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Os Ensinamentos De

Sachcha Baba
SRI SACHCHE MAHA PRABHU KI JAY
Prabhu Aap Jago
Paramatma Jago
Mere Sarva Jago
Sarvatra Jago

2
Tradução livre: Prem Ramam

Índice

1. Introdução
2. Sachcha Baba
3. Nivedan – Pedido
4. Sachcha Baba e seu trabalhou
5. Meditação
6. Sadhana – Disciplina Espiritual
7. Japa – repetição de palavras sagradas
8. Sankalpa – Promessa
9. Karma Kanda – Propósito, e sua utilidade no mundo
10. Havan – Cerimônia do Fogo
11. Explicação do Prabhu Aap Jago
1 Introdução

Este livro é uma tradução do livro em hindi "Sachcha Sadhana Paddhati". Esta
tradução foi o Sadhana de muitas pessoas.

Estes são ensinamentos, preces e canções do Grande Santo Sachcha Baba


Maharajji. Ele foi o Guru de Sri Hans Raj Maharajji. Sachcha Baba não está mais
presente em seu corpo, e os eventos descritos ocorreram no passado, mas seus
ensinamentos são ainda hoje uma força muito ativa.

A transliteração do hindi para o inglês, no caso dos mantras, enfatiza o som dos
mantras. Você pode encontrar diferentes formas, por exemplo no Norte ou Sul da
Índia, por conta dos diferentes dialetos.

2 Sachcha Baba

Sachcha Baba significa "Pai da Verdade". Neste livro Sachcha Baba é


frequentemente chamado por Maharajji (Grande Rei), um título comum para um
mestre espiritual. O poder e a sabedoria da linhagem Sachcha tem sido transmitida
de Guru para discípulo. Não há diferença nos ensinamentos e no espírito dos
Gurus.

•••

Existiu uma vez um santo poderoso chamado Sachcha Giri Nari Baba, cuja idade
exata é desconhecida, apesar de ser dito esta exceder mais de 400 anos. Durante
este tempo, quando o seu corpo se tornou muito velho, ele entrou no corpo de um
jovem Brahman que havia morrido nos bancos do Rio Yamuna, em Hamirpur. Seu
velho corpo, ele deixou repousando lá. O poder que ele herdou é o poder de
Krishna. Ele não tinha qualquer lugar para viver, nem Ashram tampouco cabana,
mas viajava pela região a maior parte de sua vida. Ele preferia ficar no Rajastão ou
Varanasi. Apesar de ele ser um Sadhu muito simples que apenas vestia velhas
roupas, os Reis dos locais que ele visitava beijaram seus pés. Sachcha Giri Nari
Baba viu que todas as pessoas têm um medo da morte, não acreditam em Deus e,
tirando o próprio interesse, não falam a Verdade.

Sua meta era mudar o mundo através do amor e da compaixão, e estabelecer a


Verdade. Ele trabalhou continuamente para ajudar as pessoas a realizarem-se em
Deus, tornando-as tão livres, ao ponto de irem além do medo e do interesse
próprio. Sua força de vontade era tão intensa que ele provocou uma transformação
positiva no mundo.
Um dia ele viu durante sua meditação outro Yogi muito poderoso, que estava
tentando destruir o mundo. Ele rastreou este Santo como Katcha Baba, que
trabalhava para mudar o mundo através da destruição, [já que] o mundo tinha se
tornado degenerado. Este Santo sentia que quando o velho desaparecesse, uma
nova criação poderia surgir. Sachcha Giri Nari Baba foi até Katcha Baba para
convencê-lo de trabalharem juntos, para transformar o mundo através da luz e do
amor, ao invés da destruição. Após ser exitoso em testes muito difíceis, Katcha
Baba ficou convencido da sinceridade de Sachcha Giri Nari Baba e concordou em
trabalhar com ele.

Após a sua morte Katcha Baba transmitiu seu poder (que era o poder de Ram)
para Sachcha Giri Nari Baba. Deste modo, o poder de Ram e Krishna se juntaram
em um único Ser.

Em 1936, Kulanandaji foi até Sachcha Giri Nari Baba pedir ajuda para conseguir
um trabalho. O Baba lhe disse que se ele pudesse ficar com ele por um certo
período, ele poderia lhe dar todas as coisas. Kulanandaji, que tinha apenas 19
anos na época, concordou. Ele se rendeu à vontade de Sachcha Giri Nari Baba e
se iluminou em poucos dias. Ele se tornou o seu cuidador pessoal até que Sachcha
Giri Nari Baba deixou seu corpo em 16 de junho de 1944. Todos os discípulos de
Sachcha Giri Nari Baba foram embora, mas Kulanandaji ficou em Varanasi,
próximo ao Maha Samadhi, desolado: "Para onde foi esta amorosa energia do meu
amado Guruji...?" Então ele ouviu uma voz divina: "Vá para Uttarakhand." Ele foi
para lá e viveu em uma caverna por dois anos. Ele teve uma visão que o fez
vaguear pelas redondezas por 7 anos, experimentando que tudo o que ele
precisava sempre lhe era provido por Deus. No final deste período, ele foi para
Puri, para o Templo de Jaganath, aonde ele recebeu o mantra "Prabhu Aap Jago"
e a mensagem de ter um Ashram em Allahabad. Em 1953 o Sant Sri Sachcha
Ashram estava estabelecido.

Kulanandaji Sachcha Baba deixou o seu corpo em 6 de setembro de 1983.

Sri Hans Raj Maharajji era um escrivão governamental e um homem de família. Ele
tinha uma esposa e três filhos. Desde criança ele tinha visões de todos os Deuses
e Deusas Hindus. Um Swami do Sant Sri Sachcha Ashram o aconselhou a ir ver o
Sachcha Baba, que poderia ajudá-lo com o sério problema estomacal que estava
sofrendo. No dia 2 de outubro de 1955, ele visitou Sachcha Baba. Após realizarem
uma cerimônia do fogo, ele teve uma visão do Senhor Krishna como um bebê. Sri
Hans Rajji se entregou aos pés de Sachcha Baba e alcançou a iluminação naquele
mesmo dia. Ele viveu uma vida de homem de família até 1964. Neste mesmo ano,
quando o seu filho completara 18 anos, ele deixou sua família e seu emprego e se
tornou um Sadhu. Sachcha Baba o enviou por toda a Índia para oferecer Satsang.
Em 1976, de acordo com a vontade de Sachcha Baba, ele construiu o Sachcha
Dham Ashram em Rishikesh, com a ajuda de uns poucos discípulos. Hoje Sri Hans
Raj Maharajji apoia a todos os discípulos com o Trabalho/Sadhana que ele ou ela
escolhe fazer. Deste modo ele nos apoia, ele realiza muitos milagres para nos
permitir experimentar a Verdade. Pela sua graça, os Ensinamentos da linhagem
Sachcha estão sendo levados para o mundo inteiro através dos seus discípulos.
1 Nivedan
Pedido

O humano comum vive de acordo com os seus objetivos pessoais; se a pessoa


não tem objetivos próprios, ela vive então para seguir a Vontade de Deus. Como
um resultado dessa Vontade, e para adentrar na vida espiritual, este pequeno livro
está sendo apresentado a você. Eu não sou um escritor, nem a escrita é minha
profissão, contudo, pela graça de Deus, qualquer sentimento que tenha aparecido
foi por mim registrado. Vida espiritual é um assunto tão complicado, que ninguém
pode dizer que o que quer que já tenha sido escrito, é suficiente, embora
novamente, esta é a minha afirmação, que após uma pessoa ler isso com atenção,
e após ela se elevar no caminho do Sadhana, ela experimentará a Verdade. O que
quer que possa ser dito, compreendido e explicado sobre a Verdade, eu escrevi
aqui. Agora é com o leitor, de qual maneira ele irá se apropriar disso.

A coisa mais preciosa no homem é a fé e a confiança. Para alguém sem confiança,


a fé não pode surgir em seu coração, nem para o descrente pode a sabedoria
emergir. Para compreender, conhecer e experimentar a Verdade, a primeira
condição é desejar conhecê-la. Aquele que deseja conhecê-la, deve ter fé,
confiança e devoção. Qualquer leitor que seja cheio de fé e confiança, e que tenha
devoção em relação à Verdade, ao ler este pequeno livro ele definitivamente será
capaz de alcançá-la. Esta é a minha oração para aquele eterno Senhor e Pai
universal.

Meus melhores votos,


Swami Hans Raj Ji Maharaj
1 Sachcha Baba e seu trabalho

Existe uma causa para todo efeito neste mundo. Sem causa não pode haver efeito,
assim como sem os olhos não pode haver a visão. Todo o trabalho de Sachcha
Baba tem aquele eterno, indestrutível, e bem-aventurado Ser Superior como sua
única causa, e ele inspira a todos para esta prática, para trabalhar para este Ser
Superior. Um Karma Yogi bem-sucedido considera o trabalho como o seu destino e
sua natureza, porém o trabalho que ele realiza é sempre desinteressado e livre de
qualquer expectativa. Dessa maneira, nós vemos Sachcha Baba como um bem-
sucedido e desinteressado Karma Yogi. Suas nobres instruções são para não
trabalharmos pela nossa liberação sozinhos, mas pela liberação de todo o
universo. A razão do seu trabalho é conduzir qualquer um em direção a Deus, e
estabelecer a paz e a bem-aventurança no mundo. Ele quer transformar o
interesse inferior material dos humanos em natureza divina. Seus ditos eram de
que a Mãe Natureza tem escondido a Verdade em seu útero, e ela agora sofre as
dores de trazer essa Verdade à luz, de entregá-la ao mundo. Sachcha Baba quis
dar nascimento a esta Verdade e transformar o mundo conforme suas experiências
pessoais.

Desde a origem do tempo, o Ser todo-penetrante e bem-aventurado traz à tona a


Verdade, sustentando-a. Isso continua ainda hoje. Agora, esta mesma Mãe
Natureza está chorando por conta da dor da entrega, e ela espera pela nossa
cooperação para aliviar sua dor. Enquanto a humanidade desta Terra não
compreender isso, e negligenciar em levantar a bandeira da vitória a essa Verdade,
então o que o Maharajji quer oferecer, paz e bem-aventurança na Terra, não
poderá ser obtido. Atualmente a Mãe Terra, que esteve escondendo a Verdade até
este tempo, está muito anciosa em oferecê-la a você agora. Sachcha Baba diz:
"Meu objetivo, após realizar a Verdade, é que eu quero banhar o universo inteiro
nela!" Maharaji trabalha para trazer o Sadhana (disciplina espiritual) a todas as
vidas individuais, e provocar a liberação para todo o universo.

De acordo com ele, a perfeição que nós almejamos não pode ser limitada a um
indivíduo. Não seria suficiente, nem possível, porque a perfeição divina diz respeito
à conquista da Verdade e do Amor, ambos através de nós mesmos, assim como
através dos outros. A expansão da fragrância da nossa transformação pessoal tem
um efeito significante sobre os outros, e nos traz verdadeira plenitude. Este é o
mais elevado serviço que pode ser ofertado, e precisa ser constantemente
praticado, para o desenvolvimento e a perfeição de toda a humanidade.

No nono capítulo do Yajur-Veda, o primeiro mantra diz:

"Quando um humano se vê no Ser Superior, e o Ser Superior no humano, então


dessa união interna surge um lindo som, e, neste estado de suprema bem-
aventurança, o Ser Superior dança em êxtase, e canta:
'Om Purnamadah Purnamidam Purnaad Purnamudachyate
Purnasya Purnamaadaaya Purnamevaa Vashishyate"
(Isto é perfeito, aquilo é perfeito, do perfeito se origina o perfeito; tome o perfeito do
perfeito, e apenas o perfeito permanece)

"Perfeição" significa que nada é imperfeito. A instrução de Sachcha Baba sobre a


perfeição é produzir um estado de equilíbrio em toda a criação no universo. Sua
meta é mudar o universo inteiro completamente. Apenas para isso é que ele
encarnou entre nós. Sachcha Baba costumava dizer:

"A maior perfeição que pode ser imaginada em um ser humano pertence àquelas
pessoas que, por terem se entregado completamente à Deus, veem Ele habitando
em todo ser".

A fim de colocar este trabalho em prática, Sachcha Baba veio entre nós. Do
mesmo modo que um humano tem a maior necessidade em buscar por Deus, do
mesmo modo Deus também precisa e busca por ele. Uma resultado dessa busca
por Deus podemos encontrar no Santo Sri Sachcha Baba.

