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GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS

Unidade de Gerenciamento do Programa Social e Ambiental dos


Igarapés de Manaus – UGPI

PLANO DIRETOR DE RESÍDUOS SÓLIDOS


DE MANAUS

PRODUTO 4
RELATÓRIO DO MODELO DE GESTÃO

Versão Preliminar
Novembro / 2009

Instituto Brasileiro de Administração Municipal


Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente

IBAM / DUMA
PLANO DIRETOR DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE MANAUS
Instituto Brasileiro de Administração Municipal
Produto 4 – Versão Preliminar

INSTITUTO BRASILEIRO DE
GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL

Carlos Eduardo de Souza Braga Paulo Timm


Governador de Estado Superintendente Geral

Omar José Abdel Aziz Victor Zveibil


Vice-Governador Superintendente de Desenvolvimento Urbano e
Meio Ambiente

UNIDADE DE GERENCIAMENTO DO
PROGRAMA SOCIAL E AMBIENTAL EQUIPE TÉCNICA
DOS IGARAPÉS DE MANAUS – UGPI

Frank Abrahim Lopes Victor Zveibil – Coordenador Geral


Coordenador Executivo Karin Segala – Assistente de Coordenação,
Especialista em Educação Ambiental
Jane Freitas de Góes Crespo
Silvia Martarello Astolpho – Responsável
Subcoordenadora Setorial Ambiental e
Técnica, Especialista em Gestão de Resíduos
Coordenadora Administrativa e Técnica do
Sólidos
Contrato
Maria da Graça Ribeiro das Neves –
José Lucio do Nascimento Rabelo Especialista em Temas Institucionais
Subcoordenador Setorial de Relacionamento Eduardo Garcia Ribeiro Lopes Domingues –
Institucional e Coordenador Substituto do Especialista em Assuntos Legais
Contrato Marcos Roberto Pinto – Especialista em
Assuntos Econômico-financeiros
Cherry Lane Batista de Souza
Administradora – Fiscal do Contrato Evanelza Mesquita Sabino Quadros –
Especialista em Sistemas de Informação
Reynier de Souza Omena Júnior Geográfica
Biólogo – Fiscal do Contrato Marcos Paulo M. Araújo – Assessor Jurídico
Licia Domeneck Salgado – Estagiária em
Engenharia Ambiental
PREFEITURA MUNICIPAL DE MANAUS
EQUIPE DE APOIO LOCAL
Amazonino Armando Mendes Osmar Fabricio Souza Martins – Estagiário
Prefeito Municipal

Carlos Alberto Cavalcante de Souza


Vice-Prefeito

José Aparecido dos Santos


Secretário Municipal de Limpeza e Serviços
Públicos

Francisco Mendes da Silva


Subsecretário Municipal de Limpeza e Serviços
Públicos

INTERLOCUTORES DA SEMULSP
Eisenhower Pereira Campos – Assessor
Jurídico
Túlio Caceres Kniphoff – Engenheiro
Ambiental

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 6
2. ASPECTOS LEGAIS ............................................................................................ 8
2.1. Análise da constitucionalidade da legislação estadual e municipal:
identificação de vícios e apontamento de correções............................................... 8
2.2. Proposta de modelagem de gestão dos serviços de limpeza urbana e de
manejo dos resíduos sólidos................................................................................... 10
2.3. Proposições para a prestação dos serviços de limpeza urbana e de
manejo dos resíduos sólidos domiciliares, públicos e de pequenos geradores
comerciais e da construção civil ............................................................................. 15
2.4. Proposições para a prestação do manejo de resíduos sólidos
industriais, especiais, de serviços de saúde, de transportes e de grandes
geradores comerciais e da construção civil ........................................................... 17
2.5. Proposições para absorção de organização de catadores nas atividades
de triagem de resíduos sólidos passíveis de reciclagem ...................................... 19
3. SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE
RESÍDUOS SÓLIDOS ................................................................................................ 22
3.1. Proposta de taxa ou tarifa por tipo de resíduos ...................................... 22
3.2. Propostas para a implementação incentivos fiscais............................... 24
4. REVISÃO DO MODELO DE GESTÃO ............................................................... 26
5. CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS .............................................................. 28
5.1. Composição dos resíduos ........................................................................ 30
6. CARACTERIZAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS . 32
6.1. Estrutura Administrativa ........................................................................... 32
6.2 Gestão de pessoas ..................................................................................... 33
6.3. Prestação dos serviços............................................................................. 35
6.3.1. Atualização e adequação dos serviços ..................................................... 35
6.3.2. Revisão dos contratos .............................................................................. 35
6.4. Estrutura Operacional ............................................................................... 36
6.4.1. Serviços de Limpeza Urbana .................................................................... 36
6.4.2. Varrição .................................................................................................... 37
6.4.3. Conservação da varrição .......................................................................... 38
6.4.4. Serviços complementares......................................................................... 39
6.4.5. Coleta regular ........................................................................................... 40
6.4.6. Acondicionamento e armazenamento de resíduos disponibilizados para a
coleta regular...................................................................................................... 42
6.4.7. Grandes e Pequenos geradores ............................................................... 43
6.4.8. Planos Setoriais........................................................................................ 44
6.4.9. Resíduos Diferenciados............................................................................ 44
7. TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS .................................... 48
8. SISTEMA DE INFORMAÇÕES MUNICIPAL EM RESÍDUOS SÓLIDOS............ 50
9. CAPACITAÇÃO.................................................................................................. 52
10. PLANO SOCIAL ............................................................................................. 54
ANEXO....................................................................................................................... 56

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1. INTRODUÇÃO
O presente documento corresponde ao Produto 4 – Relatório do Modelo de Gestão
(versão preliminar), referente à Etapa 2 – Proposições, do projeto de elaboração do
Plano Diretor de Resíduos de Manaus, objeto de contrato firmado entre a Unidade de
Gerenciamento do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus – UGPI e o
Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM.
Conforme indicado no Termo de Referência, o Produto 4 apresenta a factibilidade
econômica e financeira das alternativas propostas, um sistema de incentivos e/ou
multas, um marco normativo compatível com as alternativas, a estrutura institucional,
organizacional, administrativa, operativa e de capacitação e os indicadores de
monitoramento de desempenho do serviço.
De acordo com as diretrizes apresentadas no Plano de Trabalho, a partir das
informações levantadas no diagnóstico e dos debates junto aos segmentos da
sociedade local, efetuados na Etapa 1, foram realizados análises e estudos para a
elaboração do Relatório do Modelo de Gestão, que vai tratar das proposições em
escala municipal, com destaque para a viabilidade e sustentabilidade econômica e
institucional dos serviços de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos.
A legitimação das propostas apresentadas será alcançada por meio da realização de
uma audiência pública, em Manaus, na qual serão convidados representantes da
comunidade acadêmica, de órgãos do poder público, de organizações sociais entre
outros. A fim de apoiar o evento e dirimir as dúvidas que venham ser levantadas, toda
a equipe executora estará presente no evento, que contará também com a
participação do coordenador geral e da coordenadora de educação ambiental, além
dos especialistas.
As definições de cenários futuros e proposições, uma vez aprovadas, serão
incorporadas no PDRS-Manaus cujo horizonte de projeção é de vinte anos com
revisão a cada quatro anos, conforme estabelece a Lei 11.445/2007 (lei de
Saneamento Básico).
Importante destacar a necessidade do fortalecimento da articulação institucional para
concretização de ações que ultrapassem a competência da SEMULSP e que
apresentem implicações diretas no manejo dos resíduos sólidos.
As principais atividades realizadas neste período incluíram:
 realização de reuniões técnicas com a equipe da SEMULSP em 09/09 e
18/11/2009, para validação do diagnóstico e formulação das proposições;
 levantamentos quanto à viabilidade e sustentabilidade econômica a partir da
análise das estruturas financeira e administrativa, com indicações de mecanismos
de remuneração dos serviços, com o objetivo de garantir a sustentabilidade dos
serviços de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos;

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 avaliação do arcabouço legal existente e indicação de modificações, adaptações


ou complementações que se fizerem necessárias, com conformidade com a Lei de
Saneamento, de forma a oferecer o suporte legal para o adequado funcionamento
dos serviços de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos;
 elaboração de proposições para racionalização e otimização dos serviços de
limpeza urbana incluindo, se for o caso, modificações organizacionais para efetivar
as soluções propostas;
 proposições para estruturação e organização do gerenciamento dos serviços de
limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos buscando o fortalecimento
institucional com definição de responsabilidades e atribuições expressas em
organograma funcional;
 definição de aspectos básicos para campanha de divulgação e conscientização
ambiental e social em conformidade com as diretrizes estabelecidas pela Política
Nacional de Educação Ambiental (lei 9795/99).
Ao final desta etapa 2 está prevista a realização de audiência pública, onde uma
versão preliminar das proposições para a gestão integrada de resíduos sólidos será
apresentada a representantes do executivo, do legislativo, lideranças comunitárias e
demais setores que forem considerados estratégicos para a legitimação e
implementação do PDRS-Manaus.

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2. ASPECTOS LEGAIS
2.1. Análise da constitucionalidade da legislação estadual e municipal:
identificação de vícios e apontamento de correções
Segundo já examinado e indicado no Capítulo 2, do Produto 3, é forçoso concluir que
os artigos arrolados a seguir, positivados pela Lei Orgânica do Município de Manaus
(LOMM), ao disporem sobre matérias encartadas na competência privativa da União,
notadamente licitações e contratos administrativos, apresentam vício quanto à forma
por invadir a competência reservada desse ente político e, por conseguinte, violar o
princípio do pacto federativo. Como se não bastasse só isso, muitos desses
dispositivos também são meras produções de normas legais já editadas pela União no
exercício de sua competência reservada, razão pela qual também restam gravados de
inconstitucionalidade formal por inobservância do princípio da eficiência, vez que se
movimentou a máquina administrativa da Câmara Municipal para expedir regras legais
que não terão nenhuma repercussão no ordenamento jurídico local. Eis, os
dispositivos da LOMM gravados de inconstitucionalidade formal: parte final, do inc. I,
do art. 79; §1º e §2º do art. 181; art. 184; art. 186; arts. 187; art. 188; art. 189; I, IV e V,
do art. 307; e art. 309.
Os artigos arrolados adiante estabelecidos pela LOMM que, em regra, é instituída e
modificada com a participação quase exclusiva da Câmara Municipal, ao criarem e
estatuírem normas sobre matérias encartadas na atribuição reservada do Executivo,
apresentam vício quanto à forma por desrespeito à competência privativa do Chefe
desse Poder e, por conseguinte, inobservância do princípio da separação de Poderes.
Eis, as normas legais da LOMM que apresentam inconstitucionalidade: art. 94; art. 96;
art. 97; parágrafo único, do art. 178; art. 190, incs. I e II e seu §1º; § 1º a §3º; do art.
243; art. 221, §1º e §2º; e, §2º, do art. 298.
Segundo examinado, também, no Capítulo 2, do Produto 3, as taxas, por
determinação expressa do inc. II, do art. 145, da CRFB/88, não podem ser instituídas
para fazer frente aos serviços públicos tidos como não específicos e indivisíveis, sob
pena de apresentarem vício quanto à forma por inobservância dessa regra
constitucional. Estes serviços, portanto, devem ser custeados por recursos públicos
advindos dos cofres públicos.
Assim sendo, tanto a taxa de limpeza urbana prevista no art. 312, da LOMM quanto a
taxa de serviços públicos instituída pelo art. 41, da Lei municipal nº 1697/83, Código
Tributário do Município de Manaus (CTMM), que, por sua vez, abrange os serviços de
limpeza urbana, restam gravadas de inconstitucionalidade formal por desatendimento
da determinação do inc. II, do art. 145, da CRFB/88. Isso porque, esses serviços não
são específicos, nem sequer divisíveis.

Proposição 1: Opina-se pela inconstitucionalidade dos dispositivos legais arrolados


acima, notadamente da LOMM, recomendando-se a elaboração e edição de emenda à
LOMM e de projeto de lei que venham a extirpar essas regras legais do ordenamento
jurídico municipal.

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O parágrafo único, do art. 302, da LOMM, ao impedir a delegação da organização, da


administração e da fiscalização dos serviços municipais de resíduos sólidos, isto é,
das atividades componentes da gestão desses serviços, acaba, de forma direta e
imperativa, impedindo a atuação do Município para buscar formas consensuais de
gerir os serviços de resíduos sólidos. Portanto, o Município não poderá se utilizar da
via da gestão integrada e associada que viabiliza, por meio do consórcio público e/ou
do convênio de cooperação, uma atuação coordenada com outras unidades federadas
para melhor gerir os serviços em questão.
O inc. VIII, do art. 306, da LOMM, ao prever que a cada 10 casas será instalado um
coletor de lixo seletivo com espaço separado para o lixo orgânico e para o lixo passível
de reciclagem, acaba, inevitavelmente, tolhendo a atuação da Administração Pública
municipal na elaboração de um programa de coleta seletiva que atenda às
peculiaridades de cada região da Cidade.
Tal qual o dispositivo legal mencionado acima, o art. 313, da LOMM, ao prever a
instalação de postos de permuta de lixo domiciliar por tíquetes de vale-transporte,
também restringe a ação do Poder Público local no desenvolvimento dos seus
programas de coleta regular e seletiva que atenda as características da Cidade.

