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Introdução

Este trabalho tem como tema antropologia cultural no contexto das ciências. No qual diz que
As Ciências Sociais são mencionadas, pela maioria dos intelectuais, como as disciplinas de
natureza do modo de produção capitalista, ou seja, disciplinas que surgiram com o advento do
capital, após a grande indústria. Aceitá-las como ciências históricas (produtos), referentes a
um determinado desenvolvimento das forças produtivas, como resultado da atividade de toda
uma série de gerações as quais são responsáveis pela compreensão e transformações do
cenário social é algo que, recorrentemente, se observa. E também noutra perspectiva diz que
Um método é um conjunto de princípios que orientam a selecção do objecto de estudo, a
formação dos conceitos apropriados e as hipóteses. Todo método é um caminho para chegar a
algum sítio de uma maneira certa. A metodologia é um conjunto de procedimentos e regras
para produzir conhecimento e está interligada com o enquadramento teórico global. Portanto
é algo mais que uma técnica ou um conjunto delas.

Este trabalho tem os seguintes objectivos:

Geral

 Falar da antropologia cultural no contexto das ciências.

Específicos

 Descrever os fundamentos daas ciências sociais;


 Descrever a antropologia cultural no domínio das ciências sociais.
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Constituição e desenvolvimento das ciências sociais

As Ciências Sociais são mencionadas, pela maioria dos intelectuais, como as disciplinas de
natureza do modo de produção capitalista, ou seja, disciplinas que surgiram com o advento do
capital, após a grande indústria. Aceitá-las como ciências históricas (produtos), referentes a
um determinado desenvolvimento das forças produtivas, como resultado da atividade de toda
uma série de gerações as quais são responsáveis pela compreensão e transformações do
cenário social é algo que, recorrentemente, se observa.

A sociedade moderna e as Ciências Sociais

A institucionalização das Ciências Sociais, as quais, como chegou a se defini-las no século


XIX, foram o estudo empírico do mundo social, um estudo realizado com a intenção de
compreender o “cambio normal” e, assim influir nele. “As Ciências Sociais não foram o
produto de pensadores sociais solitários, senão, a criação de um grupo de pessoas dentro de
estruturas específicas para alcançar fins específicos. Implicou em uma inversão social
importante, que nunca antes havia sucedido com o pensamento social” MARTINEZ
(2000:78)

A primeira transição importante, no desenvolvimento da sociologia no Brasil, para padrões de


interpretação propriamente científicos. O processo se inicia com as obras de F. J. de Oliveira
Viana, sob intenções que permitam fundir as duas orientações histórico-sociológicas herdadas
do passado (Populações Meridionais do Brasil, 1920; Pequenos Estudos de Psicologia Social,
1920; Evolução do Povo Brasileiro, 1933; Instituições Políticas Brasileiras, 1949; etc.). Mas
só se torna completo nas contribuições de Gilberto Freire, considerado por muitos o primeiro
especialista brasileiro com formação científica.

Pluralidade, Diversidade e interdisciplinaridade das Ciências Sociais.

 Há um pensamento equivocado de que um dos autores deveria prevalece sobre os outros
dois, como se maneira científica de pensar tivesse que ser necessariamente única, como se a
pluralidade no pensamento de uma ciência fosse um erro, uma etapa pré-científica. 

A pluralidade de pensamento nas ciências sociais com a sua diversidade de pensadores é a


sua melhor demonstração de liberdade intelectual sua maior riqueza e a sua maior riqueza.  
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Para Marx as sociedades seriam formadas pela conjugação de três partes inseparáveis a
produtiva, ideológica e a jurídico-política.

Weber, toda acção humana em que o sujeito tem em mente, isto é, mentalizada conduta ou
acção em ordem cronológica de aparecimento, são Karl Marx, Emile Durkheim e Max
Weber.

Admite-se hoje as ciências sociais tem nesses três autores clássicos seus principais
referencias. São três diferentes concepções científicas, de realidade social e três diferentes
propostas de método que não se combinam nem se completam de outros sujeitos.