O Santo Sachcha Baba é um divino instrumento através do qual Deus nos envia
Suas instruções. Quando pensamos na experiência individual de Sachcha Baba, e
olhamos para dentro desta, nós chegamos à conclusão de que Sachcha Baba é
um instrumento perfeito de Deus, através do qual Paramatman expressa sua
vontade e suas ordens, suas instruções e seu amor, seu poder completo e sua
natureza divina, para nós, suas crianças. Através dessas instruções, ele retira de
nós o sofrimento.

Guiado pelo amor e carinho, assim como por uma profunda compaixão por nós, e
com o intuito de nos transformar, Sachcha Baba começa a orar:

"Prabhu Aap Jago, Paramatma Jago


Mere Sarva Jago, Sarvatra Jago"
(Senhor, desperte; desperte em mim, desperte em todos e em todos os lugares.)

Acordando o Ser Supremo através deste mantra, Sachcha Baba permaneceu


sempre imerso em suprema compaixão. Hoje este mantra é o seu corpo físico, o
qual é verdade e eternidade, sempre imóvel e estável. O revolucionário Santo
Sachcha Baba trouxe este mantra com o qual uma pessoa pode alcançar aquele
lugar de Verdade. Hoje esta prece é o seu corpo físico, com o qual ele nos nutre.
Um grande santo não é o corpo, ele não é a consciência corpórea, ele é como uma
chama inicial de uma vela, que pode se espalhar para infinitas outras velas,
trazendo a luz para elas. Neste processo de iluminação, o Santo Sachcha Baba
veio entre nós, e ele continuará vindo, enquanto a oração "Prabhu Aap Jago" não
estiver sido realizada completamente.

"Mujh Me Samaja Es Tarah, Tan Pran Me Man Buddhi Me.


Jisse Na Koi Kah Sake, Tu Aur Hai Mai Aur Hun. "
(Oh Senhor, venha, e habite minha mente, meu corpo, meu intelecto, e se torne
um comigo. De forma que ninguém possa dizer que você é um, e eu, outro.")

Na minha visão, este é o seu trabalho e a sua forma, os quais ele assumiu para dar
corpo ao seu Sankalpa, e desenvolvê-lo. O Santo Sachcha Baba foi um evidente
precursor na transformação do mundo.
1 Sadhana
Nossa maneira de prática espiritual

No mundo espiritual, muitos grandes pensadores e pessoas sábias da Índia têm


tentado, através de muitos diferentes caminhos, descobrirem a Verdade. Tendo
definido suas metas, eles adentraram em uma profunda disciplina espiritual.
Qualquer um que tenha vindo das profundezas de seu sadhana, tendo realizado
seu objetivo e alcançado a Verdade irrefutável, nos apresentou muitos diferentes
métodos, os quais conhecemos pelos nomes de bhakti-, ghyan-, karma-, raja-,
hatha-, laya-yoga. Sachcha Baba, um revolucionário Profeta da Verdade também
tem um método definido para iniciar seus discípulos na Yoga.

O princípio do Sadhana

Em primeiro lugar, nós teremos que nos elevar acima do nosso sentimento de ego,
e estabelecer uma conexão com Deus, para que então possamos ser iniciados
dentro da Yoga (união com Deus), e nos tornarmos seus representantes. Após
isso, é necessário levar o Ser Supremo com o qual nós tenhamos tido um profundo
encontro interior, dentro de nós, de tal forma que possamos transformar por
completo nossa consciência. Finalmente, você deve usar a consciência
transformada no mundo com Deus, como um ponto central.

De acordo com este método, está claro que o primeiro passo do sadhana de
Saccha Baba é neutralizar o sentimento de ego do homem. Enquanto nós nos
identificamos com o corpo, fica muito difícil adentrar no campo do sadhana.
Maharaji não quis por fim à individualidade de cada um, mas apenas cortar o laço
do ego. Para a neutralização do sentimento de ego, Saccha Baba esteve
encorajando os buscadores espirituais a praticar o serviço desinteressado. Está
claro que ele, como um expoente do karma yoga, nunca foi apegado ao seu próprio
trabalho. A essência do seu caminho é que um indivíduo deve chegar em um
estágio de não ter desejo ou vontade própria.

Em todo campo do karma yoga Maharaji esteve inspirando pessoas a se elevarem


acima dos seus interesses pessoais e a trabalharem pela elevação universal. Seu
pensamento claro e preciso era que, após uma pessoa abandonar qualquer tipo de
desejo pessoal e trabalhar para o bem-estar de toda humanidade, este trabalho irá
neutralizar completamente o seu sentimento de ego, e irá trazê-lo para dentro de
um estado divino de existência. A pessoa não precisa fazer qualquer outro
sadhana. Para a neutralização do ego, Maharaji não encoraja abandonar o
trabalho, ou tomar Sannyas (votos de renúncia). Como um Karma Yogui bem-
sucedido, ele esteve inspirando aos sadhakas (buscadores espirituais) a
entregarem-se ao Divino, a trabalharem através do Divino e para o Divino.

A coisa maravilhosa sobre o sadhana de Saccha Baba é que ele nunca diz às
pessoas para sentarem-se com os olhos fechados por quatro horas em meditação,
nem tampouco inspira elas a escaparem da vida e tomarem Sannyasa. Ele
costumava dizer: "O próprio trabalho é o destino de todas as pessoas."

O Dharma de todas as pessoas está contido dentro do seu próprio trabalho. Se


entregar ao seu próprio trabalho para a elevação de toda humanidade
naturalmente traz a neutralização do sentimento de ego. O ego de um humano
continua enquanto ele quiser viver para si próprio sozinho. Dedicar-se a viver para
a sociedade, para o país, e para o universo inteiro, por trabalhar para toda
humanidade, esta é a indicação. Quando se percebe, pode-se compreender que o
laço com o ego começa a se romper.

Durante o sadhana muito profundo de Saccha Baba, veio uma voz, que no campo
da Verdade esmaga o ego humano. Neste estado profundo de Samadhi, essas
palavras vieram até ele: "Abandone seus próprios interesses". Enquanto você não
estiver neste ponto, deve continuamente observar-se a si próprio, e deve
abandonar os seus próprios interesses que são criados pelo seu ego. Maharaji
costumava dizer:

"A vida inteira é Yoga. Toda ação deve ser unida com Deus."

Enquanto nós formos incapazes de sentir inspiração, sentimentos e instruções de


Deus, precisaremos continuar nossos esforços nesta direção. Frequentemente
você pode notar que um buscador espiritual ignora sentimentos espirituais e
inspiração, e trabalha de acordo com a sua própria mente, porém, após avançar
um pouco para cima, ele cai como uma pedra que foi lançada ao ar, e graças à
gravidade ela cai automaticamente.

Durante o sadhana de um buscador, o ego e o Deus absoluto estão sempre


brincando de esconde-esconde. Algumas vezes o buscador trabalha de acordo
com as ordens e sentimentos divinos, e outras vezes ele age de acordo com o seu
ego. No campo do sadhana esta é uma fase muito perigosa. Com o menor
descuido surge o medo de cair, porque quando os sentimentos e inspirações
divinos começam a trabalhar dentro do buscador, seu ego similarmente começa a
crescer. Ele não é capaz de perceber se essa inspiração e aquela outra vêm de
Deus, ou dele mesmo. Ele começa a achar que ele próprio é Deus. Neste equívoco
de tomar o ego por Deus, ele é separado de Deus. Ele fica apartado da fonte
divina. Sempre quando um buscador recebe emoções divinas, visões divinas e
experiências divinas, então seu ego começa a brincar de esconde-esconde com
ele, e ele descarta qualquer outra divindade além de si mesmo.

Dessa forma Maharajji alerta a todos os buscadores espirituais para que quando
vocês receberem alguma inspiração, sentimentos e experiências divinas, não se
esqueçam de que elas não são propriedade sua. Apenas sejam gratos ao Senhor,
e, através Dele, sigam em frente completando suas instruções. Somente então
poderão alcançar a meta suprema da vida.

Sachcha Baba diz que, da mesma maneira que um homem se torna orgulhoso da
sua beleza na adolescência, um buscador espiritual pode se tornar orgulhoso das
suas experiências, e é dessa forma que o ego o arruina. É por isso que um
buscador espiritual deve continuamente observar o ego e todas as experiências
divinas, e compreender todas essas experiências divinas como advindas de Deus e
não dele mesmo.

Quando um buscador espiritual começa a viver em Deus, vagarosamente o seu


laço egóico começa a afrouxar e se romper, e chega o estágio quando não há
diferença entre Deus e o devoto, por que a Shakti Suprema de Deus preenche o
devoto, e ele se torna um instrumento divino Dele. Quando um buscador espiritual
alcança este estágio, ele sempre deve se esforçar para mudar sua consciência
inteira, e para manter a energia. Quando sua consciência tiver sido mudada, ele
verá o mundo como o centro de Deus. Então todos os seus esforços deverão ser
direcionados para o progresso do mundo, iluminação, transformação e unidade
com Deus. A principal instrução do Maharaji é que o buscador espiritual deve, em
primeiro lugar, alcançar a unidade com Deus; após isso, ser capaz de
constantemente permanecer naquele estado; e quando essa união tenha se
tornado estável, e toda sua consciência tenha sido transformada, deve dedicar
seus esforços para a prosperidade e o bem-estar de toda humanidade. Acordar
Deus no ser humano, acordá-Lo em toda a criação, é a meta mais importante deste
sadhana, e este foi o esforço constante de Sachcha Baba.
1 Meditação

O ser humano é um servo e escravo das suas próprias emoções e tendências. Por
isso, o homem é chamado de um ser emocional. Dentre todos os possíveis
nascimentos, o humano é uma criatura tal, quem pode mais facilmente perceber,
assim como digerir, suas emoções. A Natureza deu ao homem essa posição
superior, a qual, se ele quiser, através do controle e contenção de suas emoções e
tendências, ele pode vir a elevar-se a um nível mental e supra-mental superior.
Neste lugar, a fonte de todas as emoções e desejos pode ser testemunhada. A
fonte de todas as emoções e tendências é definitivamente aquela Bem-
Aventurança, a qual o homem esforça-se em adquirir novamente. Os Rishis
indianos empenharam-se em conduzir o ser humano acima dessas emoções e
tendências. Nessa sequência de esforços, nossa contribuição indiana é a
meditação. A nobre instrução da meditação é que, após nos elevarmos acima da
natureza humana e de suas tendências, entramos em um estado onde há Bem-
Aventurança. Em palavras diretas e simples, se nós fizermos um retrato da
meditação, seu propósito é "perder (a nós mesmos) e não ser (nós mesmos)".

O sentido dessa "nossa ausência", é a ausência do nosso ego. Enquanto as


emoções naturais permanecerem atadas ao ego individual, então o estado de
meditação não será possível. No estado de meditação, o sadhaka (buscador), após
elevar-se acima do seu ego, deve fazer sua morada dentro de tal estado, aonde
sua consciência corporal e suas ações corporais se dissolvam lentamente na sua
própria raíz. Mente, Prana, Inteligência, Ego, que são realizações naturais da vida,
quando, muito vagarosamente através da inatividade, movem-se em direção à sua
raíz, então o Sadhaka penetra em tal estado, aonde a Bem-Aventurança sem-fim e
inquebrantável está sempre fluindo. À entrada em tal estado nós chamamos de
entrada em meditação.

O Santo Sachcha Baba esteve sempre, por outro lado, desencorajando seus
discípulos para este caminho. Desde o início, ele costumava enfatizar que a
meditação pode vir até nós através da Graça, após realizarmos Sadhana,
enquanto, da mesma maneira, mantemos nossa consciência corpórea. Ele não nos
pedia para mantermos nosso olhos fechados para meditar. Seus ensinamentos
eram de que, quando a Graça do Ser Supremo se apodera de nossas vidas, então
não há necessidade de nenhum esforço pessoal. Esta Shakti, quando Ela surgir
em seu Atman, irá conduzir-lhe para um nível tal, que, mesmo com os olhos
abertos, você será capaz de experimentar meditação. Aonde os Rishis indianos
deram principal ênfase, que para penetrar na meditação você precisa ser
desapegado e se distanciar, assim como renunciar a todas as ações, aí o Santo Sri
Sachcha Baba insistiu que, para a meditação acontecer, nós não precisamos tomar
Sannyas nem renunciar ao mundo, contudo nós teremos que trazer a meditação
também para as nossas próprias ações e trabalho, entendendo trabalho e não-
trabalho como algo não contraditório. O sadhaka terá que conduzir-se a si próprio
dentro de uma elevação tal, que enquanto realiza todos os seus deveres, ele será
capaz de permanecer firme em meditação.

