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Física Geral e

Experimental:
Mecânica e
Energia
Física Geral e
Experimental: Mecânica e
Energia

Keila Tatiana Boni


Maurilio Cristiano Batista Bergamo
© 2016 por Editora e Distribuidora Educacional S.A

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Boni, Keila Tatiana


B715f Física geral e experimental: mecânica e energia / Keila
Tatiana Boni, Maurilio Cristiano Batista Bergamo. – Londrina:
Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016.
192 p.


ISBN 978-85-8482-319-2

1. Física – Experiências. 2. Movimento. 3. Força


(Mecânica). I. Bergamo, Maurilio Cristiano Batista. II. Título.

CDD 530

2016
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CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
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Sumário

Unidade 1 | Aspectos Introdutórios da Física

Seção 1.1 - Medição 11


Introdução à seção 11
1.1.1 | Padrões e unidades 11
1.1.2 | Conversão de unidades 15
1.1.3 | Notação científica 17
1.1.4 | Vetores e escalares 15

Seção 1.2 - Movimento retilíneo 21


Introdução à seção 21
2.2.1 | Deslocamento, tempo e velocidade média 21
2.2.2 | Velocidade instantânea 25
2.2.3 | Aceleração média 31
2.2.4 | Aceleração instantânea 36
2.2.5 | Aceleração constante 40
2.2.6 | Queda livre de corpos 46
2.2.7 | Velocidade e posição por integração 49

Unidade 2 | Força e Movimento

Seção 2.1 - Movimento em duas e três dimensões 61


Introdução à seção 61
2.1.1 | Vetor posição e vetor velocidade 61
2.1.2 | Vetor aceleração 67
2.1.3 | Movimento de projéteis 70

Seção 2.2 - Força e movimento 77


introdução à seção 77
2.2.1 | O conceito de força 77
2.2.2 | Primeira lei de Newton 81
2.2.3 | Segunda lei de Newton 84
2.2.3.1 | Força gravitacional e peso 87
2.2.4 | Terceira lei de Newton 88
2.2.5 | Aplicacações das leis de Newton 90
2.2.6 | Forças de atrito 93
2.2.7 | Dinâmica do movimento circular uniforme 96
2.2.8 | Forças fundamentais da natureza 98
2.2.8.1 | A força gravitacional 98
2.2.8.2 | A força eletromagnétical 99
2.2.8.3 | Força forte 100
2.2.8.4 | A força fraca 100
Unidade 3 | Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões
Seção 3.1 - Trabalho e energia cinética 113
Introdução à seção 113
3.1.1 | Trabalho 113
3.1.1.1 | Trabalho: movimento em uma dimensão com força constante 114
3.1.1.2 | Trabalho executado por uma força variável 117
3.1.1.3 | Trabalho realizado por uma mola 118
3.1.1.4 | Energia cinética 119
3.1.1.5 | Potência 121
3.1.2 | Convervação da energia 122
3.1.2.1 | Trabalho e energia potencial 123
3.1.2.2 | Energia mecânica 124
3.1.2.3 | Determinação da energia potencial 125
3.1.2.3.1 | Energia potencial gravitacional 125
3.1.2.3.2 | Energia potencial elástica 126
3.1.2.4 | Forças conservativas e não conservativas 127
3.1.2.5 | A equação de conservação de energia 129
3.1.2.6 | Trabalho realizado por uma força de atrito 129
Seção 3.2 - Sistemas de partículas e colisões 133
Introdução à seção 133
3.2.1 | Centro de massa 133
3.2.2 | Segunda lei de Newton para um sistema de partículas 136
3.2.3 | Momento linear 137
3.2.4 | Conservação do momento linear 138
3.2.5 | Colisão e impulso 139
3.2.5.1 | Colisão em série 140
3.2.6 | Colisões elásticas e inelásticas 141
3.2.6.1 | Colisões unidimensionais 143
3.2.6.2 | Colisões perfeitamente inelásticas 143
3.2.6.3 | Colisões elásticas 144
3.2.6.4 | Colisões em duas dimensões 145

Unidade 4 | Termometria e Calorimetria

Seção 4.1 - Termometria 159


Introdução à seção 159
4.1.1 | Temperatura 159
4.1.2 | Partículas de um corpo 160
4.1.3 | Equilíbrio térmico 162
4.1.4 | Medida de temperatura 163
4.1.5 | Escalas termométricas 167
4.1.5.1 | Escalas Celsius 167
4.1.5.2 | Escalas Fahrenheit 167
4.1.5.3 | Escalas Kelvin 168
4.1.5.4 | Zero absoluto 168
4.1.6 | Relação entre as escalas 169
4.1.6.1 | Escala Fahrenheit e Celsius 169
4.1.6.2 | Escala Fahrenheit e Kelvin 170
4.1.6.3 | Escala Celsius e Kelvin 171
Seção 4.2 - Calorimetria 173
Introdução à seção 173
4.2.1 | Calor 173
4.2.2 | Capacidade térmica 175
4.2.3 | Calor específico 177
4.2.4 | Caloria dos alimentos 178
4.2.5 | Calor sensível e calor latente 182
4.2.6 | Trocas de calor 185
4.2.7 | Calorímetro 186
Apresentação

O presente material, referente à disciplina de Física Geral e Experimental:


Mecânica e Energia, foi elaborado com o intuito de proporcionar a você, caro
estudante, um caminho consistente para o aprendizado de conceitos elementares
da física, os quais apresentam grande aplicabilidade nas engenharias e áreas afins.

Particularmente, com este material você introduzirá seus estudos sobre a


mecânica, e, desse estudo, destacamos a cinemática e a dinâmica. Na Cinemática
você estudará os movimentos que, certamente, já estudou no ensino médio,
porém, nessa nova etapa, esses estudos serão aprofundados, sobretudo, com o
auxílio do cálculo diferencial e integral e da álgebra linear.

Na dinâmica, você estudará energia e as leis de conservação, além de diversos


outros conceitos relacionados a esses, e, do mesmo modo que na cinemática, tal
estudo será aprofundado a partir da utilização de conhecimentos matemáticos
mais avançados.

Nesse contexto, visamos com este material que você, estudante, tenha a
oportunidade de pensar sobre fenômenos físicos em termos matemáticos.
Contudo, para que a aprendizagem de fato ocorra, as abordagens teóricas, os
exemplos resolvidos, os problemas propostos e os materiais sugeridos devem ser
estudados e trabalhados até o estágio de completo entendimento, tanto no que
diz respeito aos procedimentos matemáticos quanto na interpretação física desses.

Desejamos que este material seja por você utilizado com muito entusiasmo,
visando desenvolver sua intuição de maneira a torná-la precisa na modelação
matemática de problemas físicos, na interpretação física de soluções matemáticas,
mas, sobretudo, na aplicação de conceitos físicos em situações reais relacionadas
à sua formação acadêmica.

Bons estudos!
Unidade 1

ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
DA FÍSICA

Keila Tatiana Boni

Objetivos de aprendizagem:

Nesta primeira unidade, objetiva-se introduzi-lo no estudo da física clássica,


a partir de uma apresentação clara e elementar de conceitos e princípios
básicos da física. Dentre esses conceitos, destacamos as unidades de medidas e
conversões, bem como as primeiras ideias relacionadas à posição, velocidade e
aceleração no movimento unidimensional.

Seção 1.1 | Medição


Na primeira seção, você conhecerá os sistemas de unidades convencionais
para descrever grandezas físicas, bem como aprenderá maneiras de realizar
conversões entre diferentes sistemas de unidades. Além disso, você verá como
representar medidas muito grandes ou muito pequenas, bem como realizar
operações com esses tipos de representações.

Seção 1.2 | Movimento retilíneo


Nesta seção, serão introduzidos conceitos de mecânica, que envolve o estudo
das relações entre movimento, massa e força. De maneira mais específica, nesta
segunda seção, você começará o estudo sobre movimento unidimensional, que é
o tipo de movimento mais simples, em que uma partícula se desloca ao longo de
uma linha reta. Nesse contexto, você estudará duas grandezas físicas: velocidade e
aceleração.
U1

10 Aspectos Introdutórios da Física


U1

Introdução à unidade

A física é, certamente, um estudo fundamental e de extrema relevância para


diversas áreas. Afinal, diversos conceitos físicos precisam ser estudados para que
seja possível colocar em prática teorias de outras ciências.

Essa importância de possuir conhecimentos sobre conceitos físicos pode ser


evidenciada, sobretudo, nas engenharias, pois, por exemplo, não é possível projetar
uma nave espacial, um veículo mais potente e econômico ou um liquidificador mais
eficiente sem entender os princípios básicos da física.

Considerando a essencialidade de conhecimentos físicos na engenharia, são


apresentados, nesta primeira unidade, alguns conceitos preliminares fundamentais,
tais como: a natureza da teoria física e o uso de modelos matemáticos para representar
sistemas físicos; os sistemas de unidades utilizados para descrever grandezas físicas;
e as relações entre movimento, massa e força num deslocamento em linha reta.

Aspectos Introdutórios da Física 11


U1

12 Aspectos Introdutórios da Física


U1

Seção 1.1
Medição
Introdução à seção

Dando início à unidade, esta primeira seção contempla conhecimentos essenciais


para compreender os conceitos físicos que serão estudados no decorrer do curso.
Esses conceitos dizem respeito às medições.

Pode-se entender que o objetivo geral na física é proporcionar um entendimento


quantitativo de determinados fenômenos que ocorrem no universo e, para isso,
recorre-se a observações experimentais e análises matemáticas para elaborar
teorias que expliquem tais fenômenos e relacione-os a outros já conhecidos. Assim,
a matemática tem um papel fundamental na física: é a linguagem utilizada para
estabelecer uma ligação entre teorias e experiências.

E, para descrever fenômenos naturais, além da linguagem matemática, faz-se


necessário realizar medições adequadas e associadas às quantidades físicas presentes
nos fenômenos naturais em questão. Assim, justifica-se a relevância de iniciarmos os
estudos sobre conceitos físicos a partir do estudo sobre medições.

1.1.1 Padrões e unidades


Com a introdução desta seção, é possível que você tenha compreendido que a
física é uma ciência de natureza experimental e que esses experimentos necessitam
de medidas e de linguagem matemática para serem descritos. Essa linguagem
matemática é que permite obter modelos matemáticos para representar sistemas
físicos.

Na física, os números utilizados para descrever de maneira quantitativa um


fenômeno físico é chamado de grandeza física. Contudo, esses não podem ser
apresentados isoladamente, mas precisam ser acompanhados de uma unidade para
especificar o que este número representa. Por exemplo: dizer que algo mede 30 não
faz o menor sentido. É preciso especificar se essa medida refere-se a 30 metros, 30
centímetros, 30 quilômetros etc.

1
Modelo é um substituto simplificado para o problema real que nos permite solucioná-lo de um modo
relativamente fácil. Com a linguagem matemática, podemos obter modelos algébricos (equações,
funções, gráficos, etc). Contudo, na Física podemos também encontrar outros tipos de modelos, como,
por exemplo, representações pictóricas (desenhos e figuras) de situações.

Aspectos Introdutórios da Física 13


U1

Você acabou de estudar que uma determinada medida


representada por um número precisa ser acompanhada de
uma unidade específica. Mas será que as unidades são as
mesmas em todas as partes do mundo? Existe um padrão?

Para que seja possível obter medidas precisas e confiáveis, fazem-se necessárias
unidades de medidas que possam ser compreendidas e reproduzidas por diversos
observadores, de diversificadas localidades. Por esse motivo, convencionalmente
utiliza-se o sistema de unidades utilizado por cientistas de diversas partes do mundo, o
Sistema Internacional de Medidas, conhecido como SI.

No decorrer dos estudos, você perceberá que trabalharemos, de maneira


predominante, com três grandezas fundamentais: comprimento, massa e tempo.
E, de acordo com o SI, as unidades fundamentais dessas três grandezas são,
respectivamente, o metro (m), o quilograma (kg) e o segundo (s).

O padrão legal de comprimento, o metro, tem sua origem na França e é definido


como a distância que a luz percorre no vácuo em uma fração de 1/299.792.458
segundos.

A unidade padrão para massa, o quilograma, é definida como a massa de um


cilindro específico de liga de platina-irídio mantido na Agência Internacional de Pesos
e Medidas, em Sèvres, na França. É muito importante ressaltar que peso e massa são
grandezas bastante distintas!

Apesar de que você ainda evidenciará a distinção entre peso e massa


no decorrer dos seus estudos, acessando o link indicado você poderá
adiantar um pouco desse conhecimento:
Disponível em:
<http://www.ipem.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=art
icle&id=13&Itemid=267>. Acesso em: 11 ago. 2015.

14 Aspectos Introdutórios da Física


U1

O padrão de tempo, o segundo, é fundamentado em um relógio atômico que usa


com frequência a diferença de energia entre os dois menores estados de energia do
átomo de césio. Quando esse átomo é bombardeado por micro-ondas de uma certa
frequência, os átomos de césio sofrem transições de um estado para outro. Assim, um
segundo é definido como 9.192.631.770 vezes o período de vibração da radiação do
átomo de césio.

Acessando o link indicado abaixo, você conhecerá outras unidades do


Sistema Internacional (SI), relacionados a outras grandezas, também
muito utilizados nos conceitos de física que você estudará:
Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/noticias/conteudo/sistema-
internacional-unidades.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2015.

Com relação às unidades fundamentais elencadas (metro, quilograma e segundo),


com frequência você se deparará em seus estudos com grandezas físicas que podem
ser expressas em termos dessas unidades fundamentais do SI. Por exemplo, a unidade
de medida SI para a força é kg·m/s², a qual é mais conhecida como Newton (N).

Além disso, vale ressaltar que, a partir dessas unidades fundamentais, é possível
obter unidades maiores ou menores para as mesmas grandezas físicas por meio de
múltiplos e submúltiplos de dez, como no caso da massa e do comprimento. A título
de exemplo, observe a figura a seguir:

Figura 1.1 – Múltiplos e submúltiplos da unidade fundamental de massa

X 1000 : 1000
Fonte: http://feb.ufrgs.br/resources/284/p3.html. Acesso em: 11 ago. 2015.

Aspectos Introdutórios da Física 15


U1

Tendo como unidade principal o grama, perceba que, por meio de múltiplos e
submúltiplos de dez, é possível obter unidades maiores ou menores para a massa. De
acordo com a figura apresentada, temos, por exemplo, que 1kg=10×10×10 g=103 g e
que 1 cg= = 10-2 g.

A mesma relação apresentada na Figura 1.1 pode ser escrita e utilizada para a
unidade fundamental de comprimento (metro), obtendo, assim, da esquerda para a
direita: quilômetro (km), hectômetro (hm), decâmetro (dam), metro (m), decímetro
(dm), centímetro (cm) e milímetro (mm).

Para a unidade fundamental de tempo, vocês já conhecem relações tais como:

1 minuto = 60 segundos

1 hora = 60 minutos = 3.600 segundos

1 dia = 24 horas = 1.440 minutos = 86.400 segundos

Etc...

Contudo, também para o tempo teremos casos em que potências de dez podem
ser utilizadas para descrever unidades maiores ou menores. Por exemplo:

1 nanossegundo = 1ns = 10–9s (tempo para a luz percorrer 0,3 m)

1 microssegundo = 1 µs = 10–6 s (tempo para um satélite percorrer 8mm)

A Figura 1.2 apresenta esses prefixos (nano e micro) exemplificados acima e outros
prefixos para as potências de dez e que podem ser utilizados para diversas grandezas
físicas:
Figura 1.2 – Alguns prefixos para potências de dez

Fonte: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pdf/Resumo_SI.pdf. Acesso em: 3 dez. 2015.

16 Aspectos Introdutórios da Física


U1

Além do Sistema Internacional de Medidas, existem outros sistemas


como, por exemplo, o Sistema Técnico Inglês. Saiba mais sobre esse e
outros sistemas no seguinte link: ftp://ftp.cefetes.br/cursos/Mecanica/
T%E9cnico/Mec%E2nica%20T%E9cnica/cap2.prn.pdf. Acesso em: 3 set.
2015.

1.1.2 Conversão de unidades

Em muitos casos, serão necessários converter unidades de um sistema em outro


ou, até mesmo, dentro de um sistema. Como um exemplo do primeiro caso, de
conversão entre unidades de um sistema em outro, pode-se citar as igualdades entre
SI e as unidades usuais de comprimento nos EUA:

1 milha (mi) = 1.609 metros (m) = 1,609 quilômetros (km)

1 metro (m) = 39,37 polegadas (pol) = 3,281 pés

1 pé = 0,3048 metros (m) = 30,48 centímetros (cm)

1 polegada (pol) = 0,0254 metros (m) = 2,54 centímetros (cm)

Quanto ao segundo caso, conversões dentro de um próprio sistema, pode-se


mencionar as conversões dentro do sistema métrico, como, por exemplo:

1 quilômetro (km) = 1.000 metros (m) = 1.000.000 milímetros (mm)

Todas as medidas de grandezas físicas têm um número e uma unidade. Na


física, todas essas grandezas são representadas por uma simbologia que contenha
a primeira letra do nome da grandeza, o valor e a unidade. Por exemplo, t pode
representar um tempo de 20 s, uma velocidade de 6 m/s e δ um distância de 30 m.

Ao realizar operações matemáticas (adição, subtração, multiplicação ou


divisão) sobre essas grandezas, numa equação algébrica, por exemplo, as unidades
envolvidas são tratadas como se fossem qualquer grandeza algébrica. Além disso,
uma equação deve sempre possuir coerência dimensional, ou seja, só podemos
realizar a operação matemática ou equacionar dois termos se esses possuírem
unidades em comum.

Veja um exemplo: deseja-se calcular a distância percorrida, em 50 s, por um


corpo que se desloca à velocidade constante de 5 m/s (metros por segundo).

Aspectos Introdutórios da Física 17


U1

Nessa situação, a distância equivale ao produto da velocidade (ν) pelo tempo (τ):

Perceba que como a unidade 1/s do membro direito da equação é cancelada


com a unidade s, que está multiplicando, o produto vt possui unidade de metro.
O cancelamento realizado da unidade de tempo s ocorreu como se fosse uma
grandeza algébrica comum e é esse tipo de procedimento de tratamento de
unidades que facilita a conversão de uma unidade em outra.

Veja outro exemplo: deseja-se converter a resposta de 250 metros em milhas.


Você já viu que uma milha é igual a 1.609 metros e, assim, é possível escrever:

Esse fator é chamado de fator de conversão e, uma vez que qualquer grandeza
pode ser multiplicada por 1 sem que haja alteração em seu valor, é possível
converter de 250 metros para milhas de maneira bem simples pela multiplicação
por esse fator:

E, se quisesse realizar a conversão de maneira contrária – de


milhas para metros –, você acha que o fator de conversão
apresentado acima poderia ser utilizado?

18 Aspectos Introdutórios da Física


U1

Para melhor compreensão, veja mais um exemplo: “Se o seu carro estiver a
90 km/h, qual a sua velocidade em metros por segundo e em milhas por hora?”
(TIPLER, 2000, p. 5).

Resolução: perceba que, nessa situação, a medida dada (90 km/h) deverá ser
multiplicada por um conjunto de fatores de conversão, cada qual exatamente igual
a 1, de modo que o seu valor não se altera. Vamos determinar esses fatores de
conversão:

Sabemos que 1.000 m = 1 km, que 60 s = 1 min, que 60 min = 1 hora e que 1
mi = 1,609 km. Assim, obtemos, respectivamente, os fatores de conversão:

• Conversão para metros por segundo: multiplicamos 90 km/h por um conjunto


de fatores de conversão que transformam quilômetros em metros e horas em
segundos:

• Conversão para milhas: multiplicamos 90 km/h pelo fator de conversão


1/1,609:

1.1.3 Notação científica


A notação científica é muito útil na manipulação de números muito grandes ou
muito pequenos. Nessa notação, qualquer número é escrito como o produto de
um número entre 1 e 10 e uma potência de 10 apropriada. Por exemplo:

A distância entre a Terra e o Sol é de aproximadamente 150.000.000.000 m e


pode ser escrita como 1,5×1011 m;

Aspectos Introdutórios da Física 19


U1

o diâmetro de um vírus é de aproximadamente 0,00000001 m e pode ser


escrito como 1×10–8m.

Perceba que, para escrever números muito grandes em notação científica,


o expoente da base 10 é positivo, e, para escrever números muito pequenos, o
expoente da base 10 é negativo.

Em muitos casos, será necessário realizar operações envolvendo números em


notação científica. Nesse caso, vale lembrar algumas regras de potenciação:

– Adição e subtração: para realizar essas operações, primeiro é preciso verificar


se as potências de 10 possuem o mesmo expoente. Se forem iguais, basta somar
ou subtrair as mantissas (sinônimos de mantissa: significando ou coeficiente). Caso
as mantissas não sejam iguais, será necessário mover a vírgula visando a obter os
mesmos expoentes. Por exemplo:

(3,15×107 )+(5,02×105)=

(315,0×105)+(5,02×105) ou (3,15×107)+(0,0502×107)=

3,2002×107=32.002.000

– Multiplicação e divisão: ao multiplicar números em notação científica, os


expoentes são somados. Em contrapartida, quando números em notação científica
são divididos, os expoentes são subtraídos. Por exemplo:

103×104=1.000×10.000=10.000.000=107

Analogamente,

– Potenciação: ao se elevar uma potência a outra, os expoentes se


multiplicam. Por exemplo:

(103)5=103×103×103×103×103=1015

1.1.4 Vetores e escalares


Cada uma das grandezas que você estudará na disciplina de física pode ser
categorizada como escalar ou vetor. Escalar corresponde a uma grandeza que é
especificada completamente por um número positivo ou negativo com unidades
apropriadas. Já o vetor é uma grandeza física que, para ser completamente

20 Aspectos Introdutórios da Física


U1

especificada, necessita de módulo (ou magnitude), direção e sentido. Módulo (ou


magnitude) representa o “tamanho” do vetor.
Por exemplo, dizer que a temperatura do momento é de 25ºC já completa
essa informação, ou seja, não se faz necessária nenhuma especificação sobre
direção ou sentido. Sendo assim, temperatura, massa e volume são exemplos de
grandezas escalares. Esses tipos de grandezas, desde que em mesma unidade,
podem ser manipuladas de acordo com a aritmética comum (adição, subtração,
multiplicação e divisão).
Um exemplo de grandeza vetorial é a força, pois, para descrevê-la completamente,
é preciso especificar a direção e o sentido da força aplicada, bem como o módulo
dessa. Outros exemplos de grandezas vetoriais são o deslocamento, velocidade,
aceleração e momento.
Os vetores podem ser representados de duas maneiras: letra em negrito com
uma flecha em cima, como , ou um caractere simples em negrito, como F. O
módulo do vetor poderá ser escrito como F ou | |.
Quanto às operações entre vetores, esses se combinam de acordo com
algumas regras especiais, as quais já foram estudadas na disciplina de geometria
analítica e álgebra linear. Caso você não se lembre dessas operações, é muito
importante que você volte a consultar o material dessa disciplina.

Acessando os links indicados, abaixo você saberá mais sobre grandezas


escalares e vetoriais:
Disponível em: <http://efisica.if.usp.br/mecanica/universitario/vetores/
intro/>. Acesso em: 13 ago. 2015.
Disponível em: <http://matematicarev.blogspot.com.br/2010/02/
grandezas-escalares-e-vetoriais.html>. Acesso em: 13 ago. 2015.

1. Muitas vezes, é necessário fazer a conversão entre unidades


de um sistema de medida em outro. Supondo que uma pessoa
trafega em uma certa localidade nos EUA à velocidade de 65
mi/h, é correto afirmar que a velocidade equivalente em m/s é:

Aspectos Introdutórios da Física 21


U1

a) 27,2 m/s
b) 28,0 m/s
c) 29,1 m/s
d) 30,3 m/s
e) 31,5 m/s

2. (Adaptada de SERWAY; JEWETT JR., 2014) Em uma rodovia


interestadual na região rural de Wyoming (EUA), um carro viaja
a 38 m/s. Sabe-se que o motorista está excedendo o limite de
velocidade que é de 75 mi/h. É correto afirmar que o excedente
está sendo de:

a) 6 mi/h
b) 7 mi/h
c) 8 mi/h
d) 9 mi/h
e) 10mi/h

22 Aspectos Introdutórios da Física


U1

Seção 1.2

Movimento Retilíneo
Introdução à seção
Inicia-se, nesta seção, o estudo da Mecânica, que basicamente estuda as relações
entre movimento, massa e força. De maneira mais específica, nesta seção, você
estudará a cinemática, a parte da Mecânica que aborda sobre o movimento.

Na cinemática, serão apresentados dois tipos de movimento: unidimensional


e bidimensional. Nesta primeira unidade, o foco de estudo é o primeiro tipo – o
unidimensional – que corresponde ao movimento de uma partícula se deslocando ao
longo de uma linha reta. Nesse sentido, como o objetivo nesse momento é abordar
apenas o movimento retilíneo, não será necessário (ainda) o tratamento matemático
completo de vetores. Contudo, conhecimentos advindos das disciplinas de Cálculo I
e II são fundamentais nesse estudo.

2.2.1 Deslocamento, tempo e velocidade média


O movimento representa uma mudança contínua na posição de um corpo e,
para estudar o movimento, ele será descrito utilizando os conceitos de espaço e
de tempo sem considerar as causas do movimento. Logo, o resultado será uma
simplificação, o que será chamado de modelo de partícula. Assim, em muitas
situações um corpo será tratado como uma partícula devido à complexidade de
análise de detalhes desse corpo.

Para ilustrar essa complexidade, considere que você deseje analisar o movimento
de uma bola de beisebol atirada ao ar. Os autores Young e Freedman (2008, p. 3)
descrevem algumas das complicações desse problema. Para simplificar a análise

A bola não é uma esfera perfeita (ela possui costuras salientes)


e gira durante seu movimento no ar. O vento e a resistência
do ar influenciam seu movimento, o peso da bola varia
ligeiramente com a variação da distância entre a bola e o
centro da Terra, etc. Se tentarmos incluir todos esses fatores,
a análise se tornará inutilmente complexa.

Aspectos Introdutórios da Física 23


U1

desse objeto – a bola de beisebol –, despreza-se o tamanho e a forma da bola,


representando-a como um objeto puntiforme: uma partícula. O peso considera-se
como constante e, quanto à resistência do ar, considera-se o movimento ocorrendo
no vácuo.

Além disso, no estudo do movimento faz-se necessário um sistema de


coordenadas, do qual vamos utilizar o eixo Ox, em que representaremos a posição
de um corpo ou objeto representado por uma partícula.

Assim, no eixo Ox, a posição da partícula é dada pela coordenada x, a qual varia
com o tempo na medida em que a partícula se move.

Para ilustrar essa situação, observe a figura a seguir:

Figura 1.3 – Representação do deslocamento de um carro no eixo Ox

Fonte: A autora (2015).

A figura acima mostra um carro que se encontra na posição x1 em determinado


instante t1 e a posição do mesmo carro em x2 no instante t2. Essa posição alterou
devido ao carro ter se deslocado de uma posição original para uma outra posição, o
que demandou um determinado período de tempo.

Consideramos a variação de uma grandeza (no caso, da posição e do tempo)


como o valor final menos o valor inicial, o que corresponde à variação da grandeza
que é representado por ∆. Assim, temos que a variação da posição pode ser
representada por:

∆x=x2 – x1
Analogamente, representamos a variação do tempo por:

∆t=t2 – t1
Veja que nesse deslocamento o carro se movimentará com determinada
velocidade, grandeza essa que envolve, além do módulo, uma direção e um sentido.
Portanto, definimos que velocidade média do carro no intervalo de tempo ∆t é uma
grandeza vetorial cujo componente x é a variação de x (∆x) dividida por esse intervalo
de tempo ∆t:

24 Aspectos Introdutórios da Física


U1

A unidade SI da velocidade pode ser m/s ou km/h, e a conversão de uma unidade


em outra pode ser feita pelo método já visto nessa unidade ou pela seguinte regra:

Para melhor compreensão, veja o seguinte exemplo:

Suponha que uma pessoa dirija seu carro em um trecho retilíneo. Suponha, ainda,
que esse carro se encontra no ponto x1=277 m em um instante t1=16 s e em x2=19
m no instante t2=25 s.
Temos:

Na resolução do exemplo acima, a velocidade média resultou


em um valor negativo. O que isso significa?

Aspectos Introdutórios da Física 25


U1

A situação do exemplo pode ser ilustrada no eixo Ox, como mostra a figura a
seguir:

Figura 1.4 – Deslocamento do carro no eixo Ox

Fonte: A autora (2015).

Observe, na figura acima, que o carro se desloca no sentido negativo do eixo Ox,
ou seja, em sentido contrário ao que estipulamos como o sentido positivo do eixo
Ox. Por esse motivo, ao calcularmos a velocidade média, obtemos o resultado com
sinal negativo. Portanto, o sinal serve como um indicador do sentido do movimento.

Se quiser saber o resultado obtido em km/h, não há necessidade de fazer


transformações no tempo e na posição; basta usar a relação apresentada: de m/s
para km/h multiplicamos o resultado por 3,6. Logo, -28,66 m/s×3,6=-32,26 km/h.

Para entender melhor a velocidade média, observe a seguinte figura:

Figura 1.5 – Representação gráfica da velocidade média

Fonte: A autora (2015).

Na Figura 1.5, observa-se um segmento de reta que passa pelos pontos P1 e P2.
Esse segmento (P1 P2 ) é a hipotenusa de um triângulo cujos catetos são ∆x e ∆t. A
razão ∆x/∆t representa o coeficiente angular (inclinação) da reta, que é o que nos
permite definir geometricamente a velocidade média:
A velocidade média é o coeficiente angular (inclinação) da reta, a qual passa
por dois pontos: P1(t1,x1) e P2 (t2,x2).

26 Aspectos Introdutórios da Física


U1

A velocidade média, em muitos casos, é tudo o que precisamos saber para


conhecer o movimento de uma partícula. Contudo, tal informação não é o suficiente
para nos permitir determinar o módulo e o sentido do movimento em cada instante
do intervalo de tempo considerado.

Para que essas determinações se tornem possíveis, faz-se necessário definir a


velocidade em um instante (ou em um ponto) específico da trajetória. Essa velocidade
é que chamamos de velocidade instantânea.

2.2.2 Velocidade instantânea


Antes de definir velocidade instantânea, é preciso que fique bem claro o que
significa um instante no contexto da física: um instante se refere a um único valor
definido para o tempo e, portanto, não possui duração alguma.

Ao definir o que entendemos por instante na Física,


percebe-se que, num certo instante, a partícula está num
certo ponto. Mas, se está exatamente em um determinado
ponto, como é possível a partícula ter velocidade? E como
determinar a velocidade em um determinado instante?

Tendo em vista definir o movimento da partícula em um determinado instante,


faz-se necessário ter a posição de um corpo em dois ou mais instantes. Observe a
figura a seguir:

Figura 1.6 – Representação gráfica da determinação da velocidade instantânea

Fonte: A autora (2015).

Aspectos Introdutórios da Física 27


U1

Para determinar a velocidade instantânea no ponto P1, conforme ilustra a


Figura 1.6, imaginamos que o ponto P2 se aproxima continuamente do ponto P1, e
tais aproximações são evidenciadas por meio das retas secantes traçadas de modo a
obter pontos entre P1 e P2, passando por P1, de maneira que, conforme a inclinação
dessas retas secantes vão se aproximando da reta tangente, mais próximos os pontos
entre P1 e P2 ficam de P1.

Na Figura 1.6, percebe-se que, ao traçar retas secantes com inclinações cada
vez mais próximas da reta tangente, a qual passa unicamente pelo ponto P1, que
é o ponto de nosso interesse, cada vez mais os intervalos de tempo diminuem. A
inclinação do segmento de reta (secantes) correspondente a cada intervalo se refere
à velocidade média em cada um desses intervalos. Quando os intervalos de tempo
tendem a zerar, essa inclinação tende para a inclinação da reta tangente à curva no
ponto P1. E é essa inclinação (coeficiente angular) que corresponde à velocidade
instantânea no instante t1.

Em outras palavras, conforme o ponto P2 se aproxima continuamente do ponto P1


e calculamos a velocidade média (νméd=∆x/∆t) nos deslocamentos e nos intervalos
que vão se tornando cada vez menores, apesar de ∆x e ∆t se tornarem muito
pequenos, a razão entre eles não se torna tão pequena e tende a um determinado
valor. Matematicamente, dizemos que o limite de ∆x/∆t, quando ∆t tende a zero,
denomina-se derivada de x em relação a t (dx/dt).

Nesse contexto, a velocidade instantânea é o limite da velocidade média


(vméd=∆x/∆t) quando ∆t tende a zero, e ela é igual à taxa de variação da posição ∆x
com o tempo.

Para melhor compreensão da interpretação gráfica apresentada na


Figura 1.6, assista ao vídeo indicado. Nesse vídeo, um professor explica,
por meio de animação flash, o comportamento gráfico da situação que
descrevemos e que leva à noção de limites e de derivadas para determinar
a velocidade instantânea:
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=yeFvukYw5Gk>.
Acesso em: 18 ago. 2015.

28 Aspectos Introdutórios da Física


U1

Vale ressaltar que, tal como a velocidade média, a velocidade instantânea é uma
grandeza vetorial. Além disso, a inclinação de uma reta pode ser positiva, negativa ou
nula. Assim sendo, a velocidade instantânea no movimento unidimensional pode ser
crescente (positiva), decrescente (negativa) ou sem movimento (nula).
Quando o resultado da velocidade instantânea é considerado em módulo
(valor absoluto), trata-se de velocidade escalar instantânea. Do mesmo modo,
quando na velocidade média é considerado apenas o módulo (valor absoluto),
desconsiderando-se a direção e o sentido, chamamos de velocidade escalar média.
Para melhor compreensão da definição de velocidade instantânea, a qual será
mais frequentemente utilizada em nossos estudos, salvo algumas especificações,
veja o seguinte exemplo:
(TIPLER, 2000) A posição de uma pedra que cai de um rochedo pode ser descrita,
aproximadamente, por x = 5t², em que x, em metros, é medida para baixo, a partir
da posição inicial da pedra em t=0, e t está em segundos. Achar a velocidade em
qualquer instante de tempo t.
A partir da definição, a velocidade pode ser calculada em qualquer instante t por
meio da determinação da derivada dx/dt:

Calcularemos o deslocamento ∆x pela função posição x(t) = 5t²:

Aspectos Introdutórios da Física 29


U1

A expressão a qual chegamos representa a velocidade média no intervalo de


tempo.
Note que fazer a simplificação de maneira a cancelar o denominador ∆t foi
necessário, pois, caso contrário, se tivéssemos aplicado o limite fazendo ∆t=0, o
deslocamento teria sido ∆x=0 e, nesse caso, a razão ∆x/∆t seria indefinida.
Na expressão obtida, se considerarmos intervalos cada vez mais curtos, temos
que a velocidade instantânea será:

Como você já estudou em Cálculo Diferencial e Integral, as derivadas podem ser


calculadas com facilidade mediante regras que têm por base os limites. Nesse caso,
a situação do exemplo poderia ter sido calculada mediante a seguinte regra:

A Figura 1.7 apresenta o gráfico da função x(t)=5t² do exemplo que acabamos de


resolver:

Figura 1.7 – Curva de x(t)=5t²

Fonte: A autora (2015).

30 Aspectos Introdutórios da Física


U1

Na Figura 1.7, temos as retas tangentes em três pontos, A, B e C, os quais podemos


entender como nos instantes t1,t2 e t3, respectivamente. Nota-se que os coeficientes
angulares (inclinações) das retas tangentes aumentam monotonamente e, assim, do
mesmo modo, a velocidade instantânea aumenta monotonamente com o tempo.
Vamos ver mais um exemplo:
(YOUNG; FREEDMAN, 2008) Um leopardo africano está de tocaia a 20 m a leste
de um jipe blindado de observação. No instante t=0, o leopardo começa a perseguir
um antílope situado a 50 m a leste do observador. O leopardo corre ao longo de uma
linha reta. A análise posterior de um vídeo mostra que, durante os 2,0 s iniciais do
ataque, a coordenada x do leopardo varia com o tempo de acordo com a equação
x=20 m+(5,0 m/s²)t². A Figura 1.8 ilustra essa situação:

Figura 1.8 – Leopardo atacando um antílope a partir de uma tocaia

Fonte: adaptado de Young e Freedman (2008, p. 40).