A pluralidade de pensamento

Há um pensamento equivocado de que um dos autores deveria prevalecer sobre os outros


dois, como e maneira científica de pensar tivesse ser necessariamente única, como se a
pluralidade no pensamento de uma ciência fosse um erro, uma etapa pré-cientifica.

A pluralidade de pensamento nas ciências sociais com a sua diversidade de pensadores é a


sua maior riqueza e a sua melhor demonstração de liberdade intelectual, não nega umas as
outras. Elas apontam para diferentes caminhos, que demonstram como diferentes maneiras de
ver a realidade

Infra-estrutura produtiva

A infra-estrutura produtiva (ou económica) seria o grande conjunto de relações sociais


decorrentes de determinado tipo de propriedade de meios de produção, as relações sociais de
produção, que tem como elemento ou sujeito tudo aquilo que esta no processo social, vai na
produção, passando pela circulação, pela atribuição e pela troca, ate o consumo final.

Estrutura ideológica

A superstrutura ideológica seria conjunto de relações sociais que tem como elemento as
ideias socialmente significativas, isto é, aquelas que dizem respeito directa ou indirectamente
a vida dos homens em sociedades
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Os componentes dessa estrutura são‫׃‬

 A censura, explicita ou não.

 As escolas

 As faculdades e demais formas de produzir, permitir ou impedir ideias

Estrutura jurídico-política

a superstrutura jurídico-política seria o conjunto de relações sócias, sobretudo em instituições


que dizem respeito o emprego da violência legítima , isto é, consentida, em sociedades de
modo a garantir tarefas sociais especificas como executar, legislar e julgar organizadas nos
poderes executivo, legislativo e judiciário.

EMILE DURKHEIM

Durkheim concebe como realidades sociais as maneiras se agir, isto é, de pensar e sentir que
seriam colectivas e não individuais, como por exemplo, ideias e sentimentos patrióticos,
chamadas chamados por eles factos sociais.

factos sociais

para Durkheim o ponto mais importante é considerar que o social é decorrente da interacao
entre indivíduos, mas será sempre diferente de qualquer realidade própria de individualidades
ou da soma do que for individual naqueles que participam da vida colectiva.

Max Weber

Sociais são as acções cujos sujeitos, ao agirem tenha em mente conduta ou acção de outros e
se orientem por essa acção ou conduta.

O social deve ser definido de acordo com o que o próprio sujeito da conduta ou acção
individual que tiver mentalizado.
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Se ao agir leva em conta a conduta de outros e se orienta por ela, agir socialmente, caso
contrario, não. ao cientista social cabe apenas interpretar.

Ao dizer que três autores clássicos das ciências sócias são diferentes entre si, é justo dizer que
Weber é o mais diferente. Max e Durkheim destacam realidades colectivas como realidades
fora e acima dos indivíduos, respectivamente, classes e consciência colectiva, coisas que
Weber não aceita em hipóteses alguma.

Se há algum sentido na existência das sociedades, nas instituições nas pessoas jurídicas, este
sentido (consciente ou não ) para Weber, só poderá estar nas pessoas individuais que
participam de acções comunitária (acções nas quais as participantes tem o sentimento de
pertencer a um todo).

Weber criou a chamada socióloga compreensiva, que consiste em interpretar os sentidos, isto
é, os motivos mentalizados pelos indivíduos quando agem socialmente (seja em acções
puramente individuais, seja tomando parte em acções colectiva)

Weber chamou de tipo ideal o seu principal recurso interpretativo e apresenta uma tipologia
básica desses sentidos, bem como uma tipologia da dominação, caso especial de poder, ponto
fundamental da parte política de seu pensamento.

Existem três formas clássicas de pensar nas ciências sociais que não se excluem mas também
não se completam. Poderíamos dizer que são diferentes línguas, idiomas, cada uma com suas
regras próprias, sua gramática, sua sintaxe.

ao contrario das línguas as formas clássicas de pensar das ciências sociais não traduzem umas
nas outras. cada uma delas é uma forma independente de pensamento que levantam os seus
próprios problemas tem a sua maneira própria de resolve-los. Assim é a pluralidade nas
ciências sociais.