O Santo Sri Saccha Baba costumava dizer com completa ênfase e grande
confiança uma linha da Gita, "Yoga Karmasu Koshalam", isto é, "Yoga ainda está
em ação". Seu convite aos seus discípulos era de que eles poderiam produzir seus
"trabalhos meditativos" dentro de tal elevação, aonde, trabalho e não-trabalho
como algo não contrário, uma unidade harmoniosa poderia ser alcançada. Se o
abandono do trabalho é condição para meditação, se a renúncia das ações é
condição para meditação, então a necessidade para tal meditação é, para nossa
nação que trabalha duro, traiçoeira e falsa. Por essa razão, ele não diria para
qualquer sadhaka para ir a uma caverna isolada, e abandonar seu trabalho e
ações, mas sim enquanto permanece no Samsara, e no meio das circunstâncias
da vida, aí praticar meditação.

O Santo Sri Sachcha Baba pode ser visto como um Rishi único, aquele que,
querendo conhecer seu próprio Dharma, permaneceu realizando todos os seus
deveres, e ao mesmo tempo encorajando a meditação. Hoje não há necessidade
de correr para a floresta, nem de se sentar nas cavernas e abandonar todas as
ações. A necessidade atual é de invocar essa Suprema Shakti, que é cheia de
graça e toda-penetrante, e a qual, quando descer ao nosso nível, irá provocar em
nós um estado tal, que até mesmo os grandes Yogues que se vangloriam dos seus
poderes, não são capazes de alcançar.

Baba Sri deu com essa incomum instrução um golpe explosivo em todas as ações
de meditação, as quais, após se tornarem como pó, começaram a fluir desde
Gangotri até Ganga Sagar. Sendo um Dhyana-Yogui, pela causa do avanço na
meditação, ele manifestou esta revolucionária abordagem. Este é o nosso método
de meditação, que algum dia Sócrates também indicou a seu discípulo e grande
filósofo Aristóteles. Se usarmos uma "visão de pássaro", de cima, na vida do
Sócrates, nós iremos ver que ele esteve em tal estado, onde há um silêncio total,
completa paz, incontestável fluir de bem-aventurança. Aristóteles pouco a pouco
saboreou isso, e, em seu intoxicado e extasiado estado de meditação, o que quer
que ele dissesse se tornaria uma filosofia, se tornaria algo visionário.

Da mesma forma é nosso Baba Sri, que, no campo da meditação, diz pouco pela
boca e mais com a mente. A essência de seus ensinamentos é esta, que aonde
quer que nós estejamos, aí e nesta condição, nós devemos pedir a essa Shakti
Suprema pela nossa própria transformação, para qual em algum momento
Markandeya costumava rezar: "Tvam Vaishnavi Saktirananda Virya", isto é, "Você
é a Energia Vital Bem-Aventurada."

Essa Mãe é aquela que preside sobre a escravidão e a liberação do homem. Pela
Sua Graça nós teremos que suplicar, e antes desta graça, nós precisamos
alcançar a graça do nosso próprio Ser. Nossa entrada na meditação só é possível
quando nós tivermos obtido ambas dessas graças.

Resumidamente, nós podemos dizer que a meditação do Baba tem como condição
primária a conquista da nossa própria graça, como segunda condição a conquista
da graça da Shakti Suprema, e quando tivermos adquirido ambas, sendo
dependentes delas para manifestar nosso trabalho e ações em todos os níveis da
vida, então devemos trazer totalmente a meditação em todos os nossos trabalhos e
ações, e aí trabalhar duro pela elevação e bem-estar de toda humanidade,
enquanto que sempre mantemos o nosso empenho no cultivo da meditação. Esta é
a meta suprema de Sri Sachcha Baba.
1 Japa
Repetição de palavras sagradas

A palavra é Deus, e Deus é Verdade. Um ser humano, através do seu trabalho, de


sua disciplina, de suas ações e de suas explorações, deseja realizar aquela
Verdade. A palavra é a única base através da qual o homem e Deus se
interconectam. Em um nível sutil, a palavra é a forma de Deus, a lila (jogo) divina, e
também Sua Ação. Para jogar e fazer algo, dois são necessários. Sem dois não
pode haver jogo. Neste jogo da dualidade, Deus está indo e vindo dentro de nós,
na forma da palavra. Toda essência da realização na vida, e o destino dos
humanos, está exclusivamente com a palavra. Se a palavra desaparece das vidas
das pessoas, elas se tornam como que estátuas com emoções. Elas se tornam
como que mudas, nem capazes de expressarem seus sentimentos, nem de
trabalharem para suas satisfações. Assim sendo, para esta terra, uma vida terrena
é necessária, e para aquela vida terrena, palavras mundanas.

O significado simples de japa é repetir certas palavras, as quais foram testadas e


verificadas pelos visionários e sábios. O crescimento chega para o buscador
espiritual através da prática do japa. Desde os tempos védicos nós temos ouvido e
visto sobre a grandeza do japa. É uma Verdade irrefutável, que todos podem
colocar à prova e perceber por si mesmo. A filosofia do japa nos diz que a palavra
é Deus, e após nos firmarmos na palavra podemos chegar até Ele. Atualmente
também é muitas vezes visto que numerosos buscadores, por repetirem seus
próprios mantras, alcançam sucesso em obter siddhis (poderes sobrenaturais).

O método do japa, do sempre abençoado Santo Sri Sachcha Baba, afirma esta
confiável doutrina. Assim como para aprender a falar e conhecer qualquer
linguagem é necessário conhecer o vocabulário, bem como compreender as regras
gramaticais, do mesmo jeito, para compreender a palavra de Deus é necessário
aprender o Seu alfabeto, e saber como colocá-lo em prática. Ao vocabulário da
Palavra Divina nós chamamos bija (semente). O significado simples de bija é de
que tudo está contido dentro. Por exemplo, na semente de uma árvore banyan,
toda a árvore permanece oculta, e no tempo e lugar apropriado, assim como
circunstâncias, ela irá se manifestar em uma enorme árvore banyan. Do mesmo
modo, na Palavra Divina várias "palavras-sementes" específicas são encontradas
juntas.

Sachcha Baba recebeu um mantra especial através do qual nós podemos nos
realizar. Este mantra Sachcha Baba dá aos seus discípulos autorizados
privadamente, e eles podem transmiti-lo aos seus próprios discípulos. Não seria
apropriado escrever este mantra aqui, porque ele é extremamente poderoso e um
doador de siddhis (poderes sobrenaturais).

Se um buscador espiritual deseja saber o segredo dele e realizar o poder da


palavra de Deus, ele deveria receber iniciação através dos discípulos autorizados
de Sachcha Baba. De acordo com o cerimonial das escrituras, bem como às
ordens do Guru, este mantra não está sendo escrito aqui. Existem duas razões
pelas quais eu não ofereço este mantra em forma escrita. A primeira razão é que,
quando um buscador espiritual começa a usá-lo somente a partir da sua leitura, ele
não pode alcançar seus frutos. Para receber os benefícios deste mantra é
necessário ouvi-lo e recebê-lo a partir da boca de um Guru. Então somente ele
deverá dar frutos. A outra razão é que, através da escrita do mantra conhecido, um
benefício parcial talvez seja alcançado, entretanto nós temos receio de que aquele
que não esteja pronto para conhecê-lo, possa usá-lo inadequadamente.

Eu peço às pessoas que estão prontas, que vão para um Guru verdadeiro e se
tornem iniciadas por ele da maneira apropriada, e em seguida repitam o mantra de
acordo com as instruções do Guru. O que torna este mantra especial é que depois
de fazer pouco esforço, o mantra começa a revelar a sua natureza. Então você não
mais precisa repeti-lo. O próprio japa se apodera do sadhaka, e começa a revelar
seu trabalho e mistérios, de acordo com o nível do buscador espiritual. Então o
buscador não precisará fazer qualquer esforço. Despertando pela manhã,
sentando-se ou realizando seu trabalho, o japa se torna automático.

Entretanto, a natureza do japa não começa a trabalhar em um buscador espiritual


até que ele tenha absorvido o mantra em sua consciência, através da iniciação de
um Guru, pois todos os mantras, por eles próprios, são como que sem vida, a
menos que eles tenham sido ativados. Tendo a pessoa acordado o mantra em si,
ela será capaz de acordá-lo nas outras pessoas também. Nós podemos despertar
o mantra em nós somente através de um Guru autêntico, Aquele que já tenha
acordado em Si o mantra. Por esta razão, antes de começarmos a fazer japa, é
necessário encontrar um Guru competente e autorizado, e despertar o nosso
profundamente adormecido Atman, através deste mantra. Somente por um
verdadeiro Guru isso pode ser alcançado. De outra forma este bija mantra especial
será como um corpo sem vida, ou como qualquer outro mantra (comum). Porém,
quando nós tivermos absorvido este mantra em nossa consciência, então não
teremos que fazer nada mais, a shakti daquele mantra terá tudo feito. Após nos
limpar das nossas impressões passadas e ações (karma), ele irá nos erguer até a
nossa fonte original, de onde caímos.

O bija do Sachcha Baba é para o benefício de todos, crianças, homens, mulheres,


brahmacaris, sannyasins, moradores das florestas, todo o mundo. Ele é para todos
e pertence a todos. Então eu rezo para todos, para que antes de vocês abrirem
espaço para isso em suas vidas, que tomem iniciação de um discípulo autorizado
de Sachcha Baba e então iniciem seus trabalhos. Esta é a instrução principal.
1 Sankalpa
Decreto
"He Parmaatman!
Apni Jaankari Tathaa Bhakti Kaa Prakaash Karo,
Aavran Dosh Vikaar Kaa Anta Karo,
Annapurna Lakshmi Rup Hokar
Sahaj Svaabhaavik Prakaash Karo,
Tathaa Varan Ashram Vedik Kramaanusaar
Shrishti Rup Se Vyvasthit Ho,
Is Prakaar Dukhaantak Khel Kaa Anta,
Sukhantak Khel Kaa Prakaash
Sarva Sarvatra Rup Me Hokar
Sarva Sarvatra Rup Hokar Karo,
Apnaa Sankalpa Aap Purna Karo,
Apnaa Prakaash Aap Karo!"

(He Paramatma, revela-Te a Ti mesmo, e garanta-nos a luz da devoção. Remova


os véus das tendências maldosas. Através da forma de Annapurna Lakshmi,
revele-nos a luz natural do Ser. Possa também toda a criação ser gradualmente
organizada de acordo com o sistema de Varanashram e dos Vedas. Dessa forma,
acabe com o jogo do sofrimento! Coloque luz no jogo da Alegria! Por estar dentro
de tudo e de todos, e atuar através de tudo e de todos, complete Sua própria
Promessa! Mostre-nos a Sua Luz!)

O Sankalpa não foi escrito em nenhuma das escrituras, tampouco foi escrito por
mim. Ele foi a voz da alma de Sachcha Baba, que alcançou a perfeição através da
Autorrealização. Pela sua sabedoria, ele quis descobrir o propósito de ter vindo até
aqui, e então, em meditação, essas palavras vieram até ele, de forma escrita.
Essas frases apareceram em muitas cores, vermelhas, amarelas e brancas, e
haviam muitas frases escritas em sua frente, assim como atrás dele, escritas em
um quadro negro. Tudo isso apareceu dentro dele, porém aquilo que ele pode
compreender e se recordar foram as palavras do Sankalpa. Quando ele retornou
dessa meditação, ele pediu a um buscador que estava a seu serviço para escrevê-
las. Agora estas palavras se tornaram seu decreto. Essas palavras contém seu
trabalho e são o seu plano para o futuro. Elas são a explicação para a vida
individual e universal, pela qual todas as nações devem respeitar.

Quando o Sankalpa se torna a oração da vida, quando este se torna um chamado,


então ele rapidamente começa a tomar forma. Eu sigo completamente preparado
para dar forma a este Sankalpa. Meu trabalho é colocá-lo em prática. A meta da
minha vida é estabelecer a vida e o mundo dentro deste juramento, e essa vida
minha se sustenta somente para a realização desta meta.

Se você compreender o Sankalpa corretamente, então você será capaz de


compreender a vida e o mundo. De acordo com o Sankalpa, existem etapas, que
estão descritas abaixo:

I. Receber o Conhecimento de Paramatman, e acessar a Luz da devoção.


II. Remover os véus das tendências maldosas.
III. Rogar a Deus para trabalhar na forma da Deusa Annapurna Lakshmi, e nos
iluminar.
IV. Estabelecer a harmonia na sociedade, de acordo com o sistema de
Varanashram.
V. Libertar-nos do jogo do sofrimento e colocar luz no jogo da alegria.

