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Um Estudo de 2 Coríntios

Dennis Allan

Introdução
2 Coríntios 1
2 Coríntios 2
2 Coríntios 3
2 Coríntios 4
2 Coríntios 5
2 Coríntios 6
2 Coríntios 7
2 Coríntios 8
2 Coríntios 9
2 Coríntios 10
2 Coríntios 11
2 Coríntios 12
2 Coríntios 13

Introdução

Começamos com uma pequena introdução ao livro. Algumas destas


informações são repetidas da introdução à primeira carta.

No mapa: Corinto era a capital da Acaia, situada no sul da Grécia. Por causa
da sua posição perto do istmo que ligava duas partes da Grécia, era uma
cidade de importância comercial, cultural e religiosa. Tinha diversos templos
dedicados aos vários falsos deuses da época, incluindo um templo de Afrodite,
onde os adoradores da deusa praticavam prostituição.

Na história bíblica: Encontramos o relato do início do trabalho em Corinto em


Atos 18:1-17. Na sua segunda viagem missionária, Paulo foi de Atenas até
Corínto, onde permaneceu 18 meses. Ele morou e trabalhou com Áqüila e
Priscila, judeus que fabricavam tendas. Aos sábados, Paulo ensinava na
sinagoga. Quando Silas e Timóteo chegaram da Macedônia (veja Atos 17:14-
15), Paulo se entregou totalmente ao trabalho do evangelho. A oposição entre
os judeus cresceu, e ele sacudiu o pó dos pés (veja Mateus 7:6; 10:14-15) e
deu sua atenção aos gentios. Muitas pessoas, incluindo Crispo, o líder da
sinagoga, creram e foram batizadas. Deus mandou que Paulo ficasse naquela
cidade. Ele continuou seu trabalho em Corinto durante um ano e seis meses.

**Obs.: Algumas pessoas citam o exemplo de Paulo ensinando na sinagoga


aos sábados como evidência da importância de guardar o sábado nos dias de
hoje. A questão não é o fato deste apóstolo ter ensinado aos sábados, mas o
motivo. Paulo costumava procurar pessoas com interesse em coisas espirituais
quando e onde elas se reuniam, seja num sábado junto do rio em Filipos (Atos
16:13) ou seja todos os dias numa praça em Atenas (Atos 17:17). Nem Paulo
nem outros cristãos primitivos ensinavam a necessidade de guardar o sábado,
e pessoas hoje não têm direito de acrescentar tal exigência à doutrina de
Cristo.

Alguns judeus começaram a perseguir Paulo, mas Gálio, o procônsul da


província (52 d.C.), recusou-se a ouvir as queixas deles contra o apóstolo.
Paulo permaneceu ainda algum tempo em Corinto, e depois foi para Éfeso e
outros lugares, encerrando a viagem em Antioquia da Síria.

Na terceira viagem, Paulo escreveu a primeira carta aos coríntios quando


estava em Éfeso, onde ele trabalhou no evangelho durante três anos. Depois
de partir de Éfeso, ele mandou a segunda carta da Macedônia (Atos 20:1-2; 2
Coríntios 7:5-6). Muitos comentaristas acreditam, baseados principalmente nos
comentários de Paulo em 2:1-10; 7:8; 12:14; 13:1, que entre as duas cartas
aconteceram duas coisas não registradas no livro de Atos: (1) Que Paulo fez
uma visita a Corínto, e voltou para Éfeso entristecido, e (2) Que ele mandou
uma outra carta, considerada severa, repreendendo algumas atitudes erradas
dos coríntios.

O conteúdo da carta: Enquanto a primeira carta é voltada, em boa parte, aos


problemas específicos dos coríntios (questões de doutrina e prática), a
segunda carta abre mais o coração de Paulo para mostrar os seus sentimentos
fortes em relação aos coríntios e, mais ainda, para com o Senhor. É um livro
extremamente rico pelo qual somos privilegiados para ver o coração de uma
das grandes personagens da História, o apóstolo Paulo.

2 Coríntios 1

1:1-2
Paulo e Timóteo mandaram esta carta à igreja dos coríntios e aos demais
santos na Acaia.

**Obs.: Como era seu costume, Paulo incluiu seu co-obreiro na saudação, mas
a carta é do próprio apóstolo. Por este motivo, ele refere a si mesmo na
primeira pessoa, e comenta sobre Timóteo na terceira pessoa (veja 1:19).

1:3-11
Paulo agradeceu pela consolação que Deus dá.

O sofrimento de Cristo favorece os seus servos.

O conforto que Deus dava a Paulo, em seu sofrimento, equipou o apóstolo para
confortar outros que passavam por angústias. Como participavam do
sofrimento, participariam, também, da consolação.
Paulo passou por tribulações na Ásia, até ao ponto de desesperar da própria
vida. Por essa experiência, ele aprendeu a confiar mais ainda em Deus (veja
12:9-10).

O apóstolo agradeceu as orações dos coríntios a seu favor.

**Obs.: No resto do livro, Paulo comentará bastante sobre sua atitude em


relação ao sofrimento, especialmente no capítulo 12.

1:12-14
Paulo afirmou sua sinceridade para com os coríntios, e os relembrou de que
sua mensagem era de Deus, e não da sabedoria humana.

1:15-22
Paulo defendeu a sua honestidade em relação às mudanças nos planos dele.

Ele tinha planejado uma viagem a Corinto. De lá, ele iria à Macedônia e voltaria
a Corinto antes de prosseguir para a Judéia. Quando não fez a viagem como
pretendia, alguns evidentemente questionaram sua integridade. Ele se
defendeu, dizendo que sua palavra era confiável, como a palavra do Senhor.

**Obs.: Paulo cita, neste parágrafo, o Pai, o Filho e o Espírito. Disse que somos
confirmados em Cristo, ungidos por Deus (Pai), e selados no Espírito. Assim,
ele mostra o privilégio do cristão de estar em comunhão com as três pessoas
divinas (veja Mateus 28:19; João 14:17,23; 1 Coríntios 6:19).

1:23-24
Paulo disse que ainda não tinha ido a Corinto para poupá-los. Baseado em
comentários encontrados mais tarde no livro, entendemos que Paulo estava
dando tempo para os coríntios se arrependerem de alguns pecados, para evitar
a necessidade de repreensões ásperas (veja, por exemplo, 10:2,9-11; 12:19-
21; 13:1-2,10).