Relação da antropologia Cultural com as outras ciências humanas e sociais


O que distingue as ciências humanas e sociais é, portanto, o seu estatuto epistemológico
próprio. No entanto, a relação intersubjectiva com o objecto de estudo também pode
determinar algumas diferenças.

Braudel (1976) afirma: “O que muda é o observatório, a paisagem é sempre a mesma”.


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Qual é o papel e o estatuto da antropologia em relação às outras ciências sociais e humanas?

E sociais apresentam, em relação ao seu objecto de estudo. Mas, na prática, produz-se

A Antropologia e a Psicologia
No seguinte quadro, podem-se observar, detalhadamente, a relação entre a antropologia e a
psicologia:

Indivíduo Sociedade Cultura


Indivíduo Psicologia Psicologia Social Antropologia Psicológica
Sociedade Sociologia e Antropologia Antropologia Sociocultural e
Social Sociologia
Cultura Antropologia Cultural
Antropologia
 A realidade social assenta numa realidade psicológica e biológica –bioquímica-.
 O humano não se reduz só ao psicológico (ex.: atracção sexual entre duas pessoas).
Psicologia
 Identifica os traços psicológicos do indivíduo e explica os processos e mecanismos
psíquicos intraorgânicos.
 Conceitos: impulso, repressão, reflexos, condicionamentos, ego, personalidade,

A Antropologia e a Sociologia
Antropologia
 Objecto de estudo é:
1. Estuda a cultura humana e a forma como esta é vivenciada, em sociedade.
2. Estuda culturas e etnias, dentro da sociedade.
3. Estuda culturas diferentes.
 Métodos: observação participante; entrevistas em profundidade; comparação –
histórica e diversidade cultural; compreensão holística, para desvendar aspectos
essenciais da vida humana muitas vezes inconscientes. Estudos mais micro.
 Teorias e conceitos diferentes. Ex.: relativismo cultural, etnocentrismo,...
Sociologia
Objecto de estudo é:
1. O comportamento social de um grupo humano, de acordo com as variáveis:idade,
sexo, profissão, classe, prestígio, papel, mudança,...
2. A sociedade em si mesma.
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3. A sociedade em geral e as suas leis gerais.


4. A sua própria sociedade.
-Conceitos: estrutura social, relações sociais...

-Métodos: inquéritos, entrevistas… (recorre mais aos métodos quantitativos do que a


antropologia)

A Antropologia e a Geografia
Antropologia e Geografia
 As semelhanças entre estas duas disciplinas foram evidentes, desde Franz Boas,
nomeadamente desde a publicação da sua teoria do “determinismo geográfico”
(inspirada em Ratzel) e do determinismo geográfico-climático. Boas aplicou esta
teoria nos seus estudos sobre os esquimós do Canadá.

 As semelhanças destas duas ciências passam também pelo uso e criação de mapas,
como representação do espaço e do território. Os mapas e os relatórios geográficos
são apoios logísticos fundamentais na investigação antropológica

A Antropologia e a História
Antropologia e História
.
 A Antropologia histórica trabalha com documentos e memórias orais. A História
tende a dar maior importância aos documentos escritos.
 A antropologia tenta compreender as relações entre passado, presente e futuro, que
podem convergir metaforicamente no presente. A história tende a reconstruir,
eventualmente, o passado.

A antropologia interpreta as representações do passado, as amnésias e os esquecimentos.

