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Prof. Eng. José Duarte R. Marafona, LEM (FEUP); MEE (FEUP); PhD (University of Nottingham)
Tecnologia e aplicações da electroerosão/v2 12.09.11
1. - INTRODUÇÃO
Recentes avanços científicos apresentam novas e significativas mudanças para a
indústria de processamento dos materiais. Existe uma extrema necessidade para
desenvolver novos métodos de processamento e melhoramento dos processos
existentes, os quais são capazes de processar economicamente materiais
modernos. Os processos não tradicionais (como é a electroerosão) estão sendo
usados para produzir peças complexas em superligas, cerâmicos, plásticos e
compósitos reforçados com fibras numa variedade de aplicações para as indústrias
aeroespacial, automóvel e electrónica. Estes processos de fabrico não tradicionais
oferecem vantagens de redução no número total de operações de produção de um
produto, na redução do número de peças rejeitadas e uma fácil implementação de
controlo por computador.
2. – HISTÓRIA DA ELECTRO-EROSÃO
Foi em 1769 que o cientista Inglês Priestley começou a fazer investigação com
descargas eléctricas usando experimentação simples com baterias e circuitos
eléctricos. Em 1770 Priestley fez o primeiro relatório do efeito erosivo da descarga
eléctrica obtendo a remoção de material sob condições laboratoriais. O
A primeira máquina foi construída sobre uma furadora com uma cabeça vibratória a
qual gerava uma rápida sucessão de descargas entre o eléctrodo móvel e a peça
fixa. A máquina de electroerosão usava a descarga de um gerador conhecido como
o circuito de Lazarenko, o qual foi usado durante muitos anos como fonte de
alimentação para máquinas de electroerosão. As fontes de alimentação de
relaxação, com RC ou RLC foram desenvolvidas. Imediatamente depois da guerra, a
tecnologia da electroerosão foi gradualmente implementada na indústria. Em
paralelo com esta implementação, a investigação do fenómeno da descarga
eléctrica continuava. Pelo ano de 1959 fizeram-se avanços significativos na
explicação do fenómeno da descarga eléctrica devido a grande variedade de teorias
que tinham sido propostas, contudo a explicação do fenómeno mais satisfatória, foi
dada por Zingerman, do Instituto de Leninegrado, o qual colocava em relevo o
fenómeno termoeléctrico como a causa de remoção do metal.
4. – O GERADOR DE IMPULSOS
O gerador de impulsos básico fornece impulsos de corrente de valor constante,
desde 1 até 300 A, causando baixo desgaste da ferramenta. O intervalo entre
impulsos é mínimo, de acordo com as necessidades que o fluido dieléctrico tem para
desionizar depois de cada impulso evitando assim a ocorrência de arco continuo, e a
duração de impulso ocupa a maior parcela assegurando assim a máxima quantidade
de material removido ou a máxima velocidade de penetração. O gerador de impulsos
apresenta uma tensão em circuito aberto de aproximadamente 80 V a qual produz
uma descarga através de uma pequena abertura do que a abertura óptima
necessária pelo circuito RC e desde então o impulso é mantido pelo gerador, a
tensão na abertura cai na iniciação da descarga (chamada ignição) para
aproximadamente 25 V. Cada descarga é terminada pelo gerador de impulsos
5. - SERVO CONTROLO
A descarga eléctrica ocorre sempre através do caminho electricamente mais curto
entre a ferramenta e a peça a trabalhar. Como as descargas acontecem e produzem
forma no material da peça a trabalhar, a abertura entre eléctrodos aumenta e ficaria
eventualmente muito grande para outras descargas serem produzidas pela tensão
disponível. De maneira a manter constante a abertura, a ferramenta é
automaticamente posicionada relativamente à forma da peça a trabalhar sendo este
posicionamento produzido pelo sistema de servo-controlo para compensar o material
removido.
A mais comum forma de controlo é feita por uma válvula servo electro-hidráulica
controlando assim a coluna porta-ferramenta através de um cilindro hidráulico. Este
sistema básico é largamente usado porque é simples e pode ser aplicado a uma
grande variedade de tamanhos de máquinas e por esta razão as massas da
ferramenta e coluna, simplesmente pelo uso de um cilindro hidráulico e fornecimento
de bomba de capacidade adequada. Contudo, está aumentando a utilização dos
motores eléctricos passo a passo e também os motores de corrente continua são
empregados em algumas aplicações. A resposta e desempenho do servo é inerente
a ambos no projecto e também dependente do gerador com o qual este é usado.
esperar obter uma velocidade desde 3mm3/min até 320 mm3/min para uma grande
variedade de aplicações na produção de “ferramentas”. Os factores que afectam o
material removal rate são:
A relação mais importante contudo parece ser a primeira (i) e é aquela que tem sido
mais utilizada para obtenção de estimativas de velocidade de corte (MRR-Material
Removal Rate) e de desgaste da ferramenta (TWR-Tool Wear Ratio). A visualização
120
100
Material removal rate (mm3/min)
80
60
40
20
0
18 56 180 320 420 560
Pulse duration (x10E-03 ms)
4
I.C.=18.3 A. I.C.=24.3 A. I.C.=37.1 A.
3.5
3
7. – ACABAMENTO SUPERFICIAL
Cada descarga remove uma quantidade de material por minuto da peça a trabalhar,
deixando uma forma característica tipo caractera com uma relação entre
profundidade/diâmetro de aproximadamente 0.3 ou menor. Com a continuação da
maquinagem, a superfície da peça a trabalhar fica completamente coberta com a
sobreposição de caracteras. As características mais notáveis da superfície de
acabamento produzido por electroerosão são o seu aspecto e aparência, aleatórias
relativamente às marcas direccionais típicas dos métodos de maquinagem
convencional. Tem uma incomparável qualidade na aparência. Isto é demonstrado
por uma escala de comparação (VDI) do acabamento superficial para electroerosão.
O valor de VDI está relacionado com a amplitude média aritmética da rugosidade
Ra(µm), pela expressão:
VDI Nº = 20*log(10)*10*Ra
grau de rugosidade depende do tamanho da caractera produzida a qual por sua vez
depende da quantidade de energia utilizada na descarga durante a maquinagem.
Sendo a quantidade de energia da descarga fortemente dependente dos valores da
intensidade de corrente e da duração do impulso, a figura 5 mostra a variação da
rugosidade com aqueles parâmetros de maquinagem. Assim, é possível constatar
que o acabamento final deverá ser efectuado com baixas intensidades de corrente e
pequenos impulsos. Parece haver também um pico de rugosidade máxima para
impulsos intermédios decrescendo para grandes impulsos. O comportamento da
rugosidade com estes parâmetros de maquinagem parece em tudo idêntico ao da
velocidade de corte.
Tem sido confirmado que o efeito térmico da descarga tem efeitos sobre a superfície
maquinada para além da rugosidade. Estes efeitos fazem-se sentir em termos
químicos e mecânicos. Assim o estudo da integridade da superfície maquinada
envolve o estudo como vimos da rugosidade e para além desta das zonas afectadas
pelo calor, micro-dureza, micro-fissuras, tensões residuais e difusão do material da
ferramenta e carbono do fluido dieléctrico. Esta avaliação é bastante importante para
melhoramento das características da superfície maquinada como são a resistência
ao desgaste e a corrosão.
10
7
Surface roughness (x10E-03 mm)
0
18 56 180 320 420 560
Pulse duration (x10E-03 ms)
9. – ELÉCTRODOS
Qualquer material possuindo uma resistividade eléctrica abaixo dos 100 Ω.cm pode
ser usado como um eléctrodo em electroerosão, incluindo compósitos de cerâmico-
cerâmico ou cerâmico-metal. O principal parâmetro dependente do mecanismo de
electroerosão é a erosão dos eléctrodos e da peça a trabalhar o que tem sido sujeito
a investigação. Muitos factores têm sido postulados para a remoção de material dos
eléctrodos e peça a trabalhar. Porém a teoria que defende a transformação de
energia eléctrica em energia térmica para o processo físico envolvido na remoção
dos materiais elaborado por Zingerman recolheu largas concordâncias por
Berghausen. As propriedades mais importantes para escolher um material para o
eléctrodo estão associadas aos processos eléctrico e térmico.
Produção de eléctrodos
As operações com electroerosão podem ser tão precisas quanto o eléctrodo, o qual
depende fundamentalmente da precisão com que é produzido. Assim as técnicas de
maquinagem convencional são geralmente adoptadas; existe porém o requerimento
de subdimensionamento durante a produção do eléctrodo. Por razões já explicadas
a precisão do subdimensionamento é muito importante, e detalhes de
subdimensionamento deverão sempre ser fornecidos no trabalho de desenho dos
eléctrodos. Com o fornecimento de eléctrodos metálicos, o subdimensionamento
destes pode ser obtido por ataque químico. Este é o método mais económico e, em
alguns casos, a única maneira usada no que diz respeito a eléctrodos de formas
complexas. Os eléctrodos usados para obtenção de moldes são normalmente
produzidos por cópia de fresagem no material escolhido (bloco de grafite). Uma
máquina 3D de copiar perfil, como é o pantógrafo, pode ser usado e versões
projectadas para fazer os eléctrodos de electro-erosão estão disponíveis com escala
de 1:1.
Uma analogia pode ser feita com a condução de um carro. O condutor deverá ter em
atenção as circunstâncias subjectivas das condições da estrada, outros veículos,
cruzamentos, a velocidade adequada, a melhor mudança para a condução, e a
direcção do carro a todo o tempo. Estas condições são muito mais relevantes do que
seriam a leitura digital, por exemplo, da posição do carro e velocidade. A exactidão é
menos importante do que o julgamento da combinação das circunstâncias
envolvidas. A condução real, ou um operador real de electroerosão, só pode
responder à situação desta maneira em qualquer situação, fazendo uso dos meios e
experiência; e um algoritmo simples não pode lidar com todas estas situações
simultaneamente.
de material da peça através do fio eléctrodo. Tendo sido no fim do corte da peça
obtida a forma desejada ou o perfil. Em algumas máquinas de electroerosão por fio
este é “fixo” numa posição e a peça a trabalhar move-se e, em outras, a peça é fixa
numa posição e o fio move-se relativamente à peça. O corte por electroerosão por
fio é conseguido por altas frequências de descargas eléctricas (aproximadamente
100 000 por segundo) entre o fio e a peça a trabalhar. Impulsos de intensidade de
tensão necessária (da ordem dos 50 – 300 V) são aplicados entre a peça a trabalhar
e o fio. Água desionizada é introduzida entre o fio e a peça a trabalhar por um
esquema de fluxo de refrigeração. Quando a tensão aplicada atinge o valor “break
down” do dieléctrico, a água começa a ionizar, tornando-se electricamente condutora
formando instantaneamente um intenso canal condutor, um arco plasma, entre o fio
e a peça a trabalhar.