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FACULDADE DE TECNOLOGIA EVOLUÇÃO

CIÊNCIAS CONTÁBEIS

FERNANDO FERREIRA SAMPAIO

A CONTRIBUIÇÃO DA CONTABILIDADE CONSULTIVA SOBRE A


LONGEVIDADE DA PROFISSÃO CONTÁBIL

FORTALEZA – CE
2020
FERNANDO FERREIRA SAMPAIO

A CONTRIBUIÇÃO DA CONTABILIDADE CONSULTIVA SOBRE A


LONGEVIDADE DA PROFISSÃO CONTÁBIL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado a Faculdade de Tecnologia
Evolução como requisito para obtenção
do título de bacharel em Ciências
Contábeis.

Orientador: [Nome do Orientador]

FORTALEZA – CE
2020
FERNANDO FERREIRA SAMPAIO

A CONTRIBUIÇÃO DA CONTABILIDADE CONSULTIVA SOBRE A


LONGEVIDADE DA PROFISSÃO CONTÁBIL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado a Faculdade de Tecnologia
Evolução como requisito para obtenção
do título de bacharel em Ciências
Contábeis.

Orientador: [Nome do Orientador]

Fortaleza, ___________ de _____________________ de 2020.

Conceito: _________________________

Observações: ________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

__________________________________
Assinatura do orientador
RESUMO

Um dos grandes desafios dos dias atuais é criar soluções em educação que
permitam disseminar o conhecimento em contabilidade, equacionando a grande
extensão territorial do país, o número expressivo de profissionais registrados em
todos os Estados da Federação, as diferenças nos níveis de formação e o reduzido
número de professores qualificados em relação à quantidade de cursos de
graduação em ciências contábeis ofertados pelas IES e também à demanda por
educação continuada por parte dos profissionais que já se encontram no mercado. É
a partir desse contexto que o presente trabalho busca analisar “a contribuição da
contabilidade consultiva sobre a longevidade da profissão contábil”. A metodologia a
ser utilizada é uma revisão bibliográfica de caráter qualitativo e, para sua produção,
os seguintes itens serão desenvolvidos: No primeiro capítulo, será tratada a história
da contabilidade; no segundo capítulo será tratado reflexões sobre o profissional da
contabilidade e, no terceiro capítulo será analisada a contabilidade consultiva.

Palavras-chave: Contabilidade consultiva. Contabilidade. Informação contábil.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................................8
2. HISTÓRIA DA CONTABILIDADE................................................................................................9
2.1. A CONTABILIDADE NO BRASIL: DO DESCOBRIMENTO AO SÉCULO XIX..........10
2.2. A CONTABILIDADE NO BRASIL: SÉCULO XX..............................................................11
2.3. A CONTABILIDADE NO BRASIL: SÉCULO XXI............................................................14
3. O PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE...............................................................................16
3.1. O PROFISSIONAL CONTÁBIL E SEU CAMPO DE HABILIDADES............................18
3.2. AS HABILIDADES CONTÁBEIS SEGUNDO A NORMA IES 3.....................................19
3.2.1. Habilidade Intelectual..................................................................................................20
3.2.2. Habilidade Técnica e Funcional................................................................................20
3.2.3. Habilidade Pessoal.......................................................................................................21
3.2.4. Habilidade Interpessoal e de Comunicação...........................................................21
3.2.5. Habilidade Organizacional.........................................................................................21
3.3. FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL CONTÁBIL................................................................22
3.4. PESQUISAS CORRELATAS..............................................................................................23
4. CONTABILIDADE CONSULTIVA..............................................................................................24
4.1. CONTABILIDADE CONSULTIVA.......................................................................................24
4.2. QUALIDADE DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL..................................................................26
4.3. DESAFIOS DA CONTABILIDADE CONSULTIVA...........................................................28
4.4. A TECNOLOGIA ALIADA A CONTABILIDADE..............................................................29
4.5. O FUTURO DA CONTABILIDADE.....................................................................................30
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................................33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................................34
1. INTRODUÇÃO

A contabilidade como ciência que estuda, interpreta, analisa e controla o


patrimônio das entidades tem uma importância significativa para a sobrevivência das
empresas, assim como para o desenvolvimento econômico e social do país. Ao
longo dos anos a contabilidade sofre mudanças constantes em vários aspectos e
com o desenvolvimento tecnológico essas mudanças se tornam cada vez mais
frequentes. Muito se tem tratado sobre contabilidade consultiva, mas o que seria
essa contabilidade consultiva? Ela realmente existe/funciona na prática? Qual a sua
relevância?
Assim, este estudo se justifica em compreender a relevância da contabilidade
consultiva no cenário atual, contribuindo para o aprimoramento do conhecimento de
estudantes, acadêmicos e profissionais da área contábil, inclusive orientando-os
para a aplicação desta em seus escritórios, com base na análise dos desafios
enfrentados pelos escritórios de contabilidade no seu cotidiano atual.
No que se refere a metodologia, a presente pesquisa utilizou-se de fontes
bibliográficas, nas quais foram coletadas informações de autores de livros, revistas e
textos eletrônicos. Desta forma, como desenvolvimento metodológico escolhemos a
pesquisa qualitativa baseada em estudos bibliográficos, reflexões e análises
narrativas e discursivas. Após a classificação do material disponível, iniciou-se a
localização das informações úteis através da leitura.
Este estudo está dividido em cinco sessões principais: essa primeira sessão
de caráter introdutório, a segunda sessão apresenta um panorama sobre a história
da contabilidade. A terceira sessão apresenta reflexões sobre o profissional da
contabilidade. A quarta sessão apresenta a contabilidade consultiva, e a quinta
sessão traz as considerações finais.
2. HISTÓRIA DA CONTABILIDADE

Desde os tempos mais remotos da história da humanidade a contabilidade


está presente. De acordo com Silva e Martins (2006), povos antigos, como os
chineses, egípcios, hindus, fenícios, persas, israelitas, assírios, gregos, romanos e
dentre tantos outros, se destacaram pelo surgimento e desenvolvimento da
linguagem e escrita dos números.
Schmidt (1996) aponta que a evolução da contabilidade acompanha os
processos de desenvolvimento da sociedade humana, assim, à medida que as
demandas pela utilização de informações eram necessárias mais estes
conhecimentos se ampliavam. Diante disso, Mauss et al (2007) afirma que houve
uma contínua busca por aperfeiçoar a contagem, transformando-o em um sistema
de informação.
A consequência destes processos, foi que no século XII, com as cruzadas e o
contato cada vez mais intenso com a cultura árabe, variadas técnicas foram
surgindo e sendo adaptadas. Schmidt (1996) explica que existem registros, deste
período, de livros contábeis, que eram utilizados para registrar as principais
movimentações econômicas, neste contexto, o monge italiano Luca Pacioli colocou
em sistema os métodos que impulsionaram o pensamento contábil, como por
exemplo o método das partidas dobradas, sendo considerado o pai da contabilidade
moderna.
Para Bacci (2002), se fez necessário a regulamentação de padrões contábeis,
principalmente após a quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1929. Esta necessidade
se tornou ainda mais evidente após o fim da Segunda Grande Guerra Mundial, pois
os investidores, procurando fugir de grandes riscos procuravam realizar análises
contábeis da situação financeira das empresas.
Atualmente, a função do profissional da contabilidade é cada vez mais
necessária, segundo mostram Cotrin, Santos e Zotte Júnior (2012), o contador de
hoje não realiza apenas o registro de operações comerciais e, sua presença, é
fundamental para organizações e a sociedade como um todo.
Desta forma, procuramos, neste capítulo inicial, refletir sobre a evolução
histórica da contabilidade, em especial, na realidade brasileira e, para tal,
utilizaremos de fatos e datas importantes, bem como, Legislações que foram
relevantes neste processo de consolidação e modernização da contabilidade.
2.1. A CONTABILIDADE NO BRASIL: DO DESCOBRIMENTO AO SÉCULO XIX

