PUBLICAÇÃO MENSAL DA AMALBA
ACADEMIA MAÇONICA DE LETRAS DA BAHIA
ANO V
Deixar de exercer o sagrado
direito de votar é atentar contra
um dos mais importantes dos
direitos fundamentais. A inteli-
gência humana evoluiu, produ-
zindo, ao longo do tempo e de-
pois de cruel sofrimento, esse
genial modo de escolher gesto-
res de organizações de varia-
das dimensões. Desde as mais
antigas eras, os agrupamentos
humanos passaram por diver-
sas formas de escolha dos
seus dirigentes, da tribo até al-
cançarmos o estado democráti-
co de direito.
Em salto quântico, histórico,
sabe-se que os sistemas efeti-
vamente republicanos atuais
passaram a utilizarem-se do
voto para tomada de decisões,
prevalecendo, assim, como pa-
râmetro definidor, a vontade da
maioria para escolha dentre
opções disponíveis. Muitas lu-
tas resultaram no modelo hoje
adotado, no qual foram supera-
OUTUBRO 2020
Editorial — Palavra do Presidente
das distinções e limitações de
ordem social. Presentemente,
no direito brasileiro, é assegu-
rado o voto, de forma obriga-
tória, para os maiores de de-
zoito anos, e facultativo, para
os analfabetos, os maiores de
setenta anos e os menores de
dezesseis e maiores de quator-
ze anos, nos termos do art. 14,
§ 1º, incisos I e II; deste último,
alíneas a, b e c, da Constitui-
ção Federal.
Ressalte-se, pela expressiva
importância do tema, que, vi-
sando ao melhor proveito, no
processo eleitoral que adotou,
a Carta Magna brasileira con-
sagra, prioritariamente, “o su-
frágio universal e pelo voto
direto e secreto, com igual
valor para todos...” Esse lapi-
dar exemplo deve ser imitado
pelas organizações civis, prin-
cipalmente as que ainda ado-
tam, anacrônica e incompreen-
sivelmente, os votos colegia-
dos, que não representam a
real vontade eleitoral dos seus
integrantes.
O êxito do exercício da ativida-
de política e da administração,
em qualquer entidade organi-
zacional, pública ou privada,
depende, essencialmente, da
qualidade da escolha feita pe-
los eleitores. Quando se avizi-
nham eleições no âmbito muni-
NÚMERO 45
cipal, no sistema político brasi-
leiro, cabe a cada eleitor a res-
ponsabilidade de bem refletir
sobre a escolha a ser feita, pro-
movendo, na oportunidade que
se nos apresenta, o desejado
aperfeiçoamento administrati-
vo, mediante o sufrágio dos
candidatos que possuam real
qualidade a fim de exercerem o
cargo para o qual poderão ser
eleitos, tanto no campo técnico,
quanto ético, com vistas à reali-
zação de trabalho honesto, no
trato com a coisa pública, obe-
decendo os princípios constitu-
cionais da legalidade, impesso-
alidade, moralidade, publicida-
de e eficiência.
Cândido A. Vaccarezza
Cadeira nº 26
Presidente
PAG NESTA
EDIÇÃO
2 Loja 3 de Outubro
Meditação
3
4 Eu e a Maçonaria
A viagem do
5
Sr. Miro
Progresso ou...
6
7 Acácia do
Paraguassu
8 Simbologia
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Como parte das comemorações, bastante restritas

por causa do COVID 19, tivemos a brilhante pales-
tra do querido irmão Admilson Quintino Sales, um
dos expoentes e baluartes da maçonaria baiana, na-
cional e mundial, maçom de alto quilate dentre a
plêiade que compõe nossos quadros.
Admilson fez uma exposição completa da trajetória
da Loja, ressaltando o quadro dos irmãos fundado-
res e o motivo da nomeação da Loja, “pois a esco-
lha do nome 3 de Outubro, teve como propósito
homenagear a data em que foi sancionada a Lei
2004, que criou a Petrobras, Petróleo Brasileiro S/
A, atendendo aos reclamos do Povo Brasileiro”.
Admilson ressalta que “o apoio, a boa vontade e a
57 anos da Loja 3 de outubro sabedoria do Sereníssimo Grão-Mestre, Joir Brasi-
leiro, foram de importância vital para a criação da
Loja”. Segundo ele, “após algumas considerações,
Fundada em 3 de Outubro de 1963 a A.’.R.’.L.’,S,’, o Grão-Mestre designou, imediatamente, o Irmão
3 de outubro completou semana passada 57 anos de Ivo Lopes da Silva como orientador no processo
existência. dos trabalhos preliminares”...
