Experimental:
Mecânica e
Energia
Física Geral e
Experimental: Mecânica e
Energia
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ISBN 978-85-8482-319-2
CDD 530
2016
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Sumário
Nesse contexto, visamos com este material que você, estudante, tenha a
oportunidade de pensar sobre fenômenos físicos em termos matemáticos.
Contudo, para que a aprendizagem de fato ocorra, as abordagens teóricas, os
exemplos resolvidos, os problemas propostos e os materiais sugeridos devem ser
estudados e trabalhados até o estágio de completo entendimento, tanto no que
diz respeito aos procedimentos matemáticos quanto na interpretação física desses.
Desejamos que este material seja por você utilizado com muito entusiasmo,
visando desenvolver sua intuição de maneira a torná-la precisa na modelação
matemática de problemas físicos, na interpretação física de soluções matemáticas,
mas, sobretudo, na aplicação de conceitos físicos em situações reais relacionadas
à sua formação acadêmica.
Bons estudos!
Unidade 1
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
DA FÍSICA
Objetivos de aprendizagem:
Introdução à unidade
Seção 1.1
Medição
Introdução à seção
1
Modelo é um substituto simplificado para o problema real que nos permite solucioná-lo de um modo
relativamente fácil. Com a linguagem matemática, podemos obter modelos algébricos (equações,
funções, gráficos, etc). Contudo, na Física podemos também encontrar outros tipos de modelos, como,
por exemplo, representações pictóricas (desenhos e figuras) de situações.
Para que seja possível obter medidas precisas e confiáveis, fazem-se necessárias
unidades de medidas que possam ser compreendidas e reproduzidas por diversos
observadores, de diversificadas localidades. Por esse motivo, convencionalmente
utiliza-se o sistema de unidades utilizado por cientistas de diversas partes do mundo, o
Sistema Internacional de Medidas, conhecido como SI.
Além disso, vale ressaltar que, a partir dessas unidades fundamentais, é possível
obter unidades maiores ou menores para as mesmas grandezas físicas por meio de
múltiplos e submúltiplos de dez, como no caso da massa e do comprimento. A título
de exemplo, observe a figura a seguir:
X 1000 : 1000
Fonte: http://feb.ufrgs.br/resources/284/p3.html. Acesso em: 11 ago. 2015.
Tendo como unidade principal o grama, perceba que, por meio de múltiplos e
submúltiplos de dez, é possível obter unidades maiores ou menores para a massa. De
acordo com a figura apresentada, temos, por exemplo, que 1kg=10×10×10 g=103 g e
que 1 cg= = 10-2 g.
A mesma relação apresentada na Figura 1.1 pode ser escrita e utilizada para a
unidade fundamental de comprimento (metro), obtendo, assim, da esquerda para a
direita: quilômetro (km), hectômetro (hm), decâmetro (dam), metro (m), decímetro
(dm), centímetro (cm) e milímetro (mm).
1 minuto = 60 segundos
Etc...
Contudo, também para o tempo teremos casos em que potências de dez podem
ser utilizadas para descrever unidades maiores ou menores. Por exemplo:
A Figura 1.2 apresenta esses prefixos (nano e micro) exemplificados acima e outros
prefixos para as potências de dez e que podem ser utilizados para diversas grandezas
físicas:
Figura 1.2 – Alguns prefixos para potências de dez
Nessa situação, a distância equivale ao produto da velocidade (ν) pelo tempo (τ):
Esse fator é chamado de fator de conversão e, uma vez que qualquer grandeza
pode ser multiplicada por 1 sem que haja alteração em seu valor, é possível
converter de 250 metros para milhas de maneira bem simples pela multiplicação
por esse fator:
Para melhor compreensão, veja mais um exemplo: “Se o seu carro estiver a
90 km/h, qual a sua velocidade em metros por segundo e em milhas por hora?”
(TIPLER, 2000, p. 5).
Resolução: perceba que, nessa situação, a medida dada (90 km/h) deverá ser
multiplicada por um conjunto de fatores de conversão, cada qual exatamente igual
a 1, de modo que o seu valor não se altera. Vamos determinar esses fatores de
conversão:
Sabemos que 1.000 m = 1 km, que 60 s = 1 min, que 60 min = 1 hora e que 1
mi = 1,609 km. Assim, obtemos, respectivamente, os fatores de conversão:
(3,15×107 )+(5,02×105)=
(315,0×105)+(5,02×105) ou (3,15×107)+(0,0502×107)=
3,2002×107=32.002.000
103×104=1.000×10.000=10.000.000=107
Analogamente,
(103)5=103×103×103×103×103=1015
a) 27,2 m/s
b) 28,0 m/s
c) 29,1 m/s
d) 30,3 m/s
e) 31,5 m/s
a) 6 mi/h
b) 7 mi/h
c) 8 mi/h
d) 9 mi/h
e) 10mi/h
Seção 1.2
Movimento Retilíneo
Introdução à seção
Inicia-se, nesta seção, o estudo da Mecânica, que basicamente estuda as relações
entre movimento, massa e força. De maneira mais específica, nesta seção, você
estudará a cinemática, a parte da Mecânica que aborda sobre o movimento.
Para ilustrar essa complexidade, considere que você deseje analisar o movimento
de uma bola de beisebol atirada ao ar. Os autores Young e Freedman (2008, p. 3)
descrevem algumas das complicações desse problema. Para simplificar a análise
Assim, no eixo Ox, a posição da partícula é dada pela coordenada x, a qual varia
com o tempo na medida em que a partícula se move.
∆x=x2 – x1
Analogamente, representamos a variação do tempo por:
∆t=t2 – t1
Veja que nesse deslocamento o carro se movimentará com determinada
velocidade, grandeza essa que envolve, além do módulo, uma direção e um sentido.
Portanto, definimos que velocidade média do carro no intervalo de tempo ∆t é uma
grandeza vetorial cujo componente x é a variação de x (∆x) dividida por esse intervalo
de tempo ∆t:
Suponha que uma pessoa dirija seu carro em um trecho retilíneo. Suponha, ainda,
que esse carro se encontra no ponto x1=277 m em um instante t1=16 s e em x2=19
m no instante t2=25 s.
Temos:
A situação do exemplo pode ser ilustrada no eixo Ox, como mostra a figura a
seguir:
Observe, na figura acima, que o carro se desloca no sentido negativo do eixo Ox,
ou seja, em sentido contrário ao que estipulamos como o sentido positivo do eixo
Ox. Por esse motivo, ao calcularmos a velocidade média, obtemos o resultado com
sinal negativo. Portanto, o sinal serve como um indicador do sentido do movimento.
Na Figura 1.5, observa-se um segmento de reta que passa pelos pontos P1 e P2.
Esse segmento (P1 P2 ) é a hipotenusa de um triângulo cujos catetos são ∆x e ∆t. A
razão ∆x/∆t representa o coeficiente angular (inclinação) da reta, que é o que nos
permite definir geometricamente a velocidade média:
A velocidade média é o coeficiente angular (inclinação) da reta, a qual passa
por dois pontos: P1(t1,x1) e P2 (t2,x2).
Na Figura 1.6, percebe-se que, ao traçar retas secantes com inclinações cada
vez mais próximas da reta tangente, a qual passa unicamente pelo ponto P1, que
é o ponto de nosso interesse, cada vez mais os intervalos de tempo diminuem. A
inclinação do segmento de reta (secantes) correspondente a cada intervalo se refere
à velocidade média em cada um desses intervalos. Quando os intervalos de tempo
tendem a zerar, essa inclinação tende para a inclinação da reta tangente à curva no
ponto P1. E é essa inclinação (coeficiente angular) que corresponde à velocidade
instantânea no instante t1.
Vale ressaltar que, tal como a velocidade média, a velocidade instantânea é uma
grandeza vetorial. Além disso, a inclinação de uma reta pode ser positiva, negativa ou
nula. Assim sendo, a velocidade instantânea no movimento unidimensional pode ser
crescente (positiva), decrescente (negativa) ou sem movimento (nula).
Quando o resultado da velocidade instantânea é considerado em módulo
(valor absoluto), trata-se de velocidade escalar instantânea. Do mesmo modo,
quando na velocidade média é considerado apenas o módulo (valor absoluto),
desconsiderando-se a direção e o sentido, chamamos de velocidade escalar média.
Para melhor compreensão da definição de velocidade instantânea, a qual será
mais frequentemente utilizada em nossos estudos, salvo algumas especificações,
veja o seguinte exemplo:
(TIPLER, 2000) A posição de uma pedra que cai de um rochedo pode ser descrita,
aproximadamente, por x = 5t², em que x, em metros, é medida para baixo, a partir
da posição inicial da pedra em t=0, e t está em segundos. Achar a velocidade em
qualquer instante de tempo t.
A partir da definição, a velocidade pode ser calculada em qualquer instante t por
meio da determinação da derivada dx/dt:
RESOLUÇÃO:
Para ∆t=0,1 s, o intervalo de tempo é de t1=1,0 s a t2=1,1 s. No instante t2, a
posição é:
Por procedimentos análogos, cuja resolução deixo para você, para os intervalos
∆t=0,01 s e ∆t=0,001 s serão obtidos, como resultados para as velocidades médias,
10,05 m/s e 10,005 m/s, respectivamente.
Nota-se que, à medida que ∆t diminui, a velocidade média fica cada vez mais
próxima de 10,0 m/s.
Assim sendo, podemos concluir que a velocidade instantânea para t1=1,0 s é igual
a 10,0 m/s.
Deduza uma expressão geral para a velocidade instantânea em função do tempo
e, a partir, dela, calcule a velocidade para t=1,0 s e t=2,0 s.
RESOLUÇÃO:
A velocidade instantânea em função do tempo pode ser encontrada a partir da
derivação da expressão de x em relação a t. Como a derivada de t2=2t, temos:
Assim, no instante t=1,0 s, temos que νx=10 m/s, enquanto que, no instante
t=2,0 s, temos que νx=20 m/s.
Perceba que os resultados obtidos fazem sentido para a situação dada: o leopardo
ganhou velocidade a partir do repouso, ou seja, do instante t=0, alcançando as
velocidades νx=10 m/s no instante t=1,0 s, quando percorreu 5 m, e νx=20 m/s no
instante t=2,0 s, quando percorreu mais 15 m.
a) 8t
b) 8t²
c) 4t
d) 4t³
e) 2t³
A aceleração média, num certo intervalo de tempo ∆t=t2 – t1, define-se como a
razão ∆ν/∆t, em que ∆νx=ν2x – ν1x.