I. Conhecimento do Ser Supremo e Devoção

Nós podemos ter completa fé em alguém apenas quando conhecemos tudo sobre
esta pessoa. Se nos conectarmos sem conhecê-la, nossa conexão será débil. Isso
seria como atirar uma flecha dentro da escuridão. Para distinguir e apontar para
nosso alvo, é necessário que o alvo possa ser visto por nós. Somente podemos
permitir que flecha voe ao ser capaz de enxergar o nosso alvo claramente, após
termos distinguido o nosso alvo. Da mesma maneira, sem ser capaz de ver e
compreender alguém, não poderemos ser gratos a essa pessoa. Nós não
poderíamos ser capazes de confiar nela. Para o estabelecimento da fé, da
confiança e da conexão, se faz necessário, antes de tudo, o conhecimento.

Sem Conhecimento nós não podemos ser devotos. O significado da devoção é ter
amor, fé e confiança em direção a alguém.

O devoto tem total amor e confiança em Deus. Ele tem total fé nEle, porque é
conectado a Ele. Para esta conexão e contato, o conhecimento é uma condição
necessária.

Um ser humano não é competente para adquirir este Conhecimento, pois o mesmo
é extremamente difícil, e por isso sua vida permanece não divina. Um mortal,
dentro de suas muitas limitações, não pode ser divino, porém sua transformação se
torna possível através da Graça de Deus. Dessa forma está escrito no Sankalpa:
"He Paramatman, revela-Te a Ti mesmo e garanta-nos a Luz da Devoção. Você é
o nosso suporte, e é todo-poderoso. Você é a própria forma do Conhecimento. Se
Você quiser, pode vir até mim, porque Você é todo-poderoso e onipotente, e para
mim existem tantos obstáculos para alcançá-Lo, porque eu sou fraco. É quase
impossível para mim alcançá-Lo, mas para Você, me alcançar é só uma
brincadeira. Você pode chegar até mim em apenas um instante. Um momento
também é muito para Você, mas para mim isso poderia levar dez milhões de vidas,
e ainda assim não seria certo de que eu iria alcançar Você. Por essa razão, tenha
misericórdia de mim, seja gentil para comigo, e tome um pequeno problema para
Você mesmo. Tudo é possível pra Você, compaixão é a Sua sina, gentileza é a
Sua natureza, então esta é a minha súplica, que o Senhor venha!"
No início do Sankalpa é feito o pedido por conhecimento para ambos, o indivíduo e
a sociedade, assim como para a nação e para o mundo todo. Este não é feito para
nenhum indivíduo, sociedade ou nação em especial, mas somente para Aquele
que é o Pai de todos.

Uma maneira de remover a escuridão é trazer a luz. A escuridão não tem


existência própria, é apenas a ausência da luz. Onde não existe luz, há escuridão.
Se você traz luz, a escuridão se esvai por si mesma. Se você quer remover a
escuridão, sem trazer a luz não será possível, porque a escuridão é não-existente.
Já que não há existência nela, não pode haver essa questão dela se retirar por si
própria, sozinha. Sua eliminação só tem sentido realmente através do
estabelecimento de alguma coisa existente. Sendo um poder auto-existente, a Luz
é uma Verdade existente. Se essa Luz viesse dentro da nossa vida, a escuridão da
mesma terminaria. Sem a chegada da Luz, sem Sabedoria, é impossível
transformar a escuridão e a ignorância. A escuridão da vida humana é nada além
de ignorância, e ela não pode ser extinta sem Conhecimento.

É por isso que, no Sankalpa, nós rezamos para o Senhor do Conhecimento, para
por fim à escuridão da nossa vida através do Seu Conhecimento, e para nos
preencher com a Sua Luz. Para preencher nossa vida com o seu Esplendor. Esta
prece não é feita para a escuridão, da maneira "Vá embora!", porque tal oração
não teria qualquer sentido. Ela não irá de nenhum jeito! Se nós alcançarmos o
Conhecimento de Deus, Sua Luz se tornará bem estabelecida em nós.

É por isso que nós rezamos no Sankalpa: "Oh Senhor, Você nos ilumina por nos
dar o Seu Conhecimento. Pela Sua vinda nós seremos iluminados. A escuridão da
nossa vida será dissolvida."

O visionário do Sankalpa diz: "Para remover o medo da minha vida, Oh Sol, me


ilumine, permita que a sua gentileza trabalhe através de mim, e pela vinda da luz
da Realização, nós seremos gratos." De fato, gratidão é devoção. Amor focalizado
em um único ponto é devoção. Nós podemos desenvolver gratidão somente
quando a Luz da Sabedoria chega.

Iluminado por aquela Realização, seremos capazes de enxergar a nós mesmos


dentro de todos os seres viventes. Em verdade, somente então nós seremos
capazes de nos tornar verdadeiros devotos, somente então pode Bhakti se
estabelecer em nós.

Por essa razão, na primeira parte do Sankalpa, o pedido é por Sabedoria e a


prece, por luz. Se o amor focalizado em um único ponto é devoção, então sem
Conhecimento, sem a experiência (com Paramatma), nós não podemos realizar o
Amor. Para estar imerso em Amor, para mergulhar dentro da Alegria primordial,
Conhecimento é a condição necessária. Pela aquisição de Conhecimento, as
portas fechadas do Amor se abrem. A unidade de um indivíduo com o amor é o
mesmo que o amor direcionado a um único ponto. Mergulhar dentro do oceano
sagrado do amor é o supremo estado da devoção, o supremo destino do devoto.

Por esta razão, no início do Sankalpa, nós fazemos o pedido pelo Conhecimento e
pela Devoção, para o indivíduo e a sociedade, para as nações e todo o mundo.

II. Removendo os véus das tendências maldosas

Na próxima etapa do Sankalpa é dito: “Oh Senhor, remova de mim os véus das
tendências maldosas. Eu não sou poderoso, mas eu sou conectado a Você, que é
todo-poderoso, e eu tenho estabelecido a minha unidade com Você. Quando a Sua
Luz começar a descer sobre nós, quando nós começarmos a adquirir o Seu
Conhecimento, então aquilo que é a nossa natureza inferior, nossa paixão, raiva,
ganância, inveja, separação e apego, irão automaticamente desaparecer na luz da
Sua Sabedoria. Eu não tenho que removê-las, e não tenho que destruí-las. Que
Você mesmo possa ser a testemunha do meu desejo, raiva e ganância; que Você
possa ser o Vidente. A partir do dia em que Seus Olhos caírem sobre mim, desde o
mesmo dia em que Você começar a olhar para mim, neste mesmo dia toda a
minha natureza inferior e limitações humanas irão automaticamente ser
transformadas em natureza divina.”

“Eu estou apenas esperando que Você olhe em minha direção. Eu preciso apenas
que Você venha até mim, me aceite e se torne minha testemunha. Suas
qualidades, Sua natureza, Sua essência, começarão a descer sobre mim. Dentro
deste véu da ignorância, neste nível da natureza inferior em que me encontro, eu
tenho estado muito encoberto, eu não sou capaz nem mesmo de enxergá-Lo. Não
sou capaz de alcançá-Lo, porque os muros deste invólucro são tão densos, que eu
não sou capaz de quebrá-los. Para Você, oh meu Senhor, isso é apenas como
uma brincadeira. É apenas o trabalho de um instante. Para Você não existe
qualquer véu, nem qualquer limitação.”

“Minha transformação está em Suas mãos, meu destino está em Suas mãos, e isso
é somente uma brincadeira das Suas mãos. Seja gentil comigo, tenha misericórdia
de mim. Onde quer que eu me encontre, venha até mim. Todos estes véus são
para mim, todos estes obstáculos são para mim, portanto eu estou desamparado.
Para Você este véu não existe. Com apenas um sinal Seu, minha natureza inferior
irá se transformar em Sua natureza. Eu já tenho tido o bastante, o bastante deste
drama da ignorância. Por um longo tempo eu tenho sido cercado e encoberto por
isso. Desafortunadamente eu estou deitado quebrado dentro disso. Eu estou
ansioso para alcançá-Lo. A cada momento eu faço um esforço. É por isso que por
milhares de vidas eu venho girando e girando dentro desta esfera de ignorância.
Minha meta é Você e eu estou buscando por Você. Você sabe muito bem disso,
Você conhece meu desamparo também. Após fazer milhões de esforços eu não
sou capaz de sair deste círculo. Este turbilhão, que eu mesmo coloquei em
movimento, se mantém seguindo-me onde quer que eu vá. Oh Senhor, me proteja,
me libere, me faça um com Você. Não deixe-me mais ao léo, leve-me dentro de
Você. Eu fiquei cansado de lutar, eu já entendi minhas limitações. Por um tempo
muito longo eu tenho lutado. Eu tenho ouvido que Você é cheio de compaixão,
gentileza e que o perdão é a Sua natureza. Libertar o humilde é a Sua intenção.
Então, como eu posso ser deixado de fora?”

“Oh Senhor, minha criação, minha individualidade, tudo, de fato, é apenas


escuridão, um produto da ignorância. Um vislumbre vindo de Você, como um raio
de luz, como um rebento de sabedoria, tem o poder de destruir completamente
este véu de escuridão.”

“Oh Senhor, essa minha ilusão também tem sido criada por Você, então me diga: é
possível destruí-la através do meu próprio esforço? Oh Senhor, não me teste mais,
quebre em pedaços este apego ilusório de incontáveis vidas.”

“Oh Senhor, o crescimento dessa ignorância, e o mundo sem sentido, tem sido
construído por mim mesmo, pelas minhas próprias ações, através da minha paixão
de muitas vidas. Este mesmo "eu" é o criador deste círculo, mas como este "eu"
veio à existência, como ele se separou de Você? Oh Senhor, a destruição desta
separação, desta ignorância, é possível somente pela Sua Graça. Estes véus de
ignorância podem queimar-se em cinzas através do Seu conhecimento, apenas por
um breve olhar vindo de Você.”

Esta prece não é pela destruição da ignorância, mas pela aquisição de


conhecimento. Através do advento do Conhecimento, a ignorância não pode se
sustentar. Não pode haver questão de véu ou tendências maldosas.

Na segunda etapa desta oração, o Rishi contempla a fonte da sua Sabedoria, e


experimenta sua verdadeira natureza. Ele diz: "Oh Savita, Oh Sol, doador do
Conhecimento, venha, venha até o meu nível, e se torne um comigo".

"Mujh Me Samaja Es Tarah, Tan Pran Me Man Buddhi Me.


Jisse Na Koi Kah Sake, Tu Aur Hai Mai Aur Hum."
("Oh Senhor, venha e habite o meu corpo, a minha mente, o meu intelecto, e se
torne um comigo, de forma que ninguém possa dizer que Você é um e eu, outro.")

O assunto principal deste Sankalpa trata da completa unidade com o Deus


Absoluto, através do qual se segue o fim da ignorância, assim como o recebimento
do Conhecimento. Existem dois caminhos bem conhecidos para um humano se
elevar. De acordo com os pensamentos do Sankalpa, se o indivíduo pode se
expandir além das suas limitações, e se tornar um com o Ilimitado, então ele pode
ser transformado e realizar Deus. Mas este caminho é muito longo, assim como
excessivamente difícil. Então, novamente, a entidade humana deveria buscar
organizar seus objetivos de uma maneira bem equilibrada, para que sua
transformação divina possa ser alcançada, com o passar do tempo. O Rishi não
recusa este método, e tampouco recusa sua grande dificuldade assim como
grande demanda de tempo.

Para simplificar a dificuldade e a raridade de perfeição deste caminho, ele introduz


uma via diferente de prática espiritual, afim de iluminar as pessoas. Esta é apoiada
sobre o conhecimento de que todos esses "obstáculos divinos" vêm do próprio
Paramatma, e estão unidos ao destino desta criação. Para um ser mortal, tentar
acabar com eles por seus próprios meios é muito difícil, assim como muito raro.
Para acabar com esses "obstáculos divinos", que pela forma da ignorância têm
capturado os seres humanos, o mais simples método é chamar por Ele. Pela Sua
vinda, essa rede de ignorância é automaticamente removida. Ela é transformada
de uma forma natural em divindade e luz.

Para receber a luz da Realização, devemos ir nós mesmos ao Senhor da


Sabedoria, nos entregarmos a Ele e chamar por Ele. Esse chamado, essa oração
que está na forma do Sankalpa, é nosso pedido legítimo, é nosso próprio dever.
Nós temos o direito de chamar pelo Senhor da Sabedoria para remover aquela
ignorância e adquirirmos imortalidade. Por esta razão, eu coloco grande ênfase
para que você tome este Sankalpa e reze. Através daquela prece e deste
Sankalpa você, assim como a sua nação, irão conseguir entrar em um futuro
abençoado.

