Introdução
1
Professor do Departamento de Zootecnia da ESALQ/USP
2
Bolsista de Iniciação Científica da FAPESP
Texto publicado nos Anais do 10o Simpósio sobre Produção Animal da ESALQ, FEALQ, Piracicaba, SP,
1998, p. 121-142.
1
de programas modernos de computador, etc., não gerem resultado líquido efetivo
algum (incremento de produtividade e lucratividade do sistema como um todo),
uma vez que existe um mecanismo compensatório que faz com que respostas de
componentes individuais ao manejo (melhorias em eficiências parciais do sistema)
sejam equilibradas por outras indiretas (Hodgson, 1990). Exemplos disso são que
o consumo de matéria seca e o desempenho individual de animais em pastejo são
melhorados com o aumento em disponibilidade de forragem que, no entanto, é
equilibrado pela menor taxa de lotação resultante e pelos processos mais
acelerados de senescência e morte de tecidos na comunidade de plantas
forrageiras (Sheath et al., 1987; Sheath & Clark, 1996).
Assim, para que sistemas de produção possam ser manejados,
particularmente aqueles baseados no uso de pastagens como principal fonte de
alimento, deve-se conhecer profundamente os seus componentes e suas
interações. Além disso, a combinação de diferentes componentes em diferentes
níveis de utilização deve ser feita com base em planejamento minucioso e o
manejo utilizado como ferramenta para ajustes de desbalanços e desequilíbrios
detectados durante esse planejamento.
O presente texto tem por objetivo discutir aspectos relacionados com o
planejamento de sistemas de produção animal a pasto, assunto este que será
tratado nas seções subsequentes.
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produção de lã, etc.), e aqueles que objetivam a obtenção de elevadas taxas de
lotação animal (da Silva & Pedreira, 1997b).
Elevados níveis de desempenho individual são passíveis de serem obtidos
somente quando o animal apresenta, em primeiro lugar, mérito genético. No
entanto esta não é uma condição única uma vez que, para que o potencial
genético se expresse, existe a necessidade do fornecimento de ambiente
adequado. Por ambiente entende-se, no caso de ruminantes, controle de fatores
causadores de estresses (calor, ecto e endoparasitas, etc.) mas, particularmente,
boa alimentação. Esta somente é conseguida através da utilização de volumosos
de qualidade e em quantidades adequadas. De todas as opções disponíveis,
apenas algumas apresentam o perfil desejado. Normalmente as plantas
forrageiras (pastos ou culturas forrageiras) que possuem aspectos de qualidade
compatíveis com esta filosofia de produção, apresentam baixas produções de
matéria seca por unidade de área além de serem, em sua maioria, culturas de
ciclo anual e que necessitam, portanto, de maiores cuidados técnicos,
investimentos, infra-estrutura geral e pessoal treinado e especializado, além de
apresentarem um maior risco potencial. Este perfil faz com que o sistema assim
concebido seja de custo mais elevado por definição (da Silva & Pedreira, 1997b).
Por outro lado, para que altas taxas de lotação sejam obtidas é fundamental
que exista uma grande produção de forragem por unidade de área (número de
refeições). Neste contexto deve existir, portanto, um elevado potencial genético da
planta forrageira para que altas produções de matéria seca sejam obtidas.
Estudos correlacionando aspectos agronômicos (determinantes de produção) e
aspectos qualitativos (determinantes de valor nutritivo) têm revelado,
consistentemente, que plantas mais produtivas produzem uma forragem de valor
nutritivo potencial mais baixo em relação àquelas que apresentam produções mais
modestas. Assim, sistemas baseados nesta filosofia de produção seriam sistemas
idealizados para a exploração do mérito genético das plantas forrageiras tropicais,
particularmente aquelas em pastagens. Estes sistemas assim definidos seriam
integrados por plantas forrageiras (pastos e culturas) perenes ou semi-perenes,
que necessitam de menor capacidade de infra-estrutura geral, menores níveis de
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investimentos e menor dependência de pessoal treinado e especializado, além de
apresentarem um risco potencial menor. Seriam sistemas, portanto, intensivos
mas, no entanto, de menor custo potencial de produção, capazes de propiciar a
produção de produtos animais mais baratos e competitivos, razão pela qual têm
despertado um grande interesse nos últimos anos em todo o mundo e, mais
recentemente, no Brasil.