O exemplo a seguir contempla o que foi estudado, até então, sobre aceleração.
t νx T νx
1,0s 0,8s 9,0s – 0,4 m/s
3,0s 1,2s 11,0s – 1,0 m/s
5,0s 1,6s 13,0s – 1,6 m/s
7,0s 1,2s 15,0s – 0,8 m/s
Fonte: YOUNG; FREEDMAN (2008, p. 42).
Antes de darmos início aos cálculos para responder cada item da questão, vamos
interpretar geometricamente o significado de aceleração média:
Figura 1.10 – Gráficos de velocidade versus tempo (parte superior) e aceleração versus
tempo (parte inferior) para a astronauta
Perceba que, a partir dos resultados obtidos, podemos inferir que, quando a
aceleração média possui o mesmo sentido (mesmo sinal algébrico) da velocidade
inicial, que é o que acontece nos itens a e c, a astronauta acelera. Em contrapartida,
quando a aceleração média possui sentido contrário (sinal algébrico contrário), tal
como evidenciamos nos itens b e d, a astronauta diminui a aceleração.
Vamos definir a aceleração instantânea no ponto P1. Para isso, imagine o ponto P2
se aproximando de maneira contínua do ponto P1. Assim, a aceleração média pode
ser entendida como calculada em intervalos de tempo cada vez menores (portanto,
tendendo a zero). Podemos, então, definir que a aceleração instantânea equivale ao
limite da aceleração média quando consideramos que o intervalo de tempo tende a
zero, ou seja, a aceleração instantânea é igual à taxa de variação da velocidade em
função do tempo:
Figura 1.12 – Gráfico velocidade-tempo para uma partícula de acordo com a função νx= 40 – 5t2
Na representação (c), devemos entender que o carro está diminuindo sua velocidade
à medida que se move para a direita. Nesse sentido, o carro movimenta-se com
velocidade positiva e aceleração negativa, pois os vetores aceleração e velocidade
não estão no mesmo sentido. Nessa situação, o carro fica mais lento no decorrer
do tempo, podendo, inclusive, chegar à velocidade zero, como num processo de
frenagem, por exemplo.
Assim, para determinarmos uma expressão para νx, substituímos amx por ax na
expressão da aceleração média, obtendo:
Essa equação serve apenas para aceleração constante e pode ser interpretada da
seguinte maneira: a aceleração média ax é a taxa constante da variação da velocidade
por unidade de tempo.
Agora, vamos deduzir uma expressão para a posição x da partícula que se move
com uma aceleração constante. Para isso, primeiro vamos considerar a definição
de velocidade média νmx. Denominaremos a posição no instante t=0 de posição
inicial, representando-a por x0. Em um instante posterior t, chamaremos a posição
simplesmente de x.
Vamos deduzir, ainda, uma segunda expressão para νmx válida somente no caso de
aceleração constante. Assim, como teremos um gráfico νx×t representado por uma reta,
em que a velocidade estará variando com uma taxa constante, teremos, simplesmente,
que a velocidade média, em função de qualquer intervalo de tempo será a média
aritmética desde o instante inicial até o final. Logo, para o intervalo de 0 a t, temos:
Para finalizar, igualamos a equação νmx = x – x0/t com a obtida acima, obtendo:
Essa equação mostra que, se para um instante inicial t=0 a partícula está em uma
posição x0 e possui velocidade v0x, sua posição em qualquer instante t é dada pela soma
de três termos – a posição inicial x0, a distância voxt que ela percorreria no caso de a
velocidade permanecer constante, e uma distância (axt2 )/2 produzida pela variação da
velocidade.
Observe que a última expressão obtida é quadrática (do segundo grau). Logo, o
gráfico dessa expressão será uma parábola.
Além disso, perceba, que se derivarmos essa última expressão obtida, teremos como
resultado a primeira que obtemos, o que nos mostra que ambas as expressões são
coerentes com a hipótese de aceleração constante:
Em alguns casos, faz-se necessário utilizarmos uma equação que envolva a posição,
a velocidade e a (constante) aceleração, mas que desconsidere o tempo. Para obter essa
expressão, vamos explicitar t na equação:
Simplificando, obtemos:
Essa última expressão poderá ser utilizada quando ax for constante, porém um valor
desconhecido.
Veja um exemplo:
Resolvendo o item b, queremos encontrar o valor de x para vx=25 m/s, mas não
sabemos em que instante a motocicleta possui essa velocidade. Portanto, vamos usar a
expressão que não envolve t:
Outra maneira de resolver o item b seria utilizar a fórmula vx=v0x+axt para determinar
o valor de t e, em seguida, encontrar x pela expressão:
a) 20,5 m
b) 21,5 m
c) 22,5 m
d) 23,5 m
e) 24,5 m
Aristóteles (IV a.C) defendia a ideia de que corpos mais pesados caíam mais
rapidamente do que corpos mais leves, com velocidades proporcionais a seus
respectivos pesos. Porém, Galileu Galilei (1564-1642) demonstrou que um corpo cai
com aceleração constante independentemente do seu peso, desde que os efeitos
do ar possam ser menosprezados.
Na situação desse exemplo, temos uma pedra que está em queda livre e,
portanto, ela será modelada como uma partícula sob aceleração constante por
conta da gravidade.
Para responder ao item a, perceba que a velocidade inicial pode ser considerada
como positiva porque a pedra é lançada para cima. Depois, quando a pedra atinge
seu ponto mais alto, a velocidade muda de sinal, mas sua aceleração será sempre
para baixo.
Note, ainda, que no ponto mais alto a pedra chegará à velocidade igual a zero,
para depois mudar de sinal e começar a aumentar de maneira progressiva sua
velocidade durante a queda.
Assim, consideramos, nesse primeiro item, que a velocidade inicial é igual a 20,0
m/s por ter sido arremessada e a final é de 0 m/s (ponto mais alto – B). Logo, o
instante em que a pedra atingirá sua altura máxima será:
No item c, queremos saber a velocidade da pedra quando ela passa pela mesma
posição em que se encontra o ponto A, durante a descida. Vamos denominar esse
local, lado a lado à posição A, de D. Assim, temos:
Figura 1.15 – Exemplo de gráfico axt para um corpo cuja aceleração t não é constante
Onde ν1x e ν2x são as velocidades dos corpos nos tempos t1 e t2, respectivamente.
Veja o exemplo:
(TIPLER, 2000) Uma barca navega com a velocidade constante de ν0=8 m/s
durante 60 s. Depois, desliga os motores e fica navegando ao léu com velocidade
expressa por v=(ν0 t1² )/t², em que t1=60 s. Qual o deslocamento da barca de t=0 até
t→ ∞?
Resolução:
a) 1,15 s
b) 1,20 s
c) 1,30 s
d) 1,45 s
e) 1,50 s
a) 0,051 s
b) 0,053 s
c) 0,054 s
d) 0,057 s
e) 0,059 s
a) Em 5 s
b) Em 10 s
c) Em 15 s
d) Em 20 s
e) Em 25 s
a) 10 m/s
b) 20 m/s
c) 30 m/s
d) 40 m/s
e) 50 m/s
Referências
SERWAY, Raymond A.; JEWETT JR., John W. Princípios de Física. Tradução de Márcio
Maia Vilela. São Paulo: Cengage Learning, 2014.
TIPLER, Paul A. Física para cientistas e engenheiros. Tradução de Horácio Macedo.
Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos S. A., 2000.
YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Física I. Tradução de Sonia Midori Yamamoto.
12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2008.
FORÇA E MOVIMENTO
Objetivos de aprendizagem:
60 Força e Movimento
U2
Introdução à unidade
Introdução à unidade
A partir das abordagens realizadas na unidade anterior, você já deve ter percebido
que vivemos cercados de grandezas físicas, as quais podem ser consideradas
como vetoriais ou escalares.
Força e Movimento 61
U2
62 Força e Movimento
U2
Seção 2.1
Introdução à seção
Considerar partículas se movendo simplesmente ao longo de uma linha reta nos
impossibilita de responder questionamentos, tais como: ao chutar uma bola, o que
determina onde a bola irá parar? Ou, ao longo de uma curva, como seria possível
descrever o movimento do carrinho de uma montanha-russa?
Força e Movimento 63
U2
Como você pode perceber, as equações que utilizamos para o espaço e para
o plano serão os mesmos, diferenciando-se apenas pela última componente .
Nesse sentido, a partir de agora, nos referiremos apenas às equações no espaço,
destacando que deverá ficar subentendido que elas serão análogas para as
equações no plano, sendo necessário, nesse caso, simplesmente, desconsiderar a
componente .
A partir dessa ideia, podemos definir a velocidade média da mesma maneira que
definimos na unidade anterior para o movimento retilíneo, dividindo o deslocamento
pelo intervalo de tempo:
64 Força e Movimento
U2
Força e Movimento 65
U2
Quanto à direção da velocidade instantânea , essa pode ser obtida pelo cálculo
da tangente do ângulo a formado por duas das componentes.
Tendo em vista que o vetor velocidade instantânea, em geral, é mais útil que
o vetor velocidade média, a partir de agora, sempre que mencionarmos a palavra
“velocidade” estaremos nos referindo ao vetor velocidade instantânea ( ).
x=2,0m-(0,25m/s²)t²
Resolução:
66 Força e Movimento
U2
Força e Movimento 67
U2
Logo, a =128°.
68 Força e Movimento
U2
De acordo com a Figura 2.3, o carro acelera enquanto reduz ao fazer uma curva
(sua velocidade instantânea varia tanto em módulo quanto direção).
Força e Movimento 69
U2
Vale destacar que a aceleração média é uma grandeza vetorial que possui a
mesma direção e sentido do vetor Além disso, perceba que o componente
x da última equação apresentada (da ) é amx= (νbx – νax)/(tb – ta) = que
é exatamente a mesma equação que você estudou na unidade anterior para a
aceleração média no movimento unidimensional.
Na Figura 2.3, você pôde perceber que o vetor velocidade é tangente à trajetória
da partícula. Já o vetor aceleração instantânea de uma partícula em movimento
sempre aponta para o lado interno de qualquer volta que a partícula esteja fazendo,
conforme você pode observar na figura a seguir:
70 Força e Movimento
U2
Força e Movimento 71
U2
72 Força e Movimento
U2
Isso foi feito considerando o movimento no eixo 0x. Agora, para o movimento
no eixo 0y, temos:
Pela Figura 2.6, podemos notar que o componente x da aceleração é igual a zero,
portanto νx é constante. O componente y da aceleração é constante e não nulo,
de modo que νy varia em quantidades iguais durante intervalos de tempo iguais. No
ponto mais elevado da trajetória, νy=0.
