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GÊNEROS TEXTUAIS - UNICAMP

2019: ABAIXO-ASSINADO

A proposta era fazer um abaixo-assinado a favor de uma professora que foi acusada de
doutrinação ideológica em sala de aula, com as seguintes exigências:
a) reivindicar um posicionamento público da escola em defesa da professora;
b) reivindicar a manutenção das aulas;
c) justificar as reivindicações.

Título: Abaixo-assinado à direção da Escola Estadual “Liberdade”

Venho, em nome de todos os estudantes da Escola Estadual “Liberdade”, que


assinaram o presente documento, reivindicar o posicionamento público das senhoras e
dos senhores, diretores desta instituição, em defesa da professora de Filosofia do Ensino
Médio, vítima de ameaças e ofensas anônimas após nos ministrar o texto “Teócrito e o
pensamento” durante o curso sobre as origens da Cidadania e dos Direitos Humanos
modernos.
O episódio de intolerância ocorreu sobre o viés falacioso de que nossa docente havia
nos doutrinado politicamente, ou tentado fazê-lo, após a leitura referida acima. O texto –
do filósofo grego Teócrito de Corinto – expressa a importância do direito ao pensamento,
sendo a sua suspensão o maior dos crimes e o caminho para a instauração de governos
tirânicos e opressores. 
Desse modo, sob nossa perspectiva, não há qualquer tentativa de “doutrinação” ;
pelo contrário, a docente ganhou ainda mais admiração por cumprir o papel principal de
sua profissão e dos estudos: nos ensinar a pensar de forma autônoma. Além disso, essas
aulas permitem o diálogo acerca dos Direitos Humanos, um tema que deve ser conhecido
por todos – especialmente na diversa sociedade brasileira – afinal, ele aborda princípios
fundamentais relacionados à liberdade, ao respeito e à tolerância, constituindo o pilar para
a formação cidadã democrática. 
Portanto, por meio deste abaixo-assinado, também reivindicamos a manutenção das
aulas de Filosofia cujo tema aborda os Direitos Humanos, pois acreditamos que reprimir
esse assunto é uma espécie de censura, a qual se opõe à educação vigente em países –
desenvolvidos, como a Suécia – cujo viés libertador aborda questões de cidadania,
diversidade e educação sexual. 
Assim como a filósofa Hannah Arendt, valorizamos a ideia de um mundo comum,
plural e diverso, capaz de valorizar a liberdade e impedir o totalitarismo e outras
opressões; e temos convicção de que as classes de Filosofia são essenciais para tanto,
assim como a atuação da própria escola. Com isso, esperamos que as reivindicações aqui
presentes, clamadas pelos estudantes, sejam atendidas. 
2018: PALESTRA
A proposta era escrever um texto sobre o fenômeno da pós-verdade, que seria
apresentado em uma palestra, contemplando as seguintes questões:
a) o que é pós-verdade e sua relação com as redes sociais;
b) exemplos de fake news que circularam nas redes sociais e se tornaram pós-verdade;
c) consequências da pós-verdade. 

Título: sem título 

Boa tarde, pessoal! 


Primeiramente, uma boa tarde a todos os meus colegas do Ensino Médio. Já
agradecendo ao Grêmio Estudantil, pelo convite, venho apresentar a vocês o tema da
palestra que preparei: a pós-verdade. O que exatamente significa este termo, cada vez
mais em evidência? Como a pós-verdade se expressa no cotidiano, e como ela afeta a
sociedade do século XXI? Isso é o que tentarei explicar hoje. 
Em termos gerais a palavra “pós-verdade” se refere a um fato mentiroso que
determinado grupo de pessoas encara como verdadeiro – simplesmente porque essa
versão da realidade favorece seus interesses ideológicos. Para entender melhor esse
fenômeno, é preciso antes reconhecer o que possibilita essa situação: o ritmo frenético
das redes sociais, que para nós já é algo quase natural. Afinal, com tantas informações
simultâneas nos 140 caracteres do Twitter, é impossível confirmar tudo o que é publicado
– e assim as pessoas passam a acreditar apenas nas notícias que já confirmam sua visão
de mundo. 
Há inúmeros exemplos da propagação de pós-verdades em larga escala. O mais
famoso é o de Donald Trump nas eleições dos EUA em 2016: enquanto rechaçava as
supostas “notícias falsas” da imprensa, fazia acusações infundadas – como a de que
Barack Obama fundara o Estado Islâmico. Outro importante, e que muitos aqui devem
acompanhar, são os debates sobre a Reforma da Previdência Social – em que bilhões de
reais somem ou surgem, dependendo da pessoa que compartilha a publicação. Tanto o
exagero do déficit quanto sua negação são frutos de uma pós-verdade inescrupulosa – e
cuja desinformação representa grave perigo para nossa sociedade. 
Terminando a palestra, quero ressaltar que o maior problema da pós-verdade não é
meramente enganar a população – mas prendê-la nas chamadas “bolhas sociais”.
Incentivadas pelas próprias redes sociais, que manipulam o aparecimento das
publicações, essas pessoas tornam-se incapazes de reconhecer o ponto de vista do outro.
Assim, não há debate, nem democracia, nem cooperação para melhorar nosso país.
Alguma dúvida ou comentário?
2017: carta
A proposta era escrever uma carta para a Seção do Leitor da Revista Rio Pesquisa e
discutir questionamentos levantados pela publicação do artigo “A volta de um Rio que faz
sonhar”. 

Título: sem título

À revista Rio Pesquisa.

