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PME-2350 – MECÂNICA DOS SÓLIDOS II

AULA #2: FUNÇÕES DE SINGULARIDADE1

2.1 Motivação e objetivos


Na aula anterior as funções de Macaulay foram introduzidas e utilizadas para a determinação da
linha elástica de vigas submetidas a carregamentos transversais. Ocorre, contudo, que o carregamento
aplicado à viga nem sempre pode ser descrito por funções polinomiais da forma 〈  〉 como ilustra
a figura 1.

qo
y

x
a
l

Fig. 1 Viga sob carregamento senoidal com intensidade máxima qo

Porém, com o emprego de outras funções de singularidade, como a função Delta de Dirac (ou
impulso unitário), a função de Heaviside (ou degrau unitário) e a função dipolo unitário, será possível
exprimir qualquer carregamento aplicado à viga como uma superposição de várias destas funções. Cabe
aqui destacar que o termo “função” empregado neste texto para as “funções” Delta de Dirac, Heaviside
e dipolo unitário segue uma certa tradição referente à nomenclatura e à forma de apresentação
usualmente empregadas para estes elementos (ver, p.ex., Meirovitch [1] ou Shames e Pitarresi [2]), os
quais tratam-se, na verdade, de distribuições (ver, p.ex., Barcelos et al [3]).

1
Notas de Aula preparadas pelo Prof. Dr. Roberto Ramos Jr., email: rramosjr@usp.br

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Av. Prof. Mello Moraes, 2231, São Paulo, SP, Tel: (11) 3091-5355
2.2 A função Delta de Dirac () ou impulso unitário
A função Delta de Dirac, representada por    , satisfaz as seguintes propriedades:
i)    
0 , para   ;
     
1

ii)

Uma forma simples de entender como pode ser “construída” uma função que obedece a tais
condições pode ser vista na Fig. 2, que representa um pulso triangular.
f(x)

1/∆

a x
(a–∆) (a+∆)

Fig. 2 Representação gráfica da função 

De fato, a função  representada na Fig. 2 satisfaz as condições:


i)  
0, para     ∆ ou para     ∆ ;

   
.
1
 ∆ 
ii)
 ∆

E, no limite para ∆→ 0, teremos uma representação aceitável da função Delta de Dirac    ,
definida anteriormente, sendo 
 o ponto de ocorrência da “singularidade”, no qual o valor
retornado pela função    é infinito. A propósito, a indicação    reforça justamente o fato
de o ponto de singularidade ser em 
 e não em outro ponto qualquer.

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Observações:
1) Para os propósitos do curso, a forma de representação da função  , emprestada apenas para o
entendimento das condições a serem satisfeitas pela função Delta de Dirac, é irrelevante, ou seja,
poderiam ser utilizadas funções dadas por pulsos retangulares ou senoidais (meia onda de seno),
por exemplo, desde que as condições (i) e (ii) fossem atendidas;
2) O resultado (“1”) dado pela integral da função Delta de Dirac não possui qualquer dimensão (é um
adimensional). Desta forma, se a variável x estiver expressa em unidades de comprimento (como no
caso em que x denota a posição de uma seção transversal genérica em relação a uma dada seção de
referência), então:
    
 (no S.I.)
3) A função Delta de Dirac possui a seguinte importante propriedade (denominada propriedade da
filtragem):

  .     . 





Exemplos de uso da função Delta de Dirac na análise de vigas:


Exemplo 1: Para representar o carregamento distribuído decorrente de uma força concentrada:

P
y
x
C
A B

VA a VC
l

Fig. 3 Viga sob ação de forças concentradas em x = 0, x = a e x = l.

Para o carregamento indicado na Fig.3, o qual consiste na força concentrada de intensidade P


aplicada em x = a, além dos esforços de reação em A e C, escrevemos:
 

.    .       .   

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Onde se deve observar que:
i) Sendo     
 , no S.I., e estando as forças expressas em newtons, resulta,
consistentemente: [q] = N/m (unidade do carregamento distribuído);
ii) O sinal negativo diante das parcelas do carregamento distribuído associadas aos esforços 

e  decorre da convenção de sinais estipulada anteriormente (ver Fig.9, Aula_1). O mesmo


se diz com relação ao sinal positivo da parcela de  associada ao esforço P.

Exemplo 2: Para representar a força cortante decorrente de um momento concentrado:

y Mo
x
A C
B
a

Fig. 4 Viga sob ação de momento concentrado em x = a.