“E, assim, a partir de 1961, foram iniciados os con-
tatos com os maçons existentes no quadro funcio-
nal da Petrobras, nas unidades da Bahia – Região
de Produção, Mataripe, Essal e Madre de Deus –
unidos por um mesmo sentimento e desejosos de
uma maior aproximação e estreitamento dos laços
PUBLICAÇÃO MENSAL DA AMALBA fraternos, além de maior convívio com as Lojas
diretoria existentes em Alagoinhas, Catu, Pojuca, Mata de
São João e das demais sediadas em Salvador, os
Cândido Augusto Vaccarezza entrevistados manifestaram e demonstraram a satis-
Presidente
fação e o interesse de reunir o rebanho, o mais rápi-
Antônio Tadeu Bahia Menezes do possível”.
Secretário Geral
A Sagração do Templo ocorreu sob a direção do
José Alconso da Silva Filho Seren... Grão-Mestre da GLUB, Joir Brasileiro, la-
Diretor de Relações Públicas deado pelo Eminente Grão-Mestre da GOEB, Ber-
Fernando Gimeno nardo Spector, tendo como Orador da Sessão o Ir...
Diretor de Imprensa e Comunicação Virgílio Sobrinho, que falou sobre a “Simbologia
Israel Medrado
do número três”.
Diretor de Finanças “Jamais a Loja deixou de homenagear os vultos
importantes e as datas cívicas mais significativas da
ACADEMUS é uma publicação mensal da História do Brasil; de aperfeiçoar os seus Obreiros
AMALBA no justo Aprendizado da Ritualística e Liturgia,
Academia Maçônica de Letras da Bahia estabelecidos em nossos Rituais; de contribuir com
Telefones as Administrações da Grande Loja Maçônica do
(71)99118-3133 Estado da Bahia, em todas as suas convocações; de
GOEB (71)3243-9162 buscar sempre o relacionamento e o estreitamento
(71)99168-2485 dos Laços Fraternais com as demais Lojas jurisdici-
E-mail onadas da GLEB, da capital e do interior; de parti-
cipar das Ações de Iniciativa dos Obreiros da Loja
ou as de caráter coletivo, objetivando ajudar aos
gimeno1947@gmail.com
fergicavalca@hotmail.com
excluídos socialmente; em participar de movimen-
tos em defesa da Nação e dos Cidadãos, quando
Os artigos assinados são responsabilidade de seus autores. convocada a fazê-lo, através dos seus Obreiros,
completa Admilson”
NÚMERO 45 OUTUBRO 2020
Fergi Cavalca
Pequeno trecho retirado do livro “Os doze
degraus do Templo Sagrado”.
Ângelo comentou:
― Tanto a meditação quanto a visualização
são ferramentas extraordinárias para aquele que
queira projetar a consciência consiga resultados
satisfatórios. Entretanto, sem a alquimia mental
nada feito. A principal mudança é, sem dúvida,
interior; mudança principalmente de atitude pe-
rante a vida e seus valores conceptuais. A visuali-
zação é um exercício imprescindível para treinar
a mente a não se distrair com o meio externo. Is-
so tudo se adquire através de treinamento diário
realizado com perseverança e método. Quanto
maior a persistência no procedimento preconiza-
do de liberação espiritual, melhores resultados
certamente serão alcançados.
Perguntei incontinente:
― E qual a melhor técnica para se atingir um
estágio eficiente no processo de meditação? Nor-
malmente pensamos em relaxar, imaginar um la-
go azul...
Ângelo concordou com um movimento de ca-
beça. Calmamente explicou:
― É isso mesmo José! O objetivo principal da
meditação é esvaziar o máximo possível a mente
para atingir a quietude total; a mente é inquieta
por natureza... como se fosse um animal selva-
gem que ainda não foi domesticado. Ela não para
e a imaginação cai sobre ela como imensas e pe-
sadas pedras, fazendo barulho e agitando com sua
turvação os pensamentos que ali deveriam estar
em repouso.
Ângelo enfatizou:
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― Quanto mais praticamos a meditação, mais a
mente se silencia e conseguimos nos aproximar
da quietude que prenuncia o vazio. Sim, vazio!
Isso mesmo, extinção, morte dos pensamentos!
Queremos a mente vazia para melhor nos fundir-
mos com o Todo.
Perguntei novamente:
― Mas você ainda não me esclareceu como se
consegue isso.