Existe uma declaração nos Vedas, que toda criança, todo jovem deveria se tornar
bem informado. Então a nação pode se tornar autossuficiente. Sem conhecimento,
sem um intelecto baseado na realidade, o futuro de uma nação é encoberto pela
escuridão. O Conhecimento tem que descer até a consciência de todo cidadão.
Este é o pedido.

O estado em que a Índia se encontra atualmente tem como sua única causa os
véus de ignorância que encobriram as consciências das pessoas. Até que o
Conhecimento não alcance a soberania, a Índia permanecerá sempre degradada,
como um mendigo.

Na Índia antiga, os Rishis e Visionários tinham visto claramente essa verdade. Por
esta razão, os sábios indianos insistiam que, junto com o desenvolvimento exterior,
o desenvolvimento interior precisa que ter lugar, por que o futuro de qualquer
sociedade ou nação depende da consciência dos seus cidadãos individualmente. A
consciência do povo indiano tem sido tão influenciada pelo ocidente, que ela
renunciou sua fonte raiz, e agora eles buscam por soluções para suas questões
dentro do entendimento e explicações estrangeiros. A Índia terá que estabelecer as
tradições, ideias e Verdade dos antigos Rishis novamente. Somente então a Índia
será capaz de se tornar novamente "Aryavart", o lugar dos Nobres. Para o
progresso do ser humano, o desenvolvimento do nosso Atman [alma, ou sopro
vital] é uma condição necessária. Sem o seu desenvolvimento e iluminação, o
futuro de qualquer país não pode ser brilhante e luminoso. A agitação
permanecerá, disputas e conflitos sempre ocorrerão.

É por isso que eu peço a todos os jovens e outras pessoas da Índia, que, lado a
lado com o seu progresso material deve acontecer o seu desenvolvimento e
iluminação interior, para que então o verdadeiro sentido da vida e do mundo possa
ser realizado.

No passado, a Índia percebeu essa Verdade e viveu por ela. O progresso dos
elementos espirituais é o desenvolvimento do poder humano.

Para uma nação poderosa, e uma sociedade progressista, o Conhecimento


espiritual e o desenvolvimento das pessoas é uma condição necessária. Sem
completar isso nenhum indivíduo, raça ou nação pode ser poderosa ou próspera.

Na segunda etapa do Sankalpa, eu não estou falando sobre a destruição das


tendências maldosas. Não perca o seu tempo removendo-as! É certo que você
está cheio de desejos, cheio de pecados e de caráter baixo. O que quer que você
seja, você é. Não pense em mudar isso. Aonde quer que você esteja, fique aí e
chame por Deus, seja receptivo à Sabedoria. Na vinda de Deus e no recebimento
da compreensão a natureza inferior irá partir por si mesma. Automaticamente a
mudança irá se iniciar em você, naquele próprio nível. Você não precisa tentar
controlar isso. Não há nenhuma necessidade de ficar embaraçado com a paixão
que se torne agitada dentro de você, que você arda pelo fogo da cobiça, enquanto
a raiva permanece estribuchando dentro de você dia e noite. Todos esses sinais
impuros fazem a vida cheia de escuridão.

Tentar aprimorar ou controlar essas tendências é algo limitado, porque nossos


esforços e práticas são limitadas pela nossa própria natureza. Se você continuar a
fazer esforços, você irá gastar o seu tempo em lutar, e não há garantias de que o
controle ou a disciplina devam surgir. É incerto que você seja bem-sucedido em
pará-las.

Mas é certo que, de qualquer nível em que esteja, se você chamar desde este
lugar pelo Senhor da Sabedoria, você começará a perceber a transformação em si.
A sua vida começará a se tornar disciplinada e autodominada.

Para trazer controle e disciplina para sua vida, é necessário que a consciência de
Deus desça. Permita que a Sabedoria venha, pois estando sob o véu da
ignorância, toda disciplina, todo autodomínio é apenas um produto da ignorância. É
por isso que no Sankalpa é dito que, desde onde quer que você se encontre, neste
mesmo lugar, renda-se ao Senhor. Ele há de transformá-lo totalmente. Apenas
pela Sua vinda os seus véus da ignorância serão dissolvidos. Todas as suas
tendências pecaminosas e inferiores irão se transformar em uma natureza superior
e divina. Recebendo o suporte de Paramatma, aonde quer que você esteja, neste
mesmo ponto, invoque-O. Ele certamente virá, e através da sua transformação Ele
irá fazer de você a Si Próprio. Para isso você não precisa ir para a floresta, nem
para uma caverna. Onde quer que esteja, chame daí. Ele certamente irá ajudá-lo, e
sua vida e ambiente se tornarão belos e alegres.

III. Oh Senhor, venha na forma de Annapurna Lakshmi, e nos dê a


luz natural!

Se você compreender essas palavras apropriadamente, então entenderá o que é


Deus, o que é a vida, e qual é a forma material da vida. Essas linhas dão uma
descrição verdadeira dos elementos materiais, que estão situados na superfície da
vida.

No desenvolvimento da vida humana o equilíbrio total entre o externo e o interno,


material e espiritual, é possível somente através da Autorrealização. Este trecho
nos mostra a conexão entre a ilusão e a real e verdadeira forma de Deus.

Na primeira metade do Sankalpa, é feito o pedido por controle e disciplina internos.


É feito um pedido por conhecimento e devoção, porque através do conhecimento e
da devoção nós deveremos ser capazes de conhecer e compreender nossa
natureza espiritual e essencial.

Neste trecho, o Rishi nos indica a natureza de Annapurna Lakshmi, que é a


essência suprema da criação de Deus, a forma manifestada da verdadeira Luz, e
um membro do Ser Supremo. O Rishi experimenta sua própria Luz na forma dEla,
e quer, com o poder do seu Sankalpa, através do seu chamado e oração, trazer
Sua assistência, pela prosperidade de toda humanidade.

Essas linhas do Sankalpa são muito preciosas para a vida humana. Esta é uma
prece para a conexão do mundo material com o divino, e para transformá-lo dentro
da divindade. Na primeira metade do Sankalpa, a oração é para Paramatman
descer ao nível humano e nos elevar. Da mesma maneira, nessas linhas o pedido
é feito a Deus para que venha na forma de Annapurna Lakshmi, e permita Sua Luz
natural fluir através dEla.

Annapurna Lakshmi é a energia da parte material da vida. Ela sustenta as coisas


que são necessárias para o corpo e são manifestadas pela Sua forma. O Rishi não
pode negligenciar as necessidades vitais da parte material da vida, porém ele
também percebe claramente o lado divino dela. Para a manutenção do corpo, bem
como de suas funções correspondentes, Paramatman manifesta-se na forma de
Annapurna Lakshmi, e o visionário ora a Ele, para que permita à Luz divina natural
descer nessa própria forma.

Se nós pensamos na forma de Annapurna Lakshmi apenas para ganhos egoístas e


acúmulo de bens materiais, ao invés de para Sabedoria e Verdade espiritual, então
isso se torna muito prejudicial. Se isso acontece, então a vida se torna cheia de
maldades como luxúria, raiva, cobiça, inveja, falsidade, roubo, etc. A felicidade
material assim como o progresso espiritual se tornam impossíveis. Os karmas ruins
de muitas vidas são estendidos, e o apego da pessoa é fortalecido.

Portanto, a forma iluminada da natureza, isto é, Annapurna Lakshmi, deve ser


conquistada na vida humana, aquela forma divina que é a Verdade, o
Conhecimento, e a Luz natural de Paramatman. Nessa forma jaz o bem-estar de
toda humanidade.

O todo-poderoso Paramatman, brilhando na forma de Annapurna Lakshmi, traz a


abundância, de tal modo que não há falta de coisas na criação do mundo. Sem
Paramatman não pode haver existência, enquanto que com Paramatman não pode
haver ausência de existência.

"Na Sato Vidyate Bhavo, Na Bhavo Vidyate Satah" (Bhagavad Gita)

Que significa, “aquilo que é verdade não pode ser inexistente, enquanto que o que
é inverdade nunca pode existir.” Portanto, através da conexão com a Luz de
Paramatman, a ausência de Annapurna Lakshmi é completamente impossível.

Na conjuntura atual, se tornou muito necessário para os materialmente prósperos


compreenderem este significado. O objetivo das pessoas nesta era moderna da
sociedade se tornou ganhar dinheiro de alguma maneira, através de meios
enganosos e usá-lo para diversas satisfações de caráter moral ou imoral. Neste
tempo de crises, não há outra saída a não ser viver com Consciência Divina e dar
forma a este Sankalpa.

Paz e liberação, assim como prosperidade, estão contidos na visão toda


penetrante deste grande santo Sachcha Baba, e, para fortalecer o Sankalpa, ele
revelou um Mahasutra (grande mantra), que transforma e traz consolidação ao
mundo:

"Ab Mahaamaaya Bhi Parmaatma Kaa Prakaash Karegi"


(Agora Mahamaya, Grande Mãe da criação, liberação e ilusão, que possa nos
mostrar também a Luz de Deus.)

Até hoje, de acordo com a história ancestral, a Mãe Natureza (Prakriti), que é uma
parte da manifestação de Paramatman, tem colocado um véu sobre nossas vidas.
É certo, de acordo com este Sankalpa, que Mahamaya irá agora contribuir de uma
maneira positiva, desistindo de colocar véus e abrindo caminhos para a Luz de
Paramatman.

Em sua meditação, Sachcha Baba fala através de sua voz interior para Mahamaya:

"Oh Mãe, possa Você mesma agora sustentar a Verdade, mostrar-nos a Luz da
Verdade, e tornar essa criação livre de egoísmo. Se a Luz não vier através de Ti,
ela não conseguirá vir de forma alguma."

A transformação da Natureza em um nível grosseiro, cósmico, se torna possível


através de uma transformação inicial em um nível mais sutil, interno. Dessa
maneira, a transformação da Natureza já foi assegurada pela "voz interior"
mencionada acima. A única necessidade é chamar pela Compaixão e rezar, e esta
responsabilidade é sua e minha. É a responsabilidade de todos! Sachcha Baba nos
mostra o caminho, e ele nos garante que a própria Mãe Natureza irá cooperar, bem
como trazer libertação para nós. Agora é o nosso dever chamar e rezar para Ela
nos trazer essa mudança necessária, o mais cedo possível. Nós também temos
que trabalhar para isso se manifestar, rompendo os nossos vínculos dos apegos,
firmando-nos na Verdade e despertar.

IV. Varan Ashram, o sistema de ordem Védico e os estágios da vida

O quarto passo do Sankalpa é produzir um fluxo e evolução organizados para a


vida e o mundo, e finalmente alcançar a perfeição material e espiritual. A principal
instrução deste quarto passo é que a essência da raiz da vida e do mundo é uma
parte de Deus. No tempo da separação, isso permanece latente em uma forma de
semente. Portanto, sendo uma parte de Paramatman, este mundo também é
verdadeiro e eterno. Dessa maneira, neste mundo verdadeiro e eterno, sua
organização verdadeira e eterna só pode advir a partir do supremo e imperecível
Ser.

Através dessas linhas, o Rishi revela a unidade de Deus e o mundo, e reza pelo
seu correto arranjo.

O sistema védico de Varanashram é baseado em uma divisão gradual do trabalho


(de acordo com as qualidades naturais e inerentes de cada pessoa). Colocando
isso em prática de forma apropriada, o indivíduo e o universo progridem
materialmente e espiritualmente. No Bhagavad Gita, você encontra as seguintes
palavras:

"Chaturvranyam Maya Srishta Gunakarm Vibhagasha"


(Eu criei as quatro ordens de acordo com as tendências e qualidades naturais.)

No Rig-Veda, no Purusha Suktam, é revelado que todas as quatro ordens advém


dos membros do Ser Supremo:
Da sua boca veio o Homem Espiritual.
Das suas mãos vieram os Reis e Combatentes.
Das suas pernas vieram os Homens de Negócio.
Dos seus pés vieram os Homens Servidores.

Ao analisar o sutil sistema social védico, através dessa forma, se torna claro que as
quatro ordens se completam umas às outras, da mesma maneira que os membros
separados do corpo se complementam, e também que cada um se torna muito
importante em seus próprios lugares específicos. Se um deles fica ineficiente, o
corpo inteiro se torna aleijado e, além disso, um não pode tomar o lugar do outro.

Na organização védica, a criação e divisão das ordens e estágios da vida foram


realizados de acordo com a tradição. Colocando isso dentro da prática correta, o
homem e a sociedade podem progredir economicamente, socialmente e
politicamente.

De acordo com este arranjo, nenhuma ordem deve ser invejosa das outras, e
ninguém deseja ferir o outro. Ninguém pensa no outro como inferior, porque todos
são os membros daquele Ser Supremo, e o trabalho de todos é vitalmente
importante. Todos são igualmente necessários.