A contabilidade inicia no Brasil de forma bastante tímida e lenta,


acompanhando o ritmo das primeiras comunidades fundadas por portugueses logo
após o Descobrimento. Entretanto, Segundo Barreto (2011), bem antes do 1500 foi
possível encontrar registros de conhecimento contábil em algumas grutas, como as
encontradas nas escavações arqueológicas do município de Raimundo Nonato, no
Piauí.
Rodrigues (1985) nos conta que em 1551, o rei de Portugal, D. João III,
nomeou Brás Cubas para assumir as funções de provedor da Fazenda Real e
contador das Rendas e Direitos da Capitania. Passados dez anos foi criado na
colônia o Conselho da Fazenda com a responsabilidade de administrar as
movimentações financeiras no Brasil.
Bielinski (2011) mostra que desde o início do século XVIII a contabilidade
passou a ser ensinado no Brasil, pois, antes disso, os comerciantes aprendiam com
a experiência adquirida de forma prática nas casas de comércio. De acordo com
Watanabe (1996), em 1754 o governador do Estado do Grão Pará e Maranhão,
Francisco Xavier de Mendonça Furtado (Irmão do Marquês de Pombal), organiza o
curso de formação profissional do contador do Brasil. No mesmo ano é proposto a
criação de uma Aula1 de Comércio no Brasil, sob a supervisão da Junta de Comércio
de Lisboa, que foi aprovado por um decreto de 1756.
Em 1808, com a chegada da família real ao Brasil, muitas estruturas e
instituições foram criadas ou aperfeiçoadas. Segundo Bacci (2002), D. João VI criou
a Junta de Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegações com o intuito de controlar
seus bens. Além disso, determinou que fosse adotado o sistema de partidas
dobradas que já vinha sendo usada em países europeus.
De acordo com Schmidt (1996), as leis do Brasil tiveram ampla influência
sobre a contabilidade brasileira. Inicialmente, o código comercial de 1850, instituiu a
obrigatoriedade da escrituração contábil e, bem como, requeria que a demonstração
do Balanço Geral fosse apresentada anualmente. Diante disso, Teles (1989, p. 51)
enfatiza importância do Código Comercial Brasileiro:

1
O termo “aula” no século XVIII se referia ao curso de ensino superior.
Após 350 anos do descobrimento, o Brasil já estava carente de um
documento legal destinado a regulamentar o nosso sistema
comercial que se apresentava em acentuado ritmo de
desenvolvimento. Essa Lei permaneceu em vigor, sem nenhuma
alteração por 90 anos, porém até hoje se faz presente como
importante acervo de pesquisas e, mesmo, em certas tomadas de
posição jurídica.

Rodrigues (1985) ainda nos lembra outros acontecimentos que marcaram a


contabilidade brasileira na segunda metade do século XIX: (1) A substituição da Aula
de Comércio pelo, criado em 1856, Instituto Comercial do Rio de Janeiro; (2) a
fundação da Associação de Guarda-Livros em 1869; (3) a publicação, nos anos de
1874 e 1875, de 24 volumes da Revista da Associação dos Guarda-Livros; e (4) O
funcionamento da segunda escola de Comércio em 1891, na Academia de Comércio
de Juiz de Fora, em Minas Gerais.

2.2. A CONTABILIDADE NO BRASIL: SÉCULO XX

Schmidt (1996) nos conta que nos últimos anos do século XIX, a Associação
de Guarda-Livros procurava criar um curso que possibilitasse a oficialização da
profissão contábil. Dessa forma, no dia 20 de abril de 1902 foi fundada a Escola
Prática de Comércio, que seria chamada posteriormente de Escola de Comércio
Álvares Penteado2.
O reconhecimento dos diplomas concedidos pela Escola de Comércio Álvares
Penteado foi oficializado pelo Decreto Federal nº 1.339, de 9 de janeiro de 1905,
para os cursos de Guarda-Livros e Perito-contador.

Esse decreto, embora seja um marco na organização do ensino


comercial no Brasil, tinha na época um escopo bem mais limitado, ou
seja, restringia-se a reconhecer como de utilidade pública e a
organizar os cursos da Academia de Comércio do Rio de Janeiro e
da Escola Prática de Comércio de São Paulo (MACHADO, 1982, p.
2).

2
Conde Antônio Álvares Leite Penteado foi um dos sócios fundadores da Escola de Comércio, o qual em 1905
doou uma grande área para construir o prédio que abrigaria a Escola. Diante tal gesto, em 05 de janeiro de
1907 em sessão extraordinária, o nome da escola foi mudado para Escola de Comércio “Álvares Penteado” em
homenagem ao Conde.
Nos anos seguintes um conjunto de legislações foi desenvolvido
possibilitando a organização, ampliação e consolidação da contabilidade como área
de conhecimento no Brasil.
Bacci (2002), nos mostra que o Decreto 20.158, de 30 de junho de 1931,
reorganizou o ensino da área comercial no Brasil. E determinou que todos que
concluíssem o curso superior de administração e finanças, com duração mínima de
3 anos, receberiam o diploma de bacharel; por sua vez, quem concluísse o curso
técnico de dois anos receberiam o título de Guarda-Livros e os que concluíssem o
curso técnico de três anos receberiam o título de Perito-contador.
Camargo (1991) explica que em 1945, o Decreto-lei nº. 7.988 estabeleceu o
ensino técnico como grau superior e formou o curso de ciências contábeis e
atuariais.
De acordo com Hermes (1986), com o decreto nº. 9.295 de 27 de maio de
1946, um outro marco histórico se deu na contabilidade brasileira. Esse decreto
criou o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e os Conselhos Regionais de
Contabilidade (CRCs), com a finalidade de normatizar e supervisionar a atividade
dos profissionais de contabilidade (bacharéis) e guarda-livros (técnicos).
Assim, segundo Rodrigues (1996), esse decreto proporcionou momentos e
reflexões e debates na Convenção Nacional dos Contabilistas, a qual tornou Paulo
Lyra Tavares o primeiro Presidente da CFC.
Machado (1982) ainda nos explica que o decreto de 1946 também classificou
os profissionais de nível técnico em contadores e contabilidade, e abriu o direito ao
registro nos conselhos regionais garantindo a aplicação dos direitos conquistados
por meios das legislações em vigor até então.
Mas a história não foi feita apenas de progresso e fatos positivos, ocorreram
também aspectos negativos, conforme nos conta Gomes (1978, p. 7)