Segundo o antropólogo Maurice Godelier (1996: 13), as pontes entre antropólogos e


historiadores foram feitas em trabalhos de “etnohistória” e “antropologia histórica”. Qual o
trabalho do antropólogo, relativamente à história? Godelier (1996: 22) responde a esta
questão:

Há que considerar que, hoje, existe uma certa convergência metodológica, mas também uma
necessária interdisciplinaridade. Segundo o antropólogo ULF HANNERZ (1979: 3-4), “as
fronteiras disciplinares não se devem tornar vacas sagradas”.
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Persistem, no entanto, algumas diferenças, muitas vezes mais ligadas a identidades


corporativas de organização académica e profissional do saber, utilizadas para uma conquista
dos mercados de emprego.

A Antropologia e a Filosofia
Para alguns autores, a origem da antropologia encontra-se na filosofia grega. Os contributos
da filosofia foram e são muito importantes para a antropologia. A filosofia contribuiu para a
reflexão sobre as condições de produção do conhecimento antropológico, enquanto problema
epistemológico. A filosofia deu azo à análise antropológica (por exemplo, a filosofia
hermeneútica de Gadamer - 1992). A filosofia também chamou a atenção da antropologia
para a forma como os seres humanos pensam e apreendem. A filosofia deu um grande
contributo para o pós-modernismo. Sobre esta questão, recomendamos a magnífica obra do
antropólogo Adolfo Yañez Casal (1996).

Antropologia cultural no domínio das ciências sociais

Definição da antropologia
O que é a Antropologia?

A origem etimológica - A palavra “antropologia” deriva das palavras gregas “logos” (estudo)
e “anthropos” (humanidade) e significa, literalmente, “estudo da humanidade”. Porém, a
antropologia, na época antiga, não era exactamente o que é actualmente. Para os gregos e
romanos, a “antropologia” era uma “ciência dedutiva”, isto é, uma discussão baseada em
deduções abstractas sobre a natureza dos seres humanos e o significado da existência
humana. O seu método de verificação do conhecimento era o método dedutivo, que consistia
em chegar a uma conclusão particular, partindo de premissas universais. Tratava-se, portanto,
de um caminho que vai do geral ao particular. A verdade radicava no facto do particular ser
uma parte mais do geral. Partia-se de uma teoria geral para testar hipóteses (propostas de
relações entre variáveis – dados que variam caso a caso) derivadas dessa teoria.

O objecto de estudo da antropologia


Os modos de vida de outras partes do mundo costumam fascinar, estranhar ou gerar uma
visão exótica. A antropologia oferece um conhecimento humano e comparativo do mundo e
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da sua diversidade cultural. Podemos estabelecer, relativamente ao seu objecto de estudo, os


seguintes tipos de definições – a antropologia:

1. Estuda os seres humanos em geral, e estabelece leis válidas para o conjunto da


humanidade.

2. Estuda os produtos e as acções dos seres humanos: comportamento social, costumes,


cultura, rituais, parentesco, vida quotidiana, cultura material, tecnologia, etc.

3. Estuda grupos humanos ou culturas de todas as épocas e partes do mundo.

4. Estuda alguns tipos de sociedades: “primitivas”, pré-industriais, simples,


“complexas”, “tradicionais”, industriais, pós-industriais, não ocidentais, ocidentais...

A Antropologia e os seus campos de abordagem


As diferenças entre os vários campos da antropologia baseiam-se, essencialmente, nos
objectos de estudo e problemáticas de análise, mas também no que concerne às teorias,
métodos de estudo e tradições académicas concretas.

A. Antropologia Filosófica. O seu objecto de estudo é a pessoa humana como ser genérico;
aquilo que as pessoas têm em comum. Estuda generalidades e utiliza conceitos muito
abstractos. O seu método é geralmente introspectivo: dedica-se ao interior da pessoa humana
e trabalha sobre “o conceito do conceito”.

B. Antropologia Física. Estuda a evolução biológica humana, isto é, a relação entre a


evolução biológica e a cultural; utiliza métodos como a paleoantropologia (estudo dos
antepassados humanos; é uma tentativa de desvelar a evolução biológica dos humanos, desde
o primeiro momento do aparecimento dos primatas até aos nossos dias), a antropometria
(medições anatómicas), a anatomia comparativa (estudo comparativo de fósseis humanos) ou
a radiologia (classificação das raças humanas). Actualmente, utilizam métodos próprios da
genética molecular para distinguir aos primates dos humanos. Nos E.U.A., e relativamente a
este uso da genética molecular, os antropólogos físicos preferem ser chamados “antropólogos
biológicos”.