Componentes e Estrutura
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INSERIR FIGURA I
5
comumente associados com um suprimento de forragem previsível e uniforme. À
medida que o acúmulo de forragem torna-se mais variável e/ou imprevisível, o
suprimento estacional de produtos (produtos lácteos manufaturados, carne
congelada, etc.) passa a assumir um papel mais dominante e significativo em
termos da determinação e definição do perfil de um sistema de produção animal a
pasto. Numa situação como esta o uso de animais de cria como matrizes de gado
de corte e de ovinos para produção de carne e lã passam a ser possibilidades
mais coerentes e comuns, dada a flexibilidade estacional em seus pesos vivos e
requerimentos nutricionais, os quais podem ser utilizados mais prontamente para
tamponar os impactos de um suprimento de forragem variável (Nicol & Nicoll,
1987; Rattray et al., 1987).
Em áreas de pastagens a variação estacional no suprimento de alimentos
(acúmulo de forragem) depende de condições climáticas e, geralmente, cerca de
70 a 80% da produção anual de matéria seca ocorre em 6 meses do ano (Rolim,
1994; Alvim et al., 1996; da Silva & Pedreira, 1996). É difícil delinear sistemas
lucrativos que possam utilizar o acúmulo de forragem diretamente através do
pastejo pelo animal durante este período concentrado e de pico de produção do
pasto. Assim, excedentes são conservados (feno e silagem) ou transferidos como
“feno em pé” para outras épocas do ano (outono e inverno), alimento este de baixa
qualidade e valor nutritivo.
A conservação de forragem tem sido, ao longo dos anos, uma prática
bastante tradicional para amenizar, ou até mesmo resolver, problemas
relacionados com excedente e/ou déficit de alimentos. Em situações onde
relações custo:benefício têm permitido, forragens conservadas e suplementos
concentrados de elevado valor alimentar têm se tornado fontes de alimento
integrantes de sistemas intensivos de produção de leite e carne.
O grau de dependência do uso dessas práticas de conservação e de
suplementos concentrados é capaz de distinguir e caracterizar os diferentes tipos
de sistemas de produção animal existentes. O manejo de pastagem “ideal” pode
ser mais facilmente implementado em sistemas de produção que se baseiam no
uso liberal de práticas de suplementação, dado o maior controle possível de ser
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atingido sobre a variação no uso de insumos, (Maxwell, 1985). Por outro lado,
onde predominam situações de pastejo in situ, tanto plantas forrageiras como
animais em pastejo têm que se ajustar ao efeito de qualquer desequilíbrio na
relação suprimento:demanda. Nesta situação, as decisões relacionadas com o
manejo do pastejo devem ser flexíveis e tomadas com consciência (Hodgson,
1990; Frame, 1992; Sheath & Clark, 1996).
Sistemas baseados no uso exclusivo de forragem através do pastejo
apresentam sérias restrições à produção animal. Dentre as mais significativas está
a necessidade de comprometimento do desempenho individual do animal para
que elevados níveis de utilização (proporção da forragem produzida efetivamente
colhida pelo animal) da pastagem possam ser atingidos e ainda manter um ciclo
anual de produção animal (Hodgson, 1990; Matthews, 1994). Dentro deste
contexto, a manipulação da taxa de lotação possui um efeito dominante sobre a
demanda animal do sistema e o grau de utilização da pastagem, que são tidos
como fatores determinantes de elevadas produções de produto animal por hectare
em áreas de pastagens (McMeekan, 1956, Matthews, 1994).
Em função da inter-relação entre taxa de lotação e desempenho animal
individual (Maraschin, 1986), é importante que elevada eficiência do sistema não
seja excessivamente enfatizada em situações onde a qualidade do produto é
importante ou onde variação de ano para ano em suprimento de forragem seja
considerável (Sheath & Clark, 1996). Taxas de lotação conservadoras devem ser
escolhidas em situações onde o acúmulo de forragem não é confiável (Cacho &
Bywater, 1994). Tal prática reduz a transferência dos efeitos negativos
cumulativos potenciais de um ano para outro, tais como animais com condição
corporal debilitada, atraso da data de parição em função de problemas na fase de
concepção, baixo estoque ou reservas de forragem, etc.. Se níveis elevados de
desempenho animal são almejados em situações de suprimento de forragem
muito variáveis, a manutenção de altas taxas de lotação só será possível através
da adoção de uma política de rebanho (compra e venda) muito flexível e/ou uma
predisposição para uso de alimentos suplementares.