Se, de um lado, a profissão se expandiu, de outro, os problemas que


foram criados com a equiparação do “guarda-livros”, ou seja, do
praticante de Contabilidade sem escolaridade formal em Ciências
Contábeis, do Técnico de Contabilidade, isto é, do técnico de nível
médio, formado pelas Escola Técnicas Comerciais ao profissional de
formação universitária – Contador – originaram uma perda de
prestígio em relação às outras profissões de nível superior (Direito,
Economia, etc.), fazendo com que os jovens que ingressavam nas
Faculdades não tivessem interesse em abraçar aquela carreira, pelo
fato de a mesma não lhes conceder o mesmo status das outras
profissões.
De acordo com Araújo (2002), o decreto nº; 1.401 de 1951 separou em dois o
curso de ciências contábeis e atuárias, passando a existir o curso de ciências
contábeis e o de ciências atuárias. Toledo Filho (1980) mostra que as Lei 3.470/58 e
4.357/64 realizaram correções monetárias, dos ativos “fixos” e dos ativos
imobiliários, respectivamente, facilitando a atuação das empresas e tornando
obrigatória a tributação.
Gomes (1978, p, 8) explica que na década de 1960 ocorreram acréscimos a
legislação que trouxeram “maiores controles fiscais, tanto para órgãos públicos
como para empresas particulares”.
De acordo com Silva e Martins (2006), já na década de 1970, foi criada a Lei
de Mercado de Capitais que produziu a figura do auditor independente, que,
posteriormente, em 1971, se organizaram no Instituto de Auditores Independestes
do Brasil (IAIB). Em 1972 o auditor teve sua profissão normatizada pela Resolução
nº. 220 do Banco Central (Bacen). Andrade (2003) explica que as normas criadas
nessa e outras resolução tornava obrigatório: 1) a auditoria das demonstrações
contábeis das sociedades com ações negociadas na bolsa; 2) criação de regras
concernentes ao registro dos auditores independentes junto ao Bacen; e 3) a criação
de Normas Gerais de Auditoria e a criação de Princípios e Normas de Contabilidade.
A Lei nº. 6.404 de 15 de dezembro de 1976 pode ser considerado um marco
para a história da contabilidade brasileira. Segundo Teles (1989) essa lei, também
conhecida como Lei das Sociedades por Ações, foi criada para responder a
demanda de aprimoramentos na qualidade das informações contábeis e sua
divulgação. De acordo com Bacci (2002, p. 134) “a nova lei veio consagrar a adoção
do sistema contábil americano com algumas contribuições brasileiras de relevância
sendo algumas práticas essencialmente nacionais como a correção monetária”.
Diante disso, no mesmo ano foi criada a Comissão de Valores Imobiliários (CVM),
regulamentada pela Lei nº. 6.385/76.
Na década de 1990, ocorreu a reformulação do curso de Ciências Contábeis,
Silva e Martins (2006) explicam que além da duração mínima de 2700 horas, o
deveria apresentar conhecimentos em três categorias: 1) formação Geral de
natureza humanística; 2) formação Profissional; e 3) atividades ou formação
complementar.
Com a implantação do Plano de Estabilização Econômica e consequente
queda da inflação, foi publicada a Lei 9.249/95 que extinguia a correção monetária
do Ativo permanente e do Patrimônio Líquido das empresas. No final do século XX,
diversas outras mudanças na Lei das Sociedades por Ações (Lei nº. 6.404/76)
seguindo as tendências da gestão coorporativa que ganhou força no Brasil.

2.3. A CONTABILIDADE NO BRASIL: SÉCULO XXI

No século XXI, é possível afirmar que, procurando acompanhar as mudanças


de um mundo veloz e globalizado a contabilidade atravessa uma fase de verdadeira
revolução.
No final do século XX, as alterações legais procuraram alinhas as práticas
contábeis do Brasil aos padrões internacionais. Diante disso, Bacci (2002, p. 144)
explica que

A contabilidade do mundo atual procura a harmonização de


procedimentos, de padrões que atendam a globalização, e que pela
pulverização dos investimentos a nível mundial nas bolsas de
valores, vêm tentando uma uniformização dos informes contábeis
com objetivos claros de se adotar maior transparência e
evidenciação dos critérios aplicados.

Nessa perspectiva, a Lei 10.303, de 2001, traz mudanças com o objetivo de


garantir direitos aos acionistas e trazer mais investimentos ao mercado de capitais.
Dentre essas mudanças, Freire Filho (2008) aponta as seguintes: 1) a emissão de
valores imobiliários negociados no mercado financeiro podem, apenas, ser
realizados pela CVM; 2) as distribuições públicas dos Valores mobiliários devem ser
registradas previamente na CVM; 3) acionistas que adquirem ações abertas de uma
companhia sob seu controle, que consequentemente, impeçam a liquidez do
mercado remanescente, são obrigados a realizar oferta pública das ações totais
remanescentes; 4) ações preferenciais sem direito a voto não devem ultrapassar
50% das ações emitidas; e 5) as companhias são proibidas de abrir partes
beneficiárias.
Com a Lei n.º 11.638 de 2007, foi aplicada alterações concernentes a maior
transparência e maior qualidade das informações contábeis, tendo em conta a
realidade econômica do mundo, e especificamente, do Brasil, com suas economias
globalizadas e mercados abertos aos fluxos de capitais estrangeiros.
De acordo com Almeida e Braga (2008) a busca por se adequar as normas
internacionais fez com que o Brasil adotasse os padrões da emitidos pelo
Internatioanl Accounting Standart Board (IASB), conhecidos como International
Finance Report Standarts (IFRS), que são usados em mais de 100 países, inclusive
pela comunidade europeia.
Para Raghavan (2009) a adoção das normas internacionais é um ponto de
impulsionamento para o futuro dos mercados de capitais a nível mundial, visto que,
é uma forma de aumentar a credibilidade dos investidores e a eficiência na alocação
dos recursos através da comparação das informações financeiras. Nesse sentido,
Daske e Gebhardt (2006) defendem que os relatórios anuais, analisados e divulgado
por especialistas tem uma significativa maior qualidade quando submetidos ao
padrão da IFRS. Essa percepção se fundamente na ideia de que as normas
precisam de um elevado número de divulgações obrigatórias, sem falar que passam
a conter uma quantidade maior de informações resultantes de regras de
mensuração desenvolvidas com o intuito de apresentar dados relevantes e
confiáveis para os investidores externos.
Diante dessas mudanças, Bacci (2002, p. 14) comenta:

A contabilidade do mundo atual procura a harmonização de


procedimentos, de padrões que atenda, a globalização, e que pela
pulverização dos investimentos a nível mundial nas bolsas de
valores, vêm tentando uma uniformização dos informes contábeis
com objetivos claros de se adotar maior transparência e
evidenciação dos critérios aplicados.

Em 2007, foi sancionada a Lei nº. 11.638, que efetuou alterações nos padrões
contábeis vigentes até então. Entretanto, pela falta de um prazo de adequação à
nova realidade, as mudanças sofreram forte reação. Carvalho (2009, p. 13), por
exemplo, afirmou:

Tivemos três dias para fazer o que a Europa fez em cinco anos. A
Europa, por meio da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu,
sediados em Bruxelas, deliberou em 2000 que as cerca de sete mil
companhias abertas da União Europeia passariam a adotar as
normas internacionais IFRS a partir de 2005. A Lei nº. 11.638/07 foi
publicada em 28 de dezembro de 2007, determinando imediata
vigência a partir de exercícios sociais iniciando-se em 1 de janeiro de
2008.