Proposição 2: Recomenda-se que o parágrafo único, do art. 302, o inc. VIII, do art.
306 e, ainda, o art. 313, da LOMM sejam revogados mediante proposta de emenda à
LOMM, a fim de assegurar à Administração Pública local o pleno desempenho da
gestão dos serviços municipais de resíduos sólidos, notadamente a busca da gestão
associada com outros entes políticos e, ainda, o desenvolvimento de programas de
coleta seletiva adequados às características da Cidade.

O Diagnóstico apresentou, ainda, que o Município conta normas legais espalhadas por
diversos diplomas legais, que, em última análise, acabam normatizando os serviços de
resíduos sólidos, mas não de uma forma orgânica e sistematizada.

Proposição 3: Opina-se, por conta disso e, ainda, do disposto no art. 11, inc. III, da
Lei nº 11.445/07, Lei de Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico (LDNSB), que
exige a edição de marco regulatório específico sobre os serviços de resíduos sólidos
antes da realização de contratos administrativos para a sua prestação, recomendamos
que seja expedido diploma legal específico a respeito.

Vale ressaltar, por fim, que o Capítulo 2, do Produto 3 também identificou


inconstitucionalidades no ordenamento jurídico do Estado. Trata-se do §7º, do art.
233, da Constituição do Estado do Amazonas de 1989 (CEAM/89) e, ainda, dos §2º e
§3º, do art. 6º, da Lei estadual nº 2.568/99, que cria a Agência Reguladora dos
Serviços Públicos Concedidos do Estado do Amazonas (ARSAM), pelos motivos que
seguem.
O §7º, do art. 233, da CEAM/89, ao instituir o Conselho Estadual de Meio Ambiente,
Ciência e Tecnologia (COMCITEC) que constitui órgão personalizado integrante da
estrutura administrativa da Governadoria, resta gravado de inconstitucionalidade

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formal por inobservar a competência reservada do Governador para dispor sobre os


órgãos e entidades que lhe são subordinados e, ainda, por desatender o princípio da
separação de Poderes.
Os §2º e §3º, do art. 6º, da Lei estadual nº 2.568/99, restam gravados de
inconstitucionalidade material por inobservar o pressuposto funcional do regime
especial de independência das agências e, por conseguinte, o princípio da segurança
jurídica na esfera do ambiente regulatório (art. 5º, inc. XXXVI, da CRFB/88). Isso se
explica porque, um dos pressupostos para assegurar, de forma efetiva, a autonomia
da agência frente ao Poder Central é a inexistência de recurso hierárquico impróprio.
Somente dessa forma a agência estará imune à captura política, que poderá
comprometer a sua isenção na atividade regulatória sobre o serviço público delegado,
levando-a a fazê-lo segundo os interesses apequenados do Poder Central.

Proposição 4: Recomenda-se a elaboração e, por conseguinte, a edição de emenda


à CEAM/89 e de projeto de lei que venham a extirpar da legislação estadual os
dispositivos contaminados pelos vícios quanto à forma identificados acima.

2.2. Proposta de modelagem de gestão dos serviços de limpeza urbana e de


manejo dos resíduos sólidos
 Planejamento
Consoante já examinado no Capítulo 2, do Produto 3, há conjunto de normas
espalhadas em diversos diplomas legais, que vão desde a CEAM/89, passando pela
LOMM e atingindo a Lei municipal nº 671/02, Plano Diretor e Urbano e Ambiental do
Município de Manaus (PDUMM), que disciplinam o planejamento da gestão dos
serviços de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos da Cidade. Não se pode
deixar de lado as normas da própria Lei nº 11.445/07, Lei de Diretrizes Nacionais de
Saneamento Básico , que, ao tratarem do planejamento dos serviços de saneamento
básico, se aplicam também ao caso.
O PDRS-Manaus é o instrumento de planejamento dos serviços de limpeza urbana e
de manejo dos resíduos sólidos e da Cidade. Trata-se, portanto, de um planejamento
macro desses serviços, que se coaduna com os valores, princípios e regras
estabelecidos pelos diplomas legais mencionados anteriormente, especialmente a
LDNSB.
Ao PDRS-Manaus cabe estabelecer as diretrizes que orientarão os planos de
gerenciamento dos serviços de limpeza urbana e atividades correlatas e, ainda, de
coleta de resíduos sólidos domiciliares e públicos, que deverão ser seguidos pela
Secretara Municipal de Limpeza e Serviços Públicos (SEMULSP) e, quando houver a
delegação contratual desses serviços, pelo prestador. Sem prejuízo do exposto, o
PDRS-Manaus também estabelecerá diretrizes para o gerenciamento das atividades
de manejo de resíduos sólidos industriais, de construção civil, de serviços de saúde e
de grandes geradores, que deverão ser observadas e implementadas pelos
respectivos geradores.

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 Regulação
Tal qual já visto no Capítulo 2, do Produto 3, cabe à SEMLUSP, no âmbito do
ordenamento jurídico municipal (incs. I a VII, do parágrafo único e seu art. 1º, do
Decreto municipal nº 0146/09), desempenhar atividade de formulação, administração e
execução da política da gestão de resíduos sólidos, assim como a orientação,
fiscalização, implantação e execução do plano de gerenciamento de resíduos sólidos,
sem prejuízo de a coordenação, execução e controle dos serviços de limpeza urbana
e de manejo dos resíduos sólidos. Não há como negar que a SEMLUSP assume um
papel de gestor municipal dos serviços de resíduos sólidos.
Entretanto, como a LDNSB consagrou o princípio da segregação de funções dos
órgãos administrativos, segundo o qual deve existir a clara separação da função de
regular daquela de prestar, não nos parece razoável que a SEMULSP possa, ao
mesmo tempo, gerir e prestar, ainda que pela via da delegação contratual, os serviços
de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos. Entretanto, independentemente
de quem seja a entidade reguladora, é indispensável que no exercício de sua função
regulatória, se paute nos seguintes princípios: (1) independência decisória, incluindo
autonomia administrativa, orçamentária e financeira; e, (2) transparência, tecnicidade,
celeridade e objetividade das decisões, a teor do art. 21, incs. I e II, da LDNSB.
Diante de todo o exposto, é certo que o papel da SEMLUSP deverá ser revisto, não
sendo necessário, porém, que venha a representar a entidade reguladora do
Município. Existem outras formas do Município concretizar a designação da sua
entidade reguladora, a fim de que esta venha a exercer a sua competência regulatória.
O primeiro caminho a ser trilhado poderá ser a criação de uma agência reguladora
municipal, que, na verdade, é uma autarquia municipal submetida ao regime de
autonomia especial; o que já foi objeto de exame no Capítulo 2, do Produto 3. A
vantagem dessa proposição é que o Município contará com uma entidade reguladora
própria no seio da sua Administração Pública indireta sob a tutela do Poder Central. A
desvantagem é que deverá fazer aporte de recursos públicos para tanto, observando,
por conseguinte, as regras e os princípios de responsabilidade fiscal, especialmente
os limites de despesa com pessoal (art. 15 c/c art. 17 e seu §1º c/c arts. 18 a 21, da
Lei Complementar nº 101/00, Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF).
Outro caminho posto à disposição do Município é a realização de convênio de
cooperação com o Estado do Amazonas, vindo, por conseguinte, a designar a ARSAM
como entidade reguladora dos serviços municipais de resíduos sólidos. Para tanto, o
convênio de cooperação, que estatuirá os direitos e deveres dos convenentes,
especialmente da ARSAM e do Município no desempenho da atividade regulatória,
deverá ser ratificado pela Câmara Municipal e pela Assembléia Legislativa.
A vantagem desse cenário é que a ARSAM, além de já existir, detém autorização legal
para receber, por meio de convênio, atividades de gestão de serviços públicos de
outros entes políticos, dentre elas, a regulação (arts. 2º, §1º; e, 4º, da Lei estadual nº
2.568/99). Basta, apenas, o Município firmar o convênio de cooperação com o Estado
para tanto. A desvantagem é a possibilidade não existir um ambiente político favorável
que leve a concretização dessa forma de cooperação federativa, sem contar a

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inexistência de uma experiência regulatória no setor de resíduos sólidos que é sentido


também na seara das agências reguladoras, sendo indispensável, portanto, a
construção desse ambiente regulatório.
Formas de
Vantagem Desvantagem
regulação
Entidade da própria Depende de aporte de recursos
Agência Administração Pública públicos municipais, atraindo, assim, a
Reguladora local indireta submetida observância das regras e princípios de
Municipal à tutela do Poder responsabilidade fiscal.
Central.
Pode não haver um ambiente político
Já existe no favorável em prol dessa forma de
ordenamento jurídico da cooperação federativa + ausência de
região, bastando a uma experiência regulatória no setor de
ARSAM
realização do convênio resíduos sólidos, devendo ser superada
de cooperação com o mediante processo de construção
Estado. desse ambiente regulatório.

Proposição 5: Tendo em vista o exposto acima, propõe-se: (1) criação de uma


agência reguladora municipal; ou (2) designação da ARSAM como entidade
reguladora municipal.

 Fiscalização
Consoante já sustentado no Capítulo 2, do Produto 3, a LDNSB tratou a fiscalização
de forma apartada da regulação, permitindo-se, inclusive, a delegação desassociada
dessas atividades no âmbito da gestão dos serviços de resíduos sólidos. Apesar disso,
à luz dos princípios da eficiência e da eficácia, recomenda-se que a regulação seja
desempenhada de forma agregada à fiscalização, possibilitando, assim, a gestão
adequada e eficiente desses serviços. Sem contar que fiscalização é inerente à
regulação, estando, assim, encartada nessa última.
Como visto no item anterior, a SEMLUSP, nos termos da legislação local, goza de
competência fiscalizatória sobre os serviços de limpeza urbana e de manejo dos
resíduos sólidos. Contudo, na reunião do dia 09 de setembro do ano corrente com os
gestores municipais, restou claro que a SEMLUSP não desempenha de forma plena
sua competência fiscalizatória, necessitando da intervenção de outros órgãos e
entidades administrativos para poder realizar a fiscalização sobre os usuários,
prestadores e munícipes do setor de resíduos sólidos.
Assim sendo, propõe-se a revisão do papel da SEMULSP focada no desempenho de
sua atividade fiscalizatória plena, sem a interveniência de outras instâncias municipais.
Ou seja, a SEMULSP deverá ser dotada de competência fiscalizatória ampla para
exercer o controle sobre os contratos administrativos de prestação de serviços, os
usuários, os prestadores e os munícipes. Recomenda-se que este cenário seja
adotado até a designação efetiva da entidade reguladora, a qual também poderá gozar

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de competência fiscalizatória. Até porque, repita-se, não é desejável que a atividade


de regulação fique desassociada de fiscalização.
Para além dos aspectos institucionais da fiscalização, propõe-se, ainda, a introdução e
a implementação da via da consensualidade no processo fiscalizatório, isto é, a
possibilidade de substituição de aplicação de sanções por medidas outras de cunho
parajurisdicional, em que, na forma da lei de regência, fique claro a viabilidade de
adoção de um regime de abertura negocial, sendo lícito, assim, ao fiscal, ao invés de
aplicar a sanção administrativa, acorde com o infrator de desempenho de ações que
visem o aperfeiçoamento da gestão dos serviços municipais de resíduos sólidos,
como, por exemplo, a substituição da sanção de multa pelo apoio às organizações de
catadores que promovem o aproveitamento dos resíduos líquidos de óleos de cozinha.
Assim sendo, o cenário sugerido para a fiscalização é a instituição de uma agência
reguladora municipal, que, além de ser responsável pela regulação dos serviços de
resíduos sólidos, venha a desempenhar também atividade fiscalizatória sobre eles. As
vantagens e desvantagens são as mesmas da regulação.
Outra solução seria a delegação tanto da regulação quanto da fiscalização para a
ASCAM. Em outras palavras, aproveita-se o convênio de cooperação firmado entre o
Estado e o Município, para que seja designada a ASCAM como entidade reguladora
dotada de competência regulatória e fiscalizatória sobre os serviços de resíduos
sólidos. As vantagens e desvantagens são as mesmas da regulação.
Formas de
Vantagem Desvantagem
fiscalização
Entidade da própria Depende de aporte de recursos
Agência Administração Pública públicos municipais, atraindo, assim, a
Reguladora local indireta submetida observância das regras e princípios de
Municipal a tutela do Poder responsabilidade fiscal.
Central.
Pode não haver um ambiente político
Já existe no favorável em prol dessa forma de
ordenamento jurídico cooperação federativa + ausência de
da região, bastando a uma experiência regulatória no setor de
ARSAM
realização do convênio resíduos sólidos, devendo ser
de cooperação com o superada mediante processo de
Estado. construção desse ambiente regulatório.

Proposição 6: Tendo em vista o exposto acima, propõe-se: (1) criação de uma


agência reguladora municipal; ou (2) designação da ARSAM como entidade
reguladora municipal.