Força e Movimento 73
U2
e considerando x0 = y0 = 0, obtemos:
74 Força e Movimento
U2
Resolução:
A partir de todas essas informações, vamos resolver cada um dos itens solicitados
no exercício:
Força e Movimento 75
U2
76 Força e Movimento
U2
a) 33,9 m/s
b) 34,1 m/s
c) 34,7 m/s
d) 35,2 m/s
e) 35,8 m/s
a) 4,5 m
b) 4,7 m
c) 4,9 m
d) 5,1 m
e) 5,3 m
Força e Movimento 77
U2
78 Força e Movimento
U2
Seção 2.2
Força e Movimento
Introdução à seção
Você já aprendeu, até o momento, como descrever o movimento em uma, duas e
três dimensões. Mas quais são as causas subjacentes de um movimento?
Nessa perspectiva, você conhecerá dois novos conceitos: força e massa, os quais
permitirão analisar os princípios da dinâmica. Esses princípios correspondem às três
leis de Newton para o movimento e são embasados em observações e experimentos
sobre como os objetos se movem e, por esse motivo, são leis fundamentais que não
precisam ser deduzidas ou demonstradas a partir de outros princípios.
Após estudar toda essa abordagem sobre os princípios dos movimentos, você
conhecerá algumas aplicações das leis de Newton em situações diversas de movimento
de objetos, inclusive em casos de movimento circular. Todas essas situações abrangem
o conceito de força, sobre a qual abordaremos, ainda, a sua natureza fundamental e
tipos existentes na natureza.
Força e Movimento 79
U2
Perceba, na Figura 2.7, que a força é uma grandeza vetorial, pois você pode
empurrar ou puxar um corpo em diferentes direções.
80 Força e Movimento
U2
é um tipo de força que atua mesmo quando corpos estão muito afastados entre si.
Imagine que você está jogando vôlei com seus amigos. Que força está agindo
sobre a bola? Acho que você vai concordar que existem, no mínimo, duas forças
agindo sobre essa bola: o empurrão que você dá com suas mãos e a força da
gravidade que “puxa” a bola para baixo. Numa situação como essa, em que
evidenciamos mais de uma força agindo sobre um mesmo corpo de maneira
simultânea, é possível comprovar, experimentalmente, que as duas forças atuantes
nesse caso, e , produzem um mesmo efeito que uma única força , dada pela
soma vetorial das duas forças: . Assim, de maneira geral, temos que o
efeito sobre o movimento de um corpo produzido por um número qualquer de
forças é o mesmo efeito produzido por uma força única igual à soma vetorial de
todas as forças (YOUNG; FREEDMAN, 2008). Isso que acabamos de generalizar
corresponde ao que chamamos de superposição de forças.
Força e Movimento 81
U2
dee Na observar
NaFigura
observar Figura no
no item
2.8,
2.8,
itemvocê
você(A)
(A)pode uma
uma observar
pode força
observar 𝐹𝐹 que noatua
no item
item (A) (A) uma uma força 𝐹𝐹 que atua
Na Figura 2.8, você pode observar no item (A) uma força que atua sobre o
. Os
ere Os vetores
oo corpo
corpo
vetores emem componentes
um
um ponto
ponto𝑂𝑂.
componentes 𝑂𝑂.de Os
de nas direções
Os𝐹𝐹vetores
vetores componentes
componentes de de 𝐹𝐹 nas direções
corpo em um ponto O. Os vetores componentes de nas direções Ox e Oy são,
𝐹𝐹 eesão,
e𝐹𝐹!𝑂𝑂𝑂𝑂
!𝑂𝑂𝑂𝑂 !!.. Quando
𝐹𝐹𝐹𝐹são, Quando aplicamos
respectivamente,
respectivamente,
respectivamente,aplicamos 𝐹𝐹𝐹𝐹!!! eee 𝐹𝐹𝐹𝐹!!!.. Quando Quando aplicamos
Quando aplicamos 𝐹𝐹 𝐹𝐹!! e 𝐹𝐹!! simultaneamente, que é o que
observamos na Figura 2.8, item (B), temos um efeito que é igual ao produzido pela
== 𝑅𝑅𝐹𝐹𝑅𝑅==força
𝐹𝐹 𝐹𝐹 +𝐹𝐹𝐹𝐹!!+
(𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕
𝐹𝐹(𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕
!!+ +𝐹𝐹𝐹𝐹!!++𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝
𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬
𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬
original .⋯Assim,
𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝
⋯ == 𝐹𝐹 (𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕
𝐟𝐟𝐟𝐟𝐟𝐟ç𝐚𝐚𝐚𝐚)
𝐹𝐹 (𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕 𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬
evidenciamos 𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬 𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝 𝐟𝐟𝐟𝐟𝐟𝐟ç𝐚𝐚𝐚𝐚)
𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝
que qualquer força pode ser substituída pelos
seus vetores componentes, sendo esses atuantes em um mesmo ponto (YOUNG;
FREEDMAN, 2008).
𝐹𝐹𝐹𝐹!! = 𝑅𝑅Na
𝑅𝑅𝑅𝑅Generalizando
!! = 𝐹𝐹!!==
𝑅𝑅!𝐹𝐹
!
Figura 𝐹𝐹!! 2.8, você𝑅𝑅𝑅𝑅pode
𝐹𝐹essas !! == observar𝐹𝐹𝐹𝐹!! no item (A) uma força 𝐹𝐹 que atua
abordagens sobre a superposição de forças, note que,
no sobre decorrer o corpo desseem um ponto
estudo sobre 𝑂𝑂. Os vetores
forças, será necessário componentes determinarde 𝐹𝐹 nas direções
o vetor soma
(resultante) Nade
e 𝑂𝑂𝑂𝑂 todas
Figura
são, as forças
2.8,
respectivamente, você que podeatuam e 𝐹𝐹!sobre
𝐹𝐹!observar . Quando no um corpo
item (A) (força resultante).
uma𝐹𝐹!forçae 𝐹𝐹! 𝐹𝐹 que Logo:
atua
à soma Ondedos
soma
Onde dos𝐹𝐹𝐹𝐹 𝑂𝑂𝑂𝑂
corresponde
!componentes
!componentes
corresponde àeesoma
𝑥𝑥𝑥𝑥
à soma 𝐹𝐹!! à dos
dossoma componentes
dos
componentes 𝑥𝑥𝑥𝑥 ee 𝐹𝐹!!aplicamos
à soma dos
mponentes sobre o corpo em componente
um positivo
ponto 𝑂𝑂. ou Os vetores(Vetor componentes de 𝐹𝐹 nas direções
da componente
a componente
ponentes 𝑦𝑦𝑦𝑦, , podendo
podendo
apresentar
apresentar cada
= 𝐹𝐹!sinal
𝑅𝑅cada componente
+ 𝐹𝐹! + apresentar
𝐹𝐹! + ⋯ apresentar
= 𝐹𝐹 sinal
(𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕 positivo
soma
𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬 𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝ou
das forças)
𝐟𝐟𝐟𝐟𝐟𝐟ç𝐚𝐚𝐚𝐚)
ativo.
ativo. 𝑂𝑂𝑂𝑂 e 𝑂𝑂𝑂𝑂 são, respectivamente, 𝐹𝐹! e 𝐹𝐹! . Quando aplicamos 𝐹𝐹! e 𝐹𝐹!
Tendo obtido
possível
possível
Tendo obtido𝑅𝑅𝑅𝑅!! ee𝑅𝑅
determinar
determinar , éé𝐹𝐹possível
oo𝑅𝑅𝑅𝑅!!módulo,
módulo,
,= possível determinar
𝐹𝐹!a +direção e o oo𝐹𝐹 módulo,
𝐹𝐹determinar
! +específica !+⋯=
módulo,
(𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕aa 𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬
direção
direção e𝐟𝐟𝐟𝐟𝐟𝐟ç𝐚𝐚𝐚𝐚)
𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝e o
o
De maneira mais 𝑅𝑅! =para𝐹𝐹!cada componente,
𝑅𝑅! = 𝐹𝐹podemos escrever a força
!
tido
𝐹𝐹
do𝐹𝐹dada
que
queforça
atuaresultante
sobre
resultante
atuaresultante
força um
como:
sobre um𝑅𝑅corpo: corpo:
𝑅𝑅 = 𝐹𝐹 que atua sobre
= 𝐹𝐹 que atua sobre um corpo: um corpo:
(Módulo𝑅𝑅𝑅𝑅 ! resultante)
(Módulo da==força
da 𝑅𝑅𝑅𝑅!!!Onde
força ++𝑅𝑅𝑅𝑅!!²² 𝐹𝐹! corresponde
resultante) (Módulo
(Módulo da força
𝑅𝑅! =da força resultante)
à𝐹𝐹!soma dos 𝑅𝑅componentes
resultante)! = 𝐹𝐹! 𝑥𝑥 e 𝐹𝐹! à soma dos
componentes 𝑦𝑦 , podendo cada componente apresentar sinal positivo ou
madoQuanto
mado
Quanto peloao
pelo ao eixo
eixo 𝑂𝑂𝑂𝑂Onde
negativo.
ângulo
ângulo
𝑂𝑂𝑂𝑂 ee𝜃𝜃,
𝜃𝜃,
𝑅𝑅, 𝐹𝐹! corresponde
formado
pode
𝑅𝑅, formado
pode pelo
serpelo
ser eixo
obtido
obtido
eixo à𝑂𝑂𝑂𝑂
soma
pela
𝑂𝑂𝑂𝑂
pela 𝑅𝑅,dos
ee 𝑅𝑅, componentes
pode
pode ser obtido
ser e 𝐹𝐹! à soma dos
obtido 𝑥𝑥pela
pela
𝑡𝑡𝑡𝑡𝜃𝜃𝜃𝜃==𝑅𝑅𝑅𝑅componentes Tendo obtido 𝑅𝑅! epositivos,
, componentes
podendo , é 𝑅𝑅possível
𝑅𝑅!cada determinar o módulo,
sinala positivo
direção e
ouo
sção
s componentes
ãocomponentes
𝑡𝑡𝑡𝑡82
!/𝑅𝑅
! ..!Força
/𝑅𝑅𝑅𝑅
!𝑅𝑅 Como
ee 𝑅𝑅
Como
! !
𝑅𝑅 𝑦𝑦
os
podem
! podem
!os
e Movimento
componentes
ser
ser 𝑅𝑅 !componente
positivos, ee 𝑅𝑅 podem
𝑅𝑅! podem
!
apresentar
ser positivos,
ser !
positivos,
ativos negativo.
sentido
ou localizado
pode ser nulos, da força
o ângulo
em resultante
𝜃𝜃 pode
qualquer ser
um localizado quequalquer
dos𝑅𝑅 = 𝐹𝐹em atua sobre
um um
doscorpo:
! !! !! !