Em 2010, a lei nº. 12.249 foi sancionada alterando diversos dispositivos,


especialmente, o Decreto-lei nº. 9.295/46. Dentre as alterações, podemos destacar a
autorização para o Conselho Federal de Contabilidade para criar normas
concernentes aos princípios contábeis. Não parando por aí, em seu artigo 76, além
da atribuição de competências normativas para o CFC, também institui a
necessidade de atualizações constantes para um eficiente exercício da profissão.
Em consequência, o exame de suficiente se tornou um pré-requisito para o
registro dos profissionais nos Conselhos Regionais de Contabilidade, essa medida
foi importante para proteger os profissionais e, bem como, para salvaguardar a
sociedade que se utiliza dos serviços contábeis. Diante disso, Carneiro (2010, p, 16)
explica:

O exame permite comprovar se os alunos recém-formados ou os


profissionais que se encontram há algum tempo afastados do
mercado de trabalho possuem os conhecimentos médios
necessários ao exercício da profissão, condizentes com os
conteúdos programáticos desenvolvidos no curso de bacharelado em
Ciências Contábeis e no curso técnico de Contabilidade.

Assim, essas mudanças fortaleceram o Conselho Federal de Contabilidade,


que passou a exercer funções reguladoras das práticas contábeis em todo o
território brasileiro.

3. O PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE

Com o advento da globalização, o crescimento do mercado de capitais e as


alterações nas práticas econômicas no mundo todo, novas demandas surgiram.
Essas mudanças apontam para as novas estruturas do campo contábil e,
consequentemente, na capacitação dos profissionais da contabilidade para lidar com
essas novas estruturas. Assim, a expansão das expectativas dos empregadores,
dos clientes e dos diversos stakeholders coopera com o incentivo da qualificação
das habilidades dos profissionais da contabilidade (IFAC, 2012).
Assim, Neves Junior, Oliveira e Carneio (2011) afirmam ser de extrema
importância a profissão do contador, especialmente diante de fatores como a
volatilidade do mercado, as constantes inovações tecnológicas e as políticas
tributárias, muitas vezes desastrosas, exigindo, assim, grandes habilidades desses
profissionais. Nesse contexto, Silva (2013) demonstra que, dentre as dificuldades
enfrentadas pelos profissionais da contabilidade em suas atividades, duas possuem
mais expressividade: a necessidade de inovação profissional constante e a gestão
de negócios.
De acordo com Neves Junior, Oliveira e Carneiro (2011), a necessidade de
atualização dos profissionais contábeis se intensificou com o surgimento de várias
tecnologias relacionadas as obrigações legais, como por exemplo o EFD
(Escrituração Fiscal Digital) e o SPED (Sistema Público de Escrituração Digital).
Nesse contexto, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC, 2010) procurou
incentivar contratações de profissionais contábeis com habilidades adicionais, como
proatividade, senso de responsabilidade e a capacidade de se manter em constante
atualização.
Com o objetivo de estipular quais seriam as habilidades que os contadores
necessitariam para se capacitar, o international Accontants Educatoin Standart
Board (IAESB) aprovou em 2012 a International Education Standart 3 (IES 3), essa
norma, estabelecida pela International Federation of Accountants (IFAC), visa
determinaras qualificações que os profissionais de contabilidade precisam possuir.
Busca-se, dessa forma, assegurar que os profissionais apresentem o conjunto de
habilidades necessários para atuarem com eficiência e de forma satisfatória.
A IES 3 define que o contador deve apresentar uma combinação de cinco
habilidades que permitirão ao profissional atuar durante toda a carreira de forma
satisfatória.
Percebe-se que as mudanças de perspectiva que o profissional de
contabilidade sofreu no mundo, também pode ser sentida no Brasil, como foi
explicado no capítulo anterior. Se antes, o perfil era de um profissional que se
preocupava, sobretudo, em atender as demandas tributárias e ficais, atualmente a
contabilidade precisa garantir e fornecer informações de forma gerencial a seus
clientes. Consequentemente, esse profissional conseguirá se destacar no mercado
de trabalho na proporção que esteja se qualificando.
Esse cenário aponta a necessidade de um novo perfil, abrindo assim
possibilidades aos profissionais da contabilidade de desenvolver as atividades
indispensáveis para contribuir na gestão das organizações e, trabalhar em benefício
da comunidade na qual está inserido.
Com essa nova perspectiva que surge em relação ao profissional da
contabilidade, especialmente, no que concerne ao reconhecimento pela sociedade,
amplia a necessidade de se delinear o perfil desse profissional. Assim é de extrema
importância que os profissionais da classe contábil se reconheçam entre si e,
principalmente, desenvolvam a capacidade de identificar um perfil de base que
servirá de paradigma tanto para aqueles que já atuam na área, como para aqueles
que desejam nela ingressar.
No Brasil, no ano 2010, o Conselho Federal de Contabilidade desenvolveu
uma pesquisa com o intuito de compreender qual o perfil requisitado dos
profissionais de contabilidade no Brasil. Este estudo buscou conhecer o perfil dos
profissionais contábeis em vários aspectos, principalmente, a partir da premissa que
esse perfil está em transformação, juntamente com as alterações na estrutura da
contabilidade e com as demandas gerenciais das organizações.
Dessa forma, esse capítulo visa identificar quais as habilidades mais
constantes no perfil do profissional contábil, indicando, assim, as influências que a
formação produz na vida desses profissionais, especialmente, ao considerar as
sugestões da IFAC, que contemplam características de habilidades técnicas e
gerenciais.

3.1. O PROFISSIONAL CONTÁBIL E SEU CAMPO DE HABILIDADES

Mohamed e Lashine (2003) observam que com o passar do tempo, as


necessidade do profissional de contabilidade tem se modificado, ampliando seu
escopo de habilidades, isto é, não ficando restrito apenas aos conhecimentos
técnicos da contabilidade, mas adquirindo uma gama de conhecimentos que
possibilitem a compreensão do ambiente político, econômico e social em meio ao
qual os usuários de informação estão inseridos.
Dessa forma, Oliveira e Arruda (2004) afirmam que aqueles profissionais que,
além dos conhecimentos técnicos, tem ampliando seu conjunto de habilidades, tem
encontrado maiores espaços no mercado. Esse conjunto de habilidades se
caracterizam por domínio em tecnologias, conhecimento de outros idiomas,
capacidade de liderança e de trabalhar em equipe, e a constante atualização e
aperfeiçoamento profissional.
Podemos perceber que, o aumento da competitividade é outro fator que torna
obrigatória a atualização das habilidades por meio de qualificações e
especializações. O IFAC (2009) reitera essa necessidade e descreve quais
competências e habilidades são mais requisitadas: 1) habilidade para acompanhar
negociações em diferentes ambientes culturais; 2) capacidade de entender as
orientações de valores comportamentais de diferentes países; 3) habilidade de
adaptar estilos de administração. 4) habilidade de idiomas, além da língua de
origem.
Segundo Machado, Freitas e Oliveira (2012), as mudanças desse cenário
profissional forçarão os novos profissionais a ampliar cada vez mais suas
habilidades, não apenas alterando as formas de atuação, mas também, alterando a
maneira de lidar com os problemas, passando a considera-los além das fronteiras
regionais e nacional. Assim, o profissional desejado pelo mercado precisará se
dedicar muito mais.
Nesse contexto, Thibodeau, Levy e Osterheld (2012), visando dar suporte aos
profissionais da contabilidade apresentaram uma proposta para criação de um
programa destinado ao desenvolvimento das competências profissionais e, de forma
semelhante, para apoiar a interação dos contadores com profissionais de outras
áreas. Vale ressaltar que esse programa seria complementar ao curso de
Graduação em Contabilidade.