 Prestação
Segundo diagnosticado no Produto 3, o Município presta a coleta/transporte de
resíduos sólidos, especialmente os domiciliares e urbanos, por meio de terceirização,
enquanto a disposição final desses resíduos é feita em aterro controlado também
mediante terceirização, registrando-se a existência de termos de compromisso

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firmados com o Ministério Público para aperfeiçoar a gestão desses serviços,


notadamente da disposição final.
 Controle social
Conforme já analisado no Capítulo 2, do Produto 3, existem diversas regras
espalhadas por diferentes diplomas legais, que vão desde a CEAM/89, passando pela
LOMM e atingindo a Lei municipal nº 605/01, Código Ambiental do Município de
Manaus (CAMM), que disciplinam o controle social, havendo, inclusive, a previsão da
existência do Conselho Municipal de Desenvolvimento e Meio Ambiente (COMDEMA),
que constitui órgão colegiado autônomo de controle social posto à disposição da
sociedade, vez que a sua composição conta com representantes da sociedade civil
(art. 13, inc. XIII, do CAMM). Não se pode esquecer, ainda, das normas da LDNSB
endereçadas à matéria, que, certamente, são de observância obrigatória pelo
Município ao promover o seu próprio controle social.
Repita-se que, apesar de não haver um conselho municipal de saneamento básico, é
certo que os instrumentos de participação popular estabelecidos no ordenamento
jurídico local, quais sejam, consulta pública, oitiva das decisões administrativas,
participação em planos ou em projetos de interesse específico etc., já asseguram, de
forma efetiva, a implementação do controle social sobre a gestão dos serviços de
resíduos sólidos. Basta, apenas, aplicá-los na prática.
Ademais, é viável o aproveitamento do COMDEMA para fins de realização do controle
social nos serviços de saneamento básico, notadamente nos serviços de limpeza
urbana e de manejo dos resíduos sólidos. Será necessário, apenas, a inserção desse
tema nas regras definidoras de sua competência contempladas no CAMM, segundo
autoriza o §1º, do art. 47, da LDNSB.
 Remuneração dos serviços municipais de resíduos sólidos
Segundo visto anteriormente e aprofundado no Capítulo 2, do Produto 3, a taxa de
limpeza urbana (art. 312, da LOMM) e a taxa de serviços públicos (art. 41, do CTMM)
– esta última, repita-se, abrange os serviços de limpeza urbana e atividades correlatas
-, ao serem instituídas para fazerem frente a serviços não específicos e nem mesmo
divisíveis, restam gravadas de inconstitucionalidade formal por desatendimento ao inc.
II, do art. 145, da CRFB/88.

Proposição 7: Recomenda-se, uma vez mais, a revogação dessas taxas mediante


elaboração e edição de emenda à LOMM e de projeto de lei, sem prejuízo da
expedição de novo diploma legal, o qual, de forma compatível com o art. 145, inc. II,
da CRFB/88 e, mais do que isso, com o art. 35, incs. I a III, da LDNSB, institua a taxa
de coleta e de disposição final de resíduos sólidos domiciliares, que terá como fato
gerador a utilização, efetiva ou potencial, das atividades de manejo de resíduos
sólidos domiciliares prestados ao contribuinte ou colocados à sua disposição.

Repita-se que se propõe que o Município não preste, de per si, a coleta/transporte de
resíduos sólidos industriais, de construção civil, de serviços de saúde e, ainda, dos
grandes geradores, mas sim que autorize empresas especializadas a fazê-lo. Por

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conta disso, é certo que o Município deixará de auferir a devida contraprestação pela
execução dessas atividades, restando ao autorizatário obtê-la. Contudo, é evidente
também, o Município eliminar o seu custo pela execução dessas atividades de manejo,
as quais passaram a ser de responsabilidade do gerador. Ou seja, deixará de auferir
os recursos correspondentes a essas atividades, mas, por outro lado, não terá mais
que despender recursos com elas.
A aplicação efetiva e a arrecadação de multas impostas aos usuários, prestadores e
munícipes pela inobservância das regras legais cabíveis reverterá, certamente, em
receita para o Município; o que só será afastado quando, à luz das regras legais, for
preferível a via da consensualidade no processo fiscalizatório em substituição à
sanção de multa, como já exposto.
Outra forma de obtenção, pelo Município, de recursos públicos para serem aplicados
nos serviços municipais de resíduos sólidos será o acesso ao Fundo Estadual da
Região Metropolitana de Manaus (FERMM) (art. 4º, da LC nº 60/08) e, ainda, ao
Fundo Estadual de Mudanças Climáticas, Conservação Ambiental e Desenvolvimento
Sustentável (art. 6º, da Lei estadual nº 3.135/07). O primeiro servirá para contribuir
com recursos técnicos e financeiros para a melhoria dos serviços públicos municipais
inseridos na RMM (art. 4º, §1º, incs. I e II, alínea “a”, da LC nº 60/08), enquanto o
segundo visa financiar projetos que resultem na estabilização da concentração de
gases de efeito estufa no setor de saneamento básico (art. 6º, inc. IV, da Lei estadual
nº 3.135/07).
Por fim, propõe-se a concessão de incentivos fiscais por meio da instituição de
Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) verde e do Imposto Sobre
Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) verde, isto é, a redução da alíquota
desses impostos para os geradores que contribuam com a diminuição da geração de
resíduos sólidos, segundo critérios especificados em lei específica. Em que pese
haver renúncia de receita nos termos conceituado pelo §1º, o art. 14, da LRF, é certo
que o Município auferirá uma enorme vantagem, pois terá uma redução de despesas
com o manejo de uma quantidade menor de resíduos sólidos gerados.
Vale ressaltar que, como o ISSQN verde e o IPTU verde representam renúncia de
receita, deverão ser observadas as exigências do art. 14, caput, e, ainda, do inc. I ou
II, da LRF.
Para um aprofundamento do assunto, remetemo-nos aos aspectos financeiros
orçamentários constantes do Capítulo 3

2.3. Proposições para a prestação dos serviços de limpeza urbana e de manejo


dos resíduos sólidos domiciliares, públicos e de pequenos geradores
comerciais e da construção civil
É importante ressaltar que, segundo as proposições de cunho operacional (ver item
6.4.5. COLETA REGULAR), o Município ficará responsável pela gestão inclusive a
prestação das atividades de manejo dos resíduos sólidos domiciliares, públicos, de
coleta seletiva, assim como os comerciais e os de construção civil de pequenos

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geradores. Defende-se, com isso, a implantação da coleta regular desses resíduos,


nos moldes apresentados no item 6.4.7.
Contudo, a forma de coleta mudará, ocorrendo, aí, a introdução da coleta diferenciada.
Para tanto, caberá ao pequeno gerador (conforme limite definido), sem qualquer custo,
solicitar a prestação do serviço ou, ainda, existir escala desse resíduos que atinja o
limite do grande gerador, mas não o ultrapasse. Mais do que isso, os resíduos sólidos
da coleta diferenciada deverão ser classificados como resíduos sólidos diferenciados.
Para um aprofundamento do assunto, remetemo-nos ao item 6.4.5. COLETA
REGULAR.
A concessão, seja a comum seja a PPP, pode ser muito bem experimentada pelo
Município para a atividade de disposição final, inclusive tratamento, dos resíduos
sólidos domiciliares, urbanos e, agora, comerciais e de construção civil de pequeno
porte. A remuneração principal da concessão, seja ela de que tipo for, da disposição
final desses resíduos advirá da tarifa paga pelas terceirizadas da coleta e, ainda, pelas
autorizatárias (ver próximo item), que serão, em última análise, usuários dos serviços
de disposição final. Sem prejuízo do exposto, é possível, ainda, o emprego da
remuneração acessória nessa mesma concessão a partir dos recursos advindos da
venda em mercado próprio de créditos de carbono obtidos com os projetos de
Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) voltados para a redução de gases,
como, por exemplo, o gás metano decorrente da decomposição dos resíduos sólidos
que, uma vez liberados, contribuem para o feito estufa.
Nesse contexto, haverá a fragmentação das atividades de manejo dos resíduos
sólidos, em que o prestador de uma atividade do serviço é também usuário da
atividade seguinte, que auferirá os benefícios dos serviços de um outro prestador.
Estar-se-á, assim, diante de uma verdadeira cadeia de atividades interdependentes,
em que o prestador de uma atividade, além de ser identificado como tal, também será
tido como usuário da atividade subseqüente.
Por conta disso, o art. 12, da LDNSB, ao concretizar os princípios da integralidade, da
eficiência e da sustentabilidade econômica (art. 3º, incs. II e VII, da LDNSB), prevê
que ”as etapas dos serviços de saneamento básico, que forem, ao mesmo tempo,
autônomas e interdependentes, podem possuir prestadores diferentes, cujas relações
jurídicas serão disciplinadas por contratos”. Logo, haverá, além de um contrato de
cunho administrativo entre o prestador e o titular dos serviços de saneamento, um
outro contrato que regerá a relação travada entre os diferentes prestadores, desde
que, obviamente, as atividades desses serviços venham a ser fragmentadas.
Os contratos entre os prestadores dos serviços de resíduos sólidos terão natureza de
prestação de serviços a serem regulados por normas civilistas (arts. 593 a 603, da Lei
nº 10.406/02, Código Civil), mas influenciado por princípios de Direito Público, vez que
os serviços de resíduos a que se referem são disciplinados por marco regulatório
público. Daí porque, a incidência também dos comandos dos §2º até §4º, do art. 12,
da LDNSB.

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2.4. Proposições para a prestação do manejo de resíduos sólidos industriais,


especiais, de serviços de saúde, de transportes e de grandes geradores
comerciais e da construção civil
A interpretação sistemática e finalística dos arts. 5º e 6º da LDNSB, que concretizam
os princípios da subsidiariedade e do poluidor-pagador, informam que os geradores de
resíduos sólidos comerciais, industriais e de serviços têm, num primeiro momento,
responsabilidade pelo manejo desses resíduos. Isso porque, o meio ambiente e a
saúde da população podem ficar expostas à graves riscos, em razão do volume e/ou
da periculosidade dos resíduos em questão. Caso os geradores desses resíduos
sólidos não tenham condições técnicas ou econômicas de realizar as atividades de
seu manejo, o Município poderá tomá-las para si ou, ainda, autorizar empresas a
prestá-las mediante a cobrança de devida contraprestação.
No contexto do PDRS/Manaus, as proposições operacionais (ver item 6.4.5. COLETA
REGULAR) sinalizam no sentido de atribuir ao gerador responsabilidade pela
prestação das atividades de manejo dos resíduos sólidos industriais, especiais, de
serviços de saúde, de transporte e de grandes geradores comerciais e de construção
civil. Contudo, a gestão propriamente dita desses serviços, isto é, o planejamento, a
regulação e a fiscalização permanecerão com o Município ou, se houver a designação,
à entidade reguladora, seja ela quem for. Com isso, pretende-se introduzir no
Município a chamada coleta especial desses resíduos, cuja prestação será de
atribuição dos respectivos geradores.
Nada impede, porém, que a os geradores dos resíduos sólidos industriais, especiais,
de serviços de saúde, de transporte e, ainda, os grandes geradores comerciais e de
construção civil se utilizem da prestação dos serviços de empresas especializadas que
venham a ser autorizadas, pelo Município ou sua entidade reguladora, a ingressar
nesse setor, o qual poderá ser submetido a regime de livre mercado, mas observados
regras legais e princípios publicistas.
Nesse sentido, o Município ou, se houver designação, a entidade reguladora deverá
expedir normas técnicas que orientem a atuação das empresas especializadas. Essas
normas técnicas terão como extrato de validade a legislação municipal específica
sobre resíduos sólidos, que, por sua vez, trará a estruturação do procedimento
administrativo para permitir o acesso dessas empresas especializadas ao mercado.
Vale ressaltar que, segundo a lógica de mercado apresentada, a fixação do preço pelo
coleta/transporte de resíduos sólidos industriais, especiais, de serviços de saúde, de
transporte e de grandes geradores comerciais e de construção civil deverá ser
acordada, por meio do devido contrato de prestação de serviços, entre o gerador
desses resíduos e a empresa, mas o Município ou, se for o caso, a entidade
reguladora, segundo a sua competência regulatória, tem a responsabilidade de
reprimir os abusos que vierem a ser cometidos, segundo a legislação de regência e as
normas técnicas que vier a editar a respeito.
Sem prejuízo do exposto, nada impede que o Município vá além do mero
planejamento, regulação e fiscalização no tratamento e na disposição final de resíduos

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sólidos industriais, especiais, de serviços de saúde, de transporte e, ainda, comerciais


e de construção civil de grande porte, assumindo, também, a sua prestação.
Por fim, propõe-se, também, a inserção do chamado “acordo de programa”, que
representa instrumento jurídico utilizado em larga escala na Europa, especialmente na
Itália, para fins da gestão de resíduos sólidos da construção civil de grande porte.
O acordo de programa é “um instrumento administrativo de programação organizativa,
como todos se destinam a ordenar condutas futuras das entidades acordantes,
durante certo lapso de tempo, para atingir certos resultados pré-definidos de interesse
comum”1. Por conta disso, é “perfeitamente adequado ao desenvolvimento de um
sistema de administração multipolarizado e aberto, que favorece a administração por
objetivos, com estímulo a parcerias pela cooperação e pela colaboração consensuais,
transcendendo, assim, ao sistema fechado, que se funda preferentemente, quando
não exclusivamente, no unilateralismo e na imperatividade da ação do Estado”2.
Em outras palavras, o acordo de programa representa uma espécie de pacto
administrativo em que o Município firma uma parceria com o particular, visando, sob a
coordenação estatal, a implementação de ações para o alcance de metas pré-
estabelecidas para concretização de projetos de interesse público comum. Como se
trata de uma espécie de pacto administrativo, o contrato de programa vai atrair para si
a aplicação do art. 116, da LLCA e, por conseguinte, o atendimento das exigências ali
expostas e, ainda, das previstas na legislação municipal de regência, se houver.
Destaque-se, porém, que o acordo de programa só será cabível se, internamente, na
relação Poder Público local e gestor de resíduos sólidos, não houver a configuração
de uma mera contraprestação de serviços, quando, então, o instrumento jurídico a ser
utilizado é o contrato administrativo tradicional.
No caso em comento, nada impede que o Município, em parceria com os grandes
geradores de resíduos sólidos da construção civil, adote o contrato de programa para
realizar, consensualmente, os programas de manejo desses resíduos, visando a
instituição de ações que deverão ser implementadas segundo as metas pré-
estabelecidas nesse acordo administrativo. Para tanto, será indispensável observar as
condicionantes correspondentes no art. 116, da LLCA e na legislação municipal.
Um exemplo do emprego do acordo de programa pode ser dado mediante a
reutilização de material de construção civil na própria obra (= ação concreta) para
viabilizar a diminuição dos resíduos sólidos geradores mediante patamares
previamente estabelecidos (= meta a ser alcançada).
Outro exemplo da utilização desse instrumento jurídico é a prevenção à poluição,
chamada, tecnicamente, de P2. Esta se refere a qualquer prática, processo, técnica e
tecnologia que vise a redução ou eliminação em volume, concentração e toxicidade
dos poluentes na fonte geradora. Inclui, também, modificações nos equipamentos,
processos ou procedimentos, reformulação ou replanejamento de produtos,

1
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de Direito Administrativo: Parte Introdutória, Parte Geral e
Parte Especial, 15ª ed. rev., ref. e atual. Rio de janeiro: Forense, 2009. p. 213.
2
Idem, p. 214.