Ângelo riu da minha ansiedade insistente e dis-
se:
― Meu querido amigo, esvaziar a mente é difí-
cil! Mas existem métodos que podem ser utiliza-
dos e dão bons resultados dependendo, claro, do
sujeito que está praticando a experiência. Você
pode explorar a quietude, conforme foi dito, e
usar a técnica da extinção pelo relaxamento; o
lago azul e sem ondas é um dos focos para conse-
guir o intento. Outro processo que também já
mencionei, é a plena atenção: consiste em manter
a mente alerta e vigilante com tudo o que está se
passando ao redor. Isso faz com que não se deixe
espaço para pensamentos comuns que desviam a
nossa atenção e, assim, através de mentalizações
que não se fixam vamos esvaziando a mente dos
problemas cotidianos, podendo chegar a estados
interessantes de relaxamento.
Ângelo suspirou e continuou:
― A repetição constante de uma frase como,
por exemplo, “eu sou luz”, ou palavras como
“amor”, “paz”, “saúde” ou similares faz com que
a mente, além de não deixar que os pensamentos
se apropriem dela, se canse com o repetitivo e
acabe se esvaziando. A concentração total em al-
guma coisa ou em algum objeto durante um bom
período também pode ser eficaz. Pode-se ainda
fixar a vista em algo como uma árvore, observan-
do-a e imaginando-a como um ser vivo à sua
frente sem desviar o pensamento...
Ângelo falou sorridente:
― Perceba José, que existem inúmeros proces-
sos para se ‘esvaziar’ a mente, mas todos são di-
fíceis de conseguir, apesar do princípio ser algo
bastante simples. Como tudo na vida depende de
treino! Anos e anos a fio! É como jogar tênis, fu-
tebol, tocar piano... No momento que controlar-
mos a nossa vontade sofreando as emoções ime-
diatas que teimam em nos controlar, poderemos
atingir estados muito benéficos onde a mente, li-
vre da balburdia do cotidiano descanse em luga-
res bastante atraentes.
NÚMERO 45 OUTUBRO 2020
EU E A
MAÇONARIA
Há alguns anos indagaram-me
sobre o que era a MAÇONA-
RIA e como ela entrou em
minha vida. E, tentando retra-
tar fielmente o que me levou
a ser MAÇOM, escrevi este humilde texto, que mais uma
vez , peço licença aos meus IRMÃOS.'. e AMIGOS para
compartilhá-lo, buscando dirimir algumas dúvidas e es-
clarecer outras:
Todos sabem que gosto de escrever meus textos, sem-
pre levando uma palavra de AMOR, de SOLIDARIE-
DADE, de ESPERANÇA, de TOLERÂNCIA, de
IGUALMENTE e RESPEITO entre as pessoas e dirigi-
dos, principalmente, à FAMÍLIA, essa instituição tão
deixada em segundo plano atualmente. E, ao encerrá-los,
rogo ao GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO que
nos PROTEJA e ABENÇOE.
Aí, alguém me indagou se eu era Maçom e, como sen-
do Maçom, podia pregar a Palavra de Deus nos meus
textos, frequentar a Igreja Católica, citar reflexões Espíri-
tas, além de fazer menções aos cultos de raízes africanas.
Meus Amigos e Irmãos .'. , antes de ingressar na Maço-
naria, passei a buscar informações sobre ela, principal-
mente, em vista dos ensinamentos religiosos e espirituais
em que fui criado, e, confesso, que, inicialmente relutei,
recusei os convites para adentra-la, pois, mesmo sem
conhecer com profundidade seus princípios morais e éti-
cos e, do que significava ser um VERDADEIRO MA-
ÇOM, e, mesmo depois ao saber um pouco deles como
neófito, por não me achar digno de fazer parte da FAMÍ-
LIA MAÇÔNICA.
Somente o fiz após me sentir pronto para me aperfeiço-
ar na busca de tornar-me um ser humano melhor e fiel
aos ensinamentos de DEUS. E, nela, após minha inicia-
ção, descobri o real sentido da CARIDADE, do AMAR
MEU SEMELHANTE COMO UM IRMÃO e de SER-
VIR àqueles que necessitam de apoio e ajuda com TO-
LERÂNCIA, RESPEITO e principalmente AMOR.
VOCÊS SABIAM QUE A MAIOR EXIGÊNCIA PA-
RA SE TORNAR UM MAÇOM É O DE CRER EM
DEUS?
Muito se fala da Maçonaria, muitos à veem como algo
diabólico, repleta de segredos e de práticas de rituais que
ferem os ensinamentos de Deus.