A partir das informações do enunciado e da análise da Figura 1.8:


Determine o deslocamento do leopardo durante o intervalo entre t1=1,0 s e
t2=2,0 s.
RESOLUÇÃO:
No instante t1=1,0 s, a posição x1 do leopardo é:

No instante t2=2,0 s, a posição x2 do leopardo é:

Logo, o deslocamento durante esse intervalo é dado por:


∆x=x2 – x1=40 m – 25 m=15 m

Aspectos Introdutórios da Física 31


U1

Determine a velocidade média durante o mesmo intervalo de tempo.


RESOLUÇÃO:
A velocidade média durante esse intervalo de tempo é:

Determine a velocidade instantânea no tempo t1=1,0 s, considerando ∆t=0,1 s,


logo ∆t=0,01 s, e, a seguir, ∆t=0,001 s.

RESOLUÇÃO:
Para ∆t=0,1 s, o intervalo de tempo é de t1=1,0 s a t2=1,1 s. No instante t2, a
posição é:

A velocidade média durante esse intervalo de tempo é:

Por procedimentos análogos, cuja resolução deixo para você, para os intervalos
∆t=0,01 s e ∆t=0,001 s serão obtidos, como resultados para as velocidades médias,
10,05 m/s e 10,005 m/s, respectivamente.
Nota-se que, à medida que ∆t diminui, a velocidade média fica cada vez mais
próxima de 10,0 m/s.
Assim sendo, podemos concluir que a velocidade instantânea para t1=1,0 s é igual
a 10,0 m/s.
Deduza uma expressão geral para a velocidade instantânea em função do tempo
e, a partir, dela, calcule a velocidade para t=1,0 s e t=2,0 s.

RESOLUÇÃO:
A velocidade instantânea em função do tempo pode ser encontrada a partir da
derivação da expressão de x em relação a t. Como a derivada de t2=2t, temos:

Assim, no instante t=1,0 s, temos que νx=10 m/s, enquanto que, no instante
t=2,0 s, temos que νx=20 m/s.

32 Aspectos Introdutórios da Física


U1

Perceba que os resultados obtidos fazem sentido para a situação dada: o leopardo
ganhou velocidade a partir do repouso, ou seja, do instante t=0, alcançando as
velocidades νx=10 m/s no instante t=1,0 s, quando percorreu 5 m, e νx=20 m/s no
instante t=2,0 s, quando percorreu mais 15 m.

1. (Adaptada de SERWAY; JEWETT JR., 2014) A posição de uma


partícula movendo-se ao longo do eixo x varia no tempo de
acordo com a expressão x=4t², em que x está em metros e t
em segundos. É correto afirmar que a velocidade em termos
de t em qualquer momento será:

a) 8t
b) 8t²
c) 4t
d) 4t³
e) 2t³

2.2.3 Aceleração média


Ao estudar sobre velocidade, você viu que ela indica uma taxa de variação da
posição com o tempo. Agora, ao estudar sobre aceleração, é importante que você
evidencie que ela também trata sobre taxa de variação, porém, da velocidade com
o tempo.

A aceleração é uma grandeza escalar ou vetorial? Por quê?

Vale destacar que, em nossos cálculos, poderemos obter resultados para


aceleração positivos ou negativos. Isso porque a aceleração em um movimento
unidimensional pode referir-se tanto ao aumento quanto à redução da velocidade.

Assim, como fizemos no estudo da velocidade, em que começamos por estudar

Aspectos Introdutórios da Física 33


U1

a velocidade média para, então, compreender a velocidade instantânea, vamos dar


início à abordagem sobre aceleração média e, na sequência, outras abordagens
sobre aceleração, além da aceleração instantânea, serão apresentadas.

Para entender a aceleração média, considere o movimento de uma partícula ao


longo do eixo Ox.

Nesse eixo, em um certo instante t1 uma partícula está em um ponto P1 e possui


um componente x da velocidade (instantânea) ν1x. Em outro instante t2, a partícula
está em um ponto P2 e possui um componente x da velocidade (instantânea) ν2x.

Assim, de um ponto para outro temos uma variação do componente x da


velocidade que é ∆νx=ν2x – ν1x em um intervalo de tempo ∆t=t2 – t1. Logo, podemos
definir:

A aceleração média, num certo intervalo de tempo ∆t=t2 – t1, define-se como a
razão ∆ν/∆t, em que ∆νx=ν2x – ν1x.

Para melhor ilustrar essa definição, observe a figura a seguir:

Figura 1.9 – Gráfico da velocidade versus tempo e aceleração média

Fonte: Adaptado de http://www.resumoescolar.com.br/fisica/aceleracao-media-e-aceleracao-instantanea/. Acesso em: 20


ago. 2015.

No gráfico, nota-se um segmento de reta que liga o ponto P1 ao ponto P2. A


inclinação da reta que liga esses dois pontos no gráfico da velocidade versus tempo
fornece a aceleração média entre esses dois pontos.

Em geral, a velocidade será expressa em metros por segundo e o tempo em


segundos. Sendo assim, a aceleração média será expressa em metros por segundo
por segundo, ou seja, em m/s².

34 Aspectos Introdutórios da Física


U1

Acessando o link indicado abaixo, você assistirá a um vídeo que apresenta


algumas situações em flash que contribuirá para a sua compreensão
sobre a aceleração:
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=s-lIqTXK4KI>.
Acesso em: 20 ago. 2015.

O exemplo a seguir contempla o que foi estudado, até então, sobre aceleração.

(YOUNG; FREEDMAN, 2008) Uma astronauta saiu de um ônibus espacial em


órbita no espaço para testar uma nova unidade de manobra pessoal. À medida que
ela se move em linha reta, seu companheiro a bordo do ônibus espacial mede sua
velocidade a cada intervalo de 2,0 s, começando em t=1,0 s, do seguinte modo:

Tabela 1.1 – Medidas das velocidades médias a cada intervalo de tempo

t νx T νx
1,0s 0,8s 9,0s – 0,4 m/s
3,0s 1,2s 11,0s – 1,0 m/s
5,0s 1,6s 13,0s – 1,6 m/s
7,0s 1,2s 15,0s – 0,8 m/s
Fonte: YOUNG; FREEDMAN (2008, p. 42).

Calcule a aceleração média e verifique se a velocidade da astronauta aumenta ou


diminui para cada um dos seguintes intervalos de tempo:

a) t1=1,0 s até t2=3,0 s;

b) t1=5,0 s até t2=7,0 s;

c) t1=9,0 s até t2=11,0 s;

d) t1=13,0 s até t2=15,0 s.

Antes de darmos início aos cálculos para responder cada item da questão, vamos
interpretar geometricamente o significado de aceleração média:

Aspectos Introdutórios da Física 35


U1

Figura 1.10 – Gráficos de velocidade versus tempo (parte superior) e aceleração versus
tempo (parte inferior) para a astronauta

Fonte: YOUNG; FREEDMAN (2008, p. 42).

A figura acima apresenta, simultaneamente, os gráficos da velocidade em função


do tempo (parte superior) e da aceleração em função do tempo (parte inferior). Note
que, no gráfico superior (da velocidade), a inclinação do segmento de reta que liga
os pontos inicial e final de cada intervalo de tempo nos fornece, no gráfico da parte
inferior (da aceleração), a aceleração média amx= ∆νx/∆t para cada intervalo.

Utilizando a fórmula que definimos para a aceleração média, determinaremos


essa para cada intervalo de tempo pedido, bem como analisaremos o que acontece
com a velocidade da astronauta no intervalo de tempo, considerado:

a) t1=1,0 s até t2=3,0 s;

De acordo com a Tabela 1.1, no referido intervalo de tempo e com o resultado


obtido para a aceleração média, o módulo da velocidade instantânea, ou seja, a
velocidade escalar, aumenta de 0,8 m/s para 1,2 m/s.

36 Aspectos Introdutórios da Física


U1

b) t1=5,0 s até t2=7,0 s;

A velocidade diminui de 1,6 m/s para 1,2 m/s.

c) t1=9,0 s até t2=11,0 s;

A velocidade aumenta de 0,4 m/s para 1,0 m/s.

d) t1=13,0 s até t2=15,0 s.

A velocidade diminui de 1,6 m/s para 0,8 m/s.

Perceba que, a partir dos resultados obtidos, podemos inferir que, quando a
aceleração média possui o mesmo sentido (mesmo sinal algébrico) da velocidade
inicial, que é o que acontece nos itens a e c, a astronauta acelera. Em contrapartida,
quando a aceleração média possui sentido contrário (sinal algébrico contrário), tal
como evidenciamos nos itens b e d, a astronauta diminui a aceleração.

Assim, podemos entender que:

Aspectos Introdutórios da Física 37


U1

Sempre que a aceleração é negativa significa necessariamente


que um corpo está indo mais devagar? Em caso negativo, o
que mais a aceleração negativa pode significar?

Acessando o link indicado abaixo, você assistirá a um vídeo que contribuirá


para a sua compreensão sobre a aceleração média:
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7JyjvW91rlI>.
Acesso em: 23 ago. 2015.

2.2.4 Aceleração instantânea


Para definir aceleração instantânea, vamos considerar a seguinte situação: em uma
corrida, um piloto entra na reta final do Grand Prix, conforme ilustra a Figura 1.11:

Figura 1.11 – Carro de corrida do Grand Prix na reta final

Fonte: Adaptado de Young e Freedman (2008, p. 43).

38 Aspectos Introdutórios da Física


U1

Vamos definir a aceleração instantânea no ponto P1. Para isso, imagine o ponto P2
se aproximando de maneira contínua do ponto P1. Assim, a aceleração média pode
ser entendida como calculada em intervalos de tempo cada vez menores (portanto,
tendendo a zero). Podemos, então, definir que a aceleração instantânea equivale ao
limite da aceleração média quando consideramos que o intervalo de tempo tende a
zero, ou seja, a aceleração instantânea é igual à taxa de variação da velocidade em
função do tempo:

Geometricamente, essa definição de aceleração instantânea pode ser interpretada


como a inclinação da reta tangente à curva de v contra t.

Note que a aceleração instantânea é a derivada da velocidade em relação ao


tempo (dv/dt), e você já estudou, ainda nesta unidade, que a velocidade é a derivada
da posição x em relação a t. Sendo assim, podemos entender que a aceleração
instantânea é a derivada de segunda ordem de x em relação a t:

Veja o exemplo a seguir para melhor compreensão da definição de aceleração


média e instantânea:

(SERWAY; JEWETT JR., 2014) A velocidade de uma partícula movendo-se ao


longo do eixo x varia de acordo com a expressão νx=40 – 5t², em que νx está em
m/s e t em segundos.

Encontre a aceleração média no intervalo de tempo t=0 a t=2,0 s.

Determine a aceleração para t=2,0 s.

Antes de começarmos a resolução, vamos entender a situação proposta nesse


exemplo. Para isso, vamos começar observando a representação gráfica dessa
situação:

Aspectos Introdutórios da Física 39


U1

Figura 1.12 – Gráfico velocidade-tempo para uma partícula de acordo com a função νx= 40 – 5t2

Fonte: A autora (2015).

No gráfico acima, nota-se que a inclinação de toda a curva é negativa. Assim,


esperamos que a aceleração seja negativa, mas vamos comprovar isso por meio de
cálculos.

Resolvendo o item a, começaremos encontrando as velocidades no ponto A


(ti=0 s) e no ponto B (tf=2,0 s), substituindo tais valores na expressão da velocidade:

Agora, podemos determinar a aceleração média no intervalo de tempo


especificado ∆t=tB – tA=tf – ti=2,0 – 0=2,0 s:

40 Aspectos Introdutórios da Física


U1

Assim como esperávamos, o sinal da aceleração média é negativo. No gráfico


mostrado na Figura 1.12, a aceleração média é representada pela inclinação do
segmento de reta que liga os pontos A e B.

Agora, resolvendo o item b, a aceleração pedida em determinado instante (t=2,0 s)


corresponde à aceleração instantânea. Para realizar esse cálculo, consideramos que
a velocidade inicial em qualquer momento é dada por νx=40 – 5t² e que se queremos
saber a velocidade em qualquer outro momento consideramos uma variação no
tempo representada por t + ∆t.

Assim, obteremos o resultado da aceleração instantânea por:

Substituindo t=2,0 s, temos:

Perceba que as respostas para os itens a e b, ou seja, para a aceleração média


e para a aceleração instantânea, apesar de terem o mesmo sinal (negativo), são
diferentes em módulo. Isso porque, considerando a representação gráfica na

Aspectos Introdutórios da Física 41


U1

Figura 1.12, a aceleração média corresponde à inclinação do segmento de reta que


liga o ponto B ao ponto A, enquanto que a aceleração instantânea é representada
pela inclinação da reta pontilhada, tangente à curva no ponto B.

Além disso, é importante perceber que, nessa situação, a aceleração não é


constante, assunto que você estudará na sequência.

2.2.5 Aceleração constante


O movimento retilíneo com aceleração constante é, certamente, o movimento
acelerado mais simples. Nesse acaso, a velocidade varia com taxa constante durante
todo o movimento.

Para melhor compreensão dos possíveis movimentos acelerados, observe a


figura a seguir:

Figura 1.13 – Diagrama de movimento retilíneo de um carro no mesmo sentido

Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/337413/. Acesso em: 23 ago. 2015.

Na Figura 1.13, as flechas representadas na parte superior dos carros representam


os vetores velocidade, enquanto que as flechas na parte inferior representam os
vetores aceleração.

No diagrama, na representação (a) temos o movimento retilíneo de um carro que


ocorre com velocidade constante, ou seja, as imagens do carro têm espaçamento
igual, movimentando-se pelo mesmo deslocamento em cada intervalo de tempo.
Assim, o carro tem velocidade positiva constante e aceleração igual a zero.

Na representação (b), percebe-se que as imagens do carro se distanciam à


medida que o intervalo de tempo avança. Assim, temos que o vetor velocidade
aumenta no tempo e, portanto, temos um movimento com velocidade positiva
e aceleração positiva. A aceleração é positiva porque está no mesmo sentido da
velocidade. Logo, o carro, nessa situação, fica mais rápido.

42 Aspectos Introdutórios da Física


U1

Na representação (c), devemos entender que o carro está diminuindo sua velocidade
à medida que se move para a direita. Nesse sentido, o carro movimenta-se com
velocidade positiva e aceleração negativa, pois os vetores aceleração e velocidade
não estão no mesmo sentido. Nessa situação, o carro fica mais lento no decorrer
do tempo, podendo, inclusive, chegar à velocidade zero, como num processo de
frenagem, por exemplo.

Quando a aceleração instantânea ax é constante, a aceleração média a_mx para


qualquer intervalo de tempo é a mesma que ax.

Assim, para determinarmos uma expressão para νx, substituímos amx por ax na
expressão da aceleração média, obtendo:

Agora, façamos t1=0 e suponhamos que t2 seja um instante posterior qualquer t. No


instante t=0, vamos denotar a velocidade por ν0x e a velocidade no instante t por νx.
Assim, obteremos:

Fazendo a multiplicação cruzada, obtemos:

Essa equação serve apenas para aceleração constante e pode ser interpretada da
seguinte maneira: a aceleração média ax é a taxa constante da variação da velocidade
por unidade de tempo.

Agora, vamos deduzir uma expressão para a posição x da partícula que se move
com uma aceleração constante. Para isso, primeiro vamos considerar a definição
de velocidade média νmx. Denominaremos a posição no instante t=0 de posição
inicial, representando-a por x0. Em um instante posterior t, chamaremos a posição
simplesmente de x.

Aspectos Introdutórios da Física 43


U1

Assim, a partir da definição de νmx, teremos:

Vamos deduzir, ainda, uma segunda expressão para νmx válida somente no caso de
aceleração constante. Assim, como teremos um gráfico νx×t representado por uma reta,
em que a velocidade estará variando com uma taxa constante, teremos, simplesmente,
que a velocidade média, em função de qualquer intervalo de tempo será a média
aritmética desde o instante inicial até o final. Logo, para o intervalo de 0 a t, temos:

Já deduzimos que, no caso da aceleração constante, a velocidade νx em qualquer


instante t é dada pela equação: νx=ν0x + axt. Substituindo essa expressão na que obtemos
acima, teremos:

Para finalizar, igualamos a equação νmx = x – x0/t com a obtida acima, obtendo:

Essa equação mostra que, se para um instante inicial t=0 a partícula está em uma
posição x0 e possui velocidade v0x, sua posição em qualquer instante t é dada pela soma
de três termos – a posição inicial x0, a distância voxt que ela percorreria no caso de a

44 Aspectos Introdutórios da Física


U1

velocidade permanecer constante, e uma distância (axt2 )/2 produzida pela variação da
velocidade.

Observe que a última expressão obtida é quadrática (do segundo grau). Logo, o
gráfico dessa expressão será uma parábola.

Além disso, perceba, que se derivarmos essa última expressão obtida, teremos como
resultado a primeira que obtemos, o que nos mostra que ambas as expressões são
coerentes com a hipótese de aceleração constante:

E, se derivarmos mais uma vez, obtemos:

Que concorda com a definição de aceleração instantânea.

Em alguns casos, faz-se necessário utilizarmos uma equação que envolva a posição,
a velocidade e a (constante) aceleração, mas que desconsidere o tempo. Para obter essa
expressão, vamos explicitar t na equação:

Agora, substituímos esse resultado na expressão a seguir e simplificamos o resultado:

Aspectos Introdutórios da Física 45


U1

Transferindo o termo x0 para o membro esquerdo e multiplicando por 2ax, obtemos:

Simplificando, obtemos:

Igualando as duas expressões de v_mx, podemos obter outra expressão também


bastante útil:

Essa última expressão poderá ser utilizada quando ax for constante, porém um valor
desconhecido.

As quatro equações que foram destacadas em quadros são as equações do


movimento com aceleração constante e poderão ser utilizadas para resolver qualquer
problema que envolva o movimento retilíneo com aceleração constante.

Veja um exemplo:

(YOUNG; FREEDMAN, 2008) Um motociclista se dirige para o leste ao longo de uma


cidade e acelera a moto depois de passar pela placa que indica os limites da cidade. Sua
aceleração é constante e igual a 4,0 m/s². No instante t = 0, ele está a 5,0 m a leste do
sinal, movendo-se para leste a 15 m/s.

Determine sua posição e velocidade para t = 2,0 s.

Onde está o motociclista quando sua velocidade é de 25 m/s?

A figura abaixo ilustra a situação:

46 Aspectos Introdutórios da Física


U1

Figura 1.14 – Motociclista deslocando-se com aceleração constante

Fonte: Adaptado de Young e Freedman (2008, p. 49).

Resolvendo o item a, podemos determinar a posição x em t=2,0 s usando a equação


do movimento a seguir:

Podemos encontrar a velocidade vx no mesmo instante, usando a equação:

Resolvendo o item b, queremos encontrar o valor de x para vx=25 m/s, mas não
sabemos em que instante a motocicleta possui essa velocidade. Portanto, vamos usar a
expressão que não envolve t:

Outra maneira de resolver o item b seria utilizar a fórmula vx=v0x+axt para determinar
o valor de t e, em seguida, encontrar x pela expressão:

Tente resolver dessa maneira e observe se você realmente conseguirá obter o


mesmo resultado.

Aspectos Introdutórios da Física 47


U1

1. (Adaptada de TIPLER, 2000) Numa estrada, de noite, você


percebe um automóvel parado e freia o seu carro para parar,
imprimindo-lhe uma desaceleração de 5m/s². É correto
afirmar que a distância de frenagem do carro, considerando a
velocidade inicial de 15 m/s (cerca de 53 km/h), é de (considere
∆x=xf – xi):

a) 20,5 m
b) 21,5 m
c) 22,5 m
d) 23,5 m
e) 24,5 m

2.2.6 Queda livre de corpos


Você certamente já deve ter percebido que todos os corpos, quando lançados,
caem em direção à Terra com uma aceleração quase constante. Isso ocorre
porque durante o lançamento o corpo está em queda livre, sendo atraído pela força
gravitacional da Terra.

Atribui-se a Galileu Galilei a formulação de leis que governam o


movimento dos corpos em queda livre, dentre tantas outras descobertas
no campo da física e da astronomia. Saiba mais sobre esse assunto lendo
o artigo disponível no link: http://posgrad.fae.ufmg.br/posgrad/viienpec/
pdfs/1408.pdf. Acesso em: 23 ago. 2015.

Aristóteles (IV a.C) defendia a ideia de que corpos mais pesados caíam mais
rapidamente do que corpos mais leves, com velocidades proporcionais a seus
respectivos pesos. Porém, Galileu Galilei (1564-1642) demonstrou que um corpo cai
com aceleração constante independentemente do seu peso, desde que os efeitos
do ar possam ser menosprezados.

48 Aspectos Introdutórios da Física


U1

Por exemplo, se uma pena e uma maçã forem abandonadas simultaneamente


da mesma altura, haverá uma pequena diferença de tempo entre suas chegadas ao
chão, devido, principalmente, à resistência do ar. Porém, se a mesma experiência
for realizada no vácuo, em que o atrito do ar seria insignificante, ambos os corpos
cairiam com mesma aceleração.
Nesse caso idealizado, em que a resistência do ar
é ignorada, o movimento é conhecido como queda
livre.
O valor da aceleração em queda livre com o
símbolo g e o vetor de aceleração por , na superfície
da Terra, consideraremos e que o vetor
esteja direcionado para baixo, em direção ao centro
da Terra.
É importante destacar que nem sempre que
mencionamos um corpo em queda livre ele estará
partindo de seu repouso, pois um corpo em queda
livre é aquele que se move livremente, sob a
influência da gravidade somente, independente de
seu movimento inicial. Sendo assim, não apenas Fonte: http://www.colegioweb.com.br/
corpos abandonados do seu repouso, mas também movimento-vertical-do-projetil-sob-
acao-da-gravidade/queda-livre.html
corpos lançados para baixo ou para cima também Acesso em: 23 ago. 2015.
serão considerados como corpos em queda livre.
Na subseção anterior (2.5.), você conheceu quatro expressões para o movimento
com aceleração constante. Pois bem, como nos corpos em queda livre também
consideramos aceleração constante, as quatro expressões que já foram apresentadas
poderão, do mesmo modo, serem aqui aplicadas. O que muda basicamente é
que, agora, o movimento será considerado na vertical e, assim,
usaremos y ao invés de x.
Veja o exemplo:
(SERWAY; JEWETT JR., 2014) Uma pedra lançada do topo de
um edifício tem velocidade inicial de 20,0 m/s para cima em linha
reta. A pedra é lançada 50,0 m acima do solo e passa perto da
ponta do telhado quando desce.
a) Usando tA=0 como o instante em que a pedra sai da mão
do lançador na posição A, determine o instante em que a pedra
atinge sua altura máxima.
b) Encontre a altura máxima da pedra.
c) Determine a velocidade da pedra quando ela retorna à altura
de onde foi lançada.

Aspectos Introdutórios da Física 49


U1

Na situação desse exemplo, temos uma pedra que está em queda livre e,
portanto, ela será modelada como uma partícula sob aceleração constante por
conta da gravidade.

Para responder ao item a, perceba que a velocidade inicial pode ser considerada
como positiva porque a pedra é lançada para cima. Depois, quando a pedra atinge
seu ponto mais alto, a velocidade muda de sinal, mas sua aceleração será sempre
para baixo.

Note, ainda, que no ponto mais alto a pedra chegará à velocidade igual a zero,
para depois mudar de sinal e começar a aumentar de maneira progressiva sua
velocidade durante a queda.

Assim, consideramos, nesse primeiro item, que a velocidade inicial é igual a 20,0
m/s por ter sido arremessada e a final é de 0 m/s (ponto mais alto – B). Logo, o
instante em que a pedra atingirá sua altura máxima será:

Observe que a aceleração da gravidade foi considerada com sinal negativo


porque se trata do momento de subida da pedra e, portanto, o movimento está
sendo contrário ao da gravidade.

Respondendo ao item b, vamos considerar a posição inicial (no ponto A) igual a


0. Assim, podemos encontrar a altura máxima por:

No item c, queremos saber a velocidade da pedra quando ela passa pela mesma
posição em que se encontra o ponto A, durante a descida. Vamos denominar esse
local, lado a lado à posição A, de D. Assim, temos:

50 Aspectos Introdutórios da Física


U1

Quando resolvemos a raiz quadrada, podemos obter um resultado positivo e um


negativo. Escolhemos a negativa porque sabemos que a pedra se move para baixo
no ponto D. A velocidade da pedra, quando retorna à sua altura original, é igual à
sua velocidade inicial em módulo, mas tem direção oposta.

2.2.7 Velocidade e posição por integração


Você estudou, até o momento, o movimento retilíneo com aceleração constante.
Porém, as equações deduzidas para esses casos não são aplicáveis em situações em
que a aceleração não é constante.

Para iniciar o estudo desse caso, observe o gráfico abaixo:

Figura 1.15 – Exemplo de gráfico axt para um corpo cuja aceleração t não é constante

Fonte: Adaptado de: http://slideplayer.com.br/slide/1601536/. Acesso em: 23 ago. 2015.

No gráfico, temos a aceleração versus tempo para um corpo cuja aceleração


não é constante. Nesse caso, podemos dividir o intervalo de tempo entre t1 e t2 em
intervalos muito menores (∆t). Assim, teremos que ∆νx=amx ∆t, onde ∆νx é a área
do retângulo que possui altura amx e largura ∆t. A variação total da velocidade em
qualquer intervalo de tempo é a soma das variações de ∆νx de todos os pequenos
intervalos.

No limite em que todos os intervalos ∆t tornam-se muito pequenos e numerosos,


o valor de a_mx para o intervalo de tempo entre t e t+∆t se aproxima da aceleração
ax no tempo t. Nesse limite, a área sob a curva axt será dada pela integral de ax de
t1 e t2:

Aspectos Introdutórios da Física 51


U1

Onde ν1x e ν2x são as velocidades dos corpos nos tempos t1 e t2, respectivamente.

Com a curva da velocidade versus tempo, podemos fazer um procedimento


análogo, considerando x1 e x2 como as posições nos tempos t1 e t2, respectivamente.
O deslocamento ∆x durante um pequeno intervalo de tempo ∆t será igual a νmx ∆t.
Assim, temos:

Considerando t1=0 t2=t (instante posterior) e x0 e ν0x como sendo a posição e a


velocidade inicial, respectivamente, para t=0, então, teremos:

Veja o exemplo:

(TIPLER, 2000) Uma barca navega com a velocidade constante de ν0=8 m/s
durante 60 s. Depois, desliga os motores e fica navegando ao léu com velocidade
expressa por v=(ν0 t1² )/t², em que t1=60 s. Qual o deslocamento da barca de t=0 até
t→ ∞?

Resolução:

A velocidade da barca é constante durante os primeiros 60 s. Logo:

52 Aspectos Introdutórios da Física


U1

O deslocamento restante é dado pela integral da velocidade de t=60 s até t→ ∞:

O deslocamento total é igual à soma dos dois deslocamentos calculados:

∆x=∆x1 + ∆x2=480 + 480=960 m

Nesta unidade, você aprendeu:


• As unidades do sistema SI e algumas conversões entre sistemas
de unidades.
• A notação científica como forma de representar medidas muito
grandes ou muito pequenas, bem como as maneiras de realizar
operações com esse tipo de notação.
• Os conceitos e expressões matemáticas relacionados à velocidade.
• Os conceitos e expressões matemáticas relacionados à aceleração.
•.Os conceitos e aplicações de expressões do movimento para
aceleração constante em situações de queda livre.
• A determinar a velocidade e a aceleração por integração.

Os conceitos trabalhados nesta unidade são elementares para o


estudo geral da física, sobretudo no que diz respeito à mecânica
clássica.
Espera-se que, ao final deste estudo, além de compreender
os conceitos abordados, você tenha apreendido maneiras de
pensar sobre fenômenos físicos em termos matemáticos, sendo
capaz de modelar um fenômeno físico por meio de linguagem

Aspectos Introdutórios da Física 53


U1

matemática, bem como de interpretar fisicamente soluções


matemáticas.
Contudo, vale destacar que, para que a aprendizagem nesta
disciplina de fato ocorra, é muito importante que você faça
as leituras sugeridas, resolva as atividades de aprendizagem e
também, se possível, faça pesquisa em bibliotecas e estude os
materiais que compõem a bibliografia dessa unidade.
Além disso tudo, não se esqueça de acessar o fórum. É por meio
dele que você poderá sanar suas dúvidas.
Bons estudos!

1. (Adaptada de TIPLER, 2000) No dia da formatura, um


estudante de física, muito satisfeito, joga seu boné para
cima com velocidade inicial de 14,7 m/s. Sendo de 9,81 m/
s² a aceleração da gravidade para baixo (desprezando-se a
resistência do ar), é correto afirmar que o tempo que o boné
leva para chegar ao ponto mais elevado da trajetória é:

a) 1,15 s
b) 1,20 s
c) 1,30 s
d) 1,45 s
e) 1,50 s

2. (Adaptada de TIPLER, 2000) Num ensaio de colisão, um


carro, a 100 km/h, colide com uma barreira de concreto. Em
quanto tempo o carro para?

a) 0,051 s
b) 0,053 s
c) 0,054 s
d) 0,057 s
e) 0,059 s

54 Aspectos Introdutórios da Física


U1

3. (Adaptada de YOUNG; FREEDMAN, 2008) Uma moeda de


1 euro é largada da Torre de Pisa. Ela parte do repouso e se
move em queda livre. É correto afirmar que sua posição e sua
velocidade no instante 2,0 s será:

a) –19,6 m e –19,6 m/s


b) 19,6 m e –19,6 m/s
c) –19,6 m e 19,6 m/s
d) 19,6 m e 19,6 m/s
e) –19,8 m e 19,6 m/s

4. (Adaptada de TIPLER, 2000) Um carro passa a 25 m/s


(cerca de 90 km/h) diante de uma escola. Um carro de polícia
sai atrás do infrator, acelerando a 5 m/s². Quando o carro da
polícia alcança o do infrator?

a) Em 5 s
b) Em 10 s
c) Em 15 s
d) Em 20 s
e) Em 25 s

5. (Adaptada de YOUNG; FREEDMAN, 2008) Sueli está


dirigindo um carro em um trecho retilíneo de uma estrada.
No tempo t=0, quando está se movendo a 10 m/s no sentido
positivo do eixo 0x, ela passa por um poste de sinalização a
uma distância x = 50 m. Sua aceleração em função do tempo
é dada por:
ax=2,0 m/s²-(0,10 m/s³)t

É correto afirmar que a velocidade máxima atingida, sabendo


que essa ocorre no instante t=20, é de:

a) 10 m/s
b) 20 m/s
c) 30 m/s
d) 40 m/s
e) 50 m/s

Aspectos Introdutórios da Física 55


U1

56 Aspectos Introdutórios da Física


U1

Referências

SERWAY, Raymond A.; JEWETT JR., John W. Princípios de Física. Tradução de Márcio
Maia Vilela. São Paulo: Cengage Learning, 2014.
TIPLER, Paul A. Física para cientistas e engenheiros. Tradução de Horácio Macedo.
Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos S. A., 2000.
YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Física I. Tradução de Sonia Midori Yamamoto.
12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2008.

Aspectos Introdutórios da Física 57


Unidade 2

FORÇA E MOVIMENTO

Keila Tatiana Boni

Objetivos de aprendizagem:

Com esta unidade, objetiva-se que você apreenda como representar a


posição de um corpo em duas ou três dimensões, bem como seja capaz
de determinar a velocidade e a aceleração vetoriais de um corpo nessas
condições. Além disso, objetiva-se que você compreenda como descrever a
trajetória em curva percorrida por um projétil e os conceitos relativos à força
e suas aplicações, inclusive alguns casos de forças fundamentais da natureza.

Seção 2.1 | Movimento em duas e três dimensões


Nesta seção, você estudará a cinemática de um objeto que pode ser
modelado como uma partícula que se move em um plano ou em um
espaço (movimento bidimensional e tridimensional, respectivamente).
Ainda, nesta mesma seção, você estudará alguns aspectos relacionados ao
deslocamento de partículas em trajetórias curvas (movimento de projéteis).

Seção 2.2 | Força e movimento


Nesta seção, você dará início ao estudo da dinâmica, em que se iniciam
discussões sobre as causas da mudança no movimento das partículas
usando os conceitos de força e massa e, ainda, as três leis fundamentais
de movimento formuladas por Newton. Em seguida, tendo estudado as
leis de movimento, enfatizamos aplicações dessas às situações diversas,
inclusive quando envolvemos a força de atrito, permitindo-nos, assim,
modelar situações de maneira mais próxima à realidade. Dentre essas
aplicações, damos destaque ao movimento circular.
U2

60 Força e Movimento
U2

Introdução à unidade

Nesta seção, você dará início ao estudo da dinâmica, em que se iniciam


discussões sobre as causas da mudança no movimento das partículas usando
os conceitos de força e massa e, ainda, as três leis fundamentais de movimento
formuladas por Newton. Em seguida, tendo estudado as leis de movimento,
enfatizamos aplicações dessas às situações diversas, inclusive quando envolvemos
a força de atrito, permitindo-nos, assim, modelar situações de maneira mais próxima
à realidade. Dentre essas aplicações, damos destaque ao movimento circular.

Introdução à unidade

A partir das abordagens realizadas na unidade anterior, você já deve ter percebido
que vivemos cercados de grandezas físicas, as quais podem ser consideradas
como vetoriais ou escalares.

Contudo, na primeira unidade, você aprendeu a equação e a modelação de


situações envolvendo posição, velocidade e aceleração, todos em um determinado
instante de tempo, apenas em movimentos em unidimensionais. Agora, você
aprofundará seus conhecimentos sobre esses mesmos conceitos da cinemática,
porém em movimentos em duas e três dimensões.

Mas, até o momento, você estudou conceitos relativos a movimento, sempre


desconsiderando as causas desses. Sobre essas causas, você estudará, ainda nesta
segunda unidade, uma introdução à dinâmica, que é a parte da mecânica que
estuda os movimentos, considerando os fatores que os produzem e modificam.
Assim, nessa parte de seus estudos, você conhecerá as leis que regem movimentos,
envolvendo os conceitos de massa, força e energia, entre outros.

Destacamos, desde já, que essas abordagens relativas às causas de movimentos


serão realizadas na perspectiva da mecânica clássica, que é embasada nos
pensamentos de Galileu e Newton.

Força e Movimento 61
U2

62 Força e Movimento
U2

Seção 2.1

Movimento em duas e em três dimensões

Introdução à seção
Considerar partículas se movendo simplesmente ao longo de uma linha reta nos
impossibilita de responder questionamentos, tais como: ao chutar uma bola, o que
determina onde a bola irá parar? Ou, ao longo de uma curva, como seria possível
descrever o movimento do carrinho de uma montanha-russa?

Para responder a questionamentos como esses, precisamos estender a descrição


do movimento para duas e três dimensões. Você perceberá que continuaremos,
nesses casos, utilizando as grandezas vetoriais de deslocamento, velocidade e
aceleração. A única diferença é que agora tais grandezas não serão limitadas apenas
aos movimentos retilíneos.

Versando descrever o movimento, não importando analisar suas causas, você


perceberá que nessa seção recorreremos, ao mesmo tempo, a conceitos estudados
na unidade anterior, sobretudo à linguagem cinemática que foi estudada, bem como
a conhecimentos advindos da disciplina de geometria analítica e álgebra vetorial,
principalmente no que diz respeito à linguagem e operações vetoriais.

2.1.1 Vetor posição e vetor velocidade


Na unidade anterior, você já estudou o movimento de uma partícula ao longo
de uma linha reta (como o eixo x), em que você deve ter percebido que ela é
completamente especificada se sua posição é conhecida como uma função do
tempo. Essa ideia será agora estendida para o movimento no plano xy e no espaço
xyz e, portanto, obteremos as mesmas funções já estudadas na unidade anterior,
porém de natureza vetorial.

Primeiramente, para que possamos descrever um movimento, precisamos


descrever a posição da partícula. Considere, em um dado instante, uma partícula em
um ponto P. Nesse caso, o vetor posição da partícula, no especificado instante, é
um vetor que vai desde a origem do sistema de coordenadas até o ponto P:

Força e Movimento 63
U2

Figura 2.1 – Vetor posição no espaço e no plano (respectivamente)

Fonte: A autora (2015).

As coordenadas cartesianas x,y,z (espaço) e x,y (plano) do ponto P são os


componentes do vetor . Usando vetores unitários, podemos escrever como vetor
posição:

Como você pode perceber, as equações que utilizamos para o espaço e para
o plano serão os mesmos, diferenciando-se apenas pela última componente .
Nesse sentido, a partir de agora, nos referiremos apenas às equações no espaço,
destacando que deverá ficar subentendido que elas serão análogas para as
equações no plano, sendo necessário, nesse caso, simplesmente, desconsiderar a
componente .