Para o carregamento indicado na Fig. 4, o qual consiste no momento concentrado de intensidade !


aplicado em x = a, além dos esforços de reação em C (os quais não estão indicados e não serão
considerados por ora), podemos expressar a força cortante (devida unicamente ao momento externo
! ) na forma:

! .   

Onde se deve observar que:


i) Sendo     
 , no S.I., e estando o momento externo expresso em N.m (também
no S.I.), resulta, consistentemente: [V] = N;
ii) O sinal positivo atribuído a  decorre da convenção de sinais estipulada anteriormente
(ver Fig.9, Aula_1), e lembrando ainda que o momento ! indicado na figura pode ser visto
como resultante de um binário formado por forças iguais e opostas (F), e com linhas de ação
infinitesimalmente próximas, como indicado na figura 5, de tal modo que !
". #.

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b
y F
x
A C
B
F
a

Fig. 5 Momento concentrado em x = a visto como binário.

2.3 A função de Heaviside (H) ou degrau unitário


A função de Heaviside (também conhecida como degrau unitário), e aqui denotada por $  
pode ser definida de maneira informal por:
0, '(  * 
$   
% (
1, '(  + .
onde x = a denota o ponto em que reside a “singularidade”.

A figura 6 ilustra graficamente o resultado obtido da definição acima.

H(x-a)

a x

Fig. 6 A função de Heaviside $   

Observações:
1) Para os propósitos do curso, não é necessária nenhuma preocupação com relação à suposta
indefinição do valor da função no ponto de singularidade (isto é, em 
);
2) O valor (“1”) retornado pela função de Heaviside para  +  não possui qualquer dimensão (é um
adimensional). Desta forma, multiplicar qualquer grandeza mecânica pela função de Heaviside
preserva a unidade da grandeza mecânica que está sendo multiplicada;

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3) Multiplicar qualquer função g(x) por $    é o mesmo que anular a parte de g(x) no trecho em
que  *  e manter inalterada a função para o trecho em que  +  (veja fig.7).

Fig. 7 Funções   , à esquerda, e   . $   1 , à direita, no intervalo [0,2].

4) É imediato demonstrar que vale a seguinte propriedade referente à integral da função


 $    :

 
 , $ ,   ,
$    .  , ,

 

5) Valem as seguintes relações entre a função de Heaviside e a função Delta de Dirac:

$   
  ,   ,




-$   .
   


Exemplos de uso da função de Heaviside na análise de vigas:


Exemplo 3: Para representar o carregamento distribuído num dado intervalo  *  * #:

q(x)
q2
y q1
x
A B

a
b
l

Fig. 8 Viga sob ação de carregamento distribuído no intervalo  *  * #.

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Para representar um carregamento distribuído aplicado num intervalo  *  * # como ilustrado na
Fig. 8 através de um carregamento linearmente distribuído, escrevemos:
  

/     0 . $    $  # 
#  

Exemplo 4: Para representar a distribuição de forças cortantes decorrentes do carregamento


associado a forças concentradas:

P
y
x
C
A B

VA a VC
l

Fig. 9 Viga sob ação de forças concentradas em x = 0, x = a e x = l.

Para o carregamento indicado na Fig.9, que consiste na força concentrada de intensidade P aplicada
em x = a, e nos esforços de reação em A e C, já havíamos obtido (ver exemplo 1):
 

.    .       .   
Substituindo a relação acima na equação diferencial de equilíbrio dada por:


 

Virá:



.    .       .   

Logo:

 

.      .         .       1

  

Ou seja:


. $  . $     . $   1

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Onde a constante de integração 1 é obtida da condição:
0
0 ⇔ 1
0

Também é interessante observar que a equação de equilíbrio de forças verticais na viga pode ser
obtida diretamente de uma condição análoga:
 
0 ⇔ 
   
0 ⇔ 
 


2.4 A função dipolo unitário (3)


A função dipolo unitário, a qual denotaremos 4   , pode ser “construída” de forma intuitiva
observando o gráfico da Fig. 10, o qual pode ser interpretado (do ponto de vista da análise estrutural de
vigas) como um carregamento distribuído aplicado junto ao ponto de “singularidade” x = a, e no limite
em que ∆→ 0.

q(x)
∆ ∆

1/∆2

-1/∆2
a

Fig. 10 Interpretação da função dipolo unitário 4    como carregamento distribuído

Do gráfico da Fig. 10, podemos observar que o carregamento  


4   satisfaz as seguintes
condições:
0, '(  *   ∆ ,
8 1
6 , '(   ∆ *  * ,
 
4   
∆
7  1 , '(  *  *   ∆ ,
6 ∆
5 0, '(  +   ∆ .

