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Esperança
Jornadas para maturidade
emocional e espiritual
ÍNDICE
1ª Semana: Os sinais de uma espiritualidade doentia - Parte 1
“Diagnosticando a raiz de nossos problemas”...........................................6
2ª Semana: Os sinais de uma espiritualidade doentia - Parte 2
“Diagnosticando a raiz do problema”......................................................12
3ª Semana: A cura para uma espiritualidade doentia
“Levando transformação a lugares profundos”.......................................18
4ª Semana: A jornada pela verdadeira identidade
“O poder do autoconhecimento”...............................................................23
5ª Semana: Rompendo com o poder do passado
“Retrocer para a avançar”..........................................................................29
6ª Semana: Jornada Através da Muralha
“Abdicando do poder e do controle”..........................................................33
7ª Semana: Crescendo através do sofrimento e da perda
“Rendendo-se aos seus limites”.................................................................40
8ª Semana: Hábitos de intimidade com Deus e descanso
“Parando para respirar o ar da eternidade”............................................45
9ª Semana: Adquirindo novas habilidades para amar
“Tornando-se um adulto emocionalmente”............................................51
10ª Semana: Desenvolvendo uma disciplina espiritual saudável
“Passos decisivos para uma regra de vida” .............................................55
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PREZADO LEITOR
É
com alegria que lhes apresento essa edição especial das lições de Espe-
rança: “Jornadas para maturidade emocional e espiritual”. O tema é
relevante, atual e urgente. Nossa geração está doente. Os problemas da
alma atingem ricos e pobres, jovens e velhos, doutores e analfabetos, religiosos
e ateus. Diariamente, ouvimos tragédias irremediáveis, principalmente entre ir-
mãos de nossa família.
É tempo de darmos atenção às emoções. Não para sermos guiados por
elas, mas para as transformarmos pelo poder do Evangelho. Nas lições a seguir
os autores costuraram os temas voltados para a maturidade cristã com esmera-
do cuidado.
Tendo como referência bibliográfica principal o best seller Espirituali-
dade Emocionalmente Saudável, escrito pelo Pastor Peter Scazzero, titular da
Igreja New Life Fellowship de Nova York, estas lições foram preparadas com o
propósito de oferecer uma resposta à severa crise de imaturidade emocional e
espiritual que castiga tantos cristãos.
Nosso desejo é que você torne os conteúdos aqui ministrados uma reali-
dade prática em sua vida. Ao final, foram preparadas perguntas para reflexão
em grupos de discipulado e pastoreamento.
Avancemos juntos para mais esse estágio “até que todos cheguemos à uni-
dade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da
estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes,
levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que, com as-
túcia, enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos
em tudo naquele que é a cabeça, Cristo.” (Ef. 4.13-15)
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AUTORES
Marcelo Loconte
É casado com Camila Loconte. Pr. auxiliar na Igreja Esperança sede.
Possui pós-graduação em aconselhamento pastoral. Pós-graduando em Teologia sistemática. Possui formação em
liderança avançada pelo Instituto Haggai do Brasil.
Líder de grupos de pastoreio na Igreja Esperança.
Contatos: locontenet@hotmail.com | whatsapp: (62) 99416-5483
OS SINAIS DE UMA
ESPIRITUALIDADE
DOENTIA
Parte 1
“Diagnosticando a raiz de
nossos problemas”
O objetivo dessa edição especial das lições de Esperança não é apenas prover informação.
Sua pretensão é mudar sua vida levando transformação a lugares profundos de sua alma. Trilha-
remos uma jornada de reflexões voltadas ao tema maturidade espiritual e emocional.
É inegável que há milhares de pessoas sinceras dentro da igreja que infelizmente, não
experimentaram uma profunda mudança em suas vidas depois que assumiram uma aliança
com Cristo e a igreja. Muitos continuam lutando com casamentos arruinados, amizades doen-
tias, negligência familiar, sexualidade corrompida, vícios insuperáveis, inseguranças, esforço
por aprovação e pisoteados por sentimentos de fracasso e depressão tanto no trabalho, no lar e
na igreja.
Outros cristãos permanecem dentro da igreja, porém completamente inativos por conta de
suas decepções. Ficam lá em consideração aos filhos, ao pastor ou até por medo do inferno. Não
colocam o dedo na ferida, mas sabem que algo não está certo. Falta algo. Um profundo descon-
forto na alma os atormenta, mas a maioria não sabe o que fazer ou para onde ir.
Há também aqueles que cansaram e jogaram a fé pela janela. Esgotados da companhia de
cristãos que mesmo conhecendo a Deus e ocupados com a igreja eram iracundos, compulsivos,
enxeridos, defensivos, orgulhosos e ocupados demais para amar o Jesus que professam.
A questão é que existe algo oculto sob a capa de “bom crente” que cada um de nós usamos.
Há camadas inteiras em nossa vida emocional enterradas e intocadas pelo poder transformador
do Evangelho.
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Você deve conhecer pessoas espiritualmente poderosas como Elias, que fazem cair fogo do
céu, mas que dentro de si escondem uma alma doente. Sentimentos de medo, incapacidade,
revolta ou ilusões ainda falam mais alto que a voz de Deus em seu interior. Por outro lado, há
pessoas emocionalmente estáveis, mas que não tem Jesus. Você deve conhecer um não crente
que é mais amável, mais equilibrado e mais gentil que muitos membros da sua igreja, inclusive
mais equilibrado que você mesmo. Todavia, pouco adianta uma alma emocionalmente resolvi-
da se espiritualmente está condenada ao inferno.
O fato é que precisamos desesperadamente admitir que há áreas em nossas vidas que o
evangelho ainda NÃO CHEGOU. Há padrões comportamentais profundamente arraigados em
nossa alma que frequentemente nos afastam de Cristo e nos fazem adultos espirituais, mas me-
ninos emocionais.
Em nome do crescimento espiritual proporcionado pela leitura Bíblica, pela oração fervoro-
sa, pela guerra espiritual, pelos relacionamentos profundos em comunidade ou pela adoração
contagiante, a maioria de nós ignora a realidade de uma imaturidade emocional escondida em
águas profundas do nosso ser.
Você deve se lembrar do iceberg contra o qual o famoso navio Titanic se chocou. Icebergs
são blocos de gelo que se formam no mar, sendo que apenas 10% de seu tamanho são visíveis
na superfície da água e o restante forma uma verdadeira montanha de ponta para baixo dentro
do mar.
Nossa vida é como o iceberg. Os 10% acima da superfície representam nossas mudanças visí-
veis que todos podem ver. Depois que viemos a Cristo, nos tornamos mais gentis e respeitáveis.
Praticamos uma intensa rotina religiosa, e, de certa forma, limpamos nossa vida ao nos livrar do
álcool, das drogas, da liberdade obscena, de comportamentos ilícitos entre outras coisas. Mas as
raízes do que realmente somos continuam inalteradas.
Talvez você não esteja experimentando a verdadeira alegria e contentamento que a Escritu-
ra nos promete em Cristo e amargue uma vida infeliz, frustrada e exausta de stress. Talvez seu
esgotamento esteja te transformando num ser irritado, amargo e deprimido. Talvez sua família
mereça mais de você.
É momento de parar e juntos, nessa e nas próximas lições praticarmos o princípio de OLHAR
ABAIXO DA SUPERFÍCIE navegando pela longa viagem para o nosso interior, a fim de que o
Poder de Deus restaure os lugares não alcançados de nosso ser.
OBJETIVO DA LIÇÃO
E para iniciarmos essa jornada, nessa e na próxima lição conhecermos os 10 principais
sinais de uma espiritualidade doentia. Esse primeiro passo nos auxiliará a fazer um diag-
nóstico pessoal avaliando se não estamos acometidos de uma espiritualidade emocional-
mente doentia potencialmente desastrosa para nossa vida pessoal e igreja.
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1 USAR DEUS PARA FUGIR DE DEUS
Esse é um dos vírus mortais mais difíceis e) Quando uso a verdade de Deus para
de identificar. Na superfície, tudo parece sau- julgar e desvalorizar pessoas.
dável, mas não está. Esse sintoma se mani- f) Quando exagero minhas realizações
festa quando mergulhamos num incontável por Deus para sutilmente competir com ou-
número de atividades para Deus e ignoramos tras pessoas.
o próprio Deus. g) Quando declaro que o Senhor me dis-
Gastamos horas a fio em leituras e estudos se algo, quando na verdade achamos que ele
e envolvemo-nos em diversas responsabilida- falou para fazer isso.
des cristãs fora de casa, e, sem perceber, usa- h) Quando me torno defensivo a respeito
mos essas atividades cristãs como tentativa de de minhas falhas.
escapar do sofrimento. i) Quando seleciono só as verdades bíbli-
Veja a seguir alguns exemplos de como cas que atendem aos meus propósitos, mas
podemos usar Deus para fugir de Deus, ou evito situações que requerem que eu faça mu-
seja, quando criamos atividades para Deus e danças significativas em minha vida.
ignoramos áreas difíceis de nossa vida que ele O rei Saul foi vítima desse primeiro sinto-
quer mudar. ma. Em 1Samuel 15.7-24 lemos sobre como
a) Quando faço a obra de Deus para satis- ele obedeceu parcialmente a ordem de Deus
fazer a mim, não a Ele. e acabou rejeitado pelo Senhor. Sua doença
b) Quando faço coisas em nome de Deus, emocional, a sede por reputação espiritual,
mas que ele NUNCA me pediu para fazer. mesmo estando mal com Deus (1Sm 15.30),
c) Quando minhas orações são sobre a vontade de agradar a todos, especialmente
Deus fazer a minha vontade, sem submissão seus guerreiros fez da sua religiosidade uma
à dele. fonte de maldição.
d) Quando eu aparento comportamento Por sua história aprendemos a superio-
cristão para que pessoas importantes pensem ridade da obediência em relação a qualquer
bem de mim. sacrifício e holocaustos (1Sm 15.22).
Em 2 Coríntios 5.17, Paulo escreve uma das Deus em justiça e em santidade provenientes
verdades mais poderosas do Evangelho: “Por- da verdade”. E esse processo de “despir do ve-
tanto, aquele que está em Cristo é nova criatura. lho homem” e “esquecer as coisas que para trás
As coisas velhas se passaram e tudo se fez novo”. ficam” (Fp 3.13), começa com um olhar sin-
Ser uma nova criatura e romper com o cero sobre o quê de nossa vida passada ainda
passado é uma das promessas mais transfor- influencia nosso presente.
madoras e revolucionárias, todavia ela não Goste você ou não, mas a cultura de sua
ocorre automaticamente. Infelizmente, esse família, os hábitos e comportamentos (bons
texto é mal compreendido pela maioria dos ou maus) vão afetar inconscientemente seu
cristãos. Eles supõem que apenas pelo fato modo de viver. Na verdade, somos influencia-
de fazerem uma confissão de fé e passarem a dos pela herança de três a quatro gerações pas-
frequentar cultos, tudo em suas vidas estará sadas (Êx 20.5,6). Alguns pecados se repetem
imediatamente transformado. gerações após gerações tais como divórcio,
É verdade que quando nos convertemos alcoolismo, vícios, abuso, fuga, rebelião, pros-
a Cristo, nossos pecados são removidos tituição, imoralidade sexual, avareza e tantos
e recebemos um novo nome, uma nova outros. Os maus traços de caráter podem se
identidade, um novo futuro e uma nova estender até quatro gerações (Ex. 20:5,6).
vida. Mas isso não significa que tudo mudou Não podemos confundir lei da heredi-
instantaneamente. Para vestir da nova tariedade com a lei da penalidade. Os filhos
criatura é preciso despir do velho homem. não respondem pelos pecados e erros dos
Paulo esclarece isso em Efésios 4.22-24: pais. Todavia, serão a vida inteira tentados a
“Quanto à antiga maneira de viver, vocês fo- repetí-los.
ram ensinados a despir-se do velho homem, Este assunto fica mais claro quando lemos
que se corrompe por desejos enganosos, a serem Deuteronômio 24.16: “os pais não são mortos
renovados no modo de pensar e a revestir-se em lugar dos filhos”. Aqui, está se referindo à
do novo homem, criado para ser semelhante a responsabilidade individual de uma pessoa
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pelos pecados que cometeu. Deus não pune Muitos resistem retroceder para se livrar
alguém por um pecado cometido por um de de padrões doentios e destrutivos que os im-
seus pais. Veja os demais versículos a seguir: pedem de amar a si mesmos, a Deus e às ou-
“Eis que todas as almas são minhas; como a tras pessoas.
alma do pai, também a alma do filho é minha; Padrões como ser controlador, incapaz de
a alma [pessoa viva] que pecar, essa morrerá” amar verdadeiramente as pessoas, implosão,
(Ez 18.4). “A alma [pessoa] que pecar, essa indiferença, ressentimento, manipulação, vi-
morrerá; o filho não levará a iniquidade do timismo são padrões apreendidos no berço
pai, nem o pai, a iniquidade do filho; a justiça e, se não forem identificados e tratados nos
do justo ficará sobre ele, e a perversidade do acompanharão até a sepultura.
perverso cairá sobre este” (Ez 18.20). Antes de avançar precisamos recuar. Pre-
Seria contrário ao caráter justo de Deus cisamos olhar para nossas fraquezas e peca-
(Gn 18.25) permitir que viesse um castigo a dos. E também para as fraquezas e pecados
alguém sendo que este (a) não teve parte no de nossas famílias. Poucos de nós refletimos
ato pecaminoso. honestamente sobre o impacto de nossa famí-
Podemos concluir que, ao dizer que “visi- lia de origem. Por não repetimos esse exercí-
ta a iniquidade dos pais nos filhos”, Deus está cio doloroso, acabamos repetindo os mesmos
se referindo à “Lei da hereditariedade” (todos padrões que aprendemos.
estamos sujeitos a ela) e não à “penalidade”. Nossos pais transferiram as bagagens que
Assim, é preciso estar atento aos erros, pe- receberam. Feridas emocionais não curadas
cados e influências das nossas gerações pas- criam hábitos pecaminosos que não enten-
sadas e investigar se não estamos cedendo à demos. O que ainda impacta sua vida? Pense
tentação de espelhar nossa família de origem. nisso.