Mera fantasia ou maldade daqueles que, por medo ou
falta de conhecimento, assim agem, pois a MAÇONA-
RIA, independentemente da religião do Maçom, tem na
BÍBLIA o LIVRO SAGRADO, o LIVRO DA LEI (ele
pode ser do Católico, do Protestante, do Evangélico, do
Budista, do Alcorão) o qual utilizamos em nossas Lojas
Maçônicas por todo o mundo, sendo obrigatório, antes de
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iniciarmos nossos trabalhos, de o abrimos e ler um dos
seus Salmos.
Devo esclarecer que a Maçonaria mesmo não sendo
uma religião, nem partido político, e sim uma sociedade
discreta, onde suas ações são reservadas e interessa ape-
nas àqueles que dela participam, nunca deixou de atuar
nos nobres movimentos sociais do Brasil, como ocorreu
em diversos episódios da nossa história como na Aboli-
ção da Escravatura, na Inconfidência Mineira, nas lutas
pela Independência do Brasil, na Proclamação da Repú-
blica e outros, até mesmo políticos.
A Maçonaria é uma sociedade universal, cujos mem-
bros pertencem a várias classes sociais, na qual desejam
o melhor para a humanidade, buscam os princípios da
LIBERDADE, da DEMOCRACIA, da IGUALDADE,
da FRATERNIDADE e do APERFEIÇOAMENTO IN-
TELECTUAL.
Vale ser repetitivo, a Maçonaria admite que todo ho-
mem é livre e possui bons costumes, não fazendo distin-
ção de raça, religião, ideário político ou posição social.
Suas únicas exigências são crer em Deus e que o candi-
dato possua um espírito filantrópico e de buscar sempre a
sua perfeição, aprendendo e permitindo-se mudar moral-
mente, pois ao ingressar na Maçonaria, todos nós somos
como pedras brutas, que precisam ser lapidadas.
Assim , poucos são os que conhecem a verdadeira Ma-
çonaria e muitos são aqueles que dela se aproveitam ou
querem denegrir a sua imagem, e, da mesma forma, bus-
cam através dela um suposto enriquecimento material e
galgar um "destaque social", quando em verdade lá só
no enriquecemos espiritualmente e buscamos ser melho-
res homens para nossas Famílias e cidadãos de bem para
a sociedade e para o nosso País.
Como na vida e em todo ramo de atividade profissio-
nal, existem pessoas que fogem aos ensinamentos de
Deus e da Ética e, na Maçonaria não seria diferente, pois
não somos perfeitos, e, como disse acima, ingressamos
nela carregando as imperfeições do mundo profano em
que vivemos para, através de seus ensinamentos e nor-
mas, mudarmos nossas atitudes e evoluirmos como seres
humanos, e, se assim não procedermos estamos sujeitos a
um Código e as suas penalidades, inclusive, com a perda
dos direitos maçônicos.
Espero que, assim como o Amigo que me fez a indaga-
ção, todos tenham ficado satisfeitos com este meu humil-
de texto e possam olhar a MAÇONARIA com outros
olhos, pois, somos todos filhos e filhas de Deus, Daquele
que chamamos de GRANDE ARQUITETO DO UNI-
VERSO, e, que possa Ele nos ABENÇOAR e PROTE-
GER por toda a nossa existência.
MUITA LUZ e FORÇA.
Paulo Vicente Guerreiro Peixoto.'.
Venerável Mestre da Respeitável Loja Maçônica
Acácia do Paraguaçu 103
Oriente de Maragogipe- Bahia.
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homem convidou: “Senhores passageiros, aqui é o seu co-
A mandante. Para no caso desta aeronave cair no mar, informa-
mos que as poltronas nas quais os senhores estão sentados são
EMOCIONANTE flutuantes...”. Rapaz! Aí, eu fiquei ali matutando literalmen-
te... o matuto pensando... sabe, né? Cadeira flutuante! Pra
VIAGEM DE quê? Então, disse pra mim mesmo: vou perguntar para a aero-
moça. E foi o que eu fiz. Não demorou, a belezura vestida
AVIÃO DO de saia azul-marinho e gravatinha, me lembro como se fosse
hoje, apareceu com uma caixinha de lanche, coisa boa, pare-
SR. MIRO cendo uma caixa de sapato de criança, daí, aproveitei e per-
guntei: ô, minha filha, me diga, peço, o que vem a ser cadeira
flutuante? E ela, com aquela voz mimosa e sotaque gaúcho,
deu um “tchezinho” e, muito educadamente, respondeu excla-
mando e perguntando: “Oras! Mas o senhor não ouviu? É para
no caso de o avião cair no mar!” E foi embora. Aquela resposta
Senhor Miro um dia contou...
só fez piorar a minha compreensão. E eu fiquei ali a pensar...
