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A arca da aliança era feita de Acácia, a madeira mais nobre e mais resistente, e de ouro, o metal mais

precioso, símbolos da eternidade e da glória de Deus. Em toda batalha travada por Israel, a arca ia
adiante como um símbolo de que Deus estava presente e que garantiria a vitória.

I. A ARCA DO SENHOR, A IRREVERÊNCIA E O JUÍZO


A história de Obede-Edom é riquíssima, ela apresenta a transformação de um homem que aparece do
nada, e que é favorecido pela presença da arca em sua casa. Ela mostra um contraste gigantesco do agir
de Deus, onde uns em nada são abalados, e outros são extremamente transformados e abençoados.

A trajetória da arca do Senhor


Durante muitos anos a arca foi para o povo israelita um símbolo da presença de Deus, era como se o
próprio Deus estivesse em pessoa entre eles, a pelejar suas guerras. Essa mesma arca havia sido levada
pelos filisteus, após a morte de Eli (I Sm 4.10-18). Posta no templo, a arca trouxe grande terror
ridicularizando seu deus Dagom, que diante dela teve sua cabeça e braços decepados. O povo também
foi punido com hemorroidas e uma praga de ratos, tendo que fabricar ratos e hemorroidas de ouro para
aplacar a ira do Senhor. Por onde a arca passava trazia terror, até que, finalmente, chegou à casa de
Abinadabe, e lá se estabeleceu por um período de vinte anos, após consagrarem Eleazar, seu filho, como
guardião da arca (I Sm 5.1-12; 6.1-27; 7.1-2).

Davi e a arca do Senhor


Durante o tempo que a arca ficou na casa de Abinadabe, Deus preparou o jovem Davi para reinar em
Israel, e após a sua ascensão, ele resolveu buscar a arca e levar a Jerusalém. Segundo a Lei, a arca
deveria ser conduzida nos ombros dos sacerdotes, e jamais em carro de bois (I Cr 15.15). Davi anelava
por Deus, queria sua presença, queria que Jerusalém fosse inundada de graça. No entanto, ele agiu da
mesma forma que os filisteus; ele a puxou numa carruagem. Se ao menos observasse o currículo de
Abinadabe saberia que em vinte anos ele apenas guardou a arca e nada mais. A morte de Uzá é uma
prova que a irreverência mata, e mesmo que houvesse boas intenções, seguir o modelo errado é sempre
incorrer em juízo (I Sm 2.6-7).

O toque irreverente de Uzá


Uma razão pela qual temos a dificuldade em compreender a morte de Uzá é que nós próprios temos “o
ponto de vista de Uzá” a respeito de Deus. Pois, tendemos a reduzir o Senhor a um símbolo de boa sorte,
numa caixa. Uzá conhecia a pena de morte, era um levita, um coatita especificamente encarregado de
tomar conta da arca (Nm 4.4-20). Tratar as coisas sagradas com leviandade é como tocar na arca, Uzá foi
irreverente, não santificou o nome do Senhor. Uzá cresceu olhando para a arca, para ele a arca era
apenas uma religiosidade, um culto como outro qualquer. Durante vinte anos nada aconteceu em sua
casa, nada aconteceu em sua vida, não existe registro algum de que aquela presença possa ter alterado
alguma coisa em sua família.

II. A arca na casa de Obede-Edom


Abalado pela morte de Uzá, Davi temeu e disse: “Como trarei a mim a arca de Deus?” (I Cr 13.12). Sua
preocupação era: se Deus está matando o que vamos fazer? Então, guiado por Deus, ele conduz a arca
para a casa de Obede-Edom e volta com sua comitiva frustrada para Jerusalém.
Obede-Edom, um homem especial para Deus
A tragédia que trouxe morte para Uzá produziu vida para Obede-Edom. Parece que Deus havia tomado
uma decisão: “Ele nem habitaria na casa do sacerdote e nem tampouco habitaria com o rei”. Era como se
estivesse enojado com o sistema e a maneira cega que lhe conduziam. Deus resolveu habitar na casa de
alguém sem “status”, alguém que estava fora de alcance para todos. Deus deixou de habitar com os
nobres, para transformar aquele que para todos era um anônimo. Obede-Edom significa: servo de Edom.
Os edomitas eram descendentes de Esaú, os quais Deus mandou exterminar da terra e os amaldiçoou. A
tragédia favoreceu toda a sua casa, um exemplo de graça onde jamais houve uma perspectiva de
mudança.