Conclusão.............................................
É fato que muitos cristãos estão presos a estágios de imaturidade espiritual e emocional que
nossos modelos de cultos e ensino atuais não tratam. É tempo de restaurarmos nossas vidas
emocionais para vivermos uma revolução espiritual. Permita-se após essa lição avaliar o quanto
desses quatro primeiros sintomas se faz presente em sua vida.
Talvez seja a hora de focar no estar com Deus, antes do fazer para Deus. Precisamos de uma
espiritualidade voltada para o relacionamento e afeto com o Pai, antes da pressão do trabalho
e da necessidade de ser útil. Somos filhos! Ele nos ama. Se não tratarmos isso, de duas, uma
acontecerá: ou sairemos logo da igreja, como filhos pródigos desperdiçando nossas riquezas ou
passaremos a vida mendigando o pão, enquanto a mesa está farta.
Ore ao Senhor. Talvez seja o momento de admitir que há muito do seu passado entristecen-
do sua alma e diminuindo seu horizonte. Romper hábitos antigos é um processo doloroso de
decisões firmes que passam pela honesta avaliação de si mesmo, sobre o quanto dos nossos pais
e antepassados ainda existe em nós. Ou até mesmo o quanto do nosso próprio passado ainda
controla nosso futuro.
Decida hoje restaurar suas prioridades oferecendo o seu melhor tanto para Deus como para
aqueles que ele plantou ao seu lado para você enriquecer com a abundância de vida que Ele
mesmo depositou em você.
Até a próxima semana! Lá continuaremos essa introspecção por outros 6 sintomas sérios de
uma espiritualidade emocionalmente doentia.
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SEGUNDA SEMANA
OS SINAIS DE UMA
ESPIRITUALIDADE
DOENTIA
Parte 2
“Diagnosticando a raiz
do problema”
É inegável que muitos cristãos realmente estão presos em estágios de imaturidade espiritual
e emocional dentro de nossas igrejas. Pessoas que ainda não alcançaram cura, pois apenas o
ambiente de culto não é capaz de propiciar um tratamento adequado.
Nessa série, iniciamos uma jornada em busca de mudanças que nos levarão a uma transfor-
mação completa em nossa alma. Somos forçados a reconhecer honestamente que há áreas em
nossas vidas que o evangelho ainda não chegou. Que há padrões comportamentais profunda-
mente arraigados em nossa alma, que frequentemente nos afastam de Jesus Cristo e nos fazem
adultos espirituais, mas meninos emocionais.
Na lição passada admitimos que a postura que temos adotado para seguir a Jesus precisa de
reparo. Diagnosticamos os quatro primeiros sintomas que levam à raiz do problema de uma
espiritualidade doentia:
- Usar Deus para fugir de Deus;
- Ignorar sentimentos letais que nos matam de dentro para fora;
- Morrer para as coisas erradas; e
- Negar os Impactos do passado sobre o presente.
A presença desses sinais em nossa vida aponta que algo em nossa fé está errado, e isso afe-
tara drasticamente nossos relacionamentos mais íntimos, inviabilizando uma transformação
profunda de tudo que está submerso do iceberg de nossa vida.
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OBJETIVO DA LIÇÃO
Agora, nesta segunda lição, continuaremos essa autoanálise, e mostraremos mais seis si-
nais que nos afastam de um verdadeiro relacionamento com Deus, com a família e a Igreja.
Os seres humanos têm uma estranha terialistas quanto os não cristãos com base
habilidade de viver uma vida dupla em um nos seus hábitos de consumo; que um terço
mesmo compartimento. Por exemplo: Car- dos jovens cristãos praticaram ou praticam o
los frequenta a igreja e adora cantar louvores sexo antes do casamento e 60% dos homens
que falam do amor de Deus. A caminho de crentes estão afundados em pornografia.
casa, porém, ele discute no trânsito e amal- Como dizia Leonard Ravenhill: “chegou
diçoa alguém na rua por meio de xingamen- o tempo em que ao invés da igreja clamar
tos de baixo calão; Jaqueline grita e discute ao mundo para que se arrependa, é o mun-
com o marido, chamando-o de sem vergonha, do quem está clamando para que a igreja se
negligente e imbecil. Mas na igreja ela trata arrependa”.
a todos com serena cortesia e amor; Juliana Aprendemos muito bem a usar másca-
chora muito durante os louvores inspirados, ras. Infelizmente, as consequências de nos-
mas, vive amarga lamentando-se em intermi- so mau testemunho são incalculáveis, tanto
náveis queixas pelas dificuldades da sua vida. para nós mesmos como para o mundo ao
No mesmo ambiente há aqueles que acei- nosso redor.
tam um estilo de vida que escandaliza até Precisamos analisar o quanto nossa vida
mesmo quem está fora da igreja. São crentes tem de santo e de profano. Deus se agrada da
hedonistas - idólatras do prazer, avarentos, sinceridade do coração. Ele quer forjar em
materialistas, egoístas e sexualmente imo- nós o caráter de um homem e uma mulher
rais, tal como o mundo é. de DEUS APROVADOS. Às Escrituras aler-
Somos carnais de segunda a sexta-feira e tam: “Aproximemo-nos, com sincero coração,
espirituais no domingo. Xingamos no trân- em plena certeza de fé, tendo o coração purifi-
sito e adoramos na igreja. Essa departamen- cado de má consciência e lavado o corpo com
talização da vida entre o secular e o sagrado, água pura” (Hb 10.22).
entre o carnal e o espiritual é um sintoma A luz de nosso caráter e das boas obras
grave de espiritualidade doentia. precisavam ser testemunhadas com admira-
Recentemente, o instituto Gallup pes- ção pelo mundo. Porém, o que vemos é uma
quisou o estilo de vida de milhares de cris- geração de incrédulos que balançam a cabe-
tãos no mundo. A pesquisa deu conta que ça assustados sobre como podemos ser tão
os membros das igrejas se divorciam tanto cegos a ponto de não enxergar a distância
quanto seus vizinhos seculares; que um nú- entre nossas palavras e a nossa prática diá-
mero considerável de homens agride suas ria. Cabe-nos o conselho de Paulo: “Exami-
esposas e filhos; que os cristãos são tão ma- ne-se o homem a si mesmo” (1Co 11.28).
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2 FAZER PARA DEUS EM VEZ DE ESTAR COM DEUS
Geralmente nossas prioridades se resu- mos estar aos pés do Senhor Jesus para real-
mem em ser produtivo e cumprir tarefas. E mente realizamos o que Ele deseja.
essa realidade vivemos na igreja. Nossa cultu- O lugar mais alto que uma pessoa possa
ra desconhece o que é parar para desfrutar a estar é aos pés do Salvador. É ali que encon-
presença de Deus. Para alguns isso não passa tramos abrigo para a nossa alma, nas traves-
de perda de tempo, ou um luxo dispensável. sias pelos mares da vida. É ali que encontra-
Vimemos sob a pressão de que ainda há mos segurança para o nosso coração, diante
muito a fazer: “o mundo está perdido e em dos terrores que nos assustam. É ali que en-
grande confusão. E temos a grande tarefa de contramos uma fonte inesgotável de alegria,
anunciar o Evangelho”. Afinal, “os trabalha- mesmo que as lágrimas rolem amargas pelo
dores são poucos” (Mt 9.37). A mensagem é nosso rosto.
bastante clara: Essa verdade da vida cristã pode ser vista
a) Realizar muitas tarefas para Deus é um de forma eloquente, na vida de Maria, irmã
sinal de uma vida espiritual relevante. b) De- de Marta e Lázaro (Lc 10.38-42). Marta está
vemos trabalhar muito, até o último dia de agitada de um lado para o outro, cuidando
nossas vidas. dos afazeres da casa, enquanto Maria perma-
c) Deus não age sem a nossa oração. necia aos pés de Jesus, ouvindo-lhe os ensina-
d) O tempo todo eu preciso pregar, se não mentos. Marta fica perturbada com a inércia
todos serão condenados. de sua irmã. Roga, então, a Jesus para inter-
e) Tudo será destruído se eu não me esfor- ferir no caso e ordenar a Maria para sair de
çar o bastante. sua confortável posição, a fim de ajudá-la nas
Essa postura está errada? Claro que não. lidas domésticas.
Mas precisamos entender que o nosso traba- Mas Jesus repreende Marta, dizendo:
lho para Deus precisa ser regado com uma “Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas
vida de profunda intimidade com Ele. Se mi- com muitas coisas. Entretanto, pouco é neces-
nha intimidade é frágil, todo o meu trabalho sário ou uma só coisa; Maria, pois, escolheu a
poderá ser contaminado com o ego, o poder boa parte, e esta não lhe será tirada”. A melhor
humano, com a necessidade de aprovação, parte é estar aos pés de Jesus.
ideias erradas de sucesso e com a crença de A melhor escola é aprender aos pés do
que nunca poderemos fracassar. Salvador. A comunhão com Cristo é mais im-
Nossas atividades para Deus somente flui- portante do que o trabalho para Cristo. Pri-
rão de forma adequada, se a nossa vida com meiro devemos nos deleitar nele e então servir
Deus estiver acontecendo o tempo todo. Não a ele. O Senhor vem antes de sua obra. Vida
podemos dar o que não possuímos. Precisa- com Jesus precede trabalho para Jesus.
Ninguém gosta de conflito. Mas sabemos igreja, no trabalho, nos tribunais e etc.
que conflitos acontecem em todo momento e Muitas vezes pensamos que suavizar os
em toda a parte. No casamento, na família, na desentendimentos ou “varrê-los para debaixo
14
do tapete” é seguir Jesus. Esse continua a ser coisa na frente das pessoas e outra pelas cos-
um dos mitos mais destrutivos vivos na igreja tas; fazemos promessas que claramente não
hoje. Por isso, muitos estão sofrendo a dor de poderemos cumprir; criticamos, atacamos e
conflitos não resolvidos. nos tornamos indiferentes e sarcásticos; con-
Possivelmente, poucas pessoas vieram de tamos meias verdades para não ferir os senti-
uma formação familiar onde os conflitos são mentos de alguém; dizemos sim, quando de-
resolvidos de uma forma madura e saudável. veríamos dizer não; evitamos; nos mantemos
A grande maioria enterra suas tensões e se- longe guardados pela indiferença, ou corta-
gue em frente como se tudo estivesse resolvi- mos os relacionamentos.
do. Ou seja, não encaram a situação de fren- O Senhor Jesus mostra que os crentes sau-
te para resolvê-las. Diz um adágio popular: dáveis não evitam conflitos. Com o desejo de
“tempo só cura queijo”. O tempo não é capaz trazer a paz verdadeira, Jesus rompeu a falsa
de resolver os conflitos e sarar as feridas aber- paz ao seu redor. Ele se recusou a “espiritua-
tas pelos desentendimentos. lizar” o conflito.
A oração persistente também não resolve Para desenvolver relacionamentos autên-
conflitos por si mesma. É necessário atitude. ticos, saudáveis e duradouros, precisamos do
“Portanto, se você estiver apresentando sua fundamento da transparência, da verdade e
oferta diante do altar e ali se lembrar de que do enfrentamento dos conflitos. Tudo isso
seu irmão tem algo contra você, deixe sua ofer- em amor. As Escrituras nos orientam a seguir
ta ali, diante do altar, e vá primeiro reconci- e falar a verdade em amor (Ef 4.15). Ao ser
liar-se com seu irmão; depois volte e apresente realista, sincero e honesto sobre o problema
sua oferta (Mt 5.23,24). de alguém, não perca a doçura, a sensatez, a
O que você faz quando enfrenta a tensão compaixão e o amor de Cristo. Fomos cha-
de um desentendimento? Na maioria das ve- mados para recuperar pessoas e não às con-
zes nossas atitudes acabam sendo combustí- denar. E isso começa pelos conflitos que en-
veis para a fornalha do conflito: falamos uma frentamos.
Muitos cristãos carregam culpa por nun- mano. Plenamente Deus, todavia plenamente
ca fazerem o suficiente. Essa culpa facilmente humano. Ele não curou todos os enfermos da
atrai o desânimo. E o desânimo atrai a des- Palestina; não ressuscitou todas as pessoas,
motivação e o isolamento. não alimentou todos os famintos, e nem fun-
Somos fascinados pela ideia de que ser dou ONGs para atender todos os pobres de
um bom cristão é doar-se infinitamente, ser- Jerusalém. Ele não foi um herói para todos.
vir indistintamente, deixando a si mesmo e Não agradou a todos. Não podemos achar
sua família sempre em segundo plano. que o seremos.