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A integração deste carregamento distribuído fornece a distribuição de forças cortantes (a menos do
sinal decorrente de mera convenção de sinais), de tal forma que, do ponto de vista puramente
geométrico, obtemos o gráfico da Fig. 11.

||

1/∆

a x
(a–∆) (a+∆)

Fig. 11 Integral da função dipolo unitário 4  

É notório que a Fig. 11 reproduz exatamente o comportamento da função Delta de Dirac, uma vez
que valem as mesmas relações vistas anteriormente para esta função, a saber:
i)    
0 , para   ;
     
1

ii)

Ademais, a condição (ii) pode ser interpretada como uma condição de que o momento decorrente do
carregamento 
4   em relação à origem (ou em relação a qualquer outro pólo de interesse)
resulta sempre igual a “1” (adimensional).

Do exposto, valem as seguintes relações entre as funções dipolo unitário, 4   , e Delta de
Dirac,    :

 4,   ,
  




4  
   


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Observações:
1) Para os propósitos do curso, a forma de representação da função  (conf. Fig.10), emprestada
apenas para o entendimento das condições a serem satisfeitas pela função dipolo unitário, é
irrelevante, ou seja, poderia ser utilizada, por exemplo, uma função dada por um pulso senoidal
completo desde que as mesmas características fossem mantidas (momento decorrente do
carregamento deve ser unitário);
2) O resultado (“1”) obtido pelo cálculo do momento da função dipolo unitário não possui qualquer
dimensão (é um adimensional). Desta forma, se a variável x estiver expressa em unidades de
comprimento (como já considerado anteriormente), então:
4    
 (no S.I.)

Exemplo de uso da função Dipolo Unitário na análise de vigas:


Exemplo 5: Para representar o carregamento,  , decorrente de um momento concentrado:

y Mo
x
A C
B
a

Fig. 12 Viga sob ação de momento concentrado em x = a.

Para o carregamento indicado na Fig. 12, o qual consiste no momento concentrado de intensidade
! aplicado em x = a, além dos esforços de reação em C (os quais não estão indicados e não serão
considerados por ora), podemos expressar o carregamento  (devido unicamente ao momento
externo ! ) na forma:
 
! . 4   

Onde se deve observar que:

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i) Sendo 4   
 , no S.I., e estando o momento externo expresso em N.m (também no
S.I.), resulta, consistentemente: [q] = N/m;
ii) O sinal negativo atribuído a  decorre da convenção de sinais estipulada anteriormente (ver
Fig.9, Aula_1), e lembrando ainda que o momento ! indicado na figura pode ser visto como
resultante de um binário oriundo de carregamentos distribuídos (e cujas resultantes se anulam),
e de intensidade 
! /∆ , como indicado na figura 13.


y q
x

q
a

Fig. 13 Momento concentrado em x = a decorrente de carregamento distribuído.

De fato, por integrações sucessivas, obtém-se:




 
! . 4   


 
! .  4 ,   ,  1

Ou seja:
 
! .     1
E, mais uma vez:
!

 
! .     1


!
! .   ,   ,  1 .   1

resultando:
!
! . $,    1 .   1

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A aplicação das condições de contorno na extremidade esquerda da viga permite a determinação das
constantes de integração 1 e 1 . Assim:
 0
0 ⇔ 1
0

! 0
0 ⇔ 1
0

Logo:
! 
! . $ ,  

2.5 Exemplo de aplicação

A viga indicada na Fig. 14 possui comprimento total 3l e rigidez flexional EI (constante). A viga
encontra-se presa a molas lineares de constantes k e kt em x = 0, e está simplesmente apoiada em x = 3l.
Considerando que atue sobre a viga um carregamento linearmente distribuído de intensidade máxima
qo (em N/m) na parte central da mesma, pede-se:

a) o diagrama de corpo livre da viga (arbitre livremente os sentidos das reações de apoio);
b) o carregamento distribuído q(x) com base nos esforços indicados no diagrama de corpo livre da viga,
utilizando as funções de singularidade;
c) a distribuição de momentos fletores ao longo da viga, M(x) (obtida diretamente, por observação, ou
por integrações sucessivas do carregamento distribuído);
d) no que tange à determinação completa da linha elástica, indique quantas e quais são as incógnitas do
problema, bem como as equações necessárias para a determinação das incógnitas apontadas.

y
qo
kt
x
k

l l l

Fig. 14 Viga submetida a carregamento linearmente distribuído no vão central.