Durante um intervalo de tempo ∆t, a partícula movimenta-se de um ponto P1,


em que o vetor posição é , até um ponto P2, em que o vetor posição é . Logo, a
variação da posição é

A partir dessa ideia, podemos definir a velocidade média da mesma maneira que
definimos na unidade anterior para o movimento retilíneo, dividindo o deslocamento
pelo intervalo de tempo:

Agora, vamos definir a velocidade instantânea, tal como já fizemos no movimento


unidimensional: como o cálculo do limite da velocidade média quando o intervalo de
tempo tende a zero, sendo o resultado desse limite igual à taxa de variação do vetor
posição com o tempo. A principal diferença que temos agora é que tanto a posição
quanto a velocidade instantânea são vetores:

64 Força e Movimento
U2

Vale destacar que o módulo do vetor em qualquer instante é a velocidade


escalar v da partícula no referido instante. A direção e o sentido de em qualquer
instante é a mesma direção e sentido em que ela se move no referido instante.

Observe a figura a seguir:

Figura 2.2 – Deslocamento entre os pontos P1 e P2

Fonte: <http://interna.coceducacao.com.br/ebook/pages/1896.htm>. Acesso em: 26 set. 2015.

Perceba, na Figura 2.2, que, quando ∆t → 0, o ponto P1 aproxima-se cada vez


mais de P2. Dessa forma, nota-se que, nesse limite, o vetor torna-se tangente à
curva, sendo esse vetor de mesma direção e sentido que a velocidade instantânea .
Assim, podemos concluir que o vetor velocidade instantânea é tangente à trajetória
em cada um dos seus pontos.

Considerando as variações ∆x,∆y e ∆z,, durante qualquer deslocamento de ,


temos que tais variações correspondem às componentes de . Do mesmo modo,
podemos considerar que as componentes de e são as derivadas das
coordenadas x,y e z em relação ao tempo:

Perceba que os mesmos resultados podem ser obtidos se derivarmos a equação


do vetor posição:

Quanto ao módulo do vetor velocidade instantânea ( ), ou seja, a velocidade


escalar, pode ser obtida pelo teorema de Pitágoras, a partir dos componentes
e :

Força e Movimento 65
U2

Quanto à direção da velocidade instantânea , essa pode ser obtida pelo cálculo
da tangente do ângulo a formado por duas das componentes.
Tendo em vista que o vetor velocidade instantânea, em geral, é mais útil que
o vetor velocidade média, a partir de agora, sempre que mencionarmos a palavra
“velocidade” estaremos nos referindo ao vetor velocidade instantânea ( ).

Por que, em geral, o vetor velocidade instantânea é mais


útil que o vetor velocidade média? E em que situações
encontramos utilidade para esses tipos de vetores?

Para fixar melhor os estudos realizados até agora, veja um exemplo:

Exemplo 1: (YOUNG; FREEDMAN, 2008, p. 71) Um veículo robótico está


explorando a superfície de Marte. O módulo de aterrissagem é a origem do sistema de
coordenadas e a superfície do planeta é o plano xy. O veículo, que será representado
por um ponto, possui componentes x e y, que variam com o tempo de acordo com:

x=2,0m-(0,25m/s²)t²

y=(1,0 m/s)t + (0,025 m/s³)t³

a) Calcule as coordenadas do veículo e sua distância do módulo de aterrissagem


no instante t=2,0 s.

b) Calcule o vetor deslocamento e o vetor velocidade média no intervalo de


tempo entre t=0 s e t=2,0 s.

c) Deduza uma expressão geral para o vetor velocidade instantânea do veículo.


Expresse a velocidade instantânea em t=2,0 s, usando componentes e também em
termos do módulo, direção e sentido.

Resolução:

Esse problema se refere ao movimento em duas dimensões.

66 Força e Movimento
U2

No instante t=2,0 s, as coordenadas do carro são:

x=2,0 m-(0,25 m/s²) (2,0 s)²=1,0 m

y=(1,0 m/s)(2,0 s)+(0,025 m/s³)(2,0 s)³=2,2 m

A distância entre o veículo e a origem nesse instante é:

Para determinar o deslocamento e a velocidade média, escrevemos o vetor


posição em função do tempo t:

Para t=0 s, o vetor posição é:

No item a), encontramos para t=2,0 s a expressão:

Portanto, o deslocamento entre t=0 s e t=2,0 s é:

Durante esse intervalo de tempo, o veículo se desloca 1,0 m no sentido negativo


do eixo Ox e 2,2 m no sentido positivo do eixo Oy. A velocidade média no intervalo
de tempo entre t=0 s e t=2,0 s é o deslocamento dividido pelo intervalo de tempo:

Os componentes dessa velocidade média são:

Força e Movimento 67
U2

Os componentes da velocidade instantânea são as derivadas das coordenadas


em relação ao tempo:

Podemos escrever o vetor velocidade instantânea como:

Para t=2,0 s os componentes da velocidade instantânea são:

O módulo da velocidade instantânea (a velocidade escalar) para t=2,0 s é:

Sua direção em relação ao eixo positivo Ox é dada pelo ângulo a, onde:

Logo, a =128°.

Se você utilizar a calculadora, notará que a função inversa da tangente de –1,3


é –52°. Contudo, é preciso analisar qual é a direção e o sentido do vetor. Logo, a
resposta correta para a é –52°+180°=128°.

68 Força e Movimento
U2

2.1.2 Vetor aceleração


Assim como você já estudou no caso de movimento unidimensional, a aceleração
indica como a velocidade de uma partícula está variando. Assim, considerando que a
velocidade é um vetor, a aceleração descreverá variações do módulo da velocidade
escalar, bem como variações da direção e do sentido do movimento no espaço.

Observe a figura a seguir:


Figura 2.3 – Carro se movendo ao longo de uma trajetória curva

Fonte: <http://osfundamentosdafisica.blogspot.com.br/2014/05/cursos-do-blog-mecanica_12.html>. Acesso em: 22 out. 2015.

De acordo com a Figura 2.3, o carro acelera enquanto reduz ao fazer uma curva
(sua velocidade instantânea varia tanto em módulo quanto direção).

Perceba, pela Figura 2.3, que os vetores e v representam, respectivamente,


o vetor velocidade instantânea da partícula no instante t1 , quando ela está no ponto
P1 , e o vetor velocidade instantânea da partícula no instante t2 , quando ela está no
ponto P2.

As duas velocidades, e , podem possuir módulos e


direções diferentes?

No intervalo de tempo entre ta e tb, a variação vetorial da velocidade é

Assim, definimos o vetor aceleração média da partícula nesse intervalo de


tempo como sendo a variação vetorial da velocidade dividida pelo intervalo de
tempo:

Força e Movimento 69
U2

Vale destacar que a aceleração média é uma grandeza vetorial que possui a
mesma direção e sentido do vetor Além disso, perceba que o componente
x da última equação apresentada (da ) é amx= (νbx – νax)/(tb – ta) = que
é exatamente a mesma equação que você estudou na unidade anterior para a
aceleração média no movimento unidimensional.

Definindo a aceleração instantânea , consideramos a mesma no ponto P1


como o limite da aceleração média quando o ponto P2 se aproxima de P1 e e ∆t
tendem a zero simultaneamente. Além disso, a aceleração instantânea é igual à taxa
de variação da velocidade instantânea com o tempo, sendo, agora, a aceleração
instantânea uma grandeza vetorial:

Na Figura 2.3, você pôde perceber que o vetor velocidade é tangente à trajetória
da partícula. Já o vetor aceleração instantânea de uma partícula em movimento
sempre aponta para o lado interno de qualquer volta que a partícula esteja fazendo,
conforme você pode observar na figura a seguir:

Figura 2.4 – Aceleração instantânea de uma partícula em movimento

Fonte: Adaptado de <http://www.notapositiva.com/pt/trbestbs/fisica/12_movimento_circular_unif_acelerado_d.htm>. Acesso


em: 27 set. 2015.

70 Força e Movimento
U2

É importante destacar que, mesmo quando a velocidade escalar é constante, a


aceleração é sempre diferente de zero.

Como a aceleração instantânea nos interessa mais que a aceleração média, a


partir de agora, sempre que mencionarmos a palavra “aceleração”, estaremos nos
referindo ao vetor aceleração instantânea .

Assim como no caso da velocidade, cada componente do vetor aceleração pode


ser obtido a partir da derivada do respectivo componente do vetor velocidade:

Em termos dos vetores unitários, temos:

Tendo em vista que cada componente da velocidade é dado pela derivada da


respectiva coordenada da posição, temos os componentes ax, ay e az do vetor
aceleração a partir de:

E o vetor aceleração pode ser obtido da seguinte forma:

Você pode aprofundar seus conhecimentos sobre aceleração instantânea


acessando o link: https://www.youtube.com/watch?v=nzarbKerK8U.
Nesse link, você encontrará um vídeo que traz maiores esclarecimentos
sobre aceleração instantânea, bem como a explicação de exercícios
resolvidos.

Força e Movimento 71
U2

2.1.3 Movimento de projéteis


Qualquer corpo lançado com uma velocidade inicial e que segue uma determinada
trajetória exclusivamente pela aceleração da gravidade e pela resistência do ar pode
ser considerado como um projétil. Consideramos, ainda, como trajetória desse
projétil a curva descrita por ele.

Assim, podemos citar como exemplos de movimentos de projéteis: uma bola de


futebol quando chutada, uma bala atirada por uma arma de fogo etc.

Para nossos estudos, representaremos um projétil por uma partícula com


aceleração constante em módulo, direção e sentido, desprezando a resistência do
ar e a curvatura e rotação da Terra.

Primeira observação a ser feita é que o movimento de um projétil sempre está


limitado a um plano vertical determinado pela direção da velocidade inicial, conforme
pode ser visto na figura seguinte:

Figura 2.5 – A trajetória de um projétil

Fonte: A autora (2015).

Essa primeira observação decorre da aceleração da gravidade que é sempre


vertical, não podendo, portanto, produzir um movimento lateral no projétil. Assim, o
movimento de um projétil ocorre sempre em duas dimensões.

Ao analisar um projétil, o primeiro passo é analisar separadamente as


coordenadas x e y: o componente x da aceleração é igual a zero e o componente
y é constante e igual a -g. Logo, podemos considerar o movimento de um projétil
como a combinação de um movimento horizontal com velocidade constante e um
movimento vertical com aceleração constante.

Assim, os componentes de são:

72 Força e Movimento
U2

Considerando que os componentes x e y da aceleração são constantes, podemos


utilizar as mesmas fórmulas já estudadas na unidade anterior. Por exemplo: supondo
t=0 o instante em que uma partícula encontra-se em repouso no ponto (x0,y0) e que
nesse instante a velocidade inicial possua componentes ν0x e ν0y, os componentes
da aceleração são ax=0 e ay = –g. Logo, temos:

Isso foi feito considerando o movimento no eixo 0x. Agora, para o movimento
no eixo 0y, temos:

Observe a figura a seguir:


Figura 2.6 – Trajetória de um projétil que começa na origem em dado instante t=0

Fonte: http://www.coladaweb.com/fisica/mecanica/composicao-de-movimentos. Acesso em: 27 set. 2015.

Pela Figura 2.6, podemos notar que o componente x da aceleração é igual a zero,
portanto νx é constante. O componente y da aceleração é constante e não nulo,
de modo que νy varia em quantidades iguais durante intervalos de tempo iguais. No
ponto mais elevado da trajetória, νy=0.

Outra maneira de representar a velocidade inicial 0 é pelo seu módulo ν0 (velocidade


escalar inicial) e seu ângulo a0 com o sentido positivo do eixo 0x. Quanto aos
componentes, nesse caso, temos:

Força e Movimento 73
U2

Assim, utilizando x_0=y_0=0 nas equações que já são conhecidas, temos:

Tais equações descrevem a posição e a velocidade de um projétil em qualquer


instante t e, a partir delas, é possível obtermos diversas informações, como, por
exemplo:

A distância r entre o projétil e a origem (módulo do vetor posição ):

A velocidade escalar do projétil (módulo de sua velocidade):

A direção e o sentido da velocidade (sentido positivo de 0x):

Em cada ponto, o vetor velocidade é tangente à trajetória nesse ponto.

Eliminando t e considerando x e y, podemos obter a equação da forma da


trajetória. A partir das equações

e considerando x0 = y0 = 0, obtemos:

Nessa equação, as grandezas são constantes, o que nos

74 Força e Movimento
U2

conduz à compreensão de que essa equação tem a forma:

A partir da última equação apresentada, y=bx – cx2, é correto


afirmar que o movimento de um projétil é sempre uma
parábola?

Para melhor compreensão sobre o movimento de projéteis, vamos analisar e


resolver um exemplo.

Exemplo 2: (TIPLER, 2000, p. 62) Um helicóptero descarrega suprimentos para


uma tropa acampada na clareira de uma floresta. A carga do helicóptero, a 100 m de
altura, voando a 25 m/s num ângulo de 36,9º com a horizontal.

a) Em que ponto a carga atinge o solo?

b) Se a velocidade do helicóptero for constante, onde estará quando a carga


atingir o solo?

Resolução:

A distância horizontal coberta pela carga é dada pela equação:

onde t é o tempo de queda.

Esse valor de t pode ser calculado pela equação:

A origem pode estar no pé da vertical baixada do helicóptero no instante do


lançamento da carga. A velocidade inicial da carga é a velocidade inicial do
helicóptero.

A partir de todas essas informações, vamos resolver cada um dos itens solicitados
no exercício:

Força e Movimento 75
U2

a) O ponto de impacto da carga com o solo, x, é dado pelo produto entre a


velocidade horizontal e o tempo de queda:

Calculando a velocidade horizontal da carga lançada, temos:

Agora, pela equação de y, obtemos t quando y=0:

Calculamos x considerando a raiz positiva de t:

b) Determinando as coordenadas do helicóptero no instante em que a carga


atinge o solo, temos:

76 Força e Movimento
U2

1. (Adaptada de SERWAY; JEWETT JR., 2014, p. 80) Uma pedra


é lançada para cima do topo de um edifício a um ângulo de
30° na horizontal, com velocidade escalar inicial de 20 m/s. A
altura de onde a pedra é lançada é de 45 m acima do solo. Qual
é a velocidade da pedra imediatamente antes de atingir o solo?

a) 33,9 m/s
b) 34,1 m/s
c) 34,7 m/s
d) 35,2 m/s
e) 35,8 m/s

2. (Adaptada de YOUNG; FREEDMAN, 2008, p. 81) Um


motociclista maluco se projeta para fora da borda de um
penhasco. No ponto exato da borda, sua velocidade é horizontal
e possui módulo igual a 9 m/s. É correto afirmar que a distância
do ponto de partida até a borda do penhasco depois de 0,50
segundos é:

a) 4,5 m
b) 4,7 m
c) 4,9 m
d) 5,1 m
e) 5,3 m

Força e Movimento 77
U2

78 Força e Movimento
U2

Seção 2.2

Força e Movimento

Introdução à seção
Você já aprendeu, até o momento, como descrever o movimento em uma, duas e
três dimensões. Mas quais são as causas subjacentes de um movimento?

Na tentativa de responder a esse questionamento, você estudará nesta seção uma


introdução à dinâmica, em que terá contato com conhecimentos que permitirão
relacionar movimentos com as forças que os produzem.

Nessa perspectiva, você conhecerá dois novos conceitos: força e massa, os quais
permitirão analisar os princípios da dinâmica. Esses princípios correspondem às três
leis de Newton para o movimento e são embasados em observações e experimentos
sobre como os objetos se movem e, por esse motivo, são leis fundamentais que não
precisam ser deduzidas ou demonstradas a partir de outros princípios.

Após estudar toda essa abordagem sobre os princípios dos movimentos, você
conhecerá algumas aplicações das leis de Newton em situações diversas de movimento
de objetos, inclusive em casos de movimento circular. Todas essas situações abrangem
o conceito de força, sobre a qual abordaremos, ainda, a sua natureza fundamental e
tipos existentes na natureza.

2.2.1 O conceito de força


Com base na experiência cotidiana, você já deve ter uma compreensão básica
do que é força: quando você puxa ou empurra um corpo exerce força sobre ele.
Mas uma definição melhor para força é que consiste em uma interação entre dois
corpos ou entre o corpo e seu ambiente. É por esse motivo que você perceberá,
no decorrer do estudo desta seção, que faremos referência sempre à força que um
corpo exerce sobre outro.

Força e Movimento 79
U2

Figura 2.7 – Algumas propriedades das forças

Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/336388/. Acesso em: 27 set. 2015.

Perceba, na Figura 2.7, que a força é uma grandeza vetorial, pois você pode
empurrar ou puxar um corpo em diferentes direções.

O quadro a seguir mostra alguns tipos comuns de força:

Quadro 2.1 – Tipos de força


(a) Força normal : quando um
objeto repousa sobre uma superfície
ou a empurra, a superfície exerce
sobre ele uma força, que é orientada
perpendicularmente à superfície
(b) Força de atrito : além da força
normal, uma superfície pode exercer
uma força de atrito sobre um objeto, que
é orientada paralelamente à superfície.
(c) Força de tensão : uma força de
puxar exercida sobre um objeto por
uma corda, cordão etc.

(d) Peso : uma força de puxar a


gravidade sobre um objeto é uma força
de longo alcance (uma força que age a
certa distância).
Fonte: Adaptado de <http://slideplayer.com.br/slide/336388/>. Acesso em: 27 set. 2015.

Dentre os tipos de força apresentados no Quadro 2.1, destacamos que as forças


(a), (b) e (c) são chamadas de forças de contato, pois envolvem o contato direto entre
dois corpos. Quanto à força (d), essa é denominada de força de longo alcance, pois

80 Força e Movimento
U2

é um tipo de força que atua mesmo quando corpos estão muito afastados entre si.

Como a força é vetorial, então é preciso descrever a direção e o sentido em


que o vetor age, assim como o seu módulo, que explicita “quanto”, ou, melhor
dizendo, a “intensidade” com que a força puxa ou empurra. No SI, a unidade do
módulo de uma força é o Newton (N).

Para inferir o módulo de forças, existe um aparelho semelhante a uma balança de


molas, que é o dinamômetro.

Para saber mais sobre o que é e como funciona um dinamômetro,


acesse os links: Disponível em: <http://www.if.ufrgs.br/
cref/?area=questions&id=256>. Acesso em: 28 set. 2015.
Disponível em: <http://www.cienciamao.usp.br/dados/coci/_
arquimedesemconstrucao.anexo.pdf>. Acesso em: 28 set. 2015.

É possível que exista mais de uma força agindo sobre um


mesmo corpo ao mesmo tempo? Em caso afirmativo, que
tipo de situação poderia ilustrar a ação simultânea de mais
de uma força sobre um mesmo corpo?

Imagine que você está jogando vôlei com seus amigos. Que força está agindo
sobre a bola? Acho que você vai concordar que existem, no mínimo, duas forças
agindo sobre essa bola: o empurrão que você dá com suas mãos e a força da
gravidade que “puxa” a bola para baixo. Numa situação como essa, em que
evidenciamos mais de uma força agindo sobre um mesmo corpo de maneira
simultânea, é possível comprovar, experimentalmente, que as duas forças atuantes
nesse caso, e , produzem um mesmo efeito que uma única força , dada pela
soma vetorial das duas forças: . Assim, de maneira geral, temos que o
efeito sobre o movimento de um corpo produzido por um número qualquer de
forças é o mesmo efeito produzido por uma força única igual à soma vetorial de
todas as forças (YOUNG; FREEDMAN, 2008). Isso que acabamos de generalizar
corresponde ao que chamamos de superposição de forças.

Força e Movimento 81
U2

Os procedimentos para efetuar operações com vetores, sobretudo a


soma vetorial, você encontra no livro da disciplina de Geometria Analítica
e Álgebra Vetorial. Caso não lembre desses procedimentos, é muito
importante que você consulte esse material, pois esses conhecimentos
serão bastante utilizados nesse estudo sobre forças.

Veja alguns exemplos:

Figura 2.8 – Superposição de forças

Fonte: Adaptado de http://slideplayer.com.br/slide/336388/. Acesso em: 28 set. 2015.

dee Na observar
NaFigura
observar Figura no
no item
2.8,
2.8,
itemvocê
você(A)
(A)pode uma
uma observar
pode força
observar 𝐹𝐹 que noatua
no item
item (A) (A) uma uma força 𝐹𝐹 que atua
Na Figura 2.8, você pode observar no item (A) uma força que atua sobre o
. Os
ere Os vetores
oo corpo
corpo
vetores emem componentes
um
um ponto
ponto𝑂𝑂.
componentes 𝑂𝑂.de Os
de nas direções
Os𝐹𝐹vetores
vetores componentes
componentes de de 𝐹𝐹 nas direções
corpo em um ponto O. Os vetores componentes de nas direções Ox e Oy são,
𝐹𝐹 eesão,
e𝐹𝐹!𝑂𝑂𝑂𝑂
!𝑂𝑂𝑂𝑂 !!.. Quando
𝐹𝐹𝐹𝐹são, Quando aplicamos
respectivamente,
respectivamente,
respectivamente,aplicamos 𝐹𝐹𝐹𝐹!!! eee 𝐹𝐹𝐹𝐹!!!.. Quando Quando aplicamos
Quando aplicamos 𝐹𝐹 𝐹𝐹!! e 𝐹𝐹!! simultaneamente, que é o que
observamos na Figura 2.8, item (B), temos um efeito que é igual ao produzido pela
== 𝑅𝑅𝐹𝐹𝑅𝑅==força
𝐹𝐹 𝐹𝐹 +𝐹𝐹𝐹𝐹!!+
(𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕
𝐹𝐹(𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕
!!+ +𝐹𝐹𝐹𝐹!!++𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝
𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬
𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬
original .⋯Assim,
𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝
⋯ == 𝐹𝐹 (𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕
𝐟𝐟𝐟𝐟𝐟𝐟ç𝐚𝐚𝐚𝐚)
𝐹𝐹 (𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕 𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬
evidenciamos 𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬 𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝 𝐟𝐟𝐟𝐟𝐟𝐟ç𝐚𝐚𝐚𝐚)
𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝
que qualquer força pode ser substituída pelos
seus vetores componentes, sendo esses atuantes em um mesmo ponto (YOUNG;
FREEDMAN, 2008).
𝐹𝐹𝐹𝐹!! = 𝑅𝑅Na
𝑅𝑅𝑅𝑅Generalizando
!! = 𝐹𝐹!!==
𝑅𝑅!𝐹𝐹
!
Figura 𝐹𝐹!! 2.8, você𝑅𝑅𝑅𝑅pode
𝐹𝐹essas !! == observar𝐹𝐹𝐹𝐹!! no item (A) uma força 𝐹𝐹 que atua
abordagens sobre a superposição de forças, note que,
no sobre decorrer o corpo desseem um ponto
estudo sobre 𝑂𝑂. Os vetores
forças, será necessário componentes determinarde 𝐹𝐹 nas direções
o vetor soma
(resultante) Nade
e 𝑂𝑂𝑂𝑂 todas
Figura
são, as forças
2.8,
respectivamente, você que podeatuam e 𝐹𝐹!sobre
𝐹𝐹!observar . Quando no um corpo
item (A) (força resultante).
uma𝐹𝐹!forçae 𝐹𝐹! 𝐹𝐹 que Logo:
atua
à soma Ondedos
soma
Onde dos𝐹𝐹𝐹𝐹 𝑂𝑂𝑂𝑂
corresponde
!componentes
!componentes
corresponde àeesoma
𝑥𝑥𝑥𝑥
à soma 𝐹𝐹!! à dos
dossoma componentes
dos
componentes 𝑥𝑥𝑥𝑥 ee 𝐹𝐹!!aplicamos
à soma dos
mponentes sobre o corpo em componente
um positivo
ponto 𝑂𝑂. ou Os vetores(Vetor componentes de 𝐹𝐹 nas direções
da componente
a componente
ponentes 𝑦𝑦𝑦𝑦, , podendo
podendo
apresentar
apresentar cada
= 𝐹𝐹!sinal
𝑅𝑅cada componente
+ 𝐹𝐹! + apresentar
𝐹𝐹! + ⋯ apresentar
= 𝐹𝐹 sinal
(𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕 positivo
soma
𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬 𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝ou
das forças)
𝐟𝐟𝐟𝐟𝐟𝐟ç𝐚𝐚𝐚𝐚)
ativo.
ativo. 𝑂𝑂𝑂𝑂 e 𝑂𝑂𝑂𝑂 são, respectivamente, 𝐹𝐹! e 𝐹𝐹! . Quando aplicamos 𝐹𝐹! e 𝐹𝐹!

Tendo obtido
possível
possível
Tendo obtido𝑅𝑅𝑅𝑅!! ee𝑅𝑅
determinar
determinar , éé𝐹𝐹possível
oo𝑅𝑅𝑅𝑅!!módulo,
módulo,
,= possível determinar
𝐹𝐹!a +direção e o oo𝐹𝐹 módulo,
𝐹𝐹determinar
! +específica !+⋯=
módulo,
(𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕aa 𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬
direção
direção e𝐟𝐟𝐟𝐟𝐟𝐟ç𝐚𝐚𝐚𝐚)
𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝e o
o
De maneira mais 𝑅𝑅! =para𝐹𝐹!cada componente,
𝑅𝑅! = 𝐹𝐹podemos escrever a força
!
tido
𝐹𝐹
do𝐹𝐹dada
que
queforça
atuaresultante
sobre
resultante
atuaresultante
força um
como:
sobre um𝑅𝑅corpo: corpo:
𝑅𝑅 = 𝐹𝐹 que atua sobre
= 𝐹𝐹 que atua sobre um corpo: um corpo:

(Módulo𝑅𝑅𝑅𝑅 ! resultante)
(Módulo da==força
da 𝑅𝑅𝑅𝑅!!!Onde
força ++𝑅𝑅𝑅𝑅!!²² 𝐹𝐹! corresponde
resultante) (Módulo
(Módulo da força
𝑅𝑅! =da força resultante)
à𝐹𝐹!soma dos 𝑅𝑅componentes
resultante)! = 𝐹𝐹! 𝑥𝑥 e 𝐹𝐹! à soma dos
componentes 𝑦𝑦 , podendo cada componente apresentar sinal positivo ou

madoQuanto
mado
Quanto peloao
pelo ao eixo
eixo 𝑂𝑂𝑂𝑂Onde
negativo.
ângulo
ângulo
𝑂𝑂𝑂𝑂 ee𝜃𝜃,
𝜃𝜃,
𝑅𝑅, 𝐹𝐹! corresponde
formado
pode
𝑅𝑅, formado
pode pelo
serpelo
ser eixo
obtido
obtido
eixo à𝑂𝑂𝑂𝑂
soma
pela
𝑂𝑂𝑂𝑂
pela 𝑅𝑅,dos
ee 𝑅𝑅, componentes
pode
pode ser obtido
ser e 𝐹𝐹! à soma dos
obtido 𝑥𝑥pela
pela
𝑡𝑡𝑡𝑡𝜃𝜃𝜃𝜃==𝑅𝑅𝑅𝑅componentes Tendo obtido 𝑅𝑅! epositivos,
, componentes
podendo , é 𝑅𝑅possível
𝑅𝑅!cada determinar o módulo,
sinala positivo
direção e
ouo
sção
s componentes
ãocomponentes
𝑡𝑡𝑡𝑡82
!/𝑅𝑅
! ..!Força
/𝑅𝑅𝑅𝑅
!𝑅𝑅 Como
ee 𝑅𝑅
Como
! !
𝑅𝑅 𝑦𝑦
os
podem
! podem
!os
e Movimento
componentes
ser
ser 𝑅𝑅 !componente
positivos, ee 𝑅𝑅 podem
𝑅𝑅! podem
!
apresentar
ser positivos,
ser !
positivos,
ativos negativo.
sentido
ou localizado
pode ser nulos, da força
o ângulo
em resultante
𝜃𝜃 pode
qualquer ser
um localizado quequalquer
dos𝑅𝑅 = 𝐹𝐹em atua sobre
um um
doscorpo:
! !! !! !
𝑅𝑅 𝑅𝑅𝑅𝑅 =
=!!!𝐹𝐹
= + 𝐹𝐹!𝐹𝐹𝐹𝐹!!!+ 𝐹𝐹! + ⋯ = 𝑅𝑅𝑅𝑅!!! =
= 𝐹𝐹 𝐹𝐹𝐹𝐹!(𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕 𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬 𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝 𝐟𝐟𝐟𝐟𝐟𝐟ç𝐚𝐚𝐚𝐚)
! 𝑅𝑅
𝑅𝑅!! =
= 𝐹𝐹
𝐹𝐹!! 𝑅𝑅 =!! 𝐹𝐹
𝑅𝑅!! = 𝐹𝐹!!
𝑅𝑅! = 𝐹𝐹! 𝑅𝑅 = 𝑅𝑅! =
𝐹𝐹 𝐹𝐹! 𝑅𝑅 = 𝐹𝐹
! ! ! !

𝑅𝑅! = 𝑅𝑅 𝐹𝐹!= 𝑅𝑅! = 𝐹𝐹! 𝑅𝑅𝐹𝐹 !! = 𝑅𝑅!𝐹𝐹!= 𝑅𝑅! = 𝐹𝐹! 𝐹𝐹!


Onde corresponde à!à soma
Onde 𝐹𝐹𝐹𝐹!!! corresponde soma dos dos componentes
componentes 𝑥𝑥𝑥𝑥=ee 𝐹𝐹𝐹𝐹 àà soma
soma dos dos U2
Onde
Onde 𝐹𝐹 corresponde𝑅𝑅àà
𝐹𝐹!! corresponde ! =
soma
soma 𝐹𝐹
dos
dos
! componentes𝑅𝑅
componentes ! 𝑥𝑥𝑥𝑥𝐹𝐹!!!!ee 𝐹𝐹 𝐹𝐹!! àà soma
soma dos dos
Onde 𝐹𝐹! corresponde Onde à soma
corresponde dos componentes
à soma 𝑥𝑥 e
dos componentes 𝐹𝐹 à soma dos
𝑥𝑥 e 𝐹𝐹ou
componentes 𝑦𝑦𝑦𝑦,, podendo
componentes podendo𝐹𝐹!cada cada componente
componente apresentar
apresentar
!
sinal positivo
sinal positivo ! à soma dos
ou
componentes
componentes 𝑦𝑦𝑦𝑦,, podendo podendo cada cada componente
componente apresentar apresentar sinal sinal positivo
positivo ou ou
componentes ,𝐹𝐹!podendo
𝑦𝑦Onde
Onde Onde corresponde
componentes Onde cada
𝐹𝐹! corresponde componente
àpodendo
soma
𝑦𝑦!, corresponde
𝐹𝐹
corresponde àdos
àsoma
cada
soma apresentar
àcomponentes
dos
soma componentes
dos
componente
dos 𝑥𝑥 sinal
componentes
componentes 𝐹𝐹!𝑥𝑥positivo
e apresentar àe soma
x 𝑥𝑥𝐹𝐹e!eàou
dos
soma
sinal dos
𝐹𝐹! àpositivo
à soma
somados
ou
dos
negativo.
negativo.
negativo.
negativo. Onde 𝐹𝐹 corresponde à soma dos componentes 𝑥𝑥 e 𝐹𝐹 à soma dos
negativo. componentes
componentes , podendo 𝑦𝑦𝑅𝑅𝑅𝑅,!y,epodendo
podendo
!
𝑦𝑦𝑅𝑅cada cadacada
componente componente apresentarapresentar sinal sinal positivo ! ou negativo.
Tendo
Tendo 𝑦𝑦obtido
componentes
negativo.
componentes
obtido !! e 𝑅𝑅
, ,,podendo
!! éé possívelcada
possível componentecomponente
determinar
determinar ooapresentar
módulo,
módulo, apresentaraapositivo
sinal
direção
direção ou
positivo
sinal ou ou
ee oopositivo
Tendo
Tendo
componentes obtido
obtido 𝑅𝑅
𝑦𝑦𝑅𝑅 ,
!
!e
! e 𝑅𝑅
𝑅𝑅
podendo
!! , , é
é possível
possível
cada determinar
determinar
componente o o módulo,
módulo,
apresentar aa direção
direção
sinal ee oo ou
positivo
Tendo
negativo. obtido
negativo.
negativo.
Tendo 𝑅𝑅
Tendo
!
obtidoe 𝑅𝑅 , é
! obtido
R𝑅𝑅 possível
e=Ry𝑅𝑅 é!𝐹𝐹 e
, 𝐹𝐹 determinar
𝑅𝑅 , é possível
possível o módulo,
determinar a direção
o amódulo, e o
direçãoae direção e o
sentido da
sentido da força
força resultante
resultante x𝑅𝑅 = atuadeterminar
que! atua
que sobre um
sobre o
um corpo: módulo,
corpo: o sentido da
sentido
sentido da
da força
negativo. força resultante
resultante 𝑅𝑅 𝑅𝑅 = = 𝐹𝐹 𝐹𝐹 que
que atuaatua sobre
sobre um um corpo:
corpo:
Tendo
sentido da força
força obtido
Tendo 𝑅𝑅
resultanteobtido
Tendo
resultante
sentido da e
! força 𝑅𝑅 ,
obtido
𝑅𝑅 é e
!=!resultante possível
𝐹𝐹𝑅𝑅que
𝑅𝑅 ,
!! e 𝑅𝑅
que é atua determinar
possível
!𝑅𝑅, =
atua é sobre
possível
sobre umatua
um
𝐹𝐹 que o
determinar módulo,
corpo:
determinar
corpo: o
sobre um a
módulo, direção
o módulo, a e o
direção
corpo: a direção e o e o
Tendo
𝑅𝑅𝑅𝑅 =
= 𝑅𝑅𝑅𝑅!!!!!!+obtido
+ 𝑅𝑅𝑅𝑅!!!!²² 𝑅𝑅! (Módulo e 𝑅𝑅! , é da
(Módulo possível
daforça determinar o módulo, a direção e o
forçaresultante)
resultante)
sentidosentido
da força𝑅𝑅da
sentido = força
da
𝑅𝑅 !𝑅𝑅
resultante == 𝑅𝑅𝑅𝑅
𝑅𝑅força
resultante =!! + + 𝑅𝑅
𝑅𝑅resultante 𝐹𝐹 ²²= 𝑅𝑅atua
𝑅𝑅𝑅𝑅!!que 𝐹𝐹(Módulo
(Módulo
=que sobre
𝐹𝐹atuada
da
que um força
força
sobre
atua resultante)
corpo:resultante)
um corpo:
sobre um corpo:
! + 𝑅𝑅! ²𝑅𝑅 = (Módulo 𝑅𝑅 ! + 𝑅𝑅 da ² força resultante)
(Módulo
(Módulo da
da força
forçaum resultante)
resultante)
sentido da força resultante 𝑅𝑅 = 𝐹𝐹 que atua sobre ! ! corpo:
𝑅𝑅 = 𝑅𝑅𝑅𝑅 !
! + = 𝑅𝑅𝑅𝑅 ²=! + 𝑅𝑅(Módulo da força resultante)
!
!𝑅𝑅 ! ²+ 𝑅𝑅! ² (Módulo da força resultante)
! (Módulo da força resultante)
Quanto
Quanto ao
ao ângulo
ângulo 𝜃𝜃,
𝜃𝜃,𝑅𝑅 formado
formado
= 𝑅𝑅 ! + pelo pelo
𝑅𝑅 ² eixo
eixo(Módulo 𝑂𝑂𝑂𝑂 ee 𝑅𝑅,
𝑂𝑂𝑂𝑂 pode
𝑅𝑅,dapode
força ser
ser obtido pela
obtido
resultante) pela
Quanto
Quanto ao
Quanto ao ângulo
ao ângulo
ângulo 𝜃𝜃, formado
formado pelo
𝜃𝜃,, formado
! ! pelo
pelo eixo eixo
eixo Ox 𝑂𝑂𝑂𝑂 ee 𝑅𝑅,
𝑂𝑂𝑂𝑂 pode
𝑅𝑅,, pode ser obtido
ser obtido
ser pela
obtido pela
pelarelação
Quanto ao ângulo Quanto 𝜃𝜃, formado
ao os ângulo pelo eixo 𝑂𝑂𝑂𝑂
𝜃𝜃, formado𝑅𝑅𝑅𝑅pelo e 𝑅𝑅, pode
eixo ser obtido
𝑂𝑂𝑂𝑂 eser𝑅𝑅, podepelaser negativos
obtido pela
relação 𝑡𝑡𝑡𝑡
relação 𝑡𝑡𝑡𝑡𝜃𝜃𝜃𝜃 == 𝑅𝑅𝑅𝑅!!!/𝑅𝑅/𝑅𝑅 !..
. Como
Como
Como os componentes
componentes
componentes ! ee
e 𝑅𝑅
𝑅𝑅 ! podem
podem
podem ser
ser positivos,
positivos,
positivos, ou
relação
relação 𝑡𝑡𝑡𝑡 𝑡𝑡𝑡𝑡 𝜃𝜃𝜃𝜃 == 𝑅𝑅! /𝑅𝑅!!.. Como
𝑅𝑅!!/𝑅𝑅
! Como os os componentes
componentes !! 𝑅𝑅!!! ee 𝑅𝑅
𝑅𝑅! 𝑅𝑅!! podem
podem ser ser positivos,
positivos,
relação 𝑡𝑡𝑡𝑡
Quanto 𝜃𝜃nulos,
=relação
𝑅𝑅ao
Quanto . 𝑡𝑡𝑡𝑡
/𝑅𝑅ângulo
ângulo Como
ao 𝜃𝜃,
ângulo os
formado componentes
formadopelo eixo 𝑅𝑅
pelo 𝑂𝑂𝑂𝑂 e 𝑅𝑅
e
eixo 𝑅𝑅, podem
podee ser
ser
pode positivos,
obtido
ser pela
obtido pela
negativos ou
negativos
!o
ou nulos, !Quanto
nulos, oo ângulo 𝜃𝜃 = ao
ângulo pode ângulo
/𝑅𝑅
𝑅𝑅! 𝜃𝜃𝜃𝜃 ! . Como
ser
𝜃𝜃,
pode
pode serformado
localizado
𝜃𝜃,
ser os componentes
localizado
localizado
em
! pelo emeixo
qualquer
!
em 𝑂𝑂𝑂𝑂 𝑅𝑅! e um
um
𝑅𝑅,
𝑂𝑂𝑂𝑂
qualquer
qualquer
dos
𝑅𝑅
𝑅𝑅,
um podem
dos serser
! pode
quatro
dos positivos,
obtido
quadrantes. pela
negativos
negativos Perceba ou nulos,
ouQuanto
nulos,
que oo aoângulo
ângulo
fórmula ângulo 𝜃𝜃𝜃𝜃 pode
para pode
𝜃𝜃, ser
formadoser localizado
determinar localizado peloo eixo
móduloem
em𝑂𝑂𝑂𝑂 qualquer
qualquer
e
da 𝑅𝑅, um
pode
força dos
umresultante
dos
ser obtido pelafoi
que
negativos
relaçãorelaçãoou𝜃𝜃nulos,
𝑡𝑡𝑡𝑡 =
relação
negativos 𝜃𝜃o =
𝑡𝑡𝑡𝑡! /𝑅𝑅
𝑅𝑅 !ângulo
. 𝑅𝑅Como
𝑡𝑡𝑡𝑡 𝜃𝜃! /𝑅𝑅
ou 𝜃𝜃 pode
os
!𝑅𝑅.! /𝑅𝑅
=nulos, Como ser
. ângulo
Como oslocalizado
!ocomponentes componentes
𝜃𝜃ospode 𝑅𝑅!ser
componentes em qualquer
e 𝑅𝑅localizado
!𝑅𝑅podem
! e 𝑅𝑅 𝑅𝑅!! um 𝑅𝑅dos
ser
podem
eem positivos,
ser positivos,
podem
! qualquer ser
um positivos,
dos
fornecida
relaçãodiz 𝑡𝑡𝑡𝑡 respeito 𝑅𝑅𝑅𝑅a= duas 𝑅𝑅𝑅𝑅!!!!!!dimensões,
!! 𝑅𝑅𝑅𝑅!!!!!!! porém a mesma
𝑅𝑅! e 𝑅𝑅!ideia podeserserpositivos,
estendida
!= +𝑅𝑅𝑅𝑅os
. Como + ! +componentes podem
𝜃𝜃 = 𝑅𝑅! /𝑅𝑅 !+
!
𝑅𝑅!!!!pode !!
negativos ounegativos
negativos
para nulos,
trêsou onulos,
ângulo
ou nulos,
dimensões: 𝜃𝜃=pode
o𝑅𝑅ângulo !𝑅𝑅
𝑅𝑅
o 𝑅𝑅ângulo =
𝜃𝜃ser=pode ! 𝑅𝑅
localizado
𝜃𝜃 +
+! 𝑅𝑅
ser !!ser +
𝑅𝑅localizado
+em 𝑅𝑅
𝑅𝑅localizado
!!qualquerem um
qualquer
em dos um
qualquer dos
um dos
! + 𝑅𝑅! + = 𝑅𝑅! 𝑅𝑅! + 𝑅𝑅! + 𝑅𝑅!
negativos ou nulos, o ângulo 𝜃𝜃𝑅𝑅 pode ser
! localizado
! ! em qualquer um dos
𝑅𝑅 = 𝑅𝑅 𝑅𝑅! + = 𝑅𝑅 !
𝑅𝑅 𝑅𝑅 +
!
= 𝑅𝑅
+ !
𝑅𝑅 ! + 𝑅𝑅 ! + 𝑅𝑅 !