Conhecer nossos limites e admitir nossa Devemos cuidar bem de nós mesmos e
humanidade é um passo de sabedoria. Não viver plenamente. Poucos crentes associam
somos onipotentes. Não podemos atender a o amor por si mesmos ao amor pelos outros.
todos e a todas as necessidades. Pensar em si mesmo e se amar para muitos, é
O apóstolo Paulo disse certa vez: Posso um “pecado”.
todas as coisas naquele que me fortalece (Fp Sobre ter cuidado consigo mesmo, Parker
4.13). Paulo nos orienta a estar contente em Plamer conclui que: “O cuidado consigo mes-
todas as circunstâncias. A força que ele rece- mo nunca é um ato egoísta, é simplesmente uma
beu de Deus não foi à força para mudar, negar boa administração do único dom que temos.
ou desafiar suas adversidades; foi para estar Fomos criados para oferecer esse dom. Sempre
contente e aguentar firme em toda situação, e que conseguimos ouvir nosso verdadeiro ego e
se entregar aos cuidados e a vontade de Deus lhe proporcionar o cuidado que ele precisa, agi-
(Fp 4.11-13). mos não apenas em favor de nós mesmos, mas
Jesus é nosso maior exemplo como ser hu- de muitos que cuja nossa vida nós tocamos”.
Conclusão.............................................
Precisamos nos examinar e nos conhecer intimamente. Precisamos ter uma visão introspec-
tiva de nossa alma e de nossas emoções. Precisamos clamar ao Senhor Jesus, para que Ele não
apenas cure os sintomas que não estão certo em nossas vidas, mas que também tire cirurgica-
mente, tudo que está em nós que não pertence a Ele.
Que o Senhor Jesus venha derramar luz sobre as coisas que estão ocultas. Que possamos
enxergar claramente à medida que somos sustentados com seu amor.
Após conhecermos os sintomas de uma espiritualidade emocionalmente doentia, falta-nos
uma resposta, uma solução. E esse remédio passa pela união da maturidade emocional e a saúde
espiritual. É o que estudaremos no próximo encontro.
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TERCEIRA SEMANA
OBJETIVO DA LIÇÃO
Estudaremos nesta lição que o cuidado com a maturidade emocional e a saúde espiri-
tual são maneiras que nos possibilitam viver uma vida plena com Cristo.
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1 A INFLUÊNCIA DOS VALORES MUNDANOS NO ESTILO DE
VIDA CRISTÃO
3 SAÚDE ESPIRITUAL
Como cristãos, estamos destinados a cres- b) Ouvir a Deus e lembrar sua presença
cer e amadurecer. Mas o que significa ser um em tudo o que fazemos;
cristão maduro? Ser espiritualmente saudável c) Descansar atentamente na presença de
não significa simplesmente conhecer a Bíblia, Deus;
mas viver o que ela ensina. Cristãos maduros d) Praticar o silêncio, a solidão e ter uma
espiritualmente são aqueles que conhecem e vida de crescente oração;
praticam as verdades ensinadas pelas Escri- e) Encontrar a verdadeira essência de
turas. Esse conhecer necessário para o crente quem somos em Deus e permitir que nossa
está implícito nas palavras de Paulo: “A fim vida seja moldada pela Palavra.
de que o homem de Deus seja perfeito e perfei- f) Amar o outro como resultado de uma
tamente habilitado para toda boa obra” (2Tm vida de amor a Deus;
3.17). g) Desenvolver um ritmo de vida equili-
A maturidade espiritual é mais bem evi- brado que nos possibilite estar conscientes do
denciada em atos do que em fatos. Vejamos sagrado em tudo na vida; e
algumas evidências da saúde espiritual: h) Fazer parte de uma comunidade com-
a) Despertar e submeter ao amor de Deus prometida e que ame apaixonadamente, Jesus
em toda e qualquer situação; acima de tudo.
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3.1 Fazer para Deus, çarmos um nível de percepção, sensibilidade e
nem sempre significa atenção aos acontecimentos em nós e ao nosso
estar com Deus redor, precisamos consideravelmente, desa-
celerar para começarmos sentir, ouvir, sofrer,
Destacamos no evangelho segundo Lucas repetir e inaugurarmos uma nova jornada de
(10.38-42), o registro de duas personagens, saúde espiritual para vivermos em Cristo, ao
Marta e Maria, que representam dois modelos invés de simplesmente existirmos.
de vida cristã, um saudável e outro doentio. 3.2 Como manter-se conectado em Deus
Marta está ativamente servindo a Jesus, A disciplina de saúde espiritual unida à
mas está ausente de Jesus. Sua vida cheia de saúde emocional promove meios para nos
tarefa e obrigações à torna pressionada e dis- manter alertas e conscientes do amor de Deus.
traída, desconectada do amor de Cristo (Lc A verdadeira identidade nos leva a um relacio-
10.40). namento maduro com Deus, onde saímos do
Maria, por sua vez se encontra aos pés de famoso “me dá, me dá, me dá” característico
Jesus, desfrutando de sua intimidade e experi- de uma criança, para uma forma madura de
mentando o prazer de sua presença. A atitude estar com Deus, como nosso “ABA PAI” (Rm
de Maria aos pés de Jesus é uma demonstração 8.15-17).
de espiritualidade saudável (Lc 10.39). Esse processo pode ocorrer nas seguintes
Em nossos dias, existem pessoas que an- fases:
dam distraídas e com problemas que vão além a) Falar para Deus: isto é, simplesmente
da ocupação. Elas sofrem de uma descentrali- imitar o que nossos pais ou autoridades nos
zação e divisão geradas por um “ativismo cris- disseram para orar;
tão” desenfreado. b) Falar com Deus: ficamos mais à vontade
Um dos sinais notados na atitude de Marta encontrando nossas próprias palavras para fa-
que indicam que algo está errado é quando ela lar com Deus, ao invés de usar orações prontas
chega dizer a Cristo o que fazer: “O Senhor não de nossa infância;
se importa que a minha irmã me deixe sozinha c) Ouvir Deus: nesse ponto começamos a
com todo este trabalho? Mande que ela me aju- ouvir Deus estabelecendo um tipo de relacio-
dar” (v. 40). namento de mão dupla com Ele; e
Maria está em paz e não tenta controlar d) Estar com Deus: simplesmente desfru-
Jesus. Nota-se que tudo que ela faz gira em tamos da presença de Deus, que nos ama. Sua
torno de Jesus, nesse estado, ainda que tivesse presença torna a vida do crente gratificante.
obrigações a cumprir, não estaria angustiada As práticas de espiritualidade contemplati-
ou preocupada. Por quê? Maria contemplou va como o silêncio, a oração, o descanso e a
o suficiente para focar em Jesus e centrar sua meditação nas Escrituras, são práticas que nos
vida nEle. capacitam a sintonizar e ter ciência do amor
Embora leve tempo e esforço para alcan- inesgotável de Deus por nós.
Conclusão.............................................
Imaginemos uma balança com dois pesos: um diz respeito à maturidade emocional e o ou-
tro à saúde espiritual. Caso um dos lados seja mais pesado que o outro, gera um desequilíbrio
no fiel da balança, que claro, penderá para o lado mais pesado.
Para equilibrarmos o fiel e igualarmos os pesos, se faz necessária uma reflexão analítica a
respeito da nossa maturidade emocional e saúde espiritual. Quando aprendemos a integrar os
dois pesos, haverá equilíbrio e harmonia que tornam a vida do crente equilibrada.
Nas próximas sete lições de esperança, trilharemos uma empolgante viagem por sete jorna-
das por uma espiritualidade emocionalmente saudável. Ao nosso Deus! Toda honra e glória!
Para sempre.
22
QUARTA SEMANA
A JORNADA PELA
VERDADEIRA
IDENTIDADE
“O poder do
autoconhecimento”
No geral nós fomos ensinados que sen- espanto são estouros do reservatório emocio-
timentos não são confiáveis, pois eles osci- nal. Precisamos desesperadamente aprender
lam e podem nos enganar. A maioria de nós a lidar corretamente com nossas emoções.
pensamos que não temos permissão para
considerar ou expressar nossos sentimentos, 1.1 O nosso Deus tem
especialmente aqueles mais “pesados”, como sentimentos
medo, tristeza e raiva, uma vez que são asso-
ciados ao pecado. As escrituras mostram que Deus tem
A verdade é que Deus criou os seres hu- emoções e as expressa bem. Gênesis 6.6 diz
manos para sentir uma ampla gama de emo- que: “Então o Senhor arrependeu-se de ter
ções e sentimentos. A neurociência define feito o homem sobre a terra; e isso cortou-
emoção como reação comportamental, psi- -lhe o coração”. E ainda, “Naquela hora Jesus,
cológica e fisiológica a alguma situação, seja exultando no Espírito Santo, disse” […] (Lc
ela agradável ou desagradável. 10.21a).
Quando negamos nossas dores, perdas e Embora tenhamos convicção de que Jesus
emoções ano após ano nos tornamos cada vez é um ser “espiritual”, precisamos compreen-
menos humanos, como “cascas vazias com der que Ele é um ser “relacional”. Por exem-
face nelas pintadas”. plo, quando Jesus chegou ao túmulo de seu
Lamentavelmente, nossos ambientes cris- amigo Lázaro, mesmo sabendo que tudo se
tãos e nossas rodas de conversas nem sempre resolveria pelo milagre da ressurreição, ao ver
inspiram confiança para abrir o coração. A tantos chorarem, as Escrituras confirmam
ausência de discipulado dentro das igrejas que ele prontamente veio às lágrimas também
como espaço de transparência, verdade e au- (Jo 11.35). Horas antes de passar pela agonia
tenticidade tem acumulado na alma de mui- da crucificação, Jesus admitiu aos seus discí-
tos crentes, muito lixo emocional. pulos íntimos: “Minha alma está angustiada
Assim como as barragens de rejeitos que até a morte” (Mc 14.34).
guardam resíduos sólidos e líquidos resultan- Portanto, não há problema em ter senti-
tes da extração de minérios e quando rom- mentos. Aliás, é impossível não os ter. Não
pem causam destruição por onde a furiosa somos máquinas. O perigo ocorre quando
lama passa, assim é um coração não tratado. ignoramos os sentimentos daninhos e não
Palavras ferinas, ações de indiferença, com- tratamos nossas feridas emocionais por meio
portamentos agressivos, solidão, depressão e do compartilhamento entre irmãos (Tg 5.16)
tantas outras reações humanas que causam e pela oração (Fp 4.6).
24
1.2 Deus pode comunicar Para lidar bem com os sentimentos, pre-
conosco por meio de nossos cisamos conhecer a verdade da Palavra de
sentimentos Deus (Jo 17.17), a fim de jamais permitir que
nossos sentimentos falem mais alto que ela.
Ao longo de um dia podemos ter diver- As emoções são reais, mas nem sempre
sas sensações em nosso corpo, como raiva, dizem a verdade. É por isso que a Palavra
tristeza, tensão muscular, tremores, agitação de Deus diariamente deve arar a terra do
e dores de cabeça. Deus pode estar falando nosso coração, como Davi escreve no Sal-
conosco através destes sintomas, enquanto mo 84: “Feliz o homem cuja força está em
nós buscamos e pedimos um sinal mais “es- ti, em cujo coração estão os caminhos apla-
piritual”. A verdade é que nosso corpo reage nados”. Quando o solo do coração é traba-
aos nossos sentimentos antes de nossa mente. lhado pela palavra de Deus, os sentimen-
Quando nos deparamos com esses sen- tos amargos são transformados (Jo 8.32; Sl
timentos “difíceis”, inconscientemente, ado- 119.123; Hb 4.12).
tamos uma “regra” contra eles. Sentimo-nos Assim, um grande passo rumo à maturi-
imperfeitos porque entendemos que não de- dade é não permitir que os sentimentos se-
veríamos sentir coisas “erradas”. Mentimos jam o volante das nossas vidas, mas os reco-
para nós mesmos quando admitimos que não nhecer, ouvir Deus através deles e permitir
esteja sentindo nada, simplesmente por achar que o Senhor os transforme.
que não deveríamos sentir. Quando agimos Veja a promessa do Evangelho acerca de
dessa forma bloqueamos nossa humanidade. nossos sentimentos: “A ordenar acerca dos
O problema é que ao negligenciar nossas tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de
emoções mais intensas, nos tornamos falsos cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes
conosco e fechamos uma porta aberta pela de louvor em vez de espírito angustiado; a fim
qual podemos conhecer a Deus. Precisamos de que se chamem árvores de justiça, planta-
ser honesto e falar abertamente a respeito de ções do Senhor, para que ele seja glorificado”
nossos sentimentos. (Is 61.3).
Conclusão.............................................
A jornada pela verdadeira identidade passa pela trilha do autoconhecimento. Permita-se a
partir de hoje, ser honesto com Deus e com um irmão(a) maduro a respeito de tudo que se passa
dentro de você. E procure desenvolver melhor sua compreensão das suas forças e fraquezas.
Fuja das tentações de assumir algo ou de ser alguém que Deus não te chamou para ser/fazer.
E abrace seu destino conforme o que Deus já te revelou por onde seguir.
28
QUINTA SEMANA
ROMPENDO COM
O PODER DO
PASSADO
“Retroceder
para a avançar”
OBJETIVO DA LIÇÃO
Compreender o nível de influencia que o comportamento dos nossos antepassados exerce
sobre a nossa vida hoje. Identificar quais são as principais leis herdadas da nossa família de
origem e a sua incompatibilidade com os princípios de Cristo. Adquirir as habilidades ne-
cessárias para romper com os padrões pecaminosos do passado, a fim de vivermos uma vida
plena em Deus.
