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INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................1
O (RE)COMEÇO ...................................................................................................................................................1
O COMEÇO ...........................................................................................................................................................2
HOJE.....................................................................................................................................................................4
LIÇÃO 2 - ALGUÉM MENTIU PRA VOCÊ (TALVEZ TENHA SIDO VOCÊ MESMO) .................... 10
MOTIVAÇÃO: ...................................................................................................................................................................... 16
CLAREZA: ............................................................................................................................................................................ 16
COMO ENCONTRAR O SEU PORQUÊ? ............................................................................................................... 16
ESPECIFICANDO O MEU PORQUÊ ..................................................................................................................... 17
EXEMPLO 1 (PROBLEMA): ESTOU FICANDO SEM DINHEIRO ..................................................................................... 18
EXEMPLO 2 (HABILIDADE): PRECISO APRENDER COPYWRITING ............................................................................ 19
A LEITURA ELEMENTAR................................................................................................................................... 25
LEITURA INSPECIONAL .................................................................................................................................... 26
COMO FAZER A LEITURA INSPECIONAL? ....................................................................................................................... 28
PARTE 1: SURFAR (SKIMMING)...................................................................................................................................... 28
PARTE 2: ESCANEAR (SCANNING)................................................................................................................................. 30
CAMADA 1 ........................................................................................................................................................ 53
CAMADA 2 ........................................................................................................................................................ 54
CAMADA 3 ........................................................................................................................................................ 54
CAMADA 4 ........................................................................................................................................................ 54
OPÇÃO 1: DIAGRAMAS OU IMAGENS .............................................................................................................................. 54
OPÇÃO 2: PRÁTICA............................................................................................................................................................ 54
CAMADA 5 ........................................................................................................................................................ 55
CONCLUSÃO .................................................................................................................................................. 64
AGRADECIMENTOS .................................................................................................................................... 67
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................. 68
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Introdução
O (re)começo
Fevereiro de 2014. Um jovem garoto de 21 anos está sentado em cima da mesa
da sala de jantar. É madrugada, por volta das 2 da manhã. Todas as garrafas de cerveja que
ele tinha em casa já tinham sido bebidas… com o fim da cerveja, foi preciso pegar a garrafa
de vinho aberta, que estava na porta da geladeira. “Foda-se que eu não gosto de vinho”,
pensa o jovem, “o importante é me manter bêbado”.
Muito embriagado, sem enxergar muito sentido em sua vida e sem conseguir
encontrar uma saída para a prisão na qual a sua mente se encontra, ele abre a janela,
levanta-se da mesa e, de pé no chão, encosta no beiral. Ele coloca a cabeça pra fora e sente
o vento calmo daquela noite. Olha pra baixo e pensa: “O que é melhor: essa dor inexplicável
ou a morte?”.
Foi aí que esse garoto entendeu que sua vida não se tratava apenas dele. Se ele
pulasse, mesmo que nada mais houvesse após a morte, as pessoas que o amavam
sofreriam. Sua vida não era apenas sobre ele… a nossa vida é maior que nós mesmos.
Apesar de voltar muitas vezes àquela janela durante aquele ano; apesar de se
embriagar muitas vezes e voltar a se perguntar se valia ou não a pena pular, ele nunca
pulou, porque esse novo pensamento agora crescia e ganhava força “minha vida não é
apenas sobre mim”. Esse pensamento era luz. Uma luz iluminando a escuridão.
E esse jovem era eu, 6 anos atrás. Perdido, sem encontrar um sentido na vida,
apesar de sempre ter recebido muito amor, muito carinho e muito conforto. O resto dessa
história é material para um outro livro…
Em 2014 eu tinha acabado de voltar da França para o Brasil. Morei lá por 2 anos
e 11 meses, entre março de 2011 e fevereiro de 2014. E o destino, por alguma razão, me
quis de volta à Europa. Hoje, em maio de 2020, eu estou escrevendo esse livro daqui da
Itália em meio à pandemia do covid-19. Muita coisa mudou nesses 6 anos. Hoje eu enxergo
que o começo da mudança foi nessa noite que eu te descrevi.
Perceber que minha vida não era apenas sobre mim, mas também sobre o
outro, foi o que me manteve vivo e foi o que me fez procurar uma razão de viver. E foi
exatamente procurando essa razão de viver, que para muitos se chama propósito, que eu
cheguei agora até você, através dessas palavras.
O começo
Desde muito pequeno, eu me lembro da minha mãe me dizendo que Deus tinha
algo planejado para mim e que meu trabalho não deveria ser apenas para ganhar dinheiro
ou pagar as contas. Ela me disse, a vida toda, que meu trabalho precisava ajudar o outro.
“Não importa o que você faça, filho, você deve ajudar os outros de alguma maneira com o
seu trabalho”.
Ela provavelmente não sabia que eu acabaria tornando essa frase o lema
principal da minha vida e do meu negócio, mas foi essa sementinha plantada quando eu era
ainda muito novo que me trouxe até aqui.
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Mas essa não foi a única semente que me trouxe onde estou agora. Por isso,
preciso te contar mais uma história. Agora voltamos para os anos 90. Essa é a história de
um garotinho que tinha um pai artista e uma tia muito determinada.
Nessa época a família não tinha muito dinheiro. O garotinho, nascido em 1993,
morava em uma casa de madeira com os seus pais e sua cadela, chamada Samanta. Era da
raça fila, que chegava a ter 1,70m quando de pé em duas patas.
O pai havia pegado todo seu dinheiro para conseguir comprar aquela casa. Era
uma casa simples, cheia de buracos no teto que fazia gotejar em muitas partes dela quando
chovia. Porém, o lado bom é que ela ficava em um bairro bom e seguro da cidade.
Com pouco dinheiro não era possível ter muitas coisas. Mas a tia do garotinho,
que era solteira e não tinha filhos, tinha a saída perfeita: com R$10,00 era possível comprar
3 livros de um vendedor ambulante que passava no seu trabalho. O menino teve sorte,
porque ela tinha somente um sobrinho naquela época, e todos os livros que ela comprava
eram para ele. E ali, com 3 anos de idade, o garoto começou a ganhar livros de presente.
Sua tia, que sabia que a leitura podia ajudá-lo a ter uma vida melhor, queria incentivá-lo
desde cedo. E ela contava com a ajuda de um parceiro de peso: o pai artista. (Mais à frente,
neste livro, você vai saber mais sobre essa tia determinada).
O pai pegava os livros que o menino ganhava e lia para ele todos os dias. Mas
ele não os lia de uma maneira normal. Ele mergulhava na história e interpretava todos os
personagens. Eles tinham vozes e personalidades. Eles riam, choravam, ficavam bravos,
tristes, entediados. As histórias ganhavam vida na mente do garoto que ficava ali escutando
seu pai e observando o teatro particular. E foi aí que a paixão pelos livros começou a nascer.
Foi ali, enxergando o mundo alternativo que existia nos livros, que o menininho percebeu
que o mundo dele podia ser muito melhor. É claro que você já sabe que esse garotinho sou
eu.
Minha tia Elizabete e meu pai, Elton (ele copiou o meu nome), são os dois
maiores responsáveis pelo meu amor pelos livros. Graças a eles, eu comecei a ler desde
muito pequeno. De acordo com a minha mãe, aos 3 anos eu já sabia ler e eu já lia os livros.
A minha memória mais marcante é de um fim de semana, onde eu li 12 livros de uma série
chamada de “A turma dos tigres”. Eu lembro da minha mãe preocupada que eu não parava
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de ler. Na verdade, eu acho que ela estava preocupada em ter que comprar mais livros. Eles
não eram fáceis de encontrar no sebo1. E mesmo no sebo, eles não eram tão baratos.
Aquele fim de semana foi muito marcante. Me lembro da minha tia dando
risada de como eu podia gostar tanto de livros. Eu também lembro que, mais ou menos
nessa época, eu ganhei a coleção de gibis do meu tio, o irmão dela. Grande Maykon Jackson
(esse é mesmo o nome dele, pode rir). Eram os gibis do Senninha, feitos em homenagem
ao piloto Ayrton Senna. Eram muitos gibis e eu lia todos os dias. Li muitas e muitas vezes
cada um daqueles gibis. Eram minha grande diversão.
Hoje, em 2020, com 26 anos, eu já não leio mais gibis. Mas a minha paixão pela
leitura só aumentou com o tempo. E é por isso que eu estou aqui te escrevendo essa carta
em forma de livro. Desde 2016, eu mergulhei de vez no mundo da leitura e do aprendizado.
Nos últimos 4 anos, eu descobri que os livros eram muito mais que apenas diversão.
Hoje
Sabe o que eu descobri de 2016 pra cá? Descobri que os livros eram mesmo
janelas para um outro mundo; mas não aquele mundo imaginário que eu via quando era
criança. Um mundo real, feito de pessoas e coisas igualmente reais. Um mundo de sonhos,
sim, mas sonhos que viram realidade. Um mundo de muito mais satisfação, felicidade e
riqueza, em todos os sentidos dessas palavras.
Esse mundo é para todos. Mas ele não é facilmente acessível. Os livros são
janelas para esse mundo. Eles te permitem enxergar, mas eles também são mais que isso.
Eles são caixas de ferramentas. Ferramentas que te permitem acessar o outro lado dessas
janelas.
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O sebo é um lugar onde se compra livros usados. As pessoas vão lá e vendem seus livros usados para o dono
do sebo, que os revende às outras pessoas. Ele lucra com isso e consegue vender os livros a um preço
mais baixo que o das livrarias, afinal, eles são usados. Deviam existir mais sebos.
2 Um marido de aluguel é aquele profissional que faz tudo. Ele é um profissional capacitado para solucionar
diversos problemas do lar. Arrumar um chuveiro, instalar um varal, consertar o encanamento da pia...
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Sabe qual o seu maior aliado? A caixa de ferramentas. É ela que permite que
você possa fazer todos as instalações e reparos necessários. Nela encontramos o martelo,
pregos, chave de fenda, chave de rosca, bucha, alicate e muito mais. Sem as ferramentas, o
marido (ou marida) de aluguel não seria capaz de fazer quase nada do seu trabalho.
Agora vamos voltar para a nossa vida. Todos os dias temos diversas instalações
para fazer, diversos pequenos problemas para reparar, não é mesmo? Pense em qualquer
coisa que você já realizou ou conquistou. Você precisou de alguma habilidade para aquilo.
Desde a atividade mais simples até a mais complexa, você precisou aprender algo.