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Flexibilidade em padrões de demanda por alimentos e em política de
rebanho pode ser atingida através da alteração das datas de compra e venda de
animais terminados e por ajustes do início e duração da lactação (data de
secagem e/ou desmama) de animais de cria. Ao contrário dos efeitos das
mudanças em taxas de lotação, estas decisões são o principal instrumento para
variar demanda animal ao longo do ano e acomodar variações estacionais e entre
anos no suprimento de alimentos. Políticas adequadas de rebanho que promovem
e/ou favorecem o melhor alinhamento entre demanda por alimentos e suprimento
de forragem são a marca registrada de produção animal economicamente viável e
lucrativa em sistemas de produção animal de baixo custo (Bryant & Sheath, 1987).
A escolha da época de parição é também considerada uma decisão crítica
pelo fato de ocorrer uma aumento significativo na demanda nutricional durante a
lactação. A época considerada ótima para sistemas baseados em pastejo durante
o ano todo é uma função da contribuição relativa da taxa de lotação e do
desempenho individual para a lucratividade por unidade de área. Decisões
flexíveis relacionadas com a época de secagem das fêmeas lactantes,
particularmente vacas leiteiras, são também importantes no sentido de evitar
efeitos residuais da produção de um ano para o outro. Estas são decisões que
interferem de forma direta na produção animal durante o ano vigente e podem,
também, afetar toda a produção do ano seguinte, seja em termos de desempenho
individual ou do sistema (produtividade). Este fato ressalta a importância de se
evitar concentrar as atenções em um único componente (solo, planta ou animal)
quando planejando, idealizando e conduzindo sistemas de produção animal a
pasto (Bryant & Sheath, 1987; Hodgson, 1990; da Silva e Pedreira, 1996; Sheath
& Clark, 1996).
O perfil ideal de um sistema economicamente viável e rentável é função
direta de um equilíbrio harmônico e planejado entre as demandas por alimento de
uma dada política de rebanho escolhida, o nível e padrão de produção do pasto e
o nível passível de utilização de alimentos suplementares. Sempre haverá
períodos de déficit e excedente de forragem. É dentro deste termos de referência
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que decisões relacionadas com o manejo do pastejo têm que ser tomadas e ações
subsequentes implementadas (Sheath & Clark, 1996).
A relação curvilínea entre produção por hectare e taxa de lotação é bem
conhecida (Jones & Sandland, 1974; Maraschin, 1986). Para qualquer sistema de
produção animal a pasto, uma taxa ótima de lotação animal pode ser definida.
Acima desta taxa ótima, animais adicionais na pastagem não compensam pelo
declínio em desempenho individual. Assim, chega-se numa situação onde,
eventualmente, desempenhos individuais nulos são obtidos e a forragem ingerida
é utilizada somente para manutenção dos animais. Frequentemente esta situação
de curta duração é necessária onde o suprimento de forragem é altamente
variável. Isto permite que a produção animal anual seja otimizada. Em situações
onde o mercado requer pesos de carcaça específicos e penalidades são impostas
em caso de falhas no cumprimento dessas metas, existe a necessidade de se
rever o planejamento e determinar ótimos biológicos em taxas de lotação
compatíveis com as regras vigentes de mercado (Sheath & Clark, 1996).
Manejo do Pastejo
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Recursos animais
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Ao contrário, o componente de manutenção em um sistema de terminação
de bovinos de corte é extremamente importante. Isto ocorre porque cada unidade
de ganho extra aumenta o custo diário de manutenção até o final da fase de
engorda. Este fato salienta a necessidade de se atingir máximos ganhos durante a
fase de engorda nesses sistemas a fim de que custos de manutenção possam ser
reduzidos, como consequência de um menor tempo para a obtenção do peso final
para abate. Para que isso ocorra se faz necessário o oferecimento de uma alta
disponibilidade de forragem de boa qualidade para os animais. Em pastagens isto
é possível somente em períodos curtos de tempo, uma vez que, sob condições de
baixa utilização do pasto (alta disponibilidade/oferta), os processos de
senescência e morte de tecidos vegetais, com consequente acúmulo de material
morto no perfil da pastagem, se iniciam rapida e intensamente (Sheath & Clark,
1996).
Um efeito menos óbvio do manejo do pastejo sobre a alimentação dos
animais é, no entanto, a possibilidade de se exercer racionamento da forragem
existente e/ou transferi-la in situ para uma outra época do ano. Isto normalmente é
feito através da modalidade de pastejo conhecida por pastejo rotacionado (da
Silva & Pedreira, 1997a).