29
1 O PODER DA FAMÍLIA
Embora sejamos afetados por eventos sexual, casamento infeliz ou mesmo a fuga de
e circunstâncias externas, nossa família é o um filho. O que acontece numa geração quase
grupo mais poderoso a exercer influência so- sempre se repete na outra. As consequências
bre a nossa vida. Mesmo aquelas pessoas que de ações e decisões tomadas numa geração
decidem sair de casa mais cedo, determinadas afetam as seguintes.
a romper com a história de sua família, logo c) Você ainda vai ser grato por essa dica
percebem que essa não é uma tarefa fácil; o Fica o alerta a nós, pais. Há um ditado que
jeito de sua família levar à vida as persegue diz: as crianças fazem o que vêem fazer, não o
aonde vão. que lhes dizem para fazer. Se você deseja que
a) Maldição hereditária seu filho tenha bons hábitos, você precisa ter
Não se trata de maldição hereditária. É bons hábitos. Se você quer melhorar os modos
bem verdade que o pecado gera maldição de seu filho, preste atenção em seu comporta-
ou castigo na vida daquele que o comete (Gl mento e no que seu filho está aprendendo com
6.7,8). É verdade que as consequências do você. As crianças se tornam parecidas com as
pecado de uma pessoa afetam indiretamente pessoas que elas convivem. A criança recebe
seus familiares, pois atingem a todos (Rm influência do relacionamento individual com
3.16). Mas não é verdade que a maldição de um o pai ou a mãe, mas também recebe influên-
antepassado, consequência de seus pecados, cia do relacionamento entre o casal. Esse rela-
seja transmitida aos seus familiares cristãos. cionamento passa a ser o esquema para todos
Aquele que está em Cristo, é nova criatura. As os seus relacionamentos futuros. Se você de-
coisas velhas ficaram para trás e tudo se fez seja saber mais sobre este assunto, leia o livro:
novo (2Co 5.17). A conversão e o arrependi- O que os filhos aprendem com o casamento dos
mento “quebram” na vida do crente toda mal- Pais, de Judith P. Siegel.
dição. Sobre nós não há maldição, mas bên- d) O exemplo de Abraão, Isaque e Jacó
çãos espirituais nas regiões celestiais (Ef 1.3). Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, mostra
b) Legado destrutivo como esses padrões são passados de geração
Estamos falando de “legado destrutivo”. a geração. Num nível, as bênçãos que Abraão
Trata-se daqueles comportamentos pecami- recebeu por sua obediência foram passadas
nosos que herdamos dos nossos pais ou an- a seus descendentes. Ao mesmo tempo ob-
tepassados. Esses comportamentos formam servamos um padrão de pecado e destruição
uma corrente de padrões repetitivos. Então, se transmitido através de gerações. Um padrão
estabelece um círculo pecaminoso na família. de mentira: Abraão mentiu duas vezes a res-
O apostolo Pedro chama estes “padrões re- peito de Sara ser sua esposa. Isaque seguiu os
petitivos” de legado (1Pe 1.18). O termo gre- passos de seu pai e mentiu acerca de Rebeca.
go usado nesse texto como legado significa: Jacó significa “enganador”. Ele mentiu para
“herdado do pai ou dos ancestrais, aquilo quase todos ao seu redor. O favoritismo por
que é transmitido pelos pais”. Por isso, Pedro um filho: Abraão favoreceu Ismael, Isaque a
diz que herdamos de nossos pais um legado Esaú e Jacó a José e depois Benjamim. A se-
de fútil procedimento. Não é sem razão que paração entre irmãos: Isaque e Ismael, filhos
observamos certos padrões pecaminosos de de Abraão, se separaram. Jacó fugiu de Esaú
uma geração se repetindo na geração seguin- durante anos. José permaneceu mais de uma
te, como divórcio, alcoolismo, vícios, abuso década longe de seus dez irmãos.
2 AS 10 LEIS DA FAMÍLIA
As boas novas do cristianismo são que a e novos irmãos e irmãs em Cristo. Agora, a
sua família de origem não determina o seu Igreja é a nossa primeira família (Mc 3.33-35;
futuro. Deus determina! O passado não é o Mt 10.37).
seu destino! A palavra mais significativa para b) Nova vida
definir o cristão é “adoção”. Quando aceita- Recebemos uma nova vida em Cristo (Ef
mos a Cristo, nascemos novamente pelo Es- 4.21-24). George Santayna diz: “quem não
pírito Santo na família de Jesus. Somos trans- pode aprender com o passado está condenado
portados do reino das trevas para o reino da a repetí-lo”. Todos nós trazemos à nossa nova
maravilhosa luz de Cristo. vida nossos antigos estilos “egípcios” de vi-
a) Nova família ver. Abrir mãos desses estilos é fundamental
Fomos adotados na família de Deus (Ef para a nossa espiritualidade (Rm 12.1-2). A
1.5). Paulo usou a imagem da adoção roma- intenção de Deus é que tenhamos uma nova
na para comunicar essa profunda verdade, forma de pensar e agir e que cresçamos como
enfatizando que agora estamos num novo e homens e mulheres, sendo transformados
perfeito relacionamento com um novo Pai. diariamente pela presença do Espírito Santo
A adoção nos dá um novo e elevado “status”. atuando em nós.
Deus se torna nosso Pai. Nossos pecados são c) Novos valores
cancelados. Recebemos um novo nome (cris- Seguimos novas regras (Mt 5.3-16). A re-
tãos), uma nova herança (os recursos do céu) tidão que agrada a Deus se revela por uma
31
transformação interior. Não adianta ser exte- dos a buscar em primeiro lugar o seu reino
riormente limpo. Nosso “coração” deve ma- e sua justiça (Mt 6.33). As demais coisas nos
nifestar atitudes corretas. Na família de Jesus, serão acrescentadas. Pois sabemos que somos
sucesso é definido como ser fiel a Deus e ao suficientemente amados e bons em Cristo (Lc
seu propósito para nossa vida. Somos chama- 15.21-24).
Recebemos nova vida em Cristo. Mas não Senhor tornou àquilo que era maldição para
podemos perder de vista que a força gravita- usar como benção em sua vida.
cional que nos puxa de volta para o pecado,
para os padrões destrutivos da nossa família b) Admitiu a tristeza e a perda de sua
de origem, é grande. Por essa razão, somos família
convidados a fazer uma jornada. E preciso A tristeza pela perca da família esta implí-
retroceder para avançar. cita no relato bíblico de José. Ele não diminuiu
José é um exemplo de como retroceder a dor do fato que aconteceu com ele, mas pôde
perdoar seus irmãos e se tornou o mantene-
para avançar. Seus pais, avós e bisavós se me-
dor de sua família, física e espiritualmente.
teram em mentiras e meias verdades, agora,
José era mimado pelo pai e odiado pelos ir- c) Reescreveu o roteiro de sua vida
mãos. Esse ódio o levou a perder tudo. De- José tinha plena consciência do seu pas-
pois ele passou cerca de 13 anos na prisão por sado e por isso levou adiante o futuro que lhe
um crime que não cometeu. Porém, um dia foi designado por Deus. Será que temos nos
José se tornou governador do Egito, uma fun- livrado do passado para viver em plenitude o
ção nobre numa das maiores nações da épo- que Deus tem para o futuro? Você se vê como
ca. José teve que retroceder para avançar. Que Deus diz que você é? Você vive a vida que
lições podemos extrair de sua vida? Deus planejou para você?
Conclusão.............................................
Não voltamos ao passado a fim de visitá-lo. Voltamos quando estamos impedidos, incapazes
de seguir em frente. Quando vivemos como se estivéssemos pagando o preço dos pecados de
nossos antepassados, não vivemos o presente e nem tampouco o futuro. Somos livres. O Senhor
nos libertou para uma jornada diferente. Mas às vezes, para avançar precisamos retroceder e
isso requer coragem, muita coragem. Faça essa oração! Senhor, eu quero ser benção, deixar o
passado e fazer o que for preciso para avançar em Cristo. Obrigado pelo que sou e pelo que te-
nho, por ter nascido onde nasci e ter os pais que tenho, pois sei que tens um propósito especial
para mim. Que esta possa ser sua oração. Somente a Deus a gloria, a honra e louvor para todo o
sempre. Amém!
32
SEXTA SEMANA
JORNADA
ATRAVÉS DA
MURALHA
“Abdicando do poder
e do controle”
OBJETIVO DA LIÇÃO
Nessa lição, Deus nos ensinará a reconhecer o poder transformador que nossas lutas
podem exercer sobre nosso caráter. Mas para isso é preciso discernir quais fatos na sua vida
que realmente representam sua muralha, quais impedimentos podem provocar sua derrota
na muralha e quais transformações Deus deseja realizar em nós por meio dela. Portanto,
mãos à obra.
33
1 IDENTIFICANDO A SUA MURALHA
O primeiro passo nessa jornada pela mu- para uma jornada desconhecida. Judas não
ralha é identificar exatamente qual situação conseguiu esperar o desfecho final e suas ex-
em nossa vida representa nossa muralha pes- pectativas falaram mais alto que o plano de
soal. O trabalho de Deus em nosso caráter Jesus. Seu fim foi trágico e ele perdeu a gran-
pode ser comparado a uma viagem cheia de de oportunidade de sua vida.
paradas, surpresas, desvios e atrasos em dire- É importante separar que as provações
ção a um lugar desconhecido para nós. que encontramos no dia-a-dia não se referem
Foi assim com Abraão. Ele tinha 75 anos a nossa muralha. Provações como um trânsito
de idade quando Deus o chamou para sua engarrafado, um chefe inoportuno, uma pe-
jornada. Ele esperou na muralha durante 25 quena demanda judicial, a perda de um vôo,
anos pelo nascimento de seu primeiro filho um defeito no carro, uma febre, um latido de
com sua esposa Sara. Depois Deus o condu- cães no meio da noite são apenas pequenos
ziu a outra muralha: o sacrifício do filho tão infortúnios e aflições comuns da caminhada.
amado e esperado, Isaque, sobre o altar. A muralha é um longo teste de resistência que
Pense em Moisés! Sua muralha durou 40 nos leva além de nossos limites.
anos no Egito e mais 40 anos no deserto até Muralha é fugir de um rei invejoso duran-
que sua convocação chegou por meio de um te 13 anos, como fez Davi no deserto. Muralha
arbusto em chamas. Jeremias não imaginava é trabalhar 14 anos por uma esposa como fez
que sua jornada pela muralha duraria 45 anos Jacó. É passar 40 dias no deserto sem comer
marcados por rejeição, humilhação, solidão e e beber como fez Jesus. Muralha é o que Jó
morte, enquanto falava por Deus a um povo sofreu ao perder seus dez filhos num só dia,
rebelde. juntamente com sua saúde e todos seus bens.
Grandes homens de Deus como Elias, Você em algum ponto da sua viagem nes-
Neemias, Isaias, Paulo e tantos outros, expe- sa vida já ficou paralisado diante de uma mu-
rimentaram desafios por longos períodos de ralha que desafia seus limites, sua orientação
tempo até que reconheceram que estavam e seu controle, deixando-o perdido?
sendo testados para um novo patamar em sua Saiba que é nesse momento que muitos
espiritualidade. crentes paralisam e outros até desistem de-
As muralhas vêm em momentos diferen- cepcionados com Deus diante do inexplicável
tes em nossa vida. Para alguns pode ser even- sofrimento.
to único pelo qual passam e avançam adiante. A muralha nos faz pensar que nem sem-
Para outros pode ser algo que são forçados a pre a fé funciona. Ela nos deixa com mais per-
retornar como parte do nosso contínuo rela- guntas do que respostas. Não sabemos onde
cionamento com Deus. Deus está, o que ele está fazendo, para onde
Israel só desfrutou Canaã depois que en- ele está indo, como irá nos buscar lá ou quan-
frentou e venceu a muralha de Jericó. Quan- do tudo irá terminar. As circunstâncias nos
do nossa vida entra nesse estágio, somos de- fazem questionar a nós mesmos, nossas con-
safiados a abrir mão do poder e do controle. vicções, questionar a igreja e até Deus.
Os discípulos também foram desafiados No pé da muralha é difícil encontrar com-
34
panheiros para a jornada. É por essa razão É Deus quem escolhe o período de tempo
que a muralha representa um lugar de solidão e o nível de intensidade em nossa muralha. Ele
e rendição total a Deus. tem um único propósito para cada um de nós,
Quando não discernimos a muralha na sabendo quanto existe para purificar em nos-
jornada, ficamos estagnados e não avança- so interior e o quanto ele quer infundir de si
mos com o propósito de Deus. Entender a mesmo em nós para seus propósitos maiores.
muralha vai além da citação superficial de Um dos sinais de que a noite escura che-
Romanos 8.28: “Todas as coisas cooperam gou é quando nossos sentimentos da presença
para o nosso bem”. É mais que esconder atrás de Deus evaporam. Parece que a porta do céu
da fé e fingir a dor do sofrimento. Vai além de se fechou às nossas orações. Trevas, desampa-
manter-se na igreja para provar que tem uma ro, fraqueza, sensação de derrota, esterilidade
fé inabalável, quando ali é o último lugar que e sequidão dessem sobre nós. As disciplinas
desejaria estar. cristãs que antes nos elevavam a Deus, tam-
Muitos crentes, embora não se tornem bém parecem não funcionar mais. Não é fácil
amargos para com Deus e nem praguejem a confiar em Deus e manter-se de joelhos quan-
fé, acabam explodindo para dentro. Ao invés do estamos em lugares desconhecidos.
de entenderem o “para que” buscam respostas Mas a alma espiritualmente saudável re-
para o “por quê”. conhece sua muralha, e admite estar perplexa
Todavia, uma fé emocionalmente saudá- e não saber exatamente o que Deus está fa-
vel quando se vê em situação de aperto e de zendo em certo momento. O grito de abando-
impossibilidade discerne que chegou o “tão no de Jesus na cruz expressa sua dor quando
esperado” dia da sua muralha, destinado a a grande muralha do pecado o separou pela
burilar a todos aqueles que o Senhor chamou. primeira vez do Pai: “Deus meu, Deus meu,
A nossa muralha pode ser comparada porque me desamparastes?” (Mt 27.46).
o vale da sombra da morte. Ela pode levar O melhor a fazer é aceitar estar ferido, ad-
aquilo que nos custou caro e até aquilo que mitir e dar voz aos sentimentos de dor e ver-
é inestimável. Na muralha perdemos bens, gonha, humilhando-nos debaixo da poderosa
despedaçamos sonhos e somos arrancados mão de Deus (1Pe 5.6-10; Jl 2.17), enquanto
de perto de pessoas que amamos. Ela exige de recebemos o dom da transformação de Deus
nós obediência irrestrita. Na muralha, desis- na muralha que revoluciona nossa vida para
tir não é opção. sempre.
