhecida pelo MEC e, ainda, ser capacitada em escola ou instituição de
mediadores reconhecida pela ENFAM ou pelos tribunais, observando os requisitos mínimos estabelecidos
pelo CNJ/Ministério da Justiça.
Artigo 12°, caput da Lei de Mediação – os tribunais são responsáveis pelos cadastros dos mediadores e
sua atualização.
§1º - a inscrição no cadastro será requerida pelo próprio interessado no tribunal com jurisdição na área
pretendida e o regulamento de inserção ou desligamento dos cadastros dos mediadores será regulado
pelos tribunais.
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10
REMUNERAÇÃO DO
MEDIADOR
10. Remuneração do Mediador
Ela é definida por uma tabela do TJ em questão, ou seja, cada Tribunal de Justiça
estabelece quanto deverá ser pago, de acordo com parâmetros do CNJ ou, ainda, o TJ
pode criar um quadro próprio de mediadores, eles podem ser concursados para prestar
serviço diretamente ao tribunal. Apesar de alguns tribunais estabelecerem provas e
concurso para escolherem seu quadro de mediadores, a regra é que, na maioria dos
tribunais, o mediador atue de forma voluntária, não ocorrendo concurso.
Obs: o CNJ aprovou recentemente uma minuta sobre o pagamento dos medi-
adores. Essa minuta define 5 níveis básicos remuneratórios para mediadores.
Começa com o nível do mediador voluntário até aquele nível em que o próprio
mediador escolhe quanto vale seu trabalho.
Essa minuta também admite que os tribunais poderão estabelecer os valores de acordo
com a realidade da localização do TJ em questão.
A minuta estabelece que o mediador ganha por um mínimo de horas a ser pago
independente de quantas horas efetivamente trabalha. Como funciona? Em causas até
500 mil reais o mediador deve ganhar o equivalente a 5 horas trabalhadas, mesmo que
a mediação só dure uma hora ou mesmo se as partes desistirem. Se as causas forem de
um valor acima de 500 mil o mediador deve ganhar no mínimo o equivalente a 20 horas
trabalhadas.
Obs: há regras específicas para que esse limite de horas valha – é necessário que
as partes aceitem participar da mediação e que ocorra pelo menos uma sessão
do procedimento.
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Exceção: em caso de justiça gratuita ou em procedimentos pré-processuais.
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11
IMPEDIMENTO E
SUSPEIÇÃO
11. Impedimento e Suspeição
Esses institutos se aplicam aos mediadores e conciliadores, pois eles são considerados
auxiliares da justiça, aplicando-se o artigo 148°, II; 144° e 145° todos do novo CPC.
O mediador não pode ser amigo íntimo ou inimigo de alguma das partes, não pode
receber presente de pessoas que tiveram interesse na causa antes ou depois de iniciado
o processo, não pode aconselhar nenhuma das partes antes ou depois do processo,
nem pode pagar qualquer subsídio para custear o litígio. Ainda é suspeito se o mediador
foi devedor ou credor de uma das partes, ou parente ou cônjuge e companheiro de
devedores ou credores das partes. O mediador também não pode ser interessado, não
pode ter nenhum interesse de ganhos de qualquer das partes.
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Impossibilidade do Exercício da Função de Mediador
Caso o mediador precise se afastar por um tempo, é importante que ele informe o mais
rápido possível o centro judiciário, para que não prejudique o bom andamento das
mediações, uma vez que ele pode acabar sendo designado para uma audiência que
não poderá fazer, o que vai atrasar aquela audiência até que seja determinado um outro
conciliador.
Motivos que levam a exclusão dos mediadores e conciliadores: punição por agir com
conduta adversa da esperada pela ética e moral.
As apurações das violações são informadas ao Tribunal, para que seja instaurado o
processo administrativo, e é possível um afastamento de até 180 dias para que não haja
um prejuízo da prestação da mediação.
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12
MEDIAÇÃO NA
ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
12. Mediação na Administração Pública
O CPC estipula que a União, estados, DF e Municípios criarão câmaras destinadas à
solução consensual de conflitos no âmbito administrativo. Essas câmaras têm a função
de dirimir conflitos envolvendo órgãos da administração pública, avaliar a admissibilidade
de pedido de resolução de conflitos e promover a celebração de termo de ajustamento
de conduta.
A Lei de Mediação traz que as câmaras poderão ser criadas, e não que elas
obrigatoriamente serão criadas. A Lei também traz que essas câmaras servem para
prevenir ou resolver conflitos que envolvem o equilíbrio dos contratos celebrados entre
a administração pública e os particulares.
Caso haja uma solução entre as partes, o acordo há de se constituir em título executivo
extrajudicial.
A mediação que envolva a administração pública como uma das partes é controversa –
mais de 50% dos processos judiciais tem a administração pública como parte, há quem
defenda que a indisponibilidade do interesse público veta a participação da administração
pública na mediação. Defende-se que não cabe ao agente tomar decisões que são tão
importantes para a coletividade.
