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Carlos Alberto Assis é pianista e compositor formado em piano pela Escola de Mú-
sica e Belas Artes do Paraná (Embap), onde atualmente leciona as disciplinas de
Linguagem e Estruturação Musical (Análise Musical e Harmonia), História da Música,
Fundamentos de Prática Corporal Aplicada à Música e Composição de Trilha Sonora.
É mestre em Música – Execução Musical pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Em 1998, classificou-se em 2º lugar no I Prêmio de Composição Guerra Peixe, da
Escola de Música Villa-Lobos, no Rio de janeiro. Em 2000, classificou-se em 3º lugar
no III Prêmio de Composição Guerra Peixe, da mesma escola. Integrou o corpo do-
cente de diversos Festivais e Oficinas de Música, participando como pianista corre-
petidor da montagem de diversas óperas, no Brasil e no exterior. É também médico
formado pela Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná, com especialização em
Homeopatia e Acupuntura, sendo professor e praticante de tai chi chuan e Ginástica
Terapêutica Chinesa, como também membro fundador da Associação Internacional
de Praticantes de Tai Chi Chuan (AIPT). Atualmente, cursa o doutorado em Práticas
Interpretativas/Piano, com bolsa concedida pela Fundação Araucária, por meio do
convênio Embap – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS), sob orientação
da Dra. Cristina Capparelli Gerling.
E-mail: carlos.assis@terra.com.br
Carlos Alberto Assis
Batatais
Claretiano
2016
© Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP)
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REITORIA
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Vice-Reitor: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti
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Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti
Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Ms. Luís Cláudio de Almeida
Coordenador Geral de EaD: Prof. Ms. Evandro Luís Ribeiro
781.25 S583c
ISBN: 978-85-8377-500-3
CDD 781.25
INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: Harmonia e Análise Musical
Versão: dez./2016
Formato: 20x28 cm
Páginas: 74 páginas
SUMÁRIO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................................................................9
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS...............................................................................................................................................11
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE..................................................................................................................................12
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................................................................................13
Conteúdo
Harmonia Tradicional (graus) e Harmonia Funcional. Condução de vozes. Tessituras. Té-
trades: Posição Fechada, Posição Aberta, Inversões. Regras básicas de encadeamento. Enca-
deamento de Graus Conjuntos e Disjuntos nos modos: maior e menor. Campo harmônico de
tétrades. Inversões de tétrades. Dobramentos. Oitavas e Quintas, paralelas e ocultas (diretas).
Preparação da sétima. Transformação de acordes em dominantes individuais (maior, de 7ª da
Dominante, e 7ª Diminuta). Cadências. Acordes de quinta aumentada; quinta diminuta e au-
mentada juntas. Acordes de empréstimo modal. Acorde napolitano. Acorde de 6ª aumentada
(alemã, francesa e italiana). Modulação. Formas Musicais. Estudo de obras musicais de perío-
dos históricos sob o ponto de vista da estruturação formal.
Bibliografia Básica
HINDEMITH, P. Curso condensado de harmonia tradicional. Trad. Souza Lima. São Paulo: Irmãos Vitale, 1998.
KOSTKA, S. M.; PAYNE, D. Tonal harmony. 4. ed. Boston: McGraw-Hill, 2000.
SCHOENBERG, A. Harmonia. Tradução de Marden Maluf. São Paulo: Editora da Unesp, 2002.
Bibliografia Complementar
ALMADA, C. Harmonia Funcional. Campinas: Editora Unicamp, 2009.
BENNETT, R. Forma e estrutura na Música. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
CHEDIAK, A. Dicionário de acordes cifrados: harmonia aplicada à música popular. 2. ed. São Paulo: Irmãos Vitale, 1984.
GUEST, I. Harmonia: método prático. Rio de Janeiro: Lumiar, 2006. 2 v.
SCHOENBERG, A. Funciones estructurales de la armonía. Barcelona: Idea Books, 1999. Versão espanhola de Juan Luís Milán
Amat do original inglês.
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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
É importante saber
Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá ser assimilado para aquisição das
competências, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais
conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etioló-
gico (qual sua origem?) referentes a um campo de saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente selecionados nas Bibliotecas Virtuais Univer-
sitárias conveniadas ou disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. É chamado "Conteúdo Digital Integrador" porque é
imprescindível para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência
de mídias (vídeos complementares) e a leitura de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a den-
sidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigatórios, para efeito de avaliação.