Conclusão.............................................
Ser emocionalmente saudável implica em aceitar que há estações frias, secas e estéreis em
nossa jornada. Mas elas não visam a nossa destruição. Pelo contrário, Deus nos aperfeiçoa e
fortalece por meio das tempestades.
A jornada com Jesus nos chama a uma vida de devoção inseparável dele. Isso requer que
simplifiquemos nossa vida, removendo distrações. Parte disso significará aprender a sofrer nos-
sas perdas e aceitar o dom de nossos limites. Tratamos disso no próximo capítulo.
39
SÉTIMA SEMANA
CRESCENDO
ATRAVÉS DO
SOFRIMENTO E
DA PERDA
“Rendendo-se aos
seus limites”
É inquestionável que Deus nunca prome- que usamos para nossa autodefesa:
teu que, no mundo, o cristão estaria livre do a) Negar: negamos o fato de que aquilo
sofrimento. Pedro recomenda: “Alegrai-vos nos incomoda;
no fato de serdes participantes das aflições b) Minimizar: diminuímos a seriedade
de Cristo, para que também na revelação da do fato e os impactos causados;
Sua glória vos regozijeis e alegreis” (1Pe 4.13). c) Culpar os outros: transferimos a res-
Paulo também acrescenta: “Porque para mim ponsabilidade por nossos atos e transferindo-
tenho por certo que as aflições deste tempo pre- -a para outros;
sente não são para comparar com a glória que d) Distrair: mudar o foco fazendo piadas
em nós há de ser revelada” (Rm 8.8) ou evitando assuntos ameaçadores;
É fato que muitos de nós sofremos algum e) Tornar-se hostil: ficamos com raiva ou
tipo de violência quando erámos crianças e irritado ao tratar dos problemas;
interiorizamos tais sofrimentos, gerando uma f) Culpar-se: assumimos toda a culpa in-
espécie de escudo de autodefesa. Bloqueamos ternamente.
o sofrimento para nos capacitar a suportar Tais comportamentos não são a melhor
as circunstâncias. Porém, entendemos ser maneira para lidarmos com os sofrimentos
saudável não experimentar totalmente as do- que impactaram nossas vidas em tempos pas-
lorosas realidades na juventude para sobrevi- sados. Mesmo que seja apavorante, precisa-
vermos emocionalmente. mos voltar na direção deles sem evitá-los.
Ao nos tornarmos adultos é necessário Parece não ser inteligente voltar na dire-
amadurecer em relação estes “escudos” - me- ção do nosso sofrimento. Mas, de fato, para
canismos de defesa, e olhar honestamente o cristianismo o caminho para a vida é pela
para a realidade, conforme diz as Escrituras: morte, a trilha para a ressurreição é pela cru-
“E conhecerão a verdade, e a verdade os liber- cificação (Rm 6.8; 8.1; 2Tm 2.11). “Pois assim
tará” (Jo 8.32). como os sofrimentos de Cristo transbordam
Inconscientemente, carregamos para a sobre nós, também por meio de Cristo trans-
idade adulta muitos desses escudos para nos borda a nossa consolação” (2Co 1.5).
proteger do sofrimento. Porém, eles blo- Portanto, enfrente seus medos, converse
queiam o crescimento espiritual e emocional sobre seus traumas e dores e não se culpe por
do ser humano. aquilo que, definitivamente, você não teve
A seguir citaremos alguns desses escudos responsabilidade.
41
2 SEJA AUTÊNTICO SOBRE SEUS SENTIMENTOS E
VULNERABILIDADES (Jó 3.3,4; 6.2,4)
“Descanse no Senhor e aguarde por ele com logia suficiente para passar para a fase dois do
paciência” [...]. (Sl 42). Esse é um dos man- sofrimento de Jó – ter paciência desconcer-
damentos mais radicais de nosso tempo. Se tante na espera.
precisássemos de um modelo para a falta de E pior, estavam convencidos de que Jó es-
paciência desenfreada desta geração, os três tava sofrendo por causa do seu pecado. E co-
amigos de Jó, Elifaz, Zofar e Bildade, seriam meçaram a falar: É assim que Deus age. Você
exemplos perfeitos. Por causa do seu “lega- colhe o que planta, Jó, e você deve ter agido
lismo”, os amigos começaram a falar e emitir errado. Você precisar se arrepender para que
suas definições para o sofrimento de Jó. Deus o possa abençoar. Você está sofrendo por
“Você ainda não foi curado porque não causa do seu pecado. Transtornos vêm aos pe-
orou o bastante, não jejuou o bastante. Você cadores.
está sofrendo por ter pecado”. Os amigos não Mas nada do que falaram contra Jó era
tinham um Deus grande o bastante, nem teo- verdade. Ele era um sofredor inocente. Seus
42
amigos não deixaram espaço nem para a “pa- para fazer seus próprios julgamentos.
ciência na desconcertante espera”, nem para Contudo, a espera desconcertante resiste
o mistério. a todas as categorias terrenas e soluções rá-
É lamentável que nos dia atuais, muitos pidas – fest food. Ela é oposta a nossa cultura
cristãos também utilizam o mesmo caminho ocidental que contamina nossa espiritualida-
dos amigos de Jó, não interpretam correta- de. É por essa razão que muitos crentes têm
mente as verdades dos fatos, e devido à falta aversão aos limites que Deus colocou ao nos-
de paciência, usurpam a autoridade de Deus so redor.
Os nossos limites têm a função impres- sas encobertas pertencem ao Senhor, nosso
cindível de nos tornar humildes perante Deus Deus (Dt 29.29). Deus se revelou a nós em
e os outros. O próprio Jesus respeitou esse seu Filho, pelas Escrituras, pela criação e ou-
limite e mesmo sendo Deus fez a seguinte tros meios, mas muito do Ele é permanece
afirmação: “Pois desci do céu, não para fazer a incompreensível.
minha vontade, mas para fazer a vontade da- João entendeu que sua deficiência são os
quele que me enviou” (Jo 6.38). seus limites e respondeu da seguinte maneira:
Vejamos os principais limites sobre os “Uma pessoa só pode receber o que lhe é dado
quais devemos estar alertas. do céu” (Jo 3.27). Ele foi capaz de afirmar: “É
a) Seu corpo físico: Seu corpo um dia necessário que ele cresça e que eu diminua”
desfalecerá e voltará ao pó. Mesmo que tenha- (Jo 3.30). Sobre os nossos limites o profeta
mos à disposição todos os cirurgiões plásticos Isaías faz a seguinte afirmação: “Pois os meus
do mundo, eles não poderão interromper o pensamentos não são os pensamentos de vocês,
processo normal de envelhecimento; nem os seus caminhos são os meus caminhos,
b) Sua capacidade intelectual: Nenhum declara o Senhor” (Is 55.8).
de nós é brilhante em matemática, engenha- Os limites estabelecidos por Deus nas Es-
ria, português, física ao mesmo tempo. crituras são uma demonstração do seu gran-
c) Seus talentos e dons: Um pode ter de amor para com a sua igreja. Eles foram
três, outro pode ter dez. Somente Jesus tem criados para nos proteger. Como cristão você
todos os dons. têm desenvolvido o dom da deficiência res-
d) Sua compreensão espiritual: As coi- peitado o seu limite?
Jó emergiu transformado do seu sofri- vezes como meu servo, sugerindo um novo
mento. Ele foi um homem totalmente muda- nível de intimidade com Jó (Jó 42.7-8).
do e quebrantado. É bom saber que depois de Quem é de Cristo não pode pensar que
um longo tempo de espera, Deus fala direta- foi abandonado. Aliás, discipulado cristão e
mente conosco. Foi isso que aconteceu com sofrimento caminham pela mesma estrada.
Jó. Mesmo dentro de um grande redemoinho Não há cristianismo sem cruz, Pentecostes
de sua vida, Deus se referiu a ele por quatro sem Calvário, ressurreição sem morte, po-
43
der sem rendição, superação sem confronto, DEGRAU 1: Temer a Deus e estar cônscio
crescimento sem sofrimento nem alegria sem de sua presença (Mt 28.20).
lágrimas. DEGRAU 2: Fazer a vontade de Deus (Jo
As lágrimas derramadas por Jó durante 6.38), não a nossa ou de outras pessoas.
seu sofrimento foram suficientes para tratar DEGRAU 3: Desejar submeter-se à ins-
seu orgulho, ao ponto de abençoar seus ami- trução de outros (Cl 3.16).
gos e não vigar-se deles (Jó 42.7-9). O sofri- DEGRAU 4: Ser paciente em aceitar difi-
mento de Jó não foi o fim, mas o recomeço. culdades alheias (1Co 13.3,4).
Pelo processo de espera, Jó fez uma escolha. DEGRAU 5: Ser radicalmente honesto
Uma escolha de “subir a escada da humilda- sobre falhas e fraquezas ao invés de reconhe-
de”. cer as limitações dos outros.
Bento de Núrsia, no século 6, idealizou DEGRAU 6: Estar profundamente cons-
uma escada de doze degraus para demonstrar ciente de ser “o principal dos pecadores”.
como podemos crescer na graça da humilda- DEGRAU 7: Falar menos (Pv 10.19). Um
de. Sua meta está pautada no primeiro amor e sábio se conhece por suas poucas palavras.
a transformação de toda nossa personalidade DEGRAU 8: Transformar-se através do
em relação a Deus. Sem dúvidas, é uma fer- amor de Deus (1Jo 1.7; 3.9). Aqui não há so-
ramenta poderosa para o nosso crescimento berba, sarcasmo, desprezo, não há ares de im-
espiritual. Vejamos: portância. Somos capazes de aceitar nossos
A seguir apresentaremos todos os degraus limites e os dos outros. Estamos plenamente
da Escada da humildade, conforme descreve conscientes de quão frágeis somos e não esta-
Bento de Núrsia: mos sob ilusões. Tudo é um dom.
Conclusão.............................................
Antes de tudo, o crente deve continuar pautando sua vida pelos princípios do amor ao pró-
ximo, da fé e dependência de Deus. Não se deixando desesperar, nem permitindo que a dor o
cristalize, esfriando seu coração ardoroso. E, o quanto possível, buscar compreender onde sua
dor se encaixa nos propósitos maiores de Deus.
Mesmo em meia às lágrimas, o crente precisa encarar o sofrimento de maneira construtiva.
Expressando sinceridade e fé. Entender que nem sempre teremos as respostas, mas sempre po-
deremos confiar em Deus. Tiago chega a dizer que, encarado de forma correta, o sofrimento se
transforma em motivo de alegria (Tg 1.2,3).
E Paulo, que experimentou uma forma profunda de sofrimento, chegou ao ponto de glori-
ficar a Deus pela sua dor (2Co 12.10). Jó, mesmo perdendo sua família e bens, não blasfemou
contra Deus. Essa é a atitude que pode nos levar não apenas a suportar, mas a vencer o sofri-
mento.
Apesar de não ser desejado, o sofrimento pode ter o fim para o nosso crescimento. Nenhum
sofrimento na vida de um filho de Deus tem poder suficiente para pôr um fim no amor de Deus,
mas pode aperfeiçoar nosso amor para com Ele.
Em tempos de sofrimento, vale muito mais quem Deus é do que Ele é capaz de fazer. Seu
silêncio não é sinônimo de ausência. Deus muitas vezes nos responde com sua presença, não
com seus presentes.
HÁBITOS DE
INTIMIDADE
COM DEUS E
DESCANSO
“Parando para respirar o
ar da eternidade”
OBJETIVO DA LIÇÃO
Hoje aprenderemos como desenvolver dois hábitos extremante essenciais para uma
espiritualidade emocionalmente saudável: a rotina de comunhão com Deus e o descanso
semanal.
45
1 NOVOS HÁBITOS QUE APROFUNDAM NOSSA INTIMIDADE
COM DEUS
No tempo da neve forte, em regiões ex- É possível que você já tenha sua rotina
tremamente frias, para que as pessoas não de oração diária. Mas, talvez, facilmente de-
se percam na neve ofuscante, elas costumam pois de estar com Deus pela manhã, você se
amarrar a ponta de uma corda em sua casa esqueça de que Deus está presente em seus
e prender a outra ponta firmemente. A cor- assuntos diários. Muitos crentes após o culto
da segue como guia e garante o retorno para de domingo, inconscientemente, supõem que
casa, uma vez que o ambiente fica tão turvo Deus fica na igreja quando vamos embora.
que a pessoa as vezes não consegue enxergar Na verdade, ele vai conosco. Mas a irritabi-
a própria mão. Muitos se perdem no quintal lidade com as pessoas, os problemas do dia-
da própria casa e outros congelam a centíme- -a-dia, as tentações, o ambiente promíscuo
tros da porta da frente, não se dando conta de e tantas distrações, acabam roubando nossa
como estiveram tão perto de se salvar. consciência de que Deus está conosco. Preci-
Nossa vida espiritual é a mesma coisa. Te- samos de uma rotina que não nos desconecte
mos a tendência de dizer sim a muitas coisas. do Criador.