O manejo do pastejo quando devidamente planejado permite que se
explore as diferenças em requerimentos estacionais por alimento existentes entre
diferentes tipos de rebanhos (Milligan et al., 1987). Através da concentração de
animais em grupos ou rebanhos e controlando seu pastejo e níveis de
alimentação, existe a oportunidade de priorizar a alocação de alimentos e/ou
integrar diferentes categorias do rebanho. Os benefícios dessa prática podem ser
percebidos através de melhores eficiências de conversão de alimentos ou da
melhor utilização da pastagem. Em épocas de competição (acúmulo reduzido e
baixa reserva de forragem no pasto), onde níveis de utilização elevados são
necessários, a pastagem pode ser direcionada para a classe de rebanho com
capacidade de gerar as receitas marginais mais elevadas naquele momento do
ano. Nesta situação, prioridade pode ser dada a esta categoria através do uso da
técnica de pastejo rotacionado, modalidade líder/seguidor, ou pela alocação
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estratégica e preferencial de áreas específicas e pré-determinadas de pastagem
para diferentes classes de rebanho (Matthews, 1994; Sheath & Clark, 1996).
A integração planejada de diferentes espécies animais em uma sequência
de pastejo pode também favorecer o status de saúde dos recursos animais. O
desempenho de cordeiros, por exemplo, pode ser melhorado pela integração com
bovinos (Brunsdon, 1989), principalmente porque sua infestação por parasitas
internos é diminuída pela presença de bovinos (Amarante et al., 1995; Amarante,
1995).
Fica claro, portanto, que é através do manejo do pastejo que algumas
características e parâmetros-chave do sistema de produção relacionados com os
recursos animais podem ser manipulados. Exemplos disso seriam a
disponibilidade e a oferta de forragem, o tempo de pastejo, acesso preferencial ao
alimento, tipo e composição do rebanho em pastejo, nível nutricional e
desempenho individual potencial.
Recursos vegetais
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A preferência ou a rejeição, características de qualquer processo de
pastejo, sejam ativas ou passivas, podem influenciar também a composição da
pastagem. Por essa razão é que diferentes espécies de animais em pastejo
podem determinar variações na composição botânica de uma mesma pastagem.
Um dos principais objetivos do manejo do pastejo é tentar assegurar que
não ocorram situações de super ou de sub-pastejo. Quando as pastagens são
sub-pastejadas, existe uma predominância dos processos de senescência e morte
de tecidos da planta forrageira. Enquanto este tipo de perda equilibra a
contribuição em termos de produção proveniente do crescimento de novas partes
da planta (elongação de hastes e expansão de folhas), estes processos são
menos importantes do ponto de vista quantitativo, uma vez que eles geralmente
ocorrem em situações de excesso de alimento no pasto. Mais importante são os
seus impactos sobre o valor nutritivo da forragem produzida, uma vez que
proporções crescentes de material morto na forragem causam redução de sua
digestibilidade (Rattray & Clark, 1984). Durante os períodos de excedente de
forragem, o papel mais importante do manejo do pastejo é criar um equilíbrio entre
altos níveis de ingestão de forragem e a manutenção do valor nutritivo da
pastagem. Enquanto o desempenho animal difere pouco entre diferentes
modalidades de pastejo quando a disponibilidade de forragem é adequada (Clark
et al., 1986), o pastejo rotacionado tem algumas vantagens em épocas de
excedente de forragem no pasto. Nestas circunstâncias, densidades populacionais
de animais mais elevadas podem ajudar a reduzir o pastejo preferencial e os
excedentes podem ser mais prontamente identificados (Sheath, 1983). O pastejo
misto de diferentes espécies de animais (ovinos e bovinos, por exemplo) é
também uma estratégia importante para reduzir a ocorrência de pastejo
desuniforme e ajudar a manter o valor nutritivo da pastagem (Sheath & Clark,
1996).
Práticas de conservação de forragem correspondem a um componente
chave de muitos sistemas de produção em regiões do globo caracterizadas por
longos períodos de acúmulo muito lento ou quase nulo de forragem das
pastagens. Nestes casos o seu valor como prática de manejo é incontestável. No
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entanto, existem menos evidências sobre a rentabilidade do uso da conservação
em situações onde pode-se utilizar de pastejo o ano todo (Thomson et al., 1989).
Este fato ocorre por causa do chamado “paradoxo da conservação”. Em outras
palavras, em situações caracterizadas pelo uso de baixas taxas de lotação,
grandes quantidades de forragem conservada podem ser feitas mas, no entanto,
não existe necessidade para a totalidade do material conservado uma vez que a
demanda de “inverno” (seca) pode ser atendida pela forragem sendo acumulada
naquela época. Ao contrário, em situações de taxas de lotação elevadas existe
pouca quantidade de excedentes disponíveis durante a estação de crescimento
das plantas forrageiras, o que permite a confecção de quantidades ínfimas de
alimento conservado, quantidades estas insuficientes para manter as elevadas
taxas de lotação ao longo do ano. Preços baixos de produtos animais associados
a altos níveis de perdas de matéria seca durante a execução do processo e altos
custos de conservação, podem inviabilizar o uso intensivo de práticas de
conservação de forragem (Sheath & Clark, 1996).