Moço, me chamo Altamiro Miranda de Canoas, mas por Miro de repente, os motores param, daí, o avião cai e, para a sorte
sou tratado e conhecido! Estava eu em atividade de encontro nossa, cai exatamente no mar. Daí, para mais sorte nossa, ele
dos expedicionários do Exército Brasileiro, a convite do meu não afunda... uma hipótese. Em meio ao pânico que deve se
irmão Edvardo Miranda de Canoas, ex-combatente que lutou instalar, com pedaço de avião e de gente pra todo lado, eu, so-
na Itália com os aliados, em 1943, e, de passagem dada, a brevivente, se Deus assim permitir, levanto dessa minha cadei-
convite da Força Aérea Brasileira - FAB, peguei o avião em ra flutuante, saio procurando uma chave de boca, de preferên-
Salvador, no Aeroporto Dois de Julho, com destino ao Aero- cia uma “chave inglesa”, que pode ser ajustada pra qualquer
porto de Barreiras, cidade que servira de base para a Força “porca”. Aí, vai que, com a mesma sorte de ganhar treze vezes
Aérea Americana, durante a Segunda Guerra Mundial. Estava do primeiro ao quinto no “bicho”, com as dezenas treze, treze,
eu ali, com medo, é claro, mas segurando o vexame. Dizia pra o que é praticamente impossível, eu consiga a bendita ferra-
mim mesmo... se esse povo aqui tem coragem, eu também menta. Aí, eu desparafuso a “bendita-poltrona-flutuante-pra-
tenho. Entrei e fique ali sentadinho observando tudo. O am- que-porcaria-não-sei” e saio carregando no meio do maior
biente estava formidável... tinha até um tenente ex- tumulto que deve se instalar. Aí, abro a porta do avião que
combatente, “chouriçando” meus sentimentos com uma can- está flutuando como um navio no mar do piloto, totalmente
ção que falava de todos os cantos do Brasil. O dito me deu emfora da rota, é claro, visto que a cidade de Barreiras fica a
papel escrito, pra eu acompanhar a banda militar, quando no mais de oitocentos quilômetros de distância do mar. Daí, faço
evento estivesse. Segundo o próprio oficial... “Canção dos uma fervorosa oração pra Deus parar o mar e o avião parar de
Expedicionários” - letra do poeta Guilherme de Almeida! Mas balançar, e atendido pelo Criador, lanço a cadeira na água, que,
a parte que mais me marcou foi o verso que cita Senhor do por mágica dos deuses, fica ali paradinha, esperando por apa-
Bonfim. De pronto, lembrei da minha Bahia, dos momentos rar a minha bunda xoxa. Aí, tudo paradinho e, com trinta anos
de idade que eu tinha na época. Jovem,!Não mágico!Tomo distância
sacros e profanos de fé e alegria, que ocorre todos os anos, nas
segundas-feiras, após o Dia de Reis, que se comemora em seis dentro do avião - um DC 3 bimotor, que não era tão comprido
de janeiro, quando, em procissão, gente de todo mundo, em um assim. Aí, venho em disparada e dou um salto fenomenal, a
percurso de oito quilômetros, faz em andor e em ombros trans-virar em pleno ar para cair certinho e encaixadinho na bendi-
portado, da Igreja da Conceição da Praia até a Colina do Se- ta “poltrona-boia”. Lá, sentadinho, recolho os meus pés para
nhor do Bonfim, o santo venerado. Mas voltando ao assunto do os tubarões não comerem e, à deriva, fico esperando o resga-
avião... “o bichão” era um luxo só. Quando em um determinado te. A lembrar que os demais passageiros estarão também no
momento olhei por uma janelinha de vidro e vi um ventilador mesmo procedimento de se salvar, como disse... na “bendita-
poltrona-flutuante-pra-que-porcaria-não-sei”. - Moço, ima-
enorme preso na asa, não acreditando, levantei, pedi licença ao
moço e olhei pela janelinha do outro lado, e lá também vi um gina essa operação impossível. Imagina se cabe uma coisa
ventilador na asa, foi quando eu perguntei: “Mas homem, são dessa. Depois de muito matutar, não aguentei e comecei a
rir como vocês ora riem. Eu ria sem parar, quando as aero-
esses ventiladores que fazem esse bichão subir, é?” O moço, en-
tão, balançou a cabeça e disse meio contrariado... “É!” Acho moças vieram questionar o motivo da minha alegria, aí,
que ele pensou que estava de gozação. Com o susto, exclamei: não contei conversa e falei em tom alto do mesmo jeito
“Arre égua!” Quer dizer que a minha casa pode, de repente, que, imaginem, estou a falar. Meu Deus, já sabem né? Foi
tanta risada das aeromoças, passageiros e pilotos que ti-
voar e eu nem sabia. Pois, de hoje em diante, o meu ventilador
vemos que dizer aos pilotos que não fazíamos gosto em
só ligarei depois de amarrar. E mais eu conto... aconteceu que o
avião subiu, subiu, subiu, já estava lá no céu, quando, em umtestar as “cadeiras-barco” e que eles prestassem atenção
determinado momento, uma voz de mulher falou no autofalante ao volante. Na verdade, o que gostaríamos de ouvir era
que a aeronave estava equipada com um paraquedas do
dizendo que o avião estava a dez mil pés de altura e velocidade
de cruzeiro. O cruzeiro, falo a moeda, naquela época estava tamanho da lona de um circo e que, em caso de pane, se-
ria aberto e o avião cairia suavemente na terra, é claro!