2 Coríntios 2

2:1-4
Paulo não queria voltar para Corinto em tristeza; então deu tempo para que
resolvessem os problemas primeiro.

Ele não se regozijou na tristeza deles. Pelo contrário, ele queria participar da
alegria desses queridos irmãos.

A tristeza evidente na carta dele demonstrou seu amor verdadeiro para com
eles.
**Obs.: Qual carta? Alguns comentaristas acreditam que Paulo mandou uma
carta entre 1 e 2 Coríntios, severamente repreendendo os coríntios por
algumas atitudes erradas. Supõe-se que esta carta severa fosse enviada
depois de uma visita rápida e desagradável (que teria sido, segundo esta
interpretação, a segunda visita; uma vez que ele estava planejando a terceira
visita em 12:14 e 13:1).

2:5-11
Quando o irmão pecador se arrepende e volta, deve ser acolhido em amor
pelos irmãos.

A referida punição seria, provavelmente, a rejeição do pecador do meio da


congregação, conforme o ensinamento de 1 Coríntios 5. Um dos propósitos de
tal expulsão é a salvação do espírito do pecador, ou seja, o arrependimento e
perdão dele. Uma vez que o pecador se arrepende, deve ser perdoado e
confortado.

**Obs.: Qual irmão? Paulo não identifica o irmão que voltou. Pode ser o homem
imoral de 1 Coríntios 5. Pode ser um dos homens com queixa contra o irmão
em 1 Coríntios 6. Pode ser algum outro caso não especificado. Não importa o
pecado ou a identidade do pecador. O princípio ensinado aqui é válido em
qualquer caso de arrependimento de um irmão que pecou. Quando se
arrepende, os outros devem o perdoar (veja Mateus 18:15-35).

O irmão arrependido precisa ser perdoado e confortado, para evitar que seja
consumido por excessiva tristeza. A tristeza e sentimentos de culpa servem
para nos conduzir ao arrependimento (7:10; Tiago 8-10). Mas, se ficar na
tristeza e vergonha, a pessoa será consumida e vencida pelo erro. O irmão
arrependido deve sentir o amor dos outros discípulos.

2:12-13
Paulo ficou pouco tempo em Trôade, porque não encontrou Tito. Continuou a
sua viagem até a Macedônia.

**Obs.: Saindo de Éfeso, Paulo foi até Trôade (ainda na Ásia), e depois
prosseguiu até a Macedônia, que faz parte da Europa.

2:14-17
O aroma de vida e morte.

Neste parágrafo, Paulo usa simbolicamente a imagem de um desfile triunfal de


um exército. Depois da batalha, o comandante conduzia seus soldados,
seguidos pelos prisioneiros. O incenso queimado levava o cheiro de vitória aos
vencedores, mas o cheiro de morte aos prisioneiros, pois seriam mortos depois
do desfile.

Paulo pregava uma mensagem só. A mesma palavra que faz o pecador sentir-
se culpado e réu de morte traz as boas novas de vida aos fiéis.
2 Coríntios 3

3:1-11
Paulo não precisou dar carta de recomendação aos coríntios para estabelecer
sua credibilidade, pois os próprios coríntios eram evidência de seu trabalho.

Ele começa, aqui, um contraste entre o evangelho de Cristo e a lei do Velho


Testamento. Observe os pontos principais:

ANTIGA ALIANÇA X NOVA ALIANÇA

Tinta X Espírito

Pedra X Carne/corações

Letra mata X Espírito vivifica

Ministério da morte X Ministério do Espírito

Condenação X Justiça

Outrora X Atual

Desvanecia-se X Permanente

Glória X Sobreexcelente glória

**Obs.: "A letra mata, mas o espírito vivifica". Muitas pessoas distorcem o
sentido desta frase, até usando o versículo para dizer que estudo da Bíblia
pode ser prejudicial! Mas, um pouquinho de estudo do contexto mostra que tal
interpretação é totalmente errônea. No contexto, a letra representa o sistema
da lei do Velho Testamento, que trouxe conhecimento das conseqüências do
pecado, mas não revelou o caminho para a salvação. O espírito representa a
palavra de Cristo, que nos dá a solução para nosso problema.

3:12-18

A grande diferença entre o Novo e o Velho Testamentos pode ser resumida na


palavra "esperança". Nós temos esperança e, por isso, temos motivo para falar
ousadamente sobre Cristo.

**Obs.: A grande diferença entre o evangelho de Cristo e muitas religiões e


filosofias é a esperança. Muitas religiões oferecem a "esperança" de voltar pela
reencarnação para viver de novo, talvez como uma pessoa numa vida mais
sofrida, talvez como vaca ou mosca. Outras religiões oferecem a "esperança"
de perder a identidade em algum tipo de consciência universal. Várias filosofias
oferecem a "esperança" de morrer e cessar de existir. Mas Jesus oferece a
esperança da vida eterna. Pedro entendeu este fato quando disse a Jesus:
"Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna" (João 6:68).

Paulo disse que as pessoas que continuavam confiando na lei de Moisés ainda
tinham um véu que escondia a verdade sobre Cristo. O véu não está mais
sobre o rosto de Moisés, e sim sobre o coração dos que não se convertem a
Cristo.

A verdadeira liberdade está no Espírito do Senhor.

**Obs.: Liberdade X Libertinagem. Paulo disse que a liberdade está no Espírito


de Deus, mas muitas pessoas procuram liberdade em outros lugares. Até
rejeitam a palavra do Senhor, rebelando-se contra a autoridade dele para
cumprir sua própria vontade. Tal libertinagem resulta na escravidão espiritual
da pessoa (2 Pedro 2:18-20).

Pelo Espírito, somos transformados na imagem do Senhor.

**Obs.: A imagem de Deus. Deus criou o homem à imagem dele (Gênesis 1:26-
27), mas o homem manchou a imagem com o pecado. Jesus nos mostrou a
imagem do Pai (2 Coríntios 4:4; Colossenses 1:15). Nós somos refeitos à
imagem de Cristo (2 Coríntios 3:18; Colossenses 3:10).

**Obs.: Considere as afirmações dos versículos 17 e 18 em relação a divindade


do Espírito Santo: "o Senhor é o Espírito" e "pelo Senhor, o Espírito". E ainda
há pessoas que negam a personalidade e a divindade dele!

2 Coríntios 4

4:1-6
Paulo fez seu trabalho de uma maneira transparente e sincera, e não pretendia
desistir dele.

Outros andavam de modo vergonhoso, usando de astúcia e adulterando a


palavra de Deus.