1. INTRODUÇÃO
Caro aluno, seja bem-vindo!
Vamos aprofundar, a partir de agora, os conceitos e ferramentas que constituem e cons-
troem o discurso musical. O estudo da Harmonia faz parte de uma das áreas mais fascinantes
do conhecimento musical e relaciona-se intimamente às três atividades básicas do universo
musical: apreciação, criação e execução.
Em seu aspecto mais básico, o contato direto com a estrutura, construção e encadea-
mento dos acordes providencia um repertório de códigos que facilita os processos mais prá-
ticos, como a improvisação, a composição e o arranjo de obras. O compositor, o arranjador
e o instrumentista que improvisa pode dispor de elementos formadores do discurso musical
para enriquecer as possibilidades de combinações sonoras. É possível harmonizar e rearmoni-
zar uma melodia de várias maneiras, modificando o leque de percepção sonora. É como se o
compositor, o arranjador e o improvisador dispusessem de uma grande e diversificada paleta
de cores sonoras.
Em seus aspectos mais profundos, a compreensão de níveis e estruturas mais amplas e
os direcionamentos que se criam a partir das relações estabelecidas num sistema ordenado e
coeso permitem uma apreciação mais refinada da obra como um todo. O instrumentista, mes-
mo de instrumentos não polifônicos, pode, então, estabelecer uma relação mais aprofundada
e íntima com a obra que executa, o que trará consequências benéficas para a compreensão
que ele possui dessa obra e mesmo como ferramenta importante para sua memorização.
Assim, os processos de apreciação, criação e execução enriquecem-se e tornam-se mais
conscientes e amadurecidos. Os conhecimentos da Harmonia constituem, portanto, uma fer-
ramenta preciosa para o fazer musical.
A Harmonia como a conhecemos hoje é resultado de um longo processo de estudos e
avaliações sobre a prática musical, que se firmou com a escrita musical polifônica, estenden-
do-se até a dissolução do conceito de tonalidade e a adoção de práticas musicais não tonais.
A partir do desenvolvimento da música polifônica, na Idade Média, os procedimentos
composicionais foram aos poucos agregando mais e mais vozes e, consequentemente, os acor-
des começaram a adquirir uma existência cada vez mais presente no discurso musical.
No final do século 16 e início do século 17, as práticas musicais levaram a uma condensa-
ção dos modos eclesiásticos em uso, que se fundiram de acordo com suas afinidades em dois
modos principais: o modo maior e o modo menor. Surgia, assim, a tonalidade. A tonalidade
firma-se e desenvolve-se como sistema de relações entre acordes, tornando-se paradigma
musical por três séculos. Assim, a Harmonia enfoca a prática musical exercida no período com-
preendido entre a transição do século 16 para o século 17 e finais do século 19, abrangendo,
aproximadamente, trezentos anos de História (1600-1900).
A partir do início do século 20, experimentações com outras construções de acordes –
que não os baseados em terças – e outros tipos de escalas começaram a ser utilizados pelos
compositores, e as primeiras décadas desse século testemunharam uma grande transforma-
ção do paradigma teórico que sustentou o conhecimento musical até então.
Nos dias de hoje, estudamos a Harmonia não apenas por sua importância histórica – afi-
nal, três séculos de prática produziram uma quantidade gigantesca de obras musicais –, mas
também pela influência que exerce, ainda hoje, nos processos composicionais, principalmente
aqueles relacionados à música popular.
O objeto de estudo da Harmonia é o efeito de síntese resultante da combinação de sons
de diferentes alturas simultâneos, que chamamos de acorde. Assim, a Harmonia procura es-
tudar e esclarecer como os acordes são construídos, analisando sua formação e estrutura, e
como estabelecem relações entre si, num processo que denominamos encadeamento. Além
disso, a Harmonia também se preocupa com as consequências desses processos de encade-
amento, estudando a relação dessas progressões com um centro tonal comum e as relações
que podem se estabelecer entre diferentes centros tonais.
Portanto, a Harmonia é comumente dividida, por motivos e razões puramente didáticos,
em Harmonia Estrutural e Harmonia Funcional. Enfim, para ficar mais claro, podemos resumir
a divisão da Harmonia da seguinte maneira:
a) Harmonia Estrutural:
• construção dos acordes (formação e estrutura);
• relação entre acordes (encadeamentos);
b) Harmonia Funcional:
• relação dos encadeamentos ou progressões com um centro tonal comum, cha-
mado de tônica;
• relações entre diferentes centros tonais ou diferentes tônicas, que chamamos
comumente de modulação.
A parte da Harmonia chamada Estrutural é representada por processos básicos de cons-
trução e progressão de acordes baseados, exclusivamente, na estrutura escalar natural (es-
calas maior e menor harmônica), sem a intervenção de acidentes. São apresentadas as es-
truturas acordais simples baseadas em tríades e sua construção (acordes maiores, menores,
diminutos e aumentados), as tétrades simples e seus relacionamentos por meio dos encade-
amentos básicos.
Na parte referente à Harmonia Funcional, os acidentes são introduzidos na estrutura
escalar natural, e estudamos a expansão das relações tonais por meio de encadeamentos
mais complexos. A Harmonia Funcional foi desenvolvida no final do século 19 para lidar com
a crescente complexidade das composições do final do Romantismo; é uma teoria complexa,
com linguajar, grafia, símbolos e sinais próprios. Abordaremos somente os subsídios básicos
para podermos compreender seus fundamentos.
Para o estudo da Harmonia, duas virtudes são necessárias: paciência e persistência. As-
sim, alguns exercícios são apresentados para você treinar e desenvolver suas habilidades de
lidar com os acordes e com os encadeamentos. Os exercícios são divididos em seis configura-
ções, a partir de quatro categorias:
a) acordes isolados (para compreensão de sua estrutura e para o treinamento da dis-
tribuição das vozes);
b) sequências de cifras e ritmos (para você aprender a determinar a localização do
baixo);
c) baixos dados, com cifras e sem cifras (para treinamento da distribuição e reconheci-
mento de acordes);
d) melodias com cifras e sem cifras (para treinamento da disposição de acordes e das
diferentes possibilidades de encadeamentos).
Animado? Então, mãos à obra!
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições con-
ceituais, possibilitando um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados.
1) Acorde: efeito de síntese resultante da combinação de sons de diferentes alturas
simultâneos.
2) Cadência: em Harmonia, movimento harmônico resultante da relação entre acordes
que estabelecem um sentido de resolução de tensões de notas atrativas. Esse mo-
vimento pode adiar, reforçar ou intensificar o efeito conclusivo de uma sequência
harmônica ou frase musical.
3) Coda: seção de conclusão de um movimento ou obra.
4) Codetta: pequena coda, usualmente utilizada como conclusão de uma seção de um
movimento.
5) Cromatismo: aplicação da escala cromática ao sistema diatônico.
6) Enarmônico: notas que possuem nomes diferentes, mas soam na mesma altura. Por
exemplo, Dó# e Réb.
7) Funções harmônicas: nome dado aos principais graus da escala que criam relações
de estabelecimento da tonalidade (exemplos: primeiro, quarto e quinto graus, cha-
mados respectivamente de tônica, subdominante e dominante).
8) Grau conjunto: distância de uma segunda maior ou menor, ou seja, um tom ou um
semitom entre notas ou graus.
9) Grau disjunto: distância maior que um tom entre duas notas ou graus.
10) Harmonia: estudo da estrutura dos acordes e de seus encadeamentos, do relacio-
namento desses acordes com um centro tonal comum e da relação entre diferentes
centros tonais.
11) Notas atrativas: regiões da escala diatônica em que se encontram os semitons,
quarto e sétimo graus, também gerando um movimento de resolução em direção às
notas da tônica, terça e fundamental, respectivamente.
12) Progressão (ou Marcha Harmônica): processo de relacionamento entre acordes
numa sucessão com um direcionamento a uma das funções harmônicas principais.
13) Semitom: intervalo de segunda menor.
14) Sensível: sétima nota ou sétimo grau da escala diatônica.
15) Tétrade: acorde constituído de quatro terças sobrepostas.
16) Tom: intervalo de segunda maior.
17) Tonalidade: processo de relacionar uma série de notas ou acordes a um ponto focal
chamado centro tonal, ou tônica, resultado do pensamento harmônico aplicado ao
sistema escalar diatônico.
18) Tônica: nota que dá nome e início a uma escala diatônica. Centro que polariza as
relações tonais no sistema tonal.
19) Tríade: é um acorde composto por três terças sobrepostas.