fraco. Tal dito logo me fez imaginar que o avião ia cair. Lem-
Pois eu não sei nadar. Diacho! Risos... Podem rir!!! .
bro como se fosse hoje...inclusive liberando a área dos fuman-
tes, para quem quisesse fumar, mandassem brasa literalmente
Autor: José Alconso da Silva Filho - Cad. nº 24 AMALBA
no Gaivota, Hollywood, Continental, Astória ou Carlton,
marcas de cigarro mais usadas na época. Até aquele momento, Ilustração: Tiago Nunes Genuino
estava tudo racional. Foi quando, ao final da fala, uma voz de
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PROGRESSO OU LIDERANÇA
José Maurício Guimarães
Líder e liderança não são a mesma coisa: é possível
alguém ocupar um cargo “de liderança” e não conse-
guir sequer motivar seus colaboradores: são os “chefes”
que apenas estão no poder. A pessoa que verdadeira-
mente “inspira” os demais nem sempre ocupa um car-
go, pois tal proeminência exige CRIATIVIDADE: ca-
pacidade de conceber ideias e “imagens” a partir de
situações e questões, interpretando-as e formulando
ponto de vista CLARO e assimilável.
São perdas de tempo os tais estudos que classificam
líderes e liderança em três, quatro ou mais tipos como:
liderança autocrática, liderança liberal, lideran-
ça democrática e liderança coaching. Fico a pensar se
Platão, Napoleão Bonaparte, Churchill ou Einstein fize-
ram coaching...
Em se tratando de uma Ordem (ou sociedade) como a
nossa ‒ a Maçonaria ‒ esqueçam tudo isso (por enquan-
to) e analisem o assunto com as próprias cabeças.
Tento analisar o problema com minha cabeça; posso
estar redondamente enganado, mas exerço o livre pen-
sar sem pretender ser formador de opinião; quem já me
xingou disso (formador de opinião) recebeu merecida
resposta.
Teóricos ganham bastante dinheiro com intermináveis
falatórios sobre o tema; gastam horas do nosso tempo e
enriquecem as suas (deles) contas bancárias explicando
diferenças entre gestão e liderança. Conceitos de líder
servidor, líder liberal, líder democráti-
co, autocrático, líder técnico, motivador, líder carismá-
tico, etc. são firulas ‒ rebuscamentos da fala para expri-
mir coisas simples que o homem comum sabe distin-
guir por intuição. No nosso caso basta, como já disse,
raciocinarmos com o próprio bestunto:
1) sendo a Maçonaria uma síntese de diversas tradições
filosóficas, sociais, políticas, correntes intelectuais e
atitudes de transcendência; 2) sendo a Maçonaria um
sistema que visa profunda e sincera reforma de seus
membros pela REFLEXÃO íntima; 3) sendo a Maço-
naria um método de reforço do caráter, de aprimora-
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mento da bagagem moral e espiritual e do aumento dos
horizontes culturais; 4) sendo a Maçonaria uma organi-
zação composta por instituições que permitem a seus
membros o exercício constante busca da verdade, SEM
QUAISQUER DOGMAS OU DIRECIONAMEN-
TOS... ‒ ... como e por que poderíamos conceber AL-
GUÉM investido na função mística ou divina
(guru ungido pelos deuses) capaz de definir metas, im-
pactar a vida das pessoas ao seu redor, “ser admirado
para ser seguido” e incensado ‒ como ensinam novas
escolas de treinamento ‒ ou vir impor-se por diversos
meios, artifícios claros ou sub-reptícios?
Estou tentando, aqui, nessas mal traçadas linhas, exer-
citar o livre pensar; reconheço que, na qualidade de
mortal, posso estar “enganadamente redondo”.