Entre exigências do trabalho, igreja e família, b) A importância de pequenas pausas
nos arrastamos por uma vida sobrecarregada para Deus
e não percebemos que estamos fazendo mui- O fracasso em manter uma rotina de co-
tas coisas de uma só vez. Inspiramo-nos em munhão com Deus foi a essência do pecado
pessoas que conseguem realizar muito em no Jardim do Éden. No centro do pecado
pouco tempo. original está a recusa em aceitar o ritmo de
Com uma agenda superlotada, uma vida Deus para nós. Um dos significados de ser
intensa, o vício na pressa, a fome por tempo e a imagem de Deus é a nossa necessidade de
a necessidade de fazer o melhor em cada mi- imitar Deus no descanso. Se podemos parar
nuto nos tornamos exaustos e improdutivos. por um dia na semana, ou durante pequenos
Além disso, temos as tempestades e pro- intervalos cada dia, tocamos algo profundo
vações da vida que inesperadamente, nos pe- dentro de nós como portadores da imagem
gam desprevenidos e nos deixam mais ainda de Deus, pois nosso cérebro, nosso corpo,
desorientados e confusos. Precisamos de uma nosso espírito e nossas emoções são progra-
corda para nos levar para casa. Não o lugar mados por Deus para o ritmo de trabalho e
onde vivemos, mas nossa verdadeira Casa. descanso nele.
Hoje, Deus está nos oferecendo uma cor- A vida devocional é um processo de per-
da para impedir que nos percamos. Essa cor- manecer consciente da presença de Deus en-
da nos leva sistematicamente de volta para quanto trabalhamos. Para tanto é fundamen-
Ele, para um lugar centralizado. Desenvolver tal fazer algumas pausas para prestar atenção a
uma rotina diária de comunhão com Deus e Deus e ser levado a sua presença durante o dia.
de descanso semanal, são cordas que nos le- Davi praticava sete momentos de oração
vam de volta para Deus em meio às nevascas sete vezes por dia (Sl 119.164). Daniel orava
da vida. três vezes por dia (Dn 6.10). Jesus tinha o há-
Esses novos hábitos são âncoras para so- bito de se retirar para lugares solitários para
brevivermos nas tempestades. Quando reali- orar (Lc 5.16; 6.12; 9.18,28; 11.1). Os discípu-
zadas sem a pressão religiosa de uma obriga- los desenvolviam hábitos de oração (At 3.1;
ção, essas disciplinas nos oferecem um novo 10.9).
ritmo, amar ao Deus vivo. Todas as pessoas piedosas que criaram o
a) A imperfeição de nossas cordas hábito de buscar o Senhor diariamente, afir-
atuais mam que pequenas pausas para o momento
46
de comunhão com Deus é a chave para criar Ao expirar, exale tudo que é pecaminoso, fal-
uma familiaridade constante com a presen- so e que não seja de Deus. Ao inspirar, ore
ça de Deus o resto do dia. Separar pequenas pela misericórdia do Senhor admitindo suas
unidades de tempo para oração pela manhã, fraquezas.
meio dia e a noite, irá infundir nas atividades
do restante do dia um profundo sentimento 3º Elemento: SILÊNCIO
do sagrado, de Deus. O silêncio e a solidão são as disciplinas
c) Elementos centrais de uma pausa mais ricas e desafiadoras da vida cristã. A so-
exclusiva para Deus lidão é a prática de estar ausente das pessoas
O importante não é a duração, mas a e coisas para estar presente com Deus. O si-
constância. Sua interrupção para estar com lêncio é a prática de acalmar toda voz interior
Deus pode se estender de 2 minutos a 20 e exterior para estar com Deus. Vivemos no
ou 45 minutos. Isso é com você. Você pode mundo de barulho e distrações. Estudos con-
escolher orar por meio de um devocional, firmam que as pessoas não toleram no máxi-
de orações escritas ou usar outros recursos mo 15 segundos de silêncio.
diversos como conteúdo para seu momento Quando Deus aparece a Elias, após sua
com Deus. Todavia, independente da abor- depressão suicida e sua fuga de Jezabel, lhe
dagem que você escolha, há quatro elemen- disse para esperar, pois o Senhor passa-
tos importantes que não podem faltar no seu ria por ele. Todavia, Deus não apareceu do
momento de comunhão com Deus. jeito que havia aparecido no passado. Deus
não estava no vento como estivera com Jó;
1º Elemento: PARAR Deus não estava no terremoto, como esteve
Esta é a essência da comunhão com Deus. no Monte Sinai, na entrega dos 10 manda-
O seu tempo com Deus não pode ser apressa- mentos; Deus não estava no fogo, como na
do nem misturado com outras tarefas. Preci- sarça ardente com Moisés; Deus, finalmente,
sa ser exclusivo de Deus, para que aquilo que se revelou a Elias numa voz mansa e suave
você ler ou ouvir possa penetrar profunda- (1Rs 19.12). Deus falou a Elias, após o caos
mente em seu espírito. e ele ouviu Deus no silêncio do seu mundo
Pare suas atividades e faça uma pausa exterior.
para estar com o Deus vivo. A consciência de
que Deus está no trono irá te convencer a pa- 4º Elemento: ÀS ESCRITURAS
rar de verdade. Deus reina. Nós não. Quando O livro de Salmos e as orações escritas
paramos, abrimos mão do controle e confia- pelos servos de Deus nas Escrituras são guias
mos em Deus para governar o nosso mundo. de oração através dos séculos. Fique atento ao
que Deus está fazendo dentro de você. Permi-
2º Elemento: CONCENTRAR ta que o Espírito Santo seja o seu guia, através
Às Escrituras nos ordena: “Aquietai-vos das Escrituras. Aprenda a orar a Palavra.
e sabei que eu sou Deus” (Sl 46.10). É “des- Saiba que existe uma conexão diretamente
cansar no Senhor e esperar nele” (Sl 37.7). proporcional entre o quanto as nossas mentes
Alguns homens de Deus sugerem gastar al- estão moldadas pelas Escrituras e o quanto as
guns minutos concentrando para se libertar nossas orações são respondidas. Jesus disse,
das tensões, distrações e preocupações, a fim “Se vós estiverdes em mim, e as minhas pala-
de aprender a descansar no amor de Deus. A vras estiverem em vós, pedireis tudo o que qui-
respiração profunda, devagar e natural, o si- serdes, e vos será feito” (Jo 15.7).
lêncio, a postura correta do corpo nos ajudam A igreja primitiva orava às Escrituras. Por
a concentrar. exemplo, a oração de Atos 4.24-31, cita Sal-
Sempre que sentir que sua mente está se mos 2. Além disso, orações do Antigo Testa-
desviando, inspire e expire profundamente. mento, como a oração de Esdras em Neemias
47
9.6-37, são repetições da história bíblica e de mais se orarmos mais, se praticarmos mais
textos bíblicos. jejuns ou se fizermos com mais afinco a sua
Orar a Palavra significa ler (ou recitar) às obra. Não se esqueça da GRAÇA. Não exis-
Escrituras com um espírito de oração, fazen- te nada que possamos fazer que convença
do do significado dos versos a nossa oração e Deus a nos amar mais do que ele nos ama
a inspiração dos nossos pensamentos. agora. Suas orações não alteram o amor do
Agora, lembre-se que somos constante- Senhor, mas podem definir o alcance de suas
mente tentados a pensar que Deus nos ama mãos na sua história.
Conclusão.............................................
Deus nos convoca a desacelerar e adotar o ritmo de Deus. Quando estamos mais ocupados
do que Deus requer, cometemos violência contra nós mesmos. Permitir-se ser levado por uma
grande quantidade de preocupações conflitantes, render-se as exigências em demasia, desper-
diçar tempo em distrações inúteis, comprometer-se com muitos projetos, querer ajudar a todos
em tudo é o caminho inevitável para o stress emocional e esgotamento espiritual.
Oração: “Senhor, a ideia de parar para estar contigo uma, duas ou três vezes por dia parece
opressiva, mas sei que preciso de ti. Mostra-me como. Ensina-me a estar piedosamente atento
a ti. Esta ideia de sábado, Senhor, exigirá muita mudança na maneira como estou conduzindo
minha vida. Dirija-me, Senhor, sobre como dar o próximo passo. Ajuda-me a confiar em ti
mesmo estando muita coisa inacabada. Não quero tentar dirigir o mundo para ti. Liberta-me
para começar a reorientar minha vida em torno de ti, somente de ti. Em nome de Jesus. Amém”.
50
NONA SEMANA
ADQUIRINDO
NOVAS
HABILIDADES
PARA AMAR
“Tornando-se
um adulto
emocionalmente”
OBJETIVO DA LIÇÃO
(1) identificar os diferentes níveis de maturidade emocional presentes na igreja; (2) ad-
quirir as habilidades necessárias para amar como Jesus nos amou; (3) aprender a resolver
conflitos de forma bíblica e madura.
51
1 O PROBLEMA DA IMATURIDADE EMOCIONAL
Uma coisa é crescer fisicamente. Outra no que dão para pedir algo em troca depois.
bem diferente é crescer emocionalmente. Tratam o conflito precariamente, quase
No caso da maturidade física, nosso corpo sempre acusando, fazendo concessões, re-
cresce, amadurece e envelhece naturalmente. correndo a terceiros, fazendo cara feia ou ig-
Com a maturidade emocional não é assim. norando o assunto por completo. Tornam-se
Nem sempre a pessoa mais velha é a mais preocupados consigo mesmos. Tem dificul-
madura. Infelizmente, alguns irmãos perma- dade de ouvir o sofrimento, as decepções e as
necem nessa condição. São cronologicamente necessidades de outras pessoas. São críticos e
maduros, mas permanecem emocionalmente opiniáticos.
imaturos. Há, basicamente, três níveis de ma-
turidade emocional: 1.3 Adultos emocionais
Conclusão.............................................
Um dos maiores presentes que podemos oferecer ao mundo é sermos uma comunidade de
cristãos emocionalmente maduros e espiritualmente saudáveis. Cristãos que amam devidamen-
te as pessoas; que amam como Jesus nos amou. Para isso, precisamos assumir o compromisso de
crescer em Cristo. Jesus formou uma comunidade com um pequeno grupo da Galiléia. Eles não
eram espirituais nem emocionalmente maduros. Pedro, por exemplo, era cheio de contradições.
André, seu irmão, era reservado e estava sempre nos bastidores. Mas todos tinham uma grande
qualidade: eles estavam dispostos a serem guiados. Isso é tudo o que Deus exige de nós. Somente
a Deus a gloria, a honra e louvor para todo o sempre. Amém!
54
DÉCIMA SEMANA
DESENVOLVENDO
UMA DISCIPLINA
ESPIRITUAL
SAUDÁVEL
“Passos decisivos
para uma regra
de vida”
“Pois todo aquele que me encontra (sabedoria), encontra a vida (disciplina) e recebe o favor
(recompensa) do Senhor. ”( Pv 8.35)
Chegamos a décima e última jornada desta série de reflexões em busca do amadurecimento
emocional e espiritual. O tema de hoje está voltado a formatar nossos hábitos e rotinas de modo
que Deus seja honrado em todo tempo em nossas vidas.
Precisamos organizar nossa vida a partir de um estilo saudável com práticas e disciplinas
espirituais calcadas inteiramente no amor de Cristo.
As escrituras declaram que fomos criados para sermos excepcionais (Ef 2.10; Sl 139). Pala-
vras como limitação, comodidade, mediano, estagnação, medo, ignorância, superficial, desis-
tência, frustração, tolice, incapacidade, bagunça, procrastinação e indisciplina não se adéquam
a você.
Assim sendo, o objetivo desta lição é trazer princípios de forma prática para que você co-
loque seu potencial em ação e possa ser uma pessoa sábia, saudável, espiritual e disciplinada.
A qualidade de nossa vida poderá ser transformada em bênçãos para nossa família, amigos,
igreja e cidade. Isto será possível mediante um plano intencional, consciente, para manter Deus
no centro de tudo o que fazemos e somos.
É triste a realidade de que muitas pessoas vivam à custa da espiritualidade alheia, perdendo
assim o privilégio de desenvolver sua própria intimidade com Deus. O que estamos dizendo,
55
por exemplo, é que muitos falam de oração, porém não oram. Outros dizem que são cristãos,
mas seus hábitos e atitudes negam veemente sua afirmação.
Temos consciência de que para promover uma crescente espiritualidade com profundidade
em nosso contexto cultural, faz se necessário um plano cuidadoso, consciente e principalmente
intencional para nossa vida espiritual.
Quando olhamos a história de personagens bíblicos como a de Daniel (Dn 1.1-21), fica-nos
a certeza de que é possível sim – independente do ambiente cultural, social e político – nutrir e
promover essa espiritualidade sadia e imaculada, onde Deus seja exaltado e pessoas abençoadas.
Ao fazermos uma autoanalise, podemos observar áreas que precisam ser desenvolvidas, me-
lhoradas e até mesmo descobertas.
OBJETIVO DA LIÇÃO
Para facilitar nossa dinâmica e didática organizaremos uma breve lista de elementos
sugeridos para essa disciplina espiritual saudável em categorias ou grupos. São eles: Oração,
Descanso, Trabalho e Relacionamentos.