3.2. AS HABILIDADES CONTÁBEIS SEGUNDO A NORMA IES 3

De acordo com o IFAC (2003), as habilidades complementares são exigidas


para que os profissionais da contabilidade atuem na profissão. Nesse sentido, em 1º
de janeiro de 2005 passou a vigorar a norma IES 3, que especifica quais os
conjuntos de competências que os profissionais de contabilidade precisam para,
assim, atuar de forma qualificada. Essa norma tem por objetivo trazer instruções aos
contadores e contribuir para que as suas habilidades sejam desenvolvidas para,
consequentemente, atuar de forma satisfatória.
Essas habilidades possibilitam que os profissionais da contabilidade tomem
decisões e realizem julgamento tendo em vista perspectivas mais amplas e
conseguindo interagir de forma positiva com um grupo maior de pessoas e,
consequentemente, clientes, expandindo as possibilidades de crescimento
profissional. Assim, a IFAC (2009) incentiva os contadores, reiterando que tais
habilidades ampliam a relevância do profissional em relação aos seus pares no
mercado de trabalho. Essas competências podem ser classificadas em cinco tipos:
intelectual; técnico e funcional; pessoal; interpessoal e de comunicação; e
organizacional.

3.2.1. Habilidade Intelectual

A norma IES 3 especifica que a habilidade intelectual é subdividida em seis


níveis: conhecimento, compreensão, análise, aplicação, avaliação e síntese. O
contador, com essa habilidade, consegue tomar decisões, resolver problemas e agir
com bem senso em situações de elevando grau de complexidade.
Assim, a habilidade intelectual consiste em: 1) avaliar informações através de
diversas fontes, pesquisa e análise; 2) aplicar o julgamento profissional que abrange
a identificação e avaliação das alternativas e, dessa forma, fundamentados em
informações, chegar a bons resultados; 3) empregar análise crítica e discernimento
arrojado e empreendedor para solucionar problemas; 4) recomendar soluções para
os problemas não estruturados (IFAC, 2012).

3.2.2. Habilidade Técnica e Funcional

A IES 3 estabelece a habilidade técnica e funcional como específica da


contabilidade. Sendo aplicada em atividades como elaboração de relatórios, cumprir
os requisitos legais e regulamentares, bem como, na análise de riscos e tomada de
decisões.
Essa habilidade correlaciona os aspectos específicos da profissão contábil
relativos à atuação do profissional, a título de exemplo, o domínio e aplicação das
normas, a aferição, aplicação e análise das informações geradas pela contabilidade
(IFAC, 2012).

3.2.3. Habilidade Pessoal


A habilidade pessoal, segundo o IES 3, relaciona-se com os comportamentos
dos profissionais da contabilidade. Ao desenvolver essa competência, os contadores
aperfeiçoam a aprendizagem individual e coletiva, visto que, entendem o que
representa a autogestão, além disso, possibilita a capacidade de selecionar as
prioridades a partir de recursos limitados para, consequentemente, cumprir os
prazos e metas.
Essa habilidade tem por base: demonstrar compromisso com a aprendizagem
ao longo da vida; avaliar de forma crítica todas as informações; monitorar o
desempenho pessoal por meio de feedback e autocrítica; administrar tempos e
recursos e; estar preparado para enfrentar desafios e ser capaz de planejar soluções
(IFAC, 2012).

3.2.4. Habilidade Interpessoal e de Comunicação

De acordo com a IES 3, a habilidade interpessoal e de comunicação


proporciona aos contadores a atuação com profissionais de outras áreas, com o
intuito de alcançar o bem comum das empresas, possibilitar a transmissão de
informações, e auxilia na tomada de decisões de forma eficaz.
Essas habilidades, promove ao profissional a habilitação a: comunicar de
forma clara e concisa ao apresentar e discutir relatórios em situações formais e
informais, tanto de forma oral, quanto escrita; demonstrar fluência em mais de um
idioma além do nativo; aplicar escuta ativa e técnicas eficazes de entrevista; utilizar
conhecimentos de negociação, para alcançar soluções e acordos; aplicaras
competências consultivas para minimizar ou resolver conflitos e problemas e
expandir as oportunidades (IFAC, 2012).

3.2.5. Habilidade Organizacional

A habilidade organizacional é classificada pela IES 3, como uma das


habilidades mais importantes para as atividades dos profissionais da contabilidade.
Tal afirmação se dá, devido ao importante papel cotidiano que os contadores tem
desempenhado na gestão das organizações. A fim de comparações, enquanto em
outra época o papel do contador estava limitado a coleta, analise e fornecimento de
dados que seriam utilizados por outros, atualmente os contadores que são
responsáveis pelas decisões. Dessa forma, é importante que os profissionais de
contabilidade tenham amplo conhecimento do funcionamento da organização e
desenvolvam uma visão vasta dos negócios e uma consciência política.
Dessa forma, a habilidade organizacional, se fundamenta em: na realização
de tarefas de acordo com as práticas determinadas para cumprimento dos prazos
prescritos; desenvolver o trabalho seguindo os padrões de qualidade da
organização; aplicar habilidades de gestão de pessoas com o objetivo de motivar e
promover o desenvolvimento; delegar atribuições a terceiros; influenciar os outros a
alcançar seus objetivos organizacionais; aplicar os recursos tecnológicos
apropriados para melhor a tomada de decisões (IFAC, 2012).

3.3. FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL CONTÁBIL

Como é possível observar no decorrer dessa pesquisa, uma formação


adequada é elemento fundamental para que os profissionais da contabilidade
tenham a capacidade de identificar os elementos fracos e fortes de suas próprias
habilidades e, consequentemente, construir maiores oportunidades no mercado de
trabalho. Nesse sentido, a IFAC (2009) mostra que uma formação adequada permite
aos contadores uma maior capacidade para enfrentar os problemas e desafios que
são apresentados.
De acordo com Cardoso, Sousa e Almeida (2006), a falta de preparação nos
cursos de Graduação em Ciências Contábeis demonstra a limitação existente na
parte prática das formações profissionais, tal limitação poderia ser sanada com a
criação, por exemplo, de uma Empresa Junior ou, até mesmo, de uma Escritório
Modelo.
Esta realidade, infelizmente, não é privilégio da formação contábil no Brasil,
mas tem se repetido em diversos países do mundo. Fortin e Legault (2010) em
estudo realizado com um grupo de estudantes de uma Universidade canadense,
pode constatar que é possível expandir as graduações em Contabilidade com o
intuito em desenvolver as habilidades necessárias para o trabalho com a profissão
contábil. Entretanto, os resultados apontaram essa limitação e a possibilidade de
mitigação por meio de novos métodos de ensino que associem o ensino à prática.
De forma semelhante, Bui e Porter (2010) realizaram pesquisa de mesmo teor
na Nova Zelândia, com o principal objetivo de compreender quais as habilidades que
os recursos humanos das organizações procuram encontrar nos profissionais de
contabilidade recém graduados. Os resultados apontam que ainda há uma grande
lacuna separando as habilidades esperadas das habilidades que os profissionais de
fato possuem. Como resolução dessa limitação, foi sugerido que as Universidades
aproximem o ensino da prática profissional.
Por sua Vez, Milliron (2012) identifica as lacunas no desenvolvimento das
habilidades contábeis durante a formação superior. Os resultados concordam que as
habilidades de comunicação e pensamento analítico devem ser enfatizados, sendo,
assim, concebidas como mais importantes que o conhecimento teórico em
contabilidade e, sugere um programa acadêmico equilibrado com disciplinas que
contemplem outras áreas além da contabilidade.

3.4. PESQUISAS CORRELATAS

Montano et al (2001), em sua pesquisa, buscou salientar o conjunto de


habilidades que as organizações contábeis consideram relevantes para a atuação
dos contadores em seu ambiente de trabalho. Os resultados dessa pesquisa
propõem que o desenvolvimento dessas habilidades devem ser uma preocupação
central das universidades e centros profissionais, assim, a formação e qualificação
dos profissionais de contabilidade precisam estar integrada com o próprio cotidiano
da profissão.
Palmer, Ziegenfuss e Pinsker (2004), em seu estudo, compararam o currículo
de alunos que pretendiam ingressar na carreira profissional contábil, e concluiu que
as habilidades mais exigidas para os contadores que estão entrando no mercado de
trabalho são: 1) habilidades de comunicação; 2) habilidade pessoas e interpessoais;
3) conhecimentos técnico; 4) tecnologia da informação. Como é possível observar,
as habilidades descritas pelos autores têm relação direta com as habilidades
especificadas pela IES 3.
Nesse contexto, Koyama, Silva e Oliveira (2010), em pesquisa realizada em
Londrina, Paraná, chegaram à conclusão de que as organizações procuram por
profissionais com habilidades diversificadas, com ênfase, especialmente, na
formação gerencial. Um outro elemento importante é a língua estrangeira, com maior
importância para o inglês, destacando, assim, a importância da habilidade de
comunicação.
4. A CONTABILIDADE CONSULTIVA E A LONGEVIDADE DA PROFISSÃO
CONTÁBIL

4.1. CONTABILIDADE CONSULTIVA

Atualmente, se sabe que a contabilidade, enquanto ciência, vem passando


por diversas mudanças e, consequentemente, vem se adaptando as necessidade
que vão surgindo acompanhando as evoluções tanto humanas, quanto tecnológicas,
com o propósito de produzir informações para auxiliar os seus usuários na tomada
de decisões.
De acordo com Luduvice (2017), a contabilidade consultiva surge com o
objetivo de utilizar as informações contábeis de maneira mais ampla nas áreas
estratégicas, de gestão e tomada de decisões. Assim, Rocha (2018) mostra que a
contabilidade passa a analisar e interpretar as informações buscando identificar as
insolvências financeira das empresas e procurar caminhos para impedir a falência.
Hernandes (2018) nos mostra que o termo “contabilidade consultiva” expressa
um novo comportamento do profissional de contabilidade, que se posiciona como
consultor de negócios. Sousa (2019) compara essa atuação consultiva do contador
a de um médico, “pois ele é capaz de identificar as dores do empresário, saber o
que ele precisa melhorar na sua empresa e ajudar o empresário a resolver essas
dores”.
Por sua vez, Marion (1998) define a contabilidade como um recurso que
oferece informações úteis para a tomada de decisões no ambiente organizacional e
tem como principal objetivo auxiliar as organizações em seu processo decisório.
Apesar de suas definições e objetivos as instituições estatais passaram a utilizar a
contabilidade como sistema de arrecadação de impostos. Porém a contabilidade
deve, basicamente, auxiliar as pessoas em sua tomada de decisões.
Diante disso, Iudícibus (2006) afirma que as leis fiscais tem influenciado na
contabilidade e isso se deve à falta de esclarecimento de muitos profissionais sobre
até onde a contabilidade científica pode ir como contabilidade fiscal. Nesse sentido,
a falta de debates e a escassez de pesquisas sobre os princípios e técnicas da
contabilidade tem causado confusão aos profissionais da contabilidade.
Sá (2006) irá seguir esta mesma linha de pensamento, visto que ele afirma
não saber, de fato, o que vem a ser a contabilidade. Afinal, a contabilidade é apenas
escrituração, apenas um balanço que se apresenta, um lucro que se demonstra.
Percebe-se que a contabilidade se trata da coleta, análise e transmissão de
informações, porém, de nada adianta informar se não se sabe o que fazer com a
informação.
Nesse contexto, muitos profissionais contábeis entendem que seu trabalho se
concretiza com o encerramento das demonstrações e balanços contábeis e com a
transmissão do SPED (Sistema Público de Escrituração Digital). Entretanto,
atualmente se compreende que com a conclusão do balancete o trabalho do
contador está apenas iniciando. Afinal, as informações presentes nos
demonstrativos permitem que sejam realizadas análises sobre a saúde financeira da
organização, bem como, é possível consultar os indicadores que constituem as
ciências Contábeis.
De acordo com Rocha (2018), para os pequenos empresários, o balancete
financeiro não aparenta ter utilidade em sentido prático, se constituindo apenas
como uma exigência de um fornecedor ou do sistema financeiro. Entretanto, vale
salientar que existe uma enorme quantidade de informações nesses balancetes.
Essas informações precisam ser analisadas e interpretadas através dos indicadores
que servem como engrenagens que se auxiliam mutuamente. Tal processo contábil
possibilita a descoberta de problemas na saúde financeira das empresas e
possibilita que ações sejam tomadas a fim de melhora a saúde econômica das
mesmas, ampliando a competitividade no mercado.
Portanto, a expressão “contabilidade consultiva” é usada no sentido de
reforçar o verdadeiro papel da contabilidade como ciência. Nessa perspectiva,
Rocha (2018) afirma que essa expressão é redundante, como se quisesse dizer que
o contador precisa fazer contabilidade.
Em relação a essa importância do uso das informações contábeis, de forma
consultiva, no processo gerencial de tomada de decisões, vários trabalhos e
pesquisas tem sido desenvolvidos. Stroeher e Freitas (2008), por exemplo, tratam da
informação contábil e suas características, bem como, a sua utilização na tomada de
decisão em pequenas empresas. O estudo buscou a opinião de proprietários de
pequenas empresas e profissionais da contabilidade e chegou à conclusão de que
não há unanimidade sobre a utilidade das informações contábeis.
De forma semelhante, Moreira (2013), buscou analisar a ótica dos gestores
em relação a importância que é atribuída às informações contábeis e o seu uso nos
negócios. Os resultados alcançados indicam que a contabilidade é percebida pelos
gestores como mera formalidade fiscal e trabalhista e, consequentemente, seu uso
nos negócios seria irrelevante.
Para Fernandes (2018) em estudo com profissionais da contabilidade e
empresários do Estado da Santa Catarina, em relação ao uso das informações
contábeis e a tomada de decisões. Indicou que os profissionais da contabilidade, na
grande maioria das vezes, apenas fornecem os balancetes e demonstrativos básicos
aos empresários, dando importância apenas as demandas cotidianas das
organizações. Além disso, o estudo afirma que os empresários, no processo de
tomada de decisões, não se fundamentam nas demonstrações contábeis, mas, ao
contrário, se baseiam em suas experiências enquanto donos de negócios.