𝑅𝑅 𝑅𝑅𝑅𝑅 =
=!!!𝐹𝐹
= + 𝐹𝐹!𝐹𝐹𝐹𝐹!!!+ 𝐹𝐹! + ⋯ = 𝑅𝑅𝑅𝑅!!! =
= 𝐹𝐹 𝐹𝐹𝐹𝐹!(𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕𝐕 𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬𝐬 𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝 𝐟𝐟𝐟𝐟𝐟𝐟ç𝐚𝐚𝐚𝐚)
! 𝑅𝑅
𝑅𝑅!! =
= 𝐹𝐹
𝐹𝐹!! 𝑅𝑅 =!! 𝐹𝐹
𝑅𝑅!! = 𝐹𝐹!!
𝑅𝑅! = 𝐹𝐹! 𝑅𝑅 = 𝑅𝑅! =
𝐹𝐹 𝐹𝐹! 𝑅𝑅 = 𝐹𝐹
! ! ! !
Força e Movimento 83
U2
Primeira lei de Newton: quando a força resultante sobre um corpo é nula, ele se
move com velocidade constante (que pode ser nula) e aceleração nula.
84 Força e Movimento
U2
Observe que a situação ilustrada na Figura 2.9 está de acordo com a primeira lei
de Newton: na figura, temos um livro apoiado sobre uma mesa cujas forças atuantes
são a força normal ( ), de baixo para cima, e a força gravitacional (força peso = ),
de cima para baixo. Ambas as forças são iguais em módulo, apresentando mesmas
direções e sentidos diferentes, o que nos leva à obtenção da força resultante igual a
zero. Assim, de acordo com a primeira lei de Newton, o livro que está em repouso
permanecerá em repouso.
Podemos concluir que, quando dizemos que a força resultante atuante sobre
um corpo é igual a zero, é a mesma coisa que dizer que não há nenhuma força
atuando sobre esse corpo. Assim, quando nenhuma força atua sobre um corpo
ou quando existem diversas forças com uma soma vetorial resultante igual a zero,
podemos afirmar que o corpo está em equilíbrio. Logo, dizemos que um corpo está
em equilíbrio quando ele está em repouso ou quando se encontra em movimento
constante, e representamos o equilíbrio de um corpo por:
Perceba que, para que isso ocorra, cada um dos componentes da força resultante
deve ser igual a zero:
Força e Movimento 85
U2
Suponha que você esteja empurrando um bloco de gelo por uma superfície
horizontal sem atrito. Ao exercer uma força horizontal sobre o bloco, ele se move
com uma aceleração . Experimentalmente, podemos mostrar que nesse tipo de
situação a força é diretamente proporcional à aceleração; logo, se dobrarmos a força
resultante sobre o corpo, a aceleração também duplica, assim como, se reduzirmos
a força resultante à terça parte, a aceleração também se reduz à terça parte.
Pela relação dada, temos que uma massa m1 produz uma mudança em seu
movimento quantificada por a e, do mesmo modo, uma massa m2 produz uma
mudança em seu movimento quantificada por a . Pela relação, evidenciamos a
razão inversa dos módulos das acelerações produzidas pela força.
86 Força e Movimento
U2
Assim, por exemplo, se uma força que age sobre um corpo de 5 kg produz uma
aceleração de 6 m/s, então a mesma força aplicada a um corpo de 10 kg produzirá
uma aceleração de 3 m/s (se dobro a massa, reduzo a aceleração pela metade –
inversamente proporcionais).
Atente-se para não confundir massa com peso! A massa de um corpo é a mesma
em qualquer lugar, porém o peso está relacionado ao módulo da força gravitacional
exercida sobre o corpo e, portanto, varia com a localização.
Considerando a característica de proporcionalidade entre a força resultante e a
aceleração, bem como que a aceleração é inversamente proporcional à sua massa,
podemos enunciar a segunda lei de Newton:
Onde:
= aceleração (m/s²)
m = massa (kg)
= força resultante (N) – soma vetorial de todas as forças agindo sobre o corpo
de massa m.
Força e Movimento 87
U2
A segunda lei de Newton é uma lei fundamental da natureza, pois, com a relação
apresentada, a qual traduz simbolicamente o enunciado dessa lei, apresenta a
relação básica entre força e movimento.
Resolução:
88 Força e Movimento
U2
Note, ainda, que o sinal negativo indica, mais uma vez, que o sentido da força é
para a esquerda.
Força e Movimento 89
U2
Por exemplo, ao chutar uma bola: quando você chuta, a bola se move devido
à força para a frente que seu pé exerceu sobre ela, porém, ao mesmo tempo, ao
chutá-la, você sente a força que ela exerce sobre seu pé. Essas forças são contrárias
no sentido, mas possuem mesma direção e mesmo valor em módulo. E é a partir
dessa ideia que podemos enunciar a terceira lei de Newton:
Terceira lei de Newton: “Quando um corpo A exerce uma força sobre um corpo
B (uma ‘ação’), então, o corpo B exerce uma força sobre o corpo A (uma ‘reação’).
Essas duas forças têm o mesmo módulo e a mesma direção, mas possuem
sentidos contrários. Essas duas forças atuam em corpos diferentes” (YOUNG;
FREEDMAN, 2008, p. 121).
90 Força e Movimento
U2
É importante destacar que o par de ação e reação são forças de contato. Nesse
sentido, a ação e a reação só ocorrem quando os dois corpos se tocam. Contudo, a
lei de Newton, em alguns casos, também ocorre para forças de longo alcance, não
havendo a necessidade de contato físico entre esses corpos. Um exemplo dessa
situação é a força de atração gravitacional que a Terra exerce sobre corpos.
Força e Movimento 91
U2
Além disso, você estudará aplicações das leis de Newton também em movimentos
circulares uniformes, bem como conhecerá as forças fundamentais da natureza.
3º passo: represente um corpo em equilíbrio por meio de uma partícula livre, não
incluindo outros corpos que estejam com ele interagindo.
92 Força e Movimento
U2
4º passo: identifique quais são os corpos que interagem com ele, seja pelo
contato ou de outra maneira. No desenho do corpo livre, desenhe o vetor força de
cada interação, especificando seu módulo, incluindo, quando tiver, a medida angular
da direção de uma força. Em geral, quando a massa não é desprezível, um corpo
possui a força peso e quando sobre a superfície há a ação de uma força normal e,
possivelmente, uma força de atrito. Quando o corpo é puxado por uma corda ou
corrente, podemos encontrar, por exemplo, a força de tensão.
Força e Movimento 93
U2
Até o momento, você estudou aplicações para a primeira lei de Newton, mais
especificamente com alguns casos que podem ser estendidos para a terceira lei de
Newton. Agora, você estudará algumas aplicações para a segunda lei de Newton,
trabalhando com problemas de dinâmica.
Nesse caso, vamos considerar as situações em que temos corpos sob a ação de
força resultante diferente de zero e que, portanto, não se encontram em equilíbrio.
Assim, temos:
(Forma vetorial)
94 Força e Movimento
U2
Porém, nos últimos vídeos que foram indicados no “Para saber mais”, você deve
ter percebido que, quando dois corpos interagem por contato (toque) direto entre
suas superfícies (força de contato), encontramos um tipo especial de força: a força
de atrito.
Destacaremos esse tipo de força por ela ser importante em muitos aspectos da
vida real e cotidiana. Por exemplo, ao dirigir um carro, se não existisse atrito entre as
rodas do carro e o solo, essa ação de dirigir não seria possível.
Suponha que você queira mover, ao longo de uma superfície, uma caixa pesada,
cheia de objetos. Você só conseguirá mover essa caixa se a força que aplicar nela
for superior a um determinado valor mínimo. Porém, se você retirar alguns objetos,
fazendo com que a caixa fique mais leve, a força que deverá aplicar sobre a caixa a
fim de movê-la poderá ser menor.
Força e Movimento 95
U2
assumimos que .
Na Figura 2.12, note que representamos a força normal por , em letra maiúscula.
Essa maneira de representação não está errada, mas, em nosso estudo, optamos
pela representação em letra minúscula para evitar possíveis confusões com a
unidade de medida de força N (Newton).
Podemos considerar que existem dois tipos de atrito. Quando um corpo está
deslizando sobre uma superfície, o tipo de atrito presente é o que chamamos de
força de atrito cinético . O módulo desse tipo de atrito, em geral, aumenta
proporcionalmente com a força normal. Isso explica a necessidade de aplicar uma
força maior no caso que supomos que empurramos uma caixa pesada, cheia de
objetos em seu interior. Nesse mesmo princípio, evidenciamos o funcionamento
dos freios de um carro: quanto mais as pastilhas do freio são pressionadas, maior
será o efeito da freada.
(em módulo)
onde é o coeficiente de atrito cinético, que não possui uma unidade específica,
e, quanto mais deslizante for uma superfície, menor é o valor desse coeficiente.
A força de atrito pode, ainda, atuar quando não existe movimento relativo. Um
exemplo é quando você tenta mover uma caixa pesada e não consegue porque o
solo exerce uma força igual, em módulo, a que você está aplicando sobre a caixa,
porém em sentido contrário. Essa força é a que denominamos de força de atrito
estático .
96 Força e Movimento
U2
(em módulo)
Você já ouviu aquele som horrível feito pelo giz quando ele é colocado
em uma posição errada ao escrevermos sobre o quadro-negro? Esse
som ocorre porque, nessa situação, a superfície adere (atrito estático) e
desliza (atrito cinético) ao mesmo tempo.
Força e Movimento 97
U2
Nessa situação, o vetor de aceleração com esse módulo está direcionado para o
centro do círculo, sendo sempre perpendicular a .
Conforme vimos na segunda lei de Newton, para que haja aceleração é preciso
a ação de uma força resultante. Nesse sentido, em um movimento circular, existe
uma força que age sobre uma partícula nessa trajetória e tal ação ocorre para dentro
da partícula, o que provoca esse movimento em trajetória circular. Mas que forças,
exatamente, causam esse tipo de aceleração?
98 Força e Movimento
U2
Qualquer que seja a força que age sobre um corpo, colocando esse em uma
trajetória circular, podemos aplicar a esse corpo a segunda lei de Newton ao longo
da direção radial:
De acordo com a equação dada, note que tanto uma única força quanto um
somatório de forças (força resultante) podem provocar um movimento em trajetória
circular. E, quando essa força é inexistente (igual a zero), temos que o movimento
em trajetória circular não ocorre, fazendo com que o corpo descreva uma trajetória
em linha reta, de maneira a tangenciar a circunferência, tal como você pôde observar
na Figura 2.13, no momento em que o barbante arrebenta.
Força e Movimento 99
U2
Temos quatro forças fundamentais que assim são consideradas por estarem
presentes em diversas situações da natureza. A partir de agora, vamos discutir sobre
cada uma delas.