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substituição de matérias-primas, eliminação de substâncias tóxicas, melhorias nos


gerenciamentos administrativos e técnicos, avaliação de desempenho e otimização do
uso das matérias-primas, energia, água e outros recursos naturais. A implementação
do programa de P2 representa um processo de melhoria contínua, ou seja, ao final do
programa, novas metas são estabelecidas, reiniciando-se novamente o ciclo.
Nesse contexto, o acordo de programa a ser firmado, consensualmente entre o Poder
Público e o grande gerador de resíduos sólidos da construção civil, poderia ter por
finalidade a redução ou eliminação do volume, da concentração e/ou da toxicidade
desses resíduos. A meta, portanto, seria esta, isto é, a redução da quantidade e
periculosidade dos resíduos. Já a ação não seria apenas uma, mas várias pertinentes
a implantação de um programa de melhoria continua envolvendo o emprego de
técnicas operacionais de vão desde a modificação dos equipamentos até a otimização
do uso das matérias-primas.

2.5. Proposições para absorção de organização de catadores nas atividades de


triagem de resíduos sólidos passíveis de reciclagem
O programa de coleta seletiva pode ser implementado de formas diversas, sendo uma
delas a triagem, que, por sua vez, também poderá ser concretizada de maneiras
diversas, sendo uma dessas vias a absorção de organização (leia-se, associação ou
cooperativa) de catadores no processo de reciclagem do lixo passível de reciclagem.
Ademais, a própria absorção da organização de catadores poderá variar segundo os
aspectos operacionais, financeiros, sociais e institucionais que se queira implementar
no manejo dos resíduos sólidos.
De qualquer forma, o inc. XXVII, do art. 24, da LLCA, inserido pelo art. 57, da LDNSB,
abriu a possibilidade do Poder Público contratar organização de catadores para
promover a coleta, o processamento e a comercialização de resíduos sólidos
domiciliares e públicos (chamados, pela lei, de urbanos) recicláveis ou reutilizáveis.
Para tanto, a Administração Pública deverá ter, previamente, implementado áreas com
sistema de coleta seletiva de resíduos sólidos, facilitando, por conseguinte, a atuação
da organização de catadores. Estas, por sua vez, deverão ser formadas
exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo Poder Público
como catadores de materiais recicláveis, sendo obrigatório o uso de equipamentos
compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública.
O Produto 3 identificou a existência de organizações de catadores, que, de forma
precária, vem realizando a coleta e a triagem dos resíduos sólidos passíveis de
reciclagem. Na reunião do dia 18 de novembro de 2009, na SEMULSP, os gestores
municipais informaram que as organizações de catadores carecem um forte apoio
institucional, a fim de realizarem com independência as suas atividades de reciclagem.
Nesse contexto, parece-nos que, num primeiro momento, é indispensável a
concretização de medidas que promovam o fortalecimento institucional das
organizações de catadores. Uma das possíveis saídas poderá ser a formalização de

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um acordo de programa, cuja análise do conteúdo, forma e aplicação se remete ao


item anterior.
O acordo de programa proposto envolveria o Poder Público, a iniciativa privada e as
organizações de catadores, definindo deveres e responsabilidades de todos. A
coordenação das atividades desse acordo ficaria sob responsabilidade do Poder
Público, sem prejuízo do atendimento das demais regras constantes no art. 116, da
LLCA. Além disso, a organização de catadores que não alcançasse as metas traçadas
no acordo poderia ser afastada das atividades com a sua substituição por outra
organização, assegurando, de qualquer forma, o devido processo legal.
Nesse contexto, as organizações de catadores, a iniciativa privada e o Poder Público
poderiam estabelecer metas contínuas de eficiência e eficácia voltadas para o
fortalecimento institucional das primeiras (= meta a ser alcançada). Para tanto, a
iniciativa privada, notadamente as universidades, as associações de classes, os
sindicatos etc., poderia ofertar cursos de alfabetização, de capacitação de pessoas e,
ainda, motivacional, assim como doação de bens e prestação gratuita de serviços,
inclusive jurídicos e de gestão administrativa, para uma organização de catadores
previamente selecionada, restando ao Poder Público a supervisão de todas as
relações e atividades travadas entre a iniciativa privada e a organização. Caso esta
organização não consiga alcançar a meta institucional estabelecida, haveria a sua
substituição por outra organização também previamente escolhida, assegurado o
devido processo legal.
Aquelas organizações de catadores que alcançassem a devida independência
institucional traçada no acordo de programa, poderiam, então, ser contratadas pelo
Município para coleta, triagem e comercialização dos resíduos sólidos passíveis de
reciclagem, nos termos do contrato administrativo correspondente. Até porque, é óbvio
que a contratação das organizações de catadores não afastará a realização de um
contrato administrativo prévio; o que é desnecessário é a realização de licitação
prévia, pois já foi dispensada pelo legislador.
Aliás, o próprio contrato administrativo firmado com as organizações de catadores
poderia, sim, representar um instrumento de regulação, vez que será indispensável o
estabelecimento de metas progressivas e contínuas que viessem a ser alcançadas
pelas organizações em questão, sob pena de rescisão contratual, dentre outras
sanções contratuais cabíveis.

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3. SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE


RESÍDUOS SÓLIDOS
3.1. Proposta de taxa ou tarifa por tipo de resíduos
A definição da metodologia para o cálculo da Taxa ou Tarifa de Coleta e Disposição
Final de Resíduos Sólidos deverá ter como base o princípio legal de que esta deve ser
aplicada aos usuários dos serviços para a remuneração dos custos incorridos pelos
provedores dos mesmos. Para tanto, deve-se identificar todos os serviços
relacionados com a coleta e disposição final dos resíduos sólidos.
Propõe-se aqui a utilização de uma metodologia, que considere os aspectos da Lei nº
11.445, de 5 de janeiro de 2007, que as estabelece diretrizes nacionais para o
saneamento básico e, em seu artigo 35, dispõe da seguinte maneira.
“Art. 35. As taxas ou tarifas decorrentes da prestação de serviço público de
limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos urbanos devem levar em
conta a adequada destinação dos resíduos coletados e poderão
considerar:
I - o nível de renda da população da área atendida;
II - as características dos lotes urbanos e as áreas que podem ser neles
edificadas;
III - o peso ou o volume médio coletado por habitante ou por domicílio”.
Respeitando a classificação dos resíduos – resíduos sólidos domiciliares (RDO),
resíduos sólidos industriais (RSI), resíduos de serviços de saúde (RSS), resíduos da
construção e demolição (RCD) –, indica-se a cobrança indiscriminada da Taxa de
Prestação de Serviços. Para tanto, propõe-se a utilização de duas metodologias para
o cálculo tarifário:
 para definição do valor da taxa de coleta, tratamento e disposição final de RDO, a
proposta é voltada para a aplicação da metodologia que considera os aspectos da
Lei nº 11.445/2007, que estabelece como diretrizes nacionais para o saneamento
básico peso ou volume médio, renda da população e características do lote; e
 para a definição do valor da tarifa de coleta, tratamento e disposição final de RSI,
RSS, RCD e grande gerador, a proposta é para que se aplique a metodologia que
considere o volume real e individual de produção de resíduos.

a) Taxa de coleta, tratamento e disposição final de RDO


A metodologia a ser apresentada para Taxa de Coleta e Disposição Final de Resíduos
Sólidos (TCDRS) da categoria domiciliar ou comercial de pequeno gerador deverá
propor que o valor seja calculado com base em índices e parâmetros próprios,
inerentes à prestação de serviços, sendo considerados os seguintes fatores: (i) o nível
de renda da população da área atendida; (ii)as características dos lotes urbanos e as
áreas que podem ser neles edificadas e (iii) o peso ou o volume médio coletado por
habitante ou por domicílio, conforme fórmula:

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TCDRS = R. C. V. A

onde:
R = Nível de renda
C = Caracterização dos lotes e uso da área
V = Peso ou o volume médio coletado por habitante ou por domicílio
A = Fator de ajuste

Tendo em vista que os recursos originados da cobrança de taxas, diferentemente dos


impostos, são tributos vinculados (seus fatos geradores sempre e necessariamente
são fatos do Estado, portanto, vinculados a uma atuação estatal)ou seja, a cobrança
da taxa está vinculada a contraprestação da oferta do serviço.

b) Tarifa para coleta de resíduos sólidos industriais (RSI), resíduos de serviços


de saúde (RSS) e resíduos da construção e demolição (RCD), resíduos de
grande gerador (RGG)
Considerando que o volume destes tipos de resíduos é representativamente menor,
bem como a existência de condições para realizar medições que se justifiquem pela
relação custo/benefício da operação, propõe-se que para estes tipos de resíduos seja
aplicada a metodologia que considera o volume real de resíduos produzidos em cada
um dos geradores. Tal metodologia pode representar um potencial de conservação
ambiental, pois incentiva a prática da reciclagem e reduz a quantidade de lixo
produzido.
Porém, para que haja aplicabilidade da metodologia proposta, é necessário que se
tenha um sistema de controle de custos já elaborado e implantado.
Tendo-se o valor total dos custos anuais com serviços de coleta, transporte,
tratamento e disposição final dos resíduos, se determina o valor a ser cobrado de cada
gerador, multiplicando o potencial de geração de resíduos pelo custo unitário apurado
no sistema de custos.
A Fórmula a ser aplicada é comum para todos estes tipos de resíduos:

TARIFA = (peso ou volume *A) * custo unitário

onde:
Peso ou Volume = medida do total de resíduo produzido por gerador (kg ou m3);
A = índice de progressividade que varia de acordo com o volume ou peso de resíduo
gerado e implica na alteração do valor a ser cobrado em cada faixa de produção de

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resíduo. Ressalta-se que o estabelecimento de faixas de produção de resíduo deve


ser objeto de análise dos gestores municipais.

3.2. Propostas para a implementação incentivos fiscais


No âmbito da gestão municipal, como possibilidade de ação de incentivo ao
comportamento e às práticas sustentáveis destacam-se a criação de programas
voltados para a implementação do IPTU Verde e ISS Verde, que têm o potencial de
reduzir o valor das tarifas públicas municipais para as residências, grupos de
residências, edifícios, condomínios, loteamentos e empresas que implantem
tecnologias destinadas a diminuir o impacto da ação humana sobre o meio ambiente.
Tais programas devem incentivar ações como o reaproveitamento de águas pluviais;
adoção, implantação e utilização de sistemas de energia solar e de energia eólica;
implantação de sistema de geração de energia próprio que ofereça iluminação
também às áreas públicas; reciclagem completa do lixo, de modo a desonerar o
sistema público; compostagem do lixo orgânico com separação na fonte e formação
de leiras de tratamentos.
Sob a ótica da responsabilidade fiscal, caberá à gestão municipal a elaboração de
estudos que comprovem a viabilidade fiscal dos programas propostos. Já em relação
aos ganhos do cidadão, sugere-se a produção e distribuição de cartilhas que orientem
a população sobre a relação custo/benefício de cada sistema, o ganho financeiro e os
gastos decorrentes da implantação das novas tecnologias.
Lembramos que qualquer mudança proposta na estrutura fiscal do Município deverá,
obrigatoriamente, constar na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do Município, bem
como ocasionará alterações no Código Tributário Municipal.
As evidências colhidas nos permitem a recomendação de que seja dada maior
atenção às fontes de recursos próprios, em especial às taxas e tarifas (tanto na
instituição quanto na sua efetiva arrecadação), bem como ao cuidado com os créditos
da dívida ativa, cuja certeza e liquidez foram apuradas, por não terem sido
efetivamente recebidos nas datas aprazadas. Tais fontes de recursos podem ser de
fundamental importância para a sustentabilidade econômico-financeira de qualquer
sistema de serviços públicos.
Deve ser estabelecido um procedimento de controle dos gastos relacionados à
limpeza urbana, aprimorando os instrumentos de controle interno a serem utilizados
pelos departamentos, compatibilizando-os com as planilhas de ordens de serviços
realizados. Exemplo: demonstrações para controle da folha de pagamento de
pessoal, do consumo de combustíveis, peças, óleos e lubrificantes, bem como gastos
com ações educativas e capacitação.