Obede-Edom assumiu os riscos da presença de Deus


Quando ninguém queria arriscar-se num compromisso tão radical com Deus, ele abre as portas de sua
casa e decide ser o modelo que aquela nação precisava. Obede-Edom teve coragem, pois qual homem
que assistindo ao funeral de alguém fulminado pela arca a colocaria em sua casa? Obede-Edom arriscou
sua vida e a de sua família, e, é exatamente isso que acontece quando a presença de Deus entra em
nossa casa. Nós corremos risco (Sl 44.22; Rm 8.36). Evangelho nunca foi fácil, sempre trouxe marcas,
perseguição, e sangue (Mc 13.12). Hoje é que as coisas mudaram. Não se sabe mais quem é ou quem
não é; quem realmente serve ou quem apenas guarda a arca. Tudo está tão misturado; tão comum, e tão
fácil, que a graça se tornou engraçada para muitos.

Obede-Edom teve a rotina de sua vida alterada


Obede-Edom não somente arriscou, mas teve a rotina de sua vida alterada. É impossível Deus entrar em
uma vida e as coisas continuarem do mesmo jeito. Foram três meses apenas, mas três meses que
marcaram a história. Poderíamos até conjecturar dizendo que: no primeiro mês houve a restauração da
vida sentimental de Obede-Edom, pois sua mulher engravidou e gerou filhos; no segundo mês aconteceu
a restauração financeira, onde seu gado e sua hortaliça produziram absurdamente; no terceiro mês sua
vida espiritual deu uma guinada, e ele desejou deixar tudo para seguir o caminho da arca. A morte de Uzá
foi a porta de entrada para Obede-Edom, e a benção na casa de Obede-Edom foi a causa de um
avivamento em Jerusalém (II Sm 6.12).

III. Obede-Edom, um homem sedento pela presença de Deus


Enquanto Davi se preocupa em descobrir a maneira correta para trazer a arca para Jerusalém, a notícia
da prosperidade de Obede-Edom se estende por toda a cidade (II Sm 6.12). Porém, Obede-Edom toma
uma grande decisão, deixar tudo para seguir a arca por onde quer que ela fosse, e se torna uma figura de
destaque na história de Israel.

O crescimento espiritual de Obede-Edom


Para Obede-Edom a presença de Deus era mais importante do que os milagres derramados sobre sua
vida. Ele segue para Jerusalém, abandona sua residência, deixa tudo e se torna porteiro do Santuário (I
Cr 15.17-18). Ele queria ficar perto da presença, mesmo que fosse pelas frestas da porta; com o desejo
de entrar mais nessa presença ele se tornou músico (I Cr 15.19-21); em seguida é visto como um
guardião da arca ele anelava por mais e mais de Deus (I Cr 15.24); de guardião ele se tornou um ministro
de adoração, liderado por Asafe (I Cr 16.4-5); de repente, o incansável adorador que era liderado por
Asafe, deixa de ser somente um ministro de adoração e se torna um líder de sessenta e oito pessoas (I Cr
16.37-38).

Obede-Edom, um homem de confiança do rei


O mesmo Davi que designou a arca para a casa de Obede-Edom, também o promoveu como homem de
confiança do tesouro do Santuário (II Cr 25.24). Segundo alguns estudiosos, o tesouro do Santuário do
Senhor que estava sob a responsabilidade de Obede-Edom corrigidos para os nossos dias chegaria a
cerca de três bilhões de dólares. A grande lição da presença de Deus na vida desse homem está em
como se conduzia diante d’Ele. Para Obede-Edom sua maior riqueza era estar na presença de Deus. Que
esse seja o caminho para um avivamento em nossos dias.

Os marcos da gratidão de Obede-Edom


Desde aquele dia em que a arca do Senhor passou a fazer ´parte da vida de Obede-Edom, ele jamais
deixou de ser um homem ligado ao Senhor, e para cada momento vivido, um filho expressava o conteúdo
de sua amizade com Deus. Vejamos seus nomes: 1) Semaías – Ouvido por Jeová; 2) Jozabade – Jeová
quem me deu; 3) Joá – Jeova é meu irmão; 4) Sacar – Ordenado; 5) Natanael – Meu amigo é Deus; 6)
Amiel – existe recompensa; 7) Issacar – Portador do salário; 8) Peuletai – Salário (I Cr 26.4-5). Toda a
geração de Oberde-Edom foi alcançada pelo Senhor, e todos se destacaram nas páginas Sagradas como
como valentes e de força para o ministério (I Cr 26.6-8).

CONCLUSÃO
Da mesma forma que muitas pessoas estão abrindo suas portas para a presença de Deus, e sua sede
por Ele tem produzido mudanças generalizadas, alguns estão enveredando pelo caminho de Abinadabe,
não passando o temor divino aos seus filhos, e permitindo que morram não somente de forma espiritual,
mas literal (Pv 22.6). É tempo de buscar ao Senhor (Is 55.6).

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