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13
MEDIAÇÃO E
CONCILIAÇÃO PRÉVIAS
AO PROCESSO
JUDICIAL
13. Mediação e Conciliação Prévias ao Processo Judicial
As sessões prévias devem ser designadas pelo juiz com antecedência de 30 dias e a
citação do réu, com antecedência de pelo menos 20 dias.
Obs: se só umas das partes quiser, o juiz vai determinar a audiência mesmo assim.
Crítica: como seria consensual se só uma das partes deseja? Bom, a ideia é que o
procedimento seja apresentado às partes, para que, mesmo que a parte não queria
solução amigável nenhuma previamente, conheça todo o procedimento e, assim, possa,
talvez, mudar de ideia e acabar resolvendo o problema consensualmente.
Réu – o réu deve indicar em uma petição com no mínimo 10 dias de antecedência da
sessão de mediação designada. Em caso de litisconsórcio, todos os litisconsortes deverão
manifestar o desinteresse.
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O termo final de mediação é considerado título executivo extrajudicial e, se homologado
judicialmente, será título executivo judicial
Obs: é importante que uma sessão seja separada da outra pelo mínimo de 20
minutos. Para que as técnicas de mediação tenham tempo de serem colocadas
em prática.
A citação da audiência será feita por oficial de justiça, constando o dia, a hora, o lugar e
a informação de que a parte deve ir acompanhada por advogado ou defensor público,
nos casos em que for necessário.
Na petição inicial deverá constar se o autor tem ou não desejo de participar da sessão
de mediação. A Lei de Mediação considera que a petição inicial deve preencher os
requisitos do CPC e, ainda, que a matéria não deve ensejar improcedência liminar do
pedido, porque nesse caso não será designada a mediação.
Em caso de acordo, ele será encaminhado ao juiz responsável para que se determine
o arquivamento do processo. A homologação do acordo entre as partes por sentença
deve ser requerida pelas próprias partes.
Caso o conflito seja solucionado antes da citação do réu, não serão devidas as custas
finais. O prazo para a contestação será contado da última sessão de mediação (quando
não houver acordo), ou quando uma das partes não apareçam, ou quando do pedido
de cancelamento da sessão. Sendo assim, tendo o réu 10 dias - antes da sessão- para
manifestar seu interesse, se ele se manifestar no sentido de não querer a sessão, ele tem
mais 15 dias para contestar.
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14
ESPECIFICIDADES
PROCEDIMENTAIS
14. Especificidades Procedimentais
Ações de Família
O legislador decidiu deixar claro que todos os esforços sejam feitos para chegar a um
consenso, isso porque, nesses casos, tratam-se de questões que afetam muito diretamente
o psicológico das partes. O magistrado poderá contar com o auxílio de profissionais de
outra área para ajudar na sessão de forma mais precisa, como psicólogos ou pedagogos,
por exemplo. Nesse caso, o magistrado poderá suspender o processo a requerimento
das partes, mesmo se tratando de mediação extrajudicial, visto que essa matéria é muito
específica por lidar diretamente com a psique humana. Poderão ser feitas quantas sessões
forem necessárias, mas isso não prejudica procedimentos jurisdicionais de urgência que
evitem o perecimento do direito. Caso não seja realizado o acordo, incidem as normas
do procedimento comum.
Temas Relevantes
1. Juiz como mediador – o juiz, nesse caso, não é julgador e sim facilitador do
diálogo. As funções podem acabar se confundindo, o que gera uma pressão
pelo acordo e uma influência direta das partes e, assim, elas acabariam não sat-
isfeitas com o resultado final. Caso seja assim, as partes acabarão não cumprin-
do o acordo e entrarão no judiciário e, dessa forma, a função da mediação não
será cumprida.
2. Cláusulas MED-ARB - as partes passariam primeiramente pela mediação
e, caso não fosse possível chegar ao consenso, passariam pela arbitragem. O
problema é que a arbitragem é adjudicatória e a mediação é consensual. São
naturezas diferentes, sendo assim, o árbitro, bem como o juiz, poderia ter suas
funções confundidas e isso poderia acabar influenciando na sua atuação e na
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decisão das partes. Para resolver esse problema, foi feita a opção da cláusula
ARB-MED: o árbitro daria seu parecer ANTES das sessões de mediação. Caso
a mediação não seja frutífera, a sentença arbitral já estaria pronta, ou seja, sem
vícios do julgamento final do árbitro.
3. Advogado e mediação – o advogado constitui um óbice ou auxílio para
o diálogo? O mediador não pode interferir diretamente para não afetar sua
parcialidade, o advogado poderia ser um ótimo auxílio para que as partes en-
tendam mais sobre as questões jurídicas, entretanto, o advogado foi ensinado
sempre a resolver as lides de forma jurídica, e isso poderia fazer com que ele
influenciasse as partes a não querer o acordo.
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Mediação
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