As pessoas cegas continuam perdidas, não enxergando a imagem de Deus em


Cristo.

Paulo não pregou uma doutrina particular, mas sim, o evangelho de Cristo.

Paulo, escolhido por Cristo para ser apóstolo, se colocou na posição de servo
dos coríntios, por amor de Jesus.

**Obs.: É importante observar, nas cartas de Paulo, o uso de palavras como


servo, submissão, sacrifício, etc. Ele mostra uma atitude de humilde serviço,
que nós devemos imitar.
Através de Cristo, conhecemos a glória de Deus.

4:7-15
Neste parágrafo, Paulo explica bem a grande responsabilidade dos apóstolos.
No contexto, em que ele fala sobre a sua própria morte, parece que os vasos
de barro são os próprios apóstolos. Isso não nega, porém, a nossa
responsabilidade na divulgação do evangelho hoje (veja a transmissão dessa
responsabilidade de uma geração para outra em 2 Timóteo 2:2).

Paulo queria sempre manifestar o poder de Cristo, e não o seu próprio.

**Obs.: Confiança na carne. Nas cartas aos coríntios, Paulo fortemente rejeita a
ênfase nas obras dos homens. A grande tendência de muitas igrejas, hoje em
dia, é honrar os homens pelas obras realizadas (diplomas de seminários, títulos
de honra, glória de trabalhos bem-sucedidos, reconhecimento por homens,
etc.). Paulo pôs tudo que o homem é, e tudo que o homem faz, na categoria de
um vaso de barro. A glória pertence ao tesouro guardado no vaso, não ao
próprio vaso.

O versículo 10 apresenta um tema mencionado várias outras vezes por Paulo.


O cristão, em alguns sentidos, participa da morte de Cristo e, também, participa
da vida após a ressurreição (compare com Romanos 6:3-4; 2 Coríntios 5:17;
Colossenses 3:1-10).

No versículo 13, ele resume o sentido de Salmo 116, onde Deus é louvado por
ter livrado seu servo da morte. Neste contexto, Paulo mostra a mesma
confiança. Ele será livrado da morte na ressurreição, e todos que ouvem o
evangelho podem participar da mesma esperança.

4:16-18
Por causa da sua esperança da ressurreição, Paulo não se desanimava
quando contemplava a própria morte. Ele mostrou a sua fé nas promessas de
Deus, e depositou sua confiança nas coisas eternas e invisíveis.

2 Coríntios 5

5:1-5
Neste parágrafo, Paulo apresenta uma perspectiva cristã da morte física.

O corpo físico é um tabernáculo (tenda) terrestre que está se gastando.

O corpo espiritual é um edifício (templo) eterno e celeste.

Os santos gemem neste corpo, querendo ser revestidos da vida eterna.

Tal esperança é válida somente para as pessoas preparadas/vestidas da


imagem de Cristo, e não despreparadas/espiritualmente nuas (veja
Colossenses 3:5-12; 2 Pedro 1:4).
Paulo deixa bem claro que ele não deseja a morte, e sim a vida eterna. Ele não
quer ser despido; ele quer ser revestido da vida.

**Obs.: O desejo de morrer. É importante compreender a diferença entre a


vontade de Paulo e a vontade do rei Saul, Judas Iscariotes e outros que, até
hoje, consideram o suicídio uma saída. Paulo não desejava a morte, e sim a
vida. Ele não estava correndo dos problemas desta vida, mas olhava para o fim
do caminho (2 Timóteo 4:6-8). Embora querendo estar com Deus na
eternidade, Paulo não apressou sua própria morte. Ele confiava em Deus para
decidir a hora certa para dar-lhe a coroa da vida. Embora Deus tenha livrado os
fiéis do medo de morrer, ele não autorizou o suicídio.

Deus nos preparou para a vida eterna, já dando uma amostra da vida eterna
através do Espírito (veja Efésios 1:13).

**Obs.: A vida eterna: presente ou futuro? Quando a Bíblia ensina sobre a


salvação em Cristo e a vida eterna, fala em dois sentidos (veja 1 Timóteo 4:8).
Num sentido, os discípulos de Cristo já têm a salvação e participam da vida
espiritual nele (Atos 2:47; 15:11; Romanos 6:4; Efésios 2:1,5; Colossenses
2:13; 1 João 5:12-13). Em outro sentido, ainda aguardamos a salvação e a vida
eterna (veja Romanos 2:7; 13:11; Gálatas 6:8; Tito 3:7; Hebreus 9:28; Judas
21).

5:6-10
Paulo andava em esperança da vida eterna que o motivou a ser agradável a
Deus.

Todos nós seremos julgados pelas coisas feitas no corpo.

**Obs.: Julgamento segundo as coisas feitas por meio do corpo. Apesar da


confusão causada por várias doutrinas humanas, algumas afirmações bíblicas
são bem claras. As diversas filosofias e religiões que ensinam a reencarnação
enfrentam um problema no versículo 10. Paulo não falou de julgamento das
coisas feitas por meio dos corpos. Ele falou de um corpo só (veja Hebreus
9:27). Os premilenaristas ensinam que haverá duas ressurreições, mas Jesus
afirma que todos seremos ressuscitados na mesma hora para o julgamento
final (João 5:28-29).

5:11-17
Paulo pregava com convicção, persuadido da mensagem de Cristo. Ele não
confiava nas aparências da carne, e sim na verdade no coração. Outros o
julgavam louco, mas ele continuou servindo a Deus.

Os que estão em Cristo são novas criaturas.

**Obs.: Versículo 17 mostra a grande diferença entre a morte e as trevas do


passado e a vida e a luz em Cristo. Infelizmente, algumas pessoas torcem o
sentido do versículo para justificar o pecado. Sugerem que a pessoa que
praticava pecado pode continuar nas mesmas práticas, porque agora Deus fez
tudo novo. Mas ele fez tudo novo quando justificou (salvou, perdoou) o
pecador. Ele não justificou o pecado. Para sermos novas criaturas, temos que
deixar de praticar as coisas condenadas por Deus (veja 1 Coríntios 6:9-11).

5:18-21
O trabalho de Paulo era o ministério da reconciliação, promovendo a paz entre
Deus e os homens (veja Isaías 59:1-2; Efésios 2:14-18).

Paulo usufruiu a reconciliação, e passou a pregar a mesma mensagem para


outros. Ele diz: "Deus...nos reconciliou" (5:18) e "Deus estava em Cristo
reconciliando consigo o mundo" (5:19).