Como um marido de aluguel, o que você precisa é das ferramentas corretas para
cada situação. Cada nova instalação, cada novo reparo, demanda uma ferramenta
específica. Ninguém consegue te falar exatamente de quantas ferramentas você precisa e
nem de quais delas você precisa. Todos que já entraram nesse mundo usaram ferramentas.
Mas são tantas diferentes que é impossível dizer de quais você vai precisar.
Um provérbio chinês diz: “Quem pergunta é idiota por 5 minutos, quem não
pergunta é idiota para sempre” (Wang-Wei).
Esse provérbio é sobre o aprendizado, mas tudo seria diferente se ele não
tivesse feito essa pergunta. Depois da pergunta, alguns minutos se passaram até que ele
estivesse pronto para iniciar uma conversa. Essa conversa prometia. No dia anterior, ele
havia devorado um livro chamado “O livro negro da sedução”. O livro tinha dado uma nova
perspectiva sobre o processo de conquista para o jovem, ele precisava ver se aquilo
funcionava. E tinha que ser com ela.
Imagine que você está na praia. O vento soprando levemente, você sente a brisa
no rosto. É um pouco antes das 5 da manhã, o sol está começando a nascer lá no horizonte.
Você foi ali só para vê-lo nascer. A temperatura está muito agradável, você queria poder
pegar um “controle remoto da vida” (igual naquele filme Click) e apertar o botão do pause.
É bem naquele momento em que o céu começa a ficar alaranjado e azul bem clarinho. O
mar está na sua frente com ondas fracas, porém fortes o suficiente para fazer aquele som
relaxante. É a vista mais linda que você já viu, é simplesmente surreal. Você se perde no
momento, deseja viver nele para sempre.
Foi assim que o garoto se sentiu ao olhar para ela, quando chegou ali perto dela.
Se tinha uma pessoa que ele precisava conquistar nesse mundo, era essa mulher. Ela
parecia com o amor da vida dele. Tinha todos os traços físicos de sua preferência: morena,
de cabelos longos, que chegavam quase na cintura, não tão alta e também não tão baixa,
aquela altura ideal que ele tanto gostava. Vestido preto (é impressionante como uma roupa
preta bem produzida fica elegante no ser humano) e salto alto. Se existia beleza igual, ele
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ainda não tinha visto. E era por isso que ele precisava usar o que tinha acabado de aprender
no livro. Afinal, o livro ensinava algo que ele ainda não tinha aprendido em nenhum outro
lugar. Respirou fundo, sentiu aquele frio na barriga que passa antes de começar uma
conversa com alguém em quem se está interessado, soltou o ar e foi.
“Ela está rindo, esse é um bom sinal”, pensava ele enquanto a conversa rolava.
Minuto após minuto ele ia se interessando mais por ela. Não era só beleza física, ela tinha
muito mais. Um jeito simpático, agradável, uma voz encantadora, o cheiro... ahhh o cheiro
maravilhoso de perfume que ele podia sentir só o fazia desejar ainda mais essa moça.
Alguns dias antes, Guilherme, amigo do jovem, tinha falado pra ele: “Cara, você
precisa ler esse livro que eu li” - Guilherme estava muito empolgado com o livro. Ele falou
com tanta confiança que foi imediata a resposta: “Que livro?!”; “O livro Negro da Sedução,
li e funciona, velho! Funciona e você vai ficar louco quando descobrir”. Não precisava dizer
mais nada, ele já queria o livro.
Por coincidência, era o Guilherme quem estava com o jovem naquele dia,
enquanto ele conversava com a moça, a morena que já estava ganhando seu coração.
Enquanto os dois conversavam, Guilherme observava. Em um momento, ele não se conteve
e preciso falar no ouvido do jovem: “Cara, você tá fazendo exatamente como no livro!”
Ele realmente estava fazendo exatamente o que aprendeu no livro. Ele tinha
terminado o livro algumas horas antes, naquela noite. Tudo estava ainda fresco na sua
memória. E sabe qual foi o resultado daquela noite? Hoje eu namoro com a Milene e não
tenho dúvidas de que vamos nos casar.
Sim, essa é mais uma história sobre mim, sobre o amor, livros e perguntas. As
perguntas são o começo de tudo. Sem perguntas, não se encontra respostas. Sem
perguntas, não existe aprendizado. Esse é um livro sobre livros. E livros são sobre perguntas.
Esse é o maior ensinamento que eu posso te passar, e já estou te dando ele agora. Então,
se você decidir que não quer continuar a ler, você já aprendeu o mais importante.
No decorrer deste livro, você vai embarcar em uma jornada comigo e, como
você vai ver, os caminhos para os quais essa jornada vai nos levar sempre vão passar por
perguntas.
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Existem 4 perguntas principais que você vai ser capaz de responder sobre um
livro se aplicar o que eu te ensino aqui:
Eu ouvi esta frase em uma entrevista uma vez, em um vídeo que estava
assistindo no YouTube, e ela ficou marcada na minha memória: “Quanto mais você aprende,
mais perguntas você tem. E quanto menos perguntas você faz, menos você aprende.”
Neste livro eu vou te explicar justamente por onde começar. Eu vou te explicar
exatamente como fazer perguntas e quantas perguntas fazer. Também vou te ajudar a
responder essas perguntas. Afinal, na leitura você não é apenas responsável por fazer os
questionamentos, mas também por encontrar as respostas.
sejam respondidas com este livro. Eu já te ajudei colocando algumas ali em cima, mas é
sempre possível fazer mais.
As perguntas vão direcionar todo o seu aprendizado e ainda vamos falar muito
sobre elas. As perguntas são um elemento-chave para encontrarmos as ferramentas que
queremos nos livros que lemos.
A partir de agora você vai aprender a olhar para um livro como uma caixa de
ferramentas, e para o autor como um amigo. Um amigo que veio te mostrar as ferramentas
que ele usa na vida dele. Além disso, a partir deste momento eu vou te mostrar todas as
ferramentas que eu utilizo para ler.
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AS DUAS.
Ler funciona mais ou menos da mesma maneira. Existem livros que você quer
ler muito rápido, como se estivesse dirigindo um carro de fórmula 1 dentro de uma pista.
Outros livros você precisa ir muito devagar, como se estivesse subindo uma estrada de terra
na serra com um carro 1.0 sem tração nas 4 rodas.
Dentro de um mesmo livro você também varia. Algumas páginas são como uma
grande reta, onde você pode ir bem rápido; já outras, são como uma curva acentuada, onde
você precisa frear e ir mais devagar. Sua velocidade de leitura não precisa, e nem deve, ser
constante.
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Nos capítulos à frente, nós vamos entender melhor quando acelerar e quando
frear. O que você precisa saber, por enquanto, é que você quer saber ler rápido, porque é
valioso ter essa habilidade com você. Não porque você deve ler muito rápido o tempo todo,
mas porque você quer poder aumentar a velocidade quando necessário.
Portanto, a partir de agora, sempre que você pensar ou falar “minha memória
é ruim”, você vai se corrigir na mesma hora e dizer “minha memória está sendo treinada”.
Não é muito melhor ouvir isso? Se sua memória é ruim, isso quer dizer que você
não pode nunca melhorar, você deu um rótulo para ela: RUIM. Agora, se sua memória é,
simplesmente, destreinada, isso quer dizer que basta treinar, e ela ficará BOA. Logo, você
pode melhorar a frase para “minha memória está sendo treinada”. No decorrer deste livro
nós vamos aprender algumas técnicas que vão te ajudar a treinar a sua memória.
Como veremos aqui neste livro, existem diferentes estratégias que vão te ajudar
a entender tudo de um livro ou de um texto, caso esse seja o seu objetivo ou a sua
necessidade. Por enquanto, você só precisa saber que está tudo bem não entender 100%
de algo na primeira vez que se lê. Não se cobre por isso.
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Esse não é um livro sobre atalhos. É um livro sobre estratégias. E você quer ter
muitas delas. Uma estratégia não é uma solução universal. Uma estratégia não ajuda em
todo e qualquer problema. Você quer ter várias estratégias ao seu dispor, para que você
possa utilizar a que melhor se encaixa na sua necessidade atual. Estratégias são como
ferramentas, frequentemente precisamos de mais de uma.
Pense que você está indo procurar ouro no fundo de um rio. Já viu como isso é
feito? Você pega uma peneira, vai com ela até o rio e puxa muita areia lá do fundo na
esperança de encontrar ouro no meio daquela areia.
A peneira são suas estratégias. Os livros são a areia. E o ouro são os insights e
as ideias que você vai retirar dos livros e que vão transformar a sua vida - que vão te fazer
enriquecer em todos os sentidos. Vamos falar sobre isso mais à frente.
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Você sai correndo para o convés do navio, vai até a beirada, se apoia, cerra os
olhos e tenta olhar a terra ao longe. “Não reconheço esse lugar”, pensa. Corre para dentro,
olha para o mapa em cima da mesa. Nada. Não deveriam ter terras ali. No mapa só tem
água. Você se senta, olha para cima, e pensa: “Descobri uma terra nova!”
O aprendizado por descoberta ocorre quando você aprende algo sem a ação de
um professor ou tutor que te passa o conhecimento. Ocorre por reflexão, observação e
pesquisa. Note que, no aprendizado por descoberta, não há ação de alguém te passando a
informação. Logo, ele ocorre por observação da natureza ou do mundo.
Agora vamos olhar para a leitura. De certa maneira, a leitura é como ter um
professor, alguém te passando a informação. Por outro lado, ler exige observação, reflexão
e pesquisa.
Daqui pra frente, sempre que surgir uma nova pergunta na sua cabeça, anote-a
e busque encontrar a resposta dentro do livro. Pode ser que você a encontre, pode ser que
não; mas uma coisa é certa: não encontrará respostas para perguntas que não existem.
Capitão, capitã, esse é apenas o seu primeiro título. Durante nossa jornada você
ainda vai ganhar muitos outros nomes. Vamos, porque a jornada nos espera. Içar velas!
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Julieta, na grande obra de Shakespeare, toma uma poção que simula a morte.
Ela faz isso, porque quer fugir do casamento arranjado com Páris e fugir com o seu
verdadeiro amor, Romeu.
Deus envia seu filho à Terra para ser crucificado, porque ele quer salvar a
humanidade.
Daenerys une um grande exército e vai até a capital do reino, porque ela quer
sentar-se no trono de ferro.
Frodo anda até Mordor carregando um anel no pescoço que tenta dominar sua
mente o tempo todo, porque ele precisa acabar com Sauron.
Muitas pessoas acordam cedo e vão trabalhar, porque precisam pagar suas
contas, querem realizar sonhos, querem crescer em suas carreiras.
Seja na ficção ou na vida real, tudo começa pelo porquê. E a sua leitura também
deve ser assim. Antes de escolher um livro, a primeira coisa que você precisa pensar é: “Por
que eu quero ler isso?” ou “Por que eu preciso ler este livro?”
Essa simples pergunta vai te fazer pensar no seu objetivo final. Você quer ler
para aprender a investir o seu dinheiro? Você quer ler para aprender a se organizar? Você
quer ler para aprender técnicas de persuasão e melhorar suas vendas? Você quer ler apenas
para se distrair e passar o tempo? Por que você quer ler?
O seu porquê determina qual deve ser seu próximo livro. E existem duas razões
principais para você ter um porquê bem definido antes de escolher qual livro ler:
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Motivação:
A maioria das pessoas não lê porque não enxergam um motivo para isso. Não
enxergam um motivo para essa ação - não enxergam a sua motivação. Sem motivo, a ação
não acontece. Definir o seu porquê vai te deixar com vontade de ler, vai te deixar com ânimo
para ler.
Clareza:
Sem clareza, seu cérebro não sabe exatamente o que procurar no livro. Ele não
sabe exatamente o que ele deve retirar daquelas páginas e daquelas palavras.
Com clareza, seu cérebro é capaz de direcionar todo o seu foco para aquilo. Com
clareza, seu cérebro vai ser capaz de encontrar a exata ferramenta que você precisa dentro
dos livros, porque ele vai saber precisamente qual ferramenta está procurando.
A sua leitura não começa no momento em que você abre o livro. Ela nem
começa antes mesmo que você compre o livro. Ela começa no momento em que você vai à
livraria ou abre o site de compras para selecionar o seu próximo livro.
1. Resolver um problema.
Pegue uma folha de papel, em branco, e faça um risco no meio dela de cima a
baixo. Do lado esquerdo você vai escrever PROBLEMAS e do lado direito, HABILIDADES.
Agora você vai marcar 2 minutos no seu cronômetro. Seu objetivo é ficar, no
mínimo, 2 minutos nessa atividade. Esse é o mínimo, mas eu recomendo que você fique o
tempo que for necessário e que você repita essa atividade toda semana.
O que você vai fazer é: na coluna da esquerda, você vai listar todos os problemas
que você notou que existem e quer resolver e, na coluna da direita, você vai escrever todas
as habilidades que você quer ou precisa desenvolver.
Não há limite. Não há outras regras. Essa atividade deve ser feita sem
julgamentos. Anote, mesmo que pareça loucura ou impossível. Aqui o seu objetivo não é
resolver os problemas e nem desenvolver as habilidades. Você apenas quer listar todas as
possibilidades, até mesmo as possibilidades aparentemente impossíveis - veja como essa
frase nem faz sentido - eu quero deixar claro pro seu cérebro que o impossível só está
dentro dele.
Feche este livro e faça essa atividade. Você consegue? Depois volte a ler.
- “Quero ser produtivo”. Você sequer tem a definição clara na sua cabeça do
que é ser produtivo? Quer fazer 2x mais atividades? 5x mais? Quer criar conteúdo? Quer
fazer mais em menos tempo? Quer diminuir a jornada de trabalho de 8 para 6 horas?
Você não quer ser generalista, você quer ser específico. Então eu vou te ajudar
a transformar seus problemas e suas habilidades listados em algo específico.
O primeiro passo é: você vai se perguntar: “De todas essas habilidades, qual a
única que, se eu desenvolvesse, tornaria todas as outras mais fáceis ou desnecessárias?” ou
ainda, “De todos esses problemas, qual o único que, se eu solucionasse, solucionaria todos
os outros ou os tornaria mais fácil de solucionar?” Perguntas retiradas do livro “A Única
coisa”, de Gary Keller.
Respondendo a essa(s) pergunta(s), você vai saber por qual habilidade ou por
qual problema começar.
O segundo passo é: você vai olhar para o seu problema (ou para a sua
habilidade) e se perguntar: “É possível eu ser mais específico com isso?”. Se a resposta for
NÃO, o seu objetivo está definido. Você já tem um porquê para começar a ler. Se a resposta
for SIM, torne o problema - ou a habilidade - o mais específico possível. Vou te dar um
exemplo de problema que já resolvi e um exemplo de habilidade que desenvolvi dessa
maneira:
- Opções: ganhar mais ou gastar menos (o problema pode tanto ser que eu
ganho pouco ou que eu gasto muito);
Isso foi o suficiente. Com uma rápida pesquisa no Google, dois livros surgiram:
“Do mil ao milhão”, do Thiago Nigro e “Me Poupe”, da Nathália Arcuri”.
Lição 5 - O minerador
Pegue a peneira. Você vai precisar esticar os dois braços e abri-los além dos
limites do seu tronco se quiser segurá-la da forma correta. Sim, é uma peneira bem grande,
parecida com aquelas que as pessoas usam para minerar ouro. Mas a sua é maior, ela é
muito grande mesmo.
Você está feliz, segurando sua peneira, chegando perto do rio. Você ouviu falar
que naquele rio tem ouro. O tão desejado ouro. Você está pensando que hoje pode ser seu
dia. Seu dia de encontrar algumas pepitas e voltar pra casa comemorando. Já dá pra
enxergar você com um sorriso de orelha a orelha pensando: “UAU! ACHEI OURO!”
Repete. Peneira no fundo do rio, muita areia, nenhum ouro. Repete. Continua,
não para. Trinta minutos. Nada. Quarenta minutos. Nada. Cinquenta minutos. “OURO! TEM
OURO! Meu Deus do céu, TEM OUROOO!”
Pronto, sua vida acaba de mudar. Você sabe que esse ouro não vai durar pra
sempre, mas os próximos meses estão garantidos.
O ouro, as ideias que vão mudar sua vida. As ferramentas que vão te fazer
resolver seus problemas.
A primeira coisa que você quer fazer se chama benchmarking. Essa é uma
palavra bonita para “pesquisa”. Você quer descobrir o que as pessoas que resolveram esse
mesmo problema que você tem, leram. Eu te dou um Chicabon imaginário se você falar aí
qual o primeiro lugar pra pesquisar. Sim, é o Google.
1. Jogar seu problema no Google e pedir por livros. Simples assim: “problema
X livros”. Você já deve obter algumas respostas;
3. Ver o que as pessoas que você segue leram ou estão lendo. Você
provavelmente segue alguém de sucesso no Instagram que ensine alguma coisa (se não
segue, comece a seguir, tem muita gente boa ensinando muita coisa boa por lá). O que você
vai fazer é ir até o perfil dessas pessoas e ver que livros eles indicam. Se possível, você pode
perguntar para eles.
Seu tempo gasto em pesquisa vai ser recompensado. Então, não pule essa
etapa.
Uma vez feita a pesquisa, você vai se deparar com uma certa quantidade de
livros. Nesta etapa, o que eu te recomendo são dois passos simples:
Sim, você vai comprar 3 livros, no mínimo. Eu vou te explicar o porquê agora.
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Não vale falar “o importante é competir”. Você quer chegar no fim da sua vida
sendo um perdedor e falar “pelo menos eu competi”? Claro que não! Você quer ser um
vencedor! E o melhor de tudo: para você vencer, ninguém precisa perder.
Depois de algum tempo o mestre voltou e foi, então, acertar as contas com os
seus servos. O primeiro servo disse: “Senhor, eis aqui dez talentos. Peguei os cinco que me
deu, e os transformei em dez”. O segundo servo falou: “Senhor, aqui estão quatro talentos.
O senhor me deu dois e eu cuidei bem deles, a ponto de transformá-los em quatro”. O
último servo chegou com o seu talento na mão e disse: “Senhor, por medo de decepcioná-
lo e perder o talento, eu o enterrei. Aqui está, está seguro”. O mestre olhou para o servo e
disse: “Servo mau e negligente, dá-me seu talento e eu o darei àquele que tem dez”.
Pode ser que você reconheça essa história. Ela é a “Parábola dos talentos” e
está na Bíblia. A Bíblia é um livro rico em conhecimentos, independente da sua crença ou
religião. Não vamos nos prender a isso. A moral dessa história é a seguinte: se você pensa
que o mundo é escasso, o mundo será escasso. Mas, se você confia que o mundo é
abundante, ele será. A verdade é que a vida é abundante. Tem tudo. E tem tudo para todos.
4 Talento era a unidade monetária da época. Um talento equivalia a cerca de seis mil denários, sendo que o denário
Porque, a partir de agora, o seu pensamento não pode mais ser “este livro OU
aquele livro?”; seu pensamento deve ser “este livro E aquele”. Você vai escolher, no
mínimo, 3 livros, porque, nesse caso, como diz meu pai: “É melhor sobrar do que faltar”.
Você precisa pegar muita areia para encontrar o ouro. Você quer, no mínimo, 3
livros, pois você não sabe ainda em qual caixa está a sua ferramenta.
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Lição 7 - O detetive
Agora você ganhou um sobretudo preto, um chapéu, um par de óculos e uma
lupa. Sim, é assim que eu enxergo um detetive. Você agora é Sherlock, e eu vou ser seu caro
Watson. Elementar.
A leitura elementar
Sabe o que todo detetive já foi na vida? Uma criança.
Se você está lendo esse livro, eu posso afirmar com 100% de certeza que, em
algum momento da sua vida, você aprendeu a ler. Talvez você nem era criança mais. Eu
tenho dois avós que aprenderam já idosos. E hoje eles leem! Legal, né?
Mas vamos voltar à criança. A criança aprende a juntar várias palavras e a ler
uma frase. Ela começa a conseguir tirar significado dos textos. Ela cresce e, talvez, aprende
sobre interpretação podendo começar a tentar entender o que o autor está querendo dizer.
Ao fim dos seus anos escolares, um jovem é capaz de ler um texto de maneira
independente, isso é, sem a necessidade de ajuda de outra pessoa consegue entender o
significado das palavras e frases. É isso o que você está fazendo exatamente agora.
Se você está lendo esse livro, eu posso afirmar que você atingiu o nível de leitura
elementar. Esse é o primeiro de 4 níveis de leitura quando se trata da leitura de
entendimento.
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Leitura Inspecional
É aqui que você entra, Sherlock. Esse é o nível de leitura onde você é um
detetive.
É segunda-feira e está nublado. O céu está cinza, é impossível ver o sol. Está frio.
Você precisa vestir duas blusas se quiser sair, e tem que levar um guarda-chuva, só por
garantia. Pode ser que chova.
Depois de pegar um táxi amarelo, e passar por alguns ônibus vermelhos de dois
andares chegamos até a casa onde ocorreu o crime.
Você está ansioso para examinar cada detalhe, mesmo sem saber sequer que
tipo de crime aconteceu ali. É, você foi chamado para examinar, mas ninguém te contou
qual crime aconteceu. Sabe apenas que é um crime.
Você para para conversar com o perito que está na frente da porta da casa e ele
diz o seguinte:
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“Eu vou te dar 15 minutos para examinar essa casa e me contar uma coisa sobre
ela”. Você pensa “Caramba! Só 15 minutos? Vale a pena examinar com mais cuidado? Eu
nem sei que crime aconteceu ainda; queria poder examinar tudo” e diz: “Eu não posso ficar
mais mesmo?”.
“Talvez um pouco mais, mas depois eu preciso examinar. Se você notar algo
importante, depois você pode voltar pra olhar com mais cuidado, ok?” - responde o perito.
“Tudo bem” - você pensa. Você lembra que, algumas vezes, as cenas realmente
não precisam de um olhar mais cuidadoso, você consegue encontrar as pistas que precisa
só com as pistas principais.
Imagine que você vai se casar. Você se casaria com qualquer pessoa? Escolheria
o primeiro homem ou a primeira mulher que encontra? Você se casaria sem conhecer essa
pessoa?
Eu posso apostar mais um Chicabon imaginário que não. Você vai conhecer a
pessoa, sair com ela, começar a namorar e - só então - se você tiver uma conexão mais
profunda é que você vai se casar. A leitura inspecional é como o namoro. Você precisa ter
uma ideia daquele livro antes de decidir que vai se comprometer a lê-lo por inteiro.
28
Sem esse nível de leitura, você provavelmente vai desperdiçar bastante tempo
lendo livros que não precisa ou que não merecem ser lidos.
Não importa o livro que você vai ler, eu te recomendo fortemente que não pule
a leitura inspecional. Seu objetivo aqui não é entender tudo o que tem no livro, é somente
decidir se vale a pena aprofundar a leitura.
Lembra da música da Xuxa? Cabeça, ombro, joelho e pé. Joelho e pé. Então,
troque por: capa, contracapa, orelha e índice.
Eu sei que não fica tão bom musicalmente falando, mas é para você nunca se
esquecer que não se começa o livro pelo primeiro capítulo. Começa-se pela capa. Depois da
capa, você lê a contracapa, depois você lê o que tem naquelas orelhas que ficam na parte
de dentro da capa e da contracapa e, o mais importante de tudo, você precisa ler o índice.
O índice é muito importante para a leitura inspecional. Lembre-se que você tem
um tempo limitado para ler o livro neste primeiro momento. Você precisa, portanto,
selecionar onde quer ir primeiro. Outro ponto importante é que, ao ler o índice, você já tem
uma boa ideia do conteúdo do livro.
Nós, seres humanos, tendemos a lembrar muito mais do começo e do fim das
coisas. Pare agora e pense na última festa que você foi. Tente se lembrar das pessoas que
encontrou por lá. É muito provável que você lembre muito mais de quem encontrou no
começo e no final da festa do que de quem você encontrou no meio. Além disso, um filme
bom com um final ruim tende a ficar marcado negativamente na nossa memória. Por isso,
muitos autores colocam um grande esforço no capítulo final de seus livros.
Depois de ler o primeiro e o último capítulo, você pode continuar a surfar pelo
resto do livro. Surfar é uma atividade muito rápida. Você não quer gastar mais que 5 ou 10
segundos em uma página. Por isso, vamos já falar aqui do hábito mais importante que você
deve criar na leitura a partir de agora: usar o seu dedo como guia visual e marcador de
velocidade. Sim, a partir de hoje você vai usar seu dedo para ler. É muito simples, você vai
passar o dedo pela página e acompanhar o texto logo acima dele com seu olho.
Veja bem, caro Sherlock, quando nós éramos Homo Sapiens (ainda somos), lá
nos tempos das cavernas habitando as savanas africanas, nosso cérebro tinha duas
preocupações importantes: 1) Conseguir alimento. 2) Não se tornar alimento. Para isso ele
treinou nosso olho a ficar muito atento a movimentos.
Imagine que você está andando pela selva e, de repente, algumas folhas se
mexem. Imediatamente você olha naquela direção, não é mesmo? Naquela época,
movimento próximo podia significar duas coisas: ou encontramos um alimento e
precisamos ir atrás dele ou estamos prestes a nos tornarmos alimento e precisamos ir para
longe dele. Por essa razão, seu olho é rapidamente atraído por movimento.
Hoje não vivemos mais nas savanas, mas nosso olho ainda segue o mesmo
padrão. Qualquer movimento chama a atenção dele. Logo, ter o dedo como guia visual na
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página vai atrair a atenção dos olhos e aumentar muito seu foco. O seu dedo também vai
te ajudar a escolher sua velocidade de leitura, como você vai ver no próximo capítulo.
Surfar pelo livro tem um enorme valor não só para entender o conceito geral
dele, mas também para que seu cérebro se adapte à leitura em questão. Pode parecer para
você, enquanto surfa, que nada entende do livro. Mas mantenha duas coisas em mente:
1. Você não precisa compreender tudo da primeira vez que lê. Lembre-se que
essa foi uma mentira contada para você;
2. A mente é mais veloz que o olho. Muito mais veloz. Não fique preso à sua
percepção de compreensão atual, sua mente tem uma capacidade muito maior que seu
olho para analisar e processar informações. Desse modo, mesmo que você não perceba, o
conteúdo está sendo adquirido.
Mais adiante, quando falarmos sobre velocidade de leitura, você vai entender
mais sobre o ponto número dois. Por enquanto é suficiente saber que, se você treinar o seu
olho, você estará facilitando a entrada de informações na sua mente. Pense na sua mente
como uma grande sala. Grande, muito grande. Imagine a maior sala que você já viu. Essa é
a sua mente. E seus olhos são como a porta de entrada. Pense naquelas portas que abrem
do centro para os lados, deslizando. Digamos que um leitor destreinado mantém a porta
muito pouco aberta, enquanto um leitor treinado é capaz de empurrar as duas portas bem
longe uma da outra, de modo a deixar muito mais luz entrar.
Surfar é como você chegar na cena do crime para dar uma olhada geral. Pense
que o crime ocorreu dentro de uma casa e você, como detetive, para na porta dessa casa
antes de entrar. Olha para tudo rapidamente, faz um panorama geral. Isso é surfar. Uma
vez que você terminou seu panorama, você quer olhar primeiro as partes que mais te
chamaram a atenção. Isso é escanear. Lembre-se que você tem um tempo limitado. Nesse
momento você quer ler rápido. Você precisa de velocidade. O próximo capítulo é dedicado
para a leitura rápida e para técnicas que vão te ajudar a acelerar a sua leitura.
1. Seu objetivo, como um detetive, Sherlock, é pegar pistas que vão te dizer se
esse livro vale a pena ser lido;
1. A introdução;
2. O corpo;
3. A conclusão.
1+2 = 3
Não é? Então,
Sempre que se deparar com algo que te chama a atenção e tirar algum insight
ou alguma ideia do texto, você pode parar para fazer uma anotação. Vamos falar mais sobre
tomar notas daqui a pouco.
Está tudo bem se você não conseguir passar por todo o livro durante a sua
inspeção. Lembre-se que saber 50% de um livro é melhor que não saber nada. E mantenha
em mente que seu objetivo aqui é sempre definir se vale a pena uma leitura mais
aprofundada ou não.
Com a leitura inspecional, você deve ser capaz de responder três perguntas:
Durante a leitura inspecional, você já pôde extrair do livro o que você precisava.
Muitas vezes eu já encontro a ferramenta que eu estava buscando logo nessa primeira
etapa e posso, então, passar para o próximo livro. Não ignore as perguntas, responda as
três antes de continuar para o próximo nível.
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Quando eu era criança, eu brincava muito disso. Seu objetivo é pular sempre de
uma linha para a próxima. A regra é que você só pode encostar um pé dentro de cada
quadrado. Isso quer dizer que nos quadrados 1, 4 e 7, você precisa estar com um pé só no
chão. Isso é tudo o que você precisa saber sobre a amarelinha (que, muito provavelmente,
você já jogou).
Saltos e fixações
Veja bem, a criança deve se fixar em uma fileira e depois saltar para a próxima.
Quando você começou a aprender a ler, você precisava fixar uma letra de cada
vez. Era assim que você lia a frase abaixo:
E-u-m-e-c-h-a-m-o-E-l-t-o-n.
Cada letra é uma fixação e cada traço, um salto. O olho não consegue enxergar
algo sem fixar. Para ver é preciso fixar.
Eu-me-cha-mo-El-ton.
Viu como é mais rápido? A frase ficou mais curta para os seus olhos. Mas você
não parou aí, você aprendeu a ler uma palavra inteira:
Eu-me-chamo-Elton.
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Uma evolução notável. Cada salto dura cerca de 0,3 segundos, e uma fixação,
cerca de 0,2 segundos. Vamos simplificar, você gasta meio segundo para passar de uma
fixação para outra.
Uma conta bem rápida (calma se você que não gosta de matemática, é bem
rapidinho): no primeiro exemplo você demora cerca de 7 segundos para ler a frase; no
segundo, 5 segundos; e, no terceiro, 3 segundos. E essa é uma frase de apenas quatro
palavras.
Em um texto longo, muito tempo foi economizado desde o dia que você
aprendeu o que eram letras até o dia em que você aprendeu o que eram as palavras. Mas
acabou por aí.
EumechamoElton.
Você pode estar pensando: “ok, realmente mais rápido, mas será que eu
conseguiria entender o texto lendo dessa forma?”
Existem diversos exercícios, desde os mais simples até os mais complexos, para
te ajudar a treinar seu olho para fixar menos e enxergar mais palavras em um salto só.
Porém, eu vou te ensinar a fazer isso usando somente a sua mão.
Encoste seu dedo indicador no dedão. Pronto, você tem um marcador visual.