Compreenda que sua relação com Deus uma das disciplinas mais desafiadoras e me-
é mais importante que sua relação com a nos usadas, principalmente em nosso con-
igreja, com seu cônjuge, filhos e quem quer texto latino americano. Essa disciplina eleva
que seja. Isso não pode ser negligenciado. nossa sensibilidade espiritual. O propósito da
Portanto, decida, a partir de hoje, renovar ou meditação cristã não é o esvaziamento, mas
assumir novos compromissos com as quatro sim, o enchimento da percepção da presença
áreas principais que sustentam nossa vida do próprio Deus em nós.
devocional. Enquanto o mal do século é a solidão, nós
a) Escritura: É importante lembrarmos somos desafiados à solitude. A diferença é
que Deus fala na Palavra e por meio dela. que a primeira se sente abandonada enquanto
Você pode definir um plano de leitura devo- que a segunda é uma decisão de abandonar-
cional para o ano todo ou fazer meditações -se. A solitude para Richard J. Foster “não é
diárias sobre porções menores da Escritura. um lugar, mas um estado da mente e do co-
O importante é extrair da Palavra uma apli- ração. Onde somos convidados a vir e ouvir a
cação pessoal permitindo que a Palavra nos voz de Deus em seu silêncio todo abrangente,
alimente e nos transforme. maravilhoso, terrível, suave e amoroso”.
b) Meditação/Solitude: Talvez esta seja c) Oração: Talvez essa seja a mais conhe-
56
cida de todas, mas também está longe de ser não se beneficiam desta disciplina. Para Ri-
a mais compreendida. Embora quase todas as chard J. Foster, o estudo “envolve a repetição,
religiões apresentem alguma espécie de co- a concentração, a compreensão e a reflexão”.
municação com suas entidades, o cristianis- Paulo exortou seu discípulo Timóteo a
mo emerge com uma proposta de intimidade persistir no estudo das sagradas Escrituras:
e diálogo através desta disciplina. Podemos “Até a minha chegada, dedique-se à leitura
afirmar que o alvo principal da oração não é pública da Escritura, à exortação e ao ensino”
informar a Deus, mas sim, sermos formados (1Tm 4.13). “Porque desde criança você co-
e transformados por Ele através deste relacio- nhece as sagradas letras, que são capazes de
namento íntimo e pessoal. torná-lo sábio para a salvação mediante a fé
d) Estudo: Jesus nos ensinou que o co- em Cristo Jesus” (2Tm 3.15).
nhecimento da verdade é que liberta (Jo 8.32). O que tornou Timóteo um pastor sábio e
Muitos cristãos permanecem aprisionados entendido não foram seus dons e revelações,
a temores, ansiedades e paradigmas porque mas o conhecimento da divina Escritura.
Infelizmente alguns atribuem o trabalho que Deus nos deu. Todavia, cuidar do nosso
ao pecado, mas nada mais equivocado e falso corpo pode ser tão espiritual quanto oração
do que este pensamento, pois como poderia ou louvor. Pense como você pode começar a
ser verdade se o próprio Deus e Jesus traba- cuidar do seu corpo, ou se já está, como pode
lham (Jo 5.17). melhorar? Que atividades físicas você poderia
A grande questão aqui não está relaciona- começar a praticar? Como está sua alimenta-
da à obtenção de recursos, mas como pode- ção? Será se Deus está sendo exaltado e glori-
mos usar o tempo, os talentos, os recursos e ficado através da sua disciplina de cuidado do
os dons para o benefício de outros? seu corpo físico.
A melhor tradução para a palavra minis- Qual foi a última vez que você fez um che-
tério, não é ser servido, mas servir. ch-up? Que tal chamar algumas pessoas da
Quais os anseios e paixões que Deus colo- sua igreja para fazerem juntas, algum esporte.
cou dentro de você? Quem sabe pode ser até um novo ministério
Que tal se dispor para servir em algum (serviço) para aqueles que estão em necessi-
ministério de sua igreja ou até mesmo iniciar dade.
algum através de suas habilidades, experiên- Prestar atenção ao seu corpo pode ser
cia ou testemunho. Já pensou na possibilidade uma forma interessante de ouvir Deus.
de começar um grupo pequeno em sua casa Quando cuidamos do nosso corpo, reco-
ou na casa de alguma pessoa (At 2.42-47). nhecemos a santidade de toda a vida e hon-
a) Cuidar do Corpo Físico: Muitas vezes ramos o fato de que Deus está em nós (1Co
nós dispensamos pouco cuidado ao corpo 3.16; 6.19).
Conclusão.............................................
Deus tem um caminho diferente para cada um de nós. Nosso desejo e oração é que você seja
fiel ao seu. Que Deus lhe dê coragem para viver fielmente sua vida inigualável em Cristo. E que
o amor o invada. Que a esperança transborde de você para todos aqueles que estão a sua volta!
Que você seja sua melhor versão nessa Terra que Deus te confiou um lindo e grande propósito
para Sua glória (Jo 15.16).
59
Como usar esse Roteiro para
Acompanhamento Pastoral
Sabemos que é por meio de vínculos sólidos que a igreja cresce de maneira saudável. Igre-
jas povoadas de crentes não enraizados tem durabilidade limitada. Se tornam como terminais
rodoviários. Sempre cheias e ao mesmo tempo vazios. Precisamos urgentemente investir em
relacionamentos transformadores. Essa é a essência do corpo de Cristo.
É fato que os relacionamentos se tornam mais profundos e produtivos quando são regados
pelo compartilhamento de vida, de experiências, de erros e acertos, de fracassos e vitórias. Por
isso, hoje você é desafiado a sair do anonimato e permitir que Deus use alguém para trabalhar na
sua vida enquanto ele te usa para moldar a vida de alguém. Essa é a extraordinária experiência
do discipulado.
Você foi salvo para fazer discípulos de Jesus na terra (Mt 28.19). Se Jesus te pedisse contas
dessa tarefa hoje, o que você responderia? Quantas pessoas você diria para Jesus que já foram
transformadas por Deus em crentes maduros, graças ao fato de que você, um dia, apegou-se
às suas vidas, investiu tempo com elas e permitiu que Deus usasse sua vida como exemplo? Se
você ainda não teve a espetacular experiência de contribuir com o desenvolvimento espiritual
de alguém, chegou a hora.
O objetivo desse roteiro é ajuda-lo a pôr em ação as verdades bíblicas estudadas sema-
nalmente nessa edição especial de “Jornadas para a maturidade emocional e espiritual”. Por
meio de perguntas diretas que exigem profunda reflexão pessoal, esse roteiro exigirá que você
se abra e se exponha. Ele foi preparado para ser usado em ambientes de acompanhamento pas-
toral e discipulado, com um número bem reduzido de pessoas, ou preferencialmente em duplas.
Assim, ele pode ser uma ferramenta extraordinária para te impulsionar a começar uma jornada
de discipulado mútuo cumprindo o Ide de Jesus.
Sugerimos que você escolha uns 3 irmão (as) dentro de seu apascentar ou do seu círculo
de convivência e reúnam periodicamente (preferencialmente uma vez por semana), para res-
ponderem as perguntas colocadas.
Todas as questões foram elaboradas a partir das lições dessa revista. É impossível respon-
de-las sem um preparo, um momento e um local adequado. Assim que se reunirem, escolham
alguém como líder para direcionar o diálogo, ler as perguntas e conduzir as reflexões.
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Recomendamos que façam desses encontros um ambiente seguro para que os integrantes
participem de forma aberta e honesta. Estabeleçam uma regra radical de proibição de qualquer
comentário sobre comportamento alheio. Esse é um lugar para examinar a si mesmo e NÃO OS
OUTROS. Combinem um gesto entre vocês, como um estralar de dedos, sempre que alguém
começar a fugir do assunto ou a aplicar a verdade na vida de outra pessoa, parando de falar de si
mesmo. Exemplo: Ao invés de comentar: realmente há muitas pessoas nessa triste condição espi-
ritual, prefira sempre começar sua fala com a palavra EU: “eu me encontro nessa triste condição
espiritual”.
Orem juntos no início e fim de cada encontro. Leiam atenciosamente as introduções que
servem de contexto para o começo de cada estudo. E, sempre que possível, estimulem respostas
completas e profundas.
Temos certeza que Jesus estará presente nesses encontros desencadeando uma verdadeira
revolução rumo à maturidade espiritual e emocional que tanto precisamos.
1º ENCONTRO
Nossa vida é como o iceberg. Os 10% acima da superfície representam nossas mudanças
1 visíveis que todos podem ver. E os outros 90% se refere a áreas submersas de nossas vidas
que, talvez, ainda precisamos de transformação. Saul é um exemplo vivo de alguém que
não foi totalmente transformado. Leiam I Sm 15.7-24. Embora esse Rei fora ungido pelo
Senhor, havia dentro de sua alma, alguns sentimentos que o levaram a uma obediência
parcial a Deus. Leia especialmente os versículos 15, 24, 25 e 30 e comente sobre o que
Saul não tratou em seu coração que o fez ser reprovado por Deus.
2º ENCONTRO
Quais ocasiões na sua vida cristã (tanto no passado como hoje), você admite que aca-
1 bou assumindo duas identidades: uma santa e outra secular ou carnal? Exemplo: Por
conta de um alto nível de stress houve uma época em que, embora frequentando cultos, você
xingava bastante; ou por conta de alguma crise emocional ou conjugal, você cometeu adul-
tério (físico ou emocional) ou fornicação, e, mesmo assim, manteve-se na igreja; ou devido
a alguma decepção você se tornou amargo, triste, crítico, avarento, etc. Na sua resposta
procure mostrar não apenas o seu erro, mas principalmente, o quê você acredita que
o levou a cometê-lo.
Como você avalia sua disposição de estar com DEUS e FAZER para DEUS? Nas úl-
2 timas semanas, você acha que tem dedicado mais tempo para estar com o Senhor, isto
é, dedicando tempo para oração, jejum, leitura da Palavra e contemplação ou seu tempo
está mais ocupado em FAZER para Deus, no sentido de cuidar da obra do Senhor em
alguma área específica? Ou sente que não está envolvido nem com o ESTAR nem com o
FAZER para Deus?
Vimos que Deus não esconde as falhas de caráter e os erros cometidos pelos heróis na Bí-
4 blia. Se tivéssemos nos tempos bíblicos e tivesse uma terrível falha em sua vida, que Deus
quisesse registrar na bíblia como exemplo para as gerações seguintes, que falha seria essa?
Talvez seja um pecado ou uma decisão errada que você tenha cometido lá atrás e que até
hoje colha consequências seríssimas. Compartilhe. Você tem o hábito de confessar suas
tentações? Existe algum erro ou pecado que você sente que precisa confessar e aban-
donar nesse momento?
Conhecer nossos limites e admitir nossa humanidade é um passo de sabedoria. Não so-
5 mos onipotentes. Não podemos atender a todos e a todas as necessidades. Qual área
da sua vida você entende que precisa desacelerar um pouco e qual área você precisa
investir mais tempo e foco?
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O último sintoma de uma espiritualidade doentia é julgar a jornada espiritual de ou-
6 tras pessoas. Responda com sinceridade: você se vê, vez ou outra, incomodado com
as falhas dos outros? Qual foi a última vez que conversou sobre os erros ou falhas de
alguém? O que acha das pessoas que julgam pelas aparências?
3º ENCONTRO
1 Vimos no tópico 1 da lição 3 alguns valores do mundo que exercem pressão sobre nossas
crentes de vida. Volte nesse ponto e releia os itens de “a” a “h” e compartilhe quais você
precisa vigiar para não ter sua vida guiada por eles.
Vimos no tópico 3 da lição 3 que a maturidade espiritual é mais bem evidenciada em atos
3 do que em fatos. Foram citadas de maneira exemplificativa algumas evidências da saúde
espiritual. Cite aquelas que sinceramente você precisa melhorar consideravelmente.
4º ENCONTRO
Para cada uma das sete pessoas acima listadas você irá pedir para que respondam:
três qualidades que facilmente te identificariam e três pontos fracos, também marcantes.
Exemplo de respostas sobre qualidades: João é humildade em pessoa; Maria é incrivelmente ale-
gre; Fernanda é bem comunicativa; Exemplo de respostas sobre pontos fracos: Joana é teimosa;
Marcos é metido; Tadeu é muito fechado.
De posse de suas impressões, seja grato a Deus e peça sabedoria para manter e continuar
lidando com suas forças de caráter e qualidade. Observe bem os pontos de fracos, pois são
áreas de melhoria sobre as quais é importante você buscar autocontrole e aperfeiçoamento.
Depois compartilhe como foram suas descobertas.
5º ENCONTRO
No capítulo cinco, retroceda para avançar, aprendemos que Deus escolhe a família
especial, na qual nascemos, no lugar especial, em determinado momento da história. A es-
colha de aceitar nosso passado nos concede dons de oportunidades. Isso também nos dá uma
certa quantidade de bagagem emocional em nossa jornada na vida. Para alguns, essa bagagem é
mínima. Para outros, é uma carga pesada.
66
A verdadeira espiritualidade nos liberta para vivermos alegremente. Viver alegremente,
porém, requer retroceder para avançar. Esse processo nos leva exatamente ao núcleo do discipu-
lado na família de Deus: livrarmos nos dos padrões pecaminosos destrutivos do nosso passado
para vivermos a vida de amor que Deus deseja.
Nossa necessidade de retroceder pode ser resumida em duas verdades bíblicas essenciais:
Primeira: as bênçãos e pecados de nossas famílias que remonta a uma, duas ou três gera-
ções, impactam profundamente quem somos hoje.
Segunda: o discipulado requer colocar de lado os padrões pecaminosos e nossa família
de origem e reaprender como viver a vida da maneira que Deus deseja em sua família.
Nesse momento, pense em sua família e marque alguns hábitos pecaminosos de uma
1 a três gerações da sua família de origem. Não se esqueça de considerar os seus irmãos.