Considere bem a mensagem profunda do versículo 21 sobre a grande troca


feita por Deus:

- Jesus não conheceu pecado, e Deus o fez pecado por nós.

- Nós conhecemos pecado, e Deus nos fez justiça através dele!

- Ele levou sobre si os nossos pecados; levamos sobre nós a justiça dele! Que
maravilha!

2 Coríntios 6

No parágrafo anterior (5:18-21), Paulo falou da reconciliação. Disse que Cristo


nos reconciliou, e que deu o ministério da reconciliação aos seus
embaixadores. Ele continua falando sobre este segundo aspecto da
reconciliação (o papel dele como servo de Jesus) no início do capítulo 6.

6:1-3
Paulo exortou-os a não receberem a graça de Cristo em vão, frisando a
urgência da sua obediência.

**Obs.: Ele cita Isaías 49:8 como a palavra de Jesus. Este versículo faz parte
de uma série de profecias messiânicas em Isaías sob o tema "O Servo do
Senhor".

Paulo serviu com toda sinceridade e dedicação, para não impedir o progresso
do evangelho.

6:4-10
Ao invés de dar motivo de escândalo, Paulo se negou em tudo para ser um
bom embaixador de Cristo.

Ele aceitou sofrimento na sua vida (versículos 4 e 5), e ainda desenvolveu as


qualidades características de um servo fiel (versículo 6).

**Obs.: Tudo indica que Paulo ainda estava sendo criticado e rejeitado por
alguns entre os coríntios. Seu amor não fingido (sem hipocrisia) sugere um
contraste com o falso amor dos falsos apóstolos que estavam perturbando os
coríntios (veja 11:13).

Paulo confiava plenamente no poder de Deus para fazer seu trabalho,


independente das interpretações erradas por parte de outras pessoas.

6:11-13
Paulo sente-se constrangido, não por falta de vontade de sua parte, mas pela
rejeição pelos coríntios. O coração dele estava bem aberto para recebê-los,
mas eles permaneciam fechados.

6:14-18
Nestes versículos, e no primeiro do capítulo 7, Paulo destaca a importância da
santificação na vida dos cristãos. Não pode haver concordância entre as coisas
de Deus e as do Maligno. Observe os contrastes:

Justiça X Iniqüidade

Luz X Trevas

Cristo X O Maligno

Crente X Incrédulo

Santuário de Deus X Ídolos

Nos versículos 16 a 18, Paulo usa várias citações do Velho Testamento sobre
o povo santo. Deus desejava um povo santo em Israel, mas os hebreus não
cumpriram sua responsabilidade. Então, ele começou a profetizar sobre um
povo santo e cumpriu as profecias em Israel espiritual, a igreja. Hoje, em
Cristo, participamos da comunhão do Todo-Poderoso que habita entre os
cristãos.

2 Coríntios 7

Paulo concluiu o capítulo 6 com um apelo à santidade. Ele citou as grandes


promessas da comunhão com Deus, dizendo que Deus anda e habita no meio
dos fiéis.

7:1
Baseado nas grandes promessas de comunhão com Deus, Paulo pede a cada
discípulo:

(1) Purificar-se de toda impureza

(a) da carne (imoralidade, obras da carne).


(b) do espírito (idolatria, doutrinas e práticas erradas).

(2) Aperfeiçoar a santidade com reverência e respeito para com Deus.

7:2-4
Paulo volta a falar sobre os problemas entre ele e os coríntios. Ele pede que
abram seus corações, afirmando que ele sempre agia em boa fé e sinceridade.

7:5-16
Paulo começou a comentar sobre sua procura de Tito em 2:12-13. Falou que
chegou a Trôade (partindo de Éfeso) e não encontrou Tito. Por esta razão, foi
para a Macedônia. Em 2:14, ele agradeceu a Deus pela vitória, mas não
explicou o motivo específico das ações de graça. Ele continuou falando sobre
as bênçãos de Deus e sobre o privilégio de participar delas. Aqui, ele volta à
questão da procura de Tito.

Quando Paulo chegou à Macedônia, ele não achou Tito. Ele sentiu-se
angustiado, enfrentando vários problemas com esta preocupação sobre esse
irmão e cooperador. Mas, Deus o confortou com a chegada de Tito, levando
notícias animadoras dos coríntios.

Paulo comentou sobre a severidade de uma carta anterior.

**Obs.: É possível que houvesse outra carta entre 1 e 2 Coríntios, na qual


Paulo repreendeu algumas atitudes erradas dos coríntios. Muitas pessoas
acreditam que, entre as duas cartas, Paulo teria feito uma visita a Corinto e
que, devido àlguns problemas com os irmãos na visita, teria mandado uma
carta severa, corrigindo-os.

Ele se alegrou por causa do arrependimento verdadeiro deles. No versículo 10,


ele fez um comentário valioso sobre a tristeza e o arrependimento. A tristeza de
entender que o nosso pecado fere ao próprio Deus produz o arrependimento
verdadeiro que leva a salvação. Mas a tristeza do mundo, de se lamentar por
causa de conseqüências pessoais e imediatas, sem compreender os efeitos
maiores do pecado, não produz o arrependimento que Deus quer. Pode causar
algum sentimento de remorso (como Judas Iscariotes sentiu quando devolveu
o dinheiro da traição), mas não produz o arrependimento verdadeiro que
precisamos para sair do pecado.

Além da sua alegria devida ao arrependimento dos coríntios, Paulo ficou mais
contente ainda quando ouviu de que maneira eles trataram Timóteo.

Paulo começou este capítulo com tristeza, pedindo que eles abrissem os
corações para aceitá-lo. Encerrou o capítulo elogiando a atitude dos coríntios, e
dizendo que tinha plena confiança neles.

2 Coríntios 8
Nos capítulos 8 e 9, Paulo incentiva os coríntios a participarem liberalmente da
assistência aos santos necessitados na Judéia. Neste ensinamento,
encontramos instruções e exemplos que mostram um aspecto do verdadeira
amor entre irmãos em Cristo. Os que tinham condições financeiras ajudaram
outros que necessitavam de assistência.

8:1-7
Paulo cita o bom exemplo das igrejas da Macedônia para incentivar a
generosidade dos coríntios. Apesar dos seus próprios problemas, os
macedônios se mostraram liberais quanto à assistência aos santos. Insistiram
em ajudar, mesmo acima da sua capacidade. Tal generosidade não começou
com o dinheiro, mas com o sacrifício de si mesmos.