! ! ! ! ! !
! !
𝑅𝑅 = 𝑅𝑅!! + 𝑅𝑅!! + 𝑅𝑅!!

Veja a resolução de exercícios que envolvem a superposição de forças


assistindo aos vídeos que podem ser acessados por meio dos links:
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ZFiFmIx_DpE>.
Acesso em: 28 set. 2015.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=IFy6c_qeBd0>.
Acesso em: 28 set. 2015.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=zQT0SodMe6U>.
Acesso em: 28 set. 2015.

2.2.2 Primeira lei de Newton


Até agora, mencionamos sobre as forças e algumas de suas propriedades, porém
não demos ainda início ao propósito principal dessas abordagens: como as forças
afetam movimentos. Começaremos tratando sobre o caso em que a força resultante
sobre um corpo é igual a zero.

Considerando um corpo que se encontra em repouso, não é difícil de imaginar


que, se a força resultante atuante sobre esse corpo for igual a zero, o corpo
permanecerá em repouso.

Força e Movimento 83
U2

Considerando um corpo em movimento, o que acontecerá se


a força resultante atuante sobre esse corpo for igual a zero?

Imagine a seguinte situação: em um jogo de hóquei, enquanto você empurrar


o disco, ele tem movimento. Agora, se você para de empurrar, é bem provável
que o disco continue se movimentando, porém vai diminuindo sua velocidade
gradativamente até parar. Isso acontece porque existe uma força de atrito entre o
disco e o chão (superfície sobre a qual o disco desliza). Mas, desconsiderando a
força de atrito, se esse disco de hóquei estivesse sobre uma superfície perfeitamente
lisa, ou flutuando sobre um trilho de ar, esse mesmo disco percorrerá uma distância
muito maior.

Se fosse possível extinguir totalmente o atrito, mesmo sem a ação de forças


(força resultante igual a zero), o disco continuaria a movimentar-se indefinidamente
com velocidade constante.

A partir dessa ideia, podemos enunciar:

Primeira lei de Newton: quando a força resultante sobre um corpo é nula, ele se
move com velocidade constante (que pode ser nula) e aceleração nula.

Em síntese, a primeira lei de Newton nos remete a compreender que, diante da


atuação de força resultante nula, todo corpo em repouso tende a manter-se em
repouso, da mesma forma que todo corpo em movimento tende a se manter em
movimento constante.

Essas ideias de um corpo em permanente movimento, uma vez iniciado seu


deslocamento, ou de um corpo parado que se mantém em repouso, resultam na
propriedade que denominamos de inércia.

Para melhor compreensão dessa primeira lei de Newton, observe a imagem:

Figura 2.9 – Livro apoiado sobre uma mesa

Fonte: <http://osfundamentosdafisica.blogspot.com.br/2013/08/cursos-do-blog-mecanica_19.html>. Acesso em: 16 set. 2015.

84 Força e Movimento
U2

Observe que a situação ilustrada na Figura 2.9 está de acordo com a primeira lei
de Newton: na figura, temos um livro apoiado sobre uma mesa cujas forças atuantes
são a força normal ( ), de baixo para cima, e a força gravitacional (força peso = ),
de cima para baixo. Ambas as forças são iguais em módulo, apresentando mesmas
direções e sentidos diferentes, o que nos leva à obtenção da força resultante igual a
zero. Assim, de acordo com a primeira lei de Newton, o livro que está em repouso
permanecerá em repouso.

Podemos concluir que, quando dizemos que a força resultante atuante sobre
um corpo é igual a zero, é a mesma coisa que dizer que não há nenhuma força
atuando sobre esse corpo. Assim, quando nenhuma força atua sobre um corpo
ou quando existem diversas forças com uma soma vetorial resultante igual a zero,
podemos afirmar que o corpo está em equilíbrio. Logo, dizemos que um corpo está
em equilíbrio quando ele está em repouso ou quando se encontra em movimento
constante, e representamos o equilíbrio de um corpo por:

Perceba que, para que isso ocorra, cada um dos componentes da força resultante
deve ser igual a zero:

Agora, imagine a seguinte situação: você está em pé apoiado em patins dentro de


um ônibus em movimento. Quando o motorista acelera o veículo, você se desloca
para trás do ônibus e, quando o motorista freia, você se desloca para frente do
ônibus.
Na situação descrita, percebe-se que, aparentemente, nenhuma força resultante
está atuando sobre você. O que há de errado, tendo em vista que a situação descrita
parece não obedecer à primeira lei de Newton?
Nessa situação, perceba que o ônibus está sendo acelerado em relação à Terra
e esse não é um sistema de referência adequado para a aplicação da primeira lei de
Newton. Portanto, não é para todos os sistemas de referência que a primeira lei de
Newton é válida. Os sistemas para os quais essa lei é válida chamamos de sistema de
referência inercial ((por esse motivo, a primeira lei de Newton também é conhecida
como lei da inércia).
No exemplo suposto, a Terra pode até ser, aproximadamente, considerada como
referencial inercial, mas o ônibus não. Experimentalmente, é possível comprovar
que, por exemplo, ao reduzir a velocidade do ônibus o passageiro tende a continuar
se movimentando com velocidade constante em relação à Terra, mas move-se para
frente em relação ao veículo.

Força e Movimento 85
U2

Por que a Terra não é exatamente um sistema de referência


inercial?

Aprofunde seu conhecimento sobre a primeira lei de Newton acessando


o link indicado:
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=EF-SLtRmBb8>.
Acesso em: 29 set. 2015.

2.2.3 Segunda lei de Newton


Na primeira lei de Newton, você estudou o que acontece com um corpo quando
esse sofre uma força resultante nula, tanto quando o corpo está em repouso como
quando o corpo está em movimento. Agora, você vai aprender o que acontece
quando a força resultante é diferente de zero.

Suponha que você esteja empurrando um bloco de gelo por uma superfície
horizontal sem atrito. Ao exercer uma força horizontal sobre o bloco, ele se move
com uma aceleração . Experimentalmente, podemos mostrar que nesse tipo de
situação a força é diretamente proporcional à aceleração; logo, se dobrarmos a força
resultante sobre o corpo, a aceleração também duplica, assim como, se reduzirmos
a força resultante à terça parte, a aceleração também se reduz à terça parte.

Além disso, na segunda lei de Newton, consideramos a massa de um corpo.


Massa é a propriedade de um corpo que especifica o quanto ele pode resistir a
mudanças na sua velocidade. Assim, quanto maior a massa de um corpo, menor é
a aceleração desse corpo quando submetido à ação de uma força resultante. Logo,

Pela relação dada, temos que uma massa m1 produz uma mudança em seu
movimento quantificada por a e, do mesmo modo, uma massa m2 produz uma
mudança em seu movimento quantificada por a . Pela relação, evidenciamos a
razão inversa dos módulos das acelerações produzidas pela força.

86 Força e Movimento
U2

Assim, por exemplo, se uma força que age sobre um corpo de 5 kg produz uma
aceleração de 6 m/s, então a mesma força aplicada a um corpo de 10 kg produzirá
uma aceleração de 3 m/s (se dobro a massa, reduzo a aceleração pela metade –
inversamente proporcionais).
Atente-se para não confundir massa com peso! A massa de um corpo é a mesma
em qualquer lugar, porém o peso está relacionado ao módulo da força gravitacional
exercida sobre o corpo e, portanto, varia com a localização.
Considerando a característica de proporcionalidade entre a força resultante e a
aceleração, bem como que a aceleração é inversamente proporcional à sua massa,
podemos enunciar a segunda lei de Newton:

Segunda lei de Newton: quando vista de um referencial inercial, a aceleração de


um corpo é diretamente proporcional à resultante das forças que agem sobre
ele e inversamente proporcional à sua massa. A aceleração, nesse caso, possui a
mesma direção e o mesmo sentido da força resultante:

Onde:
= aceleração (m/s²)
m = massa (kg)
= força resultante (N) – soma vetorial de todas as forças agindo sobre o corpo
de massa m.

Com relação à força resultante, alguns detalhes precisam ser esclarecidos:


quando o corpo consiste em um sistema de elementos individuais, a força resultante
é obtida a partir do somatório vetorial de todas as forças externas ao sistema. Quanto
às forças internas, não são consideradas porque não afetam de maneira significativa
no movimento do sistema como um todo.

Entenda o que são forças externas e forças internas de um sistema:


– Forças externas: correspondem à ação de outros corpos sobre o corpo
rígido em consideração e são as forças responsáveis pelo comportamento
externo desse corpo no qual atuam. São essas forças que causam o
movimento do corpo ou que garantem que ele permaneça em repouso.
– Forças internas: são responsáveis por manter juntas as partículas que
formam o corpo rígido.

Força e Movimento 87
U2

A segunda lei de Newton é uma lei fundamental da natureza, pois, com a relação
apresentada, a qual traduz simbolicamente o enunciado dessa lei, apresenta a
relação básica entre força e movimento.

Observe que a equação enunciada para a segunda lei de Newton é uma


expressão vetorial. Assim sendo, podemos escrever as três equações seguintes de
componentes:

Em síntese, a equação da segunda lei de Newton nos permite analisar o


movimento de uma partícula quando esta sofre a ação de uma força resultante não
nula. Além disso, temos quatro aspectos que necessitam de atenção especial na
segunda lei de Newton: i) a equação é vetorial; ii) refere-se a forças externas; iii) a
equação é válida apenas quando a massa do corpo é constante; e iv) a equação é
válida apenas em sistemas de referência inerciais.

Para melhor compreensão sobre a segunda lei de Newton, analise o exemplo na


sequência:

Exemplo 3: (YOUNG; FREEDMAN, 2008, p. 117) Uma garçonete empurra uma


garrafa de ketchup de massa igual a 0,45 kg ao longo de um balcão liso e horizontal.
Quando a garrafa deixa sua mão, ela possui velocidade de 2,8 m/s, que depois
diminui por causa do atrito horizontal constante exercido pela superfície superior do
balcão. A garrafa percorre uma distância de 1,0 m até parar. Determine o módulo, a
direção e o sentido da força de atrito que atua na garrafa.

Resolução:

Primeiro, vamos determinar o sistema de coordenadas e identificar as forças que


atuam sobre o corpo. Na figura a seguir, apresentamos o sistema de coordenadas
escolhido (a) e evidenciamos todas as forças envolvidas na situação (b):

Figura 2.10 – Representação do problema

Fonte: A autora (2015).

88 Força e Movimento
U2

Escolhendo o eixo positivo de Ox no mesmo sentido em que desliza, considere


x0=0 como o ponto onde a garrafa deixa a mão da garçonete com a velocidade
inicial de 2,8 m/s.

Assim, para determinar a força de atrito, usaremos a componente x da segunda lei


de Newton. Mas, antes disso, precisamos determinar o componente x da aceleração
do pote. Como sabemos que a força de atrito é constante, podemos afirmar que a
aceleração também é constante. Logo, podemos utilizar a seguinte fórmula, que já
foi estudada na unidade 1:

O sinal negativo indica que o sentido da aceleração é para a esquerda. A


velocidade possui sentido contrário ao da aceleração, pois o pote está diminuindo
de velocidade.
A força resultante na direção de x é , que corresponde ao componente x da
força de atrito. Assim:

Note que o produto das unidades kg·m/s² corresponde a 1N.

Note, ainda, que o sinal negativo indica, mais uma vez, que o sentido da força é
para a esquerda.

Logo, o módulo da força de atrito é dado por =1,8 N, a direção é horizontal e o


sentido é para a esquerda.

2.2.3.1 Força gravitacional e peso


Você já deve ter percebido que todos os corpos são atraídos para a Terra, e essa
força de atração é chamada de força gravitacional , cuja direção é o centro da
Terra e o módulo é chamado de peso do corpo.

Força e Movimento 89
U2

Quando um corpo está em queda livre, ele experimenta uma aceleração


direcionada ao centro da Terra. Nessa situação, a única força que age sobre o corpo
é a força gravitacional, sendo essa, portanto, a força resultante. Assim, podemos
considerar:

Nessa relação, a massa m é chamada de massa gravitacional e tem o mesmo


valor que a massa inercial (a massa que foi estudada no momento em que iniciamos
as abordagens sobre a segunda lei de Newton).

Perceba que, se o peso depende de g, então ele varia conforme a localização.


Para os problemas na superfície da Terra, utilizaremos g=9,8 m/s².

2.2.4 Terceira lei de Newton


Para compreender essa terceira lei, você precisa considerar que uma força
atuando sobre um corpo é sempre o resultado de uma interação com outro corpo,
e, assim, podemos evidenciar que as forças sempre ocorrem em pares.

Por exemplo, ao chutar uma bola: quando você chuta, a bola se move devido
à força para a frente que seu pé exerceu sobre ela, porém, ao mesmo tempo, ao
chutá-la, você sente a força que ela exerce sobre seu pé. Essas forças são contrárias
no sentido, mas possuem mesma direção e mesmo valor em módulo. E é a partir
dessa ideia que podemos enunciar a terceira lei de Newton:

Terceira lei de Newton: “Quando um corpo A exerce uma força sobre um corpo
B (uma ‘ação’), então, o corpo B exerce uma força sobre o corpo A (uma ‘reação’).
Essas duas forças têm o mesmo módulo e a mesma direção, mas possuem
sentidos contrários. Essas duas forças atuam em corpos diferentes” (YOUNG;
FREEDMAN, 2008, p. 121).

Observe a figura a seguir:


Figura 2.11 – Força de ação e reação

Fonte: <http://aprendendofisica.net/rede/blog/lei-de-newton-ao-e-reao/>. Acesso em: 29 set. 2015.

90 Força e Movimento
U2

Na Figura 2.11, você pode observar um homem que empurra um bloco, ou


seja, temos dois corpos, em que um deles (homem) exerce uma força sobre o
outro (bloco). Nessa figura, é a força exercida pelo homem sobre o bloco e
é a força exercida pelo bloco sobre o homem. Essa situação pode ser
enunciada matematicamente como:

Veja que, independente de estarmos nos referindo a um corpo inanimado


(bloco) e outro não (homem), ainda assim podemos evidenciar que ocorrem,
necessariamente, forças mútuas exercidas entre ambos os corpos.

De acordo com o enunciado matemático dado, perceba que temos uma


equivalência entre as forças, porém com sinais opostos. Isso porque as forças de
ação e de reação (par de ação e reação) são opostas.

As forças de ação e reação sempre ocorrem em corpos


diferentes ou é possível ocorrer o par de ação e reação em
um único corpo?

É importante destacar que o par de ação e reação são forças de contato. Nesse
sentido, a ação e a reação só ocorrem quando os dois corpos se tocam. Contudo, a
lei de Newton, em alguns casos, também ocorre para forças de longo alcance, não
havendo a necessidade de contato físico entre esses corpos. Um exemplo dessa
situação é a força de atração gravitacional que a Terra exerce sobre corpos.

Aprofunde seus conhecimentos sobre as três leis de Newton nos links:


Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ZtwPh3yGkO0>.
Acesso em: 29 set. 2015.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=dU14qCv5AuI>.
Acesso em: 29 set. 2015.

Força e Movimento 91
U2

2.2.5 Aplicações das leis de Newton


Agora que você já conheceu as três leis de Newton, vamos ampliar esse estudo
para corpos em movimento na presença de atrito, modelando, assim, situações de
maneira mais próxima da realidade.

Além disso, você estudará aplicações das leis de Newton também em movimentos
circulares uniformes, bem como conhecerá as forças fundamentais da natureza.

Mas, antes de apresentarmos essas aplicações e abordagens, faz-se necessário


esclarecer um conceito que está estritamente relacionado à primeira lei de Newton:
partículas em equilíbrio.

Ao estudar a primeira lei de Newton, você observou que um corpo está em


equilíbrio quando está em repouso ou em movimento uniforme em um sistema de
referencial inercial. Nessa situação, a força resultante que atua sobre um corpo é
nula:

Do mesmo modo, temos as seguintes relações para os componentes:

Partindo dessa ideia de equilíbrio, é possível resolver diversos tipos de problemas.


Por mais complexos que pareçam alguns deles, é importante ressaltar que o processo
de resolução é o mesmo:
1º passo: identificar os conceitos relevantes, utilizando a primeira lei de Newton
para todos os casos em que estiver analisando um único corpo, estando esse em
repouso ou em movimento constante. Quando o problema envolve mais de um
corpo, sendo que esses interagem mutuamente, aplica-se a terceira lei de Newton.
Essa terceira lei permite relacionar as forças que um corpo exerce sobre outro.
Dentre os conceitos mais relevantes a serem identificados, destacamos os módulos
das forças envolvidas, os componentes de uma força e a direção de uma força, que
em geral está associada a uma medida angular.

2º passo: esboce um esquema (um modelo) da situação física, destacando os


conceitos relevantes identificados.

3º passo: represente um corpo em equilíbrio por meio de uma partícula livre, não
incluindo outros corpos que estejam com ele interagindo.

92 Força e Movimento
U2

4º passo: identifique quais são os corpos que interagem com ele, seja pelo
contato ou de outra maneira. No desenho do corpo livre, desenhe o vetor força de
cada interação, especificando seu módulo, incluindo, quando tiver, a medida angular
da direção de uma força. Em geral, quando a massa não é desprezível, um corpo
possui a força peso e quando sobre a superfície há a ação de uma força normal e,
possivelmente, uma força de atrito. Quando o corpo é puxado por uma corda ou
corrente, podemos encontrar, por exemplo, a força de tensão.

5º passo: no diagrama construído no terceiro passo, você não deve mostrar


nenhuma força exercida pelo corpo sobre outros corpos.

6º passo: defina um conjunto de eixos de coordenadas que será incluído no seu


diagrama de corpo livre. Em seguida, assinale a direção positiva para cada eixo.

7º passo: encontre os componentes de força ao longo dos eixos de coordenadas.


Atente-se para o fato de que o valor em módulo de uma força é sempre positivo,
mas, ao considerar suas componentes, essas podem ser tanto positivas quanto
negativas, dependendo do sentido.

8º passo: faça a soma algébrica de todos os componentes x das forças que


atuam sobre o corpo e iguale esse somatório à zero. Em outra equação, faça esse
mesmo procedimento para as componentes y. Caso esteja lidando com mais de um
corpo, repita esse processo para cada um deles.

9º passo: certifique-se de que em suas equações você possui um número dessas


que seja igual ao número de incógnitas.

Para ilustrar esses procedimentos apresentados, volte a analisar a Figura 2.10


desta unidade.

Encontramos aplicações sobre equilíbrio, envolvendo a primeira lei de Newton


e, alguns casos, a terceira lei de Newton, em situações tais como: tensão em uma
corda com massa; equilíbrio em duas dimensões; plano inclinado; e tensão em
torno de uma polia sem atrito.

Veja exemplos de aplicações da primeira lei de Newton (e, alguns casos,


a terceira lei de Newton) em situações diversas em que você poderá
evidenciar os passos descritos anteriormente, bem como as ideias sobre
corpos em equilíbrio:
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=As7zD-cyqvI>.
Acesso em: 29 set. 2015.

Força e Movimento 93
U2

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=rUxxad4hqSY>.


Acesso em: 29 set. 2015.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-y6loNvx6pQ>.
Acesso em: 29 set. 2015.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kzurQ6XuMmE>.
Acesso em: 29 set. 2015.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=2O1Kip2XN7k>.
Acesso em: 29 set. 2015.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kv359_SGkrM>.
Acesso em: 29 set. 2015.

Até o momento, você estudou aplicações para a primeira lei de Newton, mais
especificamente com alguns casos que podem ser estendidos para a terceira lei de
Newton. Agora, você estudará algumas aplicações para a segunda lei de Newton,
trabalhando com problemas de dinâmica.

Nesse caso, vamos considerar as situações em que temos corpos sob a ação de
força resultante diferente de zero e que, portanto, não se encontram em equilíbrio.
Assim, temos:

(Forma vetorial)

(Forma dos componentes)

Para a resolução de problemas nessa perspectiva, com a segunda lei de Newton,


seguiremos passos análogos aos apresentados para problemas de equilíbrio.
Encontramos aplicações da segunda lei de Newton em situações tais como:
movimento retilíneo com força constante; movimento retilíneo com atrito; tensão
no cabo de um elevador; peso aparente dentro de um elevador em aceleração;
aceleração descendo um plano inclinado (envolvendo mais de um corpo); dois
corpos com a mesma aceleração; e dois corpos com aceleração em mesmo
módulo.

Veja exemplos de aplicações da segunda lei de Newton acessando os


links indicados:

94 Força e Movimento
U2

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-vMOvx5SjGI>.


Acesso em: 29 set. 2015.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=MGmSGx-KgwQ>.
Acesso em: 29 set. 2015.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=d1u5PKPro-0>.
Acesso em: 29 set. 2015.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=3m6kWjfjpGc>.
Acesso em: 29 set. 2015.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NcbzFzDcwcA>.
Acesso em: 29 set. 2015.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=s9IzrEsUoQw>.
Acesso em: 29 set. 2015.

2.2.6 Forças de atrito


Na subseção anterior, você estudou alguns problemas de aplicação das leis
de Newton em que um corpo está em equilíbrio ou desliza sobre superfícies que
exercem forças sobre ele.

Porém, nos últimos vídeos que foram indicados no “Para saber mais”, você deve
ter percebido que, quando dois corpos interagem por contato (toque) direto entre
suas superfícies (força de contato), encontramos um tipo especial de força: a força
de atrito.

Destacaremos esse tipo de força por ela ser importante em muitos aspectos da
vida real e cotidiana. Por exemplo, ao dirigir um carro, se não existisse atrito entre as
rodas do carro e o solo, essa ação de dirigir não seria possível.

Com relação à força de atrito, temos algumas propriedades importantes


que merecem atenção neste estudo. E, para introduzirmos essas propriedades,
primeiramente vamos entender de maneira mais clara o que é a força de atrito.

Suponha que você queira mover, ao longo de uma superfície, uma caixa pesada,
cheia de objetos. Você só conseguirá mover essa caixa se a força que aplicar nela
for superior a um determinado valor mínimo. Porém, se você retirar alguns objetos,
fazendo com que a caixa fique mais leve, a força que deverá aplicar sobre a caixa a
fim de movê-la poderá ser menor.

A partir dessa situação, podemos concluir, primeiramente, que, quando um


corpo está em repouso ou em movimento constante, podemos sempre decompor
as forças de contato em componentes perpendiculares e paralelos à superfície. Esse
vetor componente perpendicular pode ser a força normal ou a força peso
e a paralela é a força de atrito . Caso as forças de contato não possuam atrito,

Força e Movimento 95
U2

assumimos que .

Observe que o sentido da força de atrito é sempre contrário ao sentido do


movimento relativo entre as duas superfícies, tal como mostra a figura seguinte

Figura 2.12 – Forças envolvidas ao empurrar um bloco

Fonte: <http://polemicascmm.blogspot.com.br/2011/06/conseguiriamos-andar-sem-forca-do.html>. Acesso em: 30 set. 2015.

Na Figura 2.12, note que representamos a força normal por , em letra maiúscula.
Essa maneira de representação não está errada, mas, em nosso estudo, optamos
pela representação em letra minúscula para evitar possíveis confusões com a
unidade de medida de força N (Newton).

Podemos considerar que existem dois tipos de atrito. Quando um corpo está
deslizando sobre uma superfície, o tipo de atrito presente é o que chamamos de
força de atrito cinético . O módulo desse tipo de atrito, em geral, aumenta
proporcionalmente com a força normal. Isso explica a necessidade de aplicar uma
força maior no caso que supomos que empurramos uma caixa pesada, cheia de
objetos em seu interior. Nesse mesmo princípio, evidenciamos o funcionamento
dos freios de um carro: quanto mais as pastilhas do freio são pressionadas, maior
será o efeito da freada.

A partir desse contexto, podemos entender que a força de atrito cinético é


diretamente proporcional à força normal:

(em módulo)

onde é o coeficiente de atrito cinético, que não possui uma unidade específica,
e, quanto mais deslizante for uma superfície, menor é o valor desse coeficiente.

A força de atrito pode, ainda, atuar quando não existe movimento relativo. Um
exemplo é quando você tenta mover uma caixa pesada e não consegue porque o
solo exerce uma força igual, em módulo, a que você está aplicando sobre a caixa,
porém em sentido contrário. Essa força é a que denominamos de força de atrito
estático .

96 Força e Movimento
U2

Considerando um certo par de superfícies, o valor máximo de depende


da força normal. Assim, experimentalmente, temos que é aproximadamente
proporcional à força normal. O coeficiente de atrito estático será representado por
, e, em uma situação particular, a força de atrito estático pode ser qualquer valor
entre zero e outro valor máximo determinado por:

(em módulo)

Percebam que ambas as equações apresentadas, para o atrito cinético e para


o atrito estático, não são equações vetoriais, mas são maneiras de representar a
relação entre módulos de vetores.
Vale destacar que, em geral, o coeficiente de atrito cinético é menor do que o
coeficiente de atrito estático para um dado par de superfícies.

Por que o coeficiente de atrito cinético é menor que o


coeficiente de atrito estático? Reflita sobre a situação de
empurrar uma caixa pesada para refletir sobre essa questão.

Você já ouviu aquele som horrível feito pelo giz quando ele é colocado
em uma posição errada ao escrevermos sobre o quadro-negro? Esse
som ocorre porque, nessa situação, a superfície adere (atrito estático) e
desliza (atrito cinético) ao mesmo tempo.

Por meio de um aparelho chamado de trilho de ar linear, muito usado


em laboratórios de Física, é possível simular uma situação ideal, em
que quase tornamos zero a existência de atrito. Isso ocorre porque o
objeto (cavaleiro) é sustentado por uma camada de ar, não mantendo
contato direto com o trilho. A força de atrito nessa situação depende
da velocidade, sendo possível obter um coeficiente de atrito efetivo na
ordem de 0,001.

Veja exemplos de exercícios resolvidos envolvendo forças de atrito


acessando os links:

Força e Movimento 97
U2

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=R4aBM0ZasA4>.


Acesso em: 29 set. 2015.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9QvFcJEaMhQ>.
Acesso em: 29 set. 2015.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=eVfZlH03e34>.
Acesso em: 29 set. 2015.

2.2.7 Dinâmica do movimento circular uniforme


Os problemas envolvendo atrito que você acabou de estudar representam apenas
uma das aplicações da segunda lei de Newton. Agora, vamos considerar outro tipo
de situação em que também podemos evidenciar a aplicação dessa segunda lei: no
caso de uma partícula em movimento circular uniforme.

Uma partícula se movendo em uma trajetória circular de raio r, com velocidade


uniforme , experimenta uma aceleração centrípeta de módulo:

Nessa situação, o vetor de aceleração com esse módulo está direcionado para o
centro do círculo, sendo sempre perpendicular a .

Conforme vimos na segunda lei de Newton, para que haja aceleração é preciso
a ação de uma força resultante. Nesse sentido, em um movimento circular, existe
uma força que age sobre uma partícula nessa trajetória e tal ação ocorre para dentro
da partícula, o que provoca esse movimento em trajetória circular. Mas que forças,
exatamente, causam esse tipo de aceleração?

Para responder a esse questionamento, considere um objeto de massa m


amarrado a um barbante de comprimento r movendo-se a uma velocidade constante
em uma trajetória circular e horizontal, conforme ilustra a figura a seguir:
Figura 2.13 – Corpo em movimento circular uniforme

Fonte: Adaptado de: <http://slideplayer.com.br/slide/334549/> e de <http://profevertonrangel.blogspot.com.br/2013/04/


aceleracao-centripeta.html>. Acesso em: 30 set. 2015.

98 Força e Movimento
U2

Na Figura 2.13, observe que o corpo em movimento circular uniforme é preso


por um barbante e que esse, na outra extremidade, é preso pela mão de uma
pessoa no centro da trajetória circular. O corpo se move em círculo nessa situação
porque, de acordo com a primeira lei de Newton, a tendência natural do corpo é
mover-se de maneira retilínea, contudo, como o barbante evita que esse tipo de
movimento ocorra, exercendo uma força radial no corpo, esse seguirá uma
trajetória circular. O módulo dessa força é a tensão no barbante e ela é direcionada
ao longo da extensão do barbante para o centro da circunferência, conforme você
pode visualizar na Figura 2.13. Perceba que tanto é verdade que a primeira lei de
Newton se aplica nessa situação que, se supormos que o barbante arrebente em um
certo momento, tal como você pode observar na Figura 2.13, o corpo continuará se
movimentando, porém em linha reta.

Assim como nessa situação a força de tensão no barbante é o responsável por


provocar o movimento circular e uniforme, existem outros tipos de forças que, da
mesma forma, podem ocasionar esse tipo de movimento, por exemplo, a força
gravitacional que faz um plante orbitar em torno do Sol ou a força de atrito que faz
com que um automóvel viaje por estradas curvas.

Qualquer que seja a força que age sobre um corpo, colocando esse em uma
trajetória circular, podemos aplicar a esse corpo a segunda lei de Newton ao longo
da direção radial:

De acordo com a equação dada, note que tanto uma única força quanto um
somatório de forças (força resultante) podem provocar um movimento em trajetória
circular. E, quando essa força é inexistente (igual a zero), temos que o movimento
em trajetória circular não ocorre, fazendo com que o corpo descreva uma trajetória
em linha reta, de maneira a tangenciar a circunferência, tal como você pôde observar
na Figura 2.13, no momento em que o barbante arrebenta.

A aceleração centrípeta (a_c) também pode ser representada em termos


de período T, que corresponde ao tempo necessário para uma revolução
(uma volta completa no movimento circular):

Força e Movimento 99
U2

Em termos do período, a_c é dada por:

Veja exemplos de exercícios resolvidos envolvendo aceleração


centrípeta:
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ArHh_7kSv4M>.
Acesso em: 30 set. 2015.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=X3sljfjDKvE>.
Acesso em: 30 set. 2015.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=eZfjD579OGg>.
Acesso em: 30 set. 2015.

2.2.8 Forças fundamentais da natureza


Além das forças que você estudou até o momento, as quais podem ser
consideradas como macroscópicas, existem forças que atuam no mundo atômico
e subatômico, as quais, por exemplo, dentro de um átomo, são responsáveis por
manter os componentes desse unidos, em que temos que as forças nucleares se
responsabilizam por evitar que esses componentes se apartam.

Temos quatro forças fundamentais que assim são consideradas por estarem
presentes em diversas situações da natureza. A partir de agora, vamos discutir sobre
cada uma delas.

2.2.8.1 A força gravitacional


Essa força corresponde à força mútua de atração entre quaisquer dois corpos
no universo e é considerada como a força mais fraca dentre as forças fundamentais
que você estudará.

De acordo com a lei gravitacional universal de Newton, cada partícula do


Universo atrai todas as outras com uma força (Fg), que é diretamente proporcional
ao produto das suas massas (m1 e m2) e inversamente proporcional ao quadrado da
distância (r) entre elas:

Onde G=6,674×10–11 N·m2/kg² é a constante de gravitação universal

100 Força e Movimento


U2

2.2.8.2 A força eletromagnética


É a força que une os átomos e as moléculas em compostos para formar a matéria
comum e é uma força muito mais forte que a gravitacional. O interessante desse tipo
de força é estar relacionada às demais forças macroscópicas que estudamos: forças
de atrito, de contato, de tensão etc., são consequências de forças eletromagnéticas
entre partículas carregadas que estão próximas (SERWAY; JEWETT JR., 2014).

A força eletromagnética envolve partículas positivas e negativas e, diferente da


força gravitacional, que é sempre uma interação que ocorre de maneira atrativa, a
eletromagnética pode ocorrer em duas situações diferentes: pode ser considerada
como de atração ou como de repulsão. Tudo isso depende das cargas das partículas.