4.2. QUALIDADE DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) define informações contábeis


da seguinte forma: “informações que sejam úteis na tomada de decisões
econômicas e avaliações por parte dos usuários em geral” (CPC 00). Dessa forma, a
CPC especifica que, para que as informações possam ser consideradas úteis
precisam apresentar dois tipos particulares de características. As características
qualitativas fundamentais: relevância e representação fidedigna; e as características
qualitativas de melhoria (comparabilidade, verificabilidade, tempestividade e
compreensibilidade.
Nesse sentido, a informação contábil mostra relevância se tiver capacidade
de influências as decisões que serão tomadas pelas organizações, para isso, é
preciso que apresente a capacidade de, por meio das análises, predizer os
resultados futuros. Para que seja fidedigna, necessita representar com fidelidade o
fenômeno que se coloca a representar, além disso, deve ser neutra e livre de erros
(CPC 00).
Iudícibus, Marion e Faria (2009) mostram que os profissionais da
contabilidade, consultiva, podem atuar internamente, para administradores e
funcionários, ou externos, para bancos investidores, clientes e geral, governos e até
mesmo a sociedade. Assim, o mais importante não é o local onde está atuando, mas
o quando a informação possibilita a tomada de decisões, afinal, as organizações
dependem essencialmente dessas informações para obter sucesso.
Diante disso, Capistrano (2001, p. 17) afirma que “a informação constitui-se
no produto da contabilidade”. No mesmo raciocínio, Stroeher e Freitas (2008, p. 6)
demonstram que “num sistema contábil, os eventos econômicos são as fontes
básicas a informação contábil; o contador atua como transmissor, observando esses
eventos e codificando-os para transmitir a informação por meio dos relatórios
contábeis”. Assim, Iudícibus, Marion e Fariam (2009) argumentam que no cotidiano
de uma organização, os seus administradores e gestores precisam tomar decisões
frequentemente. “Comprar ou alugar uma máquina? Terceirizar ou não uma
atividade? Contrair uma dívida no longo ou curto prazo? Como é possível refletir,
essas decisões são importantes para a própria sobrevivência da organização e a
contabilidade se mostra, então, como uma ferramenta que ajuda a mais alta
administração a tomar decisões estratégicas.
Apesar disso, Moreira (2013) evidencia que uma das dificuldades mais
comuns que os empresários enfrentam se refere a interpretação das informações,
visto que muitos não conseguem compreender nem analisar determinados termos
presentes nos relatórios. Além disso, Reske Filho (2000) reconhecem que existem
divergências entre os relatórios gerados pela contabilidade e os relatórios
demandados pelos gestores. Pois, os profissionais da contabilidade, além de incluir
em seus relatórios apenas parte das informações necessárias, utilizam uma
linguagem complexa de difícil compreensão.
Iudícibus, Marion e Faria (2009) denunciam que um grande número de
empresas pequenas que enfrentam graves problemas para se manterem no
mercado e, até mesmo, decretam falência apontam como responsáveis do seu
insucesso as altas cargas tributárias e elevadas taxas de juros. Entretanto, a
verdade por traz desse discurso de culpabilização está na tentativa de esconder a
verdadeira falha: a má gestão do negócio e a tomada de decisões sem uma base
confiável, por causa, na maioria das vezes, de uma contabilidade que não se
harmoniza com a realidade da empresa, que produz informações unicamente com
fins fiscais e, que até mesmo, distorce informações.
Nesse sentido, Lima (2018) verificaram em seus estudos que a grande
maioria dos gestores não compreendem os benefícios que as informações contábeis
podem produzir na gestão empresarial e na administração dos negócios. Assim, a
contabilidade passa a ser concebida, erroneamente, como uma despesa a mais e,
consequentemente, acreditam que não agrega nenhum valor a organização.
De acordo com Sá (2006, p. 47) “os dados, os informes, são apenas a
apresentação formal do fenômeno patrimonial que se vai estudar e não o objeto e
limite do próprio estudo”. Entretanto, para Santos (1998) a incapacidade da
contabilidade em atender as especificidades de cada cliente os obriga a fornecer um
conjunto de informações que se suponha ser útil para a maioria dos usuários.
Assim, diante das reflexões aqui realizadas, é possível perceber que o
profissional da contabilidade deve reconhecer que as informações precisam ter um
tratamento e direcionamento para vários usuários com demandas diferentes e, por
isso, é preciso que demonstrem as informações de forma clara e objeto, afinal, se os
principais interessados não conseguem utilizar as informações produzidas pela
contabilidade, estas perdem sentido.

4.3. DESAFIOS DA CONTABILIDADE CONSULTIVA

Atualmente, é possível observar uma grande dificuldade por parte dos


contadores de atuarem e uma maneira mais consultiva, ou por que não dizer, de
fazer uma verdadeira contabilidade, em razão da grande burocracia imposta pela
Estado, que demandam tempo e muitas cobranças por cumprimento de prazos.
Santos (2012) demonstra em seu estudo que uma das maiores dificuldades
enfrentadas internamente nas atividades contábeis é a falta de tempo ou o excesso
de serviços.
Ademais, a visão dos clientes e organizações sobre a relevância das
informações contábeis prestada à gestão é outro grande desafio. Lima (2018)
demostra que os serviços contábeis oferecidos são considerados por alguns
pequenos empreendedores como uma obrigação relacionada com os tributos que
precisam ser pagos. Assim, fica realmente difícil mostrar os benefícios que a
colaboração entre organizações, gestão e contabilidade podem produzir.
Nesse contexto, Lima (2018, p. 10) prossegue que “é de suma importância
que o relacionamento com os clientes de serviços contábeis possa ser estabelecido
de forma que estes últimos conheçam a finalidade da contabilidade”. É preciso que o
contador perceba suas reais preocupações e pretensões para então perceber as
possibilidades e estabelecer um bom relacionamento com o cliente”. Assim, o
contador deve se colocar em posição de abertura, estando cada vez mais perto do
cliente empresário, estar presente em seu cotidiano para compreender de forma
mais clara as necessidades por ele enfrentadas e, dessa forma, localizar soluções
eficazes para o seu negócio.
Destarte, se por um lado, o cliente não possui conhecimentos suficiente para
compreender e interpretar as informações contábeis, por outro, os profissionais da
contabilidade precisam de um emprenho cada vez maior para integrar valor aos
seus serviços. Essa mudança de comportamento demanda não apenas uma
conscientização sobre os alcances da contabilidade, mas também a utilização das
novas tecnologias aliadas à profissão.