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4. REVISÃO DO MODELO DE GESTÃO


A implantação dos novos marcos legais para a prestação dos serviços de
saneamento, entre os quais os de manejo de resíduos sólidos, definidos pela Lei do
Saneamento Básico nº 11.445, a Lei nº 11.107/2005 dos Consórcios Públicos, e o
Decreto nº 6.017/07 que a regulamenta, e as novas Resoluções CONAMA que tratam
dos resíduos da construção civil, dos resíduos de serviços de saúde e o licenciamento
simplificado para aterros de pequeno porte, dentre outras, confirmam o início de um
processo desafiador de reversão do quadro de gestão, tratamento e destinação final
dos resíduos sólidos urbanos.
Os impactos negativos do ponto de vista ambiental, social, econômico e de saúde
pública decorrentes da gestão inadequada dos resíduos sólidos urbanos vêm exigir
novas normas e padrões para a atuação dos atores envolvidos, possibilitando
mudança de posturas por parte dos órgãos responsáveis pela formulação de políticas
públicas nesta área.
Para qualquer modelo a se adotar os seguintes pressupostos legais devem ser
observados:

SERVIÇOS PÚBLICOS DE SANEAMENTO BÁSICO


GESTÃO Abastecimento Esgotamento Manejo de Manejo de
de água sanitário resíduos sólidos águas pluviais

Planejamento Indelegável, passível de execução por titulares consorciados

Delegável pelo titular ou por titulares consorciados a órgão ou ente


Regulação público, exceto no que diz respeito à edição de lei e estabelecimento
de contrato de delegação da prestação.
Não é conveniente separar em entes diferentes a execução das tarefas
Fiscalização de regulação e de fiscalização.
Direta pelo titular ou delegada pelo titular ou por titulares consorciados
Prestação a ente privado ou a órgão ou ente público (leis 8.987, 11.079 ou
11.107)

Controle social Indelegável

Fonte: quadro extraído da apresentação proferida pelo engenheiro Marcos Montenegro,


durante evento do MCidades/SNSA em 2007.

Frente aos pressupostos legais, a gestão considera as seguintes diretrizes:


 concepção de desenhos que garantam a adequada sustentabilidade institucional
conforme as competências e atribuições dos órgãos envolvidos e o
equacionamento das funções de planejamento, regulação, fiscalização e prestação
dos serviços públicos de saneamento;
 necessidade de revisar os modelos de organização da gestão no que se refere à
prestação dos serviços, aos mecanismos de regulação, ao controle social, às

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estruturas tarifárias e de subsídios, conciliando objetivos sociais, como a


universalização do acesso;
 concepção de desenhos para a gestão que sigam preferencialmente a lógica da
gestão associada, em especial no planejamento da prestação do serviço;
 sustentabilidade econômica e financeira em regime de eficiência, de modo a
permitir a otimização dos recursos existentes e a melhoria de performance a curto
prazo, e a médio prazo, a habilitação de sua capacidade de alavancar
financiamentos e realizar investimentos necessários à ampliação da oferta dos
serviços;

 desenho de formas gerenciais que privilegiem a eficiência, a produtividade e o foco


nos resultados dos serviços, em especial o atendimento às necessidades da
sociedade e dos usuários atuais e futuros.
Neste novo posicionamento, são atividades de responsabilidade do Município que
deverão ser impulsionadas:
 limpeza urbana (varrição e complementares);
 prospecção e implementação de novas áreas para disposição final dos resíduos
gerados;
 fiscalização e manutenção da disposição final;
 estabelecimento de diretrizes para tratamento adequado dos resíduos sólidos;
 coleta diferenciada;

 coleta seletiva de materiais recicláveis;


 estabelecimento de diretrizes para a coleta e o tratamento dos resíduos industriais;
 fiscalização e manutenção dos serviços prestados no território do Município;
 gerenciamento dos contratos de coleta, transbordo, transporte e disposição final
dos resíduos domiciliares (domésticos, comerciais e públicos);
 disciplinamento, controle e fiscalização dos grandes geradores, solução para os
pequenos geradores e para as etapas de manejo e reuso dos RCD e RSE;
 manejo de resíduos dos serviços de saúde (RSS) bem como dos resíduos gerados
em portos e aeroportos, especialmente nas etapas de tratamento, sem prejuízo da
responsabilidade dos geradores, bem como a implantação de um programa de
capacitação dos profissionais de saúde;
 beneficiamento e de comercialização dos materiais recicláveis, associado aos
serviços de coleta seletiva;

 ações para ampliação e desenvolvimento da capacidade institucional;


 ações de educação ambiental, de comunicação e de mobilização social, no sentido
de conferir maior uniformidade às mesmas.

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5. CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS


Com base nos conceitos (caracterizar, identificar e classificar), o processo de
conhecimento dos resíduos pode ser assim esquematizado:

Resíduos

Caracterização Definição de propriedades e características de


interesse a ser investigada.
Ex. Poder calorífico, ponto de fulgor, etc

Identificação Realizada por meio de métodos de testes


padronizados ou por meio de listagens.
Ex. Ponto de fulgor (ISO 1523, NBR 14598,
ASTM D93).

Classificação Depende de critérios determinados.


Ex. Critérios de tratabilidade, de periculosidade,
etc.

Figura 1: Seqüência lógica do processo de conhecimento dos resíduos

De acordo com a Figura 1, o primeiro estágio do processo é o instante no qual se


definem as características dos resíduos que deverão ser investigadas, ou aquelas de
maior interesse (características gerais). No segundo estágio, inicia-se o processo de
identificação das características apresentadas. Este ocorre por meio de métodos de
teste e/ou listagens de resíduos. A identificação procura investigar características
específicas. Apenas no último estágio é que se procede a classificação. Outra opção
permitida é a classificação dos resíduos em conformidade com os locais de sua
geração e em perigosos e não perigosos.
Neste contexto, os resíduos gerados no município foram classificados envolvendo a
identificação do processo ou atividade que lhes deu origem e os constituintes e
características conhecidas nas normas disciplinares em vigor. Para que fosse possível
dirimir o conflito normativo quanto à classificação dos resíduos sólidos presentes na
LDNSB, PNRS, LOMM e ABNT, se fez necessário estabelecer uma que as
harmonizasse considerando também a classificação utilizada pela SEMULSP em suas
operações diárias. A Tabela 1 apresenta a classificação dos resíduos sólidos para o
município de Manaus.

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Tabela 1: Classificação dos resíduos

Possíveis
Classificação Origem Periculosidade
Classes ABNT
Resíduos originados nos domicílios
RDO ou em estabelecimentos comerciais
Resíduos cujas características se Não Perigosos II, IIA
Domiciliares assemelham aos originados nos
domicílios.
Resíduos originados pela limpeza
RPU de espaços públicos como ruas e
avenidas (inclui varrição e capina),
Resíduos Não Perigosos II, IIA, IIB
praças, praias, galerias, córregos,
Públicos igarapés terrenos, baldios, feiras
livres, animais
RSS
Conforme preconizado pela RDC
Resíduos de Não Perigosos /
ANVISA n° 306/04 e a Resolução I, II, IIA, IIB
Serviços de Perigosos
CONAMA n°358/2005.
Saúde
RSI
Resíduos Resíduos gerados no ambiente Não Perigosos /
I, II, IIA, IIB
Sólidos industrial. Perigosos
Industriais
RCS Resíduos sólidos recicláveis (papel,
Não Perigosos /
Resíduos de plástico, vidro, metal), segregados II, IIA
Perigosos
Coleta Seletiva na fonte.
RCD
Resíduos de Conforme preconizado pela
Não Perigosos IIB
Construção e Resolução CONAMA no 307/2002
Demolição
Resíduos que, em função de suas
RSE características peculiares, passam
Resíduos a merecer cuidados especiais em
Perigosos I
Sólidos seu manuseio, acondiciona-mento,
Especiais estocagem, transporte ou
disposição final.
RST Resíduos originários de portos,
Resíduos de aeroportos, terminais alfandegários, Não Perigosos /
I, II, IIA, IIB
Serviços de rodoviários e ferroviários, e Perigosos
Transporte passagens de fronteira.

São enquadrados nos resíduos especiais os Resíduos Domésticos Perigosos (RDP),


aqueles gerados no ambiente doméstico que contem, ou estão contaminados por
substâncias que apresentam riscos à saúde e ao meio ambiente. Ex.: Tintas e
solventes, cosméticos e produtos de higiene pessoal, produtos veterinários de uso
doméstico, produtos de limpeza geral, produtos automotivos, pesticidas e repelentes,
etc.

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Proposição 8: Uniformizar a classificação dos resíduos sólidos quanto à origem e à


periculosidade.

5.1. Composição dos resíduos


De acordo com as projeções realizadas no diagnóstico, os resíduos gerados em
Manaus demonstram a seguinte composição no horizonte temporal definido:

Figura 2: Composição dos resíduos 2009-2029

A configuração dos cenários sugere que, mesmo na ocorrência de transformações dos


atuais padrões de regulação dos processos produtivos e do gerenciamento dos
resíduos, ações devem ser concentradas e projetos deverão ser direcionados para a
minimização da geração de resíduos e novas tecnologias para o tratamento dos
mesmos deverão ser estudadas.
É tendente a ocorrência de significativas mudanças na composição dos resíduos
gerados no município ao longo do período estudado e tais mudanças contribuirão para
a redução do teor de umidade na massa de resíduos, redução do potencial de geração
de metano, redução do peso específico e conseqüente aumento do volume específico
e por fim, aumento do poder calorífico da massa. As condições verificadas sugerem a
adoção de tecnologias que aproveitem o novo potencial presente nos resíduos.

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6. CARACTERIZAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS


6.1. Estrutura Administrativa
Atualmente, a tendência é a terceirização dos serviços de limpeza pública assim,
competirá à administração desempenhar basicamente três funções: planejar e definir o
sistema de coleta, tratamento e disposição final dos RSU; destinar recursos para
pagamento dos serviços e realizar a fiscalização e controle efetivo dos serviços
contratados.
A proposta de rearranjo da estrutura administrativa é o primeiro passo na direção de
um processo de estruturação que considera a tendência atual e que poderá ser
completada com estudos mais aprofundados, que contemplem o planejamento
estratégico, o mapeamento dos processos organizacionais, a auditoria da folha de
pagamentos e o plano de cargos e carreiras. As principais mudanças propostas são:

 introdução de setores operacionais;


 redefinição das atribuições do Departamento de Limpeza Pública;
 redefinição das divisões e atribuições gerenciais.
Importante destacar que não há um único desenho estrutural correto, a priori, existem
distintos desenhos que são funcionais para determinadas estratégias. Com o rearranjo
proposto, a introdução de setores operacionais com a utilização dos cargos de
assessoria disponíveis representa um acréscimo de aproximadamente 30% na
estrutura geral. O acréscimo imprimirá maior eficiência no atendimento às demandas,
uma vez que as atribuições específicas contidas nas atividades gerenciais sofreram
alterações e no redesenho a estrutura gerencial tem um decréscimo de 14% que foi
impresso no nível subseqüente, qual seja Setor. Neste contexto, além dos
condicionantes de formação e capacidade técnica das assessorias, a impulsão de
programas de específicos de capacitação e desenvolvimento será fundamental para o
desempenho das atividades demandadas. A Tabela 2 apresenta um quadro
comparativo da estrutura atual e estrutura proposta.
Tabela 2: Quadro comparativo: estrutura atual x estrutura proposta

Atual Proposta Disponível Diferença %


NÍVEL
Departamento 2 2 2 0 0

Divisão 4 4 4 0 0

Gerência 7 6 6 -1 14

Setor 0 12 23 +12 52

Total 13 24 35 +11 31

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A seguir, o detalhamento da proposta de reestuturação, buscando-se destacar o


remanescente da estrutura atual.
SECRETÁRIO
SUBSECRETÁRIO

GABINETE DO EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
SECRETÁRIO ASSESSORIA
COMUNICAÇÃO
TÉCNICA JURÍDICO

SETOR DE
DEPARTAMENTO DE DEPARTAMENTO DE CEMITÉRIOS
LIMPEZA PÚBLICA CEMITÉRIOS

DIVISÃO DE DIVISÃO DE COLETA & DIVISÃO DE DIVISÃO DE ATERRO


ADMINISTRAÇÃO E DE LIMPEZA PÚBLICA SANITÁRIO
FISCALIZAÇÃO
FINANÇAS

SETOR DE GERÊNCIA DE
INFORMATICA PATRIMÔNIO, GERENCIA DE GERÊNCIA DE
MATERIAL E COLETA & DE GERENCIA DE TECNOLOGIA
SERVIÇOS LIMPEZA URBANA FISCALIZAÇÃO

GERÊNCIA DE
FINANCEIRA

SETORES SETOR DE SETOR DE SETOR DE


SETOR DE SETOR DE SETOR DE FISCALIZAÇÃO FISCALIZAÇÃO CONTROLE/AS
COLETA LIMPEZA E PARQUES E NOTURNA DIURNA (balança+frente de
GERÊNCIA DE JARDINS
1-CAPACITAÇÃO MANUTENÇÃO operação)
RECURSOS
2-ASSISTENCIA HUMANOS DE IGARAPÉS
SOCIAL E
AMBULATORIAL SETOR
3- SEGURANÇA NO TRATAMENTO
TRABALHO
SETOR DE LIMPEZA SETOR
E MANUTENÇÃO DE COLETA SELETIVA
VIAS

Figura 3: Novo organograma proposto

Proposição 9: Rearranjo da estrutura administrativa da Secretaria Municipal de


Limpeza e Serviços Públicos para a melhoria dos serviços.