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Solução:
a) A figura abaixo ilustra o diagrama de corpo livre da viga ABCD:

y
qo
MA

A x B C D
VD
VA
l l l

b) Utilizando as funções de singularidade de Heaviside, Delta de Dirac e Dipolo Unitário, teremos a seguinte
expressão para o carregamento aplicado à viga2:
 
  ஺ . 
஺ .  ௢ . .    2 

c) Olhando diretamente para o diagrama de corpo livre podemos obter a expressão que fornece a distribuição de
momentos fletores na viga, utilizando as funções de Macaulay, a qual fica dada por:
qo qo qo
M ( x) = − M A .〈 x〉 0 + VA .〈 x〉 − .〈 x − l 〉 3 + .〈 x − 2l 〉 2 + .〈 x − 2l 〉 3
6l 2 6l
Alternativamente, poderíamos integrar duas vezes a expressão obtida no item (b) e obter, respectivamente, a
distribuição de forças cortantes (após a primeira integração) e a distribuição de momentos fletores (após a
segunda integração), resultando:
  
    
 ଵ    ஺ .   ஺ .  ௢ . .       2
 ଵ
௫ ௫

଴ష ଴ష 
௢ ௢
 ஺  
 ஺  
        
   2    
 ଵ
௫ ௫ ௫ ௫

଴ష ଴ష  ௟  ଶ௟

௢   ଶ ௢   ଶ
௫ ௫
 ஺  ஺         2  ଵ
 2 ௟
 2 ଶ௟

௢   ଶ ௢  ଶ  2
 ஺  ஺        2 ଵ
 2  2
e

2
A utilização das reações de apoio (referentes aos vínculos existentes nas extremidades da viga) na expressão do
carregamento distribuído não é obrigatória. Porém, a inclusão (ou não inclusão) destas reações no carregamento irá refletir
na determinação das constantes de integração que surgem no processo de integração.

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 =   + ଶ =
଴ష
௫ ‫ ݔ ݋ݍ‬− ݈2
=  −‫ ݔߜ ܣܯ‬+ ܸ‫ )ݔ(ܪ ܣ‬− ‫ ݔܪ‬− ݈ + ‫ ݔܪ‬− 2݈ + ‫ܣ‬1
 + ଶ =
‫ݔ( ݋ݍ‬2 − 2݈‫)ݔ‬
଴ష ݈ 2 ݈ 2
௫ ௫ ௫ ௫
= −‫ ݔߜ  ܣܯ‬+ ܸ‫   )ݔ(ܪ ܣ‬− ‫ ݔܪ‬− ݈  ‫ ݔ‬− ݈2  + ‫ ݔܪ‬− 2݈  (‫ݔ‬2 − 2݈‫ )ݔ‬+ ‫ܣ‬1  + ଶ
‫݋ݍ‬ ‫݋ݍ‬
଴ష ଴ష 2݈ ௟ 2݈ ଶ௟

‫ ݔ‬− ݈ 
3 ௫ ଷ ௫
= −‫ ݔܪ ܣܯ‬+ ܸ‫ ܣ‬. ‫ݔ‬. ‫ )ݔ(ܪ‬− ‫ ݔܪ‬− ݈ + ‫ ݔܪ ݋‬− 2݈ −  ଶ  + ‫ܣ‬1  + ଶ
‫݋ݍ‬ ‫ݍ‬
2݈ 3 ௟
2݈ 3 ଶ௟

‫ ݔ ݋ݍ‬− ݈3
= −‫ ݔܪ ܣܯ‬+ ܸ‫ ܣ‬. ‫ݔ‬. ‫ )ݔ(ܪ‬− ‫ ݔܪ‬− ݈ +  ଷ − 3  ଶ + 4 ଷ ‫ ݔܪ‬− 2݈ + ‫ܣ‬1  + ଶ
‫݋ݍ‬
6݈ 6݈

Obs: note que as duas expressões fornecidas para M ( x ) são equivalentes tendo em vista que:

• As duas constantes de integração ( A1 e A2 ) resultam naturalmente nulas, uma vez que os efeitos dos
esforços concentrados (aplicados em A) já estão considerados na expressão do carregamento distribuído
q ( x ) e, conseqüentemente, nas expressões de V ( x ) e de M ( x ) . De fato:
V (0+ ) = VA + A1 = VA ⇔ A1 = 0

M (0+ ) = −M A + A2 = − M A ⇔ A2 = 0 ;

. 〈x − l〉ଷ = − . x − lଷ . H(x − l)