Para conduzir, comandar, unir ou desunir elementos
dentro do grupo, a Maçonaria precisa de bons dirigen-
tes e não de líderes; precisa de bons ou excelentes ges-
tores testados e comprovados com sucesso nos embates
da vida profana.
O maçom é um LIVRE PENSADOR, ou não é? Para
quem nunca refletiu sobre essa expressão, Livre Pensa-
dor é o indivíduo cujas opiniões são elaboradas com
base na razão e no convencimento íntimo, independen-
temente de quaisquer autoridades ou mesmo de forma-
dores de opinião. Espera-se que cada maçom (cada ho-
mem e mulher livres deste e de outros planetas) for-
mem sua própria opinião: se essa opinião estiver em
consonância com os princípios éticos e filosóficos, da
Ordem ou da sociedade, ela estará contribuindo com o
processo civilizatório; caso contrário, será uma voz dis-
sonante, um alarido de “reformadores” fanáticos a tra-
zer mais problemas do que soluções.
Há os que ainda não formaram opiniões com base na
razão. Esses permanecerão por um tempo ancorados em
pessoa ou pessoas que se lhes apresentem como líde-
res... são as fragilidades inerentes à civilização e, na
Maçonaria, as possíveis instabilidades do processo ini-
ciático.
A média do comportamento humano não pode servir de
régua para medir o progresso, assim como a média das
inteligências não é padrão para se aquilatarem homens
livres.
Há líderes religiosos, líderes políticos; Hitler, Mussoli-
ni e Stalin se apresentaram como líderes e foram segui-
dos por milhões! Há líderes de torcida organizada, e
até... líderes de organizações criminosas. Mas numa
Ordem livre, assim como nas universidades (livres) e
na imprensa (livre) não se pode avançar sob cabresto e
jugo do autoritarismo, mesmo que travestido em lide-
rança.
Não levem ao pé da letra o que estou tentando argu-
mentar; deletem meu texto – mandem para a lixeira – e
analisem os fatos vocês mesmos, na teoria e na prática.
NÚMERO 45 OUTUBRO 2020
Loja Maçônica
ACÁCIA DO PARAGUAÇU
A Acácia é a planta símbolo por excelência da
Maçonaria, sendo utilizada pelos Mestres Ma-
çons como sinal de identificação, representa a
segurança, a clareza, e também a inocência ou
pureza.
A Acácia foi tida na antiguidade, entre os he-
breus, como árvore sagrada e adoptada como
símbolo maçónico.
Como sabemos, os judeus sofreram forte in-
fluência dos egípcios durante o tempo em que
estiveram naquele território. Assim, muitos
traços culturais, sociais e religiosos do Egito
Antigo foram incorporados pelos judeus.
Como exemplos, podemos citar a lenda de
Anúbis, filho ilegítimo jogado no rio e poste-
riormente encontrado por uma rainha que o
cria, e a lenda da arca do dilúvio, as quais fo-
ram recontadas pelos judeus e tiveram seus
protagonistas rebatizados com nomes judai-
cos: Moisés e Noé.
O mesmo se deveu com a acácia, árvore sa-
grada dos egípcios e adotada pelos judeus. A
acácia era matéria-prima para a produção de
artigos sagrados no Egito, adotada pela sua
alta densidade e durabilidade, não sofrendo
ataque de insetos. Sua goma (conhecida popu-
larmente como “goma arábica”) era utilizada
nas cerimônias sagradas de mumificação.
Parece que os judeus aprenderam essa lição,
pois a acácia foi a madeira indicada para a
construção de todos os importantes objetos
sagrados, como no tabernáculo, nos altares, e
na arca da aliança.
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O fato de seu uso estar mais concentrado no
“Êxodo” e aos poucos ser substituído pelo ce-
dro e cipreste, confirma essa teoria da influên-
cia egípcia.
Até aí tudo bem, mas de onde sairia a inspira-
ção para relacionar a acácia com a lenda de
Hiram Abif? Basta recorrermos a uma das
principais lendas egípcias: a lenda de Osíris.
Seth odiava Osíris, que era tido como sábio e
poderoso, então resolveu matá-lo. Ele fez um
belo caixão com as exatas medidas de Osíris e
convidou as pessoas para um jogo: aquele que
se encaixasse perfeitamente no caixão, ganha-
ria o mesmo de presente. Logicamente, quan-
do a vez de Osíris chegou, o caixão era perfei-
to, e Seth e seus cúmplices trancaram Osíris
dentro do caixão e o jogaram no rio. Sua mu-
lher, Ísis, o procurou por muitos dias. O cai-
xão havia encalhado e sobre ele havia brotado
uma… acácia.