**Obs.: Uma vez que nós nos entregamos ao Senhor, devemos entender que
os nossos recursos (dinheiro, habilidades, etc.) são ferramentas para usar no
serviço a Deus. Os discípulos na Macedônia entenderam isso.

**Obs.: A graça concedida. Paulo usa essa expressão para descrever o


privilégio de sacrificar, dando dinheiro para ajudar aos outros.

8:8-15
Paulo não quer obrigar os coríntios a participarem dessa benevolência, mas
procura incentivá-los a dar voluntariamente por amor.

Ele cita o exemplo de Jesus. Ele deixou a riqueza dos céus e se fez pobre por
causa do seu amor para conosco. Através da pobreza dele, nós adquirimos as
riquezas espirituais que ele mandou.

Paulo espera a concretização dos planos dos coríntios. Eles falaram já da


vontade de ajudar; ele espera a demonstração desse amor.

**Obs. Querer e realizar. Devemos sempre nos esforçar para pôr em prática os
nossos planos espirituais. É importante querer crescer e fazer o bem. Cabe a
nós cumprir a nossa parte para realizar tais intenções boas. Veja Filipenses
2:12-13.

Paulo não espera que ninguém dê acima das suas condições, nem quer que
alguns fiquem sobrecarregados enquanto outros são aliviados. Ele procura
igualdade entre irmãos.

**Obs.: Igualdade. Alguns interpretam de uma maneira literal e errada esta


palavra "igualdade" (8:13). Nem Paulo nem outros servos de Deus no Novo
Testamento pregaram igualdade absoluta em termos de bens materiais. Eles
não propuseram nenhum sistema de comunismo onde todos teriam
exatamente as mesmas coisas. Ainda encontramos ricos e pobres entre os
discípulos primitivos, mas não houve a necessidade de alguém passar fome
enquanto outros tinham abundância.
**Obs.: Deus proverá. A citação de 8:15 vem de Êxodo 16:18, um trecho que
enfatiza o fato que Deus providencia as nossas necessidades (compare com
Mateus 6:21-34).

8:16-24
Paulo quer evitar a vergonha de irmãos chegarem a Corinto para achar os
coríntios despreparados. Por isso, ele enviou três irmãos para ajudar na
preparação da coleta dos coríntios antes de chegarem outros com Paulo.
Esses três são: Tito (8:16), um irmão escolhido pelas igrejas (8:18), e mais um
irmão de confiança (8:22).

**Eleito pelas igrejas (8:19). Alguns procuram qualquer apoio para justificar a
criação de grandes denominações, completas com seus congressos nacionais,
etc. Mas uma vez que uma igreja mostrou sua confiança num irmão para
acompanhar Tito, ele foi "eleito" ou "escolhido" por aquela igreja. Quando uma
outra congregação, conhecendo o mesmo irmão, pediu a mesma coisa, ele foi
"eleito pelas igrejas". Não há nada aqui que justifique reuniões ou organizações

2 Coríntios 9

9:1-5
No início do capítulo 8, Paulo usou o exemplo dos macedônios para incentivar
a liberalidade dos coríntios. Agora, ele disse que usou, também, o exemplo dos
coríntios para estimular os macedônios! Devemos estimular uns aos outros em
amor e boas obras (veja Hebreus 10:24).

Paulo enviou os irmãos citados no fim do capítulo 8 para evitar algum


constrangimento mais tarde. Eles ajudariam os coríntios a preparar a oferta,
para que não se envergonhassem com a chegada de outros irmãos depois.

9:6-15
Paulo incentiva os coríntios a darem generosamente. Ele cita um princípio bem
conhecido nas Escrituras: ceifamos o que semeamos.

A oferta é voluntária, segundo a decisão de cada um para dar com alegria.

**Obs.: É obrigação contribuir? Aqui, Paulo diz que a oferta não deve ser feita
por necessidade, mas 1 Coríntios 16:1-2 aborda o mesmo assunto como
ordem. Podemos entender assim: é a responsabilidade de cada cristão
contribuir, mas não devemos fazê-lo só por causa da obrigação. Devemos
entender o propósito da oferta e participar com alegria, reconhecendo o
privilégio de participar do trabalho do Senhor.

Ao invés de segurar o nosso dinheiro, recusando utilizá-lo para servir a outros,


devemos lembrar que todas as nossas bênçãos e a nossa capacidade de dar
vêm do Senhor.
**Obs.: O versículo 9 é uma citação de Salmo 112:9. O Salmo 112 inteiro fala
sobre a importância da bondade e fidelidade do servo para ser abençoado por
Deus.

A generosidade dos gentios em ajudar os santos necessitados de Jerusalém


teve outros benefícios:

-Além de ajudar aqueles santos, demonstrou gratidão para com Deus.

-Além de ajudar aqueles santos, demonstrou comunhão com todos os santos.

Por outro lado, os outros santos oravam em favor dos coríntios.

Quem merece a gratidão e a glória é o próprio Deus.

Leia mais:

2 Coríntios 10

Neste capítulo, Paulo volta à defesa do seu apostolado em contraste com as


alegações dos falsos apóstolos que induziram os coríntios ao erro. Em alguns
momentos, ele assume o ponto de vista dos seus críticos, usando de ironia
para se colocar numa posição de fraqueza. É necessário uma leitura cuidadosa
para não se perder nas mudanças de "tom" nas palavras de Paulo.

10:1-6
Paulo falou que era humilde entre eles mas ousado nas suas cartas. Mais
tarde, ele explica que essa foi uma acusação feita por seus detratores
(compare com o versículo 10: "dizem").

Por enquanto, Paulo usa esta imagem para reforçar seu ponto. O sentido é
este: "Tudo bem, vocês me consideram manso quando presente e severo
quando ausente. Então, façam tudo para corrigir os seus problemas, porque
não quero ser severo quando chego aí."

Apesar das opiniões de outros sobre Paulo, ele afirma a sua determinação de
fazer o certo, agindo de acordo com a vontade de Deus e não a dos homens.
Os versículos 3 a 6 descrevem bem a atitude e as táticas do servo de Deus nas
batalhas espirituais. Observe:

-Somos seres humanos, mas não usamos táticas humanas.

-As armas que usamos são espirituais, não carnais.

-Com as armas poderosas de Deus, podemos vencer a força dos homens


(fortalezas, sofismas, altivez, pensamentos).
-Nosso alvo é simples: levar "cativo todo pensamento à obediência de Cristo",
completando a nossa submissão.