Agora basta ler usando esse marcador. Você vai “sublinhar” o texto com esse marcador que
são seus dois dedos unidos, e vai ler o que está exatamente acima deles com seu olho. Sim,
igual eu te falei no capítulo anterior, mas agora, além de manter seu foco, seu marcador
visual também vai virar um marcador de velocidade.
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Passo 2: Marque 2 minutos no cronômetro. Você vai ler por esses 2 minutos
utilizando seu mais novo e tecnológico marcador de velocidade: sua mão. A regra é que
você não pode permanecer mais que 1 segundo em uma linha. Seus dedos devem passar
pela linha em, no máximo, 1 segundo e seu olho deve sempre ler o que está acima dele. A
cada nova página, acelere. NÃO SE PREOCUPE COM COMPREENSÃO.
Passo 3: Marque 3 minutos no cronômetro. Você vai repetir o que fez no passo
anterior, mas dessa vez você tem um limite máximo de 0,5 (meio) segundo por linha. Sim,
você vai acelerar e, a cada virada de página, acelerar ainda mais. Esse é um exercício simples
de 5 minutos que vai treinar seu olho. Mantenha esse exercício diariamente por pelo menos
60 dias se você quiser ver resultados notáveis.
Assim é com nossos hábitos. Você provavelmente vai continuar sem entender o
texto nos primeiros dias fazendo o exercício acima. Mas se você não desistir, se você
continuar aumentando 1 grau a cada dia, vai chegar o dia em que o gelo vai começar a
derreter. Vai parecer que você melhorou da noite para o dia, mas foi a (con)sequência de
todos os dias que transformou sua leitura.
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Subvocalização
Sua mente é mais rápida que seu olho. E seu olho é mais rápido que sua voz.
A subvocalização é aquela voz interior que fica lendo o texto para você, dentro
da sua cabeça. Pode ser que você esteja fazendo isso exatamente agora.
Não ficou muito mais fácil entender todos os conceitos até aqui quando eu
tornei eles mais fáceis de visualizar? A amarelinha, o detetive, o minerador… é mais fácil
entender o que são saltos e fixações quando você consegue visualizar uma criança pulando
e parando no chão. Então, por mais que você pense que precisa falar as palavras dentro da
sua cabeça para entendê-las, você não precisa.
O fato é que, falar o texto enquanto lê, só vai tornar a sua leitura mais lenta.
Uma pessoa fala a uma velocidade média de 300 palavras por minuto. Por esse motivo, um
leitor mediano lê entre 200 e 300 palavras por minuto. Entretanto, leitores treinados têm a
capacidade de ler tranquilamente a 600, 700 e até 800 palavras por minuto. Algumas
pessoas ainda conseguem ir além disso.
Você também consegue acelerar a sua leitura dessa forma. Uma maneira é
fazendo o exercício com o marcador de velocidade como te mostrei ali em cima. E a outra
maneira é reduzindo a subvocalização.
Nível 1: Você lê mexendo a boca, como se estivesse falando. Talvez você até
fale em voz alta. E pode ser que você nem saiba que faz isso, porque é inconsciente.
A primeira coisa a fazer é notar se você está nesse nível. Se esse for o caso, é
simples resolver: comece a ler mordendo uma caneta ou com a mão na frente da boca,
como se você estivesse se mandando ficar quieto.
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Ler usando a boca gera muito mais esforço para o cérebro, que precisa pensar
em mexer os músculos dos seus lábios, da sua língua e do seu rosto. Além disso, em
qualquer nível de subvocalização, você está depositando muita concentração em cada
palavra, o que não é necessário para a compreensão.
Nível 2: Você lê usando a garganta. Pode ser que você não mexa a boca, mas
esteja usando suas cordas vocais e sua garganta esteja emitindo os sons das palavras.
Aqui a resolução também é simples: basta estar atento. A cada vez que você
reparar que está fazendo isso, tome a decisão consciente de parar. Com o tempo seu
cérebro vai se acostumar e tornar essa decisão inconsciente.
Nível 3: Você tem uma voz interior lendo o texto pra você. Esse é o caso mais
comum. Você não mexe a boca, não usa a garganta, mas sua voz interior está ali dentro da
sua cabeça lendo o texto. Para resolver, basta desviar sua atenção do texto enquanto está
lendo.
Faça esse exercício diariamente até que você veja a melhora durante suas
leituras. Esse também não é um exercício de compreensão. É provável que você não
entenda absolutamente nada do que está lendo nesses 5 minutos, mas lembre-se que você
quer apenas treinar seu cérebro a parar de falar enquanto lê. Com o tempo, você vai
perceber isso naturalmente na sua leitura. Eu, particularmente, fiz esse exercício por mais
de dois meses até que notasse uma melhora. Então, não desista, persista.
Por enquanto isso é suficiente para você aumentar sua velocidade em duas ou
até três vezes. Lembre-se que ler é um pouco como dirigir um carro: em alguns momentos
você quer acelerar, quando você está na estrada; em outros, você quer ir mais devagar
quando precisa fazer curvas, o chão é de pedra…
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Regressão
Você está no cinema. Um balde de pipoca no seu colo. O cheiro da pipoca sobe
até seu nariz, você pega algumas, mastiga. Estão crocantes, uma delícia. Você não
aguentava mais esperar pelo lançamento desse filme. É muita ansiedade, você quer que
comece logo!
O trailer acaba e começa o filme. UAU, já começou com tudo! Você está super
feliz por estar finalmente assistindo. Cinco minutos depois o filme para e volta do começo.
“O quê?!” Você pensa. Tudo bem, pode ter sido uma falha. Continua. Dez, quinze minutos
de filme, pausa. Volta cinco minutos pra trás. “Como assim?!” Você já começa a ficar com
raiva. “Pelo amor de Deus, eu quero continuar vendo o filme, quero saber o que acontece
em seguida!” Você não se conteve, falou em voz alta. O filme continua. Meia hora depois,
pausa. Volta cinco minutos. Você se levanta com revolta, começa a gritar: “Por que você
está fazendo isso comigo?! ME DEIXA VER O FILME!” - você olha pra cima, no fundo da sala,
de onde vem a imagem, na esperança de que tenha alguém lá te ouvindo. Seria horrível se
você fosse no cinema e ficasse acontecendo isso durante o filme, não é mesmo?
Muitas pessoas sofrem com esse problema na leitura. Elas começam a ler, mas
seus olhos voltam na página a cada 2 ou 3 linhas. É como se você estivesse vendo um filme
e alguém ficasse voltando ele o tempo todo. Usar o dedo como marcador visual deve
resolver grande parte desse problema. Se você notar que ainda está fazendo isso, te sugiro
pegar uma folha sulfite e usar ela para cobrir o texto conforme você avança na página. Dessa
forma você torna impossível ler o que já foi lido. Regressão é um mal do qual sofrem os
leitores destreinados. É apenas questão de tempo para que você acabe com isso. Pode ser
que, a essa altura, você esteja se perguntando “Ok, Elton, mas e a compreensão?”
Compreensão
É fato que com esses exercícios sua velocidade vai aumentar muito. Mas e a
compreensão?
Vamos voltar para dentro do carro. Você está dirigindo a 20 km/h. A essa
velocidade dá tempo de trocar de música no rádio (ou no Spotify, né?), dá tempo de olhar
para a pessoa do seu lado, dá tempo de ver a paisagem, dá até para mexer no celular
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(mesmo sabendo que você não deveria). Quando você está dirigindo lentamente, seu
cérebro facilmente se distrai, porque ele tem muita capacidade cognitiva sobrando.
Agora você saiu da cidade e começou a acelerar. 80, 90, 100 km/h.
Automaticamente o que você faz? Senta direito, para de olhar para lado, foca na pista. Sua
concentração aumentou. Seu cérebro sabe que precisa se concentrar na direção porque
senão um acidente pode acontecer.
Quando você aumenta a velocidade de leitura, usando sua mão como marcador
visual, você está fazendo a mesma coisa: aumentando a atenção do seu cérebro que sabe
que, se ele não focar no texto, vai ser muito mais difícil de compreender o que ali está
escrito. Nesse caso, aumentar a velocidade, também aumenta a compreensão. Mas é
apenas um primeiro nível de compreensão. É a compreensão elementar. “Elementar, meu
caro Watson”, eu posso te ouvir dizendo daí.
Com o aumento da velocidade, usando sua mão, é muito mais difícil de sentir
sono, ou se distrair. Sua atenção no texto é maior, porque você está lendo ativamente. Aqui
você aumenta a compreensão para responder a uma pergunta: “O que o livro está
dizendo?” Para muitos livros que você vai ler, esse nível pode ser o necessário para que
você retire deles a informação que precisa. Mas se você quiser realmente entender e
conseguir responder a todas as perguntas que vão surgir durante a leitura, é preciso passar
para o próximo nível: A leitura analítica.
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Veja, de uma certa maneira, um livro é como uma casa. A casa é única, ela é o
todo. Mas, ao mesmo tempo, ela é formada de partes menores: os cômodos. Cada cômodo
precisa se interligar com o outro, do contrário não teríamos uma casa. Os cômodos também
têm sua função e precisam fazer sentido. Além disso, diferentes moradias recebem
diferentes nomes. Temos apartamentos, casebres, sobrados, mansões…
A leitura analítica pode ser dividida em três estágios, sendo que os dois
primeiros não são necessariamente uma sequência de acordo com Mortimer J. Adler e
Charles Van Doren, e nós vamos falar sobre o estágio 1 e o estágio 2 aqui. É na leitura
analítica que você vai responder às próximas duas perguntas sobre os livros:
nenhuma preocupação com velocidade. O que você quer é compreender o livro com todos
os detalhes que achar necessário.
A primeira coisa a fazer, na leitura analítica, é classificar o livro, dentro dos seus
arquivos mentais. Existem livros de poesia, negócios, psicologia, história, romances,
suspenses… As categorias de livros podem ser as mais diversas. Eu te recomendo ler o livro
de Mortimer J. Adler para se aprofundar nessa classificação. Aqui neste livro, nosso foco é
extrair ferramentas das nossas caixas para aplicar na nossa vida. Então nós vamos nos
contentar com duas classificações principais.
Vale lembrar que, uma vez que você esteja preparado para a leitura de
entendimento, você está automaticamente pronto para a leitura de informação e de
entretenimento que citei alguns capítulos atrás. A leitura de entendimento é a categoria
mais complexa dessas três.