A acácia serviu de indicação para que Ísis en-
contrasse o corpo de Osíris. Por essa lenda,
Osíris é considerado o deus da morte e da
imortalidade da alma.
Um corpo sob uma acácia e os ensinamentos
sobre a morte e a imortalidade da alma soam
familiar a todos os Irmãos Maçons.
À acácia também, tem a bela missão de sim-
bolizar a vida após a morte, assim como her-
damos dos egípcios.
Este texto é uma humilde homenagem a mi-
nha, a NOSSA, ARLS ACÁCIA DO PARA-
GUAÇU N. 103, Oriente de Maragogipe-
Bahia, nascida em 08 de outubro de 1984 às
margens do nosso Rio Paraguaçu e, que hoje
aniversaria, completando seus 36 anos de
existência.
PARABÉNS a TODOS os nossos Irmãos.'.
que mantêm acesa a chama da LIBERDADE,
IGUALDADE e FRATERNIDADE que nos
conduz.
Em PÉ e a ORDEM.
Paulo Vicente Guerreiro Peixoto.'.
Venerável Mestre.
NÚMERO 45 OUTUBRO 2020
Retirado do site:
www.brasilescola.com.br
Ao longo do tempo, os maçons são co-
nhecidos pela utilização de símbolos capazes
de estabelecer a reafirmação de vários princí-
pios que fortalecem os valores de seus prati-
cantes. Para muitos, essa simbologia deveria
ser a chave fundamental de um misterioso
conjunto de mensagens que acobertaria uma
faceta obscura desta sociedade. Contudo, essa
postura de desconfiança e conspiração está
bastante afastada do lugar que os símbolos
ocupam no universo maçom.
Uma significativa parcela dos símbolos
maçônicos é figurada por instrumentos em-
pregados na construção civil. O sentido maior
da construção reforça junto ao maçom a ne-
cessidade constante de aprimoramento moral,
intelectual e espiritual. Não por acaso, o pro-
cesso evolutivo do maçom está dividido em
vários graus que são relacionados a um con-
junto específico de símbolos. Dessa maneira,
qual o significado de cada conjunto de símbo-
los presente em um determinado grau especí-
fico da maçonaria?
Ao contrário do que se supõe, os símbo-
los não teriam uma função ritualística ou
comportariam algum tipo de habilidade mági-
ca. De fato, você nunca terá a oportunidade de
ver um maçom prestando homenagens ou se
curvando mediante os símbolos. Os símbolos
possuem a função de um texto que fora cons-
truído pelo próprio participante da maçonaria.
Com isso, o universo simbólico maçom emite
uma mensagem que se entrelaça com o pro-
cesso de reflexão e aprendizagem particular
de cada seguidor.
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Um dos mais importantes símbolos da
maçonaria é o triângulo que carrega um olho
em seu centro. Ele faz referência ao Grande
Arquiteto do Universo, aquele ser de natureza
onisciente que tudo vê e tudo julga. Oriundo
da antiga arte egípcia, esse símbolo está forte-
mente vinculado ao todo poderoso princípio
criativo que organiza o Universo. Dessa for-
ma, é errado acreditar que a maçonaria se alia
a uma perspectiva deísta do mundo, pois os
agnósticos também podem integrar tal irman-
dade.
Outro significativo símbolo da maçona-
ria é a associação entre o esquadro e o com-
passo, surgido no século XVIII. O esquadro
pode fazer referência ao quadrado, ao número
quatro ou à própria terra. Já o compasso faz
referência à imensidão dos céus, ao princípio
de unidade e ao círculo. Unidos, esquadro e
compasso empregam a função de salientar a
importância da associação indispensável e
fundamental entre o mundo espiritual e o
mundo material.
A trolha estabelece a representação de
um importante princípio para os maçônicos.
Na construção, essa ferramenta desempenha o
discreto, mas significativo papel de aplicar a
argamassa que promove a junção entre as pe-
dras. Lançada ao campo moral, essa ferra-
menta salienta a necessidade de amor e tole-
rância entre aqueles que estão unidos pelos
fundamentos da maçonaria. Na medida em
que “perdem” a sua forma de pedra bruta
(outro símbolo maçom), os congregados bus-
cam a perfeição entre seus convivas.
De fato, existem tantos outros símbolos
que são empregados entre os maçons. Ao lon-
go do conhecimento e da experiência na ma-
çonaria, estes símbolos passam a extrapolar a
dimensão fixa de um significado de natureza
invariável. Sendo o conhecimento do mundo
e o autoconhecimento processos de natureza
dinâmica, os símbolos maçons coerentemente
assumem este mesmo comportamento.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola