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PRESCRIÇÃO
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Quadro 1. Lista de Grupos e Indicações Terapêuticas Especificadas (GITE) para medicamentos
isentos de prescrição médica (ANVISA RDC nº138/03)
Grupos Terapêuticos Indicações Terapêuticas Observações
Antiacnéicos tópicos Acne, acne vulgar, rosácea Restrições: retinóides
Antiácidos, antieméticos, Acidez estomacal, azia, Restrições: metoclopramida,
eupépticos, enzimas digestivas desconforto estomacal, dor de bromoprida, mebevirina, inibidor
estômago, dispepsia, enjôo, de bomba de prótons
náusea, vômito, epigastralgia, má
digestão, queimação
Antibacterianos tópicos Infecções bacterianas da pele Permitidos: bacitracina e
neomicina
Antidiarréicos Diarréia, disenteria Restrições: loperamida infantial,
opiáceos
Antiespasmódicos Cólica, cólica menstrual, Restrições: mebevirina
dismenorréia, desconforto pré-
menstrual, cólica biliar, renal e
intestinal.
Anti-histamínicos Alergia, coceira/prurido, coriza, Restrições: adrenérgicos,
rinite alérgica, urticária, picada de corticosteróides que não a
inseto, ardência, ardor. hidrocortisona de uso tópico.
Anti-seborréicos Caspa
Anti-sépticos orais Afta, dor de garganta, profilaxia
de cáries
Anti-sépticos oculares Restrições: adrenérgicos (exceto
nafazolina com concentração
<0,1%), corticóides.
Anti-sépticos de pele e mucosas Assaduras, dermatite de fraldas
Anti-sépticos urinários Disúria, dor, ardor e desconforto
para urinar
Anti-sépticos vaginais tópicos Higiene íntima, desodorizante
Aminoácidos, vitaminas e Suplementos vitamínicos e/ou
minerais minerais em pós-
cirúrgico/cicatrizante, anemias
carenciais, dietas restritivas e
inadequadas, doenças
crônicas/convalescença, idosos,
período de crescimento
acelerado, gestação e
aleitamento, recém-nascidos,
lactentes e crianças em fase de
crescimento, prevenção do
raquitismo, prevenção/tratamento
da desmineralização óssea pré- e
pós-menopausal, prevenção de
cegueira noturna/xeroftalmia e
como antioxidantes e auxiliares
do sistema imunológico.
Antiinflamatórios Lombalgia, mialgia, torcicolo, dor Permitidos: naproxeno,
articular, artralgia, inflamação da ibuprofeno, cetoprofeno. Tópicos
garganta, dor muscular, dor na esteroidais
perna, dor varicosa, contusão.
Antiflebites Dor nas pernas, dor varicosa,
sintomas de varizes
Antifiséticos, antiflatulentos, Eructação, flatulência,
carminativos empachamento, estofamento.
Antifúngicos, antimicóticos Micoses de pele, frieira, micoses Permitidos: tópicos que não
de unha, pano branco. contenham princípios ativos de
uso sistêmico
Anti-hemorroidários Sintomas de hemorróidas Permitidos: tópicos
Antiparasitários orais Verminoses Permitidos: mebendazol,
levamizol
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Antiparasitários tópicos Piolhos, sarna, escabiose,
carrapatos, pediculose, lêndeas
Antitabágicos Alívio dos sintomas decorrentes Restrições: bupropiona
do abandono do hábito de fumar
Analgésicos, antitérmicos Dor, dor de dente, dor de cabeça, Permitidos: analgésicos não
dor abdominal e pélvica, narcóticos
enxaqueca, sintomas da gripe,
sintomas dos resfriados, febre,
cefaléia
Ceratolíticos Descamação, esfoliação da pele,
calos, verrugas
Cicatrizantes Feridas, escaras, fissuras de pele
e mucosas, rachaduras
Colagogos, coleréticos Distúrbios digestivos, distúrbios
hepáticos
Descongestionantes nasais Congestão nasal, obstrução nasal Restrições: vasoconstritores
tópicos
Descongestionantes nasais Congestão nasal, obstrução nasal Permitido: fenilefrina
sistêmicos
Emolientes cutâneos Hidratante
Emolientes oculares Secura nos olhos, falta de
lacrimejamento
Expectorantes, sedativos da Tosse, tosse seca, tosse
tosse produtiva
Laxantes, catárticos Prisão de ventre,
obstipação/constipação intestinal,
intestino preso
Reidratante oral Hidratação oral
Relaxantes musculares Torcicolo, contratura muscular,
dor muscular
Rubefacientes Vermelhidão/rubor
Tônico oral Estimulante do apetite, astenia.
Obs. Esta lista é um anexo da Resolução RDC138 que pode ser a qualquer momento alterada. Sugere-se
consultas periódicas de suas atualizações no site da anvisa. <http://www.anvisa.gov.br>
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Outros
Rigidez na nuca / Rigidez acompanhada de febre
Vômito persistente
Olhos
Olhos vermelhos e doloridos
Redução/perda da acuidade visual
Visão dobrada (diplopia)
Os sintomas descritos podem estar relacionados a vários problemas de saúde graves que requerem
diagnóstico médico e tratamento com medicamentos de prescrição. Assim, mesmo nos casos em que o
farmacêutico indique o uso de medicamentos para alívio dos sintomas, o paciente deverá ser orientado a
procurar um médico imediatamente. Para maiores detalhes sugere-se a leitura de Blenkinsopp A, Paxton P.
Symptons in the pharmacy. A Guide to the management of common illness. Second Edition. Blackwell
Science, 1995.
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Gravidez e lactação, particularmente, Categoria D: medicamentos para os quais a
representam condições importantes que experiência de uso durante a gravidez mostrou
podem limitar significativamente as opções associação com o aparecimento de más-
de tratamento na farmácia, ao mesmo tempo formações, mas que a relação risco-benefício
pode ser avaliada;
em que precipitam o surgimento de vários
Categoria X: medicamentos associados com
tipos de transtornos considerados menores anormalidades fetais em estudos com animais e
(p.ex. fraqueza, náuseas, constipação, entre em humanos e ou cuja relação risco-benefício
outras). Além disso, o risco de contra indica seu uso na gravidez.
teratogenicidade, ou a passagem do
medicamento para o leite materno e 2) Tomada de decisão. Caso o
conseqüente efeito farmacológico no bebê, farmacêutico decida encaminhar o paciente
requerem que o farmacêutico saiba ao médico deverá fazê-lo de forma orientada,
interpretar informações sobre o risco do uso de modo que o usuário compreenda seu
de certos medicamentos nesses períodos. A estado e siga as orientações. Quando se
classificação mais conhecida de risco na decide pelo encaminhamento, o farmacêutico
gravidez foi desenvolvida pelo FDA deve diferenciar claramente casos de maior
Americano e subdivide os medicamentos em gravidade, que requerem atendimento
A,B,C,D e X13,14(Quadro 4). Experiências imediato, daqueles de gravidade moderada
anteriores de reações alérgicas a ou leve que não carecem de
medicamentos também devem ser encaminhamento de urgência. O
investigadas antes da seleção de farmacêutico deve desenvolver o hábito de
medicamentos isentos de prescrição. Trata- preencher informes escritos de
se de uma pequena precaução que pode encaminhamento do paciente ao médico.
fazer grande diferença. Histórico de Esse tipo de registro pode ser muito útil ao
hipersensibilidade e alto risco na gravidez médico, pois fornece informações já reunidas
constituem duas condições de contra- por um profissional da saúde, assim como
indicação absoluta que podem representar a ajudam o paciente durante a consulta. Além
diferença entre o sucesso e o desastre disso, o atendimento ganha em seriedade e
terapêutico. Finalmente, aspectos referentes pode transmitir uma imagem positiva de
às condições sócio-econômicas do paciente, profissionalismo a paciente e prescritor sobre
assim como acesso a serviços de saúde, a farmácia e o farmacêutico. É extremamente
devem ser levados em consideração, pois comum a comunicação escrita entre
podem influenciar diretamente o tipo de diferentes profissionais da saúde ou
tratamento a ser recomendado pelo especialistas, quando do encaminhamento
farmacêutico, assim como as instruções de pacientes, com exceção, é claro, dos
referentes ao encaminhamento para outros farmacêuticos, que raramente emitem
serviços de saúde. qualquer parecer por escrito.
Quando decidem encaminhar, os
Quadro 4. Categorias de risco do uso de farmacêuticos podem se deparar com
medicamentos na gravidez, segundo o Food pacientes difíceis. Muitos pacientes aceitam
and Drug Administration (FDA) o conselho de ir ao médico sem questionar,
Categoria A: medicamentos para os quais não enquanto outros podem se mostrar bastante
foram constatados riscos para o feto em ensaios resistentes. O profissional deve sempre
clínicos cientificamente desenhados e
controlados;
enfatizar com bom senso suas orientações,
Categoria B: medicamentos para os quais os entretanto deve também respeitar o paciente,
estudos com animais de laboratório não entendendo que estes são livres para tomar
demonstraram risco fetal (mas não existem suas próprias decisões. Em casos de
estudos adequados em humanos) e pacientes relutantes, alguns comentários
medicamentos cujos estudos com animais podem auxiliar o farmacêutico a portar-se
indicaram algum risco, mas que não foram elegantemente12: a) “você pode usar o
comprovados em humanos em estudos produto que quiser, mas eu o aconselharia a
devidamente controlados; visitar um médico primeiro”, b) “se fosse meu
Categoria C: medicamentos para os quais os filho, eu levaria ao médico”, c) “se você vai
estudos em animais de laboratório revelaram
efeitos adversos ao feto, mas não existem
levar o produto de qualquer forma, por favor,
estudos adequados em humanos e esteja seguro para explicar ao paciente sobre
medicamentos para os quais não existem estudos os problemas dos quais falamos”, d) “eu
disponíveis; sinceramente não acredito que o produto irá
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resolver seu problema, mas se você quer atendidos, deve-se buscar pelo menos
usar de qualquer forma, seja cuidado...”, e) avaliar os resultados terapêuticos daqueles
“você se importa se eu telefonar mais tarde considerados mais graves ou de maior risco.
para verificar se o seu problema está O atendimento farmacêutico de
melhorando ou piorando?”. sintomas menores deve ser realizado em um
local da farmácia que disponha de um
3. Tratamento. Caso decida tratar o mínimo de privacidade2. Nem sempre o
paciente, o farmacêutico deverá escolher a balcão consiste no local mais adequado para
melhor terapêutica para o caso. A escolha da este procedimento. O farmacêutico deve ter
melhor opção terapêutica (farmacológica ou em mente que a fim de obter uma atmosfera
não) deve se basear em informações de confidencialidade é preciso dispor de um
científicas sólidas e na experiência clínica do espaço onde outros clientes não possam
profissional. A soma desses dois fatores ouvir o conteúdo da consulta farmacêutico-
aumenta as chances de sucesso terapêutico paciente. Caso contrário, a farmácia estará
e contribui para o uso racional de realizando o procedimento sem o devido
medicamentos. Para tanto, o farmacêutico profissionalismo exigido e para o paciente,
deve dispor de fontes de informação parecerá mais uma orientação de venda de
confiáveis sobre medicamentos que vão além um produto do que propriamente um serviço
daquelas fornecidas pela indústria (bulas ou farmacêutico. Trata-se de um pequeno gesto
bulários). A escolha adequada de um que faz uma grande diferença.
medicamento leva em conta aspectos de sua Esse tipo de atendimento, para ser
eficácia comprovada, segurança, realizado, requer do profissional
aplicabilidade (facilidade de uso pelo competências e habilidades na tomada de
paciente) e custo do tratamento15. decisão sobre quando tratar o paciente ou
A experiência passada do paciente encaminhá-lo ao médico. Do ponto de vista
com a medicação também é importante16. sanitário, esse tipo de serviço apresenta
Questionar o paciente sobre que grande importância, pois a farmácia, nesses
medicamentos já utilizou para situações casos, funciona como porta de entrada do
semelhantes, e se algum medicamento já lhe sistema de saúde e o farmacêutico passa a
produziu alguma experiência desagradável, ser o único profissional em contato com o
pode ajudar na seleção do produto. Deve-se usuário antes da utilização de medicamentos.
