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Fonte: VENOSA, Silvio de Salvio. Direito Civil- Vol. I- Parte Geral. 2013.

Capitulo 24

COAÇÃO E ESTADO DE PERIGO


Na coação, a vontade deixa de ser espontânea e sim vem como resultado de
violência contra o contrente. É o vício mais grave que pode afetar a vontade. Difere-se,
em seu conceito, a coação absoluta- que lhe tolhe totalmente a vontade, esta não
existindo, sendo no máximo aparente- da coação relativa- há certa escolha, a de
aceitar a punição ou de fazer o contrato-. Na coação absoluta, não há vício de
vontade, mas sim, total ausência da manifestação volitiva, reduzindo-se a nulidade.

Ocupa-se da coação relativa, pois se conserva a possibilidade de escolha.


Entra na anulabilidade.

Requisitos

 Essencialidade da coação, devendo ela ser a causa do negócio, com


nexo causal entre a ameaça e a declaração;
 intenção de coagir, ou seja o ânimo de extrair o consentimento para o
negócio (depende muito de prova);
Obs: não há intenção de coagir no ato de alguém ameaçado de morte,
compra arma para defender-se.
 gravidade do mal cominado, a ameaça deve revestir-se de gravidade,
pois não basta qualquer constrangimento para que se haja ato jurídico
por viciado;
 injustiça ou ilicitude da cominação, pois (não unanime na doutrina) não
se considera coação a ameaça do exercício normal de um
direito( art.153), desde que não haja abuso de direito;
 dano atual ou eminente, se for mal remoto e distante, evitável pela
intervenção da autoridade ou qualquer outro jeito, o temor deve ser
dano palpável. Se a ameaça não for atual, não se fala em vicio;
 justo receio de prejuízo, igual pelo menos, ao decorrente do dano
extorquido,
 prejuízo recai sobre pessoa ou bens do paciente, ou pessoas de sua
família, vinculo afetivo interno, pois o conceito de família atualmente
reside na afetividade. Já os bens devem ser do próprio coagido.

Temor reverencial

Art.153: "não se considera coação a ameaça do exercício normal de um


direito, nem o simples temor reverencial".

Por isso, não se considera o medo da autoridade do pai, do pastor,


autoridade religiosa, não vicia, pois há apenas o desejo de não desagradar e
prejudicar a afeição, de ocasionar desprazer a pessoas ligadas por vínculo
afetivo, ou por relação de hierarquia.

Se não houver gravidade na ameaça, a lei desconsidera.

Coação por parte de terceiros


(art.154) Vicia-se o ato por coação de terceiro se dela tivesse ou devesse ter o
conhecimento a parte a quem se aproveita, respondendo ambos
solidariamente. Já o art 155 afirma que o negócio subxiste se houver
desconhecimento.

ESTADO DE NECESSIDADE/PERIGO

O estado de necessidade abrange situações como o estado de perigo. É


que de acordo com a circunstancias, não possui outra saída ou alternativa
possível. O elemento objetivo que importa é a condição extremamente onerosa
do negócio.

Importa saber se obrigação contraída em estados semelhantes é válida,


levando-se em conta que o beneficiado não colaborou para o estado de perigo.
Pois, se houve uma prestação de serviço, mesmo que excessivamente
onerosa, ela deve ser paga. Por isso, atualmente entende que, nesses casos,
deve haver uma reparação de perdas e danos, mas mantem-se o negócio.

(art 156) Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da


necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua famz1ia, de grave dano
conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à famz1ia do
declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.

Requisitos

 Situação de necessidade;
 Iminência de dano atual e grave;
 Nexo de causalidade entre a manifestação e o perigo de grave
dano;
 Ameaça de dano à pessoa do próprio declarante ou de sua
família;
 Conhecimento do perigo pela outra parte e a assunção de
obrigação excessivamente onerosa.

No estado de perigo a parte tira vantagem de uma situação que não foi criada
por ela.

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