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qo
y
x
a
l
Porém, com o emprego de outras funções de singularidade, como a função Delta de Dirac (ou
impulso unitário), a função de Heaviside (ou degrau unitário) e a função dipolo unitário, será possível
exprimir qualquer carregamento aplicado à viga como uma superposição de várias destas funções. Cabe
aqui destacar que o termo “função” empregado neste texto para as “funções” Delta de Dirac, Heaviside
e dipolo unitário segue uma certa tradição referente à nomenclatura e à forma de apresentação
usualmente empregadas para estes elementos (ver, p.ex., Meirovitch [1] ou Shames e Pitarresi [2]), os
quais tratam-se, na verdade, de distribuições (ver, p.ex., Barcelos et al [3]).
1
Notas de Aula preparadas pelo Prof. Dr. Roberto Ramos Jr., email: rramosjr@usp.br
Uma forma simples de entender como pode ser “construída” uma função que obedece a tais
condições pode ser vista na Fig. 2, que representa um pulso triangular.
f(x)
1/∆
a x
(a–∆) (a+∆)
.
1
∆
ii)
∆
E, no limite para ∆→ 0, teremos uma representação aceitável da função Delta de Dirac ,
definida anteriormente, sendo
o ponto de ocorrência da “singularidade”, no qual o valor
retornado pela função é infinito. A propósito, a indicação reforça justamente o fato
de o ponto de singularidade ser em
e não em outro ponto qualquer.
. .
P
y
x
C
A B
VA a VC
l
y Mo
x
A C
B
a
H(x-a)
a x
Observações:
1) Para os propósitos do curso, não é necessária nenhuma preocupação com relação à suposta
indefinição do valor da função no ponto de singularidade (isto é, em
);
2) O valor (“1”) retornado pela função de Heaviside para + não possui qualquer dimensão (é um
adimensional). Desta forma, multiplicar qualquer grandeza mecânica pela função de Heaviside
preserva a unidade da grandeza mecânica que está sendo multiplicada;
, $ , ,
$ . , ,
$
, ,
-$ .
q(x)
q2
y q1
x
A B
a
b
l
P
y
x
C
A B
VA a VC
l
Para o carregamento indicado na Fig.9, que consiste na força concentrada de intensidade P aplicada
em x = a, e nos esforços de reação em A e C, já havíamos obtido (ver exemplo 1):
. . .
Substituindo a relação acima na equação diferencial de equilíbrio dada por:
Virá:
. . .
Logo:
. . . 1
Ou seja:
. $ . $ . $ 1
Também é interessante observar que a equação de equilíbrio de forças verticais na viga pode ser
obtida diretamente de uma condição análoga:
0 ⇔
0 ⇔
q(x)
∆ ∆
1/∆2
-1/∆2
a
||
1/∆
a x
(a–∆) (a+∆)
É notório que a Fig. 11 reproduz exatamente o comportamento da função Delta de Dirac, uma vez
que valem as mesmas relações vistas anteriormente para esta função, a saber:
i)
0 , para ;
1
ii)
Ademais, a condição (ii) pode ser interpretada como uma condição de que o momento decorrente do
carregamento
4 em relação à origem (ou em relação a qualquer outro pólo de interesse)
resulta sempre igual a “1” (adimensional).
Do exposto, valem as seguintes relações entre as funções dipolo unitário, 4 , e Delta de
Dirac, :
4, ,
4
y Mo
x
A C
B
a
Para o carregamento indicado na Fig. 12, o qual consiste no momento concentrado de intensidade
! aplicado em x = a, além dos esforços de reação em C (os quais não estão indicados e não serão
considerados por ora), podemos expressar o carregamento (devido unicamente ao momento
externo ! ) na forma:
! . 4
∆
y q
x
q
a
! . 4 , , 1
Ou seja:
! . 1
E, mais uma vez:
!
! . 1
!
! . , , 1 . 1
resultando:
!
! . $, 1 . 1
! 0
0 ⇔ 1
0
Logo:
!
! . $ ,
A viga indicada na Fig. 14 possui comprimento total 3l e rigidez flexional EI (constante). A viga
encontra-se presa a molas lineares de constantes k e kt em x = 0, e está simplesmente apoiada em x = 3l.
Considerando que atue sobre a viga um carregamento linearmente distribuído de intensidade máxima
qo (em N/m) na parte central da mesma, pede-se:
a) o diagrama de corpo livre da viga (arbitre livremente os sentidos das reações de apoio);
b) o carregamento distribuído q(x) com base nos esforços indicados no diagrama de corpo livre da viga,
utilizando as funções de singularidade;
c) a distribuição de momentos fletores ao longo da viga, M(x) (obtida diretamente, por observação, ou
por integrações sucessivas do carregamento distribuído);
d) no que tange à determinação completa da linha elástica, indique quantas e quais são as incógnitas do
problema, bem como as equações necessárias para a determinação das incógnitas apontadas.
y
qo
kt
x
k
l l l
y
qo
MA
A x B C D
VD
VA
l l l
b) Utilizando as funções de singularidade de Heaviside, Delta de Dirac e Dipolo Unitário, teremos a seguinte
expressão para o carregamento aplicado à viga2:
.