Sabendo, então, que estamos falando de livros de não ficção, vamos fazer a
nossa segunda classificação importante. Eu te sugiro ter na sua rotina três tipos de livros:
- Biografias e autobiografias;
- Livros de sucesso.
Esses são os livros técnicos, livros que te ensinam a fazer alguma coisa
específica. Um livro que ensine como investir, por exemplo, é um livro “How to”.
O livro “ultralearning” de Scott Young, por exemplo, é um livro que ensina como
aprender habilidades difíceis em tempo recorde. Ele é um livro técnico que tem muito
conteúdo importante e, por isso, mereceu uma leitura analítica muito profunda da minha
parte. Ali na frente eu vou te passar uma estratégia que vai te ajudar a ler esse tipo de livro.
Biografias e autobiografias
Aprender com o sucesso dos outros é muito valioso. É também valioso aprender
com os erros que eles cometeram no seu caminho até o sucesso. É aqui que entram as
biografias e as autobiografias.
Você é a média das pessoas com quem você anda. Um estudo feito em uma
universidade americana mostrou que as pessoas têm 57% mais chances de ficarem obesas
se seus amigos próximos ou familiares forem obesos, por exemplo. As biografias são uma
chance de andar com pessoas melhores que nós.
Imagine que você tem o sonho de se tornar um jogador (ou uma jogadora) de
futebol. O que você acha que aconteceria se você pudesse passar o resto da vida treinando
com Cristiano Ronaldo, Messi e Neymar? Você com certeza ficaria muito melhor do que é
hoje. Agora pense em qualquer habilidade que você quer desenvolver. Por que não pegar
um pouquinho dos melhores do mundo nisso? Basta comprar os livros deles.
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Livros de sucesso
Existem muitos livros que podem nos ajudar a alcançar o sucesso que não
necessariamente nos ensinam uma habilidade em específico e nem são biografias. Livros
sobre saúde, mindset, psicologia, história e clássicos, por exemplo, eu encaixo nessa
categoria.
Claro, você poderia se aprofundar muito mais na categorização dos livros, mas
ao longo dos anos eu percebi que essa categoria era suficiente, para mim.
2. A frase
Você, como um bom analista que é, deve conseguir resumir o livro em apenas
uma frase ou, pelo menos, em poucas palavras.
Depois de definir a categoria do livro, ou seja, que tipo de livro é esse, você quer
conseguir resumir a ideia principal do livro em uma frase. Muitos livros te ajudam com isso,
na capa. Muitos não te ajudam. Se você não consegue resumir o livro em uma frase ou em
poucas palavras, isso significa que, provavelmente, você ainda não compreendeu o livro.
Nessa etapa você está buscando definir o todo, a sua casa.
3. As partes
Assim como você consegue dizer qual é o quarto, qual a sala, qual o banheiro e
qual a cozinha de uma casa, por exemplo, você também quer conseguir dizer quais são as
diferentes partes de um livro.
Além de separar as principais partes de um livro, você também quer poder dizer
como elas se relacionam. Realizar esse passo é fundamental para conseguir responder com
qualidade a pergunta de número 2: “O que está sendo dito, em detalhes, e como?”.
Aqui, ao contrário da etapa anterior, você quer definir as partes que formam o
todo e como elas, juntas, formam o todo. Para te auxiliar em todo esse processo, você vai
querer tomar notas. Nós vamos falar sobre isso já.
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4. O problema
Para finalizar, você quer conseguir dizer com clareza: “qual o problema que o
autor do livro está tentando resolver”. Pode parecer óbvio, mas muitas vezes não é.
Para conseguir afirmar com clareza qual o exato problema que o autor quer
resolver, você precisa ter uma boa compreensão do livro e precisa conseguir enxergar o
todo, assim como as partes.
Estágio 2: o acordo
5. Palavras-chave
Uma vez que você foi capaz de definir com clareza como é a casa, é hora de
analisar ela com ainda mais cuidado. Você já sabe quais são os cômodos que formam essa
casa e como eles estão interligados. Agora você quer encontrar quais os principais móveis
que estão dentro desses cômodos e como eles estão posicionados.
Você quer entrar em um acordo com o arquiteto. O arquiteto tem uma visão e
você, uma outra. Vocês pensam e falam de maneira diferente. Então você quer entrar em
acordo com ele para decidir se compra a casa ou não. Você quer começar a responder à
terceira pergunta: “O livro é verdade no todo ou em partes?” Existem palavras que são
fundamentais para o autor explicar as ideias que ele está querendo passar. Em um livro de
investimentos, por exemplo, palavras como dinheiro, conta, renda, costumam ser palavras-
chave.
6. Frases e sentenças
Aqui já não queremos apenas compreender as frases em um nível elementar,
queremos interpretar e entender o que está sendo dito por trás das frases, pelo autor. Você
quer saber que tipo de proposição ele está fazendo no livro. Qual sua opinião e como ele
pensa e constrói ela.
7. Parágrafos
Agora você quer localizar os principais argumentos do autor no livro. Muitos
parágrafos contêm argumentos e mostram como o autor pensa. Muitos são apenas
exemplos ou histórias para apoiar aquele pensamento.
8. A solução
Chegamos ao último passo dos primeiros dois estágios da leitura analítica.
Uma vez que chegamos nesse oitavo e último passo, cumprimos o objetivo
proposto por esse livro que você está lendo agora. Com os dois primeiros estágios da leitura
analítica, você chegará à total compreensão e entendimento da sua leitura.
O terceiro estágio não será abordado aqui, que é onde você conclui se concorda
ou não com o autor e cria a sua crítica sobre o livro, seja ela positiva, negativa ou não
existente. A leitura analítica não é inteiramente completa sem esse estágio, mas nosso
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objetivo aqui é apenas retirar dos livros as ferramentas que precisamos para ter resultados.
É claro que todo autor merece o respeito de dizermos nossa opinião sobre o livro, mas só
quando o entendemos completamente e, para isso, é necessário que o terceiro estágio
também aconteça.
Com isso esclarecido, vamos aos capítulos que vão apoiar sua leitura, tanto no
nível inspecional, quanto no nível analítico.
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Eu estou com a bola (sim, eu, Elton. Pelo menos no meu livro eu quero ser bom
em futebol) e correndo em direção ao gol adversário. Você está um pouco mais à frente,
correndo e me observando. Se livrou do marcador e achou um espaço vazio, olhou para
mim…
Enquanto a bola corre pelo gramado, graciosamente rolando por cima do tapete
verde que é esse estádio, você olha para os lados para garantir que não tem nenhum
marcador chegando, corre em direção à bola para garantir que o passe não seja
interceptado. Seus olhos estão fixos nela. Você já pensou em tudo. Vai dominar com o pé
direito, ainda de costas para o gol, com a esquerda vai rolar ela para frente, vai girar o corpo,
ajeitar ela um pouco mais para a direita e chutar.
Pode ser que você pense que um livro é um monólogo. Sabe, quando só uma
pessoa fala e a outra fica quieta, só escutando. Mas a verdade é que não é. O livro é como
um jogo de futebol. O autor é quem tem a bola no começo, mas isso não significa que você
é apenas um consumidor passivo daquele conteúdo.
Ler, digo novamente, é uma atividade ativa. Como um jogador que espera a bola
chegar até ele, você precisa pensar, refletir, raciocinar. E para fazer tudo isso, existe uma
ferramenta que é sua melhor amiga: a caneta.
Você não vai deixar o autor falando sozinho, em um monólogo. Quando você lê
um livro, você não deve apenas fazer perguntas, mas também respondê-las. E não existe
maneira melhor de responder perguntas que escrevendo tudo o que você pensa
diretamente no livro e fora dele.
O primeiro ponto importante de tomar notas é que você não vai mais dormir
durante a leitura. Escrever e riscar vão te manter acordado e concentrado, além de ser
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impossível responder às perguntas se você não estiver atento ao conteúdo para encontrar
as respostas.
A partir de agora você vai aprender a tornar um livro verdadeiramente seu. Veja
bem, o livro não foi escrito para ficar intacto. Ele é uma caixa de ferramentas, lembra? Eu
nunca vi alguém que tenha uma caixa de ferramentas intacta se as utilize com frequência.
A caixa ganha o DNA do seu dono. E é isso que vamos fazer com o livro, dar o seu toque
especial.
Abaixo, vou te passar as diversas táticas para tomar notas em dois estágios: no
livro e fora dele. Os estágios não são lineares, eles acontecem ao mesmo tempo.
Aqui vale grifa texto, caneta, lápis, o que você achar melhor. Algumas pessoas
gostam de classificar por cores, mas eu já já vou te ensinar a criar uma hierarquia nas suas
notas, mesmo que você tenha apenas uma caneta preta em mãos.
Muitas pessoas têm dúvidas sobre o que sublinhar e o que não sublinhar. Eu
vou te passar uma regra simples para começar. Com o tempo você vai desenvolver um
feeling melhor sobre isso. Todavia, por enquanto, siga esta regra:
Na dúvida, sublinhe.
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2. Circular
Parecido com sublinhar, aqui você vai circular as palavras-chave, os termos mais
importantes. Circular é muito útil para aumentar a retenção do conteúdo através de
palavras-chave.
3. Entrelinhas
Lembra de quando alguém te fala: “você tem que ler nas entrelinhas”. Pois é,
aqui é quase isso, mas você vai escrever nas entrelinhas. Isso é valioso para, por exemplo,
escrever o significado de palavras novas ou complexas e também para anotar relações
daquele trecho com outras partes do livro. Frequentemente o autor trata o mesmo assunto
em diversas partes do livro. Aqui, nesse livro mesmo, isso já aconteceu algumas vezes.
5. Estrela/asterisco
Esse é um dos meus preferidos. Você pode usar de diversas maneiras. Eu vou te
contar como eu faço, e você pode adaptar como quiser.
1 estrela: cócegas;
2 estrelas: empurrão;
3 estrelas: porrada;
4 estrelas: voadora.
pouco maior de impacto, é um empurrão. Quando ele é impactante de uma maneira que
me faz pensar algo do tipo “caramba, isso é muito bom!”, é uma porrada. E quando eu
penso “Genial! Como eu não sabia disso antes?!”, é uma voadora.
6. Números na margem
Você pode criar notas por numeração, de onde você quer olhar primeiro quando
for voltar no livro e você pode marcar números de outras páginas, caso você encontre uma
informação que se relaciona a outra que está em uma parte diferente do livro, como
quando você faz anotações nas entrelinhas.