O artigo “A volta de um Rio que faz sonhar” de Lená Medeiros de Menezes traz, em
minha opinião, uma discussão importantíssima para o Brasil atual. Em meio a um contexto
global de crises econômicas, conflitos civis e embates socioculturais, analisar o papel e o
comportamento do brasileiro frente aos imigrantes que se instalaram e se instalarão no
país torna-se uma discussão delicada, porém necessária.
Concordo plenamente com a autora sobre a falsidade do conceito de Brasil cordial. A
ideia de um Brasil acolhedor de estrangeiros se desfaz ao observamos a existência de
clara de discriminação do imigrante, seja ela direta, como o preconceito quanto aos
trabalhos dos médicos cubanos, ou indireta, como no ciclo de desigualdade enfrentado
por bolivianos e haitianos que acabam por exercer subempregos e são privados de seus
direitos básicos em condições de vida precárias. 
Então, arrisco a dizer que a ideia de um Brasil cordial é ilusória e se junta a demais
mitos – como o de democracia racial – que esculpem um Brasil liberal pacífico e
acolhedor, procurando esconder do cenário internacional o quão conservador e
preconceituoso nosso país é. 
A desmistificação é necessidade urgente para que possamos refletir e responder às
perguntas do final do artigo de maneira correta e humana, afastando discriminações
negativas e xenofobia. E o primeiro passo, com certeza, foi dado com a publicação do
artigo “A volta de um Rio que faz sonhar”, portanto, deixo meus parabéns a todos os
envolvidos.
Com admiração,
A.L.
2016: RESENHA

A proposta era escrever uma resenha da fábula de La Fontaine, levando em consideração


os seguintes pontos:
a) uma síntese da fábula, indicando os seus elementos constitutivos;
b) a construção de uma situação social análoga aos fatos narrados, que envolva um
problema coletivo;
c) um fechamento, estabelecendo relações com a temática da fábula.

Título: sem título 

A fábula “A Deliberação Tomada pelos Ratos”, escrita por La Fontaine, apresenta


uma situação-problema desencadeada por um gato de nome Rodilardo que caça
inúmeros ratos, matando-os e comendo-os. Os ratos, preocupados com sua situação,
decidem se reunir para discutir e encontrar alguma solução. Assim, concluem que se
houvesse um sinal para alertá-los da presença do felino, poderiam ter tempo para se
esconder e salvar suas vidas, o que foi proposto pelo rato mais velho e experiente. Os
demais concordaram, inclusive com a ideia de pendurar-lhe uma esfera de metal
barulhenta no pescoço. Porém, nenhum dos ratos se comprometeu a fazê-lo, tornando a
ideia infrutífera. 
La Fontaine, com esta fábula, transmite a moral de que, embora seja importante
deliberar os assuntos, é imprescindível executá-los. Situação semelhante ocorre quando
uma comunidade enfrenta problemas com a segurança pública. Em um determinado
bairro com alto índice de violência, pouco adianta lastimar-se dos crimes ocorridos ou
discutir soluções em uma rede social. Caso este alto índice de violência ocorra em razão
da ausência de escolas ou atividades culturais, essa comunidade deverá se organizar e
levar os fatos às autoridades competentes para que providenciem o necessário e, com a
participação de todos, seja resolvido concretamente o problema. 
O receio de eventuais retaliações pode levar essa comunidade a amedrontar-se,
assim como os ratos da fábula. Para colocar o guizo no gato, ou seja, para efetivar uma
transformação nesse bairro, é preciso sair da toca, enfrentar a questão e exigir os próprios
direitos. No caso, um serviço de segurança e educação prestados adequadamente pelo
Estado. 
E. A.
2015: SÍNTESE

A proposta era escrever uma síntese sobre humanização no atendimento à saúde, escrita
em registro formal, observando as seguintes instruções:
a) falar sobre o conceito de humanização no atendimento à saúde;
b) o ponto de vista apresentado em dois textos que falam sobre o conceito;
c) as relações possíveis entre os dois pontos de vista.

Título: Humanização no atendimento à saúde

O ato de somar os avanços tecnológicos ao bom relacionamento, a fim de


proporcionar um atendimento de qualidade, é o que entende-se por humanização. 
No trecho do artigo científico “Análise do discurso oficial sobre a humanização da
assistência hospitalar” de Suely Deslandes, a humanização no atendimento à saúde é
importante pois, se houver tecnologia sem bom relacionamento, segundo o artigo,
“desumaniza a assistência”, e, se houver atendimento sem tecnologia, quando esta
necessária, acaba “desumanizando o cuidado”. Entretanto, apesar de tecnologia e
relacionamento serem importantes, o “fator humano” tem maior relevância, de acordo com
o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH). 
O trecho do ensaio de Jerome Bruner, “Fabricando histórias: direito, literatura, vida”,
trata da importância do médico escutar o que o paciente tem a dizer, antes de tratá-lo.
Para isso, toma como base um Programa de Medicina Narrativa desenvolvido na
Faculdade para Médicos e Cirurgiões da Escola de Medicina da Columbia University, cujo
objetivo é atentar-se para o que o paciente tem a dizer, antes de intervir em seu caso
clínico. Segundo os organizadores do programa, o número de mortes por incompetências
narrativas já começou a diminuir na Faculdade da Columbia University. 
Ambos os trechos, artigo científico e ensaio, ressaltam a importância do bom
relacionamento entre profissionais e usuários e a necessidade de se atentar ao papel do
profissional, seja para controlar os equipamentos tecnológicos, seja para bem atender
pessoalmente. 

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