6.2 Gestão de pessoas


A possibilidade de transformar as organizações públicas em organizações ágeis com
foco no cliente tem sido a tônica da gestão pública. O grande propósito é torná-las
cada vez mais preocupadas com o cidadão e não apenas com os seus processos
burocráticos internos.
Para que isso ocorra o objetivo é fazer com que a organização pública passe a
considerar o cidadão como parte interessada e essencial ao sucesso da gestão.
As instituições públicas devem olhar para seus servidores como elementos
impulsionadores de resultados dentro da organização, como pessoas que fazem a
diferença e personalizam a administração e a faz distinguir das demais. Porém, para
que isso ocorra, é necessário que os servidores sejam adequadamente valorizados, o
que inclui serem treinados, desenvolvidos, integrados socialmente, liderados,
motivados, remunerados coerentemente e estimulados a participar das decisões.
Desta forma, focado no servidor propõe-se que:

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• sejam preparados e estimulados a desenvolver e utilizar seu pleno potencial, em


alinhamento com as estratégias da organização;
• sejam identificadas as necessidades dos servidores para o estabelecimento de
programas de educação, capacitação e desenvolvimento;
• sejam estabelecidos critérios para a avaliação do bem estar, satisfação e motivação
dos servidores.
E, focado no cidadão propõe-se que os serviços sejam executados observando os
princípios da Gestão Pública pela Qualidade, quais sejam:
 Satisfação do cliente
Atenção prioritária deve ser dada ao cliente. Os usuários devem avaliar a prestação
dos serviços, para que as instituições tenham o conhecimento necessário para gerar
produtos e serviços de valor para esses clientes.
 Envolvimento de todos
Trabalho harmônico e integrado entre o secretário, diretores, gerentes e gerenciados é
um pré-requisito para que o aprendizado contínuo dê sustentabilidade ao seu
desenvolvimento.
 Gestão participativa
Gestão pública tem que ser participativa. As pessoas têm que se sentir parte dos
processos de trabalho. Um líder verdadeiro faz com que todos assumam suas
responsabilidades, dando o melhor de si. Ele sabe ver as diferenças entre os membros
da equipe e sabe trabalhar com o que tem de melhor em cada um, harmonizando os
interesses individuais e coletivos, a fim de conseguir a sinergia das equipes de
trabalho.
 Gerência de processos
Gerenciar o processo significa planejar e garantir por meio de um conjunto de
atividades inter-relacionadas, que o insumo será transformado em produto ou serviço,
com valor agregado.
 Valorização das pessoas
Valorizar as pessoas inclui mostrar reconhecimento pelo bom desempenho, oferecer
oportunidades de aprendizado e de desenvolvimento das potencialidades, dando
autonomia para o alcance das metas.
 Constância de propósitos
Agir persistentemente para que as ações do dia-a-dia contribuam para a construção
de um futuro estabelecido para a instituição.
 Melhoria contínua
Não basta solucionar os problemas, reduzir o desperdício ou eliminar os defeitos, é
preciso continuamente buscar melhorias, inovar e romper com práticas que deixam de
ser necessárias, apesar da competência da organização em realizá-las.

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 Gestão pró-ativa
A organização precisa correr riscos, antecipando-se no atendimento às novas
demandas dos usuários, dando respostas rápidas; daí a necessidade de um foco
permanente em resultados, medidos por meio de indicadores.

6.3. Prestação dos serviços


Considerando as novas competências estabelecidas à administração (planejar, definir
os serviços e fiscalizar), as formas estabelecidas para a prestação dos serviços se
encontram definidas na Tabela 3.
Tabela 3: Formas de prestação dos serviços

Forma de prestação Forma de prestação


Serviço Tipo
Atual Futura
Domiciliar Terceirização Terceirização
Seletiva Terceirização Terceirização
COLETA RSS Terceirização Autorizatário
RCD Terceirização Autorizatário
Poda Terceirização Terceirização
Varrição Administração Direta Terceirização

LIMPEZA Capina Administração Direta Terceirização


URBANA Limpeza de igarapés Administração Direta Terceirização
Limpeza de logradouros Administração Direta Terceirização
Aterro Terceirização Concessão
TRATAMENTO
e RSE Terceirização Concessão
DISPOSIÇÃO RSS Não há Concessão
FINAL
Aproveitamento de gases Concessão Concessão

Mesmo que os serviços de varrição sejam terceirizados, a PMM deverá manter uma
equipe interna de varrição permanente para atuar nas situações emergenciais.
Recomenda-se que a equipe seja composta por 10 agentes de limpeza.

6.3.1. Atualização e adequação dos serviços


Diante das propostas para a prestação dos serviços, os serviços demandados à
execução deverão ser atualizados e adequados.

6.3.2. Revisão dos contratos


Considerando as novas premissas, os contratos ora estabelecidos com as empresas
prestadoras de serviços, deverão ser revistos.

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6.4. Estrutura Operacional


6.4.1. Serviços de Limpeza Urbana
O momento sinaliza para uma proposta de regionalização nos limites municipais que
não se transforme apenas numa unidade operacional de intervenção e controle, mas
muito mais do que isso, a unidade operacional deve ter base na diversidade de
situações, arranjos e alternativas que serão construídas pela sociedade para o
fortalecimento da capacidade de manejo dos resíduos.
Para possibilitar a execução e fiscalização dos serviços, será fundamental que o
município seja dividido em Unidades Operacionais (UO), de coincidência com a
divisão geográfica da cidade estabelecida pelo Plano Diretor Urbano (PDU). Ainda, a
atualização do PDU desencadeará um positivo processo de revisão no
desenvolvimento dos serviços nas UO estabelecidas.
A divisão municipal em unidades operacionais de acordo com o PDU evita a
sobreposição de dados e possibilita uniformidade na adoção de procedimentos
técnicos desenvolvidos e acumulados. A divisão proposta concebe o conjunto de
unidades operacionais como uma única região para intervenção e ação da PM,
cabendo aos prestadores dos serviços reconhecê-las, descrevê-las e atendê-las no
sentido de imprimir eficiência e eficácia nos serviços prestados intra UO. A Figura 4
apresenta as unidades operacionais previstas.

UO Oeste UO Norte

UO Leste

UO Centroeste

UO Centrosul

UO Sul

Figura 4: Divisão municipal em Unidades Operacionais

Em cada UO prevista, os serviços deverão ser ofertados e executados de forma


igualitária e com o mesmo nível de qualidade. Poderá ao longo do processo de

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implantação do Plano Diretor de Resíduos Sólidos ser detectada a necessidade de


intervenção imediata em uma ou mais UO’s. Tais intervenções deverão ser
apresentadas e discutidas nos Planos Setoriais para possibilitar seu monitoramento e
revisão.

Proposição 10: Divisão do município em 6 unidades operacionais – Oeste, Norte,


Leste, Centroeste, Centrosul, e Sul

6.4.2. Varrição
A varrição se dá, por meio de duas possibilidades: manual e mecanizada. A varrição
manual apresenta as vantagens de varrer qualquer tipo de pavimentação e, ainda,
poder trabalhar sobre os passeios; possui um baixo investimento inicial e um pequeno
custo de manutenção mecânica; e a mão-de-obra empregada não necessita de grande
qualificação. As desvantagens são quase todas de origem social. Existe um constante
encarecimento da mão-de-obra sobrecarregada pelos encargos sociais. Este serviço
apresenta uma elevada taxa de acidentes de trabalho e também um alto índice de
faltas e licenças por motivos de doenças. Ocorre uma alta rotatividade de mão-de-
obra, o que sobrecarrega o setor administrativo.
Existem ainda, problemas de ordem técnica, como por exemplo, a dificuldade para
uma remoção regular de terra, lama, areia, materiais estes que ficam aderidos às
sarjetas. Este tipo de varrição possui um custo operacional maior que o mecanizado,
já que engloba a varrição propriamente dita e os gastos com os caminhões de coleta
que recolhem o material varrido. E, caso não ocorra uma constante fiscalização, são
muitos os gastos com os instrumentos de trabalho.
A varrição mecanizada apresenta igualmente vantagens e desvantagens. Como
pontos positivos destacam-se a maior eficiência na remoção de terra, lama e areia; o
menor período de operação; a economicidade do ponto de vista de mão-de-obra,
necessitando apenas dos operadores das máquinas e dos operadores de
manutenção. Contudo, tais equipamentos só operam com real eficiência em vias de
pavimentação asfáltica ou similar, em bom estado de conservação e em ruas em nível
ou de pequeno declive. A varrição mecanizada perturba mais o tráfego que os
carrinhos-de-mão utilizados na manual e não recolhe os materiais sobre as calçadas.
Outro problema é que o setor a ser varrido deve possuir pontos para abastecimento de
água (água a ser aspergida na operação para minimização da poeira e particulados),
existindo ainda a desvantagem quanto à reposição de peças, onerosa assistência
técnica e necessidade de mão-de-obra especializada para operar o equipamento.
As varredeiras aspiradoras recolhem poeira e água (desde que este material esteja
sob o duto do aspirador) melhor que as mecânicas. Quando acompanhadas de um
mangote, tem a possibilidade de aspirar resíduos sobre o passeio e em bocas de lobo.
As varredeiras sopradoras, “sopram” os resíduos até o ponto de recolha possibilitando
que a varrição seja efetuada no menor tempo possível.

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Os parâmetros que influem nesta atividade são vários, entre eles podemos citar: a
freqüência de serviço, o estado da pavimentação, as características da rua (comercial
ou residencial), o tráfego de veículos e pedestres, a pavimentação das ruas
transversais e o número de terrenos baldios. Em função destas variações, propõe-se:
 aperfeiçoamento da roteirizarão com itinerários, horários e freqüências definidas
em função da importância de cada área na malha urbana do Município, do tipo de
ocupação/uso e grau de urbanização, considerando as UO;
 revisão dos índices de produtividade na varrição, com ênfase na varrição noturna;
 a implantação da varrição alternada em bairros pré-determinados;

 aproveitamento do potencial da varrição mecanizada em roteiros pré-


determinados, com repasses manuais nas vias de maior circulação;
 implantação da varrição por meio de varredeiras sopradoras em parques, praças e
áreas afins.
 desenvolvimento de estudos para a remodelagem dos estacionamentos na área
central com vistas a receber a varrição mecanizada;
 estabelecimento de plano específico para atendimento aos eventos públicos
(Carnaval e o Festival Folclórico, festas do Boi-Bumbá, solenidades, festejos em
bairros, festas juninas, Feira de Artesanato entre outros);
 modificação do recipiente utilizado para a coleta dos resíduos varridos;

 capacitação das equipes gerencial, de fiscalização e operacional visando a


melhoria dos índices de produtividade;
 apropriação de informações sobre a execução do serviço para subsidiar a
apropriação do custo do serviço;

 campanhas de motivação da cidadania, em relação à manutenção da limpeza;


 estabelecimento de sanções para os cidadãos que desobedecem as posturas
relativas à limpeza urbana;

Proposição 11: Introdução do sistema de varrição misto ou combinado (manual e


mecanizada) com vistas manutenção e melhoria da produtividade dos serviços.

Proposição 12: Implementação da varrição alternada em locais específicos.

6.4.3. Conservação da varrição


A conservação da varrição é a complementação do serviço de varrição, propriamente
dito, isto é, destinada basicamente ao recolhimento de todos os resíduos que não
foram coletados durante a varrição. Propõe-se que a conservação da varrição seja

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efetuada pelos agentes de limpeza da equipe emergencial nos locais prioritários, ou


seja, nas praças e jardins, monumentos de interesse turístico e ruas de maior
movimento.

6.4.4. Serviços complementares


As atividades compreendidas pelos serviços complementares se encontram descritas,
seguidas das propostas para sua melhoria.
a) Lavagem de vias públicas, locais de feiras, escadarias, etc.
A lavagem de vias públicas pode ser abandonada e substituída pela varrição
mecânica. Uma das razões é que o equipamento conta com jatos de água para
minimizar a poeira no varrer e de forma indireta executa a lavagem. Outra razão é o
custo da água utilizada nos serviços de lavagem direta. Assim a lavagem deve
restringir-se apenas a limpeza de feiras, escadarias, monumentos e outros.
b) Limpeza de feiras livres
Quando da limpeza de feiras, a lavagem deve ser complementada com a aplicação de
desodorantes, principalmente nos locais de venda de peixes.
c) Jardinagem
Estes serviços têm sido realizados de forma satisfatória, porém será importante
contabilizar informações sobre sua execução para o redimensionamento desse
serviço com a inserção dos novos parques oriundos do projeto Prosamim, subsidiar a
apropriação dos custos e ainda, levantar as necessidades de capacitar equipes
gerencial, de fiscalização e operacional visando a execução dos serviços (uso de
EPI’s, manuseio de ferramentas, noções de botânica, compostagem, etc).
d) Capina
A capinação é uma atividade de difícil planejamento, uma vez que o crescimento da
vegetação depende de diversos fatores não gerenciáveis. Mesmo considerando tais
dificuldades, a intervenção para a capina pode ocorrer de forma manual ou química.
Para a execução deste serviço, propõe-se a utilização combinada (capina manual
+capina química) visando o aumento da produtividade e diminuição do deslocamento
de equipes. O sistema combinado deverá constar no Plano Setorial como serviço
complementar à varrição no qual deverão ser avaliados os riscos associados á
introdução da capina química, a possibilidade de danos colaterais, a persistência após
aplicação e as dificuldades de aplicação com segurança. Deverão ser avaliadas ainda,
alternativas de produtos para utilização na capina química e relatórios quinzenais
devem ser preparados visando o estabelecimento dos índices de produtividade e o
dimensionamento correto das equipes.
e) Limpeza de igarapés
A melhoria no sistema de limpeza dos igarapés deverá ser alavancada por meio de
Plano Setorial de Limpeza e Conservação de Igarapés.