**Obs.: Sofismas são pensamentos ou raciocínios que parecem razoáveis e


válidos, porém são falsos. Paulo mostra, aqui, que a sabedoria de Deus é
superior à suposta sabedoria dos homens.

10:7-12
Paulo pede para seus críticos serem justos com ele. Eles se consideravam
servos de Cristo, mas negavam a posição dele na família do Senhor. De fato,
Paulo não era nem um pouquinho inferior a eles. Ele tinha recebido autoridade
de Cristo para edificar, e não para destruir.

**Obs.: Para edificar e não para destruir. Paulo mostra um dos problemas
fundamentais do partidarismo. Ao invés de edificar, o espírito carnal destrói.
Em 1 Coríntios 3:1-16, ele frisou este mesmo ponto. Os verdadeiros servos não
procuram criar ou defender seus próprios partidos (assim destruindo o corpo de
Cristo). Cada um de nós deve edificar e contribuir ao bem do corpo.

Paulo não aceitou a acusação que ele fosse forte nas cartas e fraco quando
presente. Prometeu, se fosse necessário, usar da mesma severidade na
presença deles.

**Obs.: Padrões errados para avaliação de homens. Paulo recusou avaliar-se


por comparações com outros homens, e condenou tal prática. Infelizmente,
muitos supostos servos do Senhor ainda não captaram o sentido desse
ensinamento. Há hoje comentários sobre qual pregador é melhor que o outro,
prêmios para melhores sermões, melhores livros, melhores sites evangélicos
na Internet, etc. Pessoas que alegam ser cristãs participam ousadamente do
pecado de auto-promoção. Tal prática não cabe no reino de Deus (veja Mateus
20:27; 23:11; Lucas 17:10).

10:13-18
Paulo não tentou validar seu trabalho por comparações com os trabalhos de
outros. Ele se viu no contexto da responsabilidade que Deus lhe deu. A esfera
de ação dele incluiu Corinto e ele faria o trabalho entre eles, apesar da
oposição de alguns "irmãos".

**Obs.: A esfera de ação. Embora Paulo comente sobre locais geográficos, ele
não sugere limites de território físico no trabalho do Senhor. Os apóstolos
foram enviados ao mundo (Marcos 16:15), e a mesma responsabilidade de
pregar o evangelho foi transmitida a homens fiéis e idôneos (2 Timóteo 2:2).
Pessoas que se acham hoje donas de determinados "territórios" no trabalho do
Senhor mostram a mesma atitude carnal que Paulo condenou. Como servos de
Deus, podemos e devemos pregar em qualquer lugar onde exista
oportunidade.

Neste parágrafo, encontramos uma frase que deve controlar todas as


tendências orgulhosas de auto-engrandecimento: "Aquele, porém, que se
gloria, glorie-se no Senhor" (versículo 17).
2 Coríntios 11

11:1-6
Paulo justifica sua loucura! Na segunda metade deste capítulo, ele usará
alguns argumentos que normalmente não empregaria. Aqui, ele explica o
motivo. Ele estava agindo por amor aos coríntios, fazendo tudo para evitar que
eles caíssem no engano de falsos apóstolos.

**Obs.: A "loucura" de Paulo. Quando homens carnais começaram a comparar


pessoas, Paulo ficou para trás. Outros eram mais eloqüentes ou mais polidos
do que Paulo. Ele disse, ironicamente, que ele era louco e os próprios coríntios
sábios (1 Coríntios 4:10). É claro que não era o caso. Em 1 Coríntios 2:16, ele
disse que tinha a mente de Cristo. No início de 1 Coríntios 3, chamou os
coríntios de crianças carnais. Do mesmo modo, ele criticou as pessoas que se
julgavam sábias, dizendo que devemos nos gloriar exclusivamente no Senhor
(2 Coríntios 10:12,17-18). Paulo não era louco, mas considerou qualquer
defesa baseada nos feitos humanos um tipo de loucura. Assim, ele respondeu
com esse tipo de argumento em 1 Coríntios 4:10-13 e usará a mesma
abordagem em 2 Coríntios 11:21-29.

O zelo de Paulo destaca a importância de nos manter puros, e de ajudar outros


a fazerem o mesmo. Paulo procurava proteger os coríntios de falsos mestres
para apresentar a noiva como virgem ao seu verdadeiro esposo, Cristo.

**Obs.: A noiva de Cristo. Paulo emprega aqui uma ilustração muito comum
para descrever o povo de Deus. Desde o Velho Testamento, a relação entre
Deus e seu povo foi comparada ao noivado e ao casamento. No Novo
Testamento, encontramos a mesma figura em vários livros (Sugestão para seu
próprio estudo: faça uma lista de passagens que usam a figura de casamento
para descrever esta relação espiritual). Dessa figura, vêm diversas aplicações:
a pureza da noiva (aqui), o amor do marido e a submissão da mulher (Efésios
5:22-33), o problema de adultério espiritual (o livro de Oséias; Ezequiel 16); o
adorno da noiva para o casamento (Apocalipse 21:2), etc.

11:7-15
Ao invés de se exaltar como outros, especialmente os falsos apóstolos (tais
apóstolos-11:5), Paulo tinha se humilhado para servir. Viveu humildemente.
Não pediu dinheiro aos coríntios, mesmo passando privações.

**Obs.: "Despojei outras igrejas..." (8-9). Paulo recebeu seu sustento de outras
congregações. Ele não se fez pesado aos coríntios. Ele não viu o trabalho com
uma igreja como "negócio" para lucrar materialmente e, sim, como serviço e
sacrifício. Ele precisava de sustento, é claro, e o recebia de outras
congregações. Especificamente, ele cita ajuda recebida da Macedônia durante
seu tempo em Corinto. Da mesma forma, evangelistas hoje podem ser
sustentados por igrejas (veja 1 Coríntios 9:11-15). Como aqui, o sustento deve
ser enviado diretamente da igreja ao pregador (Filipenses 4:15-17). Não há
nenhuma autorização nas Escrituras para criar ou manter algum tipo de
sociedade missionária, nem de elevar uma congregação acima de outras como
matriz ou igreja patrocinadora.

A humildade de Paulo não reflete falta de confiança em relação à sua


mensagem ou à sua missão (10).

Por qual razão Paulo confrontaria esses falsos apóstolos? Para destruir vidas e
mostrar falta de amor? De modo algum! Ele entrou nesta batalha espiritual para
poupar os amados coríntios dos estragos e da perdição que os falsos mestres
trazem.