Nos tempos modernos, as pessoas dizem que este sistema ancestral de castas é
como uma lepra para a sociedade. Devido a isso, nossas mentes e corações estão
divididos, e nós tratamos uns aos outros com raiva. Devido a isso, nós caímos, e o
resultado é que a nossa unidade e progresso social e político se degeneraram ao
nível mais baixo.

Se aquele que se diz um líder em uma sociedade olhar para dentro de si, e nós
olharmos para nós mesmos, as seguintes questões emergirão:

"É mesmo o sistema Védico que tem nos jogado em um estado inferior? Ou somos
nós mesmos, com nossas tendências, nossas invejas, apegos e egoísmos, quem
temos nos colocado nessa condição penosa? Por termos alterado o sistema
Védico de acordo com as nossas próprias tendências maldosas, ele tem sido
distorcido. E quando o degeneramos completamente, ao invés de analisarmos a
nós mesmos, para nos elevarmos mais alto, nós começamos a difamar o sistema
Védico. Nós demos o lugar mais elevado para o egoísmo e o apego. E nos
esquecemos de Paramatman, quem criou o mundo, que é o Diretor e Organizador
de toda a existência, e que vagueia felizmente dentro de todos.

É claro que o sistema de ordem Védico, corretamente seguido, não nos divide, mas
nos une, assim como oferece a todos um lugar especial. Este não cria raiva em
nós, e sim traz amor. Ele não nos ensina a competir cegamente, apenas cria uma
sistemática divisão do trabalho. Ele não nos torna inútil, gerando desemprego, ele
garante o emprego.

Até que ponto os chamados pensadores modernos conseguiram equilibrar essas


ordens da sociedade? Esta é a questão urgente! Não estão eles encorajando o
desemprego, e junto a isso uma falta de educação, problemas de trabalho, fome e
distúrbios sociais? Chegou o tempo em que devemos começar a refletir sobre isso.

Agora não podemos esperar e simplesmente fecharmos os nossos olhos. Em vez


disso, devemos nos tornar auto-introspectivos. Não existe uma estrutura de classe
no sistema técnico e social de hoje? Sim, existe, mas esta difere apenas no nome.
Satisfazer ao falso ego, espalhando desordem social, e deteriorando o sistema
ordinário dos seres humanos e da sociedade, este é o trabalho de pessoas
irresponsáveis, que são obrigadas a desafiar a existência de Deus. O verdadeiro
Sankalpa de Sachcha Baba irá nos conceder proteção contra essas desarmonias.
Nossa oração é para que a sociedade e a criação sejam gradualmente e
naturalmente organizadas, através da Consciência Divina, de acordo com o
sistema Védico de Varanashram. No voto sincero de Sachcha Baba, a luz do
próprio Paramatman se tornará a conciliadora da criação.

Estudiosos védicos tem dividido a vida humana em quatro fases, que são
denominadas "ashramas", para o mais elevado desenvolvimento dos humanos:
Brahmacharya Ashram (estágio de celibato e estudos)
Grihastha Ashram (estágio de chefe de família)
Vanaprastha Ashram (estágio de morador da floresta)
Sannyasa Ashram (estágio de renunciante)

Brahmacharya Ashram é o alvorecer da vida humana, seus primeiros vinte e cinco


anos. Neste tempo, um humano adquire e acumula a necessária energia material e
espiritual, para toda sua vida. Durante este período o humano pratica celibato e
estuda os Vedas e os Vedangas (membros auxiliares dos Vedas). Em nosso
ambiente moderno, estes pensamentos são comprovadamente muito úteis.
Quando um humano está no início de sua vida, ele adentra na sagrada tarefa de
reunir todo tipo de conhecimento.
De acordo com o sistema Védico, o segundo estágio é Grihastha Ashram, a vida
de chefe de família, quando um humano acumula todas as coisas mundanas e
goza delas dentro de um caminho moral. A vida de chefe de família deve ser o
centro de todos os estágios, já que ela oferece o lugar para a criação da vida e da
educação infantil.

O Vanaprastha Ashram representa o pôr do sol da vida humana, e dá o suporte


para a elevação do Atma (alma individual) através da dedicação aos pensamentos
e tendências sublimes, e na entrega de ambos o interior e o exterior aos Pés de
Paramatman. Neste estágio, o humano renuncia, até um determinado ponto, ao
mundo material, e entrega a si mesmo para a meditação e contemplação em Deus.

Sannyasa, a última fase, conduz ao perfeito desapego da matéria, do corpo


perecível, à liberação do renascimento, assim como ao profundo contato e
proximidade com o Ser Supremo. Nesta fase, um homem se torna totalmente
desapaixonado pelo mundo, e vagando de um lugar para o outro, dedica sua vida
ao foco dos seus pensamentos sobre Deus.

No Sannyasa Ashram, a pessoa dedica seus esforços para a transformação da


miséria dos humanos, das condições lamentáveis da velhice, e do medo da morte,
em valores mais elevados, e contempla a verdadeira natureza da criação.

Está claro que, a partir da descrição acima do sistema de ordem Védico, um


grande método é revelado, capaz de trazer progresso e sucesso aos valores
materiais, morais e espirituais das pessoas, e garantir o bem-estar de todos os
seres. O método que os homens criaram por seu próprio intelecto não conseguiu
trazer os resultados esperados, que eram desejados para si e para a sociedade.

Através de uma detalhada análise, nós compreenderemos que o ponto central


deste método é Paramatman. Voltando-se para Paramatman, meditando e
aprendendo a filosofia da vida, este é o principal fluxo deste caminho. De acordo
com este método e suas práticas, foi feito um esforço para seguir as regras e
princípios como eles são, mas por falta de sorte, o véu das tendências maldosas
ocultaram a raiz da criação, a Consciência Divina. O corpo deste distorcido método
Védico perdeu o seu espírito e morreu. O esforço para preservar o corpo morto deu
origem a muitas ações erradas e seus maus cheiros, e em algum momento o
espírito do sistema Védico ficou adormecido. Com isto, o ser humano foi forçado a
viver uma vida doente, partida.
A Consciência Divina, bem como o fluxo de tempo, não dependem de qualquer
sociedade ou cultura. Eles nunca esperam por nada. Se você não estiver alerta, a
consciência material deste tempo irá varrê-lo longe, e a consciência de Deus será
estabelecida de uma maneira diferente.

Sachcha Baba disse: "Nas profundezas da minha meditação e indescritível estado


de Samadhi [estado de comunhão com o Absoluto], eu compreendi este fato como
uma eterna Verdade. Eu reconheci isto e prometi reestabelecer o sistema Védico
de Varanashram, na sua forma eterna." Esta sutil realização colocou o esboço para
a sociedade futura. Nós somos todos brinquedos de Deus, Ele joga conosco como
gosta. Quando nós rezamos para Ele e O invocamos, Ele coopera conosco. Nós
recebemos pensamentos inspiradores e nos tornamos capazes de nos transformar.
Nosso benefício supremo reside nisso. De outra forma o espírito deste tempo irá
nos agarrar e nos moldar de acordo com os seus próprios padrões. Este é o meu
alerta. Atualmente, o sistema de Varanashram oferece um novo caminho,
colocando a Consciência Divina no centro e sistematizando a visão da sociedade.
Dentro e fora deste método deve haver a Luz de Deus. Este é o nosso voto, e esta
será a forma futura da criação.

Tulasi Das escreveu no Ramayana sobre Varanashram:

"Varanashram-nij-nij-dharam, nirat-ved-path-log
Chalahi-sada-pavahi-sukhahi, nahi-bhaya-shok-na-rog"

("Por viverem através do sistema de Varanashram e serem engajadas no caminho


dos Vedas
As pessoas eram sempre puras e alegres, sem medo, sem sofrimento, sem
qualquer doença.")

V. Oh Senhor, acabe com o jogo do sofrimento, e ilumine o jogo da


alegria

Na primeira metade do Sankalpa é dito: "Oh Senhor, Tu és tudo e estás em todos


os lugares, por isso, depois de entrar em todos e em todas as coisas, traga-nos a
sua própria Luz". As pessoas, pelos seus próprios esforços, não podem ser tudo e
ter todas as coisas, mas após se fundirem em Paramatman, elas podem ser. Por
isso, através da graça de Paramatman, a alegria e a paz de tudo e todas as coisas
se tornam possíveis. No Sankalpa é dito: "He Paramatman, o Vosso trabalho deve
ser feito pelo Senhor, porque este "eu" surgiu por meio de ambos o Senhor e Seu
trabalho. Este "eu" surgiu a partir do ego e por isso no final do Sankalpa, para a
manifestação do Senhor, a dissolução do nosso ego está ocorrendo. Aonde quer
que estejamos, nós devemos nos colocar naquele lugar, e chamar por Ele, até que
Ele venha em tudo e em todas as coisas, até que Ele venha dentro da gente, e
complete (realize) Sua manifestação. Sua manifestação (presença) já está aqui,
nós apenas precisamos nos tornar conscientes dEle, nós apenas precisamos
percebê-Lo.

Neste Sankalpa, esta é a oração: "He Paramatma! É Você mesmo quem deve nos
trazer a Sua Consciência; Você mesmo é quem deve ocupar-se do Seu trabalho.
Eu sou apenas um instrumento, Você é a causa, assim como o realizador".

Se você vir este Sankalpa, irá compreender que após o pedido por Conhecimento
ser feito, no começo, a existência individual (Jiva), bem como os objetivos pessoais
que se colocam entre Jiva e Paramatman, precisam ser removidos. Em outras
palavras, nós devemos aniquilar o nosso ego. Nós temos que nos destruir. Para
nos perder. Após nos destruir e nos perder, Aquilo Que É irá brilhar em sua própria
Luz.

Dessa maneira, após ler este Sankalpa e contemplá-lo diariamente, siga realizando
o seu trabalho. A luz do sol nasceu na Índia para uma humanidade feliz. Para uma
Índia feliz, para uma humanidade feliz, você e eu juntos devemos determinar este
ideal. Esta é a vontade de Deus, e este é o meu voto e meu trabalho.

•••

Nós todos somos crianças deste Paramatma universal.

• Se a sua perspectiva muda, toda ação se torna um ato de adoração. Você vai
começar a ver Deus em todas as partículas da terra, e as tendências inferiores
serão automaticamente removidas.
• O primeiro passo da Perfeição espiritual é renunciar ao egoísmo, seja ele sutil ou
denso.
1 Karma Kanda
E sua utilidade no mundo

A origem de todas as nossas ações, assim como suas conclusões, é Bem-


Aventurança. A Bem-Aventurança, de fato, é este Ser Supremo, em busca do qual
realizamos diversas ações e dharmas (disciplinas). O homem, através de todas
essas ações, continua procurando essa Felicidade, que tem estado separada dele.
A transformação final e destino de todo trabalho é este Êxtase, e os pensadores
indianos deram a esta disciplina de trabalho uma forma muito definida e bem
estabelecida. A esta disciplina de trabalho nós chamamos de Karma Kanda. A este
trabalho que, sem causar apego ou nó, nos conduz para nossa própria fonte e nos
garante um lugar no Ser imortal, não manifestado, e imóvel, nós o chamamos de
trabalho divino.

O funcionamento dos desejos humanos é tal que, pelos seus próprios movimentos
circulares, eles sempre permanecem ativos. Na jornada humana, a principal causa
de todo sofrimento é realmente nosso próprio desejo. Enquanto o homem for
desejoso, fica muito difícil de alcançar, bem como compreender, este estado de
não-desejo.

Desejos são como uma circunferência, dentro do qual a roda humana se mantém
girando. Os Rishis indianos olharam para esta esfera de desejos e, para nos
erguer, eles nos apresentaram um método e tradição definidos.

Toda a essência do Karma Kanda é esta, que nós alcancemos uma condição tal,
em que a ação automaticamente se torna não-ação, e nos libertamos do vínculo do
apego, bem como não-apego. Um estado aonde o homem há de respirar livre sob
o céu desapegado, e há de trabalhar naturalmente, de acordo com a sua própria
natureza.

O trabalho que é natural, dedicado, simples, altruísta, firme, é mesmo trabalho


divino. Os Rishis indianos transmitiram um sistema definido para a divisão de todo
trabalho. Nesta tradição verificada, Yaghya (Sacrifício) surgiu. Sacrifício se torna o
trabalho pessoal do homem, bem como o esforço para o bem-estar de todos e pela
ascensão da sociedade; então o indivíduo não trabalha para si próprio, mas pela
saúde da sociedade. É um trabalho tal, no qual se confia plenamente, que o
Senhor está tão perto do meu trabalho quanto eu, e ao entregar todo o nosso
trabalho para este Sacrifício [Sacro-Ofício], esta ordem cósmica suprema é
alcançada, que é a Essência de todos os Sankalpas.