C. Antropologia Sociocultural. Estuda as diferenças entre humanos e animais (os humanos


criam e têm culturas).

C.1. Antropologia Cultural. É uma terminologia norte-americana. O seu fundador Franz


Boas, um alemão emigrado aos E.U.A. que converteu a museística (etapa prévia à
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antropologia cultural) norte-americana em ciência. Boas diz que é preciso converter o ser
humano num ser científico. Para a Ilustração alemã o ser humano é duplo:

a) Por um lado, comparte características biológicas com o resto dos seres vivos. É
necessário, portanto, uma ciência que estude os humanos como um animal, a
antropologia física.

b) Por outro lado, os humanos são capazes de elaborar coisas que os animais não
podem criar: a linguagem, a tecnologia, símbolos, etc. Este conjunto de coisas que
os humanos produzem e aprendem, enquanto membros de uma sociedade, é aquilo
que os alemães chamam “KULTUR” (cultivar: algo que só podem fazer os
humanos). O estudo da “kultur” é a antropologia cultural.

Quando Franz Boas chegou aos E.U.A., empenhou-se em divulgar estas ideias, definindo a
antropologia cultural, no sentido de obras materiais e espirituais especificamente humanas.

C.2. Antropologia Social.

Segundo Durkheim, se queremos estudar os seres humanos, não podemos basearmos,


exclusivamente, nos seus produtos, porque os produtos são determinados pela sociedade em
que esses produtos são criados. Nada garante que os produtos culturais continuam a ter a
mesma significação que tinham aquando da sua elaboração e utilização. Portanto, não é
possível estudar os produtos humanos sem estudar a sociedade que os gera. Caso contrário,
não teríamos garantias de conhecer o sentido e significado desses objectos ou produtos
culturais. A antropologia social britânica defendeu que era necessário estudar, primeiramente,
a sociedade, para depois fazer uma análise dos produtos humanos (“kultur”). Esta perspectiva
sublinha mais alguns conceitos como os de: estrutura social, instituição familiar, formas de
organização política e económica, controlo social.

D. Antropologia Aplicada. A contribuição da antropologia, para as culturas que estuda, tem


sido muito importante. O reconhecimento do seu serviço público motivou a origem de uma
outra subdisciplina, a antropologia aplicada que trata da aplicação de dados, teorias,
perspectivas e métodos antropológicos para identificar, avaliar e resolver problemas sociais
contemporâneos. Algumas das suas áreas são: a saúde e a enfermagem; a planificação
familiar; o desenvolvimento económico; a animação sociocultural. Neste sentido, a
antropologia aplicada estuda a cultura, para depois elaborar projectos de acção, intervenção e
mudança cultural, dentro de um sistema de referência concreto.
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Métodos e técnicas em antropologia


1º. Etnografia: De acordo com o antropólogo Claude Lévi Strauss (1992) diz que simples
descrição e narração da cultura.

 Etno: cultura, costumes,...

 Grafia: escrever, descrever,...

 Exige investigação de terreno com observação directa.

 A etnografia é uma retórica que constrói a realidade, a partir de uma reflexividade


dialógica entre o antropólogo e os humanos estudados.

Comparação entre as ideias prévias e as ideias finais depois do trabalho de campo.

A etnografia e o método comparativo


Para que uma etnografia seja boa deve ser necessariamente comparativa. Quatro são os
planos que podemos estabelecer na comparação:

1. Comparação entre culturas.

2. Comparação temporal entre o passado e o presente, ou também entre dois tempos


históricos.

