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Questões:

1. Consideraria fazer parte do contingente de portugueses que todos os anos parte para o
estrangeiro? Justifique as razõ es da opçã o que efectuar.

2. Identifique destinos de emigraçã o Portugueses, comece por falar no período apó s 1974 e
vá até aos dias de hoje.

3. Identifique factores que influenciam a emigraçã o.

4. Explore características dos pó los de atracçã o e dos pó los de repulsã o.

Quanto à minha possível inclusão na classe emigrante portuguesa, penso que estaria
fora de questão. Na minha opinião, a ida para fora do país em busca de uma vida melhor
é um risco, pois existe muita coisa que fica para trás, família, filhos, amizades, e isto
leva a uma questão “vale a pena?”. Será que a melhor remuneração irá compensar todo
este esforço?
Desde sempre que oiço dizer que os portugueses emigravam e sujeitavam-se a grandes
cargas horárias e trabalhos bastante forçados. Será que se este esforço fosse feito no
“nosso” Portugal, não iria representar um maior desenvolvimento para o país e para o
sujeito, pois este estaria rodeado de todo o afecto e apoio da sua família e amigos. Penso
que seja um problema de mentalidades nos portugueses, que ao estarem a trabalhar no
seu país sofrem do factor “preguiça” e esperam que alguém resolva. Não querendo ser
extremista, não é o meu modo de vida, mas é lógico, não pretendo apontar quem
procura além fronteiras um futuro melhor.
A partir de meados dos anos 70, a emigração em Portugal entra numa nova fase. Desde
logo pela grande quebra verificada no número de saídas: entre 1974 e 1988 a
emigração oficial cifrou-se em 230 000 saídas, o que corresponde a uma média anual
de, apenas, 15 000 emigrantes.

Remessas de emigrantes

Paralelamente à contínua redução dos contingentes emigratórios, apenas contrariada


nos últimos anos da década de 80, verifica-se uma maior diversificação dos destinos.
Os portugueses continuaram a partir para a Europa – França, Espanha, Luxemburgo,
Suíça e Alemanha, revitalizando redes já existentes ou criando novos espaços de
emigração – mas também para os Estados Unidos e Canadá e outros destinos
longínquos como a Austrália, África do Sul e países do Médio Oriente.
Embora a emigração para alguns destinos, nomeadamente os mais distantes,
pressuponha o estabelecimento a longo prazo, uma parte significativa dos emigrantes
que saiu do Continente, nos anos 80, fê-lo com carácter temporário (43% do total de
saídas legais entre 1980 e 1988). O exemplo ‘francês’ é elucidativo: dos cerca de
42 000 emigrantes registados entre 1980 e 1988, 80% foram emigrantes temporários.
O decréscimo da emigração verificado nesta fase ficou a dever-se a vários factores:
por um lado, a crise económica internacional de 1973 levou os principais países de
imigração na Europa – Alemanha (1973) e França (1974) – a adoptar medidas
restritivas à entrada de novos imigrantes e de incentivo ao retorno aos países de
origem, mas também a mudança de regime político em Portugal (1974) que conduziu
ao fim da guerra colonial e ao processo de independência das colónias africanas.
A integração de Portugal na Comunidade Europeia, com as necessidades do mercado
internacional de trabalho, permitiu que se criassem novas condições de mobilidade
para os trabalhadores portugueses. Com efeito, a emigração não cessou. Entre 1992,
data em que o Instituto Nacional de Estatística inicia a realização do Inquérito aos
Movimentos Migratórios de Saída, e 2003 emigraram cerca de 336 200 pessoas, ou
seja, uma média anual de 28 000.
Esta emigração, maioritariamente temporária, envolve sobretudo homens e jovens em
idade activa – de 1999 a 2003, apenas 23% dos emigrantes eram mulheres, 52% tinha
idade compreendida entre 15 e 29 anos e cerca de 30% entre 30 e 44 anos. A baixa
proporção de menores de 15 anos – somente 6% do total, no último quinquénio –
reflecte a redução dos emigrantes permanentes. Os Açores são a única região do País
em que a emigração permanente é superior à temporária o que se deve à importância
dos destinos americanos.
Os portugueses continuam a emigrar para a Europa, sobretudo para a França e Suíça,
destinos de quase metade do total de saídas nos últimos cinco anos. Alemanha, Reino
Unido e Espanha contam-se também entre os países que mais recebem portugueses.
Em conjunto, os cinco países acolheram 78% do total da emigração e o continente
americano, em particular Estados Unidos e Canadá, cerca de 4%. Em relação a estes
últimos a tendência é para a redução do número de partidas, confirmada pelo Bureau
of Citizenship and Immigration Services: no decénio 1992-2001, a emigração
portuguesa para os Estados Unidos diminuiu 40%.
A quase totalidade dos fluxos de partida é gerada no Continente: entre 1999 e 2003,
95% do total, sendo 46% na região Norte, enquanto do Alentejo, Algarve e Regiões
Autónomas saiu pouco mais de 10%.
Dos indivíduos que emigraram durante este período 45% possuía o 2.º ou 3.º ciclo do
ensino básico, 9% o secundário ou superior, e 10% não tinham qualquer grau de
ensino. A nova face da emigração portuguesa mostra uma maior proporção de
licenciados ou com o ensino secundário.
O aumento da taxa de desemprego, nomeadamente dos diplomados (entre Maio de
2002 e Maio de 2003 o número de desempregados com o ensino superior aumentou
44%) tem impulsionado a partida de jovens qualificados, em que se incluem muitos
investigadores.·
Os últimos trinta anos da sociedade portuguesa registaram, do ponto de vista dos
movimentos migratórios, três acontecimentos marcantes.
O primeiro foi a chegada, em poucos meses, de um intenso fluxo de mais de meio
milhão de portugueses e de população de origem portuguesa, residente nas ex-
colónias africanas (retornados), em consequência do 25 de Abril de 1974 e do
subsequente processo de descolonização que lhe esteve directamente associado. Pelas
suas características, intensidade e duração, constituiu um acontecimento ímpar na
História nacional, com repercussões significativas na estrutura demográfica, social e
económica do País.
O segundo acontecimento foi o regresso parcial de emigrantes; o terceiro foi a
intensificação dos fluxos imigratórios, num país tradicionalmente de emigração.