4.4. A TECNOLOGIA ALIADA A CONTABILIDADE

Os profissionais contábeis em outros tempos exerciam suas atividades de


forma manual, o que exigia bastante tempo. Com o advento e evolução da
tecnologia os processos foram informatizados, o que contribuiu positivamente nas
atividades da contabilidade.
Para Fonseca et al (2014) os processos de análise das informações contábeis
somado as tecnologias de informação concedem mais tempo para que os
contadores desenvolvam atividades de gerenciamento. Capistrano (2001) também
observa que esses avanços forneceram uma ferramenta importante para a
manipulação e registro de informações de forma eficaz. Capistrano (2001, p. 24)
continua: “sendo assim, ao invés de limitar-se a realizar tarefas de cunho mecânico,
o contador de hoje deve deter conhecimentos econômicos e financeiros, a fim de
auxiliar no desenvolvimento das empresas.
Fonseca et al (2014) prossegue informando que as tecnologias da informação
podem ser a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma empresa, pois os
sistemas de informação e o planejamento estratégico ligado a eles é capaz de
fornecer instrumentos para o processo decisório, além de contribuir para a
sustentação da vantagem competitiva. Nesse sentido, Hendriksen e Breda (2014, p.
49), mostram que a evolução das ciências contábeis e constante, “a contabilidade
ainda está para tirar proveito das novas invenções que prometem revolucionar a
divulgação financeira como hoje a conhecemos [...] tudo o que é necessário para
transformá-la em realidade é aplicar a tecnologia disponível”.
Dessa forma, tanto os profissionais da contabilidade, quanto a tecnologia da
informação são imprescindíveis para as organizações, pois, tais tecnologias,
promovem a facilitação do processo contábil, por meio da otimização das atividades
do contador. Como exemplo, podemos citar o Sistema político de Escrituração
Digital, estabelecido pelo decreto nº. 6022, de 2007, que se refere ao sistema que
modernizou o cumprimento das obrigações de acessórias e transmissão das
administrações fiscais e tributárias aos órgãos de fiscalização, usando, para isso, de
certificação digital com a funcionalidade de assinatura dos documentos eletrônicos,
o que possibilita a garantia do valor jurídico desses documentos sob sua forma
digital. Outra tecnologia importante é o Sistema de Escrituração Digital das
Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial), instituído pelo Decreto
nº. 8373 de 2014. Nesses sistemas os funcionários das empresas têm a
possibilidade de comunicar-se de forma direta com o Governo e verificas as
informações relativas aos trabalhadores, como vínculos, contribuições
previdenciárias, aviso prévio, comunicação de acidente de trabalho, informações
sobre FGTS, etc. Entretanto, vale destacar que as tecnologias, embora consigam
realizar tarefas técnicas, não conseguem substituir o profissional da contabilidade,
pois as tecnologias não possuem a habilidade de discernimento e de interpretação
de eventos. “A tecnologia, todavia, é acessório formal, em que o principal, o
essencial, é a ciência” (SÁ, 2006, p. 46).

4.5. O FUTURO DA CONTABILIDADE

Apesar da importância da contabilidade para as empresas e os processos


relacionados a informações, esta profissão não recebe um reconhecimento muito
grande em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. Marion (1998) nos
mostra que nos Estados Unidos, ao questionar quais as profissões que os pais
desejam que seus filhos sigam, as mais mencionadas serão médico, advogado e
contador, sendo até mesmo, a profissão liberal mais bem remunerada em alguns
estados daquele país. Esse reconhecimento também pode ser visto na Inglaterra,
onda a certificação de contador é dada pela própria Rainha.
De acordo com Iudícibus (2006, p. 241),
Apesar de as sociedades menos desenvolvidas estarem, mesmo
nesse setor, sempre a reboque das mais desenvolvidas, o fato
inconteste é que o mundo hoje já é o mundo dos computadores, dos
robôs, das telecomunicações com imagem, da cópia instantânea e
da cibernética em geral. E o futuro medito nos reserva ainda grandes
mudanças tecnológicas.

Diante de tal contexto, é possível afirmar que o futuro da contabilidade é hoje.


As tecnologias da informação proporcionam cada vez mais que a profissão contábil
evolua, melhorando a rapidez e a qualidade em seus processos. Com a substituição
da escrituração tradicional pela eletrônica, a tendência é que os contadores sejam
cada vez mais valorizados, afinal, embora seja uma realidade não tão próxima as
pequenas e médias empresas, para as grandes já há uma compreensão da
relevância da contabilidade diante do cenário econômico atual, altamente
competitivo.
Para que essa realidade se expanda ainda mais é necessário ressaltar as
mudanças que o contador deve ter em seu comportamento, crenças e valores.
Conforme apontado no capítulo anterior, e reiterado por Marion (1998) os escritórios,
normalmente, se voltam mais para a guias fiscais, ou seja, prestando apenas
“serviços de despachantes contábeis”, que não acrescentam valor a profissão, nem
aumentam a riqueza do cliente, produzindo como consequência, insatisfação. Assim,
as mudanças devem focalizar nas necessidades dos clientes, organizações e
empresários, proporcionando a avaliação da situação econômica da organização e
oportunizando inferências sobre tendências futuras.
De acordo com Marion (1998) o profissional da contabilidade precisar estar
preparado para lidar com as pressões e frustrações, além de demonstrar
integridade, facilidade em interagir com outras pessoas, empatia e investir na
inteligência emocional.
Capistrano (2001) fala na mesma direção e afirma que o profissional contábil
não deve ter um conhecimento limitado a ciência contábil mas englobar outras
áreas, como a economia, ciências comportamentais, administração, informática,
conhecimentos relativos ao mercado financeiro, enfim, tudo o que esteja relacionado
ao gerenciamento de empresas, sem deixar de lado os princípios ético, essenciais
na condução de sua conduta.
Fonseca (2014) completa, ao afirmar que as mudanças ocorridas em
perspectiva globais, como os avanços tecnológicos, a ampliação da economia e
suas relações e a globalização propriamente dita, tem direcionado o perfil do
profissional da contabilidade de forma estratégica para o mundo dos negócios.

Assim, o contador, em sua nova função, tem muito espaço pela


frente, como o “médico das empresas”. [...] Sem uma boa
contabilidade, a empresa é como um barco em alto mar, sem
bússola, à mercê dos ventos, quase sem chance de sobrevivência,
totalmente à deriva. (MARION, 1998, p. 15-16).

O contador, é o profissional que, como um médico, diagnostica o paciente, ou


seja, a empresa, e passa um prognóstico com as melhores soluções, sugerindo
medidas que precisam ser seguidas pelo empresário visando a melhoria do
desempenho e o alcance de melhores resultados. Assim, o profissional contábil deve
ter uma postura que vai além das prerrogativas legais, bem como, possuir
habilidades intelectuais que permitam a interpretação de variadas situações
relacionadas à organização, garantindo-lhe competitividade no mercado. Isso requer
que o contador busque aprimorar seus conhecimentos, através de um processo de
aprendizagem constante.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa buscou analisar o tema: “a contribuição da contabilidade


consultiva sobre a longevidade da profissão contábil”.
Na apresentação de uma breve retrospectiva histórica da evolução da
contabilidade, dos primórdios até os dias atuais, ficou evidenciado que a
contabilidade, como ciência milenar, surgiu para atender à necessidade de controle
do patrimônio pelos homens. Esta mesma contabilidade, surgida rudimentar, evoluiu
com os avanços econômicos das civilizações, tornando-se atualidade imprescindível
para impulsionar o Brasil ao concerto das nações desenvolvidas. No entanto, até
agora a evolução tem sido lenta, mas a globalização trouxe novas e variadas
demandas no fazer contábil, exigindo-se uma postura muito mais arrojada e proativa
tanto dos profissionais, quanto das Entidades representativas da Classe.
Um dos grandes desafios dos dias atuais é criar soluções em educação que
permitam disseminar o conhecimento em contabilidade, equacionando a grande
extensão territorial do país, o número expressivo de profissionais registrados em
todos os Estados da Federação, as diferenças nos níveis de formação e o reduzido
número de professores qualificados em relação à quantidade de cursos de
graduação em ciências contábeis ofertados pelas IES e também à demanda por
educação continuada por parte dos profissionais que já se encontram no mercado.
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