Figura 2.14 – Duas cargas pontuais separadas por uma distância r exercendo força
eletrostática entre si
Perceba que, nesse caso, não estamos considerando a distância entre duas
partículas porque uma força forte ocorre a uma distância muito curta entre essas
duas partículas.
a) 0,35 kg e 5 N
b) 0,40 kg e 8 N
c) 0,45 kg e 5 N
d) 0,40 kg e 8 N
e) 0,53 kg e 5 N
a) 0,177
b) 0,188
c) 0,199
d) 0,211
e) 0,222
Bons estudos!
a) =(20t+2t2 ) -15t
b) =(20t+2t2 ) +15t
c) =(15t+t2 ) -20t
d) =(15t+t2 ) +20t
e) =(20t+t2 ) -10t
a) 30 m/s² e 30°
b) 32 m/s² e 30°
c) 34 m/s² e 31°
d) 36 m/s² e 31°
e) 38 m/s² e 33°
a) 6,90 m/s²
b) -6,90 m/s²
c) 7,20 m/s²
d) -7,20 m/s²
e) -8,10 m/s²
a) 9110 N
b) 9230 N
c) 9310 N
d) 9390 N
e) 9440 N
a) 0,46 e 0,40
b) 0,40 e 0,46
c) 0,52 e 0,38
d) 0,38 e 0,52
e) 0,52 e 0,40
Referências
SERWAY, Raymond A.; JEWETT JR., John W. Princípios de Física. Tradução de Márcio
Maia Vilela. São Paulo: Cengage Learning, 2014.
TIPLER, Paul A. Física para cientistas e engenheiros. Tradução de Horácio Macedo.
Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos S. A., 2000.
YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Física I. Tradução de Sonia Midori Yamamoto.
12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2008.
TRABALHO, ENERGIA,
SISTEMAS DE PARTÍCULAS E
COLISÕES
Objetivos de aprendizagem:
Nesta unidade, vamos continuar nosso estudo dentro da mecânica. Nosso
objeto de estudo em um primeiro momento será o trabalho e suas relações com
a energia cinética, que está presente nos corpos em movimento. Depois, vamos
direcionar nossos estudos às partículas; estudaremos seus comportamentos e
também as colisões.
Você está pronto? Então, vamos lá!
Introdução à unidade
A partir de agora, vamos começar nossos estudos sobre trabalho, energia, sistemas
de partículas e colisões. Esses assuntos fazem também parte da mecânica física e
têm como objetivos explorar diversos conceitos ligados a essa área de estudo.
Seção 3.1
Trabalho e Energia Cinética
Introdução à seção
3.1.1 Trabalho
Ao aumentarmos a velocidade de um objeto aplicando uma força, a energia
cinética do objeto aumenta. Da mesma forma que, quando diminuímos a velocidade
do objeto por meio de uma força aplicada, a energia cinética do objeto diminui. Essas
variações da energia cinética são decorrentes da energia transferida pela força aplicada
ao objeto ou do objeto. Todas as vezes em que energia é transferida através de forças,
dizemos que um trabalho (W) é realizado pela força sobre o objeto. Assim, podemos
definir trabalho como:
W=F.d.cosθ
Quando θ = 0, a força está atuando na mesma direção e sentido do deslocamento,
então cos θ = 1.
Figura 3.1 – Uma força constante (F), que faz um ângulo θ com o deslocamento (d) de um
carrinho, acelera o carrinho, alterando sua velocidade
Nos exemplos utilizados acima, o trabalho era sempre positivo, mas é importante
compreender que o trabalho também pode ser negativo ou nulo. Essa observação
mostra a diferença entre o conceito cotidiano e o conceito físico de trabalho. Quando
a força aplicada apresenta uma mesma direção e um mesmo sentido ao deslocamento
(θ ente 0° e 90°), o trabalho é positivo (Figura 3.2A). Quando a força possui uma
Existem diversas situações em que uma força não realiza trabalho. Uma halterofilista,
ao segurar uma barra parada no ar, não está realizando trabalho algum. Você pode
imaginar que existe um trabalho duro para manter a barra no ar, porém ele não está
realizando trabalho nenhum, pois não há deslocamento da barra.
Quando duas ou mais forças atuam sobre um objeto, o trabalho total realizado é
a soma dos trabalhos realizados separadamente por cada uma das forças. O trabalho
total pode ser calculado de duas formas:
Figura 3.3 – Cálculo do trabalho para uma força variável para uma partícula que se move
na direção x, de x1 para x2
Essa equação nos mostra a força necessária para esticar a mola, em que k é uma
constante denominada constante da força ou constante da mola. As unidades de k
são a força dividida pela distância: N/m em unidades SI.
Lei de Hooke: acesse o link abaixo e veja mais sobre as molas e a lei de
Hooke. Disponível em: <https://pt.khanacademy.org/science/physics/
work-and-energy/hookes-law>. Acesso em: 9 dez. 2015
Para esticar qualquer mola, devemos realizar trabalho, aplicando forças iguais em
extremidades opostas da mola e gradualmente aumentando as forças. Se mantivermos
uma extremidade da mola fixa, em repouso, de modo que a força que atua nessa
extremidade não realiza trabalho e a outra extremidade livre onde a força que atua
nessa extremidade realiza trabalho, a mola alonga na direção da força. A Figura 3.4
mostra um gráfico da força Fx em função de x, o alongamento da mola.
Essa equação diz que o trabalho é a força média kX/2 multiplicada pelo
deslocamento total X. Podemos ver que o trabalho total é proporcional ao
quadrado do alongamento total X. Com isso, podemos inferir que, para esticar em
2 cm uma mola ideal, devemos aplicar um trabalho quatro vezes maior do que o
necessário para esticá-la em 1 cm.
com sua variação de posição no espaço. O trabalho total também é relacionado com
a velocidade do corpo.
Tomando como exemplo um bloco que desliza em uma superfície sem atrito
(Figura 3.5), observando a Figura 3.5A, vemos que, quando empurramos o bloco da
esquerda para a direita, sua força resultante também será da esquerda para a direita.
Na Figura 3.5B, a força resultante está direcionada para a esquerda. Na Figura 3.5C, a
força resultante é igual a zero.
O trabalho realizado por uma força resultante sobre uma partícula fornece variação
de energia cinética da partícula. Tomando como base a equação:
Essa relação nos diz que a energia cinética final de um corpo é igual à sua energia
cinética mais a alteração na energia por causa do trabalho resultante realizado sobre
ele. Essa relação também é conhecida como teorema do trabalho-energia cinética.
Serway e Jewett (2014) afirmam que “Quando um trabalho é realizado sobre um
sistema e a única mudança nele acontece em sua velocidade escalar, o trabalho
resultante realizado sobre o sistema é igual à mudança da energia cinética do sistema”.
Acesse o link para saber mais sobre a história de James Prescott Joule e
suas contribuições para o universo científico.
Disponível em: <http://www.ahistoria.com.br/biografia-james-prescott-
joule/>. Acesso em: 19 out. 2015.
3.1.1.5 Potência
A taxa de variação com o tempo do trabalho realizado por uma força recebe o
nome de potência. Quando você vai a uma academia e levanta verticalmente um
haltere pesando 100N do chão até uma altura de 1 metro com velocidade constante,
você realiza um trabalho de (100N)(1,0m) = 100J. Se você levar um minuto ou um
segundo para realizado, o valor do trabalho realizado é o mesmo.
A unidade intitulada watt é comum em nosso dia a dia. Quando vemos nossa
conta de luz, observamos que ela é medida em quilowatt (103W) ou quando vamos
ao mercado comprar uma lâmpada, podemos escolher entre uma de 60W ou 100 W.
Uma lâmpada de 100 W converte 100 J de energia em luz e calor a cada 1 segundo. O
quilowatt-hora da conta de luz é a unidade comercial e corresponde ao trabalho total
realizado em 1 hora quando a potência é de 1 quilowatt.
Suponha uma pessoa jogando um tomate para o alto (Figura 3.7). Enquanto o
tomate está subindo, o trabalho que é realizado pela força gravitacional (Wg) sobre
o tomate é negativo, pois essa força extrai energia da energia cinética do tomate.
Podemos dizer que essa energia é transferida pela força gravitacional do tomate para
a energia gravitacional do sistema tomate-Terra.
Figura 3.5 – Relação entre trabalho e velocidade de um bloco
O tomate perde velocidade até parar e começar a cair de volta por causa da força
gravitacional. Durante a queda, a transferência de energia se inverte e o trabalho Wg
realizado sobre o tomate pela força gravitacional agora é positivo e a força gravitacional
transfere energia da energia potencial gravitacional do sistema tomate-terra para a
energia cinética do tomate.
O exemplo que discutimos até aqui nos permite tirar algumas conclusões:
2. Uma força está atuando entre um objeto do sistema que se comporta como
uma partícula (tomate) e o resto do sistema.
Quando uma força não obedece à relação W1 = – W2, é chamada de força não
conservativa. A força de atrito é um exemplo de força não conservativa.
Nas próximas seções, vamos discutir o que acontece com a energia mecânica
quando as transferências dentro de um sistema são produzidas somente por forças
conservativas.
∆Emec=∆K + ∆U=0
Todo corpo em queda livre está sujeito à mesma aceleração de direção horizontal
e sentido para baixo. Essa aceleração é a aceleração gravitacional (g) e possui um valor
de aproximadamente 9,8 m/s². A força resultante desse movimento é a força peso
(P=m.g) e o trabalho dessa força é igual à energia potencial gravitacional. Dessa forma,
se pensarmos na pessoa que está na plataforma de salto, como vimos anteriormente,
assim que ela sai da plataforma, a força peso realiza trabalho e a energia potencial
gravitacional se transforma em energia cinética. Para encontrar uma equação para a
energia potencial, podemos utilizar a equação para calcular o trabalho:
W = Fd
Como a força nesse caso é a força peso e o deslocamento é equivalente à altura
que o corpo ocupa, temos:
Epg = m.g.h
Onde:
Consideremos agora uma mola com um bloco preso em uma das suas
extremidades, em um sistema massa-mola. Esse bloco desloca em uma extremidade
e a mola tem constante elástica igual a k. Enquanto o bloco se desloca de um ponto xi
para o ponto xf, a força elástica Fx = – kx realiza trabalho sobre o bloco.
Figura 3.7 – Movimento de uma partícula sob a ação de uma força conservativa
Tomando como exemplo a Figura 3.7, se considerarmos que uma força conservativa
atua na partícula ao longo desse percurso fechado, indo de A para B pelo caminho 1 e
voltando de B para A pelo caminho 2, temos que:
Como vimos, ir e voltar pelo mesmo caminho será apenas uma questão de sinal,
como:
Sempre que analisarmos o trabalho realizado por uma força conservativa, vamos
encontrar possui quatro características:
1. Pode ser medido pela diferença entre o valor inicial e do valor final.
2. É reversível.