A força eletrostática (Fe – Lei de Coulomb) nos fornece o módulo da força


eletromagnética, levando-se em consideração duas partículas carregadas (q1 e q2,
medidas em unidades chamadas de Coulomb - C) separadas por uma distância r:

onde ke = 8,99 ×109 N·m2/C² e representa a constante de Coulomb.

Perceba que a equação da força gravitacional e da força eletromagnética são


análogas.

Destacamos que, quando as partículas, q1 e q2, têm sinais opostos, trata-se de


uma força de atração e, quando apresentam mesmo sinal, trata-se de força de
repulsão, tal como ilustra a figura a seguir:

Figura 2.14 – Duas cargas pontuais separadas por uma distância r exercendo força
eletrostática entre si

Fonte: <http://osfundamentosdafisica.blogspot.com.br/2011/03/cursos-do-blog-eletricidade_09.html> Acesso em: 30 set.


2015.

Força e Movimento 101


U2

2.2.8.3 Força forte


Um átomo consiste em um núcleo carregado positivamente, bastante denso,
cercado por uma nuvem de elétrons carregados negativamente. Como suas cargas
são de sinais contrários, temos que os elétrons são atraídos para o núcleo pela força
elétrica.

Considerando que no interior do núcleo temos muitos prótons, sendo todos de


carga positiva, portanto cargas iguais, o que faz com que a força de repulsão entre
eles não cause a quebra dos núcleos? Isso não ocorre porque existe uma força
atrativa que equilibra a força repulsiva eletrostática nesse núcleo, a qual é muito forte.
Essa força que mantém essa estabilidade no núcleo é chamada de força nuclear,
que é um exemplo de manifestação de força forte.

Perceba que, nesse caso, não estamos considerando a distância entre duas
partículas porque uma força forte ocorre a uma distância muito curta entre essas
duas partículas.

2.2.8.4 A força fraca


Essa força, assim como a força forte, também é de curto alcance, ou seja, de
curta distância entre duas partículas que produzem instabilidade em certos núcleos.
Esse tipo de força tem papel fundamental na maioria das reações de decaimento
radioativo, e o interessante é que essa força fraca é, aproximadamente, 1034 vezes
mais forte que a força gravitacional e cerca de 103 vezes mais fraca do que a
eletromagnética.

Aprofunde seus conhecimentos sobre as forças fundamentais da natureza


lendo os materiais que vocês encontram acessando os links indicados:
Disponível em: <http://www.if.ufrgs.br/tex/fis01043/20032/Humberto/
index.html>. Acesso em: 30 set. 2015.
Disponível em: <http://www.cesarzen.com/FIS1057Lista9.pdf>. Acesso
em: 30 set. 2015.

102 Força e Movimento


U2

1. (Adaptada de TIPLER, 2000, p. 78) Uma certa força provoca


a aceleração de 5m/s2 no corpo padrão de massa m1=1 kg. A
mesma força aplicada a um outro corpo de massa m2 provoca
uma aceleração de 11 m/s². Assinale a alternativa que apresenta,
respectivamente, a massa do segundo corpo e o módulo da
força:

a) 0,35 kg e 5 N
b) 0,40 kg e 8 N
c) 0,45 kg e 5 N
d) 0,40 kg e 8 N
e) 0,53 kg e 5 N

2. (Adaptada de SERWAY; JEWETT JR., 2014, p. 133) Um disco


de hóquei sobre um lago congelado recebe uma velocidade
inicial de 20,0 m/s. Se o disco permanece sempre no gelo e
desliza 115 m antes de entrar em repouso, é correto afirmar
que o coeficiente de atrito cinético entre o disco e o gelo será
de:

a) 0,177
b) 0,188
c) 0,199
d) 0,211
e) 0,222

Nesta unidade, você aprendeu:


• A representação de um corpo em duas e três dimensões.
• Como determinar a velocidade do vetor de um corpo e sua
aceleração vetorial, a partir do que se sabe sobre sua trajetória.
• Como descrever a trajetória em curva percorrida por um projétil.

Força e Movimento 103


U2

• O significado do conceito de força na Física, bem como a razão


da força ser vetorial.
• O significado de força resultante sobre um objeto.
• As três leis de Newton.
• Algumas aplicações das leis de Newton: forças de atrito e
movimento circular uniforme;
• As forças fundamentais da natureza.

Nesta unidade, você deu continuidade ao estudo da cinemática


e foi introduzido aos estudos preliminares da dinâmica, em que,
além de analisar movimentos, buscamos compreender as causas
que os provocam.
Espera-se que, ao final deste estudo, você tenha ampliado seus
conhecimentos a respeito de conceitos da cinemática, sobretudo
pautando-se nas aprendizagens decorrentes de estudos
realizados sobre as abordagens da primeira unidade, sobre o
movimento unidimensional, transpondo as ideias apreendidas
para os movimentos bidimensionais e tridimensionais.
Além disso, espera-se que, ao final dos estudos desta segunda
unidade, você possa: evidenciar como utilizar as leis de Newton
para resolver problemas referentes às forças que atuam sobre
um corpo ou sobre dois corpos em interação (em que temos
o par de ação e reação); entender como resolver problemas
referentes às forças que atuam sobre um corpo em movimento
circular uniforme; e conhecer as principais propriedades das
forças fundamentais da natureza.
Lembre-se que a aprendizagem nesta disciplina só será
significativa se você fizer todas as leituras sugeridas, resolver
as atividades de aprendizagem propostas e, se possível, fazer
pesquisas em bibliotecas e estudar os materiais que compõem a
bibliografia desta unidade.
E, ainda, gostaria de fazer um convite muito importante: acesse o
fórum da disciplina e compartilhe suas dúvidas e conhecimentos
construídos. Afinal, compartilhar conhecimentos pode auxiliar
muito na compreensão dos estudos realizados.

Bons estudos!

104 Força e Movimento


U2

1. (Adaptada de SERWAY; JEWETT JR., 2014, p. 75) Uma


partícula se move no plano xy, começando da origem em t=0
com velocidade inicial, tendo duas componentes x de 20 m/s
e y de -15 m/s. A partícula experimenta uma aceleração na
direção x, dada por ax=4,0 m/s². Determine as coordenadas
x e y da partícula em qualquer instante t e, em seguida,
determine e assinale a alternativa que apresenta o seu vetor
posição nesse instante:

a) =(20t+2t2 ) -15t
b) =(20t+2t2 ) +15t
c) =(15t+t2 ) -20t
d) =(15t+t2 ) +20t
e) =(20t+t2 ) -10t

2. (Adaptada de SERWAY; JEWETT JR., 2014, p. 107) Um disco


de hóquei com uma massa de 0,30 kg desliza sobre a superfície
horizontal sem atrito de uma pista de gelo. Dois bastões de
hóquei batem no disco ao mesmo tempo, exercendo forças
sobre ele, como mostra a figura:
Figura 2.15 – Representação do disco de hóquei se movendo em uma
superfície sem atrito sob a ação de duas forças F �_1 e F �_2

Fonte: Da autora (2015).

Força e Movimento 105


U2

A força tem módulo de 5,0 N e a força tem módulo


de 8,0 N. Determine o módulo e a direção da aceleração do
disco e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta esses
resultados, respectivamente:

a) 30 m/s² e 30°
b) 32 m/s² e 30°
c) 34 m/s² e 31°
d) 36 m/s² e 31°
e) 38 m/s² e 33°

3. (Adaptada de YOUNG; FREEDMAN, 2008, p. 120) Um carro


de 2,49×104 N em movimento ao longo do eixo + Ox para
repentinamente; o componente x da força resultante que
atua sobre o carro é -1,83×104 N. Qual é sua aceleração?

a) 6,90 m/s²
b) -6,90 m/s²
c) 7,20 m/s²
d) -7,20 m/s²
e) -8,10 m/s²

4. (Adaptada de YOUNG; FREEDMAN, 2008, p. 143) Um


elevador e sua carga possuem massa total igual a 800 kg. O
elevador está inicialmente descendo com velocidade igual a
10,0 m/s; a seguir, ele atinge o repouso em uma distância de
25,0 m. Determine a tensão T no cabo de suporte enquanto o
elevador está diminuindo de velocidade até atingir o repouso
e, em seguida, assinale a resposta correta:

a) 9110 N
b) 9230 N
c) 9310 N
d) 9390 N
e) 9440 N

106 Força e Movimento


U2

5. (Adaptada de YOUNG; FREEDMAN, 2008, p. 151) Você está


tentando mover um engradado de 500 N sobre um piso plano.
Para iniciar o movimento, você precisa aplicar uma força
horizontal de módulo igual a 230 N. Depois da “quebra do
vínculo” e de iniciado o movimento, você necessita apenas de
200 N para manter o movimento com velocidade constante.
Qual é o coeficiente de atrito estático e o coeficiente de atrito
cinético, respectivamente?

a) 0,46 e 0,40
b) 0,40 e 0,46
c) 0,52 e 0,38
d) 0,38 e 0,52
e) 0,52 e 0,40

Força e Movimento 107


U2

108 Força e Movimento


U2

Referências

SERWAY, Raymond A.; JEWETT JR., John W. Princípios de Física. Tradução de Márcio
Maia Vilela. São Paulo: Cengage Learning, 2014.
TIPLER, Paul A. Física para cientistas e engenheiros. Tradução de Horácio Macedo.
Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos S. A., 2000.
YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Física I. Tradução de Sonia Midori Yamamoto.
12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2008.

Força e Movimento 109


U3

110 Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões


Unidade 3

TRABALHO, ENERGIA,
SISTEMAS DE PARTÍCULAS E
COLISÕES

Maurilio Cristiano Batista Bergamo

Objetivos de aprendizagem:
Nesta unidade, vamos continuar nosso estudo dentro da mecânica. Nosso
objeto de estudo em um primeiro momento será o trabalho e suas relações com
a energia cinética, que está presente nos corpos em movimento. Depois, vamos
direcionar nossos estudos às partículas; estudaremos seus comportamentos e
também as colisões.
Você está pronto? Então, vamos lá!

Seção 3.1 | Trabalho e energia cinética


Nesta seção, vamos iniciar os nossos estudos com o trabalho, vendo o
trabalho em uma dimensão, o trabalho executado por uma força variável
e por uma força elástica. Depois, estudaremos a conservação da energia,
a relação entre trabalho e energia mecânica e as forças, conservativas e
não conservativas, e também estudaremos o conceito de potência.

Seção 3.2 | Sistema de partículas e colisões


Na segunda seção, vamos estudar as partículas, começando pelo
centro de massa, momento linear, conservação do momento linear,
colisão e impulso. Definidos esses conceitos, nosso estudo será voltado
para as colisões entre partículas, em uma e duas dimensões.
U3

112 Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões


U3

Introdução à unidade

A partir de agora, vamos começar nossos estudos sobre trabalho, energia, sistemas
de partículas e colisões. Esses assuntos fazem também parte da mecânica física e
têm como objetivos explorar diversos conceitos ligados a essa área de estudo.

Na primeira seção, vamos concentrar nossos estudos no trabalho e energia


cinética, além de estudar as relações entre trabalho e energia potencial e também
a conservação de energia. Na segunda seção, vamos estudar diversos conceitos
ligados às partículas, como momento linear, conservação do momento linear,
colisões, tipos de colisões, impulso, dentre outros. Assim, no final desta unidade,
vamos ter estabelecido diversos conceitos e encerrar nossos estudos dentro da
mecânica física.

Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões 113


U3

114 Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões


U3

Seção 3.1
Trabalho e Energia Cinética
Introdução à seção

Um dos objetivos fundamentais da física é estudar a energia. Todos sabemos que


nada pode ser iniciado sem algum tipo de energia.

O termo energia tem um amplo significado. Tecnicamente, descrevemos energia


como uma grandeza escalar associada ao estado de um ou mais objetos, no entanto
essa definição pode ser vaga demais, principalmente para quem está iniciando seu
estudo. Para facilitarmos a compreensão em nosso ponto de partida, vamos descrever
energia como um número que associamos a um sistema de um ou mais objetos.
Assim, se uma força afeta um dos objetos, esse número varia. Esse número pode ser
utilizado para prever experimentos, construir máquinas e até voar. Esse princípio está
ligado ao fato de que a energia é algo presente no universo e que pode mudar de
forma e ser transferida de um objeto a outro.

Embora existam muitas formas de energia e diversos meios de transferência, nesta


unidade vamos concentrar nossos estudos em um único tipo de energia, a energia
cinética, e em uma forma de transferência de energia, o trabalho.

3.1.1 Trabalho
Ao aumentarmos a velocidade de um objeto aplicando uma força, a energia
cinética do objeto aumenta. Da mesma forma que, quando diminuímos a velocidade
do objeto por meio de uma força aplicada, a energia cinética do objeto diminui. Essas
variações da energia cinética são decorrentes da energia transferida pela força aplicada
ao objeto ou do objeto. Todas as vezes em que energia é transferida através de forças,
dizemos que um trabalho (W) é realizado pela força sobre o objeto. Assim, podemos
definir trabalho como:

Trabalho (W) é a energia transferida para um objeto ou de um objeto através de


uma força que age sobre o objeto. Quando a energia é transferida para o objeto,
o trabalho é positivo; quando a energia é transferida do objeto, o trabalho é
negativo.

Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões 115


U3

A unidade do trabalho é definida pela unidade de intensidade de força, multiplicada


pela unidade de comprimento. Desse modo, no SI, a unidade de trabalho é o newton
x metro, que recebe o nome de joule (J).

Ao usar a palavra trabalho, não estamos usando no sentido coloquial, segundo o


qual trabalho remete a um esforço, físico ou mental. Por exemplo, quando empurramos
uma parede com força, você pode se cansar do esforço que está fazendo, devido às
diversas contrações musculares que está realizando, mas, como esse esforço não
transfere energia para a parede, nem da parede para você, o trabalho realizado é nulo.

3.1.1.1 Trabalho: movimento em uma dimensão com força constante


Considere um bloco que pode deslizar sobre uma superfície x sem atrito. Uma
força constante , fazendo ângulo com a superfície, é usada para acelerar o bloco.
Podemos relacionar a força aplicada com a aceleração através da segunda lei de
Newton:

onde m é a massa do bloco. Enquanto o bloco sofre um deslocamento d, a força


muda a velocidade do bloco de um valor inicial ν0 para outro valor, ν. Como a força
é constante, a aceleração também é constante. Assim, podemos usar a seguinte
equação para escrever as componentes em relação à superfície x:

Explicitando a_x, substituindo na equação da segunda lei de Newton e reagrupando,


temos:

Ao observarmos essa equação, podemos notar, do lado esquerdo da equação,


como primeiro termo a energia cinética no fim do deslocamento (Kf) do bloco e como
segundo termo a energia cinética do início do deslocamento (Ki). Isso nos diz que a
energia cinética foi alterada pela força e que essa mudança é igual a . Assim,
podemos dizer que o trabalho (W) realizado pela força sobre o bloco é:

Quando conhecemos os valores de Fx e d, podemos utilizar essa equação para


calcular o trabalho (W) realizado pela força.

116 Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões


U3

Será que todas as forças que atuam sobre o bloco realizam


trabalho?

Quando calculamos o trabalho que uma força realiza em um objeto, quando


esse sofre um deslocamento, utilizamos apenas a componente de força paralela ao
movimento do objeto, pois a força perpendicular ao movimento não realiza trabalho.

Pense em uma criança puxando um carinho. Se ela empurra o carrinho ao longo


de um deslocamento d com uma força F constante na direção do movimento, a
quantidade de trabalho que ela realiza sobre o carrinho é dada pela equação W=F.d.
No entanto, quando ela puxa o carrinho de modo a formar um ângulo θ com seu
deslocamento (Figura 3.1), a força possui um componente F=F.cosθ na direção do
deslocamento e um componente F=F.senθ perpendicular ao deslocamento. Nesse
caso, somente a componente F=F.cosθ atua no movimento do carrinho, portanto
podemos definir o trabalho como o produto dessa componente de força pelo módulo
do deslocamento. Assim, temos:

W=F.d.cosθ
Quando θ = 0, a força está atuando na mesma direção e sentido do deslocamento,
então cos θ = 1.

Figura 3.1 – Uma força constante (F), que faz um ângulo θ com o deslocamento (d) de um
carrinho, acelera o carrinho, alterando sua velocidade

Fonte: <http://fisicaevestibular.com.br/Dinamica14.htm>. Acesso em: 19 out. 2015.

Nos exemplos utilizados acima, o trabalho era sempre positivo, mas é importante
compreender que o trabalho também pode ser negativo ou nulo. Essa observação
mostra a diferença entre o conceito cotidiano e o conceito físico de trabalho. Quando
a força aplicada apresenta uma mesma direção e um mesmo sentido ao deslocamento
(θ ente 0° e 90°), o trabalho é positivo (Figura 3.2A). Quando a força possui uma

Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões 117


U3

componente na mesma direção, mas, no sentido contrário (θ ente 90° e 180°), o


trabalho é negativo (Figura 3.2B). Quando a força é perpendicular ao deslocamento
(θ=90°), o trabalho realizado pela força é igual a zero.

Figura 3.2 – Trabalho positivo, negativo e nulo

Fonte: O autor (2015).

Existem diversas situações em que uma força não realiza trabalho. Uma halterofilista,
ao segurar uma barra parada no ar, não está realizando trabalho algum. Você pode
imaginar que existe um trabalho duro para manter a barra no ar, porém ele não está
realizando trabalho nenhum, pois não há deslocamento da barra.

Quando duas ou mais forças atuam sobre um objeto, o trabalho total realizado é
a soma dos trabalhos realizados separadamente por cada uma das forças. O trabalho
total pode ser calculado de duas formas:

118 Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões


U3

1. Determinando o trabalho realizado separadamente por cada uma das forças e


somando os resultados.

2. Determinando a força resultante de todas as forças e aplicando a equação para


o trabalho.

3.1.1.2 Trabalho executado por uma força variável


Se uma determinada força variável atua sobre um corpo, podemos generalizar a
definição de trabalho da maneira que vimos anteriormente: W=F.d. Consideremos um
movimento retilíneo sob a ação de uma força F, que varia em módulo e possui uma
componente Fx paralela ao deslocamento. Suponha uma partícula movendo-se ao
longo de um eixo x, de um ponto x1 para x2, em resposta a uma variação da força na
direção de x (figura 3.3A). A Figura 3.3B nos mostra um gráfico do componente Fx da
força em função da coordenada x da partícula.

Figura 3.3 – Cálculo do trabalho para uma força variável para uma partícula que se move
na direção x, de x1 para x2

Fonte: O autor (2015).

Se dividíssemos o deslocamento em intervalos pequenos, em que a força pode ser


considerada constante, podemos aplicar a definição de trabalho. Assim, observando
a Figura 3.3C, vemos que o deslocamento foi dividido em intervalos pequenos
de tamanho ∆x. Dessa forma, podemos inferir que o trabalho realizado pela força
média no deslocamento ∆x seja um valor aproximado ao seu produto escalar pelo
deslocamento ∆x.

Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões 119


U3

Como sabemos, o trabalho é uma grandeza escalar. Assim, basta somarmos o


resultado desse produto para cada pequeno intervalo. Esse procedimento é equivalente
à definição de integral. Assim, podemos dizer que o trabalho realizado pela força desse
deslocamento é dado por:

3.1.1.3 Trabalho realizado por uma mola


Para esticar uma mola a uma distância x além de sua posição de não deformada,
devemos aplicar uma força de módulo F em cada uma de suas extremidades. Quando
o alongamento não é muito grande, verificamos que o módulo F é diretamente
proporcional ao módulo do deslocamento x:

Essa equação nos mostra a força necessária para esticar a mola, em que k é uma
constante denominada constante da força ou constante da mola. As unidades de k
são a força dividida pela distância: N/m em unidades SI.

Para uma mola fraca, como aquelas encontradas em brinquedos, a constante


da mola é aproximadamente 1 N/m. Para molas duras como as encontradas na
suspensão de um carro, k apresenta um valor igual a 105 N/m. A observação de que a
força é diretamente proporcional ao deslocamento foi observada por Robert Hooke,
em 1678, e ficou conhecida como lei de Hooke.

Lei de Hooke: acesse o link abaixo e veja mais sobre as molas e a lei de
Hooke. Disponível em: <https://pt.khanacademy.org/science/physics/
work-and-energy/hookes-law>. Acesso em: 9 dez. 2015

Para esticar qualquer mola, devemos realizar trabalho, aplicando forças iguais em
extremidades opostas da mola e gradualmente aumentando as forças. Se mantivermos
uma extremidade da mola fixa, em repouso, de modo que a força que atua nessa

120 Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões


U3

extremidade não realiza trabalho e a outra extremidade livre onde a força que atua
nessa extremidade realiza trabalho, a mola alonga na direção da força. A Figura 3.4
mostra um gráfico da força Fx em função de x, o alongamento da mola.

Figura 3.4 – Trabalho realizado ao esticar a mola

Fonte: O autor (2015).

O trabalho realizado por F quando o alongamento varia de zero a um valor máximo


X é dado por:

Também podemos obter esse resultado graficamente. A área do triângulo


sombreado na Figura 3.4 representa o trabalho total realizado pela força, que é igual
ao produto da base pela altura dividido por dois. Assim, temos:

Essa equação diz que o trabalho é a força média kX/2 multiplicada pelo
deslocamento total X. Podemos ver que o trabalho total é proporcional ao
quadrado do alongamento total X. Com isso, podemos inferir que, para esticar em
2 cm uma mola ideal, devemos aplicar um trabalho quatro vezes maior do que o
necessário para esticá-la em 1 cm.

3.1.1.4 Energia cinética


Quando estudamos o trabalho, vimos que o trabalho total realizado pelas forças
externas sobre um corpo está relacionado com o deslocamento do corpo, ou seja,

Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões 121


U3

com sua variação de posição no espaço. O trabalho total também é relacionado com
a velocidade do corpo.

Tomando como exemplo um bloco que desliza em uma superfície sem atrito
(Figura 3.5), observando a Figura 3.5A, vemos que, quando empurramos o bloco da
esquerda para a direita, sua força resultante também será da esquerda para a direita.
Na Figura 3.5B, a força resultante está direcionada para a esquerda. Na Figura 3.5C, a
força resultante é igual a zero.

Quando temos a força resultante atuando sobre o bloco na mesma direção e


sentido do seu deslocamento, esse corpo acelera, sendo que isso significa que o
trabalho total sobre ele é positivo. Quando a força resultante se opõe ao movimento,
o trabalho total é negativo, com isso o bloco diminui de velocidade. Quando a força
resultante é nula, a velocidade permanece constante e o trabalho sobre o bloco é zero.
Concluímos, então, que uma partícula que sofre deslocamento sofre uma aceleração se o
Wtotal > 0 diminui de velocidade se Wtotal < 0 e permanece com velocidade constante se
Wtotal = 0.

Figura 3.5 – Relação entre trabalho e velocidade de um bloco

Fonte: O autor (2015).

O trabalho realizado por uma força resultante sobre uma partícula fornece variação
de energia cinética da partícula. Tomando como base a equação:

Essa equação pode ser utilizada em uma situação especifica de um movimento


unidimensional, mas esse é um resultado geral. Ela nos diz que o trabalho realizado
pela força resultante sobre uma partícula de massa m é igual à diferença entre os
valores inicial e final de uma quantidade . Essa quantidade é tão importante que
recebeu um nome especial, energia cinética (SERWAY; JEWETT, 2014):

122 Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões


U3

A energia cinética representa a energia associada com o movimento da partícula;


ela é uma grandeza escalar e tem as mesmas unidades que o trabalho.

Podemos relacionar a variação da energia cinética de uma partícula


, ao trabalho realizado sobre ela. Em objetos que se comportam como
partículas, podemos generalizar essa equação. Seja ∆K a variação da energia cinética
do objeto e W o trabalho resultante realizado sobre ele, podemos escrever

Essa relação nos diz que a energia cinética final de um corpo é igual à sua energia
cinética mais a alteração na energia por causa do trabalho resultante realizado sobre
ele. Essa relação também é conhecida como teorema do trabalho-energia cinética.
Serway e Jewett (2014) afirmam que “Quando um trabalho é realizado sobre um
sistema e a única mudança nele acontece em sua velocidade escalar, o trabalho
resultante realizado sobre o sistema é igual à mudança da energia cinética do sistema”.

Se o trabalho total realizado sobre uma partícula é positivo, a energia cinética


aumenta a um valor igual ao trabalho. Se o trabalho total é negativo, a energia cinética
diminui de um valor igual ao trabalho realizado.

Acesse o link para saber mais sobre a história de James Prescott Joule e
suas contribuições para o universo científico.
Disponível em: <http://www.ahistoria.com.br/biografia-james-prescott-
joule/>. Acesso em: 19 out. 2015.

3.1.1.5 Potência
A taxa de variação com o tempo do trabalho realizado por uma força recebe o
nome de potência. Quando você vai a uma academia e levanta verticalmente um
haltere pesando 100N do chão até uma altura de 1 metro com velocidade constante,
você realiza um trabalho de (100N)(1,0m) = 100J. Se você levar um minuto ou um
segundo para realizado, o valor do trabalho realizado é o mesmo.

Muitas vezes, precisamos saber quanto tempo levamos para realizar um


determinado trabalho. Quando um trabalho (∆W) é realizado durante um intervalo
de tempo (∆t), temos o trabalho médio realizado por unidade de tempo ou potência
média (Pm), que é definida por:

Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões 123


U3

A taxa de realização de um trabalho pode não ser constante. Assim, podemos


definir uma potência instantânea P como o limite da razão indicada na equação
abaixo, em que ∆t tende a zero.

A unidade SI para potência é o watt (W), nome dado em homenagem ao matemático


e engenheiro escocês James Watt. Um watt é igual a 1 Joule por segundo (1 watt = 1
W = 1 J/s).

A unidade intitulada watt é comum em nosso dia a dia. Quando vemos nossa
conta de luz, observamos que ela é medida em quilowatt (103W) ou quando vamos
ao mercado comprar uma lâmpada, podemos escolher entre uma de 60W ou 100 W.
Uma lâmpada de 100 W converte 100 J de energia em luz e calor a cada 1 segundo. O
quilowatt-hora da conta de luz é a unidade comercial e corresponde ao trabalho total
realizado em 1 hora quando a potência é de 1 quilowatt.

3.1.2 Conservação da energia


Utilizando nossos conhecimentos Figura 3.6 – Pessoa saltando de um
Bungee jump
de física, podemos identificar diversas
formas de energia agindo no ambiente,
especialmente em exemplos práticos de
nosso cotidiano. Um dos tipos comuns de
energia presente no ambiente é a energia
potencial (Ep). De modo geral, podemos
associar a energia potencial a qualquer
sistema de objetos que estão associados
a uma configuração (ou arranjo) em que
um exerce força sobre o outro. Vamos
exemplificar, utilizando o exemplo abaixo
(Figura 3.6).

O sistema de objetos utilizado nesse


exemplo é formado pela Terra e pela
pessoa. Uma das forças que age entre
os objetos é a força gravitacional. A
configuração do sistema varia de acordo Fonte:<https://commons.wikimedia.org/wiki/
Category:Bungee_jumping?uselang=pt-br#/media/
com que a distância entre a pessoa e File:Cintura_1.jpg>. Acesso em: 24 set. 2015.

124 Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões


U3

a Terra diminui. Podemos descrever o movimento da pessoa e o aumento de


sua energia cinética, definindo uma energia potencial gravitacional (Epg). Essa
energia está associada ao estado de separação entre os dois objetos que se atraem
mutuamente através da força gravitacional, no caso a pessoa e a Terra.
Quando a corda que prende a pessoa começa a esticar no final do salto, o
sistema de objetos passa a ser formado pela corda e a pessoa (ainda existe energia
potencial gravitacional, mas ela passa a ser depressível). A força entre os objetos
agora é uma força elástica, que está associada ao estado de compressão ou
distensão de um objeto, e a configuração do sistema varia de acordo com que
a corda estica. Podemos associar a diminuição da energia cinética da pessoa ao
aumento do comprimento da corda, definindo uma energia potencial elástica
(Epe).
Durante esta seção, vamos aprender a calcular os diferentes tipos de
energia potencial. Estudaremos a conservação de energia, bem como as forças
conservativas e não conservativas que compõem um sistema, mas vamos começar
analisando a relação do trabalho – visto anteriormente – com a energia potencial.

3.1.2.1 Trabalho e energia potencial


No início desta seção, vimos a relação entre o trabalho e a variação da energia
cinética. Agora, vamos relacionar o trabalho com a variação da energia potencial.

Suponha uma pessoa jogando um tomate para o alto (Figura 3.7). Enquanto o
tomate está subindo, o trabalho que é realizado pela força gravitacional (Wg) sobre
o tomate é negativo, pois essa força extrai energia da energia cinética do tomate.
Podemos dizer que essa energia é transferida pela força gravitacional do tomate para
a energia gravitacional do sistema tomate-Terra.
Figura 3.5 – Relação entre trabalho e velocidade de um bloco

Fonte: Adaptado de Halliday; Resnick; Walker (2014).

Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões 125


U3

O tomate perde velocidade até parar e começar a cair de volta por causa da força
gravitacional. Durante a queda, a transferência de energia se inverte e o trabalho Wg
realizado sobre o tomate pela força gravitacional agora é positivo e a força gravitacional
transfere energia da energia potencial gravitacional do sistema tomate-terra para a
energia cinética do tomate.

Tanto na subida quanto na decida, a variação da energia potencial gravitacional


(∆Epg) é definida como o negativo do trabalho realizado sobre o tomate pela força
gravitacional. Usando o símbolo geral W para o trabalho, podemos expressar essa
definição através da seguinte equação:

O exemplo que discutimos até aqui nos permite tirar algumas conclusões:

1. O sistema é formado por pelo menos dois objetos.

2. Uma força está atuando entre um objeto do sistema que se comporta como
uma partícula (tomate) e o resto do sistema.

3. Quando a configuração do sistema varia, a força realiza trabalho (W1) sobre o


objeto, transferindo energia cinética (K) do objeto para alguma outra forma de energia
do sistema.

4. Quando a mudança da configuração se inverte, a força inverte o sentido da


transferência energética, também realizando um trabalho (W2).

Nas situações em que observamos uma relação W1 = – W2, e a outra forma de


energia é uma energia potencial, dizemos que a força é uma força conservativa. A
força gravitacional e a força elástica são exemplos de forças conservativas.

Quando uma força não obedece à relação W1 = – W2, é chamada de força não
conservativa. A força de atrito é um exemplo de força não conservativa.

Vamos ver mais sobre essas forças em uma seção adiante.

3.1.2.2 Energia mecânica


A energia mecânica de um sistema pode ser definida pela soma de sua energia
potencial com a energia cinética dos objetos que compõem o sistema, portanto:

126 Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões


U3

Nas próximas seções, vamos discutir o que acontece com a energia mecânica
quando as transferências dentro de um sistema são produzidas somente por forças
conservativas.

Se supormos um sistema isolado, em que nenhuma força externa produz variações


de energia dentro do sistema, uma força conservativa que realiza um trabalho W
sobre um objeto dentro do sistema é responsável pela transferência de energia entre
a energia cinética do objeto e a energia potencial do sistema. Por isso, podemos dizer
que:

∆K=W e ∆U=-W, assim, temos:


K= – ∆U
Essa relação nos diz que, se uma energia aumenta, a outra diminui exatamente
na mesma quantidade. Em um sistema isolado, em que apenas forças conservativas
podem atuar, a energia cinética e a energia potencial podem variar, mas a soma das
duas energias, chamada energia mecânica, será sempre igual.

Esse princípio é conhecido como conservação da energia mecânica. Podemos


escrevê-lo da seguinte forma:

∆Emec=∆K + ∆U=0

3.1.2.3 Determinação da energia potencial


Os valores dos dois tipos de energia potencial que discutimos até aqui, a energia
potência e energia potencial elástica, podem ser calculados com o auxílio de algumas
equações. Veremos aqui suas relações, como podemos determinar esses tipos de
energia potencial.

3.1.2.3.1 Energia potencial gravitacional


A energia potencial gravitacional (Epg) surge da interação gravitacional entre um
corpo e a Terra. A energia potencial de um corpo é caracterizada pela sua capacidade
de realizar trabalho.

Todo corpo em queda livre está sujeito à mesma aceleração de direção horizontal
e sentido para baixo. Essa aceleração é a aceleração gravitacional (g) e possui um valor
de aproximadamente 9,8 m/s². A força resultante desse movimento é a força peso
(P=m.g) e o trabalho dessa força é igual à energia potencial gravitacional. Dessa forma,
se pensarmos na pessoa que está na plataforma de salto, como vimos anteriormente,
assim que ela sai da plataforma, a força peso realiza trabalho e a energia potencial
gravitacional se transforma em energia cinética. Para encontrar uma equação para a
energia potencial, podemos utilizar a equação para calcular o trabalho:

Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões 127


U3

W = Fd
Como a força nesse caso é a força peso e o deslocamento é equivalente à altura
que o corpo ocupa, temos:

Epg = m.g.h
Onde:

Epg = energia potencial gravitacional – dada em joule (J)

m = massa – dada em quilograma (kg)

g = aceleração gravitacional – dada em metros por segundo ao quadrado (m/s2)

h = altura – dada em metros (m)

3.1.2.3.2 Energia potencial elástica


A energia potencial elástica (EPE) é a energia associada à deformação de um corpo.
Esse tipo de energia corresponde ao trabalho que a força elástica realiza. Da mesma
forma que a energia cinética é associada ao conceito de movimento e a energia
potencial gravitacional diz respeito ao conceito de altura de uma partícula em relação
a um plano de referência, a energia potencial elástica se associa a deformação dos
corpos.

Consideremos agora uma mola com um bloco preso em uma das suas
extremidades, em um sistema massa-mola. Esse bloco desloca em uma extremidade
e a mola tem constante elástica igual a k. Enquanto o bloco se desloca de um ponto xi
para o ponto xf, a força elástica Fx = – kx realiza trabalho sobre o bloco.

Para determinarmos a variação correspondente da energia potencial elástica do


sistema bloco-mola, utilizamos a seguinte expressão:

Para associar um valor de energia potencial U ao bloco na posição x, escolhemos


a configuração de referência como o estado relaxado da mola, então o bloco está
em xi=0. Assim, a energia potencial elástica inicial é zero. Deduzindo, chegamos à
seguinte expressão:

128 Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões


U3

3.1.2.4 Forças conservativas e não conservativas


Nesta seção, vamos retomar uma ideia que já discutimos, lá quando falamos sobre
força conservativa e não conservativa.

Quando uma força é capaz de converter energia cinética em energia potencial e


de fazer a conversão inversa denomina-se força conservativa. Vimos até agora duas
formas de forças conservativas (gravitacional e elástica). Uma característica básica
dessas forças é que o trabalho realizado pela força é sempre reversível. Podemos
pensar em um corpo que segue várias vezes trajetórias de um ponto a outro. A força
conservativa realiza sempre o mesmo trabalho sobre o corpo, seja qual for a trajetória
(Figura 3.7).

Figura 3.7 – Movimento de uma partícula sob a ação de uma força conservativa

Fonte: O autor (2015).

Tomando como exemplo a Figura 3.7, se considerarmos que uma força conservativa
atua na partícula ao longo desse percurso fechado, indo de A para B pelo caminho 1 e
voltando de B para A pelo caminho 2, temos que:

Como vimos, ir e voltar pelo mesmo caminho será apenas uma questão de sinal,
como:

Assim, podemos dizer que o trabalho de ir do ponto A para o ponto B independente


do percurso, e como a força é conservativa, também será o mesmo, caso utilize o
caminho 1 ou 2. Assim, temos que:

Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões 129


U3

Quando pensamos também em um corpo que permanece próximo à superfície


terrestre, a força gravitacional é independente de sua altura e o trabalho realizado por
essa força depende somente da variação na altura. Quando um corpo se move ao
longo de uma trajetória, o trabalho realizado pela força gravitacional é igual a zero.

Sempre que analisarmos o trabalho realizado por uma força conservativa, vamos
encontrar possui quatro características:

1. Pode ser medido pela diferença entre o valor inicial e do valor final.

2. É reversível.

3. Independe da trajetória do corpo e depende apenas do ponto inicial e do ponto


final.

4. Se o ponto final coincidir com o ponto inicial, o trabalho é zero.

Quando as únicas forças que realizam trabalho são conservativas, a energia


mecânica total (Emec = K + Ep) permanece constante.

Contudo, nem todas as forças que atuam sobre um corpo são conservativas. A
força de atrito, por exemplo, que atua sobre uma caixa que desliza em uma rampa,
quando esse desliza para cima e a seguir para baixo, retornando ao ponto inicial, faz
com que o trabalho total seja diferente de zero.