Entre as razões que explicariam os contínuos fluxos emigratórios dos portugueses


podemos destacar as seguintes:

Factor Geográfico. Portugal fica num extremo da Europa, entre a Espanha e o Mar. Os
rasgados horizontes marítimos nas suas costas parecem ter estimulado nos portugueses
o desejo de explorar o mundo, descobrir outras culturas. A Espanha, no lado oposto,
lembra guerras, pilhagens, saques. A emigração na direcção do centro da Europa, é um
fenómeno relativamente recente (segunda metade do século XX) e ocorre numa altura
que os portugueses já estavam há séculos espalhados pelo mundo.

Miséria. Os portugueses emigram para fugirem à miséria e falta de trabalho que grassa
nos campos e que as cidades não conseguem absorver. Nas regiões, como o Douro,
Minho,   as ilhas da Madeira e Açores, onde é mais notório o excesso de mão-de-obra a
emigração surge como o recurso por excelência para resolver a falta de trabalho na
agricultura e pescas. Analisando as descrições dos que emigraram entre meados do
século XIX e os anos 70 do século XX, ninguém dúvida em subscrever esta como uma
das razões que motivou a saída de alguns milhões de portugueses.  

Tradição.   A emigração é uma tradição secular em Portugal. Na verdade, uma vez


iniciada a emigração no século XV nunca mais parou. Um dos factores que estimulou a
sua continuidade foi o facto de se terem criado em muitos pontos do mundo
comunidades de Portugueses que apoiaram os novos emigrantes estimulando-os a partir
ou ajudando-os a fixarem-se no local.   Por outro lado, em Portugal, numa qualquer
família, há sempre um familiar ou amigo que emigrou e que pode prestar as
informações necessárias para outro o fazer. Quando os problemas se avolumam no país,
ou ocorre algum problema na vida, afirmam alguns analistas, o português não luta para
os resolver, mas emigra. É mais fácil convencer um português a emigrar para a China,
do que convencê-lo a mudar de residência para outra parte do país.

Fuga a perseguições religiosas e políticas. Entre princípios do século XVI e  inícios


do XX, tivemos ferozes perseguições religiosas a judeus e cristãos-novos portugueses.
Muitos milhares foram forçados, para sobreviverem a espalharem-se por todo o mundo.
No século XX, as  perseguições políticas que ocorreram entre 1926 e 1974, a que se
juntou entre 1961-1974 a fuga de centenas de milhares de jovens ao serviço militar
ajudaram a engrossar este caudal emigratório.  

Missão Histórica. Um elaborado discurso ideológico desde o século XVI atribui aos
portugueses uma espécie de missão histórica: difundirem a cristandade pelo mundo
(Luís de Camões, escreveu sobre este tema uma epopeia- Os Lusíadas). O Padre
António Vieira retomou o tema com a  ideia do Vº. Império. A emigração seria, neste
aspecto, um instrumento deste desígnio nacional. No século XX, poetas como Fernando
Pessoa, reelaboraram esta explicação à luz dos valores contemporâneos, embora
mantendo o seu esquema inicial.   

Abertura de Horizontes. A situação geográfica de Portugal,   num extremo da Europa,


sempre provocou problemas de isolamento cultural. "As coisas chegam aqui com muito
atraso", este é o lamento que se repetiu durante séculos e que explica a partida de muitos
milhares de portugueses para o estrangeiro.

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