3. Comparação entre duas teorias.

O método etnográfico: o trabalho de campo


Na óptica de(Velasco e Díaz de Rada, 1997) O trabalho de campo é um método de
investigação sócio-cultural, um conjunto de procedimentos e regras para produzir e organizar
conhecimento, e que integra Uma situação metodológica que implica “estranhar-se, ter
curiosidade, descrever densamente, traduzir e interpretar” a realidade sociocultural com a
qual lidamos. Nesta situação de encontro com outros conhecemos os seus problemas, as suas
percepções, o seu comportamento e os seus modos de vida nos seus próprios términos.

a) Um processo de conhecimento com base numa estadia no terreno, através da qual


estuda os significados socioculturais no seu contexto.

b) Uma experiência de contacto intercultural com o fim de conhecer a alteridade.


Partimos da ideia de que há diferentes maneiras de fazer trabalho de campo.
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Portanto, o trabalho de campo antropológico não é uma simples técnica de investigação ou


um instrumento de recolha primária de dados, é algo mais.

O trabalho de campo como método


Um método é um conjunto de princípios que orientam a selecção do objecto de estudo, a
formação dos conceitos apropriados e as hipóteses. Todo método é um caminho para chegar a
algum sítio de uma maneira certa. A metodologia é um conjunto de procedimentos e regras
para produzir conhecimento e está interligada com o enquadramento teórico global. Portanto
é algo mais que uma técnica ou um conjunto delas. As técnicas de investigação são os
procedimentos operativos e os instrumentos para produzir dados (i.e.: questionários, histórias
de vida, inquéritos, entrevistas, etc.). Esses dados servem para compreender os fenómenos,
para captar as relações entre os fenómenos e a intencionalidade das acções sem permanecer
na parte exterior (só descrição de fenómenos).

O método dos antropólogos é o trabalho de campo etnográfico, através do qual se faz


etnografia. De acordo com este método, o antropólogo converte-se no principal instrumento
de recolha de dados, é por tanto uma inter-subjectividade entre observador e observado. A
etnografia é a descrição do comportamento, das ideias, das crenças, dos valores, dos
elementos materiais, etc. quotidianos e espontâneos de um grupo humano. A etnografia tem
em conta 3 aspectos:

1. O que as pessoas dizem.

2. O que as pessoas fazem.

3. O que as pessoas pensam que se deveria fazer.

Na luz de VELASCO e DIAZ de Rada, (1997: 18) “o trabalho de campo pode ser
considerado como: a) uma situação metodológica de encontro intercultural; b) um processo;
c) uma experiência que diferença à antropologia”. Dai que possa haver diferentes formas de
fazer trabalho de campo e de aí a necessidade de explicar as condições em que é realizado o
trabalho de campo e a produção de conhecimento.

Enquanto processo de socialização secundária, o trabalho de campo obriga a deslocar-nos do


nosso meio sociocultural, contactar com as pessoas, integrar-nos, aprender a sua cultura
através do estranhamento e o apagar dos nossos preconceitos, para logo retornar e desenhar
um espelho da nossa cultura.
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Segundo (Geertz, 1987) citado por (Velasco e Díaz de Rada, 1997: 48) “O trabalho de campo
como processo metodológico obriga-nos a descrever, traduzir, explicar e interpretar a cultura
e as relações sociais estudadas. A descrição deve ser densa e microscópica para diferenciar os
matizes de condutas, espaços e regras culturais e interpretar melhor os significados culturais”.
Daí a importância de utilizar o diário de campo como instrumento de investigação. Explicar
significa desenhar tendências e regularidades da vida sociocultural que estudamos. Interpretar
prende-se com uma visão da antropologia como uma das Humanidades ou das Artes pela sua
forma de proceder e fazer. Interpretar é descobrir a ordem estrutural da sociedade, é captar os
significados da realidade sociocultural para os diferentes agentes implicados nela.