Quando o sentido do movimento se inverte, a força de atrito realiza trabalho


negativo em ambos os sentidos. A energia cinética perdida não pode ser recuperada
invertendo-se o sentido do movimento nem por qualquer outro processo, e a energia
mecânica não é conservada.

Por esse mesmo motivo, a força de resistência de um fluido não é conservativa.


Quando você joga a bola para o céu, a resistência do ar realiza um trabalho negativo
na subida e na descida. A bola volta para sua mão como velocidade e energia cinética
menores do que a velocidade que você lançou a bola. O trabalho realizado por essa
força não pode ser representado por nenhuma função que forneça energia potencial.

Acesse o link abaixo para saber mais sobre as forças não conservativas.
Disponível em: <http://www.mspc.eng.br/mecn/din_140.shtml>.
Acesso em: 19 out. 2015.

130 Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões


U3

3.1.2.5 A equação de conservação de energia


Ao longo de nosso estudo, discutimos diversas situações em que a energia era
transferida entre objetos e sistemas, porém, em cada uma dessas situações, nós
supomos que a energia envolvida não variava, ou seja, que uma parte da energia não
podia aparecer ou desaparecer do sistema. Sempre em nossos exemplos, obedecemos
à lei da conservação da energia, que se refere à energia total (E) de um sistema.

A energia total é a soma da energia mecânica com a energia térmica e qualquer


outro tipo de energia interna do sistema (além da energia térmica). A energia interna
(Eint) define-se como sendo a soma das energias cinéticas dos átomos e moléculas que
se encontram no interior de um sistema e das energias potenciais associadas às suas
mútuas interações, isto é, é a energia total contida num sistema fechado. Podemos
verificar que a energia interna de um corpo aumenta quando sua temperatura aumenta
e, consequentemente, diminui quando sua temperatura diminui.

Levando em conta a lei da conservação da energia, vamos observar que a energia


total E de um sistema pode mudar apenas através da transferência de energia para
dentro do sistema ou para fora do sistema. Assim, podemos estabelecer que:

∆Emec se refere à variação da energia mecânica do sistema, ∆Et à variação da energia


térmica do sistema e em ∆Eint estão incluídas as variações de qualquer outro tipo de
energia interna do sistema. Vale ressaltar que em ∆Emec estão incluídas as variações da
energia cinética (∆K) e as variações da energia cinética elástica, potencial ou qualquer
outra forma (∆Ep).

A lei da conservação da energia pode ser comprovada por diversos experimentos


científicos e até hoje os cientistas não encontraram nenhuma exceção (HALLIDAY;
RESNICK; WALKER, 2014).

3.1.2.6 Trabalho realizado por uma força de atrito


Como já discutimos, podemos definir o trabalho como a energia transferida de
um objeto para outro ou de um objeto através de uma força que age sobre o sistema.
Podemos, agora, estender essa definição para uma força externa que age sobre um
sistema de objetos. Observemos a Figura 3.8:

Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões 131


U3

Figura 3.8 – Trabalho positivo e negativo

Fonte: Adaptado de Halliday; Resnick; Walker (2014, p. 186).

Quando mais de uma força age sobre um sistema, o trabalho total dessas forças é
igual à energia transferida ou retirada do sistema. Se o sistema contém uma partícula
ou único objeto que se comporta como uma partícula, o trabalho realizado por uma
força sobre o sistema pode mudar apenas a energia cinética do sistema. Essa mudança
é governada pelo teorema do trabalho e energia cinética, visto anteriormente. Forças
externas podem apenas transferir energia para o sistema ou retirar energia do sistema.
Durante o movimento, o piso e
Vamos observar o exemplo da Figura 3.9. O bloco é puxado por uma força horizontal
ao longo de um eixo x, no entanto uma força de atritoconstante cinético 𝑓𝑓! sobre o bloco.
se opõe ao Como as f
movimento, levando o bloco de uma velocidade para no final do deslocamento
𝑎𝑎 também é constante.
d. O trabalho positivo W é realizado pela força sobre o sistema bloco-piso e isso
produz uma variação da energia mecânica do bloco e também uma variação ∆Et da
energia térmica do bloco e do piso.

Figura 3.9 – Relação do trabalho com atrito

Fonte: Adaptado de Halliday; Resnick; Walker (2014, p.187).


Durante o movimento, o
Durante o moviment
constante 𝑓𝑓! sobre o bloco. Com
constante 𝑓𝑓! sobre o bloco.
Durante o movimento, o piso exerce uma força de atrito cinético constante
sobre o bloco. Como as forças são constantes, a aceleração 𝑎𝑎 também éconstante.
constante.
também𝑎𝑎étambém é constante.

132 Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões


U3

Em uma situação mais geral, na qual o bloco se desloca por uma rampa, por
exemplo, pode haver uma variação da energia potencial. Para levar em conta essa
possível variação, generalizamos a equação anterior. Assim, temos:

Se observássemos essa situação experimentalmente, veríamos que o bloco


“esquenta” enquanto se move. Como veremos na próxima unidade, a temperatura de
um objeto está relacionada à sua energia térmica Et. Nesse caso, a energia térmica do
bloco e do piso aumenta por duas razões: existe atrito e há movimento.

Experimentalmente, observa-se que o aumento ∆Et da energia térmica é igual


ao produto da força pelo atrito cinético pelo módulo do deslocamento (d). Assim,
podemos escrever:

Por isso, podemos substituir fkd na equação vista anteriormente reescrevendo:

Fd é o trabalho W realizado pela força externa . A energia mecânica do bloco varia


e as energias térmicas do bloco e do piso também. Assim, o trabalho realizado pela
força é realizado sobre o sistema bloco-piso. Esse trabalho é dado pela equação:

Essa equação é a definição do trabalho realizado por uma força externa sobre um
sistema no qual existe atrito.

1. Um caixote é movido pelo vento durante uma tempestade


e desliza em um piso escorregadio de um estacionamento,
sofrendo um deslocamento de 3 metros. Sabendo que a força

Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões 133


U3

F com que o vento empurra o caixote vale 6N, qual o trabalho


realizado pelo vento sobre o caixote?

2. Um macaco prego de 2,0 kg está pendurado em uma árvore


a 5,0 m de altura do solo. Qual a energia potencial gravitacional
do sistema macaco-Terra? (g=9,8 m/s²)

134 Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões


U3

Seção 3.2
Sistema de Partículas e Colisões
Introdução à seção

O que um perito especializado em acidentes de trânsito, uma bailarina e um


malabarista têm em comum? Ao longo desta seção, vamos ver que nessas e em outras
atividades presentes no nosso dia a dia conceitos físicos similares estão envolvidos.

Para se analisar qualquer tipo de movimento, precisamos recorrer a simplificações


que utilizam os conceitos físicos para o entendimento. Nesta seção, vamos discutir o
que forma o movimento de um sistema de objetos, como um carro ou uma bailarina.

3.2.1 Centro de massa


Quando um malabarista arremessa uma bola sem imprimir muita rotação, o
movimento é simples. A bola descreve uma trajetória parabólica e pode ser tratada
como uma partícula. Por outro lado, quando o malabarista arremessa uma maça,
o movimento é mais complicado. Como cada parte do taco segue uma trajetória
diferente, não é possível considerar o taco uma partícula. No entanto, o taco tem um
ponto especial, que descreve uma trajetória parabólica simples e as outras partes da
maça se deslocam em torno do centro de massa (Figura 3.10).

Figura 3.10 – Relação do trabalho com atrito

Fonte: <http://www.celur.com.br/wp-content/uploads/2013/11/malabarista.jpg>. Acesso em: 19 out. 2015.

Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões 135


U3

Em um sistema de partículas, definimos o centro de massa (CM) para podermos


estudar com mais facilidade o movimento. O centro de massa de um sistema é sempre
o ponto que se move como se toda a massa do sistema estivesse concentrada nesse
ponto e todas as forças externas estivessem aplicadas também nesse ponto. Vamos
começar estudando a localização do centro de massa em um sistema de partículas e
depois o movimento do centro de massa.

Como discutimos, mesmo para um corpo em movimento, existe um determinado


ponto onde ele se desloca como se fosse uma única partícula, com a massa desse
corpo sujeita ao mesmo sistema de forças que o todo. Para começarmos, observe a
Figura 3.11.

Figura 3.11 – Duas partículas de massa m1 e m2 dispostas em um eixo x

Fonte: O autor (2015).

Para definirmos o centro de massa (CM) de um conjunto de partículas, vamos


definir inicialmente uma posição que chamaremos de xcm, que corresponde ao centro
de massa para um sistema composto por duas partículas que apresentam massas m1
e m2 e ocupam as posições x1 e x2.

Primeiramente, devemos olhar para as partículas e entender a relação que existe


entre elas. Para o cálculo do centro de massa dessas partículas, vamos utilizar a posição
de cada partícula de massa mi, em que a massa de cada termo é a fração da massa
total contida na posição xi. Dessa forma, temos

Para um determinado sistema onde existem N corpos dispostos ao longo de uma


linha reta, podemos fazer uma extensão da definição anterior. Assim, temos:

136 Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões


U3

Vimos como calculamos o CM de um conjunto de partículas


que estão alinhadas com um único plano, mas e se tivermos
um conjunto de partículas disposta em mais de uma
dimensão?

Considerando um conjunto de N partículas de massas m1, m2, m3, ..., mn, que se
encontram dispostas em posições como no gráfico a seguir (Figura 3.12).

Figura 3.12 – Sistema de pontos materiais de massas m1, m2, ..., mi, ..., mn e de coordenadas
cartesianas (x1, y1, z1), (x2, y2, z2), ..., (xi, yi, zi), ..., (xn, yn, zn), que definem as posições
desses pontos

Fonte: http://www.moderna.com.br/fundamentos/temas_especiais/centrodemassa.pdf. Acesso em: 22 out. 2015.

Temos as partículas dispostas em coordenadas (xcm, ycm, zcm) do CM desse


sistema e, para calcularmos o centro de massa do sistema, vamos utilizar as seguintes
equações:

Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões 137


U3

Sendo M = (m1 + m2 + m3 + ... + mn), que é a massa total do sistema.

De forma vetorial, podemos escrever o vetor da posição do CM como:


rCM = xCM i+ yCM j + zCM k. Assim, temos:

Objetos maciços como um bastão de beisebol contêm um número tão grande de


partículas (átomos) em seu interior que podemos aproximar o centro de massa por
uma distribuição contínua de massa. As partículas, nesse caso, tornam-se elementos
infinitesimais de massa dm. Assim, os somatórios das equações anteriores se tornam
integrais e as coordenadas podem ser estimadas pelas equações abaixo, em que M é
a massa do objeto.

3.2.2 Segunda lei de Newton para um sistema de partículas

Sabemos agora determinar a posição do centro de massa de um sistema de


partículas, então vamos discutir a relação entre forças externas e o movimento do
centro de massa. Para começarmos, vamos tomar como exemplo um jogo de sinuca.

Quando jogamos sinuca, objetivo de toda jogada é acertar a bola escolhida, que
está em repouso, com a bola branca; e assim as duas bolas continuam o movimento.
Esperamos sempre que, ao ser atingida, a bola em repouso entre em movimento e
se mova na direção escolhida. Quando uma bola é atingida, seja pelo taco ou por
outra bola em seu centro de massa, ela continua a se mover para frente sem que o
movimento seja alterado pela colisão, mas o que se move para a frente não é a bola e
sim o seu centro de massa.

Se você observar esse ponto, poderá ver que não importa se o choque é frontal
ou de raspão; o centro de massa continua sempre a se mover na direção seguida
originalmente pela bola branca, como se não tivesse havido uma colisão.

Vamos substituir as bolas de sinuca por partículas n de massas diferentes. Não


estamos interessados no movimento das partículas, mas sim no movimento do centro
de massa do conjunto. Mesmo que o centro de massa seja só um ponto, ele se move
como uma partícula cuja massa é igual à massa do sistema. Dessa forma, podemos
atribuir uma posição, uma velocidade e uma aceleração. Assim, temos:

138 Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões


U3

Caso se lembre da unidade 2, essa é a equação da segunda lei de Newton, nesse


caso aplicada ao movimento do centro de massa de um sistema de partículas. Observe
que a forma é a mesma da equação para o movimento e uma partícula. Na equação
acima, as grandezas obedecem a alguns critérios:

1. é a força resultante de todas as forças externas que atuam sobre o sistema


de partículas. Forças internas não devem ser incluídas.

2. M é a massa total do sistema.

3. é a aceleração do centro de massa do sistema.

Voltemos para as bolas de sinuca. Quando a bola branca está em movimento,


nenhuma força externa age sobre o sistema composto pelas duas bolas. Como a
aceleração é a taxa de variação da velocidade, concluímos que a velocidade do centro
de massa do sistema não varia. Quando ocorre o choque entre as bolas, as forças que
participam do processo são forças internas, de uma bola sobre a outra. Como essas
forças não contribuem para a força resultante, que continua a ser nula, o centro de
massa que se movia para frente antes da colisão deve continuar a se mover para frente
após a colisão, com a mesma velocidade e mesma orientação.

3.2.3 Momento linear


Antes de começarmos, precisamos definir o que representa a palavra momento,
pois essa possui diferentes significados, mas apenas um do ponto de vista físico.
O momento linear de uma partícula é uma grandeza vetorial definida através da
equação:

Nessa equação, m é massa e é a velocidade da partícula. Como m é uma grandeza


escalar positiva, a equação nos mostra que e apresentam a mesma orientação.
A unidade no SI para o momento linear é o quilograma-metro por segundo (kg.m/s).

Como a taxa de variação com o tempo do momento de uma partícula é igual à


força resultante que nela atua e tem a mesma orientação que a força resultante, pode
se expressar também desta forma:

Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões 139


U3

Dessa maneira, afirmamos que a força resultante aplicada em uma partícula faz
variar o momento linear da partícula. Podemos dizer que o momento linear de uma
partícula só varia se a partícula estiver sujeita a uma força.

Para um sistema de partículas, precisamos estender a definição do momento linear.


Se considerarmos um sistema de n partículas, cada qual com sua massa, velocidade
e momento linear, precisamos entender que elas podem interagir e sofrer o efeito de
forças externas. O sistema como um todo possui um momento linear total , que
é definido pela soma vetorial dos momentos lineares das partículas. Dessa maneira,
temos que o momento linear de um sistema de partículas é definido por:

Também é possível escrever o momento linear para um sistema de partículas


considerando a segunda lei de Newton, onde termos:

é a força externa resultante que age sobre o sistema.

Acesse o link abaixo para saber mais sobre o momento linear.


Disponível em: <https://pt.khanacademy.org/science/physics/linear-
momentum>. Acesso em: 9 dez. 2015

3.2.4 Conservação do momento linear

Suponha que a força resultante externa que age sobre um sistema de partículas
é nula, e que nenhuma partícula entra ou sai do sistema (portanto, ele é fechado).
Assim, temos que é igual a zero, portanto podemos dizer que o momento linear
não varia.

140 Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões


U3

A lei de conservação do momento linear diz que, “se um sistema de partículas


não está submetido a uma força externa, o momento linear total não pode variar”.
Podemos escrever essa lei da seguinte forma:

𝑃𝑃! = 𝑃𝑃!

Essa equação significa que, em um sistema fechado e isolado, o momento linear
total em um instante inicial é igual ao momento linear total em um instante posterior.

Acesse o link abaixo para ver uma explicação e uma aplicação dos
conceitos de momento linear e conservação do momento linear.
Disponível em: <http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=5570>.
Acesso em: 19 out. 2015.

𝑃𝑃! = 𝑃𝑃!
3.2.5 Colisão e impulso
ação de uma força 𝐹𝐹 (t) que varia durante a colisão e muda o momento
O momento 𝑝𝑝 da
de bola. A que se comporta como uma partícula permanece
um corpo
constante a menos que uma força externa atue sobre o corpo. Para mudar o
𝑑𝑑𝑝𝑝 =Também
momento do corpo, podemos, por exemplo, empurrá-lo. 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑podemos mudar
o momento de um corpo fazendo colidir com algo, como, por exemplo, uma bola
que colide contra um taco de beisebol. Em uma colisão, a força exercida sobre o
corpo é de curta direção, tem módulo elevado e provoca
!! uma!! mudança na direção
de maneira brusca.
𝑑𝑑𝑝𝑝 = 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
Em um primeiro momento, vamos falar de um!!tipo de colisão
!! que acontece com
certa frequência no mundo real, a colisão simples, em que um corpo se comporta
O lado
como uma partícula esquerdo
e colide contra da equação
outro nos se
objeto que mostra a variação
comporta tambémdo momento: 𝑝𝑝
como
uma partícula.
∆𝑝𝑝. O lado direito representa a medida da intensidade e da duração d
Vamos pensar novamente na bola que
representada pelo símbolo
𝑃𝑃! = 𝑃𝑃!𝐽𝐽.contra um taco de beisebol. A colisão
colide
entre essas partes dura pouco tempo,𝑃𝑃no=
! 𝑃𝑃! a força que age sobre a bola ação
entanto sofre de uma
ação
a açãode deuma
uma força que varia
força 𝐹𝐹 (t) que variadurante
durante a colisão
a colisão e muda
e muda o momento
o momento 𝑝𝑝 da
linearlinearda bola. A
𝑝𝑝 da
bola. bola.
A A
variação está ∆𝑝𝑝
relacionada= 𝐽𝐽
à força através da segunda lei de
ação de uma força 𝐹𝐹 (t) que varia durante a colisão e muda o momento linear Newton. Assim, no
𝑝𝑝intervalo
da bola.deAtempo dt, a variação do momento linear da bola é dada por:
𝑑𝑑𝑝𝑝 = 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑 !!
𝐽𝐽!"# = 𝐹𝐹!"# !"# 𝑑𝑑𝑑𝑑 = ∆𝑃𝑃!"!
𝑑𝑑𝑝𝑝 = 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑 !!

!! !!
Por definição,
𝑑𝑑𝑝𝑝 =a média de uma força 𝐹𝐹 no intervalo de Δt = tf –ti
𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
!! !!
por: !! !!
𝑑𝑑𝑝𝑝 = 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões 141
!! !! O lado esque
(t)
𝑝𝑝 da bola. A 𝑃𝑃! =𝑃𝑃𝑃𝑃
! != 𝑃𝑃! ação de uma força 𝐹𝐹 (t
𝑃𝑃! A= 𝑃𝑃!
𝑝𝑝 da bola.
ação de uma
ação força
de uma 𝐹𝐹 (t) que
força variavaria
𝐹𝐹 (t) que durante a colisão
durante e muda
a colisão o momento
e muda linear linear
o momento 𝑑𝑑𝑝𝑝 = 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
𝑝𝑝 da bola. A
U3 𝑝𝑝 da bola. A 𝑑𝑑𝑝𝑝 𝑃𝑃=! =𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
ação de
𝑃𝑃!
uma força 𝐹𝐹 (t) que varia durante a colisão
𝑝𝑝 da bola. A

𝑃𝑃! =
𝑑𝑑𝑝𝑝
Para determinarmos a variação = 𝑃𝑃
𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
𝑑𝑑𝑝𝑝 !=
total do𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
momento da bola provocada pela colisão 𝑑𝑑𝑝𝑝 = 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
ação de uma força 𝐹𝐹 (t) que varia 𝑃𝑃 = durante
𝑃𝑃 a colisão e muda o momento linear
integrando
da bola. A ambos os membros ! da equação
! anterior, em um instante ti !
imediatamente
! !!
ação𝑝𝑝 de
uma força 𝐹𝐹 (t) que varia durante a colisão e muda o momento linear
e muda o momento linear𝑑𝑑𝑝𝑝 = 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
antes da colisão até um instante!!ti imediatamente
!! após a colisão:
da bola.
𝑝𝑝 ação A força 𝐹𝐹 (t) que varia durante
de uma !! a colisão
!! !! !
𝑝𝑝 da bola. A 𝑑𝑑𝑝𝑝
!
𝑑𝑑𝑝𝑝𝑑𝑑𝑝𝑝
! = !
= = 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑! 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑 !! !!𝑑𝑑𝑝𝑝 =
!
𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
!! ! ! 𝑑𝑑𝑝𝑝!! = !! 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
𝑑𝑑𝑝𝑝 =! 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑!
!! !!

𝑑𝑑𝑝𝑝 =! 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑 ! O lado esquerdo da e


O ladoOesquerdo da equação
lado esquerdo Onos
da equaçãolado esquerdo
mostra
nos mostra variaçãoda
a avariação do equação
momento:
do momento: nos
𝑝𝑝! − 𝑝𝑝! = mostra
∆𝑝𝑝.. O ladoadireito
variaçã
O lado esquerdo da equação nos mostra a varia
rep
O lado
esquerdo
O lado da equação
esquerdo da aequação nos
!! nosmostra !! aavariação
mostra variação dodireito
∆𝑝𝑝. O lado momento:
representa𝑝𝑝! a𝑝𝑝! − 𝑝𝑝!da=intensid
=medida
lado direito representa medida da intensidade e da duraçãodo momento:
da força 𝑝𝑝! −Essa
da colisão.
∆𝑝𝑝. O lado direito representa
medida é chamada de impulso
!! a medida
!! ∆𝑝𝑝. da O !!lado
𝑑𝑑𝑝𝑝 = edireito
!! da intensidade
colisão representa
e
𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
pode
da duração
representada
ser representada pelo asímbolo
da
pelo medida
força
símbolo 𝐽𝐽.. da intensida
representada pelo sím
∆𝑝𝑝. Orepresentada
lado
∆𝑝𝑝. direito
O representa
lado direito 𝑑𝑑𝑝𝑝 a
representa =
pelo símbolo! 𝐽𝐽.𝑑𝑑𝑝𝑝 !=
medida
a medida da
𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
da
!! intensidade
intensidade e da e da
duração duração
da força da força
!
! variação !do
𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
Podemos dizer que
representada pelo símbolo a representada! momento pelo
de umsímbolo
objeto 𝐽𝐽.igual
∆𝑝𝑝 é= 𝐽𝐽 ao impulso ∆𝑝𝑝 = 𝐽𝐽
𝐽𝐽. 𝐽𝐽. !
! !
epresentada
exercidopelosobresímbolo
ele:
!

O lado
O lado esquerdo
∆𝑝𝑝
esquerdo da equação
= 𝐽𝐽da equação nos mostra
nos mostra a variação a variação do momento:
do momento: 𝑝𝑝! − 𝑝𝑝! = 𝑝𝑝! − 𝑝𝑝! !=
O lado esquerdo da equação nos mostra a variação do momento: 𝑝𝑝! −
!
𝑝𝑝! =
∆𝑝𝑝 = 𝐽𝐽 𝐽𝐽!"# = 𝐹𝐹!"# !"# 𝑑𝑑𝑑𝑑 = ∆𝑃𝑃
∆𝑝𝑝. ∆𝑝𝑝.
O lado
∆𝑝𝑝. O∆𝑝𝑝
O lado direito
direito
lado=direito
representa
representa a medida
𝐽𝐽 representa𝐽𝐽 a medida ∆𝑝𝑝
a! medida
da = da 𝐽𝐽intensidade
intensidade e da e da da
duração
! da intensidade e da duração da força
duração
força da força !!

!"# = 𝐹𝐹 𝑑𝑑𝑑𝑑 = ∆𝑃𝑃!"!


representada
representada
representadapelo
pelo
pelosímbolo
símbolo
símbolo 𝐽𝐽.
𝐽𝐽.
𝐽𝐽. !! !"#!!!"# Por definição, a média de uma força 𝐹𝐹 no in
Essa equação representa 𝐽𝐽!"# o= chamado
𝐹𝐹!"# !"#teorema
𝑑𝑑𝑑𝑑 = ∆𝑃𝑃!"!do impulso-quantidade
!! de Por definição, a
!!!! por:
movimento para uma partícula. Também o impulso resultante sobre um sistema,
∆𝑝𝑝
∆𝑝𝑝== 𝐽𝐽𝐽𝐽=por𝐽𝐽 forças externas
Por definição, a média de uma força
𝐽𝐽!"# =que atuam no intervalo
𝐹𝐹!"#𝐹𝐹sobre ∆𝑃𝑃de 𝐽𝐽!"#
Δt = tf –ti=
àé dada
𝐹𝐹
por: !"# 𝑑𝑑𝑑𝑑 = ∆𝑃𝑃!"!
∆𝑝𝑝
causado !"# 𝑑𝑑𝑑𝑑o=sistema,
!"! é igual variação!"#
da
! ! ! 𝐽𝐽!"# = 𝐹𝐹!é! ∆𝑡𝑡
por:quantidade
Por de movimento
definição, total do
a média desistema,
! uma força onde:𝐹𝐹 no intervalo de Δt = tf –ti é dada

!!!! !!
por: 𝐽𝐽𝐽𝐽!"#
𝐽𝐽!"# !"# =
= = Por 𝐹𝐹!"#
𝐹𝐹
𝐹𝐹!"#∆𝑡𝑡definição, 𝑑𝑑𝑑𝑑==∆𝑃𝑃
!"#𝑑𝑑𝑑𝑑 ∆𝑃𝑃!"!!"!
!"# 𝑑𝑑𝑑𝑑 = ∆𝑃𝑃!"!
!"#!"#
Por definição, a média
𝐽𝐽!"#
!!! de uma
!!
𝐹𝐹!é!
força a média de
𝐹𝐹 no intervalo de Δtuma= tfforça
resultante 𝐽𝐽 a que é submetido
𝐹𝐹 no int
o alvo no intervalo
–ti é dada

por: 𝐽𝐽!"# = 𝐹𝐹!é! ∆𝑡𝑡 resultante a que
𝐽𝐽 =𝐽𝐽−𝑛𝑛 ∆𝑝𝑝 é su
por: PorPor
Por definição,
definição, aa média
definição, amédia
médiade deuma umaforça
uma força 𝐹𝐹𝐹𝐹no
força nointervalo
no intervalode
intervalo dedeΔtΔt= =tf –t i é
tf –t dada
é dada
éi dada por:
resultante a que é submetido
Por𝐽𝐽 definição, a média o alvo
de umano intervalo
força 𝐹𝐹deno tempo Δt estáde
intervalo orientado
Δt = 𝑚𝑚
tf –t i é dada
por:
por: ! 𝑣𝑣!! + 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! = 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! +
por:resultante 𝐽𝐽 a que é submetido𝐽𝐽 𝐽𝐽= ∆𝑡𝑡 de tempo Δt está𝐽𝐽orientado
o!"#alvo
−𝑛𝑛 ∆𝑝𝑝no
= 𝐹𝐹!é!intervalo !"# = 𝐹𝐹 𝑣𝑣!é!
∆𝑡𝑡
= 𝑣𝑣!! = 𝑣𝑣!" 𝑚𝑚
𝐽𝐽𝐽𝐽!"# = 𝐹𝐹 ∆𝑡𝑡 !!
!"# = 𝐹𝐹!é!
!é! ∆𝑡𝑡
A força média é𝑚𝑚
𝐽𝐽 imprime
𝐽𝐽!"#= =
=𝑚𝑚−𝑛𝑛
𝐹𝐹 ∆𝑝𝑝o
∆𝑡𝑡mesmo
! 𝑣𝑣!!
uma + 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!!
constante que ! 𝑣𝑣!! +
!é! 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! impulso que a força(𝑚𝑚real,+no 𝑚𝑚! )𝑣𝑣!" = 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! +
!
intervalo de tempo ∆t. A força resultante média pode ser calculada a partir da variação

esultante
resultante
𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽aa queéésubmetido
a que
da quantidade
resultante que ésubmetido
desubmetido
movimento, +ono
se
alvo alvo
𝑚𝑚!oo𝑣𝑣resultante
alvo o𝑚𝑚
no 𝑣𝑣!!no
=aintervalo
𝐽𝐽da
intervalo
tempo
!intervalo que
de
𝑚𝑚 tempo
colisão é
! 𝑣𝑣tempo
de !! +
Δtde
𝑚𝑚 estátempo
éconhecido.
submetido Esse Δt
o
orientado
! 𝑣𝑣está
Δt está
alvo
tempo
orientado orientado
no
pode, intervalo de
!! 𝑣𝑣 = 𝑣𝑣 = 𝑣𝑣 !!
𝐾𝐾 = 𝑚𝑚𝑚𝑚 !
=
! (!") !
com frequência, ser estimado!! !! o deslocamento
usando-se !" de um dos corpos durante , como p = m
resultante 𝐽𝐽
a colisão. a que é submetido o alvo no intervalo de tempo Δt está! orientado
!! (
𝐽𝐽 = −𝑛𝑛 ∆𝑝𝑝
(𝑚𝑚! + 𝑚𝑚𝐽𝐽! )𝑣𝑣
= 𝑣𝑣−𝑛𝑛𝐽𝐽 ∆𝑝𝑝
!"!! = ==𝑚𝑚𝑣𝑣−𝑛𝑛 =∆𝑝𝑝𝑣𝑣!"! 𝑣𝑣!!
!!!𝑣𝑣!! + 𝑚𝑚 𝐽𝐽 = −𝑛𝑛 ∆𝑝𝑝
𝐽𝐽 = −𝑛𝑛 ∆𝑝𝑝 !
𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! + 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! = 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! + 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! 𝐾𝐾 =
𝑚𝑚! 𝑣𝑣!!!
3.2.5.1 Colisões em +série
𝑚𝑚! 𝑣𝑣(!") = 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! + 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! !
𝐾𝐾 = 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑣𝑣(𝑚𝑚 =+ 𝑚𝑚
! !+ 𝑚𝑚!!)𝑣𝑣
!!
!" =
𝑣𝑣, como =p𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑣𝑣!! +
𝑣𝑣, !!
𝐾𝐾+𝑚𝑚
= 𝑣𝑣!!!! 𝑣𝑣
!𝑚𝑚
!
! 𝑚𝑚 𝑣𝑣
!!
+!!
! !! =!mv
! 𝑚𝑚!!!𝑣𝑣𝑣𝑣!! +um
! !! 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! = 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! + 𝑚𝑚
Agora, vamos para ! 𝑣𝑣!!
um =
exemplo
!! 𝑣𝑣𝑚𝑚 =𝑣𝑣!!
mais
!!! 𝑣𝑣!" = 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!!Vamos
complexo. + 𝑚𝑚 !considerar
!! corpo que
! 𝑣𝑣!!de
sofre uma série de colisões = 𝑣𝑣!!(!")
! mesma
= intensidade.
𝑣𝑣!!" !! um alvo que é
Vamos pensar em
𝐾𝐾série
= de𝑚𝑚𝑚𝑚 =
𝑣𝑣𝑣𝑣!!= = ,nacomo = mv, 𝐾𝐾 =
p3.13.
atingido por uma projéteis, !!𝑣𝑣
como = 𝑣𝑣!"
Figura
(𝑚𝑚! +!𝑚𝑚! )𝑣𝑣!" 𝑚𝑚 𝑣𝑣 !!
!!+=
!! =! 𝑣𝑣!!
𝑚𝑚𝑣𝑣
! 𝑣𝑣
!"!!
!!
!! !! 𝑣𝑣 = 𝑣𝑣 = 𝑣𝑣!"
(𝑚𝑚! + 𝑚𝑚! )𝑣𝑣!" = 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! + 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!!
! ! (!")! !!
(𝑚𝑚
𝐾𝐾 = ! 𝑚𝑚𝑚𝑚 =++𝑚𝑚𝑚𝑚!!!,)𝑣𝑣
(𝑚𝑚 )𝑣𝑣 == 𝑚𝑚
!" p=
como 𝑚𝑚!,!𝑣𝑣𝐾𝐾
mv 𝑣𝑣!!!!+
=+𝑚𝑚!𝑚𝑚
!!𝑣𝑣!!!𝑣𝑣!!
142
!
𝐾𝐾Trabalho, ! ! ! (!")
= Energia, !!
𝑚𝑚𝑚𝑚Sistemas
!"
=de Partículas ,e Colisões (𝑚𝑚
!!
como p = mv, 𝐾𝐾 = + 𝑚𝑚 ! ! )𝑣𝑣!" = 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! + 𝑚𝑚
! !! !!
ado esquerdo da equação nos mostra a variação do momento: 𝑝𝑝!
O lado direito representa a medida da intensidade e da duração
U3 d
resentada Figura
pelo3.13símbolo
– Uma série𝐽𝐽.de projéteis, todos com o mesmo momento linear, colidem
contra o alvo

∆𝑝𝑝 = 𝐽𝐽

!!
𝐽𝐽!"# = 𝐹𝐹!"# !"# 𝑑𝑑𝑑𝑑 = ∆𝑃𝑃!"!
!! 𝑃𝑃! = 𝑃𝑃!
ação de uma força 𝐹𝐹 (t) que varia durante a colisão e muda o momento linear
𝑝𝑝 dadebola.
Fonte: Adaptado A Resnick; Walker (2014. p. 219).
Halliday;

Por definição, a média de 𝑑𝑑𝑝𝑝 uma


Cada colisão produz uma força
força 𝐹𝐹 no intervalo de Δt = tf –ti
= 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
sobre a parede do alvo, mas não buscamos calcular
O que nos interessa é a força média a que a parede é submetida durante o
essa força.
: bombardeio de projéteis. Os projéteis !! estão
!! igualmente espaçados e possuem massas
iguais e momentos lineares iguais, 𝑑𝑑𝑝𝑝 = 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
deslocando-se ao longo de um eixo x e colidindo
!! !!
contra a parede. Se n é igual ao número de projéteis que colidem em um intervalo de
tempo ∆t, e o esquerdo
O lado movimento da equação
𝐽𝐽
dos projéteis
nos mostra
!"# ao longo = 𝐹𝐹
ocorre
a variaçãoapenas∆𝑡𝑡
ao longo
do momento: 𝑝𝑝! −do
𝑝𝑝! =eixo x, podemos
!é!desse eixo. Assim, cada projétil tem
usar as componentes dos momentos
∆𝑝𝑝. O lado direito representa a medida da intensidade e da duração da força
momento inicial mvpelo
representada e sofre uma
símbolo 𝐽𝐽. variação ∆p do momento linear por causa da colisão.
A variação total do momento linear de n projéteis durante o intervalo ∆t é n∆p. O
∆𝑝𝑝 = 𝐽𝐽 a que é submetido o alvo no intervalo de tempo ∆t está orientado
impulso resultante
ultante 𝐽𝐽 a que é submetido o alvo no intervalo de tempo Δt está orie
ao longo do eixo x e tem o mesmo módulo n∆p que a variação do momento linear e
o sentido contrário. Assim, podemos
!!
escrever essa relação da seguinte forma (o sinal
𝐽𝐽!"# = 𝐹𝐹!"# !"# 𝑑𝑑𝑑𝑑 = ∆𝑃𝑃!"!
negativo indica que J e ∆p tem sentidos !!
opostos):
Por definição, a média de uma força 𝐹𝐹 no intervalo de Δt = tf –ti é dada
por:
𝐽𝐽 = −𝑛𝑛 ∆𝑝𝑝
𝐽𝐽!"# = 𝐹𝐹!é! ∆𝑡𝑡

𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! + 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! = 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! + 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!!
resultante 𝐽𝐽 a que é submetido o alvo no intervalo de tempo Δt está orientado

Mas será que todas as partículas


𝐽𝐽 = −𝑛𝑛 ∆𝑝𝑝se comportam da mesma
maneira durante as colisões?
𝑣𝑣
𝑚𝑚! 𝑣𝑣!!!! = 𝑣𝑣
+ 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! = 𝑚𝑚!! = 𝑣𝑣
! 𝑣𝑣!! + 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! !"

𝑣𝑣!! = 𝑣𝑣!! = 𝑣𝑣!"