Assim, o manejo do pastejo é, também, uma importante ferramenta para a
manipulação de fatores e componentes dos recursos vegetais do sistema, uma
vez que é através dele que características e parâmetros como período de
descanso e/ou intervalo entre cortes/pastejos, período de ocupação, seletividade,
preferência e rejeição e época e quantidade de conservação de forragem podem
ser controlados.
Recursos físicos
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destruição da vida silvestre, etc.; os processos de acidificação e eutrofização do
solo e erosão.
Os componentes dos recursos físicos correspondem, em sua maioria,
àqueles ditos não renováveis como o solo, a água, o ar atmosférico, etc.. Sistemas
intensivos de uso do solo, particularmente aqueles de produção animal, têm um
potencial poluente de lençóis freáticos e mananciais de água bastante grande,
especialmente em situações onde elevadas taxas de fertilização nitrogenada são
empregadas. Nestes sistemas intensivos de produção animal, baseados no uso de
pastagens ou de culturas forrageiras, são comuns práticas agrícolas relacionadas
com preparo de solo, uso de cargas animais elevadas, pastejo em situações de
solo úmido, fatos estes que podem promover compactação de solo com
consequente redução da capacidade de infiltração de água, aumento do potencial
de erodibilidade e geração de condições anaeróbicas no solo. Estes são todos
fatores que geram reduções significativas na produção de forragem das áreas de
pastagens além de comprometer a qualidade do meio ambiente. Neste contexto,
cursos de água, córregos, rios e lagoas podem ser contaminados e assoreados
por sedimentos e lençóis freáticos contaminados por excesso de nitrogênio que é
perdido do sistema solo:planta.
O nitrogênio é um componente chave na determinação da produtividade de
sistemas intensivos de produção animal a pasto mas existem, no entanto,
implicações importantes relacionadas com as perdas desse elemento para o
ambiente. Estas perdas ocorrem principalmente por causa da agregação do
nitrogênio nas fezes e urina dos animais, fato este que será sempre um problema
em potencial onde sistemas de pastejo “eficientes” sejam idealizados para
colherem a maior parte da forragem produzida.
É dentro deste contexto que operam as decisões relacionadas com o
manejo do pastejo de forma a tentar assegurar e propiciar o uso racional dos
recursos bióticos e abióticos do sistema, além da conservação do meio ambiente e
a sustentabilidade do ecossitema de pastagens como um todo.
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Regras e Mecanismos para Tomadas de Decisão
INSERIR FIGURA 2
16
quando estes operam em conjunto e de conformidade com um plano econômico
objetivo e flexível.
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MS/ha), além de previsões e expectativas de taxas de acúmulo de forragem ao
longo de semanas ou meses em conjunto com metas de produção;
Planos de pastejo – Visam atingir metas de produção imediatas. Eles incluem
decisões relacionadas com o ciclo de pastejo, uso de suplementos e mudança
das classes de rebanho pela fazenda. Alguns indicadores chaves são
produção diária de leite na lactação, ganho de peso vivo em curto prazo (diário,
semanal ou quinzenal) e massa residual de forragem pós-pastejo. Neste nível,
decisões táticas relacionadas com acesso à água, cuidados para evitar pisoteio
e compactação do solo em situações de umidade excessiva e proximidade das
instalações de manejo se tornam importantes.
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um sistema de produção animal a pasto (recursos físicos, de plantas forrageiras e
de animais – Figura 1) mas, para que resultados positivos sejam obtidos, é
necessário que esta interação seja promovida conforme um planejamento
baseado em uma escala temporal e lógica de ação, de forma racional e
equilibrada, permitindo, assim, que ações de manejo possam ser tomadas de
forma consciente e orientada. Ações de manejo concebidas e implementadas na
ausência de um planejamento técnico conforme descrito são, invariavelmente,
inócuas, imprecisas, de alto risco e custo potencial.
Considerações Finais
19
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Manejo do
Pastejo
Perfil do
Sistema
Manejo do Sistema
Recursos Animais
Recursos Vegetais
Recursos Físicos
24
Diário Plano de pastejo
Plano econômico
Multi-anual
(revisão anual)
25