Técnicas de investigação antropológica


O antropólogo, além da observação participante pode e deve utilizar outras técnicas de
investigação, com o objectivo de testar e comparar as informações que obtemos. O propósito
final será sempre saturar a informação para garantir uma fiabilidade e legitimidade nas nossas
análises. Com o objectivo de melhor testar, fundamentar e legitimar o conhecimento
antropológico é ideal ter em conta a seguinte triangulação:

A observação participante
A observação participante é uma técnica de investigação fundamental mas também uma
atitude de investigação do antropólogo no terreno. Não é propriamente uma metodologia
qualitativa ou quantitativa, pode integrar as duas vertentes. O seu princípio metodológico é o
relativismo cultural. Através dela conhecemos os humanos para teorizar sobre eles.

A observação participante implica participar na vida quotidiana do grupo humano a estudar,


para compreender as lógicas locais e o significado sociocultural das suas práticas. Em
antropologia observamos com teorias, categorias, ideias e hipóteses sobre o problema
estudado.

As vantagens desta técnica são a riqueza e profundidade de informação sociocultural


produzida no seu próprio contexto. A fiabilidade dos dados é garantida com uma boa
observação, que testará o que as pessoas dizem e pensam, ao comparar isto com o que elas
fazem. A observação participante depende da formação e experiência do investigador, mas
também do seu rigor e empenho.
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O antropólogo deve ser aceite para poder interpretar a visão desde dentro do grupo, deve
também conseguir um trato normal e quotidiano, algo que muitas vezes só se consegue com
muito tempo, confiança e redes sociais de informantes fiáveis. O antropólogo é catalogado
geralmente como um estranho ou intruso (i.e. maneiras de vestir diferentes), pelo qual o
receio dos locais pode ser grande no início. Outras vezes, devido à nossa juventude podemos
experimentar proteccionismo e paternalismo por parte das pessoas que estudamos.

Os trabalhos de campo clássicos desenvolvem um tempo de estadia de um ano como mínimo


(descrição do ciclo anual ritual, vital, agrícola, urbano, etc.). A investigação prolongada
produz dados mais ricos e fiáveis, mas a antropologia aplicada já tem em conta técnicas de
“valoração rápida” que incluí menor tempo de estadia no terreno.

A grande vantagem da observação participante é que criamos a um texto no seu contexto, na


sua espontaneidade. Outras vezes a nossa presença corre o risco de vulnerar a
espontaneidade, de que digam aquilo que queremos ouvir. A observação participante permite
não forçar os dados, permite entender melhor a cultura através da convivência consciente,
facilita portanto o aceso a informação restringida. O investigador é o principal instrumento de
recolha, ele mira e observa com categorias prévias (teorias académicas, conceitos,
preconceitos, etc.) mas também com imaginação e criatividade. É também um exercício de
empatia, de pôr-se no lugar do outro para perceber melhor o que se diz (e o que não se diz), o
que se faz e o que se pensa.

Um problema da observação apresenta-se quando aplicamos esta no nosso mesmo meio


sociocultural. Neste caso o objectivo será tornar estranho o que nos é familiar, assim como
quando trabalhamos sobre outra cultura, subcultura ou grupo social temos que tornar familiar
o estranho.

Na actualidade, a antropologia visual permite estudar e reestudar o texto e o contexto de


estudo, portanto é uma ferramenta fundamental da observação, mas também é uma forma de
relatar e interpretar o terreno e o problema de investigação.

Interpretação

Antropologia interpretativa
É uma leitura enquanto textos ou como análogas a texto. a interpretação ocorre em todos
momentos do estudos da leitura do texto, pleno de significado, que é a sociedade na escrita do
texto. O antropólogo por sua vez interpretando aquelas que não passaram pelas experiencias
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do autor do texto escrito. Todos elementos da cultura analisada devem portanto ser
entendidos na luz desta textualidade, imanente à realidade cultural.
Analisa a cultura como hierarquia de significados, pretendendo que a etnografia seja uma
descrição densa, de interpretação escrita e cuja analise é possível por meio de uma inspiração
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Conclusão

Chegados a esta parte do trabalho, conclui-se que Antropologia Cultural. É uma terminologia
norte-americana. O seu fundador Franz Boas, um alemão emigrado aos E.U.A. que converteu
a museística (etapa prévia à antropologia cultural) norte-americana em ciência. Boas diz que
é preciso converter o ser humano num ser científico. Para a Ilustração alemã o ser humano é
duplo:

Por um lado, comparte características biológicas com o resto dos seres vivos. É necessário,
portanto, uma ciência que estude os humanos como um animal, a antropologia física.