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Paralelamente deverão ser empreendidos esforços para diminuição do volume dos


resíduos depositados nos igarapés com a conseqüente diminuição dos custos
envolvidos nas operações de limpeza por meio de programas de educação ambiental
junto às populações e promovam iniciativas localizadas de reciclagem, como também:
 o estabelecimento de programa conjunto para a desobstrução dos igarapés
(campanhas educativas, etc).

 o estabelecimento de parcerias com universidades locais para a elaboração de


projetos inovadores para a limpeza dos igarapés;
 a fiscalização eficiente nestes locais.

6.4.5. Coleta regular


A coleta é a principal atribuição dentre as atividades de limpeza pública. Por meio de
uma fiscalização constante grande parte dos problemas de ordem social e sanitária
poderá ser minimizada. A ausência de coleta em certos locais implica no
descontentamento da população e causa danos severos ao meio ambiente e a saúde
pública.
Para a realização da coleta regular, o intervalo deve ser tal que não permita o
desenvolvimento de odores e o aparecimento de microvetores. Como metodologia de
coleta iremos adotar a coleta manual, porta a porta e mecanizada, podendo sua
freqüência ser diária ou em dias alternados.
A coleta mecanizada deverá ser introduzida em zonas pontuais e a coleta porta a
porta deverá ser mantida e potencializada nas demais zonas. As zonas determinadas
deverão estar descritas no Plano Setorial de Coleta. Importante destacar que a coleta
manual tem a tendência de conferir uma maior qualidade aos resíduos que poderão
ser aproveitados pela reciclagem.
A coleta regular será realizada nos dias úteis da semana, folgando nos domingos e
feriados. Deverá ser previsto a utilização de equipamentos com capacidade maior para
as segundas-feiras, ou então, aumento do número de viagens. A coleta em dias
alternados implicará em uma economia no transporte e na mão-de-obra. Deverá ser
adotado o sistema diário nas zonas centrais e comerciais e alternado nas demais
zonas.
A coleta deverá ser realizada tanto no período diurno como no noturno. Deve-se
apenas ter cuidado de informar a população sobre o período. Nas zonas de maior
movimento é recomendável a adoção da coleta noturna.
A Tabela 4 apresenta um comparativo entre as diferentes metodologias.

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Tabela 4: Comparativo das metodologias de coleta

Características Manual / Porta a porta Mecanizada


Médio-baixo (se não for
Grau de envolvimento do cidadão Elevado realizada uma campanha
informativa capilar)
Responsabilidade na separação Elevada Baixa
Boa (em relação ao numero
Ótima
Comodidade na e a disposição da caixa
Distância (separação feita em
separação para coletora com rodas ou
casa)
o utilizador em contêiner)
relação a: Otimizada (em relação à Baixa (e em algum contexto,
Freqüência
freqüência adotada) média)
Elevado (compactador mono
Equipamentos Médio-baixo
Custos operador)
Pessoal Elevado Baixo
Qualidade do material coletado Elevada Média
Percentual de recuperação do
50% a 75% 20 a 40%
material
Dotação das plantas necessárias
Mais simples Mais complexa
(seco e úmido)
Custo de tratamento Médio - baixo Médio - alto
Baixa (quanto maior o
Possibilidade de controlar a
contêiner, maior a
quantidade de resíduos coletada Elevada (controlável)
quantidade de resíduos
no trecho
atrelada)
Possibilidade de separação de
Elevada e dificilmente
outros resíduos (especiais, Baixa (controlável)
controlável
perigosos)
Possibilidade de mensuração da
Difícil (impossibilidade de
quantidade de resíduos no Facilitada
controlar a geração)
trecho, quarteirão, etc

Propõe-se que a coleta de resíduos gerados no município seja realizada por meio da
coleta regular, coleta especial (mediante escala ou a pedido, coletando os resíduos
que não foram removidos na coleta regular) e coleta realizada pelo próprio gerador
(indústrias, atividades de engenharia, hospitais e afins, etc), conforme demonstra a
Tabela 5.
Tabela 5: Tipologia de coleta a adotar

Tipo de Coleta Descrição Resíduos


Coleta manual ou porta a porta e
Coleta regular RDO, RPU,RCS
mecanizada
Coleta diferenciada Coleta mediante escala ou solicitação RDO,RPU,RCS
Coleta especial Coleta realizada pelo próprio gerador RSS,RSI, RCD,RST

Ainda, a coleta regular deverá ser estruturada de forma a aplicar as metodologias,


manual e mecanizada. A Tabela 6 apresenta as especificações que deverão ser
atendidas, respeitados os limites estabelecidos para o pequeno gerador.

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Tabela 6: Tipo x método de coleta

Tipo de coleta Método de coleta Locais


Manual ou porta a porta Domicílio, pequeno comércio e seletiva
Regular Condomínios residenciais,
Mecanizado restaurantes, bares, padarias e
lanchonetes e quiosques da orla.
Sempre que solicitado, desde que os
Diferenciada Manual resíduos estejam classificados como
RSD.

Proposição 13: Implementação do sistema combinado de coleta


(manual/mecanizada).

6.4.6. Acondicionamento e armazenamento de resíduos disponibilizados para a


coleta regular
Para que os diferentes tipos de resíduos possam ser coletados é necessário que se
acondicione e armazene os materiais em recipientes ou locais adequados. A forma de
acondicionamento de resíduos é variável em função das características, da quantidade
gerada, da localização e do horário e freqüência de coleta.
O acondicionamento dos resíduos deverá ser padronizado, isto é ocorrer em sacos
plásticos impermeáveis e resistentes. Os materiais cortantes (vidros e similares
quebrados) ou que provoquem riscos ao coletor deverão ser previamente
acondicionado e posteriormente introduzido nos sacos plásticos, de forma a reduzir os
riscos à integridade física do coletor no manuseio dos sacos plásticos. Os recipientes
de armazenamento dos resíduos deverão ser padronizados em conformidade com os
locais de geração.
A responsabilidade de acondicionamento dos resíduos será sempre do gerador. A
Tabela 7 demonstra as formas de acondicionamento e armazenamento dos resíduos
gerados.
Tabela 7: Formas de acondicionamento e armazenamento de resíduos

Forma de acondicionamento e
Resíduo Especificidade
armazenamento
Sacos plásticos e caixas coletoras
Resíduos Domiciliares
com rodas ou contêineres
Sacos plásticos e caixas coletoras
Pequeno gerador
com rodas ou contêineres
Resíduos comerciais
Containeres ou caçambas
Grande gerador
estacionárias
Restaurantes, padarias, Sacos plásticos e caixas coletoras
bares lanchonetes com rodas ou contêineres

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caixas coletoras com rodas ou


Quiosques da orla
contêineres
Quiosques das praças e
Lixeiras
parques
Sacos plásticos e caixas coletoras
Resíduos Públicos
com rodas ou contêineres
Resíduos de Serviços de Eliminação das caixas Atendimento a Resolução ANVISA
Saúde coletoras externas* 306/04
Resíduos de Coleta
Sacos plásticos
Seletiva

Pequeno gerador Sacos plásticos


Resíduos de Construção e
Demolição Atendimento a Resolução
Grande gerador
CONAMA 307/02

*Para os RSS as caixas coletoras externas utilizadas atualmente pelo município deverão
ser sumariamente eliminadas.

No que se refere à utilização de mobiliário urbano (lixeiras, contêineres, etc), são


condições propostas:
 padronização de modelos para cada tipo de uso;
 salvaguarda do equilíbrio ambiental e estético;

 conservação, manutenção e higienização;


 regulamentação do tipo de uso e disposição.

6.4.7. Grandes e Pequenos geradores


Conforme incentiva a PNRS, os resíduos com características de resíduos domiciliares,
gerados em estabelecimentos comerciais e os resíduos de construção e demolição
foram divididos em dois grupos: grandes e pequenos geradores. Os limites de geração
adotados encontram-se descritos a seguir.
Grande Gerador de Resíduos – aquele que gera um volume de resíduos superior a
120 litros ou 60kg.
Pequeno Gerador de Resíduos – o estabelecimento que origina até 120 litros ou 60
kg de resíduos por dia.
Define-se ainda por pequeno gerador de resíduos de construção e demolição a
pessoa física ou jurídica que produza até 1.000 kg ou 50 sacos de 20 litros por dia.

Proposição 14: Definição de grupos de geradores (pequenos e grandes)

Os resíduos dos pequenos geradores estarão sob a responsabilidade do Município e


deverão estar devidamente acondicionados e dispostos a coleta nos horários
estabelecidos.

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Ainda, propõe-se que sejam cadastrados os grandes geradores e seus


transportadores, como também definido mecanismo a ser utilizado para a coleta dos
resíduos dos pequenos geradores como demonstra a Tabela 8.
Tabela 8: Mecanismos de coleta dos pequenos geradores

Proposta Coleta Descrição

os resíduos deverão ser dispostos para coleta regular em


I Fracionada volumes fracionados de no máximo 5 sacos de 30 litros
por dia.

coleta do volume total, respeitado os limites


estabelecidos para o pequeno gerador, a ser agendada
II Integral
de forma a aguardar o tempo mínimo estabelecido em
conformidade com a demanda de serviços.

6.4.8. Planos Setoriais


Propõe-se que sejam elaborados Planos Setoriais de varrição, coleta regular e
seletiva, de limpeza de igarapés e tratamento de resíduos. Para cada atividade,
haverá um Plano Setorial contendo as diretrizes para a prestação dos serviços e o
mesmo deverá estar à disposição da população para que haja o controle social.
Tais Planos deverão ser elaborados a cada administração e revisados anualmente,
com a participação dos gestores e com formas de consulta a servidores e
representantes da sociedade civil, para que se avalie as realidades e as circunstâncias
de realização das atividades, evidencie possibilidades de parcerias com outros setores
da municipalidade e com organizações da sociedade civil além de favorecer o
compromisso de todos para o alcance dos resultados esperados.
Aprovado em linhas gerais pelo prefeito, os programas e projetos prioritários contidos
nos Planos Setoriais devem ser viabilizados em termos orçamentários e gerenciais e,
então, executados e acompanhados. As diretrizes para a elaboração dos Planos
Setoriais estão definidas no Anexo I.

Proposição 15: Elaboração de Planos Setoriais para a prestação dos serviços.

6.4.9. Resíduos Diferenciados


a) Resíduos Industriais
O problema da gestão dos resíduos industriais envolve o funcionamento dos seguintes
sistemas: sistema de responsabilidade, de autoridade e de informação. Os três
sistemas correspondem respectivamente a três dimensões: operacional e comercial,
regulatória e de gestão e governança. Embora tais questões sejam abordadas em uma
única ótica, são questões totalmente diferentes em termos de responsabilidades dos
agentes e dinâmicas na administração e manejo. A Tabela 9 demonstra o descrito.