3.2.6 Colisões elásticas e inelásticas


(𝑚𝑚 + 𝑚𝑚 )𝑣𝑣
Para a maioria das
(𝑚𝑚 + 𝑚𝑚 )𝑣𝑣 = 𝑚𝑚 𝑣𝑣 + 𝑚𝑚
! pessoas, ! !"
o termo
! ! !"
colisão está ligado
= 𝑚𝑚 𝑣𝑣 𝑣𝑣 + 𝑚𝑚 𝑣𝑣
! !!a um acidente,
! !!
! !! ! !!
principalmente
! !
envolvendo automóveis. ! Podemos
𝐾𝐾 = 𝑚𝑚𝑚𝑚 ! =
(!")usar esse termo
, como p = mv, 𝐾𝐾 =
também
! nesse sentido, mas
! !! !!
vamos ampliar nosso entendimento, entendendo seu significado de modo que inclua
! ! (!")! !!
𝐾𝐾 = 𝑚𝑚𝑚𝑚 = , como p = mv, 𝐾𝐾 =
! !! Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões !! 143
U3

qualquer vigorosa interação entre dois corpos com uma duração de um intervalo de
tempo. Portanto, não incluiremos apenas acidentes de automóveis, mas também
bolas que se chocam em uma partida de bilhar, nêutrons que se chocam no núcleo
de um átomo, uma espaço nave que se choca contra a superfície de um planeta etc.
Quando as forças entre os corpos forem muito maiores do que as forças
externas, como geralmente ocorre na maior parte das colisões, podemos desprezar
completamente as forças externas e considerar os corpos como um sistema isolado.
Então, existe conservação do momento linear na colisão, e o momento linear total do
sistema é o mesmo antes e depois da colisão.
Quando as forças entre os corpos também forem conservativas, de modo que
nenhuma energia mecânica é adquirida ou perdida durante a colisão, a energia
cinética total do sistema é a mesma antes e depois da colisão. Esse tipo de colisão é
chamado de colisão elástica. Uma colisão entre duas bolas de bilhar é um exemplo
concreto de colisão elástica.
Uma colisão em que a energia cinética total do sistema depois da colisão é menor
que do que antes da colisão é chamada de colisão inelástica. Um projétil de arma
de fogo que se encrava em um bloco de madeira é um bom exemplo de colisão
inelástica. Quando dois corpos permanecem unidos completamente após a colisão e
se movem juntos como um único corpo depois da colisão, damos o nome de colisão
completamente inelástica.
A Figura 3.14 traz uma representação dos tipos de colisões e suas relações com a
energia cinética.

Figura 3.14 – Colisões classificadas em relações

Fonte: Young e Freedman (2008).

144 Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões


(t)
𝑝𝑝representada
da bola. A pelo símbolo 𝐽𝐽. 𝑃𝑃! = 𝑃𝑃!
𝑑𝑑𝑝𝑝 = 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
ação de∆𝑝𝑝uma
= força
𝐽𝐽 𝑑𝑑𝑝𝑝durante
𝐹𝐹 (t) que varia = 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
a colisão e muda o momento linear
U3
𝑝𝑝 da bola. A
!!
!! !!
𝐽𝐽!"# !=𝑑𝑑𝑝𝑝
3.2.6.1 Colisões unidimensionais 𝐹𝐹!"#
𝑑𝑑𝑝𝑝 =
= 𝑑𝑑𝑑𝑑 = ∆𝑃𝑃!"!
𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
!!"#𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
! !
!!
!! 𝑑𝑑𝑝𝑝 = !! 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
Colisões em que corpos que! se chocam !!
estão se movimentando sobre a mesma
!
linha reta, ou seja, por um eixo x, tanto antes
Por definição, a média !de uma força quanto
𝐹𝐹 nodurante e depois
intervalo de Δtdo= choque, são
t –t é dada
O lado esquerdo !! a variação do momento:f 𝑝𝑝!i − 𝑝𝑝! =
chamadas colisões da equação !nos mostra
unidimensionais.
Opor:
lado esquerdo da equação nos 𝑑𝑑𝑝𝑝 mostra
= 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
a variação do momento: 𝑝𝑝! − 𝑝𝑝! =
O lado
∆𝑝𝑝. Para direito representa
o momento ao longo !do a medida
eixo x, !vdarepresenta
intensidade e da duração
a rapidez da força
e vx representa a
! !
∆𝑝𝑝. O lado direito
velocidade. Vamos,representa a medida
agora, substituir essada intensidade
convenção pore uma
da duração
notaçãodamenos
força
representada
específica, porém pelomais
símbolo 𝐽𝐽. O símbolo
concisa. 𝐽𝐽!"# = 𝐹𝐹!é! ∆𝑡𝑡 representar tanto uma rapidez ou
v pode
representada
O lado esquerdo pelo dasímbolo 𝐽𝐽. nos mostra a variação do momento: 𝑝𝑝! − 𝑝𝑝! =
equação
uma velocidade em uma dimensão.
Oum
∆𝑝𝑝. Se ∆𝑝𝑝corpo
lado=direito
𝐽𝐽 de massa
representa
m1 comavelocidade
medida da intensidade
inicial e da duração
v1i que se aproxima da força
de um segundo
corpo,∆𝑝𝑝
resultante =
𝐽𝐽 a 𝐽𝐽que
de massa m2é, que
submetido
se moveo no alvo no intervalo
mesmo sentidode comtempo Δt estáinicial
velocidade orientado
v2i. Se
representada
v < v , os corpos pelo símbolo
colidirão. 𝐽𝐽. v e!v as velocidades após a colisão. Os dois corpos
Sejam
2i 1i 1f !2f
𝐽𝐽!"# um
podem ser considerados como = sistema𝐹𝐹!"#
!𝐽𝐽! = −𝑛𝑛!"# 𝑑𝑑𝑑𝑑 = ∆𝑃𝑃
isolado.
∆𝑝𝑝 A conservação
!"! da quantidade de
movimento fornece uma 𝐽𝐽
equação = !! 𝐹𝐹 as duas
entre 𝑑𝑑𝑑𝑑 = ∆𝑃𝑃
grandezas desconhecidas, v1f e v2f:
∆𝑝𝑝 = 𝐽𝐽 !"# !"# !"# !"!
!!
𝑚𝑚 𝑣𝑣!! +de
Por definição, a !média
𝑚𝑚!uma
𝑣𝑣!! força
= 𝑚𝑚!𝐹𝐹𝑣𝑣no
!! +intervalo
𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! de Δt = t –t é dada
!! f i

por:ParaPor definição, a média de


determinarmos v1f e𝐽𝐽!"#
v2f, =
uma força
𝐹𝐹!"#
uma segunda !"# 𝑑𝑑𝑑𝑑 no∆𝑃𝑃
𝐹𝐹 = intervalo
equação
de Δt = tf –ti é dada
!"! é necessária. Essa segunda
por:
equação depende do tipo de colisão.𝑣𝑣!! = 𝑣𝑣!! = 𝑣𝑣!"
!!

Por definição, a média de𝐽𝐽!"#


uma= força
𝐹𝐹!é! ∆𝑡𝑡
𝐹𝐹 no intervalo de Δt = tf –ti é dada
por:
(𝑚𝑚! + 𝑚𝑚!𝐽𝐽)𝑣𝑣 = =
𝐹𝐹
!"#!" !é! 𝑚𝑚∆𝑡𝑡
! 𝑣𝑣!! + 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!!
3.2.6.2 Colisões perfeitamente inelásticas
resultante 𝐽𝐽 a que é submetido
! alvo!no intervalo de tempo Δt
o(!")
! inelásticas, !!está orientado
Nas colisões 𝐾𝐾 = 𝑚𝑚𝑚𝑚
perfeitamente
resultante 𝐽𝐽 a que é submetido = o 𝐽𝐽alvo , como
os p
corpos
= 𝐹𝐹 intervalo
∆𝑡𝑡 = mv , 𝐾𝐾
possuem =
a mesma velocidade
! !! no!é!
!"# de tempo Δt
!!está orientado
depois da colisão, frequentemente porque eles grudam um no outro. Vamos pensar
em um vagão de trem em movimento 𝐽𝐽 =e−𝑛𝑛 ∆𝑝𝑝
um outro vagão em repouso. Quando se
chocam acontece um engate dos vagões. 𝐽𝐽 = −𝑛𝑛Essa
∆𝑝𝑝 colisão pode ser classificada como
resultante 𝐽𝐽 a que é submetido o alvo no intervalo de tempo Δt está orientado
𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! + 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! = 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! + 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!!
perfeitamente inelástica. Para colisões perfeitamente inelásticas, as velocidades finais
𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! + do
são iguais entre si e a velocidade 𝑚𝑚!centro
𝑣𝑣!! =de𝑚𝑚massa
! 𝑣𝑣!! + 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!!
fica:
𝐽𝐽 = −𝑛𝑛 ∆𝑝𝑝
𝑣𝑣!! = 𝑣𝑣!! = 𝑣𝑣!"
𝑣𝑣!! = 𝑣𝑣!! = 𝑣𝑣!"
𝑚𝑚do
A lei da conservação ! 𝑣𝑣!! + 𝑚𝑚! 𝑣𝑣linear
momento !! =fornece
𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! a+essa
𝑚𝑚! relação:
𝑣𝑣!!
(𝑚𝑚! + 𝑚𝑚! )𝑣𝑣!" = 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! + 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!!
(𝑚𝑚! + 𝑚𝑚! )𝑣𝑣!" = 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!! + 𝑚𝑚! 𝑣𝑣!!
𝑣𝑣!! = 𝑣𝑣!! = 𝑣𝑣!"
! (!")! !!
Em alguns casos, 𝑚𝑚𝑚𝑚 ! = (!")
𝐾𝐾 =é!interessante ,
expressar
! como
a p
energia = mv , 𝐾𝐾
cinética =
K de
!!
uma partícula em
! de!movimento,
!! p. Para uma massa m que!!
𝐾𝐾 = (𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 +=
termos de sua quantidade 𝑚𝑚! )𝑣𝑣!" , =como
𝑚𝑚! 𝑣𝑣p!!=+mv𝑚𝑚,!𝐾𝐾
𝑣𝑣!!= !! move ao longo
se
! v,! temos:
do eixo x com velocidade !!

! (!")! !!
𝐾𝐾 = 𝑚𝑚𝑚𝑚 ! = , como p = mv, 𝐾𝐾 =
! !! !!

Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões 145


U3

Isso pode ser aplicado a uma colisão perfeitamente inelástica, em que um corpo
está inicialmente em repouso. A quantidade de movimento do sistema é a do corpo
projétil:

A energia cinética inicial é:

Após a colisão, os corpos se movem juntos, como uma massa única


m1 + m2, com velocidade vm. A quantidade de movimento é conservada, de modo
que a quantidade de movimento final é igual a Psis. A energia cinética final é, então:

3.2.6.3 Colisões elásticas

Em colisões elásticas, a energia cinética do sistema é a mesma antes e depois da


colisão. Colisões elásticas são ideais, às vezes acontecendo de forma aproximada, mas
nunca de forma exata, pelo menos no mundo macroscópico. Pensemos, se uma bola
for largada do alto de um prédio para colidir em uma calçada de concreto, ela retorna
à sua altura original? Se sim sua colisão terá sido elástica, no entanto essá situação
nunca é observada. Já em nível microscópico, as colisões elásticas são comuns; por
exemplo, as colisões entre moléculas presentes no ar atmosférico quase sempre são
elásticas.
A Figura 3.15 mostra dois corpos, antes e depois de sofrerem uma colisão frontal
unidimensional. A quantidade de movimento é conservada durante a colisão, e,
portanto, temos:

Por essa colisão ser elástica, a energia cinética é a mesma, antes e depois da
colisão. Logo:

Essas duas equações são suficientes para determinar as velocidades finais dos dois
corpos, se conhecemos as velocidades iniciais e as massas.

146 Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões


U3

Figura 3.15 – Aproximação e separação em uma colisão elástica

Fonte: O autor (2015).

Com um pouco de álgebra, podemos mostrar que numa colisão elástica os


corpos se afastam depois da colisão com a mesma velocidade relativa com que
se aproximavam antes da colisão. É claro que estamos considerando v1 > v2; caso
contrário, não haveria colisão.

Para calcular as velocidades finais das partículas, relativamente ao referencial fixo


adotado, usamos:

3.2.6.4 Colisões em duas dimensões

Quando uma colisão não é frontal, a direção do movimento dos corpos é diferente
antes e depois da colisão, entretanto, se o sistema é fechado e isolado, o momento
linear total continua a ser conservado nessas colisões bidimensionais:

Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões 147


U3

Se a colisão também é elástica (um caso espacial), a energia cinética total também
é conservada:

Na maioria dos casos, o uso da equação para analisarmos


uma colisão bidimensional é facilitado se escrevermos a equação em termos das
componentes em relação a um sistema de coordenadas xy. A Figura 3.15 mostra uma
colisão de “raspão” entre um projétil e um alvo em repouso. As trajetórias dos corpos
após a colisão fazem ângulo θ1 e θ2 com o eixo x, que coincide com a direção de
movimento do projétil antes da colisão.

Figura 3.15 – Uma colisão elástica de raspão entre dois corpos

Fonte: Halliday; Resnick; Walker (2014).

Nessa situação, a componente da equação em relação ao eixo x é:

E a componente do eixo y é:

Podemos escrever também a equação para energia cinética total em termos de


velocidade:

148 Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões


U3

1. Três pontos materiais, A, B e D, de massas iguais a m estão


situados nas posições indicadas na figura abaixo. Determine
as coordenadas do centro de massa do sistema de pontos
materiais.

2. Uma bola de 0,70 kg está se movendo horizontalmente


com uma velocidade de 50 m/s quando se choca uma parede
vertical e ricocheteia com uma velocidade de 2,0 m/s. Qual o
módulo linear da bola?

A energia cinética está relacionada ao movimento dos corpos


e, quanto mais rápido um corpo se movimenta, maior é a sua
energia cinética.
Trabalho (W) é a energia transferida para um objeto ou de um
objeto através de uma força que age sobre o objeto.
Todas as vezes em que energia é transferida através de forças,
dizemos que um trabalho é realizado pela força sobre o objeto.
A variação de energia cinética de uma partícula é igual ao trabalho
executado sobre ela.
Para esticar uma mola a uma distância x além de sua posição
de não deformada, devemos aplicar uma força de módulo F em
cada uma de suas extremidades.
Quando um trabalho (∆W) é realizado durante um intervalo de

Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões 149


U3

tempo (∆t), temos o trabalho médio realizado por unidade de


tempo ou potência média (Pm).
Uma força é chamada de conservativa quando executa um
trabalho nulo em um percurso fechado.
O centro de massa de um sistema é sempre o ponto que se move
como se toda a massa do sistema estivesse concentrada nesse
ponto e todas as forças externas estivessem aplicadas também
nesse ponto.
A lei de conservação do momento linear diz que, “se um
sistema de partículas não está submetido a uma força externa, o
momento linear total não pode variar”.

Caros alunos, durante esta unidade nós pudemos ver vários


conceitos ligados ao trabalho e ao movimento dos corpos.
Espero que vocês possam ter esclarecido algumas dúvidas, bem
como aplicar esses conceitos importantes como pré-requisitos
para diversas matérias ao longo do curso. Agora, podemos
entender melhor as relações do trabalho dos corpos e também
da energia cinética, bem como o comportamento das partículas
e sua relação com os diferentes tipos de colisões.

150 Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões


U3

1. Um foguete e uma espaçonave acoplada tinham massa


total igual a 2,0x107 kg. Qual a energia cinética quando o
sistema atingir 11,2 km/s?

2. (PUC-BA) A força F de módulo 30N atua sobre um objeto


formando um ângulo constante de 60º com a direção do
deslocamento do objeto. Dados: sen 60o= √3/2, cos 60o=1/2.
Se d=10m, o trabalho realizado pela força F, em joules, é igual
a:

a) 300
b) 150√3
c) 150
d) 125
e) 100

3. (Olimpíada Brasileira de Física) No experimento da figura


abaixo, são desprezados os atritos entre as superfícies e a
resistência do ar. O bloco, inicial em repouso, com massa
igual a 4,0 kg, comprime em 20 cm uma mola ideal, cuja
constante elástica vale 3,6.103 N.m–1. O bloco permanece
apenas encostado na mola. Liberando-se a mola, essa é
distendida, impulsionando o bloco que atinge a altura h.

Qual o módulo da velocidade do bloco imediatamente após


a sua liberação da mola?

Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões 151


U3

4. Qual a potência média que um corpo desenvolve quando


aplicada a ele uma força horizontal com intensidade igual a
12N, por um percurso de 30m, sendo que o tempo gasto para
percorrê-lo foi 10s?

5. Um bloco de massa m1 = M movendo-se para a direita


sobre uma superfície horizontal sem atrito, com velocidade
de módulo v0, colide frontalmente com outro bloco de
massa desconhecida (m2), inicialmente em repouso. Após
a colisão, o bloco de massa, m1 recua com a velocidade
reduzida para vo/2 e o bloco de massa desconhecida adquire
uma velocidade vo/2. Determine a massa m2 em função de M.

152 Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões


U3

Referências

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física. 9. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2014. v. 1.
NUSSENZVEIG, H. M. Curso de física básica: mecânica. 5. ed. São Paulo: Edgar
Blücher, 2013. v. 1.
SERWAY, R. A.; JEWETT JR., J. W. Princípios de física. São Paulo: Cengage Learning,
2014. v. 1.
TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006. v. 1.
YOUNG, H.; FREEDMAN, R. A. Física I. 12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2008. v. 1.

Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões 153


Unidade 4

TERMOMETRIA E
CALORIMETRIA

Maurilio Cristiano Batista Bergamo

Objetivos de aprendizagem:
Nesta unidade, vamos ter como objeto central de nosso estudo a energia
térmica. Ao longo das seções, nosso objetivo será explorar diversos assuntos
que estão diretamente ligados à energia, suas formas de transmissão e
características. Vamos explorar os conceitos de temperatura e calor, que,
embora muitas vezes sejam utilizados como sinônimos em nosso cotidiano,
do ponto de vista físico constituem grandezas diferentes.
Você está pronto? Então, vamos lá!

Seção 4.1 |Termometria


Nesta seção, nosso objeto de estudo será a temperatura. Vamos
começar explorando o conceito de temperatura, estabelecendo
conexões entre a temperatura e a agitação das partículas que compõem
um corpo. Depois, vamos explorar o conceito de equilíbrio térmico e
como os corpos se comportam em um sistema em que só existem
trocas de calor entre eles. Também vamos explorar todo o histórico em
relação às medidas de temperatura, à evolução dos termômetros e às
experiências de diversos cientistas que dedicaram suas vidas ao estudo
da temperatura. No final, vamos estudar as escalas termométricas Kelvin,
Celsius e Fahrenheit, como elas foram estabelecidas e suas relações.

Seção 4.2 | Calorimetria


Na segunda seção, vamos estudar os conceitos ligados ao calor.
Começaremos definindo o que significa calor do ponto de vista físico
e como ele influencia em nosso cotidiano. Vamos também explorar os
U4

conceitos de capacidade térmica de um corpo, grandeza essa que está


ligada à quantidade de calor fornecida a um corpo e sua capacidade
de variar a temperatura. Também vamos estudar o calor específico de
um corpo e como ele é estabelecido com base no material em que
ele é constituído. Além disso, exploraremos o conceito de caloria dos
alimentos, assunto bastante presente em nosso dia a dia, mas que, muitas
vezes, é utilizado de forma errada. Vamos também estudar as diferenças
relativas ao calor sensível e ao calor latente, além das trocas de calor e
sua relação com a conservação de energia, já que o calor é uma forma
de energia. No final, vamos discutir sobre o calorímetro e sua importância
para os estudos sobre trocas de calor.

156 Termometria e Calorimetria


U4

Introdução à unidade

A partir de agora, vamos começar nossos estudos sobre termometria e


calorimetria. Esses assuntos fazem parte de um ramo da física denominado física
térmica, que direciona seus estudos à temperatura e ao calor, tendo como objetivo
explorar diversos conceitos ligados a essa área de estudo.

Em nossa primeira unidade, concentraremos nossos estudos na termometria.


Vamos começar definindo o que é temperatura e como a temperatura está ligada
à energia cinética. Depois vamos estudar os conceitos de equilíbrio térmico, bem
como a evolução da ciência, para que nós pudéssemos ter hoje um preciso sistema
para a medição da temperatura.

Em nossa segunda seção, vamos estudar diversos conceitos relacionados ao


calor. Vamos ver que calor e temperatura não são sinônimos, mas estão intimamente
relacionados. Vamos estudar grandezas como capacidade térmica, calor específico,
calor latente e calor sensível, dentre outros, que são extremamente importantes para
nosso entendimento dos conceitos ligados ao calor. Assim, no final desta unidade,
vamos ter estabelecidos diversos conceitos e vamos poder compreender melhor as
relações entre calor e temperatura.

Bons estudos!

Termometria e Calorimetria 157


U4

158 Termometria e Calorimetria


U4

Seção 4.1
Termometria
Introdução à seção
Tanto em um dia típico de verão quanto em um dia frio de inverno, o corpo
precisa manter sua temperatura aproximadamente constante. Nosso corpo possui
mecanismos de controle de temperatura eficientes, no entanto algumas vezes precisa
de ajuda. Em dias quentes, procuramos usar roupas leves para melhorar a troca de
calor entre nosso corpo e o ar que nos circunda. Nesses dias, é comum bebermos
alguma coisa gelada e talvez ligar o ar condicionado ou o ventilador da sala. Já em
dias frios, nós usamos mais roupas e procuramos lugares quentes. Quando saímos
de casa, procuramos nos manter aquecidos, bebendo um líquido quente e utilizando,
muitas vezes, um aquecedor.

Os conceitos que serão discutidos nesta unidade auxiliarão você a compreender


processos físicos básicos para preservar o calor ou o frio.

Os termos temperatura e calor costumam ser usados em nosso cotidiano como


sinônimos, no entanto, para a física, os dois termos possuem significados bastantes
diferentes. Nesta primeira seção, vamos direcionar nossos estudos à temperatura,
estudando os conceitos gerais e sua medição.

4.1.1 Temperatura
O conceito de temperatura se originou nas ideias qualitativas de “quente” e “frio”,
que estão baseadas nas sensações identificadas por um de nossos sentidos, o tato.
Um corpo que aparenta estar quente normalmente se encontra em uma temperatura
mais elevada do que um corpo análogo que aparenta estar frio. No entanto, esse
conceito é extremamente vago, pois a sensibilidade à temperatura pode variar entre as
pessoas, portanto essa não é uma boa referência. Muitas propriedades da matéria que
podemos medir estão ligadas à temperatura. O comprimento de uma barra metálica,
a pressão do interior de um cilindro, a intensidade da corrente elétrica transportada
por um fio, a cor de um objeto incandescente, todas essas grandezas dependem da
temperatura.
A temperatura também está relacionada à energia cinética das moléculas que
compõem um corpo. As moléculas que constituem a matéria estão em constante
movimento, denominado agitação térmica. Toda a energia cinética associada ao
movimento das moléculas recebe o nome de energia térmica.

Termometria e Calorimetria 159


U4

Quanto maior a agitação das partículas que constituem um corpo, maior é a sua
energia térmica, portanto “mais quente” ele está e maior é a sua temperatura. Quanto
menor for a agitação de suas partículas, “menos quente” ele está e menor é a sua
temperatura.

Por exemplo, se dissemos que um corpo A está a 70°C, temos uma única
informação que permite uma avaliação detalha de seu estado térmico. Se dizermos
que um corpo A está a 70°C e um outro corpo B está a 30°C, temos que o corpo
A está mais quente que o corpo B, portanto o nível de agitação das partículas que
constituem A é maior que o das partículas de B.

A temperatura é uma das sete grandezas fundamentais do SI. Os físicos medem a


temperatura com base na escala Kelvin, que será discutida mais adiante.

Vimos que a temperatura está ligada às partículas que


compõem um corpo. Será que o comportamento dessas
partículas varia de acordo com seu estado físico?

4.1.2 Partículas de um corpo


Como vimos anteriormente, as partículas que constituem a matéria – os átomos e
moléculas – estão em constante movimento, que pode se dar de 3 formas: translação,
rotação ou vibração.

No estado sólido, o movimento das partículas é apenas vibratório, em torno de


uma posição de equilíbrio. Esse equilíbrio é mantido graças às forças de natureza
eletromagnética trocadas entre as partículas. Essas forças atuam no sentido de atração
quando as partículas estão ligeiramente afastadas e repulsão quando as partículas
estão muito próximas umas das outras.

Para compreendermos melhor essa ideia, vamos observar a Figura 4.1. Vamos
imaginar que as partículas estão unidas hipoteticamente por molas.

160 Termometria e Calorimetria


U4

Figura 4.1 – Esquema representando como os átomos se unem e vibram como se


estivessem ligados a molas

Fonte: O autor (2015).

Todo corpo em estado sólido caracteriza-se por ter seus átomos ou moléculas em
constante movimento de vibração em torno de uma posição de equilíbrio, mantida
por essas forças de atuam entre as partículas. Quando a matéria se encontra no estado
líquido ou gasoso, esse modelo se modifica.
Todas as forças que atuam sobre a interação dos átomos e moléculas são
manifestações complexas das interações eletromagnéticas, cujos detalhes são
estudados por uma área da física chamada de mecânica quântica. Em nosso estudo,
vamos apenas considerar apenas as forças moleculares de forma qualitativa e
simplificada.
Como dito anteriormente, as forças de atração e repulsão dependem da
distância entre os átomos. Se observarmos o gráfico (Figura 4.2), vamos notar que
o comportamento dessas forças entre dois átomos está ligado à distância (r) que os
separa.

Figura 4.2 – Comportamento da força entre dois átomos em função da distância que os
separa

Fonte: O autor (2015).

Termometria e Calorimetria 161


U4

Para distâncias abaixo de um certo valor r0, a força existente é de repulsão e, para
distâncias acima de r0, a força é de atração. Quando o valor de r é muito grande, a
intensidade da força entre os átomos tende a zero.

Quando a distância entre os átomos é r0, a força entre eles tem intensidade nula.
Essa distância recebe o nome de distância de equilíbrio dos átomos e varia de acordo
com o composto. Por exemplo, para o cloreto de sódio (NaCl) é da ordem de 10–10 m.

Quando um corpo se encontra sólido a uma temperatura constante, suas partículas


vibram com rapidez, mantendo uma amplitude de vibração também constante. Ao
sofrer aquecimento, há um aumento da amplitude de vibração.

Se esse processo de aquecimento continuar, a vibração atômica (ou molecular)


pode aumentar de tal forma que a estrutura é rompida, fazendo com que cada
partícula possa se movimentar através do material. Quando isso ocorre, o corpo muda
seu estado físico, passando ao estado líquido.

Mantendo ainda esse aquecimento, a distância entre as partículas tende a aumentar


e, como podemos ver na Figura 4.2, a força que mantém a coesão entre os átomos
tende a zero. Assim, as partículas estão praticamente livres de ações mútuas – exceto
quando se chocam. Dessa forma, o corpo assume um estado gasoso.

Acesse o link abaixo, onde você pode, por meio de uma simulação,
analisar as diferenças entre os estados físicos da matéria.
Disponível em: <http://www2.biglobe.ne.jp/~norimari/science/JavaApp/
Mole/e-Mole.html>. Acesso em: 4 out. 2015.

4.1.3 Equilíbrio térmico


A energia térmica de um corpo pode variar. Por exemplo, se pensarmos em um
ambiente termicamente isolado e nesse lugar colocarmos um copo com água fria,
uma barra de gelo, uma chaleira com água fervendo, uma barra de ferro incandescente
e tantas outras coisas com temperaturas diferentes, mesmo que não haja contato
entre elas, os corpos quentes irão esfriar e os frios vão aquecer até que, passado algum
tempo, todos atinjam o mesmo estado térmico. Nessas condições, podemos dizer
que todos estão em equilíbrio térmico e atingiram a mesma temperatura.

162 Termometria e Calorimetria


U4

A transferência de energia térmica entre dois corpos está ligada à diferença de


temperatura entre eles. Quando dois ou mais corpos são colocados na presença
um do outro, as moléculas do corpo mais quente (maior agitação) transferem
energia cinética para as moléculas do corpo mais frio (menor agitação). Com isso, as
moléculas do corpo frio aumentam sua agitação, até que se atinja um equilíbrio. Em
outras palavras, acontece uma transferência de energia térmica do corpo quente para
o mais frio.
A situação final de equilíbrio térmico é caracterizada pela igualdade nas temperaturas
dos corpos. Desse modo, dois corpos em equilíbrio térmico devem obrigatoriamente
possuir temperaturas iguais. Uma vez alcançada essa situação, cessa a transferência
de energia térmica entre eles.
Com essa ideia, podemos concluir que, “se dois corpos estão em equilíbrio térmico
com um terceiro, eles estão em equilíbrio entre si”. Esse enunciado constitui a chamada
lei zero da termodinâmica. A importância dessa lei só foi reconhecida depois que a
primeira, segunda e terceira leis foram enunciadas, e, como essa é uma lei básica para
as outras, o nome “lei zero” é apropriado.

4.1.4 Medida de temperatura


Como discutimos anteriormente, o uso das sensações não é um bom indicador
para a determinação da temperatura de um corpo. O critério sensorial pode variar de
pessoa para pessoa. Para tornar a medida de temperatura mais precisa, recorremos
a alguns materiais que apresentam variações em certas propriedades que se alteram
quando submetidas a variações de temperatura. Por exemplo, o comprimento de
uma barra de metal pode dilatar quando ela se torna mais quente. Desse modo, a
temperatura θ da barra pode ser medida indiretamente pelo valor que ela assume por
seu comprimento L (Figura 4.3).

Figura 4.3 – O valor L do comprimento da barra corresponde a um valor θ de temperatura

Fonte: O autor (2015).

Termometria e Calorimetria 163


U4

Sendo assim, uma grandeza x conveniente que define uma propriedade do corpo
(como comprimento, por exemplo), a cada valor de x, corresponde a um valor θ de
temperatura. A grandeza x é chamada de grandeza termométrica. A correspondência
entre os valores da grandeza e da temperatura dá origem a uma função termométrica.
Ao corpo em observação dá-se o nome de termômetro. Observando a Figura 4.3,
cada valor de L equivale a um valor de temperatura θ, portanto, após graduada, a barra
pode ser usada como termômetro.

Antes da invenção dos termômetros digitais utilizados em nosso cotidiano


para a medida de temperatura, os termômetros mais utilizados eram os de
mercúrio. O termômetro de mercúrio é baseado na dilatação desse metal que é
líquido à temperatura ambiente (25°C). Esse termômetro possui uma quantidade
desse metal em um recipiente de vidro (bulbo), ligado a um capilar de vidro. A
escolha do mercúrio como substância termométrica se deve pelo fato de esse
metal apresentar uma dilatação regular em uma faixa de temperatura, além
de ser facilmente visualizado no capilar por ser opaco e brilhante. No entanto,
muitas outras substâncias foram utilizadas ao longo da história até a utilização
predominante do mercúrio.

As primeiras referências à medida de temperatura datam do ano de 250 a.C., quando


Filon, mecânico de Bizâncio, teria construído o primeiro termoscópio. Assim como
Filon, Heron de Alexandria, também mecânico e matemático, construiu no século I
d.C. um termoscópio a ar. O livro Pneumáticos escrito por Heron, depois traduzido e
publicado na Europa no final do século XVI, descreve e discute inúmeros dispositivos a
ar inventados por ele. Esse livro despertou o interesse de diversos físicos e médico pela
construção de termoscópio, para mediar aquilo que na época chamavam de grau de
calor ou temperamento do corpo dos pacientes da época.

Por volta de 1595, Galileu Galilei construiu seu primeiro termoscópio, muito
parecido com o de Heron, no qual a medida da temperatura era obtida pela variação
de uma coluna de água num tubo de vidro, resultante da variação do volume de ar
contido num bulbo, também de vidro, que ficava na parte superior da coluna de água.
Veja a Figura 4.4.

Santorio Santorio, médico italiano contemporâneo a Galileu, construiu um


termoscópio semelhante, com dez graduações de 0 a 10. A primeira graduação
correspondia ao nível da coluna de água quando o bulbo de vidro era resfriado
com neve e a última ao aquecimento do bulbo com a chama de uma vela.
Fernando II de Medicis (1621-1670), grão-duque da Toscana, ordenou a construção
de termômetros à água, álcool e, mais tarde, de mercúrio no lugar do ar, como
ocorria nos termoscópios.

164 Termometria e Calorimetria


U4

Figura 4.4 – Cópia do termoscópio de Galileu

Fonte: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-11172006000100013>. Acesso em: 4 out. 2015.

O emprego do termômetro para avaliação da temperatura de um sistema


fundamenta-se no fato de que, após algum tempo em contato, o sistema e o
termômetro adquirem a mesma temperatura, isto é, alcançam o equilíbrio térmico.
Ao longo do aperfeiçoamento do termômetro e até nos dias atuais, inúmeras
grandezas físicas são utilizadas na construção dos termômetros, possibilitando a
medida da temperatura. Dentre elas, podemos destacar:
• dimensões dos corpos, como o comprimento de uma barra ou volume de um líquido;
• volume de um gás mantido à pressão constante;
• pressão de um gás mantido à temperatura constante;
• resistência elétrica de condutores metálicos;
• brilho e cor de um filamento aquecido.
As variações dessas grandezas permitem a construção de diferentes tipos de
termômetros. Além disso, existem termômetros específicos para finalidades especiais,
como os termômetros clínicos.

Existe uma infinidade de tipos de termômetros construídos até hoje.


Acesse o link abaixo para saber mais sobre os diferentes tipos de
termômetros.
Disponível em: <http://www.if.ufrgs.br/~leila/termo.htm>. Acesso em: 4
out. 2015.

Termometria e Calorimetria 165


U4

4.1.5 Escalas termométricas

A medida de temperatura é um processo indireto e, como toda medida, exige o


estabelecimento de um padrão. Muitos padrões ou escalas foram estabelecidos ao
longo dos séculos.

A maioria dos termômetros construídos durante o século XVII tinha escalas de oito a
dez divisões, estabelecidas arbitrariamente. O valor mais baixo podia ser a temperatura
do dia mais frio do inverno de determinado lugar e o mais quente costumava ser a
temperatura do corpo humano. No século XVIII, começou a prevalecer a ideia de que
se deveriam adotar dois pontos fixos nas escalas, baseados nas mudanças de estado
físico da água pura ou misturada a algum sal. Havia também a preocupação de alguns
fabricantes em evitar escalas negativas, devido a superstições da época. Assim, o físico
dinamarquês Ole Römer, em 1708, propôs uma escala para um termômetro a álcool,
estabelecendo 60 graus para a água em ebulição e zero para uma mistura de água
com sal, provavelmente cloreto de amônia, resultando em 8 graus a temperatura de
fusão do gelo. Além da possível utilização científica, essa escala teria a vantagem de
nunca marcar temperaturas negativas em Copenhague.

Com base no trabalho feito por Römer, o físico Daniel Gabriel Fahrenheit (1686-
1736), especialista em trabalhos com vidro e na construção de equipamentos
meteorológicos, aperfeiçoou os termômetros a álcool da época e, em 1714, construiu
o primeiro termômetro de mercúrio que funcionou com precisão. Há muitas
explicações para os valores escolhidos em sua escala, utilizada até hoje por países de
colonização inglesa como os Estados Unidos e Belize. Discutiremos mais sobre sua
escala nos próximos tópicos.

O físico e naturalista francês René de Réaumur (16983-1754) foi o primeiro


pesquisador a propor pontos fixos facilmente reproduzíveis para suas escalas.
Ele propôs a água em ebulição e o gelo fundente. Depois de pesquisar inúmeras
substâncias termométricas, como água, mercúrio e álcool, em 1730 ele optou por
usar o vinho para construir seu termômetro de referência, escolhendo, para esse
termômetro, os valores 0°R para o gelo fundente e 80°R para a água em ebulição.
Em 1741, o astrônomo sueco Anders Celsius (1701-1744) adotou e interviu os pontos
fixos de Réaumur, fixando o zero a temperatura de ebulição da água e em 100 a
temperatura de fusão do gelo. Essa estranha escolha foi corrigida por seu conterrâneo
Carl Lineu (1707-1778), que colocou os pontos fixos que conhecemos hoje. Essa
escala consagrou-se quando foi adotada pela Comissão de Pesos e Medidas criada na
revolução Francesa em 1794.

O padrão atual adotado pelo SI, desde 1954, é o ponto tríplice da água, ao qual se
atribui a temperatura de 273,16 kelvin.

166 Termometria e Calorimetria


U4

Acesse o link e veja mais sobre o ponto tríplice de uma substância,


disponível em: <http://www.infoescola.com/fisica/ponto-triplo-de-
uma-substancia/>. Acesso em: 4 out. 2015.

Esse padrão termométrico é a base para as duas escalas mais utilizadas no mundo e
adotadas pelo SI: a escala Kelvin, denominada escala termodinâmica de temperaturas,
em que a temperatura é mediada em kelvin, cujo símbolo é K, e a escala Celsius,
derivada da escala Kelvin, em que a temperatura é medida em graus Celsius, cujo
símbolo é °C. Por definição, o intervalo de temperatura correspondente à unidade de
temperatura é o mesmo para ambas as escalas.

1K=1°C
Além das escalas Kelvin e Celsius, muitos países do mundo utilizam a escala
Fahrenheit para as medidas de temperatura. Na sequência, vamos estudar cada uma
delas e depois suas relações.