20) Vozes: num encadeamento harmônico, cada uma das resultantes da distribuição das
notas dos acordes. Geralmente, utilizam-se quatro: soprano, contralto, tenor, baixo.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KOSTKA, S. M.; PAYNE, D. Tonal harmony. 4. ed. Boston: McGraw-Hill, 2000.
SADIE, S. Dicionário Grove de Música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 1994.
Objetivos
• Compreender o processo de construção e distribuição dos acordes.
• Distribuir os acordes em vozes nas posições abertas e fechadas.
• Identificar as tríades e sua posição na estrutura escalar.
Conteúdos
• Tríades.
• Tessitura e distribuição das vozes.
• Duplicações e posições abertas e fechadas.
• Tríades na estrutura escalar.
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© HARMONIA E ANÁLISE MUSICAL
UNIDADE 1 – HARMONIA ESTRUTURAL I: FORMAÇÃO DOS ACORDES
1. INTRODUÇÃO
Como vimos, a Harmonia estuda os relacionamentos dos acordes entre si, cujo proces-
so chamamos de encadeamento, ou progressão; dos acordes em relação a um centro tonal
comum, chamado de tônica; e da relação entre centros tonais diferentes, conhecido como
modulação.
Para o aprofundamento do estudo da Harmonia, é importante que você faça uma revi-
são dos conteúdos já estudados anteriormente, mais especificamente de alguns elementos
básicos relacionados à escrita musical.
1) Claves de Sol e de Fá: tradicionalmente, estudamos a Harmonia distribuindo os acor-
des para vozes. Isso permite a utilização de uma gama mais extensa de sonoridades,
tendo, por consequência, implicações para composições e arranjos, por exemplo.
Utilizamos a notação tradicional da escrita para piano, por questões de praticidade.
Assim, na clave Sol – que corresponde à mão direita – localizaremos as vozes mais
agudas, e na clave de fá – que corresponde à mão esquerda – inseriremos as vozes
mais graves.
2) Fórmulas de compasso: os exercícios serão apresentados em forma de pequenas
frases musicais, em uma configuração que prenuncia e serve de base à construção
de obras musicais mais extensas.
3) Valores de notas e pausas: para que os exercícios não se tornem frios e mecânicos,
serão constituídos de pequenas melodias, o que os torna mais agradáveis e os apro-
xima da realidade com que trabalhamos.
4) Armaduras de clave; escalas – maior e menor harmônica; todas as tonalidades
maiores com suas relativas menores: como a tonalidade é o fundamento dos pro-
cessos e das relações entre os elementos musicais estudados pela Harmonia, o co-
nhecimento das escalas e das tonalidades é fundamental.
5) Alterações: lembre-se de que armadura de clave não é o mesmo que alteração.
Quando uma nota é alterada e recebe um acidente (sustenido, bemol, bequadro,
dobrado sustenido ou dobrado bemol), ela não faz parte da escala diatônica, mas da
escala cromática. Isso terá importância quando estudarmos modulação e acordes
de empréstimo.
6) Intervalos – maiores, menores, aumentados e diminutos: os constituintes funda-
mentais para a construção dos acordes.
Tríades
Os acordes que definem as tonalidades são os acordes perfeitos maiores e os acordes
perfeitos menores. Os acordes diminutos e os aumentados desempenham outras funções que
veremos mais adiante. Portanto, inicialmente utilizaremos o acorde perfeito em suas duas
formas principais: maior e menor.
Distribuição
Quando fazemos um arranjo ou composição, utilizamos vários instrumentos ou vozes,
produzindo sons agudos e graves. Por isso, temos que distribuir a tríade para que ela possa
abranger uma extensão maior. Tradicionalmente, utilizamos a configuração escrita para coro,
com duas vozes agudas (soprano e contralto) e duas vozes graves (tenor e baixo). Assim, pode-
mos ter uma abrangência bastante completa da gama sonora.
Portanto, os exercícios são escritos para 4 vozes: soprano, contralto, tenor, baixo:
Duplicação
Como utilizamos quatro vozes, uma delas deve ser duplicada (repetida). A preferência
pela duplicação é da fundamental, pois, sendo ela a base do acorde, é naturalmente a sono-
ridade mais forte que ouvimos. Em seguida, podemos duplicar a quinta. Por enquanto, evite
duplicar a terça – ela define a natureza do acorde (maior ou menor) –, sua duplicação tende a
ser redundante em termos de sonoridade. Procure, também, não cruzar as vozes, mantendo-
-as na ordem natural.