7. Índice pessoal
Por último, eu recomendo criar um índice das suas notas ou no começo ou no
final do livro. A página que fica logo depois da capa costuma ter bastante espaços em
branco. As capas também não costumam ter nenhuma informação no interior, o que
permite que você escreva seu índice lá.
Quando eu crio meu índice, eu costumo deixar somente os dez pontos mais
importantes de todas as anotações. Assim eu garanto que, quando precisar consultar o
livro, eu vá primeiro naquilo que mais me impactou.
Estratégia 1: Capturar/criar
Esse método é simples, porém eficaz. Hoje é meu preferido pela praticidade e
facilidade de fazer. Você vai pegar uma folha em branco e fazer um traço na vertical,
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Do lado direito, você vai criar. Para cada tópico que você capturou do lado
esquerdo, você vai escrever seus pensamentos e opiniões, suas impressões. Eu sempre
respondo a três perguntas para cada tópico:
Estratégia 2: Quadrantes
Quadrante te remete a que número? Quatro, certo? Essa estratégia está sempre
buscando 4 tópicos principais.
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Você vai pegar uma folha em branco e fazer dois traços. Um que divide a folha
no meio, na vertical, e um que a divide no meio, na horizontal. Assim você vai ficar com
quatro quadrantes na sua folha. No centro, onde as duas linhas se encontram, você pode
escrever o nome do livro para se lembrar que essas notas são sobre ele. Em cada quadrante
você vai escrever uma ideia principal.
São apenas quatro quadrantes e isso te limitaria, certo? O que você pode fazer,
nesse caso, são quadrantes dentro dos quadrantes. Assim você divide um quadrante inicial
em quatro quadrantes secundários. Isso é útil para anotar subtópicos daquele tópico
principal.
Um mapa mental é como uma árvore com vários galhos. Você vai pegar uma
folha em branco e, no centro dela, escrever o nome do livro. Como galhos ramificam da
árvore, aqui os tópicos vão ser ramificações do seu livro. Desses tópicos, podem sair ainda
mais ramificações, onde você colocará informações relacionadas a eles.
Essas são três estratégias para você tomar notas fora dos livros. Antes de
passarmos para a próxima parte, eu vou só te esclarecer as três categorias de notas que
existem. Veja, você aprendeu muitas maneiras de tomar notas. É importante, também,
saber categorizar as notas. Pode parecer que é desnecessário, mas quando você acumular
um grande número de notas, você vai se sentir agradecido por ter feito isso, confie em mim.
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Todo mundo reunido só para te ver. Seus melhores amigos, sua família, todas
as pessoas que você mais ama. Você está na frente do bolo ouvindo todo mundo cantar:
“parabéns pra você, nesta data querida…” e você só consegue pensar com quem vai ser o
“com quem será de hoje?” (Quem nunca ficou com medo desse momento, né?). Você está
superfeliz, é um dia especial. Mais um ano de vida se passou e todas essas pessoas vieram
aqui por você.
O que mais chama a atenção é o bolo. Eu não sei o que deu na sua mãe, mas ela
encomendou um bolo de 5 andares. Cinco andares! É enorme, quase que você não aparece
atrás dele. São 5 as camadas que você vai aprender agora para ter um melhor
aproveitamento da sua leitura. Até agora eu te expliquei três dos quatro níveis de leitura
ensinados por Mortimer J. Adler. O que eu vou te explicar neste capítulo é uma estratégia
diferente que você pode utilizar sempre que sentir necessidade.
É muito bom ter diversas estratégias na manga. É difícil definir qual é a melhor
e qual é a pior. Tudo depende do seu objetivo com a leitura. Eu gosto de classificar essa
estratégia como um nível intermediário entre a leitura inspecional e a leitura analítica. Essa
é apenas a minha classificação desta estratégia.
Camada 1
Pense que nós vamos do topo do bolo até embaixo. Quanto mais abaixo a
camada, maior a profundidade do aprendizado.
Aqui seu objetivo é apenas ler o livro. Sim, você vai ler ele do começo ao fim
uma vez. Sem tomar notas, sem regredir nas páginas, sem parar para entender informações
mais difíceis ou complexas. Apenas ler.
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Camada 2
Agora você vai reler o livro. Sim, você vai ler o livro pela segunda vez. Calma, eu
te garanto que você vai ir bem mais rápido agora. A diferença é que, dessa vez, você vai
grifar ou sublinhar as partes mais importantes.
Camada 3
Sabe o que você vai fazer agora? Reler o livro. Sim, pela terceira vez! Mas agora
você só vai ler as partes grifadas ou sublinhadas. Além de ler essas partes, você vai escrever
elas no seu caderno de anotações com as suas próprias palavras. Não copie o texto, use
suas palavras e tente ser o mais sucinto possível. Tente transformar frases em palavras-
chave.
Camada 4
Eu acho que a essa altura você já notou o padrão. Você vai reler o livro pela
quarta vez. Só as partes sublinhadas fazendo, desta vez, anotações sobre essas partes com
uma diferença: você vai tomar um de dois caminhos.
Opção 2: prática
Se as partes sublinhadas forem sobre coisas práticas ou conceitos que podem
ser aplicados na prática, você não vai desenhar nem fazer diagramas. Você vai anotar “como
e quando colocar em prática” cada uma deles.
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Se, por exemplo, você está lendo um livro de psicologia ou filosofia, você deve
se deparar muito mais com questões teóricas do que práticas. Opte pela opção 1. Por outro
lado, se o livro que está lendo é um livro “How to”, como um livro sobre produtividade, por
exemplo, você terá bastante coisa para colocar em prática. Opte pela segunda opção.
Camada 5
Reler? Talvez sim, talvez não. Aqui você vai pesquisar tudo o que ficou faltando
ou você não entendeu. Pode ser que você queira fazer isso relendo ou apenas com base nas
suas anotações.
Pode ser que você não tenha entendido algo sobre o livro e precise de uma
explicação diferente. Também pode ser que perguntas tenham surgido na sua mente que
não foram respondidas pelo livro, mas que você queira ou precise aprender.
Ufa! Quantas vezes você teve que reler o livro, né? Sim, e isso é muito benéfico.
Eu costumo usar essa estratégia quando estou lendo um livro de estudos para uma prova,
por exemplo. Em 2019 eu fiz a prova da ANCORD, que é necessária para quem quer ser
assessor de investimentos. Para estudar para essa prova, eu peguei emprestado um livro
sobre mercado financeiro cheio de conceitos e detalhes técnicos. Eu usei essa estratégia.
Eu passei na prova, então podemos dizer que funcionou (é claro que o livro foi apenas parte
dos estudos, mas ele foi parte fundamental).
Parabéns pra você! Agora você tem mais uma estratégia na manga.
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Olha só, de São Paulo até Paris o voo demora cerca de 11 horas. O avião viaja a
cerca de 800 km/h. Isso é mais que o dobro de um carro de fórmula 1. Aviões são muito
rápidos. Isso quer dizer que uma viagem de 11 horas, de avião, é longa.
Agora, sabe qual a distância da Terra até a Lua? Quase 400.000 km. Demoraria
um pouco mais de 450 horas para chegar lá de avião se fosse possível.
Calma, deixa eu esclarecer isso pra você. Demoraria quase 20 dias para ir da
Terra até a Lua de avião. Pensa em um lugar longe. É a Lua. Por que eu estou te contando
tudo isso?
E se você está lendo esse livro, eu posso chutar que você entende que a leitura
é um hábito importante. Na minha opinião, o hábito mais importante de todos.
Nós vamos andar por 4 etapas para te ajudar a transformar a leitura em hábito.
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Etapa 1: clareza
A etapa 1 foi, em partes, já resolvida neste livro. Vamos resolver o que ficou
faltando agora.
Todo hábito começa com o porquê. A primeira coisa que tem que estar clara
para você é o seu porquê. Por que você quer tornar a leitura um hábito? Se você ainda não
tem clareza dessa resposta, agora é a hora. Não pense mentalmente, escreva. Escreva em
um post it por que criar o hábito da leitura é importante para você. Garanta que esse porquê
é específico e relevante o suficiente.
Agora pegue esse post it cole no lugar onde você passa a maior parte do seu dia.
Você precisa ver esse porquê diariamente até que ele faça parte de você. Se você não tem
um post it, não tem problema, simplesmente escreva em um papel e dê um jeito de colar
esse papel em algum lugar onde você vai passar um bom tempo sendo obrigado a encarar
ele.
Agora que isso está pronto, vamos à segunda parte dessa primeira etapa: a
clareza do hábito. Será difícil para você criar qualquer tipo de hábito, se o mesmo não for
claro o suficiente. Você quer ler livros, certo? Mas em quais dias da semana? Em que
horário? Onde? Eu vou te ajudar. Eu te recomendo seguir essa minha sugestão, e eu já vou
te explicar o porquê:
Agora que você definiu seu tempo diário de leitura, você vai dividi-lo por três.
Por exemplo, se você vai ler 15 minutos por dia, você vai dividir em três etapas de 5 minutos.
Por que você vai dividir por três? Por dois motivos:
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1. Isso vai facilitar a criação do hábito, já que, para muita gente, iniciar a leitura
é o maior obstáculo. É mais fácil iniciar uma leitura sabendo que ela dura só cinco minutos
que iniciar uma leitura que dura 3x mais;
2. Você vai testar três horários diferentes do seu dia para descobrir em qual
você prefere ler e em qual você tem um melhor desempenho. A leitura é uma atividade
mental de reflexão e pensamento. Normalmente você tende a performar melhor quando
sua mente está descansada.
O que você vai fazer é o seguinte: você vai ler uma vez no período da manhã,
uma vez no período da tarde e uma vez no período da noite. Antes de definirmos o horário
específico da sua leitura, vamos primeiro escolher o local.
O local onde você lê, principalmente quando o hábito ainda não está instalado,
é um fator de suma importância. Você quer escolher um local sem distrações, barulhos e
onde você não vá ser interrompido, se for possível. Para muitos, é impossível encontrar tal
local no período da tarde, por exemplo, por estarem no trabalho. Trabalhe com o que você
tem. Se for possível, escolha um local com as três características acima.
Você também quer uma cadeira ou poltrona confortável, onde você possa se
sentar com a coluna ereta. Um dos maiores obstáculos para muitas pessoas é o
posicionamento físico. Por lerem com a coluna curvada e o pescoço abaixado, o
desempenho do cérebro cai consideravelmente, o que torna a leitura muito mais cansativa
do que ela deveria ser. Sente-se com a coluna ereta e mantenha o livro no nível dos olhos,
de forma que não precise abaixar o pescoço para ler.