4.1.5.1 Escala Celsius


A escala Celsius recebe esse nome em homenagem ao pesquisador sueco Anders
Celsius. Essa escala é frequentemente utilizada em nosso cotidiano para expressar a
temperatura do corpo ou do ambiente.

Para graduar um termômetro de mercúrio na escala Celsius, é preciso primeiramente


mergulhar o bulbo do termômetro em gelo fundente até que a altura da coluna de
mercúrio estabilize em determinada altura, assim que atingir o equilíbrio térmico com
o gelo derretido. Nesse ponto, temos o primeiro ponto fixo, o zero grau Celsius. O
segundo ponto fixo é obtido quando colocamos o termômetro em contato com o
vapor que se desprende da água em ebulição. Após o equilíbrio térmico, temos o
segundo ponto fixo, os 100 graus Celsius. Vale lembrar que esse procedimento deve
ser realizado a uma pressão ambiente, que é de aproximadamente 1 atm.

O intervalo entre os dois pontos obtidos pode ser dividido em 100 partes inteiras
iguais. Cada divisão representa 1 grau Celsius.

4.1.5.2 Escala Fahrenheit


Como vimos anteriormente, a escala Fahrenheit foi proposta pelo polonês Gabriel
Fahrenheit. Hoje, é essa escala utilizada oficialmente nos Estados Unidos da América.

Termometria e Calorimetria 167


U4

Para graduar um termômetro na escala Fahrenheit, é possível utilizar um


experimento semelhante ao visto para a escala Celsius, também a uma pressão de
aproximadamente 1 atm. Nesse caso, o ponto fixo para o gelo fundente equivale a 32
graus Fahrenheit. O segundo ponto fixo para a água em ebulição apresenta o valor de
212 graus Fahrenheit nessa escala.

Para a graduação do termômetro, divide-se o intervalo entre os dois pontos em


180 partes inteiras iguais e cada divisão é chamada de grau Fahrenheit, representada
por ºF.

Acesse o link abaixo para saber mais sobre origem e o sistema de divisões
da escala Fahrenheit.
Disponível em: <http://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/5165467.
pdf>. Acesso em: 4 out. 2015.

4.1.5.3 Escala Kelvin


William Thomson (1824-1907), mais conhecido como Lord Kelvin, desenvolveu
uma escala termométrica com base na temperatura mínima que um sistema pode
atingir. Kelvin propôs uma teoria na qual a temperatura zero (zero absoluto 0 K) seria a
temperatura na qual todas as partículas que compõem o corpo estariam em repouso,
ou seja, a agitação delas seria nula. Por isso, criou uma escala com zero absoluto igual
a 0 K = –273 °C, adotando o mesmo número de divisões da escala Celsius.

Em condições atmosféricas normais (1 atm), o valor 273 K corresponde ao ponto


de fusão da água e 373 K ao ponto de ebulição. A escala Kelvin, também conhecida
como escala absoluta, não possui valores negativos para a temperatura. Zero é o limite
inferior dessa escala.

4.1.5.4 Zero absoluto


As moléculas de um gás apresentam um movimento desordenado, denominado
agitação ou movimento térmico. Como vimos anteriormente, quanto mais intensa
a agitação térmica das moléculas, maior é a energia cinética de cada uma e em
consequência também da temperatura. Podemos imaginar que a temperatura mais
baixa que pode existir é um estado térmico em que não exista agitação térmica, isto
é, as moléculas estão em repouso. A esse limite inferior de temperatura dá-se o nome
de zero absoluto.

168 Termometria e Calorimetria


U4

Lord Kelvin verificou que a pressão de um gás diminuía de 1/273 do valor inicial
quando resfriado a volume constante de 0 ºC a –1 ºC. Assim, pode-se concluir que a
pressão seria nula quando o gás estivesse a –273 ºC. Como a pressão do gás é devida
ao bombardeio das moléculas sobre as paredes do recipiente, no estado térmico de
pressão nula, as moléculas do gás deveriam estar em repouso. Se a temperatura é
uma medida do grau de agitação das moléculas, ela deve ser nula quando a agitação
for nula. Comparando as indicações da escala Celsius e da escala absoluta Kelvin,
para um mesmo estado térmico, vemos que a temperatura absoluta é sempre 273,15
unidades mais alta que a temperatura Celsius correspondente.

4.1.6 Relação entre as escalas


Vamos supor que você esteja se preparando para viajar para Londres e soube que a
temperatura nos últimos dias estava 50°F. Você precisa adequar as roupas que vai levar
ao clima do lugar. Para saber qual é a temperatura correspondente na escala Celsius,
você precisa fazer uma conversão entre as duas escalas. Observe na Figura 4.5 como
podemos converter duas escalas distintas utilizando o teorema de Tales.

Figura 4.5 – O teorema de Tales se baseia na igualdade entre as retas paralelas

Fonte: O autor (2015).

4.1.6.1 Escala Fahrenheit e Celsius


Observe o comparativo entre as escalas Fahrenheit e Celsius (Figura 4.6):

Figura 4.6 – Esquema comparativo entre as escalas de °F e de °C

Fonte: O autor (2015).

Termometria e Calorimetria 169


U4

Note que, na Figura 4.6, as duas escalas possuem um número diferente de divisões
entre os pontos fixos. A escala Fahrenheit possui 180 divisões entre o ponto de fusão
(32°F e 0°C) e o de ebulição (212°F e 100°C), e a escala Celsius possui 100 divisões
entre esses dois pontos. Comparando os dois pontos fixos das escalas, podemos
traçar retas paralelas e aplicar o teorema de Tales.

Vamos a um exemplo, onde gostaríamos de saber qual temperatura em graus


Celsius equivale a 50°F:

4.1.6.2 Escala Fahrenheit e Kelvin


As escalas de Fahrenheit e Kelvin (Figura 4.7) possuem divisões de 180 e 100, como
acontecia no caso anterior. Por isso, procedemos da mesma maneira que antes.
Utilizando novamente o teorema, encontramos que:

170 Termometria e Calorimetria


U4

Figura 4.7 – Esquema comparativo entre as escalas de °F e K

Fonte: O autor (2015).

Note que, na Figura 4.6, as duas escalas possuem um número diferente de divisões
entre os pontos fixos. A escala Fahrenheit possui 180 divisões entre o ponto de fusão
(32°F e 0°C) e o de ebulição (212°F e 100°C), e a escala Celsius possui 100 divisões
entre esses dois pontos. Comparando os dois pontos fixos das escalas, podemos
traçar retas paralelas e aplicar o Teorema de Tales.

4.1.6.3 Escala Celsius e Kelvin


As escalas Celsius e Kelvin, representadas na Figura 4.8, possuem o mesmo
número de divisões; assim, a diferença entre as duas é um valor constante de 273, e a
conversão entre elas se torna:

Figura 4.8 – Esquema comparativo entre as escalas de °C e de K

Fonte: O autor (2015).

Podemos calcular também as variações de temperatura utilizando a seguinte fórmula:

Termometria e Calorimetria 171


U4

1. Em um livro de física bastante antigo, existe a referência a


uma escala termométrica J, cujos pontos físicos atotados eram
–20°J para a fusão do gelo e 130°J para a ebulição da água.

a) Com base nessas características, determine a relação entre a


escala J e a escala Celsius.

b) Calcule a temperatura correspondente a 70°J, em graus


Celsius.

2. Quando dois corpos de tamanhos diferentes estão em


contato e em equilíbrio térmico, em um sistema isolado do
meio externo, podemos dizer que:
a) o corpo de menor tamanho é mais quente;
b) o corpo de maior tamanho é mais quente;
c) não existe troca de calor entre os corpos;
d) o corpo maior cede calor para o corpo menor;
e) o corpo menor cede calor para o corpo maior.

172 Termometria e Calorimetria


U4

Seção 4.2
Calorimetria
Introdução à seção

Quando nós pegamos uma lata de refrigerante que acabou de sair da geladeira e
deixamos sobre a mesa da cozinha, a temperatura do refrigerante começa a aumentar
gradativamente. No princípio, a temperatura aumenta rapidamente, após algum
tempo, mais devagar, até que se torne a mesma do ambiente – ou seja, até que se
atinja o equilíbrio térmico. Dessa mesma forma, a temperatura de uma xícara de chá
quente deixada sobre a mesa diminui até se tornar igual à do ambiente. As variações nas
temperaturas do refrigerante e do chá estão relacionadas às transferências de energia,
na forma de calor, entre os dois e o ambiente. As trocas de calor são estudadas por
um ramo da física chamado de calorimetria, que estuda os efeitos da transferência
de calor entre os corpos. Ao longo desta seção, vamos explorar diversos conceitos
relacionados à transferência de energia térmica, começando pela definição de calor.

4.2.1 Calor
Se considerarmos o refrigerante e o chá como um sistema de temperatura TS e
o ambiente, com uma temperatura TA¬, o local onde se encontra o sistema, vamos
observar que, se TS não é igual a eTA, TS, varia até que as duas temperaturas se igualem
e o equilíbrio seja estabelecido. Vale lembrar que TA também pode variar um pouco,
mas vamos considerar neste momento a variação de TA desprezível.

Essa mudança na temperatura se deve a uma alteração da energia térmica do


sistema por causa da troca de energia térmica entre o sistema e o ambiente. A energia
térmica é denominada de calor e simbolizada pela letra Q. O calor tem sinal positivo se
a energia é transferida do ambiente para a energia térmica do sistema e negativo se a
energia térmica é transferida da energia térmica do sistema para o ambiente. Podemos
dizer também que o calor é cedido ou perdido pelo sistema.

Vamos pensar em um sistema que não absorve nem perde energia em relação ao
meio exterior, ou seja, isolado, formado por dois blocos A e B. O bloco A apresenta
uma temperatura de 200ºC, enquanto o bloco B tem temperatura de 20ºC, como
representados pela Figura 4.9.

A lei zero da termodinâmica vai garantir que, com o passar do tempo, A e B entrem

Termometria e Calorimetria 173


U4

em equilíbrio térmico. Como esse sistema é isolado, podemos explicar que a energia
térmica é transferida apenas para o bloco B, mas, se observarmos os exemplos
anteriores, vamos notar que o chá pode transferir energia térmica para a mesa e para
o ar, variando suas temperaturas em valores diferentes.

O entendimento de calor variou muito ao longo do tempo e a distinção de


temperatura e calor foi um processo historicamente demorado e até hoje não é muito
bem compreendida por algumas pessoas.

Figura 4.9 – Blocos A e B em um sistema isolado, em que trocam energia somente entre si

Fonte: O autor (2015).

Para Roger Bacon, Kepler, Francis Bacon e Boyle, influenciados pelas ideias de
Platão e Aristóteles, o calor era proveniente do movimento. Isaac Newton sugeria que
o calor estivesse relacionado a possíveis vibrações do éter. Para Galileu, o calor era um
fluido. Gassendi admitia duas espécies de matéria térmica, uma produzindo calor, outra
frio. Alguns associavam o calor ao flogístico, uma substância térmica hipotética que
estaria contida nos corpos que pegam fogo. Lavoisier, em 1789, propôs a existência
de uma forma de matéria específica que origina o calor, “um fluido eminentemente
elástico que o produz”, ao qual ele deu o nome de calórico. O prestígio científico de
Lavoisier fez com que essa ideia tivesse grande aceitação, embora ela nunca obtivesse
unanimidade.

Em 1798, Benjamim Thompson (1753-1814), físico americano que trabalhava em


Munique, ficou impressionado com o intenso aquecimento dos cilindros de latão
perfurados para serem utilizados em canos de canhões. Rumford realizou diversas
experiências para entender melhor esse aquecimento, e, em todas elas, ficou claro
que o calor não poderia ser um fluido, afirmando que a hipótese de ser originário do
movimento era bem mais aceitável. Apesar de ter apoio de importantes cientistas,
como Davy e Young, sua tese obteve pouco sucesso.

No início do século XIX, a teoria de que o calor era um fluido ainda era amplamente
conhecida, provavelmente devido à predominância dos físicos franceses nessa época.
Só em 1890, com as experiências de Joule, a ideia do fluido calórico deixou de ser
aceita.

174 Termometria e Calorimetria


U4

O calor não é uma nova grandeza, pois se trata de energia. A unidade no SI para o
calor ou quantidade de calor (Q) é a mesma unidade utilizada para a energia, o joule (J).
Outra unidade que costumamos observar é a caloria, que discutiremos mais adiante.

4.2.2 Capacidade térmica


Capacidade térmica ou capacidade calorífica (C) é a grandeza física que determina
a relação existente entre a quantidade de calor fornecida a um corpo e sua variação
de temperatura. Essa capacidade caracteriza o corpo, mas não a substância que o
constitui, sendo proporcional à quantidade de material presente no corpo. Assim, dois
corpos compostos pela mesma substância, mas com massas diferentes, possuem
diferentes capacidades caloríficas.

Mas o que promove essa variação entre suas capacidades


caloríficas?

Quando dois ou mais corpos absorvem ou cedem quantidades de calor iguais,


a variação de temperatura dos corpos pode não ser a mesma. Essa diferença está
relacionada com a capacidade térmica do corpo. Como um corpo está cedendo e o
outro recebendo uma determinada quantidade de calor (Q), levando a uma variação
em sua temperatura (ΔT), a capacidade térmica desse corpo é a razão:

No Sistema Internacional, as unidades da capacidade térmica são definidas pelo


joule por kelvin (J/K) ou joule por grau Celsius (J/°C). A mudança da temperatura em
1°C é igual à mudança de temperatura de 1K, portanto as duas unidades equivalentes.

A capacidade térmica é constante para determinados corpos. Existem recipientes


utilizados especialmente para a realização de experimentos que envolvem trocas de
calor; esses recipientes são chamados de calorímetros. Vamos discutir mais sobre os
calorímetros em um tópico adiante.

Imaginemos dois blocos B1 e B2 representados na Figura 4.10. Esses blocos são

Termometria e Calorimetria 175


U4

formados pela mesma substância, possuindo respectivamente massa m1 e m2.


Verificamos experimentalmente que, quando aquecido por mesmo intervalo de
tempo e também igual fonte de calor, o bloco que possui maior massa sofre uma
menor variação de temperatura e vice-versa.

Figura 4.10 – Os blocos B1 e B2 são constituídos da mesma substância e são aquecidos em


fontes idênticas de calor durante o mesmo intervalo de tempo

Fonte: O autor (2015).

Como a massa m1 do bloco B1 é n vezes maior que a massa m2 do bloco B2, a


capacidade térmica C1 do bloco B1 é n vezes maior do que a capacidade térmica
C2 do bloco B2. Também podemos dizer que a capacidade térmica (C) de corpos
constituídos por substâncias iguais é diretamente proporcional à massa (m) de cada
corpo. Assim, podemos escrever

A grandeza c, que está presente na equação acima, é uma constante de


proporcionalidade e é dependente da substância da qual o corpo é constituído
e de sua temperatura, como veremos a seguir. Essa constate é chamada de calor
específico da substância.

176 Termometria e Calorimetria


U4

4.2.3 Calor específico

Como vimos, usamos a letra Q para representar a quantidade de calor. Quando


essa quantidade está relacionada com uma quantidade infinitesimal de temperatura
dT, chamamos essa quantidade de dQ. Podemos verificar que a quantidade de calor
Q necessária para elevar a temperatura de uma massa m de um material de T1 até T2 é
aproximadamente proporcional à variação de temperatura ΔT = T2 – T1; ela também é
proporcional à massa m do material.

Quando você aquece a água para fazer um chá, você precisará do dobro da
quantidade de calor para fazer duas xícaras ao invés de uma, desde que a temperatura
seja a mesma. A quantidade de calor também depende do material. Por exemplo, para
elevar em 1°C a temperatura de um quilograma de água, é necessário transferir uma
quantidade de calor igual a 4190J, enquanto para elevar a mesma temperatura em um
quilograma de alumínio só é necessária a transferência de 910J.

Se pensarmos nessa relação, podemos escrever que a quantidade de calor


necessário para promover a variação de temperatura ΔT em uma massa m de um
material é:

Essa equação é conhecida como equação fundamental da calorimetria. A grandeza


c presente na equação acima, como vimos anteriormente, é o calor específico (ou
capacidade calorífica específica) do material. O valor dessa grandeza varia de acordo
com o material. Para provocar uma variação de temperatura infinitesimal dT e uma
correspondente quantidade de calor dQ, temos:

Podemos encontrar valores positivos ou negativos para Q (dQ) e ΔT (dT). Quando


esses valores são positivos, o calor é transferido para o corpo e a temperatura
aumenta. Quando os valores expressos são negativos, o calor é liberado e a
temperatura diminui.

Termometria e Calorimetria 177


U4

Figura 4.11– Calor específico para algumas substâncias

Fonte: O autor (2015).

No estudo termodinâmico, o calor específico é uma característica fundamental


de qualquer substância. Ele indica o comportamento dessa substância em relação ao
calor recebido. Se várias substâncias diferentes recebem a mesma quantidade de calor
e não alteram seu estado físico, aquelas que apresentarem o maior calor específico
sofrerão menor variação de temperatura e vice-versa. Veja a Figura 4.12:

Figura 4.12 – Líquidos com a mesma massa, porém substâncias diferentes, recebendo a mesma
quantidade de calor, sofrem variação de temperatura diferente

Fonte: O autor (2015).

4.2.4 Caloria dos alimentos


Sabemos que, dentre as substâncias que existem em nosso planeta, a água é das
que apresentam o maior calor específico. Essa relação traz relações importantes para
nossa vida. A água foi utilizada como padrão para definir a unidade de calor mais
utilizada no dia a dia, a caloria.

178 Termometria e Calorimetria


U4

Assim como outras formas de energia, podemos medir o calor através do trabalho
que ele pode realizar. Dos trabalhos que o calor pode realizar, o mais fácil de ser
medido é a variação de temperatura provocada em determinado corpo ou substância.
Assim, utiliza-se a água como substância padrão para definir o conceito de caloria,
então 1 caloria (cal) é a quantidade de calor necessário para elevar a temperatura de 1g
de água em 1°C no intervalo de 14,5°C a 15,5°C.

A consequência dessa definição é o valor do calor específico da água. Se


substituirmos os valores na fórmula, Q=1 cal, m = 1g e ΔT=1°C, a expressão do calor
específico é igual a:

Outra consequência vem da expressão da capacidade calorífica, C=c.m. Como o


calor específico da água é 1cal/g.°C, a capacidade calorífica (C) de um corpo equivale
à determinada massa (m) de água em gramas, assim:

A massa de água que apresenta a mesma capacidade térmica que um corpo é


denominada equivalência em água de um corpo. Recomenda-se o abandono da
expressão caloria e a utilização do joule (J), pois existem “três calorias”:

• Caloria a 15°C, cujo valor é 1cal15 = 4,1855J.

• Caloria IT (International table), cujo valor é 1calIT = 4,1868J.

• Caloria termoquímica, cujo valor é 1calth = 4,184J.

Essa multiplicidade de valores é o suficiente para nós entendermos por que usar
o joule no lugar de caloria. O joule é a unidade de energia no SI; a caloria é usada
diariamente, sobretudo em relação à alimentação, aliás de forma incorreta. Quando
usamos caloria para nos referirmos ao valor energético dos alimentos, na verdade
queremos dizer a quantidade de energia necessária para elevar a temperatura de
1 quilograma de água de 14,5 °C para 15,5 °C. O correto, nesse caso, seria utilizar
kcal (quilocaloria), porém o uso constante em nutrição fez com que se modificasse
a medida. Assim, quando se diz que uma pessoa precisa de 2.500 calorias por dia,
na verdade são 2.500.000 calorias (2.500 quilocalorias) por dia. Tendo em vista que

Termometria e Calorimetria 179


U4

apenas unidades de medidas que derivam de um nome próprio são grafadas com
a inicial maiúscula, a notação “Cal”, apesar de amplamente utilizada, está incorreta.
A Figura 4.13 mostra a energia fornecida por alguns alimentos presentes em nosso
cotidiano.

Figura 4.13 – Energia fornecida por alguns alimentos

Fonte: O autor (2015).

A relação entre caloria e o joule foi determinada em 1840 pelo físico inglês James
Prescott Joule e pode ser considerada uma das experiências mais importantes da
Física. As experiências de Joule provaram que o calor não era um fluido, mas uma
forma de energia, contrariando as ideias de Lavoisier. Essa conclusão só poderia ser
feita por um inglês, já que nenhum pesquisador francês seria capaz de contrariar uma
afirmação feita por Lavoisier, devido ao seu prestígio na comunidade científica.

O objetivo de Joule era mostrar que, à medida que a energia mecânica de um


sistema diminuía, seria gerada uma certa quantidade de calor e que essa era sempre a
mesma para a mesma quantidade de energia mecânica perdida.

180 Termometria e Calorimetria


U4

Em uma de suas primeiras experiências, Joule construiu um gerador elétrico


que se movia com a queda de um peso. A corrente elétrica gerada percorria uma
resistência elétrica que aquecia certa quantidade de água, em que a resistência se
encontrava imersa. Outra experiência de Joule utilizou um gás comprimido em uma
espécie de garrafa imersa em água, medindo o trabalho realizado e a quantidade de
calor transmitido à água.
A experiência mais famosa de Joule foi realizada com um dispositivo em que
pesos, descendo lentamente, faziam girar uma roda de pás num recipiente com água.
O atrito das pás com a água realizava trabalho sobre ela, aquecendo-a. Joule repetiu
essa experiência muitas vezes, aperfeiçoando continuamente seu dispositivo, como
podemos ver na Figura 4.14.
Joule publicou os relatos de seus experimentos em 1849, afirmando que:
1. A quantidade de calor produzida pelo atrito entre corpos, líquidos ou sólidos é
sempre proporcional à quantidade de energia desprendida.
2. A quantidade de calor capaz de elevar 1°F a temperatura de uma libra de água
requer o consumo de energia mecânica equivalente à queda de um corpo de 722
libras de uma altura de 1 pé.
Na primeira afirmação, Joule mostrou que o calor é uma energia e não um fluido,
como afirmava a teoria do calórico de Lavoisier. Se o calor fosse um fluido, deveria
ser inesgotável, o que era impossível segundo os experimentos de Joule. A segunda
afirmação mostrou o valor que ficou conhecido como “equivalente mecânico do
calor”. Se convertermos os valores encontrados por Joule para as unidades do SI, o
resultado obtido por Joule foi 1cal = 4,15J, um desvio de apenas 1% em relação ao
valor atual.

Figura 4.14 – Esquema do equipamento da experiência de Joule

Fonte: <http://www.mundoeducacao.com/upload/conteudo_legenda/8c1a1739b649d58485b05fc8ff40c0b3.jpg>. Acesso em:


4 out. 2015.

Termometria e Calorimetria 181


U4

As experiências de Joule tornaram evidente que o calor se trata de energia e, assim,


foi possível estabelecer o equivalente mecânico do calor, nome dado à relação entre
caloria e joule:

Essa relação permite ainda estabelecer as relações entre a unidade do calor


específico no SI (J/kg.°C) e a unidade de calor específico originaria a definição de
caloria (cal/g°C).

4.2.5 Calor sensível e calor latente


Calor latente e calor sensível são grandezas físicas que descrevem a quantidade de
calor necessária que se precisa adicionar ou remover de uma substância para que ela
sofra alguma variação térmica.

Sabemos que calor é energia térmica em trânsito que flui entre os corpos em razão
da diferença de temperatura entre eles. Dessa forma, imagine uma barra de ferro que
receba ou perca certa quantidade de calor Q. Esse calor que a barra ganhou ou perdeu
é denominado de calor sensível, pois ele provoca apenas variação na temperatura do
corpo, sem que aconteça mudança no seu estado de agregação, ou seja, se o corpo
é sólido continua sólido e o mesmo acontece com os estados líquidos e gasosos.

O calor sensível é regido pela equação fundamental da calorimetria, que diz que
a quantidade de calor sensível (Q) é igual ao produto de sua massa, da variação da
temperatura e de uma constante de proporcionalidade dependente da natureza de
cada corpo denominada calor específico. Já vimos essa equação anteriormente
quando falamos de calor específico, mas vamos relembrar:

182 Termometria e Calorimetria


U4

A temperatura de uma substância sempre irá variar quando


recebe calor?

Nem sempre a temperatura de uma substância varia quando recebe ou perde


calor. Em determinadas situações, a temperatura não se altera. Como a temperatura
está associada à energia cinética das partículas de um corpo, podemos supor que,
nessas situações, o calor ganho ou perdido pela substância não se transforma em
energia cinética, ou seja, não provoca alterações da média das velocidades de suas
partículas, por isso não há alteração de temperatura. Se o calor não se transforma
em energia cinética das partículas, deve se transformar em energia potencial. Como
a energia potencial está relacionada à posição, podemos supor que a forma ou a
configuração das partículas constituintes da substância irá sofrer uma reorganização e,
assim, a substância muda de fase. Podemos dizer que o calor não altera a temperatura
da substância, pois a energia transferida é utilizada para a mudança estrutural da
substância.

Existem duas formas possíveis de mudança de fase:

• Mudança de estado: quando a substância transita entre os estados sólido, líquido


e gasoso (Figura 4.15).

• Mudança de fase cristalina: que acontece nos sólidos.

Figura 4.15 – Esquema das mudanças de estado de uma substância.

Fonte: O autor (2015).

Termometria e Calorimetria 183


U4

Toda mudança de fase ocorre à determinada temperatura, para determinada


pressão independente do sentido da transformação. A água se solidifica a 0°C e se
vaporiza a 100°C a pressão atmosférica normal.
Quando a substância altera sua fase, verificamos que a razão entre a quantidade
transferida de calor (Q) e a massa (m) que alterou de fase dessa substância é sempre
constante. Essa constante é denominada de quantidade de calor latente (L), definida
por:

No SI, a unidade para calor latente é o J/kg, mas, como a caloria é muito usada
ainda, as unidades derivadas também acabam sendo usadas; assim, a unidade cal/g é
aplicada ao calor latente. O valor para a constante L é dependente da substância e da
sua mudança de fase, e esse valor é tabelado e a nomenclatura varia de acordo com
a mudança de fase. Quando a mudança de fase é da fase líquida para a fase gasosa,
o calor latente é chamado de calor latente de vaporização e seu valor é igual em
módulo, porém de sinal oposto ao calor latente de condensação. Quando a mudança
se dá da fase sólida para a líquida, o calor latente é chamado de calor latente de fusão e
seu valor é igual em módulo e de sinal oposto ao do calor latente de solidificação. Por
exemplo, o calor latente de solidificação ou fusão da água é 3,33x105 J/kg, enquanto
o calor latente de condensação ou vaporização é 2,26x106 J/kg (HALLIDAY, 2014).
A Figura 4.16 nos mostra a relação entre a temperatura x quantidade de calor
recebida (ou cedida) e representa as mudanças de fase da substância. Como durante
as mudanças de estado a temperatura não varia, aparecem patamares horizontais
característicos dessas mudanças.

Figura 4.15 – Esquema das mudanças de estado de uma substância

Fonte: Adaptado de <http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2009/10/solidificacao1.jpg>. Acesso em: 4 out. 2015.

184 Termometria e Calorimetria


U4

4.2.6 Trocas de calor


Como vimos, quando corpos com temperaturas diferentes formam um sistema
isolado, existe uma tendência para que eles atinjam a mesma temperatura. Quando
isso acontece, costumamos dizer que os corpos trocam calor. Como sabemos, calor
é energia; assim, pelo princípio da conservação de energia, podemos garantir que a
energia total envolvida nesse processo é sempre constante.

Se um determinado corpo qualquer ceder calor, não mudar de fase, sua temperatura
final (t) irá se tornar menor que a inicial (t0). Podemos dizer que a sua variação de
temperatura (∆t = t – t0) e a quantidade de calor que foi cedida (Qc) são negativas. Pelo
mesmo raciocínio, quando um dado corpo recebe calor, a variação de temperatura
e a quantidade de calor recebida (Qr) são positivas. Vamos analisar o esquema abaixo
(Figura 4.17).
Figura 4.17 – Esquema de trocas de valor entre dois corpos. A quantidade de calor
(Qc) cedida é sempre negativa, enquanto a recebida é (Qr) é sempre positiva

Fonte: O autor (2015).

Se o sistema é isolado promovendo apenas trocas de calor entre suas partes, a


soma das quantidades de calor cedidas (∑Qc) e recebidas (∑Qr) é nula:

Se as quantidades de calor forem calculadas em módulo, essa expressão pode ser


reescrita da seguinte forma:

Essa é uma relação que obedece ao princípio da conservação da energia. Se o


resultado fosse diferente de zero, indicaria perda ou ganho de energia, o que vai contra
esse princípio.

Termometria e Calorimetria 185


U4

4.2.7 Calorímetro
O calorímetro é um dispositivo isolado termicamente do ambiente, utilizado para
fazer estudos sobre a quantidade de calor trocado entre dois ou mais corpos que
possuem temperaturas diferentes.

Em nosso estudo sobre trocas de calor e equilíbrio térmico de duas ou mais


substâncias, observamos que, quando corpos de temperaturas diferentes são
colocados em contato, após algum tempo tendem a atingir a mesma temperatura.
A explicação para esse fenômeno foi proposta há muito tempo, com base em um
modelo chamado de calórico. Esse modelo propunha que todos os corpos possuíam
interiormente o calórico, que era uma substância fluida e invisível de peso desprezível.
Dizia-se que, quanto maior fosse a temperatura de um corpo, mais calórico ele possuía
em seu interior.

Quando dois ou mais corpos com temperaturas diferentes eram colocados em


contato, ocorria a passagem de calórico do corpo mais quente para o mais frio.
Com isso, ocorria uma diminuição da temperatura do primeiro e uma elevação na
temperatura do segundo corpo. Assim, o fluxo do calórico só parava quando os corpos
estivessem em equilíbrio térmico. A ideia de calórico foi derrubada pelos experimentos
de James Joule, o que fez com que o calor fosse considerado uma forma de energia.

Sabemos que o calor é a energia transferida espontaneamente de um corpo para


outro, devido à diferença de temperatura entre eles. Sabemos que, quando colocamos
dois corpos com temperaturas diferentes em contato, em um sistema isolado, após
algum tempo eles estarão em equilíbrio térmico. Assim, podemos entender que
houve transferência de calor do corpo mais “quente” para o mais “frio”, até que ambos
apresentassem a mesma temperatura.

Os estudos de troca de calor entre dois ou mais corpos, principalmente quando


um deles está no estado líquido, exigem a utilização de recipiente que permita obter o
valor das quantidades de calor trocadas entre os corpos e dificulte a troca de energia
térmica com o meio externo. Esse recipiente é chamado de calorímetro.

Podemos dizer, de maneira genérica, que todo recipiente isolado termicamente do


ambiente externo é um calorímetro. O calorímetro é utilizado em experimentos que
envolvem a determinação do calor específico das substâncias. Para a sua utilização,
coloca-se água em seu interior e, após o sistema atingir seu equilíbrio térmico, aí
medimos o valor da temperatura da água. Depois, coloca-se o corpo que se deseja
estudar em seu interior imerso na água. Como sabemos a temperatura inicial do
sistema água-calorímetro, podemos verificar a variação da temperatura do sistema
após entrar em equilíbrio térmico. A Figura 4.18 mostra um exemplo básico de um
calorímetro.

186 Termometria e Calorimetria


U4

Figura 4.18 – Exemplo de um calorímetro básico usual

Fonte: http://www.brasilescola.com/fisica/calorimetro.htm. Acesso em: 4 out. 2015.

Existem maneiras simples de construir um calorímetro com materiais


populares. Acesse o link abaixo para saber mais como construir um
calorímetro.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/eq/v36n2/a04v36n2.pdf>.
Acesso em: 4 out. 2015.

1. Ao colocarmos 80 g de gelo a 0°C em 100 g de água a


20°C, em um sistema isolado, qual a temperatura final da
mistura, sabendo-se que o calor latente de fusão do gelo é 80
cal/g e o calor específico da água é 1 cal/g · °C?

2. Um bloco de gelo com massa de 300 g está a uma


temperatura de 0°C. Para derreter todo o gelo, obtendo água
no estado líquido a 0°C, são necessárias 24.000 cal. Determine
o calor latente de fusão do gelo.

Termometria e Calorimetria 187


U4

• Os termos temperatura e calor costumam ser utilizados como


sinônimos em nosso cotidiano, mas para a física possuem
significados diferentes.
• A temperatura também está relacionada à energia cinética das
moléculas que compõem um corpo. As moléculas que constituem
a matéria estão em constante movimento, denominado agitação
térmica. Toda a energia cinética associada ao movimento das
moléculas recebe o nome de energia térmica.
• A energia térmica de um corpo pode variar através da
transferência de calor entre dois ou mais corpos. Quando todos
os corpos de um sistema atingem a mesma temperatura, dizemos
que eles estão em equilíbrio térmico.
• A transferência de energia térmica entre dois corpos está ligada
à diferença de temperatura entre eles.
• A medida de temperatura é um processo indireto e como toda
medida exige o estabelecimento de um padrão. O padrão atual
adotado pelo SI, desde 1954, é o ponto tríplice da água, ao qual
se atribui a temperatura de 273,16 kelvin.
• A variação de temperatura de um sistema se deve a uma
mudança da energia térmica por causa da troca de energia
térmica entre o sistema e o ambiente. A energia térmica é
chamada de calor e simbolizada pela letra Q.
• Quando dois ou mais corpos cedem ou absorvem quantidades
iguais de calor, a variação de temperatura por eles sofrida
geralmente é diferente uma da outra. Essa relação é o que
caracteriza a capacidade calorífica ou capacidade térmica.
• O calor específico de um corpo está ligado ao tipo de material
de que ele é constituído.
• Calor sensível e calor latente são grandezas físicas que
descrevem a quantidade de calor que se precisa adicionar ou
remover de uma substância para que ela sofra alguma variação
térmica.

Caríssimos, ao longo de nosso estudo pudemos entender


diversas relações entre o calor e a temperatura. Vimos que,

188 Termometria e Calorimetria


U4

embora não sejam sinônimos, estão diretamente relacionados.


Esse estudo é importante para entendermos diversas situações
de nosso cotidiano em que calor e temperatura são grandezas
presentes.
Vimos, em nossa primeira seção, que a temperatura está
relacionada com a energia cinéticas das partículas que
compõem um corpo, por isso a medida de temperatura é uma
medida indireta. Ao longo de vários séculos, o homem buscou
alternativas para realizar a medição dessa energia cinética,
utilizando diversos materiais, para que hoje isso fosse simples
para nós. Sabemos que existem diversas escalas utilizadas para
a medição entre elas e, muitas vezes, estamos nos deparando
com elas, por isso entender suas relações nos ajudam a calcular
a temperatura entre as escalas diferentes.
Em nossa segunda seção, nós pudemos estudar o calor de forma
mais profunda, vendo as diversas características que os corpos
possuem e interferem nas trocas de calor. Foi possível ver que
nem sempre que o corpo ganha calor ele altera sua temperatura
e que o material em que o corpo é constituído influencia
diretamente sua capacidade térmica.
Assim concluímos nosso estudo sobre a física térmica, e através
dele foi possível verificar com diversos fundamentos que calor e
temperaturas são grandezas importantes, mas não querem dizer
a mesma coisa.

1. São fornecidos 900J de calor a 1kg de gás hélio para que


ele sofra um aquecimento de 3K. Sabendo-se que o volume
do gás permaneceu constante, determine o correspondente
calor específico.

2. Ao fornecermos 450 calorias de calor para um corpo,


verifica-se como consequência uma variação de temperatura
igual a 60 ºC. Determine a capacidade térmica desse corpo.

Termometria e Calorimetria 189


U4

3. Para derretermos uma barra de um determinado material


XYZ com massa de 1kg, é necessário aquecê-lo até a
temperatura de 1000°C. Sendo a temperatura do ambiente
no momento analisado 20°C e o calor específico de
XYZ= 5 J/kg.°C, determine a quantidade de calor necessária
para derreter a barra.

4. Dois corpos A e B de capacidade térmica CA = 100 J/°C


e CB = 500 J/°C recebem a mesma quantidade de calor:
Q=2000J. Qual a variação de temperatura que cada corpo
irá sofrer?

5. (PUC-SP) Um médico inglês mede a temperatura de


um paciente com suspeita de infecção e obtém em seu
termômetro clínico o valor de 102,2°F.

a) Ele tem motivo de preocupação com o paciente?

b) Por que um doente com febre sente frio? Responda e


defina o conceito de calor.

190 Termometria e Calorimetria


U4

Referências

GASPAR, A. Física volume único. São Paulo: Ática, 2001.


NUSSENZVEIG, Hersh Moyses. Curso de física básica: 2 Fluidos, Oscilações e Ondas
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Termometria e Calorimetria 191

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