A mentalidade de Varanashram é que para todos Varnas (ordens sociais), o


sacrifício é um método definido e verificado. Os métodos podem ser os mais
diversos, mas a nobre instrução de Yaghya é uma. Tendo feito nosso próprio
esforço, nós o entregamos a este Poder invisível, que deve ser o mestre do nosso
trabalho, e pedimos perdão pelos erros que já tenham sido cometidos, enquanto
permanecemos sempre obedientes. Esta é a nobre instrução do sacrifício.

Para a proteção da tradição indiana, o sacrifício é tão necessário, assim como sem
o homem não pode haver a imaginação de nenhuma teoria. Assim como isso, sem
sacrifício, qualquer teoria do trabalho seria inútil. O homem é um ser obediente, o
trabalho é a sua natureza e destino, a existência do homem é raramente vista sem
trabalho. Neste vasto campo de ação, o homem se tornou tão mecânico com o seu
trabalho, que ele se esqueceu desta instrução básica.

Os Rishis indianos que têm nos guiado neste curso, agora insistem que nós
devemos retornar, para onde a imortalidade do homem está. Neste mundo efêmero
cada ação é como um "pindh", isto é, comida oferecida para o morto. Nesta
perecibilidade, a imortalidade não pode ser possível até que nos elevemos do nível
do trabalho ocasional e impermanente, para o estado de permanente e constante
trabalho.

Neste mundo impermanente, buscar pelo permanente, através das nossas próprias
ações, é a nossa mais elevada instrução de trabalho. Ao método para a conquista
desta permanência, nós o chamamos de "Yaghya", isto é, sacrifício. Um trabalho
progressivo e saudável é necessário. Enquanto o nosso trabalho é doentio, incerto
e desassossegado, o desenvolvimento e iluminação da nossa nação não é
possível, porque a ascensão de qualquer nação está atrelada à ascensão de seus
cidadãos.

Dessa maneira nós percebemos que, para uma nação saudável e independente,
cidadãos e indivíduos saudáveis são necessários. Para um indivíduo saudável, é
necessário que seu trabalho seja saudável, o qual é dependente de ações
desenvolvidas e progressivas, e essas ações são dependentes de uma
mentalidade evoluída e prática.

O controle dessa mentalidade prática acontece através do sacrifício. Se as nossas


ações são apropriadas e bem ordenadas, então através dessas ações o trabalho
realizado deve também ser apropriado e bem ordenado, e para controlar este
arranjo adequado das nossas ações, nós realizamos sacrifício. Na base de uma
análise apropriada, nós vemos que todo o nosso trabalho se origina do Sacrifício e
se dissolve no Sacrifício. Por esta razão, os Rishis deram suprema insistência a
que, enquanto o sacrifício permanecer na Índia, o modo de vida indiano deverá
permanecer sempre em seu incontestável progresso.

A situação atual, na qual há um estímulo em direção a uma forma de trabalho


irregular e egoísta, tem como sua principal causa a ausência de sacrifício em
nosso trabalho. Costumes, morais, evolução, uma nação desenvolvida..., o domínio
de todos estes aspectos é possível através do sacrifício. Por isso, todo indivíduo
indiano, após permanecer fiel em relação ao Dharma definido de sua própria
posição social, deverá realizar aquele sacrifício. Se nós quisermos que nossa vida
social e nação se tornem prósperas e afirmadas, então em nossa vida pessoal,
bem como social, um lugar para o sacrifício deve ser dado.

•••

• Faça japa, faça tapasya (austeridade), faça meditação, faça qualquer coisa que
você goste, mas faça isso para a sua realização em Deus. O propósito verdadeiro
de todas as práticas espirituais é realizar-se em seu próprio Ser.
• É a mente que enxerga alguém como mau, e alguém como bom. Porque esta
mente não vê Deus em todas as pessoas? Esta é a nossa fraqueza. Em Seu
aspecto todo penetrante, Ele está em todas as formas.
• Nós não precisamos fechar os nossos olhos, nós não precisamos assolar a
nossa mente. Nós precisamos apenas voltar nossos olhos e mentes em direção a
Deus.
1 Havan
Cerimônia do fogo

Esta cerimônia é realizada para prover o mundo com alimento e riqueza. O fogo é
a boca de Deus, consumindo nosso oferecimento na forma de mantra e ítens
consagrados ao Havan. Ela é usada como um símbolo para a completa
transformação do material para o éter. Esta é uma prece para a Autorrealização de
todas as pessoas. Que todos se tornem iluminados, recebendo a graça de Deus.

•••

Para o Havan diário você precisa de esterco de vaca seco, cânfora, um pequeno
vaso para água com uma pequena colher, flores, incenso, pasta de sândalo, uma
lamparina a base de ghee [manteiga clarificada], prasad (açúcar, doces). Samagri
(250mg de cevada, 500mg de arroz, 1000mg de sésamo preto, 100mg de açúcar, e
100mg de ghee misturados), e um maala. Para um Havan especial: mauli (fio de lã
vermelho), janeu (fio de lã branco, o símbolo de Brahman), frutas, folhas de
bételes, cardamomo, cravo, grama durv e leite panchaamrit, coalhada, ghee,
açúcar, mel misturados.
1 A explicação de "Prabhu Aap Jago"

"Prabhu Aap Jago, Parmaatma Jago


Mere Sarva Jago, Sarvatra Jago,
Sukhanta Ka Khel Prakaash Karo"
(Senhor, desperte! Deus, desperte!
Desperte em mim, desperte em todos e em todos os lugares.
Ilumine o jogo da alegria.)

O homem é um ser sensível, que primeiro de tudo percebe e comunica suas


emoções. Fosse a linguagem sem emoção, ou fosse a emoção sem linguagem,
ambas as duas seriam sem sentido para o homem. A utilidade e evolução da
linguagem tem certamente como sua raiz as emoções e a simpatia. Em outras
palavras, podemos dizer que a manifestação e evolução da linguagem se torna
possível através das emoções, porque o homem não é nada mais que um ser
emocional.

As emoções, após desenvolverem-se, podem se tornar uma com a Verdade. Na


história humana, o mais evoluído estado das emoções é chamado oração. A
oração se manifesta para fora do coração do mundo emocional, e neste Coração, a
encarnação de Narayana reluz, para conduzir Seu Jogo divino. Uma oração é nada
além de um pedido que acontece de Deus para Deus. O devoto entra nas
profundezas do seu ser, desejando alcançar a aproximação com Deus, e neste
encontro, bem como nesta separação, qualquer sentimento que emerge no
Coração do devoto, nós os chamamos de oração.

"Prabhu Aap Jago, Parmaatma Jago" é falado de Deus para Deus. Para a
ascensão de todos, para o bem-estar dos humanos e o estabelecimento de novos
valores na sociedade, quando Deus sentir que isto é necessário, ele aparece entre
nós na forma de um Santo, trabalhando pela liberação de todo o mundo, e rezando
por Si próprio pelo estabelecimento desses valores. O visionário deste grande
mantra, o Santo Sachcha Baba, encarnou somente para realizar esta prece. Tendo
encontrado o Senhor dentro dele mesmo, e tendo conquistado essa consciência,
ele começou a despertar Deus em si mesmo. Tendo visto esta divina forma sendo
esquecida, ele começou a cantar por si próprio "Prabhu Aap Jago, Parmaatma
Jago". Quando o visionário viu que todo o mundo, que é uma forma de Deus, caiu
em adormecimento, sua mente ficou preenchida e transbordante de compaixão e
gentileza, para despertá-Lo. Isso não aconteceu apenas uma, mas várias vezes.
Vendo o Senhor, a causa de todo o mundo, adormecido, um Rishi védico sussurrou
este mantra:

"Uttishthat Jagrat Prapya Varannibodhat"


(Desperte, levante-se e vá em busca das pessoas sábias.)
Cheios de compaixão, os grandes Visionários começaram a despertar seus filhos e
filhas divinos, dizendo: "Oh meus filhos e filhas adormecidos, despertem, ergam-se
e vão às pessoas sábias, e recebam o Conhecimento divino delas."

Esta linha de Rishis continua no tempo presente com o grande revolucionário


Santo, Sachcha Baba. Ele se liga a esta afinação com sua sintonia e nos desperta.

"Prabhu Aap Jago, Parmaatma Jago"

Da mesma maneira que o Rishi do Upanishad, ele tentou nos acordar. Não é
possível que a nossa dor e sofrimento não alcancem o coração dos Rishis. Neste
período do tempo, este sofrimento alcançou o Coração de outro santo
revolucionário (Tulsi Das), e ele próprio, compartilhando deste sofrimento, começou
a cantar:

"Moha Nisa Sab Sovan Hara


Dekhahi Swapn Anek Prakara"

"Todo mundo é arrebatado pelo sono da paixão,


Vendo sonhos de muitos tipos diferentes"

Então, Tulsi Das começou a dizer que este é um sonho de paixão (Moha), que este
é um mundo de desejo, e todas as suas criaturas adormeceram. Todos os seres
estão no mundo dos sonhos. Aqueles cujo sonho tem sido rompido, aqueles que
têm ido além do sonho, e aqueles que romperam com seus vínculos aos apegos,
eles começaram a olhar em direção a você. Os Rishis, vendo você dormindo,
começaram a sentir grande compaixão por você. Eles reconheceram a sua
condição. Esses Santos viram que todas as formas são Deus, que toda a criação é
Deus e seu jogo, porém quando eles viram que você não está desperto, a
compaixão transbordou de dentro deles para acordá-lo. Seus Corações se
derreteram, e para iluminá-los, vocês que são mesmo uma manifestação de Deus,
eles começaram a rezar e chamar por Deus:

"Prabhu Aap Jago, Parmaatma Jago,


Mere Sarva Jago, Sarvatra Jago"

Aquele que é o Senhor do mundo se tornou o suporte do mundo, e, tendo


penetrado nele, começou a dormir. Quando dormimos, nós esquecemos de tudo.
Nós não lembramos de nada durante o sono – nome ou forma. O sono retira tudo
de você, sua cultura, sociedade e educação, e nada permanece além do sono. O
sono requer completa solidão, ele até requer a nossa inexistência. Ele não se
importa com a nossa roupa de cama, nem com o nosso corpo. Quando o sono
chega, ele arrebata a nossa consciência corpórea.
Este estado nós chamamos de sono. O sono é uma condição necessária para o
desenvolvimento da vida, e para a evolução da consciência. É uma necessidade
que nos dá bem-aventurança. Por isso, os humanos permanecem sempre ansiosos
para irem dormir. É assombroso, entretanto, que quando uma pessoa tenta dormir,
não é certo de que o sono virá. Quando o nosso esforço para dormir cessa, quando
nós não estamos fazendo nada mesmo, a mente começa a se tornar menos ativa e
somente então nós caímos no sono.

Dessa mesma forma é o estado ao qual chamamos "Samsara" (mundo de ilusão).


Tendo entrado neste Samsara, que é permeado de paixão e ódio, nós caímos em
adormecimento. Quando estamos conscientes deste Samsara, quando estamos
pervertidos e fascinados pela ilusão, então o Deus dentro da gente cai no sono. O
mundo (Samsara) é um estado similar ao estado adormecido. Quando nós
entramos nesse estado, nós perdemos a consciência do nosso próprio estado
natural.

Assim que a gente acorda do sono, entramos no estado de vigília. Quando nós
deixamos o sono, quando o corpo não tem mais qualquer necessidade disso, então
a gente acorda. Similar é o caso com o Samsara. Quando a desilusão aparece em
relação ao Samsara, quando nós compreendemos que ele é falso, de natureza
enganosa, nós começamos a crescer em desinteresse por ele. Logo que nos
tornamos desinteressados, logo que nos tornamos confusos e desconfortáveis com
o mundo, então a nossa consciência começa a olhar para outra dimensão. Quando
a corrente da nossa consciência se torna pronta para voltar-se para outra direção,
então nós entramos em um estado desperto, que está em um nível com
Paramatman. Neste estado, não existe Samsara, nem sua confusão, nem apego
ou repulsa por Samsara. Porque nós já compreendemos a sua real natureza.
Quem quer que tenha entrado nesse estado, quem quer que tenha alcançado este
lugar, tem realizado que toda criatura no Samsara está dormindo num sonho de
paixão, na noite do desejo. Esses Visionários da Verdade têm sido chamados
Rishis. Quando essas pessoas viram e compreenderam esta Verdade, eles foram
preenchidos pela compaixão, porque eles também estiveram dormindo, no
passado. No tempo passado, eles também estiveram nesta noite de ilusão. Por
isso sua compaixão foi natural.