**Obs.: O aspecto polêmico do nosso serviço. Qualquer servo fiel a Deus terá
que enfrentar os inimigos da cruz, e devemos nos preparar para tais confrontos
(1 Pedro 3:15). Nunca devemos esquecer que são batalhas espirituais (2
Coríntios 10:3-6) e que o propósito não é a destruição das pessoas que se
opõem a nós, e sim a salvação das mesmas. O nosso foco não deve ser na
batalha em si, mas nas pessoas que queremos extrair dos erros perniciosos do
Maligno (2 Timóteo 2:24-26).

Satanás e seus servos se apresentam como anjos de luz, como se fossem


apóstolos de Cristo e ministros de justiça. Uma das maiores armas do diabo é a
sua astúcia. Ele vende a corrupção e a morte, mas em embalagens atraentes
que parecem inocentes. Os servos do diabo são, muitas vezes, pessoas
simpáticas e prestativas que parecem tão sinceras que outras pessoas são
facilmente enganadas por elas. Temos de lembrar que o próprio Satanás se
apresenta como anjo de luz, e os seus servos são lobos vestidos como
cordeirinhos.

11:16-33
Este trecho é exemplo da "loucura" de Paulo. Na verdade, ele jamais se
defenderia com argumentos carnais, tentando se exaltar. O ponto que ele quer
ensinar aqui é simples: Se os servos de Deus tivessem direito de se gloriar,
como os falsos apóstolos entre vocês fazem, eu poderia me defender muito
bem. Mas, de fato, não temos direito de nos exaltar. A tolerância dos falsos
mestres levará vocês à escravidão espiritual.

Os argumentos da loucura de Paulo:

(1) A sua genealogia: de pura linhagem dos judeus.

(2) O seu trabalho: ministro de Cristo que sofria muito por causa da sua fé.

(3) Preocupação com as igrejas: um peso até maior do que o sofrimento físico.

Paulo não se gloriou nestas coisas. A única coisa dele que deu motivo para se
gloriar foi a sua própria fraqueza. Quando enfrentou perseguições intensas, foi
Deus que deu livramento. A fraqueza de Paulo, até a sua incapacidade de se
defender, destacou a grandeza de Deus e seu poder (veja 10:17). Este é o
tema do início do capítulo 12.

**Obs.: Como precisamos de homens como Paulo hoje! É triste observar a falta
de humildade entre supostos servos de Cristo. Homens procuram se glorificar,
e exaltam uns aos outros, mesmo no contexto de igrejas e trabalhos espirituais.
Cultos especiais para honrar homens, destaque dado a alguns por causa de
sua formação teológica, exaltação de pessoas que têm conquistado bens
materiais ou posição social e o uso de líderes políticos como convidados
especiais são exemplos da carnalidade que Paulo rejeitou e condenou. Um dos
aspectos tristes dos desvios de igrejas e pessoas "religiosas" é o esquecimento
das qualidades que Deus quer na vida de todos os cristãos (leia Gálatas 5:22-
23; 2 Pedro 1:3-11), nos evangelistas (1 Timóteo 4:12-16), nos diáoncos (1
Timóteo 3:8-13) e nos presbíteros/pastores/bispos (1 Timóteo 3:1-7; Tito 1:5-9).
Alguns destes trechos falam sobre habilidade e talento, mas a grande ênfase
está no caráter, nas atitudes e na conduta das pessoas. Paulo não confiou nas
coisas que ele trouxe a Cristo, mas no que Cristo fez para ele, transformando a
sua vida.

**Obs.: O cuidado de Paulo para com as igrejas (versículos 28 e 29). Entre os


pesos que ele suportava, Paulo achou mais difícil o peso de preocupação com
as igrejas. Ele não está reclamando sobre o trabalho em si, nem o cansaço que
ele sentia. Ele tinha tanta compaixão que realmente sofria com as pessoas.
Paulo sentiu as fraquezas e escândalos dos irmãos em vários lugares, como se
ele mesmo estivesse passando pelos mesmos problemas.

2 Coríntios 12

Paulo continua os comentários do capítulo 11, mostrando que ele poderia se


gloriar mais que os falsos apóstolos que estavam enganando os coríntios.
Embora que tenha como se gloriar, ele não o faz porque entende bem que toda
a glória pertence ao Senhor.

12:1-6
Se fosse para se exaltar, Paulo citaria as suas próprias experiências espirituais,
principalmente as suas visões e revelações. Até uma vez ele foi levado ao
terceiro céu (o paraíso) onde ouviu coisas que o homem não pode falar! Mas,
esta experiência não deu motivo para Paulo se exaltar. Foi algo que ele
recebeu, não algum ato que ele fez. Foi Deus que lhe concedeu esta bênção, e
Paulo continua sendo um mero homem.

**Obs.: "Conheço um homem" - Paulo se esforçou tanto para evitar a vanglória


que nem se identificou aqui. A experiência obviamente era dele mesmo, mas
ele não quer dizer "Eu fui arrebatado ao paraíso!" De fato, ele guardou silêncio
sobre este assunto durante 14 anos!
**Obs.: O terceiro céu - Paulo o identifica como o paraíso. Normalmente se
supõe que o primeiro seria a atmosfera (firmamento) e o segundo o espaço
(sol, lua, estrelas, etc.).

**Obs.: Se Paulo recusa se gloriar nos seus feitos e nas suas experiências
espirituais, ele pode se gloriar no que? Ele já falou várias vezes: na sua
fraqueza. Alguns dos detratores de Paulo o consideravam fraco (10:10; 11:21).
No seu argumento aqui, ele torna seu ponto "fraco" em ponto forte. Ele se
gloria na fraqueza, porque a fraqueza dele destaca com mais clareza a força de
Deus (11:30; 12:5,9,10; 13:3).

12:7-10
A ilustração de fraqueza que Paulo escolheu foi de algum sofrimento que ele
descreve como "espinho na carne". Ele não identifica o espinho, mas fala
algumas coisas interessantes que nos ajudam quando enfrentamos diversos
tipos de sofrimento em nossas vidas:

(1) O espinho servia para combater qualquer tendência de se ensoberbecer ou


se exaltar. Nas fraquezas, lembramos da nossa dependência de Deus e do fato
que somos insignificantes em comparação com ele.

(2) O espinho foi um mensageiro de Satanás. Embora Deus use nossas


angústias para seu propósito, foi Satanás que pôs o espinho na vida de Paulo.
Compare com o caso de Jó. Deus permitiu que o Diabo o afligisse.