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Tabela 9: Resíduos Urbanos x Resíduos Industriais

Resíduos Públicos Resíduos Industriais

Serviço público essencial Não é serviço essencial

Obrigação municipal Obrigação do gerador

Envolve interesses privados diretos e


Envolve interesses públicos diretos
interesses públicos indiretamente

Investimentos públicos e alternativamente


Investimentos 100% privados
privados

Contratos multilaterais (agentes públicos


Contratos bilaterais (privado)
diversos)

Foco na atividade – coleta, tratamento e Foco nos resultados da atividade – proteção


disposição. ambiental

Padrões de qualidade individualizados Padrões de qualidade geral ditado pelas


ditado por cada município regras de mercado

Desta forma a correta compreensão das diferenças será fundamental para a


formulação de políticas que favoreçam sua gestão e para tratar a questão dos
resíduos industriais, o município conta com o desenvolvimento de projetos específicos.
Assim, propõe-se que seja disponibilizado apoio à Suframa na elaboração e
implementação do Plano de Gestão dos Resíduos Industriais, porém será necessário
controlar e fiscalizar o fluxo dos resíduos – da geração ao tratamento dos resíduos
industriais.
Propõe-se que sejam cadastradas as empresas que utilizam como insumo a matéria-
prima secundária para possibilitar o acesso das cooperativas de catadores a essas
fontes.
b) Resíduos de Serviços de Saúde
A questão dos RSS é tratada na Resolução ANVISA 306/05, porém as unidades de
saúde no município não atendem a resolução em sua prática. As unidades de saúde
devem apresentar o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) e
submeter à aprovação no órgão de saúde competente. Sua implementação possibilita
quantificar e qualificar os resíduos passíveis de tratamento e disposição como também
incentiva a adoção de procedimentos para a minimização dos mesmos. Desta forma,
propõe-se:
• a identificação e o cadastramento das fontes geradoras (localização, tipologia,
produção média, existência de PGRSS, etc);

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• o estabelecimento de estruturas para a fiscalização e atendimento ás demandas do


setor (fiscalização do atendimento a legislação pertinente no que tange a execução
e implementação dos Planos de Gerenciamento dos RSS);
• a cobrança pela execução dos serviços (transporte, tratamento e disposição final);
• a eliminação do armazenamento em caixas coletoras externas, atualmente adotado
pelos geradores de RSS no Município, pois contraria o disposto na Resolução
ANVISA 306/2004. Assim, o armazenamento deve estar em conformidade com o
que estabelece a resolução e deverá ser efetuada imediatamente.
c) Resíduos de Transportes
A garantia do controle sanitário e a proteção a saúde dos viajantes nos portos e
aeroportos, passa necessariamente pela atenção ao gerenciamento dos resíduos
sólidos. A Resolução CONAMA n° 05/93, define os procedimentos mínimos e
determina que a administração destes estabelecimentos apresente o Plano de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), que deverá ser submetido à aprovação
dos órgãos de saúde e meio ambiente dentro de suas esferas de competência. Como
garantia do controle sanitário e proteção da saúde da população de utilizadores do
sistema, propõe-se que a fiscalização da implementação dos PGRS seja realizada.
d) Resíduos de Construção e Demolição
A Resolução CONAMA n° 307 define as responsabilidades do poder público e dos
agentes privados quanto aos resíduos da construção civil e torna obrigatória a adoção
de planos integrados de gerenciamento nos municípios, além de projetos de
gerenciamento dos resíduos nos canteiros de obra. É pressuposto dessa resolução
que a responsabilidade pelos resíduos é do gerador, cabendo aos demais
participantes da cadeia de atividades, responsabilidades solidárias no âmbito de sua
participação e, ao poder público, o papel de disciplinar e fiscalizar as atividades dos
agentes privados.
A resolução estabelece ainda a obrigatoriedade da implementação de um Plano
Integrado de Gerenciamento dos Resíduos da Construção Civil para os municípios.
Esse Plano deverá adotar soluções diferenciadas para os pequenos volumes, de
responsabilidade do poder público municipal, e para os grandes volumes, de
responsabilidade privada. Desta forma, propõe-se que a resolução em questão seja
atendida e ainda que:
• seja elaborado o Programa Municipal de Gerenciamento de RCD contendo as
diretrizes técnicas e procedimentos para o exercício das responsabilidades dos
pequenos e grandes geradores e transportadores;
• sejam definidas e licenciadas áreas de manejo dos RCD;
• seja efetuado o cadastramento dos grandes geradores e o credenciamento dos
transportadores.

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e) Pilhas e Baterias, Pneumáticos, Lâmpadas, Equipamentos Eletroeletrônicos e


Resíduos Domésticos Perigosos
As pilhas e baterias, os pneumáticos inservíveis, as lâmpadas fora de uso, os resíduos
domésticos perigosos (tintas, frascos e resíduos de equipamentos eletroeletrônicos)
são aqui considerados resíduos sólidos especiais em função de suas características
peculiares que implicam em cuidados especiais no seu manuseio, acondicionamento,
estocagem, transporte ou disposição final. Deverão ser corretamente encaminhados
ao destino final depois de entregues em postos predeterminados aptos ao recebimento
dos mesmos, respeitando os limites estabelecidos para o pequeno gerador. Tais
postos deverão ser disponibilizados pelo prestador dos serviços e o retorno ao gerador
deverá por ele ser articulado com a cadeia em observância ás regras estabelecidas
pela PNRS.
f) Óleo de cozinha usado
O óleo de cozinha usado em especial, deverá ser encaminhado aos Postos de Entrega
Voluntária, para que se dê o encaminhamento aos utilizadores deste material. No
entanto, os utilizadores deverão ser devidamente cadastrados, possibilitando a
rastreabilidade do produto em questão.

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7. TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS


O tratamento de resíduos sólidos pode ser entendido como o conjunto de processos e
procedimentos que conduzem à minimização do risco à saúde pública e à qualidade
do meio ambiente. A adoção de procedimentos para o reaproveitamento dos resíduos
sólidos é condição fundamental que antecede qualquer ação de destinação ou
disposição final.
Considerando os projetos já alavancados no município, dois cenários podem ser
propostos para o tratamento e destinação final dos resíduos gerados.
No cenário 1, utiliza-se o aterro sanitário como método de disposição final. Para que
os volumes encaminhados à disposição sejam diminuídos resultando em alívio do
sistema, esforços deverão estar centrados na educação da população para a
minimização dos resíduos gerados e a segregação dos resíduos na fonte deverá ser
privilegiada.
No cenário 2 a confecção do Combustível Derivado de Resíduos (CDR) é privilegiada.
Porém o aterro ainda é parte do sistema e as tecnologias para a destinação deste
material devem estar implantadas. Caso contrário o sistema resultará em apenas
modificação do estado físico dos resíduos visando a estocagem.
Importante destacar que, na adoção do primeiro cenário, além do aterro sanitário, no
qual serão dispostos os resíduos não perigosos, persiste a utilização de aterros
especiais para a disposição dos resíduos perigosos.
Na adoção do cenário 2, os resíduos resultantes do processo, deverão ser
encaminhados exclusivamente para os aterros de resíduos perigosos.

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Cenário 1- Utilização de aterro sanitário para a disposição final Cenário 2 – Confecção de Combustível Derivado de Resíduos

RESÍDUOS RESÍDUOS
GERADOS GERADOS

SEPARAÇÃO PRÉVIA
COLETA

DESFERRIZAÇÃO

Podas e Resíduos Resíduos SEPARAÇÃO MECANIZADA


Jardins não recicláveis
recicláveis VIDRO
PAPEL FRAÇÃO SECA FRAÇÃO ÚMIDA
Compostagem PAPELÃO
PLASTICO
Seleção METAL
OUTROS Compactação Paletização Trituração
COOPERATIVAS
Composto DE CATADORES

Rejeito especial Estabilização


CDR
Rejeitos Rejeitos utilizado como
combustível
Composto

Indústria

ATERRO
TERMOVALORIZAÇÃO ATERRAMENTO

Geração de energia/MDL COPROCESSAMENTO


Recuperação de gases OU
TERMOVALORIZAÇÃO

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8. SISTEMA DE INFORMAÇÕES MUNICIPAL EM RESÍDUOS SÓLIDOS


Em conformidade com o modelo proposto é necessário ser concebido um
procedimento que permita o acompanhamento permanente do setor. Assim, as
operações de limpeza urbana e de manejo dos resíduos ficam sujeitas a um
procedimento administrativo que asseguram o efetivo monitoramento das atividades.
Neste contexto, a estruturação do Sistema de Informação sobre Resíduos (SIMUR),
georeferenciado, otimizará o processamento da informação estatística neste setor. É
neste enquadramento que o SIMUR uniformizará o registro e acesso a dados sobre
todos os tipos de resíduos gerados no âmbito municipal. Para o efeito, a
obrigatoriedade de efetuar o registro permanece a cargo dos gestores e operadores
dos serviços, de maneira integrada, o que permitirá a interação entre a PMM e os
demais órgãos de Meio Ambiente, o tratamento dos dados e a otimização dos
procedimentos e validação da informação, bem como a disponibilização ao público de
informação atualizada sobre o setor.

Proposição 16: Implementação do Sistema de Informações Municipal sobre Resíduos


Sólidos – SIMUR.

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9. CAPACITAÇÃO
As condições operacionais e a capacitação técnica estão interligadas, Em termos
de condições operacionais, esta passa pelo nível individual e coletivo. No individual,
cada trabalhador deverá estar devidamente fardado e dispor das ferramentas e
equipamentos de proteção individual necessários para assegurar que as atividades a
ele imputadas sejam desempenhadas com segurança. Já no aspecto coletivo, a
equipe de funcionários deve possuir uma estrutura física minimamente equipada,
como vestiário, refeitório, e dispor dos equipamentos de proteção coletiva.
No que tange à capacitação técnica, merece destaque a necessidade de se
estabelecer um amplo programa envolvendo todos os segmentos do sistema de
limpeza urbana – do agente de limpeza e varredor, aos gerentes de departamentos,
chefes de setores, fiscais e pessoal administrativo.
Neste sentido, a capacitação deve estar orientada para três níveis diferenciados: nível
técnico-gerencial, nível operacional e fiscalização.
• Nível técnico gerencial: o papel do gerente, aspectos técnico-operacionais do
serviço de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, procedimentos da
fiscalização e formas de comunicação interna.
• Nível operacional: o papel do agente de limpeza na qualidade dos serviços,
segurança no trabalho, trabalho em equipe, orientações técnicas sobre as
atividades operacionais a serem executadas, uso de ferramentas adequadas para
cada atividade, regras de manutenção dos equipamentos, relacionamento
interpessoal, comunicação com a população;
• Nível fiscalização: o papel do fiscal na manutenção da limpeza, instrumentos
legais disponíveis, diferentes tipos de geradores de resíduos sólidos, os serviços
disponibilizados para o munícipe, direitos e deveres do munícipe, procedimentos
para o exercício da fiscalização em parceria com outros órgãos com atribuição
correlata.

Proposição 17: Implementação de um programa de capacitação continuado.

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10. PLANO SOCIAL


O conjunto de dados apresentados no diagnóstico evidencia que são muitos os
problemas enfrentados pelos catadores. Dimensões importantes dos entrevistados
que trabalham com a atividade de catação, como moradia, saúde e organização,
podem ser consideradas muito distantes do mínimo exigido para que se tenha uma
vida digna e com perspectiva de ruptura do ciclo de pobreza.
Para que o município caminhe na direção de um desenvolvimento econômico e social
sustentável, urge a necessidade de intervenção do poder público na realidade dos
catadores por meio de um planejamento que tenha como foco o acesso dessa
população aos direitos básicos sem, contudo, eximi-los de suas responsabilidades.
No que se refere à inserção no processo produtivo, os pequenos ganhos retirados da
atividade de catação, possivelmente em função da falta de organização e
profissionalismo dos catadores, apontam para a necessidade de se promover
condições dignas de trabalho, melhorar o acesso à educação, saúde, capacitação e
noções de empreendedorismo como necessidades básicas para seu desenvolvimento
social e econômico.
Considerando que o PDRS-Manaus tem como perspectiva indicar o apoio à
organização do grupo de catadores, além da criação de uma relação entre esse grupo
e o poder público, é de fundamental importância que se discuta a sua qualificação
para inserção no programa de coleta seletiva em desenvolvimento no Município.

Proposição 18: Fortalecimento organizacional e de qualificação profissional dos


catadores por meio de capacitação abordando aspectos operacionais, gerenciais e
interpessoais.

Proposição 19: Reestruturação das modalidades de coleta seletiva com a


participação das organizações de catadores, sem prejuízo da atuação da própria
Prefeitura.

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1. ANEXO

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ANEXO I
DIRETRIZES PARA A ELABORAÇÃO DOS PLANOS SETORIAIS

São diretrizes para a elaboração dos Planos Setoriais:


 Descrição da identidade do setor
A missão, a visão e os valores do setor, os princípios das políticas públicas sob sua
responsabilidade e as obrigações legalmente estabelecidas.
 Estabelecimento das demandas e expectativas da sociedade
Os principais problemas a enfrentar, suas causas e conseqüências. Vantagens e
desvantagens da solução adotada, considerando o valor político da solução dos
problemas para o município e os demais atores, para a população afetada e a para
população geral.
 Definição dos objetivos e da estratégia
Estabelecido do problema e suas causas. Deverão ser identificados o objetivo geral e
os específicos das ações que devem ser realizadas, bem como os recursos (políticos,
econômicos, cognitivos, institucionais) disponíveis.
Deverão ser sugeridas diferentes formas de enfrentar o problema e a partir das
sugestões deverá ser escolhida uma das estratégias (seqüência ordenada de ações).
As seguintes questões devem ser respondidas para cada plano:
 Por quê? - justificativa / entendimento do problema
 O quê? - a ação / estratégia a ser realizada
 Onde? - localização no espaço – área de influência das ações
 Para quem? - o público-alvo a ser atendido
 Para quê? - objetivos / resultados a atingir
 Como? – metodologia, ordem das ações, procedimentos
 Com quê? - os recursos necessários
 Com quanto? - recursos financeiros e materiais
 Com quem? - recursos humanos
 Quando? - localização no tempo – cronograma
 Quem? - responsável
 Avaliação das condições do setor
Avaliação dos pontos fortes e fracos do setor, bem como as ameaças e oportunidades
oferecidas e as potencialidades a desenvolver.
A eficiência e eficácia dos programas que já eram desenvolvidos e uma estimativa da
demanda reprimida. Definição de quais devem ser descontinuadas, os custos de sua
desmobilização e o aproveitamento dos recursos liberados.
Ajustar as ações em andamento e previstas às diretrizes estratégicas do plano de
governo.
Definir os procedimentos legais e institucionais que deverão ser realizados para
garantir legitimidade às iniciativas.
 Execução da estratégia
Descrição das ações que viabilização a execução da estratégia e estabelecimento dês
principais dados que viabilizão as condições operacionais da execução.
 Acompanhamento das ações e seus resultados
Promover a permanente avaliação e replanejamento.

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