୯౥ ୯౥
• −
଺୪ ଺୪

. 〈x . 〈x . x ଷ − 3lx ଶ + 4lଷ . H(x − 2l)


୯౥ ୯౥ ୯౥
• − 2l〉ଶ + − 2l〉ଷ =
ଶ ଺୪ ଺୪

d) Já vimos do item anterior como obter a expressão da distribuição de momentos fletores (seja de forma direta,
seja através da integração sucessiva do carregamento q( x) . Desta forma, partindo da relação entre momento
fletor e curvatura do eixo central da viga (e utilizando, por exemplo, as funções de Macaulay), teremos:
d 2v( x) qo qo qo
EI . = − M A .〈 x〉 0 + VA .〈 x〉 − .〈 x − l 〉 3 + .〈 x − 2l 〉 2 + .〈 x − 2l 〉 3
2
dx 6l 2 6l
que, integrando por duas vezes consecutivas, resultará respectivamente em:
VA qo qo qo
EI .v '( x) = − M A 〈 x〉 + 〈 x〉 2 − 〈 x − l〉4 + 〈 x − 2l 〉 3 + 〈 x − 2l 〉 4 + C1
2 24.l 6 24.l
e
MA VA qo qo qo
EI .v( x) = − 〈 x〉 2 + 〈 x〉 3 − 〈 x − l〉5 + 〈 x − 2l 〉 4 + 〈 x − 2l 〉 5 + C1 .x + C2
2 6 120.l 24 120l

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Observamos, assim, a existência de quatro incógnitas a serem obtidas para a determinação completa da linha
elástica, a saber: as duas constantes de integração (ଵ e ଶ ) e as duas reações oferecidas pelos apoios elásticos
(஺ e ஺ ). As quatro equações necessárias para a determinação destas incógnitas são:
k
i) VA = − k .v(0) ⇔ VA = − [C ] 2
EI
kt
ii) M A = − kt .v '(0) ⇔ M A = − [C ]1
EI
M A .9l 2 VA .27l 3 qo .32l 4 qo .l 4 qo .l 4
iii) v (3l ) = 0 ⇔ − + − + + + C1 .3l + C2 = 0 ou ainda:
2 6 120 24 120
9 M A .l 2 9VA .l 3 13.qo .l 4
v (3l ) = 0 ⇔ − + − + C1 .3l + C2 = 0
2 2 60
2qo .l 2
iv) ∑ M pólo D = 0 ⇔ M A − VA .3l +
3
=0

Resolvendo o sistema linear de equações indicado acima, obtemos as quatro incógnitas do problema. Com
relação à força vertical VD , esta pode ser obtida através do equilíbrio de forças na direção vertical, na forma:

qo .l
∑F y = 0 ⇔ VA + VD =
2

A solução do sistema linear indicado fornecerá neste caso:

qo .kl 3 . (167kt l + 120 EI ) qo .kt l 2 . (141k .l 3 − 40 EI )


VA = MA =
60. ( (9kl 2 + kt ) EI + 9kt k .l 3 ) 60. ( (9kl 2 + kt ) EI + 9kt k .l 3 )

qo .l 2 .EI (141k .l 3 − 40 EI ) qo .l 3 .EI (167 kt .l + 120 EI )


C1 = − C2 = −
60. ( (9kl 2 + kt ) EI + 9kt k .l 3 ) 60. ( (9kl 2 + kt ) EI + 9kt k .l 3 )

A título de verificação dos resultados, podemos considerar, por exemplo, o caso de viga simplesmente apoiada
nas duas extremidades, tomando o limite das expressões obtidas acima para k → ∞ (apoio rígido) e kt → 0

(sem mola de torção). Neste caso as expressões dadas acima resultam em:

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2
VA = qo .l (como se pode comprovar facilmente das equações de equilíbrio da estática)
9
MA = 0 (naturalmente, pois, para kt → 0 , não pode haver momento reativo em A)

47
C1 = − qo l 3
180
C2 = 0 (respeitando a condição de contorno que, neste caso em que k → ∞ , leva a v (0) = 0 )

2.6 Referências
[1] Meirovitch, L. “Elements of Vibration Analysis”, 2nd ed., McGraw-Hill Int. Ed., 1986, 560p.
[2] Shames, I.H., Pitarresi, J.M. “Introduction to Solid Mechanics”, Prentice-Hall, 2000, 769p.
[3] Barcelos, C.A.Z., Andrade, E.X.L., Boaventura, M. “Notas em Matemática Aplicada”, vol.37,
2012, Disponível em: http://www.sbmac.org.br/arquivos/notas/livro_37.pdf

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