Com o local escolhido, vamos então definir o exato horário em que você vai ler.
Para isso nós vamos seguir uma dica de James Clear, autor do livro “Hábitos Atômicos”: o
empilhamento de hábitos.
De acordo com ele, colocar um comportamento que você deseja criar logo após
um que você já tem, facilita muito a criação do hábito. Eu posso dizer que é verdade. Eu uso
essa exata tática sempre que eu quero criar um hábito.
Pense agora em um hábito que você já tem. Eu vou usar a minha rotina de
exemplo para te ajudar: eu acordo, levanto da cama e tomo um grande copo de água. Vou
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diretamente para o banheiro tomar banho. Finalizo o banho e escovo os dentes. Então eu
preparo uma xícara de chá. Coloco ela em cima da mesa e… é hora de ler.
Veja que eu coloquei a leitura logo após um hábito que eu já tenho: tomar uma
xícara de chá. E eu fui mais específico ainda: quando eu coloco a xícara na mesa. Você quer
ser específico dessa forma, assim você tem total clareza de qual é o exato momento de ler.
Pode parecer exagerado para alguns, mas isso funciona. Aqui vai uma sacada
importante: você não precisa dessa disciplina para sempre; você só precisa ser disciplinado
até criar o hábito. Uma vez que o hábito está formado, não há mais necessidade de
disciplina, porque aquilo se tornou algo fácil e automático para você. É isso que a leitura é
para mim, hoje.
Agora é sua vez, decida um horário e empilhe a leitura logo após um hábito que
você já tem. Faça isso para a manhã, tarde e noite.
Etapa 2: Atratividade
O segundo passo é que você quer tornar o hábito da leitura atraente. É como
quando você é solteiro ou solteira, sai e começa a observar as pessoas do local onde você
foi. Naturalmente, a primeira coisa que você está olhando é a beleza física delas. O que é
bonito aos seus olhos, te atrai.
Você quer tornar a leitura a mulher ou o homem mais bonito da sala. Como
fazer isso? Um porquê bem relevante é um bom começo. Mas eu vou te falar o que eu faço
sempre que quero criar um hábito.
O castigo precisa ser ruim o suficiente para que você não queira sofrer ele, mas
não deve ser ruim o suficiente para que isso arruíne sua vida.
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Etapa 3: Facilidade
Já demos um passo na direção da facilidade: dividimos o hábito em três
pequenos períodos de tempo. Mas vamos mais além agora. Como tornar a leitura mais
fácil?
Uma maneira é andar com o livro para todo o lado. Sempre que você tiver alguns
minutinhos, você já está com ele ali. Na fila do cartório, do banco, esperando no médico,
por exemplo.
Etapa 4: Satisfatório
Novamente, uma recompensa vai te ajudar nesta etapa. Mas eu vou te dar mais
uma dica: quanto mais rápido você aplicar o que aprender em um livro, mais rápido você
vai ver o resultado daquilo na sua vida. Uma vez que você vê o resultado, é impossível
desver. Você vai querer mais daquilo.
Lição 13 - Professor
Bom dia, professor. Cheguei. Desculpe o atraso, o trânsito estava uma loucura.
Estou ansioso para saber tudo sobre suas aventuras, mal posso imaginar por quais lugares
você andou, as coisas que você aprendeu e o que você fez. Por favor comece, comece! Me
conte, por favor!
Agora você não é mais Sherlock, você é Indiana Jones, o professor aventureiro.
Ler um livro é como embarcar em uma aventura. Quando você abre um livro
você é uma pessoa e se torna alguém diferente ao finalizá-lo. Você não precisa sequer
finalizar um livro para estar diferente. Cada capítulo tem em si o potencial de te
transformar.
Uma etapa importante de toda aventura é… contar para as pessoas! Quem não
fica louco para contar como foi a última viagem, seu casamento ou o dia em que seu filho
nasceu. Sempre queremos compartilhar nossas histórias e nossas aventuras com as pessoas
que amamos. E é isso que você, Indiana Jones, vai fazer com os livros que lê: contar tudo
para alguém.
Você pode ensinar dois tipos de assuntos: algo teórico ou algo prático. É possível
classificar qualquer ensinamento dentro de um desses dois grupos. Por isso eu vou te falar
como ensinar o que aprendeu para alguém em cada caso:
1. Se você está ensinando algo teórico, ensine como se a pessoa que está te
escutando não tivesse absolutamente nenhum conhecimento do assunto;
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2. Se você está ensinando algo prático, crie um passo a passo. A pessoa que
está te ouvindo precisa ser capaz de aplicar aquilo sem a sua ajuda.
Essas são as duas regras básicas para ensinar algo. Vou te dar agora mais três
opções de ensino, caso seja impossível para você ensinar alguém pessoalmente, por
qualquer motivo que seja.
Sim, você vai ensinar o que aprendeu para um ser vivo não humano. Pode
parecer bobo, mas o importante é o ato de ensinar, acima de tudo. Ensinando, você é capaz
de julgar melhor seu próprio conhecimento.
Nós, seres humanos, temos uma enorme dificuldade de medir nosso próprio
conhecimento. Isso tem um nome: é o efeito Dunning-Kruger. Esses dois cientistas
descobriram que tendemos a pensar que sabemos mais sobre um assunto que realmente
sabemos.
Esse erro de julgamento é grave porque nós somos os maiores prejudicados por
isso. Testar seu conhecimento ensinando é uma das melhores maneiras de se julgar
corretamente. Quando uma pessoa diz que sabe algo, mas não consegue explicar aquilo
claramente, ela provavelmente não sabe tanto quanto pensa saber.
Agora, professor, podemos dizer que você está chegando ao fim da sua jornada.
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Conclusão
Uau! Você chegou até aqui!
Sabia que são poucas as pessoas que terminam o que começam? Sabia que a
grande maioria não lê e, dos que dizem ler, a esmagadora maioria não termina nenhum
livro?
Agora que você aprendeu todas essas estratégias de leitura, resta uma
pergunta: “Eu concordo com o que foi dito neste livro?”. O fato é que, se você concordar, a
sua obrigação é então colocar em prática. Tudo o que foi ensinado aqui vai te ajudar com
qualquer leitura que você faça daqui pra frente.
Se você concordou com o que aqui foi dito e vai, então, colocar em prática, pode
ser que sua leitura se torne um pouco mais desafiadora. Sim, o que aqui foi ensinado, foi
ensinado para que você retire mais dos livros do que você está habituado a retirar. E
provavelmente isso vai ser desafiador.
Eu estou na Itália, como já te disse. E hoje, enquanto escrevo este livro, faz um
pouco mais de 90 dias que cheguei aqui. Minha principal ferramenta de trabalho - depois
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do livro - é a internet. Eu publico conteúdos diariamente nas minhas redes sociais e tenho
dois cursos online, que já contam com mais de trezentos alunos. E durante esses pouco
mais de 90 dias, eu não tive internet em quase nenhum momento.
Imagine que você é um jogador de futebol e alguém te fala: “você só vai ter a
bola por alguns poucos minutos no dia; e não vai ser todos os dias”. Veja, eu fiquei sem a
principal ferramenta necessária para o meu trabalho por muitos dias e, quando eu tinha,
era por poucas horas no dia. Este foi o período mais desafiador da minha vida.
Por que eu te contei essa pequena história? Porque é nesse período que eu mais
me desenvolvi e que os meus negócios mais cresceram. Sim, é durante o maior desafio que
eu mais estou colhendo resultados. Estou te falando isso para que você entenda, se sua
leitura ficar mais desafiadora, isso é um bom sinal. É agora que você vai colher muito mais
resultados dos livros que você lê.
Um outro ponto importante a entender a partir de agora é que não serão todos
os livros que valerão a pena serem lidos. De hoje em diante, você deve também ter em
mente que você fará uma triagem dos livros. Cada livro que você pegar para ler deve passar
pelo seu julgamento rigoroso. É claro que quando lemos apenas para entretenimento, não
temos como objetivo primário o nosso crescimento pessoal com tal livro, mas lembre-se
que tudo o que aqui aprendemos é para desenvolver nossa leitura de entendimento.
A partir de hoje, é importante que você tenha sempre em mente uma das
primeiras perguntas que aqui aprendemos: “Vale a pena ler esse livro?”.
Existem livros que são extremamente desafiadores e que terão algo para nos
oferecer por muito tempo. Existem, também, os livros que sequer merecem serem lidos,
que nada vão nos ensinar e não nos farão crescer. O que você tem de mais precioso é o seu
tempo, por isso é importante utilizá-lo da melhor maneira possível.
grandes obras da humanidade, terão tanto a te oferecer que você ficará com a impressão
de que esses livros evoluem juntamente com você. Os grandes clássicos da humanidade
costumam se encaixar nessa última categoria.
O importante aqui é que você saiba que, a partir desse momento, caso você
assuma o desafio de usar os livros para o seu desenvolvimento e seu engrandecimento,
você irá buscar sempre livros que te farão evoluir. Você vai notar que, com o passar do
tempo, a necessidade por profundidade vai aumentar cada vez mais e a sua maturidade
como leitor e ser-humano crescerá. Os grandes livros te farão uma grande pessoa. E grandes
pessoas mudam o mundo. Use isso para o bem e fará grandes obras na sua casa, na sua
comunidade, na sociedade e no mundo.
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Agradecimentos
É com muita alegria que finalizo meu primeiro livro. E eu não teria conseguido
sem a ajuda de algumas pessoas muito importantes.
Primeiramente queria agradecer à minha tia Elizabete, que foi uma das
primeiras pessoas a me incentivar a ler. Ela realmente investiu em mim.
Agradeço também à minha mãe, que sempre me disse que meus esforços
profissionais deviam visar ajudar as pessoas e não apenas me trazer lucro financeiro.
Por fim, agradeço à minha futura esposa, Milene, que tem me ajudado muito
durante o período de escrita deste livro, período este que vem sendo o mais desafiador de
toda a minha vida.
Ah, eu não posso deixar de agradecer a você, que investiu no seu conhecimento
ao adquirir este livro. Espero te ajudar da melhor maneira!
Um grande abraço!
Elton Luiz.
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Bibliografia
Clear, J. (2018). Atomic Habits.
Sinek, S. (2009). Comece pelo porquê: como grandes líderes inspiram pessoas e
equipes a agir.