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Como escreve Rubino, citado por A. Varela (C.C.

anotado),“…há empreitada, se o fornecimento


dos materiais é um simples meio para a feitura da obra, e o trabalho constitui o fim do
contrato. Pelo contrário, há venda, se o trabalho é simplesmente um meio para obter a
transformação da matéria”

No caso em concreto não há conteúdo probatório que permita mostrar a valoração do


trabalho ou dos materiais utilizados.

É certo que não se provou que se tratava de equipamento «standard»,vendidos


por catálogo , mas dessa resposta negativa não pode inferir-se o contrário, tudo
se passando como se essa matéria não tivesse sido alegada, sendo certo que
nada consta da matéria de facto provada que permita concluir que a A.fabricou
equipamentos especialmente adaptados a qualquer plano técnico exigido pela
Ré /cliente.
Diferentemente, o que consta dos factos
Por se tratar de produto categorizado em marca e modelo, não sendo demonstrado nenhuma
adaptação em especial feita pela A., permite-se que o que verdadeiramente interessava à
cliente era adquirir as máquinas daquela marca e modelo, independentemente do valor dos
materiais incorporados ou do respectivo processo produtivo.

Ora, como observa José Manuel Vilalonga (in Compra e venda e empreitada – Contributo para
a distinção entre os dois contratos – pág.204).“Se a coisa pertencer a um género, sendo
periódica e profissionalmente construída pelo vendedor construtor, e ainda se o processo
produtivo não integrar o objetivo principal do contrato, mostrando-se estranho à relação
constituída, pelo menos na perspectiva do adquirente, pois para ele será indiferente que a
coisa já esteja ou não construída, então teremos um contrato de compra e venda de bem
futuro”.

Contrato de compra a venda tem por principal característica a transmissão do direito por
mero efeito do contrato, porém mesmo que ainda havendo essa característica no caso de
Compra e Venda quanto a bens futuros, o direito de transmissão se encontra suspenso
até o momento em que o bem em questão se entre na esfera jurídica do alienante.
Ora, embora se ignore o momento exacto em que as máquinas foram
construídas pela A., sabe-se que na data da instauração da acção, já estavam
fabricadas. Logo, pode afirmar-se que nessa data já tinha ocorrido a
transferência da propriedade dos equipamentos para a Ré /compradora.

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