Existe algum comportamento ou crença em sua família que Deus está lhe revelando
hoje que você precisa renunciar e lutar contra ele?
Oração de renúncia
Este é um roteiro sugestivo de como você pode interceder a Deus por você e por sua casa
a fim de desfazer as obras do diabo na sua história. Aqui existe uma lista de várias iniquidades
que talvez você ou seus antepassados praticaram. Mencione em sua oração aquilo que sentir
necessidade de renunciar. E creia que “Se o Filhos vos libertar, verdadeiramente sereis livres”.
(Jo 8.36).
Diante de Deus Pai, por meio de Jesus Cristo seu Filho e perante anjos, principados,
potestades e da Igreja, eu reafirmo que Jesus Cristo é meu Senhor, meu Salvador, meu Reden-
tor e meu Deus a quem estou disposto a servir por toda minha vida, renunciado a qualquer
outro deus, a satanás, demônios e todas suas obras. Nesse momento levo para cruz de Cristo
toda acusação no mundo espiritual que pese contra mim e minha família e rogo ao Senhor, em
profundo arrependimento, perdão pelos seguintes pecados:
Renuncio todo envolvimento com santos, desligo espiritualmente toda vinculação a
idolatria e torno sem efeito todas as maldições decorrentes do envolvimento com procissões,
crismas, rezas e festas religiosas.
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Renuncio a todas as simpatias feitas por mim ou para mim. Renuncio aos benzimentos,
amuletos, patuás e talismãs que possui ou possuo. Renuncio a todos os meios de adivinhação
tais como horóscopo, leitura de mãos, de cartas, tarô, búzios e quaisquer outros pecados liga-
dos a numerologia, desfazendo assim todo direito do diabo autuar em minha vida.
Renuncio a experiências místicas com amuletos como pêndulos, poderes paranormais,
mantras, visões e práticas relacionadas. Cancelo em nome de Jesus tudo o que o diabo ligou
com o fim de monitorar minha vida e exercer controle sobre mim.
Renuncio qualquer envolvimento com espiritismo, umbanda, candomblé, magia negra
e qualquer linha da feitiçaria, macumbaria e uso de poderes mágicos.
Peço perdão ao Senhor Jesus pelos pecados de sedução, lascívia, fornicação, adultério,
homossexualismo, lesbianismo e renuncio a todas entidades espirituais ligadas a pecados se-
xuais.
Peça perdão, se for o seu caso, pelos pecados de alcoolismo, drogas, aborto, jogos de azar,
crimes, pragas, avareza, sonegação, ódio, traição e blasfêmias.
Tomo agora toda a armadura de Deus e me fortaleço com seu poder para lutar contra
as trevas em nome de Jesus Cristo. Cubro a mim e minha família com o Sangue de Jesus e não
permito que Satanás venha contra mim, nem contra minha família, nem contra meus bens.
Declaro que estou livre de qualquer opressão e prisão e me encho do Espírito Santo.
Eu te louvo e exalto Senhor Jesus, agradecendo por sua grande vitória na minha vida.
Amém.
6º ENCONTRO:
Vimos que há cinco comportamentos pecaminosos que nos atrapalham de lutar e ven-
2 cer na muralha. Esses comportamentos explicam porque uma geração inteira morreu no
deserto. São eles: Orgulho, cobiça, luxúria, ira e preguiça. Leia I Coríntios 10.1-13, pense
e compartilhe em quais comportamentos pessoais você acredita que lhe impedem de
atravessar suas muralhas.
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Quando Deus nos leva através de uma muralha, somos mudados. Vimos que há quatro
3 características principais de transformação na vida de alguém que venceu sua muralha: a)
um maior nível de quebrantamento; b) maior apreço pelo desconhecido; c) uma profun-
da aptidão para esperar por Deus; d) um grande desapego do mundo.
Escolha uma característica dessa lista que você sente que Deus está procurando traba-
lhar em você agora. Compartilhe como Deus está fazendo nascer algo novo em você e
lhe ajudando a mudar as ideias incompletas ou imaturas sobre Ele.
Ser emocionalmente saudável implica em aceitar que há estações frias, secas e estéreis em
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nossa jornada. Mas elas não visam a nossa destruição. Pelo contrário, Deus nos aperfei-
çoa e fortalece por meio das tempestades. Qual foi a maior dor que você já enfrentou na
vida e quais lições o Senhor lhe ensinou por meio dessa severa provação?
7º ENCONTRO
Todos nós enfrentamos muitas mortes em nossa vida. Nossa cultura interpreta essas per-
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das como algo detestável e maldito. Todavia, cabe a nós escolher se essas perdas serão
fatais (esmagando nosso espírito) ou nos abrirão novas possibilidades e profundidade de
transformação em Cristo.
A maioria de nós não percebe alguns sintomas reativos à aflição: depressão, raiva, incre-
dulidade, nostalgia, descrença. Compartilhe uma forte decepção que você sofreu em sua
vida. Você acredita que isso ainda lhe afeta ou influencia em seu comportamento hoje?
Ao final de seu ministério, Jesus prediz que enfrentaria o sofrimento e a morte. Pedro
2 reagiu imediatamente tentando se proteger contra aquela perda. À semelhança de Pedro
(Mt 26.31-44), muitos usam escudos para se defenderem da dura realidade do sofrimento
ao invés de encará-los e superá-los. As principais autodefesas são:
a) NEGAÇÃO: negamos o fato de que aquilo nos incomoda;
b) Minimizar: diminuímos a seriedade do fato e os impactos causados, de modo que
pareça menos grave do que realmente é;
c) Culpar os outros (ou Deus): transferimos a responsabilidade por nossos atos e trans-
ferindo-a para outros;
d) Distração: mudar o foco fazendo piadas ou evitando assuntos ameaçadores;
e) Tornar-se hostil: ficamos com raiva ou irritados ao tratar dos problemas;
f) Culpar-se: assumimos toda a culpa internamente.
g) Racionalizar: oferecemos desculpas e justificativas
h) Medicar-se: tomar remédios mergulhando em vícios nocivos ou ataduras para entor-
pecer a dor.
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Tais comportamentos não são a melhor maneira para lidarmos com os sofrimentos que
3 impactaram nossas vidas em tempos passados. Com base na lista acima, você pode citar
as defesas que tem a tendência de usar ao lidar com a perda e os contratempos e por quê?
É importante recordarmos que Jesus foi plenamente humano e totalmente divino. Gaste
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alguns minutos olhando para Jesus em Mateus 26.31-44. Em contraste com a lista ante-
rior, quais foram algumas das formas que Ele enfrentou e se moveu através das perdas?
A reação de Jesus ao sofrimento e perda é uma lição para nós. Jesus se permitiu sentir
6 profundamente a tristeza e a dor. Ele não “protela” nem espiritualiza. Jesus admite aberta-
mente seu sofrimento aos que lhe são próximos e pede-lhe que o apoiem. Ele ora pedindo
alternativas ao pai, mas finalmente aceita o “não” de Deus e se submete à Sua vontade. Por
isso, Deus o ressuscitou e o exaltou sobremaneira deixando ao mundo uma das princi-
pais mensagens do Evangelho: de que o sofrimento e a morte trazem ressurreição e vida
nova. Existem algumas perdas que você ainda não aceitou onde a nova vida ainda está
aguardando para nascer?
8º ENCONTRO
Muitos de nós estamos desejosos de desenvolver nossa relação com Deus. O problema,
1 contudo, é que dificilmente conseguimos separar tempo suficiente para estar com Ele.
Vivemos ocupados demais com tarefas intermináveis que roubam nosso tempo e ESTAR
a sós com o Senhor. E mais, há ocupações que matam nossa fome e apetite pela presença
dEle. Com base nos últimos dias, compartilhe aquilo que mais tem consumido seu tempo
e o distraído atrapalhando-o a dedicar um tempo a sós com Deus.
Qual prática você realiza diária ou semanalmente que o ajuda a manter-se conectado com
2 Deus?
3 Praticaremos agora uma liturgia de oração, leitura e meditação, como sugestão de prática
devocional que inclui “aquietar” e silenciar os ruídos interiores para ouvir Deus.
Escolha alguém para ser o facilitador lendo as instruções com voz alta e meditativa:
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- Para começar, convido vocês a fecharem os olhos por alguns instantes; todos vocês
devem deixar os papéis que desempenham na vida – por exemplo, pai, mãe, chefe, em-
pregado, estudante, amigo, irmão, irmã, professor.
Neste momento, imagine-se apenas como filho de Deus. Para se preparar para este momen-
to, imagine-se como uma criança alegremente recebe o pai ao final da tarde, chegando em
casa. Sinta seu Pai Celestial tendo prazer em tê-lo como filho (a). Ele está ansioso em dar a
você sua completa atenção durante este tempo. Os olhos dele brilham enquanto ele observa
seu rosto. Ele está sorrindo e mostrando seu amor sobre todo o seu ser. Que palavras você
gostaria que Deus lhe dissesse? Permita que ele fale essas palavras a você sobre você agora.
Todos podem verbalizar juntos e bem baixinho o que gostariam de ouvir do seu Pai ce-
lestial.
- Agora nos aquietaremos em silêncio por um minuto para calar qualquer voz, preocu-
pação ou pensamento interior.
- Oração de abertura. Façamos uma oração breve de abertura para nosso momento de
leitura bíblica.
9º ENCONTRO
Amar é a meta da vida cristã. A verdadeira espiritualidade não consiste somente em amar
1 a Deus, mas também na capacidade de amar os outros de forma madura. Na prática isso
muda a forma como enxergamos a nós mesmos e aos outros. Tornar-se emocionalmente
maduro requer a prática de algumas verdades que cremos, mas dificilmente realizamos.
Dê a si mesmo uma nota de 0 a 10 sobre seus hábitos de:
a) falar respeitosamente;
b) escutar com empatia;
c) negociar conflito de forma justa;
d) descobrir as expectativas ocultas que tenho dos outros;
e) falar a verdade em amor;
f) ser tardio para irar, rápido para ouvir e lento para falar;
g) sensibilizar-se com a dor e necessidade do outro, sem julgamento;
h) não comentar sobre falhas e erros de alguém;
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i) livrar-se de toda amargura quando ofendido;
j) fugir de todo sentimento de inveja;
l) expressar gratidão;
m) não interpretar discordâncias como ofensas pessoais;
n) não se magoar com facilidade;
o) manter-se contente e feliz mesmo quando não recebe nem acontece o que deseja;
p) respeita o outro sem ter que muda-los;
q) reconhece as pessoas pelo que são e não pelo que recebe delas;
r) negocia soluções que leva em consideração a perspectiva do outro;
s) amo cumprimentar as pessoas olhando nos olhos e com belo sorriso;
t) prefiro dar meu lugar e servir as pessoas em vez de desejar ser servido;
u) tenho prazer em ser útil na vida de alguém;
v) procuro encorajar pessoas sofredoras, tristes e desamparadas;
x) sou hospitaleiro;
z) disponho-me a orar por alguém constantemente, seja pessoalmente ou por telefone;
Expectativas não satisfeitas podem provocar conflitos em nossos locais de trabalho, salas
3 de aula, amizades, namores, casamentos, times esportivos, famílias e igrejas. Esperamos
que outras pessoas saibam e façam o que queremos, mas nem sempre somos claros acerca
de nossas expectativas. Supomos que o outro saiba o que queremos. Pense numa expec-
tativa simples, recente e que não foi atendida e que o tenha irritado e decepcionado.
Pode ser em relação a alguém na sua família, na igreja, no trabalho ou em qualquer lugar.
Por exemplo: esperava um aumento salarial; esperava uma ligação de feliz aniversário; es-
perava socializar melhor com alguém; esperava um comportamento específico do seu côn-
juge, etc.
Antes de começar nosso último estudo é importante fazermos uma pausa e refletirmos
1 sobre as últimas sete jornadas que trilhamos na busca por uma espiritualidade emocio-
nalmente saudável.
Hoje você será desafiado a desenvolver o que chamamos de regra de vida. É um plano
4 intencional, objetivo, metódico e desafiador para mantê-lo conectado em Deus como sua
Fonte de VIDA.
Essa regra incluirá a combinação de práticas espirituais que fornecem estrutura e direção
nossa maturidade. O fundamento de qualquer regra é o desejo profundo de estar com
Deus, amá-lo e fazer sua vontade.
Poucas pessoas têm um plano consciente para desenvolver sua vida espiritual. Vivem
no piloto automático. Todavia, nossa agenda apertada, as listas infindáveis do que fazer,
trabalhos e família exigente, bombardeio de informações e a ansiedade, nos mantém ace-
lerados. Temos rotina para muitas coisas, exceto para ocuparmo-nos com Deus.
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Por isso, uma boa regra irá nos guiar enquanto desenvolvemos novos hábitos. É bom
lembrar que a palavra regra, vem do grego trellis, de onde origina a palavra treliça. É a
estrutura metálica chamada treliça que permite à videira sair do chão e crescer, tornan-
do-se mais frutífera e produtiva. Da mesma forma, uma Regra de Vida, nos ajudará a
permanecer em Cristo e nos tornarmos frutíferos espiritualmente.
Portanto, mãos à obra. Pegue um caderno e caneta e escreva sua REGRA DE VIDA
para os próximos 40 dias da sua vida. Segundo os cientistas a repetição por 21 dias de
uma tarefa acaba gerando um hábito. Tudo que você precisa é de 21 dias de determinação
e disciplina fazendo ou deixando de fazer determinada coisa. Agora, imagine o que pode
acontecer em 40 dias de comprometimento com uma séria rotina para Deus.
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