Posições
Na distribuição das vozes, devemos primeiro estabelecer o baixo e depois o soprano. As-
sim, podemos determinar a extensão do acorde. Depois, acrescentamos o contralto e o tenor,
sendo que entre o soprano e o contralto tanto quanto entre o contralto e o tenor não se deve
ultrapassar intervalo maior que uma oitava. A distância entre o tenor e o baixo é livre.
Um acorde é denominado em posição cerrada, ou fechada, quando nenhuma nota sua
pode ser intercalada entre o soprano e o contralto ou entre o contralto e o tenor.
Um acorde é denominado em posição aberta quando uma ou mais notas dele podem
ser intercaladas entre o soprano e o contralto ou entre o contralto e o tenor.
A posição do acorde também pode ser definida pela nota que se encontra no soprano:
• Posição de oitava (fundamental no soprano).
• Posição de terça.
• Posição de quinta.
Tríades da escala
Para os exercícios de encadeamento iniciais, utilizaremos a escala diatônica maior e a
escala menor harmônica, construindo sobre elas tríades com notas próprias da escala, ou seja,
sem alterações.
Cada nota da escala recebe um número romano, indicando sua posição dentro da esca-
la, ou grau. Assim, a tônica é o I grau; a dominante, o V grau. Utilizamos, também, o número
romano maiúsculo para indicar um acorde perfeito maior e o número romano minúsculo para
indicar um acorde perfeito menor.
Assim, no modo maior:
Repare que o sétimo grau é uma tríade diminuta e recebe um símbolo diferente, viio,
minúsculo porque a terça inferior é menor, e o símbolo o para indicar que é diminuto.
No modo menor, temos:
Como vimos, os acordes que definem as tonalidades são os acordes perfeitos maiores
e os acordes perfeitos menores. A compreensão da estrutura básica triádica dos acordes é de
fundamental importância para o prosseguimento do estudo da Harmonia. É a partir desses
acordes que se constroem os processos harmônicos e as relações tonais. Portanto, é importan-
te que esse conteúdo esteja bem assimilado antes de darmos continuidade ao nosso estudo.
Nos textos a seguir, você encontra informações complementares que podem ser de mui-
ta utilidade para a compreensão desse assunto.
• ALVIRA, J. R. Identificando tríades. 2015. Disponível em: <http://www.artmusica.net/
wp/tecnicos/teoria_musical/teoria_online/teoria_acordes/acordes_07.htm>. Aces-
so em: 14 dez. 2015.
• DUDEQUE, N. Harmonia Tonal – I. 2003. Disponível em: <http://www.artes.ufpr.br/
material/norton/Apostila%20HTI.pdf>. Acesso em: 14 dez. 2015.
• KOENTOPP, M. A. Métodos de ensino de Harmonia nos cursos de Graduação Musical.
2010. 180 f. Dissertação (Mestrado em Música) – Universidade Federal do Paraná,
Curitiba, 2010. Disponível em: <http://livros01.livrosgratis.com.br/cp148017.pdf>.
Acesso em: 14 dez. 2015.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desem-
penho. Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os
conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Toque e escreva os seguintes acordes:
Lá, lá, Dó#, ré, Sib, si, Solb, fá#
5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da primeira unidade, na qual você teve a oportunidade de iniciar a
tomada de contato com o fascinante universo da Harmonia.
Você foi apresentado à estrutura dos acordes, sua formação e posição dentro da estrutu-
ra da escala diatônica. Esses conhecimentos básicos serão essenciais para o aprofundamento
das relações que se estabelecem dentro do campo da tonalidade e para a compreensão da
estrutura e configuração das obras musicais.
Na próxima unidade, você aprenderá como os acordes se relacionam entre si por meio
dos encadeamentos, e teremos a oportunidade de ampliar e estender seus conhecimentos.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GUEST, I. Harmonia: método prático. Rio de Janeiro: Lumiar, 2006. 2 v.
HINDEMITH, P. Curso condensado de harmonia tradicional. Trad. Souza Lima. São Paulo: Irmãos Vitale, 1998.
KOSTKA, S. M.; PAYNE, D. Tonal harmony. 4. ed. Boston: McGraw-Hill, 2000.
PROUT, E. Harmony: it’s theory and practice. 7. ed. London: Augener, 1901.
SCHOENBERG, A. Harmonia. Tradução de Marden Maluf. São Paulo: Editora da Unesp, 2002.