Após ver sua Natureza, e ver seus irmãos e amigos próximos adormecidos, suas
mentes ficaram incitadas a encontrar todos estes que estão dormindo e despertá-
los. Assim como quando o Sol se eleva, e você começa a acordar o seu filho para
que ele atenda aos seus deveres, nossos Rishis e Visionários, após ver-nos
dormindo em paixão, eles nos despertam, e das suas bocas este canto vem à tona:

"Prabhu Aap Jago, Parmaatma Jago


Mere Sarva Jago, Sarvatra Jago"
O todo-penetrante Senhor, que esteve dormindo na sua e na minha forma, na noite
de ilusão, no estado de desejo, no mundo de falso apego, está sendo invocado:
"Oh, todo penetrante Deus, Você está em todos os lugares, Você é todas as
coisas. Você acorda em todo mundo, porque todos os nomes e formas são Sua
manifestação. Se Você tem acordado em meu nome e forma, então definitivamente
Você tem que despertar em outros nomes e formas."

Este é o choro dos Santos, que o todo penetrante Deus deva Ele próprio despertar,
porque, após vir através de você e eu, Ele caiu em adormecimento por si próprio.
Ele cresceu enfeitiçado. Ele se tornou mundano. Somente Ele é competente para
despertar a Si próprio. Ele tem o poder de se tornar desperto, é por isso que eu
estou falando disso. É por isso que, quando a Sua música chegou até mim, ela se
tornou o mantra da minha vida. Um mantra não é nada além de uma prece, um
chamado para Deus. Ele é dito de Deus para Deus.

Sachcha Baba disse essa história: "Uma vez eu fui até Jagannath, para ter o Seu
Darshan (visão do divino). Dentro do templo esta inspiração veio até mim, e
explodiu na forma de uma voz interior. Próximo a mim haviam algumas pessoas, e
vendo a sua pobre condição, eu comecei a cantar para Jagannath (uma forma de
Krishna)”:

“Jago Jago Jagannivas Ab Tum Jago Jagannivas


Jagannivas, Jagannivas, Ab Tum Jago Jagannivas”
(Desperte, desperte, Jagannivas, desperte agora!)

“Esta prece durou por toda a noite. A noite inteira eu estava chorando, um contínuo
fluxo de lágrimas estava vindo. Olhando para a condição do mundo e das pessoas
mundanas, o fluxo de lágrimas não cessou. Eu voltei para Allahabad, mas essas
palavras estavam ainda ecoando nos meus ouvidos. Em 1960, eu novamente
experimentei um fluxo de compaixão. Eu fiquei chorando e cantando. Eu estava
cantando para o Senhor, a causa do mundo, quem após vir entre nós, caiu em
adormecimento.”

"Pdabhu Aap Jago, Parmaatma Jago,


Mere Sarva Jago, Sarvatra Jago"

“Esta prece por si só se tornou um mantra pra mim. Lentamente as pessoas do


Ashram começaram a cantá-lo. Por três anos consecutivos, dia e noite, de 1960 a
1963, este Kirtan se deu. Naqueles dias, um devoto estava a meu serviço. Ele
sentiu em seu coração que este Kirtan deveria seguir por mais nove anos, e por
conta deste pedido, este Kirtan continuou ininterruptamente até 1972. Agora muitas
pessoas repetem este mantra, orando a Deus dentro delas próprias”:
"Prabhu Aap Jago, Parmaatma Jago,
Mere Sarva Jago, Sarvatra Jago"

Este é o meu pedido para aquele Ser Superior, que Ele deve por Si próprio
despertar. Ele próprio deve trazer Sua consciência até nós. O ser humano é muito
fraco e importente. Ele não pode despertá-Lo, mas Você, Senhor, Você é cheio de
poder, e é competente para romper com o ego no homem. Por esta razão, Oh
Senhor do Universo, vindo Você próprio até nós, nos conceda o conhecimento
desta vida e deste mundo, que foi feito por Você.

Sachcha Dham

No reino do Ser Superior tudo é divino, não há nada que seja insignificante. Não há
nada que possa ser deixado de fora, divina é toda a ação, todo o trabalho, toda a
qualidade e natureza, de fato tudo é divino mesmo. Pelo poder daquele todo
pervasivo Ser o mundo é criado, mantido, e no fim, dissolvido Nele. Todas as
ações do Ser Superior podem ser divididas nas seguintes partes: Nome, Forma,
Lila (jogo), e no fim Dham (Morada).

Iniciando pelo nome, o mundo inteiro se funde finalmente dentro do Dham. Todo
nome tem uma forma particular, e em toda forma, uma ação está vibrando, que
confere a ela sua distinta beleza. Se o Ser Superior é sem princípio, sem fim e
eterno, e se o Seu jogo é sem princípio e sem fim, então desta maneira o Seu
Dham também será sem fim, eterno e sem princípio. Nesta conexão, o jogo de
Sachcha Baba nos aponta em direção ao Sachcha Dham, cuja organização o
próprio Krishna, que é a vida dentro de todos, disse através de Sua sagrada boca
para Seu amado discípulo Arjuna.

"Na tadbhasyate Suryo na Shashamko na Pavakah |


Yad gatva na nirvatante taddham paramam Mam ||"

"Nem o Sol, nem a Lua, nem o Fogo podem iluminar aquele estado supremo auto
fulgente, atingindo ao qual nunca retornam a este mundo. Esta é a minha suprema
Morada.”
(Bhagavad Gita XV, 6)

No 15º capítulo do Bhagavad Gita, o Senhor Krishna explica a Arjuna sobre o seu
Dham: "Escute Arjuna, hoje eu gostaria de falar-lhe abertamente um segredo muito
grande, porque você dedicou a sua vida a Mim. As pessoas pensam que você é
aquele que recebe a minha graça especial, que você é entregue a Mim, e que você
tem renunciado a todas as coisas por Mim. Se Eu não lhe contar este segredo
hoje, então ele permanecerá sempre um segredo. Eu quero me iluminar ao dizer
isso para você, porque esconder um segredo de uma pessoa dedicada seria
desonesto. O mundo inteiro é meu campo de trabalho e é permeado por Mim. Mas
afim de dirigir as qualidades e natureza humanas, minha liberdade das qualidades
Dham está além de tudo isso.”

"Meu lugar central é aquele cuja a refulgência o mundo todo se ilumina. Não há tal
poder no sol, nem na lua, nem tal esplendor existe no fogo. A luz do sol, da lua e
do fogo não podem chegar lá, porque aquele lugar reluz seu próprio brilho. Minha
residência é naquele centro, por cuja circunferência a existência inteira é visível. Lá
é a minha Dham, Oh Arjuna. É um fato que Eu sou verdade, logo meu local
também é verdade. A morada da Verdade nunca pode ser falsa. Se existe Verdade
em Mim, então a luz da Verdade irá prevalecer em meu Dham e enquanto a
Verdade permanecer nele, um equilíbrio da Verdade também permanecerá no
mundo. O que quer que esteja em Mim, está presente no mundo inteiro. O que
quer que venha a ser em meu Dham, a mesma coisa, e nada mais, será no mundo
todo."

Em essência, essas verdadeiras palavras de Sri Krishna nos dão orientação para
este mundo mortal, tanto no denso, quanto no nível mais sutil. Nós teremos que
analisar isso. Um Senhor deste mundo, o Santo Sachcha Baba, estava em um
retiro em Lakshman Jhula. Ele apontou para este local e disse aos seus
companheiros: "Oh irmãos, este lugar também é nosso." Eu fui uma vez a
Dehradun no Navaratri para um retiro espiritual. Sachcha Baba foi para o norte
para algum trabalho necessário. Nós arrumamos um lugar em uma casa de um
devoto em Rishikesh. Naquela época eu nunca imaginei em criar um Ashram, e
não havia qualquer plano a este respeito. Eu vim também com alguns outros
devotos ao Sachcha Baba para ter o Seu Darshan. No contexto da sua fala ele
disse: "Oh Hans Raji, eu penso que nós teremos que estabelecer um centro em
Uttarakhand, que será um pilar de luz para o mundo todo." Essas palavras vieram e
se foram. Eu estava ficando em Dehradun na casa de um oficial. À noite, em meu
mundo interno, Sachcha Baba me mostrou uma imagem de Lakshman Jhula e
disse: "Oh Hans Raji, este lugar é nosso."

No dia seguinte eu fui com alguns devotos para onde o Ashram está situado hoje.
Eu fiquei no topo deste pequeno pedaço de terra e, repentinamente, memórias de
uma vida passada começaram a fluir. Meu coração se derreteu e minha mente
começou a dizer continuamente que este é o local aonde um dia a bem-
aventurança irá fluir. Nós produziremos uma árvore dos desejos satisfeitos cuja
sombra muitos peregrinos cansados descansarão e experimentarão bem-
aventurança. Após realizar um pequeno esforço, eu fui bem-sucedido e juntamente
com o meu Ashram, as crianças começaram a viver aqui, a fim de construir o
Ashram. O entusiasmo das crianças, e a inspiração de Sachcha Baba, ambos me
deram grande coragem, e automaticamente o Ashram estava terminado por si
mesmo.
Na companhia daqueles que são desapegados do mundo, outros que são de
mente semelhante vêm estar. A vida daquele que tenha renunciado o mundo é
cheia de sacrifícios. O desapego das crianças, e a renúncia da vida mundana,
fizeram dobrar a velocidade do trabalho. Quem sabe os caminhos de Deus, quando
e qual tipo de trabalho Ele irá nos requisitar. Por um lado eu estava chorando a
noite inteira pela elevação espiritual das crianças, e por outro eu estava
preocupado com a construção do Ashram. Então Sachcha Baba veio aqui
novamente, e quando ele pisou dentro do Ashram ele disse gargalhando: "Oh Hans
Raji, olhe, este espaço é muito pequeno para a gente. Se você puder comprar a
casa que está atrás então nós poderemos fazer um plano correto para a futura
construção." Através da graça de Sachcha Baba ela foi facilmente comprada.

Deus lida com diferentes circunstâncias, e os mortais encaram elas também. A


única diferença é que um humano sente medo de tais circunstâncias, e foge, e
chora, mas Deus e o devoto não são temerosos dessas circunstâncias, nem
tampouco ficam preocupados. A vitória vem para aquele que constantemente
encara as circunstâncias, e as confronta. A vontade de Sachcha Baba se tornou a
ordem da minha vida, e a realização de seus desejos se tornou o Sankalpa da
minha vida. Eu concordo com as palavras de Tulsidas:

"Prabhu Karaj Lagi Kapihi Bandhava"


(O trabalho do macaco Hanuman é apenas para Deus.)

Esta vida está entregue ao trabalho de Sachcha Baba, e este Ashram existe para
apoiar ao seu trabalho. Se sua missão estiver completa aqui, então eu penso que
este é o uso correto do Ashram, de outra maneira este Ashram não tem utilidade.
Portanto é uma verdade irrefutável que o voto de um grande Santo nunca fica
incompleto. Nunca ficou e nunca ficará. Se este grande Santo tomou um voto de
que este lugar se tornará um centro espiritual para o desenvolvimento e iluminação
dos seres humanos, então definitivamente isso há de se tornar uma árvore dos
desejos satisfeitos no futuro, em cuja sombra os buscadores espirituais cansados
encontrarão paz e satisfação. O futuro será muito lindo e abençoado.

De acordo com a minha experiência, eu posso dizer que você deve seguir em
frente com o seu trabalho. O grande santo compôs o seu destino, para que você
alcance a perfeição. Este é meu desejo de coração, que aqui se torne um lugar
aonde as pessoas possam adquirir espiritualidade de uma forma natural. Eu estou
fazendo esforços para isso. Eu digo às pessoas do Ashram e aos que estão
relacionados a ele, que, para realizar o voto de Sachcha Baba, você apenas se
torne um instrumento. Ele está realizando sua promessa.

A necessidade de hoje é simplesmente estar alerta. Apenas a algum tempo atrás, o


Senhor Krishna disse para Arjuna, a fim de acordá-lo: "Esteja preparado para o
combate." Da mesma maneira, eu também lhe digo para estar alerta e abandonar
em Deus as suas preocupações sobre seu bem-estar, para quem está sempre
olhando pelo seu bem-estar. Por fim, eu rezo para esta fonte eterna da Verdade,
que está em nenhum lugar fora, mas sim dentro de todos nós. Eu rezo para que
Ele cumpra seu voto através de nós, e traga a Sua Luz para o mundo.

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