(3) Paulo pediu três vezes, mas Deus recusou tirar o espinho de sua vida. As
doutrinas de algumas igrejas hoje que sugerem que a vida cristã deve ser livre
de sofrimento, ou que sofrimento é prova de pecado na vida da pessoa, são
doutrinas erradíssimas. Paulo, um servo fiel e dedicado, sofreu na carne.
Servos fiéis hoje podem sofrer pobreza, doenças e outras tristezas.

(4) A graça de Deus basta. Satanás mandou o espinho, mas Deus o usou para
mostrar a importância de sua graça para com Paulo.

(5) O poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza do homem.

(6) Paulo prefere gloriar em Cristo do que receber a glória dos homens.

(7) Uma vez que Paulo aprendeu entender as coisas desta maneira, ele sentia
prazer nas fraquezas, injúrias, etc, pois nestes momentos ele viu o poder de
Deus com mais nitidez. Veja Tiago 1:3-4.

(8) Quando Paulo era fraco em termos de circunstâncias desta vida, ele se
sentiu mais forte por causa da força de Deus na vida dele.

12:11-13
Paulo considerou toda esta "loucura" desnecessária e constrangedora. Os
fatos deveriam ter sido evidentes aos coríntios:

(1) Ele não era inferior aos falsos profetas!


(2) Ele apresentou as credenciais do apostolado (milagres) aos coríntios.

(3) O fato que ele não recebeu sustento da igreja dos coríntios não a fez
inferior a outras. (Ele pede perdão pela "injustiça" de não ser pesado para
eles!)

**Obs. As credenciais do apostolado. Paulo cita seus sinais, prodígios e


poderes miraculosos como provas do seu apostolado. Nisso ele nos lembra de
um fato freqüentemente ignorado sobre os dons miraculosos na igreja primitiva.
Os sinais serviam para confirmar a palavra pregada pelos apóstolos (Marcos
16:20; Hebreus 2:3-4). Hoje, temos a palavra revelada e confirmada nas
Escrituras, e não há mais necessidade de sinais (1 Coríntios 13:8-13). Nós não
somos apóstolos (testemunhas oculares de Cristo ressuscitado - Atos 1:22; 1
Coríntios 15:8), e não temos as credenciais do apostolado. Graças a Deus,
temos um caminho sobremodo excelente, superior a qualquer sinal miraculoso;
temos a palavra de Deus que pode salvar almas!

12:14-18
Paulo não pretendia ser "pesado" na próxima visita a Corinto. Ele não foi atrás
dos bens, e sim procurou as pessoas. Ele não se interessou pelo dinheiro dos
coríntios.

**Obs.: "pela terceira vez" sugere a possibilidade de uma visita por Paulo a
Corinto entre a primeira e segunda carta. Veja comentários a esse respeito na
introdução (Estudo 1/15).

**Obs.: O motivo do trabalho de Paulo. Este apóstolo não procurava os bens


materiais dos cristãos onde ele trabalhava. Não tinha metas de arrecadação,
nem demandas salariais. Recebia sustento, sim, mas não aproveitou
oportunidades de tomar os bens dos recém-convertidos nas igrejas que ele
estabeleceu.

Paulo se gastou no trabalho em prol das almas dos outros irmãos (15).

Voltando a usar um tom de ironia, ele diz que prendeu os coríntios com dolo
(16). Assim, ele chama atenção ao fato da sinceridade e falta de qualquer
egoísmo no seu trabalho. Nem ele, nem os seus companheiros, tinham
explorado os coríntios.

**Obs.: Paulo e outros poderiam ter aproveitado as coletas que foram feitas
para ajudar os irmãos necessitados na Judéia, mas não o fizeram. De fato,
Paulo fez tudo para evitar qualquer suspeita ou acusação em relação ao
dinheiro levado (veja 8:19-24). Como o trabalho dele foi diferente dos negócios
ocultos e, às vezes, sujos de algumas igrejas hoje!

12:19-21
Mostrando a sinceridade do seu amor para com os coríntios, Paulo faz mais um
apelo incentivando-os a praticar a pureza. Ele não gostaria de encontrá-los
praticando pecado.
2 Coríntios 13

13:1-4
Paulo se preparou para visitar Corinto pela terceira vez (veja comentário sobre
12:14 no estudo anterior) e estaria preparado para confrontar os falsos
apóstolos com a justiça que a palavra de Deus exige.

Paulo mostrou certeza de que Cristo falava nele, e afirmou a sua fé no poder
de Jesus. Jesus morreu na fraqueza mas ressuscitou e vive no poder. Paulo (e
qualquer outro) é fraco (veja 12:10), mas vive pelo poder de Deus.

13:5-10
Paulo desafiou os leitores que se examinassem para verificar a sua situação
espiritual (5).

**Obs.: O desafio do versículo 5 vale para qualquer cristão. Realmente


estamos na fé?

Enquanto Paulo sugeriu a possibilidade que os coríntios fossem reprovados,


ele falou com confiança de sua própria posição, e pediu que eles
reconhecessem que ele não era reprovado (6).

Paulo continuou orando para que os coríntios fizessem o bem, sem depender
da atitude deles em relação a ele (7).

Paulo não faria nada contra a verdade, e se regozijaria se os coríntios fossem,


de fato, fortes (8-9).

As correções que Paulo fez por carta tinham o propósito de evitar uma
reprovação mais forte na visita a Corinto (10). Se for necessário ser duro, ele o
faria com a autoridade que o Senhor lhe concedeu.

13:11-13
Como costumava fazer, Paulo encerrou a carta com algumas saudações para
os irmãos. Ele enfatiza:

(1) A união e paz entre irmãos (11)

(2) O amor fraternal (12)

Paulo encerra com uma bênção que inclui as três pessoas divinas: Jesus, o Pai
e o Espírito Santo (13).

**Obs.: Algumas Bíblias dividem o versículo 12 em dois (12 e 13), assim dando
um total de 14 versículos no capítulo. Outras têm apenas 13 versículos. O
conteúdo é o mesmo. Aqui seguimos uma tradução que tem 13 versículos no
capítulo.
Pessoas residentes no Brasil que não têm acesso às publicações na Internet
podem receber muitas das mesmas pelo correio (grátis), pedindo pelo título ou
código. Escreva para: Estudos da Bíblia, C. P. 60804, São Paulo, SP, 05786-
990.

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