Contudo, nem todas as forças que atuam sobre um corpo são conservativas. A
força de atrito, por exemplo, que atua sobre uma caixa que desliza em uma rampa,
quando esse desliza para cima e a seguir para baixo, retornando ao ponto inicial, faz
com que o trabalho total seja diferente de zero.
Acesse o link abaixo para saber mais sobre as forças não conservativas.
Disponível em: <http://www.mspc.eng.br/mecn/din_140.shtml>.
Acesso em: 19 out. 2015.
Quando mais de uma força age sobre um sistema, o trabalho total dessas forças é
igual à energia transferida ou retirada do sistema. Se o sistema contém uma partícula
ou único objeto que se comporta como uma partícula, o trabalho realizado por uma
força sobre o sistema pode mudar apenas a energia cinética do sistema. Essa mudança
é governada pelo teorema do trabalho e energia cinética, visto anteriormente. Forças
externas podem apenas transferir energia para o sistema ou retirar energia do sistema.
Durante o movimento, o piso e
Vamos observar o exemplo da Figura 3.9. O bloco é puxado por uma força horizontal
ao longo de um eixo x, no entanto uma força de atritoconstante cinético 𝑓𝑓! sobre o bloco.
se opõe ao Como as f
movimento, levando o bloco de uma velocidade para no final do deslocamento
𝑎𝑎 também é constante.
d. O trabalho positivo W é realizado pela força sobre o sistema bloco-piso e isso
produz uma variação da energia mecânica do bloco e também uma variação ∆Et da
energia térmica do bloco e do piso.
Em uma situação mais geral, na qual o bloco se desloca por uma rampa, por
exemplo, pode haver uma variação da energia potencial. Para levar em conta essa
possível variação, generalizamos a equação anterior. Assim, temos:
Essa equação é a definição do trabalho realizado por uma força externa sobre um
sistema no qual existe atrito.
Seção 3.2
Sistema de Partículas e Colisões
Introdução à seção
Considerando um conjunto de N partículas de massas m1, m2, m3, ..., mn, que se
encontram dispostas em posições como no gráfico a seguir (Figura 3.12).
Figura 3.12 – Sistema de pontos materiais de massas m1, m2, ..., mi, ..., mn e de coordenadas
cartesianas (x1, y1, z1), (x2, y2, z2), ..., (xi, yi, zi), ..., (xn, yn, zn), que definem as posições
desses pontos
Quando jogamos sinuca, objetivo de toda jogada é acertar a bola escolhida, que
está em repouso, com a bola branca; e assim as duas bolas continuam o movimento.
Esperamos sempre que, ao ser atingida, a bola em repouso entre em movimento e
se mova na direção escolhida. Quando uma bola é atingida, seja pelo taco ou por
outra bola em seu centro de massa, ela continua a se mover para frente sem que o
movimento seja alterado pela colisão, mas o que se move para a frente não é a bola e
sim o seu centro de massa.
Se você observar esse ponto, poderá ver que não importa se o choque é frontal
ou de raspão; o centro de massa continua sempre a se mover na direção seguida
originalmente pela bola branca, como se não tivesse havido uma colisão.
Dessa maneira, afirmamos que a força resultante aplicada em uma partícula faz
variar o momento linear da partícula. Podemos dizer que o momento linear de uma
partícula só varia se a partícula estiver sujeita a uma força.
Suponha que a força resultante externa que age sobre um sistema de partículas
é nula, e que nenhuma partícula entra ou sai do sistema (portanto, ele é fechado).
Assim, temos que é igual a zero, portanto podemos dizer que o momento linear
não varia.
𝑃𝑃! = 𝑃𝑃!
Essa equação significa que, em um sistema fechado e isolado, o momento linear
total em um instante inicial é igual ao momento linear total em um instante posterior.
Acesse o link abaixo para ver uma explicação e uma aplicação dos
conceitos de momento linear e conservação do momento linear.
Disponível em: <http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=5570>.
Acesso em: 19 out. 2015.
𝑃𝑃! = 𝑃𝑃!
3.2.5 Colisão e impulso
ação de uma força 𝐹𝐹 (t) que varia durante a colisão e muda o momento
O momento 𝑝𝑝 da
de bola. A que se comporta como uma partícula permanece
um corpo
constante a menos que uma força externa atue sobre o corpo. Para mudar o
𝑑𝑑𝑝𝑝 =Também
momento do corpo, podemos, por exemplo, empurrá-lo. 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑podemos mudar
o momento de um corpo fazendo colidir com algo, como, por exemplo, uma bola
que colide contra um taco de beisebol. Em uma colisão, a força exercida sobre o
corpo é de curta direção, tem módulo elevado e provoca
!! uma!! mudança na direção
de maneira brusca.
𝑑𝑑𝑝𝑝 = 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
Em um primeiro momento, vamos falar de um!!tipo de colisão
!! que acontece com
certa frequência no mundo real, a colisão simples, em que um corpo se comporta
O lado
como uma partícula esquerdo
e colide contra da equação
outro nos se
objeto que mostra a variação
comporta tambémdo momento: 𝑝𝑝
como
uma partícula.
∆𝑝𝑝. O lado direito representa a medida da intensidade e da duração d
Vamos pensar novamente na bola que
representada pelo símbolo
𝑃𝑃! = 𝑃𝑃!𝐽𝐽.contra um taco de beisebol. A colisão
colide
entre essas partes dura pouco tempo,𝑃𝑃no=
! 𝑃𝑃! a força que age sobre a bola ação
entanto sofre de uma
ação
a açãode deuma
uma força que varia
força 𝐹𝐹 (t) que variadurante
durante a colisão
a colisão e muda
e muda o momento
o momento 𝑝𝑝 da
linearlinearda bola. A
𝑝𝑝 da
bola. bola.
A A
variação está ∆𝑝𝑝
relacionada= 𝐽𝐽
à força através da segunda lei de
ação de uma força 𝐹𝐹 (t) que varia durante a colisão e muda o momento linear Newton. Assim, no
𝑝𝑝intervalo
da bola.deAtempo dt, a variação do momento linear da bola é dada por:
𝑑𝑑𝑝𝑝 = 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑 !!
𝐽𝐽!"# = 𝐹𝐹!"# !"# 𝑑𝑑𝑑𝑑 = ∆𝑃𝑃!"!
𝑑𝑑𝑝𝑝 = 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑 !!
!! !!
Por definição,
𝑑𝑑𝑝𝑝 =a média de uma força 𝐹𝐹 no intervalo de Δt = tf –ti
𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
!! !!
por: !! !!
𝑑𝑑𝑝𝑝 = 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões 141
!! !! O lado esque
(t)
𝑝𝑝 da bola. A 𝑃𝑃! =𝑃𝑃𝑃𝑃
! != 𝑃𝑃! ação de uma força 𝐹𝐹 (t
𝑃𝑃! A= 𝑃𝑃!
𝑝𝑝 da bola.
ação de uma
ação força
de uma 𝐹𝐹 (t) que
força variavaria
𝐹𝐹 (t) que durante a colisão
durante e muda
a colisão o momento
e muda linear linear
o momento 𝑑𝑑𝑝𝑝 = 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
𝑝𝑝 da bola. A
U3 𝑝𝑝 da bola. A 𝑑𝑑𝑝𝑝 𝑃𝑃=! =𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
ação de
𝑃𝑃!
uma força 𝐹𝐹 (t) que varia durante a colisão
𝑝𝑝 da bola. A
𝑃𝑃! =
𝑑𝑑𝑝𝑝
Para determinarmos a variação = 𝑃𝑃
𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
𝑑𝑑𝑝𝑝 !=
total do𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
momento da bola provocada pela colisão 𝑑𝑑𝑝𝑝 = 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
ação de uma força 𝐹𝐹 (t) que varia 𝑃𝑃 = durante
𝑃𝑃 a colisão e muda o momento linear
integrando
da bola. A ambos os membros ! da equação
! anterior, em um instante ti !
imediatamente
! !!
ação𝑝𝑝 de
uma força 𝐹𝐹 (t) que varia durante a colisão e muda o momento linear
e muda o momento linear𝑑𝑑𝑝𝑝 = 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
antes da colisão até um instante!!ti imediatamente
!! após a colisão:
da bola.
𝑝𝑝 ação A força 𝐹𝐹 (t) que varia durante
de uma !! a colisão
!! !! !
𝑝𝑝 da bola. A 𝑑𝑑𝑝𝑝
!
𝑑𝑑𝑝𝑝𝑑𝑑𝑝𝑝
! = !
= = 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑! 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑 !! !!𝑑𝑑𝑝𝑝 =
!
𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
!! ! ! 𝑑𝑑𝑝𝑝!! = !! 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑
𝑑𝑑𝑝𝑝 =! 𝐹𝐹(𝑡𝑡)𝑑𝑑𝑑𝑑!
!! !!
O lado
O lado esquerdo
∆𝑝𝑝
esquerdo da equação
= 𝐽𝐽da equação nos mostra
nos mostra a variação a variação do momento:
do momento: 𝑝𝑝! − 𝑝𝑝! = 𝑝𝑝! − 𝑝𝑝! !=
O lado esquerdo da equação nos mostra a variação do momento: 𝑝𝑝! −
!
𝑝𝑝! =
∆𝑝𝑝 = 𝐽𝐽 𝐽𝐽!"# = 𝐹𝐹!"# !"# 𝑑𝑑𝑑𝑑 = ∆𝑃𝑃
∆𝑝𝑝. ∆𝑝𝑝.
O lado
∆𝑝𝑝. O∆𝑝𝑝
O lado direito
direito
lado=direito
representa
representa a medida
𝐽𝐽 representa𝐽𝐽 a medida ∆𝑝𝑝
a! medida
da = da 𝐽𝐽intensidade
intensidade e da e da da
duração
! da intensidade e da duração da força
duração
força da força !!
∆𝑝𝑝 = 𝐽𝐽
!!
𝐽𝐽!"# = 𝐹𝐹!"# !"# 𝑑𝑑𝑑𝑑 = ∆𝑃𝑃!"!
!! 𝑃𝑃! = 𝑃𝑃!
ação de uma força 𝐹𝐹 (t) que varia durante a colisão e muda o momento linear
𝑝𝑝 dadebola.
Fonte: Adaptado A Resnick; Walker (2014. p. 219).
Halliday;
qualquer vigorosa interação entre dois corpos com uma duração de um intervalo de
tempo. Portanto, não incluiremos apenas acidentes de automóveis, mas também
bolas que se chocam em uma partida de bilhar, nêutrons que se chocam no núcleo
de um átomo, uma espaço nave que se choca contra a superfície de um planeta etc.