. . .
2
c) Olhando diretamente para o diagrama de corpo livre podemos obter a expressão que fornece a distribuição de
momentos fletores na viga, utilizando as funções de Macaulay, a qual fica dada por:
qo qo qo
M ( x) = − M A .〈 x〉 0 + VA .〈 x〉 − .〈 x − l 〉 3 + .〈 x − 2l 〉 2 + .〈 x − 2l 〉 3
6l 2 6l
Alternativamente, poderíamos integrar duas vezes a expressão obtida no item (b) e obter, respectivamente, a
distribuição de forças cortantes (após a primeira integração) e a distribuição de momentos fletores (após a
segunda integração), resultando:
ଵ
. . . . 2
ଵ
௫ ௫
ష ష
2
ଵ
௫ ௫ ௫ ௫
ష ష ଶ
ଶ ଶ
௫ ௫
2 ଵ
2
2 ଶ
ଶ ଶ 2
2 ଵ
2 2
e
2
A utilização das reações de apoio (referentes aos vínculos existentes nas extremidades da viga) na expressão do
carregamento distribuído não é obrigatória. Porém, a inclusão (ou não inclusão) destas reações no carregamento irá refletir
na determinação das constantes de integração que surgem no processo de integração.
ݔ− ݈
3 ௫ ଷ ௫
= − ݔܪ ܣܯ+ ܸ ܣ. ݔ. )ݔ(ܪ− ݔܪ− ݈ + ݔܪ − 2݈ −
ଶ + ܣ1 + ଶ
ݍ ݍ
2݈ 3
2݈ 3 ଶ
ݔ ݍ− ݈3
= − ݔܪ ܣܯ+ ܸ ܣ. ݔ. )ݔ(ܪ− ݔܪ− ݈ + ଷ − 3
ଶ + 4
ଷ ݔܪ− 2݈ + ܣ1 + ଶ
ݍ
6݈ 6݈
Obs: note que as duas expressões fornecidas para M ( x ) são equivalentes tendo em vista que:
• As duas constantes de integração ( A1 e A2 ) resultam naturalmente nulas, uma vez que os efeitos dos
esforços concentrados (aplicados em A) já estão considerados na expressão do carregamento distribuído
q ( x ) e, conseqüentemente, nas expressões de V ( x ) e de M ( x ) . De fato:
V (0+ ) = VA + A1 = VA ⇔ A1 = 0
M (0+ ) = −M A + A2 = − M A ⇔ A2 = 0 ;
d) Já vimos do item anterior como obter a expressão da distribuição de momentos fletores (seja de forma direta,
seja através da integração sucessiva do carregamento q( x) . Desta forma, partindo da relação entre momento
fletor e curvatura do eixo central da viga (e utilizando, por exemplo, as funções de Macaulay), teremos:
d 2v( x) qo qo qo
EI . = − M A .〈 x〉 0 + VA .〈 x〉 − .〈 x − l 〉 3 + .〈 x − 2l 〉 2 + .〈 x − 2l 〉 3
2
dx 6l 2 6l
que, integrando por duas vezes consecutivas, resultará respectivamente em:
VA qo qo qo
EI .v '( x) = − M A 〈 x〉 + 〈 x〉 2 − 〈 x − l〉4 + 〈 x − 2l 〉 3 + 〈 x − 2l 〉 4 + C1
2 24.l 6 24.l
e
MA VA qo qo qo
EI .v( x) = − 〈 x〉 2 + 〈 x〉 3 − 〈 x − l〉5 + 〈 x − 2l 〉 4 + 〈 x − 2l 〉 5 + C1 .x + C2
2 6 120.l 24 120l
Resolvendo o sistema linear de equações indicado acima, obtemos as quatro incógnitas do problema. Com
relação à força vertical VD , esta pode ser obtida através do equilíbrio de forças na direção vertical, na forma:
qo .l
∑F y = 0 ⇔ VA + VD =
2
A título de verificação dos resultados, podemos considerar, por exemplo, o caso de viga simplesmente apoiada
nas duas extremidades, tomando o limite das expressões obtidas acima para k → ∞ (apoio rígido) e kt → 0
(sem mola de torção). Neste caso as expressões dadas acima resultam em:
47
C1 = − qo l 3
180
C2 = 0 (respeitando a condição de contorno que, neste caso em que k → ∞ , leva a v (0) = 0 )
2.6 Referências
[1] Meirovitch, L. “Elements of Vibration Analysis”, 2nd ed., McGraw-Hill Int. Ed., 1986, 560p.
[2] Shames, I.H., Pitarresi, J.M. “Introduction to Solid Mechanics”, Prentice-Hall, 2000, 769p.
[3] Barcelos, C.A.Z., Andrade, E.X.L., Boaventura, M. “Notas em Matemática Aplicada”, vol.37,
2012, Disponível em: http://www.sbmac.org.br/arquivos/notas/livro_37.pdf