Por outro lado, os humanos são capazes de elaborar coisas que os animais não podem criar: a
linguagem, a tecnologia, símbolos, etc.

Também conclui-se que, O trabalho de campo é um método de investigação sócio-cultural,


um conjunto de procedimentos e regras para produzir e organizar conhecimento, e que integra
Uma situação metodológica que implica “estranhar-se, ter curiosidade, descrever densamente,
traduzir e interpretar” a realidade sociocultural com a qual lidamos. Nesta situação de
encontro com outros conhecemos os seus problemas, as suas percepções, o seu
comportamento e os seus modos de vida nos seus próprios términos. e também O que
distingue as ciências humanas e sociais é, portanto, o seu estatuto epistemológico próprio. No
entanto, a relação intersubjectiva com o objecto de estudo também pode determinar algumas
diferença
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Bibliografia

COPANS, Jeans; TORNAY, S. e GODELIER, M. Antropologia, Ciência das Sociedades


Primitivas? Lisboa, Ed. 70, 1974.

EVANS-PRITCHARD, E. E.. História do Pensamento Antropológico. Perspectivas do


Homem. Lisboa, Ed. 70, 1981.

GOLDMAN, Lucien. A criação Cultural na Sociedade Moderna: Para uma Sociologia da


Totalidade. Lisboa, Ed. Presença, 1976.

LECLERC, G.. Antropologie et colonialisme. Paris, Ed. Estampa, 1973.

MALINOWSKI, Bronislaw. Argonauts of Western Pacific. 1922.

MARTINEZ, Pe. F. Lerma. Antropologia Cultural, (Guia de estudo). Matola, 2000.

MATTA, Roberto da. Relativizando: Uma Introdução à Antropologia. São Paulo, 1981.

MELLO, L.Gonzaga. Antropologia Cultural: iniciação, teorias e temas. Petrópolis, Edição


Vozes, 1988.

MERCIER, Paul. Histoire de l'Antropologie. Paris, PUF, 1971.


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Índice
Introdução..................................................................................................................................3
Constituição e desenvolvimento das ciências sociais................................................................4
A sociedade moderna e as Ciências Sociais...............................................................................4
Pluralidade, Diversidade e interdisciplinaridade das Ciências Sociais......................................4
A pluralidade de pensamento.....................................................................................................5
Infra-estrutura produtiva............................................................................................................5
Estrutura ideológica...................................................................................................................5
Estrutura jurídico-política..........................................................................................................6
factos sociais..............................................................................................................................6
Relação da antropologia Cultural com as outras ciências humanas e sociais............................7
A Antropologia e a Psicologia...................................................................................................7
A Antropologia e a Sociologia...................................................................................................8
A Antropologia e a Geografia....................................................................................................9
A Antropologia e a História.......................................................................................................9
A Antropologia e a Filosofia....................................................................................................10
Antropologia cultural no domínio das ciências sociais............................................................10
Definição da antropologia........................................................................................................10
O que é a Antropologia?..........................................................................................................10
O objecto de estudo da antropologia........................................................................................10
A Antropologia e os seus campos de abordagem.....................................................................11
Métodos e técnicas em antropologia........................................................................................13
A etnografia e o método comparativo......................................................................................13
O método etnográfico: o trabalho de campo............................................................................13
O trabalho de campo como método.........................................................................................14
Técnicas de investigação antropológica...................................................................................15
A observação participante........................................................................................................15
Interpretação.............................................................................................................................16
Antropologia interpretativa......................................................................................................16
Conclusão.................................................................................................................................17
Bibliografia..............................................................................................................................18
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