observar ainda preferências a respeito de
marcas, medicamentos genéricos e Dados do(s) Autor(es):
condições econômicas para aquisição do Cassyano J Correr, M.Sc. Professor do
medicamento. Departamento de Farmácia da Universidade
Caso decida pelo uso de Federal do Paraná. Grupo de Pesquisa em
medicamentos, deverá considerar o arsenal Prática Farmacêutica. cassyano@ufpr.br
isento de prescrição disponível e as
características do paciente. Finalmente, tão REFERÊNCIAS
importante quanto avaliar e orientar o 1
paciente na escolha do medicamento é Organización Mundial De Salud. El papel del
Farmacéutico en la Atención a la Salud:
educá-lo para o autocuidado daquele
Declaración de Tokio. Genebra: OMS,1993.
momento em diante. O paciente deve ser 2
Blenkinsopp A, Paxton P. Symptoms in the
orientado sobre o que fazer caso os sintomas pharmacy. A Guide to the management of
não melhorem com as medidas adotadas e common illness. Second Edition. Blackwell
deve saber claramente quanto tempo esperar Science, 1995.
3
até os efeitos surgirem. O seguimento do Wonca Classification Committee. An
paciente para avaliação dos resultados da international glossary for general/ family practice.
indicação também pode ser muito útil na Fam Pract 1995;12(3):341-369.
4
identificação precoce de problemas Machuca M, Baena MI, Faus MJ. IndDáder.
relacionados aos resultados terapêuticos Guía de Indicación farmacéutica. GIAF-UGR,
2005.
(p.ex. não efetividade ou surgimento de 5
Anvisa. Resolução RDC nº 138, de 29 de maio
reações adversas). Para tanto, o de 2003.Dispõe sobre o enquadramento na
farmacêutico deve manter um registro do categoria de venda de medicamentos.
atendimento realizado e incluir uma forma de Publicação: D.O.U. - Diário Oficial da União;
contato do paciente. Se não for possível Poder Executivo, de 06 de janeiro de 2004.
contatar posteriormente todos os pacientes
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6
FIP. International Pharmaceutical Federation.
Declaración de Principios: Autocuidado – Incluida
La Automedicación Responsable - El Papel
Profesional del Farmacéutico. Jerusalém: FIP,
1996.
7
WHO (World Health Organization). The role of
the pharmacist in self-care and self-medication.
Report of the 4th WHO Consultive Group on the
role of the pharmacist, The Hague, The
Netherlands, 26-28 August, 1998.
8
Conselho Federal de Farmácia. Resolução nº.
357 de 20 de Abril de 2001: Aprova o
regulamento técnico das Boas Práticas de
Farmácia. Brasília: DOU, 2001.
9
OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde).
Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica.
Proposta. Brasília: OPAS, 2002.
10
OTC Advisor Pharmacy-based Self-Care
Services, A National Certificate Training
Program(CPN: 202-0008). American Pharmacists
Association, Washington, DC: 2004.
11
Jones, R.M. Health and Medication History. In:
Jones, R.M. Rospond, R.M. Patient Assessment
in Pharmacy Practice. Baltimore: Lippincott
Williams & Wilkins, 2003. p.21-30.
12
Finkel, R. Pray, W.S. Guia de Dispensação de
produtos terapêuticos que não exigem prescrição.
Porto Alegre: Artmed, 2007. 728 p.
13
Briggs GG, Freeman RK, Yaffe SJ. Drugs in
pregnancy and lactation: a reference guide to fetal
and neonatal risk. 6a Ed. Philadelphia: Lippincott,
2002.
14
Meadows M. Pregnancy and the drug dilemma.
FDA Consumer Magazine [serial online] 2001;
http://www.fda.gov/fdac/features/2001/301_preg.h
tml (acessado em 28/03/2006).
15
Organização Mundial da Saúde. Guia para a
boa prescrição médica. Porto Alegre: Artmed,
1998. 124 p.
16
Cipolle, R.J. Strand, L.M. Morley, P.C.
Pharmaceutical Care Pratice. A clinicians Guide.
New York: McGraw-Hill, 2004.
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