Quando as forças entre os corpos forem muito maiores do que as forças
externas, como geralmente ocorre na maior parte das colisões, podemos desprezar
completamente as forças externas e considerar os corpos como um sistema isolado.
Então, existe conservação do momento linear na colisão, e o momento linear total do
sistema é o mesmo antes e depois da colisão.
Quando as forças entre os corpos também forem conservativas, de modo que
nenhuma energia mecânica é adquirida ou perdida durante a colisão, a energia
cinética total do sistema é a mesma antes e depois da colisão. Esse tipo de colisão é
chamado de colisão elástica. Uma colisão entre duas bolas de bilhar é um exemplo
concreto de colisão elástica.
Uma colisão em que a energia cinética total do sistema depois da colisão é menor
que do que antes da colisão é chamada de colisão inelástica. Um projétil de arma
de fogo que se encrava em um bloco de madeira é um bom exemplo de colisão
inelástica. Quando dois corpos permanecem unidos completamente após a colisão e
se movem juntos como um único corpo depois da colisão, damos o nome de colisão
completamente inelástica.
A Figura 3.14 traz uma representação dos tipos de colisões e suas relações com a
energia cinética.
! (!")! !!
𝐾𝐾 = 𝑚𝑚𝑚𝑚 ! = , como p = mv, 𝐾𝐾 =
! !! !!
Isso pode ser aplicado a uma colisão perfeitamente inelástica, em que um corpo
está inicialmente em repouso. A quantidade de movimento do sistema é a do corpo
projétil:
Por essa colisão ser elástica, a energia cinética é a mesma, antes e depois da
colisão. Logo:
Essas duas equações são suficientes para determinar as velocidades finais dos dois
corpos, se conhecemos as velocidades iniciais e as massas.
Quando uma colisão não é frontal, a direção do movimento dos corpos é diferente
antes e depois da colisão, entretanto, se o sistema é fechado e isolado, o momento
linear total continua a ser conservado nessas colisões bidimensionais:
Se a colisão também é elástica (um caso espacial), a energia cinética total também
é conservada:
E a componente do eixo y é:
a) 300
b) 150√3
c) 150
d) 125
e) 100
Referências
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física. 9. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2014. v. 1.
NUSSENZVEIG, H. M. Curso de física básica: mecânica. 5. ed. São Paulo: Edgar
Blücher, 2013. v. 1.
SERWAY, R. A.; JEWETT JR., J. W. Princípios de física. São Paulo: Cengage Learning,
2014. v. 1.
TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006. v. 1.
YOUNG, H.; FREEDMAN, R. A. Física I. 12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2008. v. 1.
TERMOMETRIA E
CALORIMETRIA
Objetivos de aprendizagem:
Nesta unidade, vamos ter como objeto central de nosso estudo a energia
térmica. Ao longo das seções, nosso objetivo será explorar diversos assuntos
que estão diretamente ligados à energia, suas formas de transmissão e
características. Vamos explorar os conceitos de temperatura e calor, que,
embora muitas vezes sejam utilizados como sinônimos em nosso cotidiano,
do ponto de vista físico constituem grandezas diferentes.
Você está pronto? Então, vamos lá!
Introdução à unidade
Bons estudos!
Seção 4.1
Termometria
Introdução à seção
Tanto em um dia típico de verão quanto em um dia frio de inverno, o corpo
precisa manter sua temperatura aproximadamente constante. Nosso corpo possui
mecanismos de controle de temperatura eficientes, no entanto algumas vezes precisa
de ajuda. Em dias quentes, procuramos usar roupas leves para melhorar a troca de
calor entre nosso corpo e o ar que nos circunda. Nesses dias, é comum bebermos
alguma coisa gelada e talvez ligar o ar condicionado ou o ventilador da sala. Já em
dias frios, nós usamos mais roupas e procuramos lugares quentes. Quando saímos
de casa, procuramos nos manter aquecidos, bebendo um líquido quente e utilizando,
muitas vezes, um aquecedor.
4.1.1 Temperatura
O conceito de temperatura se originou nas ideias qualitativas de “quente” e “frio”,
que estão baseadas nas sensações identificadas por um de nossos sentidos, o tato.
Um corpo que aparenta estar quente normalmente se encontra em uma temperatura
mais elevada do que um corpo análogo que aparenta estar frio. No entanto, esse
conceito é extremamente vago, pois a sensibilidade à temperatura pode variar entre as
pessoas, portanto essa não é uma boa referência. Muitas propriedades da matéria que
podemos medir estão ligadas à temperatura. O comprimento de uma barra metálica,
a pressão do interior de um cilindro, a intensidade da corrente elétrica transportada
por um fio, a cor de um objeto incandescente, todas essas grandezas dependem da
temperatura.
A temperatura também está relacionada à energia cinética das moléculas que
compõem um corpo. As moléculas que constituem a matéria estão em constante
movimento, denominado agitação térmica. Toda a energia cinética associada ao
movimento das moléculas recebe o nome de energia térmica.
Quanto maior a agitação das partículas que constituem um corpo, maior é a sua
energia térmica, portanto “mais quente” ele está e maior é a sua temperatura. Quanto
menor for a agitação de suas partículas, “menos quente” ele está e menor é a sua
temperatura.
Por exemplo, se dissemos que um corpo A está a 70°C, temos uma única
informação que permite uma avaliação detalha de seu estado térmico. Se dizermos
que um corpo A está a 70°C e um outro corpo B está a 30°C, temos que o corpo
A está mais quente que o corpo B, portanto o nível de agitação das partículas que
constituem A é maior que o das partículas de B.
Para compreendermos melhor essa ideia, vamos observar a Figura 4.1. Vamos
imaginar que as partículas estão unidas hipoteticamente por molas.
Todo corpo em estado sólido caracteriza-se por ter seus átomos ou moléculas em
constante movimento de vibração em torno de uma posição de equilíbrio, mantida
por essas forças de atuam entre as partículas. Quando a matéria se encontra no estado
líquido ou gasoso, esse modelo se modifica.
Todas as forças que atuam sobre a interação dos átomos e moléculas são
manifestações complexas das interações eletromagnéticas, cujos detalhes são
estudados por uma área da física chamada de mecânica quântica. Em nosso estudo,
vamos apenas considerar apenas as forças moleculares de forma qualitativa e
simplificada.
Como dito anteriormente, as forças de atração e repulsão dependem da
distância entre os átomos. Se observarmos o gráfico (Figura 4.2), vamos notar que
o comportamento dessas forças entre dois átomos está ligado à distância (r) que os
separa.
Figura 4.2 – Comportamento da força entre dois átomos em função da distância que os
separa
Para distâncias abaixo de um certo valor r0, a força existente é de repulsão e, para
distâncias acima de r0, a força é de atração. Quando o valor de r é muito grande, a
intensidade da força entre os átomos tende a zero.
Quando a distância entre os átomos é r0, a força entre eles tem intensidade nula.
Essa distância recebe o nome de distância de equilíbrio dos átomos e varia de acordo
com o composto. Por exemplo, para o cloreto de sódio (NaCl) é da ordem de 10–10 m.
Acesse o link abaixo, onde você pode, por meio de uma simulação,
analisar as diferenças entre os estados físicos da matéria.
Disponível em: <http://www2.biglobe.ne.jp/~norimari/science/JavaApp/
Mole/e-Mole.html>. Acesso em: 4 out. 2015.
Sendo assim, uma grandeza x conveniente que define uma propriedade do corpo
(como comprimento, por exemplo), a cada valor de x, corresponde a um valor θ de
temperatura. A grandeza x é chamada de grandeza termométrica. A correspondência
entre os valores da grandeza e da temperatura dá origem a uma função termométrica.
Ao corpo em observação dá-se o nome de termômetro. Observando a Figura 4.3,
cada valor de L equivale a um valor de temperatura θ, portanto, após graduada, a barra
pode ser usada como termômetro.
Por volta de 1595, Galileu Galilei construiu seu primeiro termoscópio, muito
parecido com o de Heron, no qual a medida da temperatura era obtida pela variação
de uma coluna de água num tubo de vidro, resultante da variação do volume de ar
contido num bulbo, também de vidro, que ficava na parte superior da coluna de água.
Veja a Figura 4.4.
A maioria dos termômetros construídos durante o século XVII tinha escalas de oito a
dez divisões, estabelecidas arbitrariamente. O valor mais baixo podia ser a temperatura
do dia mais frio do inverno de determinado lugar e o mais quente costumava ser a
temperatura do corpo humano. No século XVIII, começou a prevalecer a ideia de que
se deveriam adotar dois pontos fixos nas escalas, baseados nas mudanças de estado
físico da água pura ou misturada a algum sal. Havia também a preocupação de alguns
fabricantes em evitar escalas negativas, devido a superstições da época. Assim, o físico
dinamarquês Ole Römer, em 1708, propôs uma escala para um termômetro a álcool,
estabelecendo 60 graus para a água em ebulição e zero para uma mistura de água
com sal, provavelmente cloreto de amônia, resultando em 8 graus a temperatura de
fusão do gelo. Além da possível utilização científica, essa escala teria a vantagem de
nunca marcar temperaturas negativas em Copenhague.
Com base no trabalho feito por Römer, o físico Daniel Gabriel Fahrenheit (1686-
1736), especialista em trabalhos com vidro e na construção de equipamentos
meteorológicos, aperfeiçoou os termômetros a álcool da época e, em 1714, construiu
o primeiro termômetro de mercúrio que funcionou com precisão. Há muitas
explicações para os valores escolhidos em sua escala, utilizada até hoje por países de
colonização inglesa como os Estados Unidos e Belize. Discutiremos mais sobre sua
escala nos próximos tópicos.
O padrão atual adotado pelo SI, desde 1954, é o ponto tríplice da água, ao qual se
atribui a temperatura de 273,16 kelvin.
Esse padrão termométrico é a base para as duas escalas mais utilizadas no mundo e
adotadas pelo SI: a escala Kelvin, denominada escala termodinâmica de temperaturas,
em que a temperatura é mediada em kelvin, cujo símbolo é K, e a escala Celsius,
derivada da escala Kelvin, em que a temperatura é medida em graus Celsius, cujo
símbolo é °C. Por definição, o intervalo de temperatura correspondente à unidade de
temperatura é o mesmo para ambas as escalas.
1K=1°C
Além das escalas Kelvin e Celsius, muitos países do mundo utilizam a escala
Fahrenheit para as medidas de temperatura. Na sequência, vamos estudar cada uma
delas e depois suas relações.
O intervalo entre os dois pontos obtidos pode ser dividido em 100 partes inteiras
iguais. Cada divisão representa 1 grau Celsius.
Acesse o link abaixo para saber mais sobre origem e o sistema de divisões
da escala Fahrenheit.
Disponível em: <http://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/5165467.
pdf>. Acesso em: 4 out. 2015.
Lord Kelvin verificou que a pressão de um gás diminuía de 1/273 do valor inicial
quando resfriado a volume constante de 0 ºC a –1 ºC. Assim, pode-se concluir que a
pressão seria nula quando o gás estivesse a –273 ºC. Como a pressão do gás é devida
ao bombardeio das moléculas sobre as paredes do recipiente, no estado térmico de
pressão nula, as moléculas do gás deveriam estar em repouso. Se a temperatura é
uma medida do grau de agitação das moléculas, ela deve ser nula quando a agitação
for nula. Comparando as indicações da escala Celsius e da escala absoluta Kelvin,
para um mesmo estado térmico, vemos que a temperatura absoluta é sempre 273,15
unidades mais alta que a temperatura Celsius correspondente.
Note que, na Figura 4.6, as duas escalas possuem um número diferente de divisões
entre os pontos fixos. A escala Fahrenheit possui 180 divisões entre o ponto de fusão
(32°F e 0°C) e o de ebulição (212°F e 100°C), e a escala Celsius possui 100 divisões
entre esses dois pontos. Comparando os dois pontos fixos das escalas, podemos
traçar retas paralelas e aplicar o teorema de Tales.
Note que, na Figura 4.6, as duas escalas possuem um número diferente de divisões
entre os pontos fixos. A escala Fahrenheit possui 180 divisões entre o ponto de fusão
(32°F e 0°C) e o de ebulição (212°F e 100°C), e a escala Celsius possui 100 divisões
entre esses dois pontos. Comparando os dois pontos fixos das escalas, podemos
traçar retas paralelas e aplicar o Teorema de Tales.
Seção 4.2
Calorimetria
Introdução à seção
Quando nós pegamos uma lata de refrigerante que acabou de sair da geladeira e
deixamos sobre a mesa da cozinha, a temperatura do refrigerante começa a aumentar
gradativamente. No princípio, a temperatura aumenta rapidamente, após algum
tempo, mais devagar, até que se torne a mesma do ambiente – ou seja, até que se
atinja o equilíbrio térmico. Dessa mesma forma, a temperatura de uma xícara de chá
quente deixada sobre a mesa diminui até se tornar igual à do ambiente. As variações nas
temperaturas do refrigerante e do chá estão relacionadas às transferências de energia,
na forma de calor, entre os dois e o ambiente. As trocas de calor são estudadas por
um ramo da física chamado de calorimetria, que estuda os efeitos da transferência
de calor entre os corpos. Ao longo desta seção, vamos explorar diversos conceitos
relacionados à transferência de energia térmica, começando pela definição de calor.
4.2.1 Calor
Se considerarmos o refrigerante e o chá como um sistema de temperatura TS e
o ambiente, com uma temperatura TA¬, o local onde se encontra o sistema, vamos
observar que, se TS não é igual a eTA, TS, varia até que as duas temperaturas se igualem
e o equilíbrio seja estabelecido. Vale lembrar que TA também pode variar um pouco,
mas vamos considerar neste momento a variação de TA desprezível.
Vamos pensar em um sistema que não absorve nem perde energia em relação ao
meio exterior, ou seja, isolado, formado por dois blocos A e B. O bloco A apresenta
uma temperatura de 200ºC, enquanto o bloco B tem temperatura de 20ºC, como
representados pela Figura 4.9.
A lei zero da termodinâmica vai garantir que, com o passar do tempo, A e B entrem
em equilíbrio térmico. Como esse sistema é isolado, podemos explicar que a energia
térmica é transferida apenas para o bloco B, mas, se observarmos os exemplos
anteriores, vamos notar que o chá pode transferir energia térmica para a mesa e para
o ar, variando suas temperaturas em valores diferentes.
Figura 4.9 – Blocos A e B em um sistema isolado, em que trocam energia somente entre si
Para Roger Bacon, Kepler, Francis Bacon e Boyle, influenciados pelas ideias de
Platão e Aristóteles, o calor era proveniente do movimento. Isaac Newton sugeria que
o calor estivesse relacionado a possíveis vibrações do éter. Para Galileu, o calor era um
fluido. Gassendi admitia duas espécies de matéria térmica, uma produzindo calor, outra
frio. Alguns associavam o calor ao flogístico, uma substância térmica hipotética que
estaria contida nos corpos que pegam fogo. Lavoisier, em 1789, propôs a existência
de uma forma de matéria específica que origina o calor, “um fluido eminentemente
elástico que o produz”, ao qual ele deu o nome de calórico. O prestígio científico de
Lavoisier fez com que essa ideia tivesse grande aceitação, embora ela nunca obtivesse
unanimidade.
No início do século XIX, a teoria de que o calor era um fluido ainda era amplamente
conhecida, provavelmente devido à predominância dos físicos franceses nessa época.
Só em 1890, com as experiências de Joule, a ideia do fluido calórico deixou de ser
aceita.
O calor não é uma nova grandeza, pois se trata de energia. A unidade no SI para o
calor ou quantidade de calor (Q) é a mesma unidade utilizada para a energia, o joule (J).
Outra unidade que costumamos observar é a caloria, que discutiremos mais adiante.
Quando você aquece a água para fazer um chá, você precisará do dobro da
quantidade de calor para fazer duas xícaras ao invés de uma, desde que a temperatura
seja a mesma. A quantidade de calor também depende do material. Por exemplo, para
elevar em 1°C a temperatura de um quilograma de água, é necessário transferir uma
quantidade de calor igual a 4190J, enquanto para elevar a mesma temperatura em um
quilograma de alumínio só é necessária a transferência de 910J.
Figura 4.12 – Líquidos com a mesma massa, porém substâncias diferentes, recebendo a mesma
quantidade de calor, sofrem variação de temperatura diferente
Assim como outras formas de energia, podemos medir o calor através do trabalho
que ele pode realizar. Dos trabalhos que o calor pode realizar, o mais fácil de ser
medido é a variação de temperatura provocada em determinado corpo ou substância.
Assim, utiliza-se a água como substância padrão para definir o conceito de caloria,
então 1 caloria (cal) é a quantidade de calor necessário para elevar a temperatura de 1g
de água em 1°C no intervalo de 14,5°C a 15,5°C.
Essa multiplicidade de valores é o suficiente para nós entendermos por que usar
o joule no lugar de caloria. O joule é a unidade de energia no SI; a caloria é usada
diariamente, sobretudo em relação à alimentação, aliás de forma incorreta. Quando
usamos caloria para nos referirmos ao valor energético dos alimentos, na verdade
queremos dizer a quantidade de energia necessária para elevar a temperatura de
1 quilograma de água de 14,5 °C para 15,5 °C. O correto, nesse caso, seria utilizar
kcal (quilocaloria), porém o uso constante em nutrição fez com que se modificasse
a medida. Assim, quando se diz que uma pessoa precisa de 2.500 calorias por dia,
na verdade são 2.500.000 calorias (2.500 quilocalorias) por dia. Tendo em vista que
apenas unidades de medidas que derivam de um nome próprio são grafadas com
a inicial maiúscula, a notação “Cal”, apesar de amplamente utilizada, está incorreta.
A Figura 4.13 mostra a energia fornecida por alguns alimentos presentes em nosso
cotidiano.
A relação entre caloria e o joule foi determinada em 1840 pelo físico inglês James
Prescott Joule e pode ser considerada uma das experiências mais importantes da
Física. As experiências de Joule provaram que o calor não era um fluido, mas uma
forma de energia, contrariando as ideias de Lavoisier. Essa conclusão só poderia ser
feita por um inglês, já que nenhum pesquisador francês seria capaz de contrariar uma
afirmação feita por Lavoisier, devido ao seu prestígio na comunidade científica.
Sabemos que calor é energia térmica em trânsito que flui entre os corpos em razão
da diferença de temperatura entre eles. Dessa forma, imagine uma barra de ferro que
receba ou perca certa quantidade de calor Q. Esse calor que a barra ganhou ou perdeu
é denominado de calor sensível, pois ele provoca apenas variação na temperatura do
corpo, sem que aconteça mudança no seu estado de agregação, ou seja, se o corpo
é sólido continua sólido e o mesmo acontece com os estados líquidos e gasosos.
O calor sensível é regido pela equação fundamental da calorimetria, que diz que
a quantidade de calor sensível (Q) é igual ao produto de sua massa, da variação da
temperatura e de uma constante de proporcionalidade dependente da natureza de
cada corpo denominada calor específico. Já vimos essa equação anteriormente
quando falamos de calor específico, mas vamos relembrar:
No SI, a unidade para calor latente é o J/kg, mas, como a caloria é muito usada
ainda, as unidades derivadas também acabam sendo usadas; assim, a unidade cal/g é
aplicada ao calor latente. O valor para a constante L é dependente da substância e da
sua mudança de fase, e esse valor é tabelado e a nomenclatura varia de acordo com
a mudança de fase. Quando a mudança de fase é da fase líquida para a fase gasosa,
o calor latente é chamado de calor latente de vaporização e seu valor é igual em
módulo, porém de sinal oposto ao calor latente de condensação. Quando a mudança
se dá da fase sólida para a líquida, o calor latente é chamado de calor latente de fusão e
seu valor é igual em módulo e de sinal oposto ao do calor latente de solidificação. Por
exemplo, o calor latente de solidificação ou fusão da água é 3,33x105 J/kg, enquanto
o calor latente de condensação ou vaporização é 2,26x106 J/kg (HALLIDAY, 2014).
A Figura 4.16 nos mostra a relação entre a temperatura x quantidade de calor
recebida (ou cedida) e representa as mudanças de fase da substância. Como durante
as mudanças de estado a temperatura não varia, aparecem patamares horizontais
característicos dessas mudanças.
Se um determinado corpo qualquer ceder calor, não mudar de fase, sua temperatura
final (t) irá se tornar menor que a inicial (t0). Podemos dizer que a sua variação de
temperatura (∆t = t – t0) e a quantidade de calor que foi cedida (Qc) são negativas. Pelo
mesmo raciocínio, quando um dado corpo recebe calor, a variação de temperatura
e a quantidade de calor recebida (Qr) são positivas. Vamos analisar o esquema abaixo
(Figura 4.17).
Figura 4.17 – Esquema de trocas de valor entre dois corpos. A quantidade de calor
(Qc) cedida é sempre negativa, enquanto a recebida é (Qr) é sempre positiva
4.2.7 Calorímetro
O calorímetro é um dispositivo isolado termicamente do ambiente, utilizado para
fazer estudos sobre a quantidade de calor trocado entre dois ou mais corpos que
possuem temperaturas diferentes.
Referências