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Projeto de Extensão “O que saber sobre exames laboratoriais”

Atlas de Urinálise

Introdução
O objetivo do Atlas de Urinálise realizado pela Liga Acadêmica de Análises
Clínicas e Toxicológicas (LAACT) é abordar o conteúdo dos elementos normais
e patológicos presentes no sedimento urinário por meio de exibição de fotos de
lâminas e explicações sobre as mesmas. As 8 fotos que se encontram aqui
ausentes serão adicionadas assim que possível.
Sumário

1. Cilindros ............................................................................................................. 1
1.1. Cilindros céreos .......................................................................................... 1
1.2. Cilindros epiteliais ....................................................................................... 4
1.3. Cilindros granulosos ................................................................................... 5
1.4. Cilindros graxos .......................................................................................... 7
1.5. Cilindros hemáticos..................................................................................... 8
1.6. Cilindros hialinos ....................................................................................... 10
1.7. Cilindros leucocitários ............................................................................... 13
2. Cristais anormais de origem metabólica ........................................................ 15
2.1. Cristais de bilirrubina ................................................................................ 15
2.2. Cristais de cistina ...................................................................................... 17
2.3. Cristais de colesterol................................................................................. 20
2.4. Cristais de leucina..................................................................................... 21
2.5. Cristais de tirosina .................................................................................... 22
3. Cristais de origem iatrogênica ........................................................................ 23
3.1. Cristais de ampicilina ................................................................................ 23
3.2. Cristais de sulfonamida ............................................................................ 24
4. Cristais normais de urina ácida....................................................................... 25
4.1. Cristais de ácido úrico ............................................................................. 25
4.2. Cristais de oxalato de cálcio ..................................................................... 34
4.3. Cristais de oxalato de cálcio mono-hidratado .......................................... 39
4.4. Cristais de urato amorfo ........................................................................... 40
4.5. Cristais de urato de sódio ......................................................................... 43
5. Cristais normais de urina alcalina ................................................................... 44
5.1. Cristais de biurato de amônio ................................................................... 44
5.2. Cristais de carbonato de cálcio ................................................................ 46
5.3. Cristais de fosfato amorfo ......................................................................... 48
5.4. Cristais de fosfato de cálcio ...................................................................... 52
5.5. Cristais de fostato triplo ........................................................................... 57
6. Estruturas diversas.......................................................................................... 60
6.1. Bactérias ................................................................................................... 60
6.2. Células epiteliais escamosas ................................................................... 63
6.3. Células epiteliais de transição .................................................................. 66
6.4. Células epiteliais do túbulo renal.............................................................. 67
6.5. Corpo graxo oval ....................................................................................... 68
6.6. Espermatozoides ...................................................................................... 70
6.7. Hemácias .................................................................................................. 72
6.8. Leucócitos ou piócitos .............................................................................. 75
6.9. Leveduras.................................................................................................. 78
6.10. Muco ........................................................................................................ 81
7. Referências bibliográficas ............................................................................... 84
Cilindros

1.1. Cilindros céreos


Descrição: Os cilindros céreos são curtos e largos, possuindo um índice de
refração elevado¹. Tem estrutura rígida², com aparência lisa homogênea,
apresentando bordas serrilhadas. Sua coloração pode ser amarela, acinzentada
ou incolor¹. São formados a partir da desidratação dos cilindros hialinos ou a
partir da fragmentação dos elementos granulares dos cilindros granulosos².

Patologias: Os cilindros céreos são representativos de estase urinária extrema,


que aponta insuficiência renal crônica grave2. Estão presentes também em casos
de hipertensão maligna, nefropatia diabética e amiloidose renal¹.

Figura 1: Cilindro céreo.

1
Figura 2: Cilindro céreo.

Figura 3: Cilindro céreo.

2
Figura 4: Cilindro céreo.

3
1.2. Cilindros epiteliais
Descrição: Os cilindros epiteliais são gerados a partir de estase e da
descamação de células epiteliais tubulares renais. As células epiteliais podem
ordenar-se como linhas paralelas no cilindro, ou podem organizar-se ao acaso,
diversificando quanto ao tamanho, morfologia e estágio de degeneração.
Assume-se que as células do primeiro tipo sejam originárias do mesmo
segmento do túbulo, ao passo que o arranjo irregular parece indicar que as
células são oriundas de porções distintas do túbulo 1.

Patologia: Os cilindros epiteliais são raramente vistos na urina, devido aos raros
episódios de doenças renais que causam danos aos túbulos (necrose). Eles são
encontrados na urina após exposição a agentes nefrotóxicos ou vírus (p. ex.,
vírus da hepatite), que acarretam danos que acompanham a lesão glomerular,
na rejeição de aloenxerto renal1 e os mesmos também acompanham cilindros
leucocitários nos casos de pielonefrite².

Fotos não encontradas até o momento, serão adicionadas assim que


possível.

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1.3. Cilindros granulosos
Descrição: Apresentam a superfície recoberta por grânulos e a origem dos
grânulos pode ser patológica ou não. Os de origem não patológica são
provenientes de lisossomos eliminados pelas células epiteliais tubulares renais
durante o metabolismo normal. Durante exercícios intensos, ocorre um aumento
do metabolismo celular e, consequentemente, um aumento breve de cilindros
granulosos que é acompanhado do aumento de cilindros hialinos. Já os grânulos
de origem patológica são resultados da desintegração de cilindros celulares e de
células tubulares ou a associação de proteínas filtradas pelo glomérulo². A
princípio, os grânulos são grandes e grosseiros, entretanto, quando a estase
urinária é estendida, os grânulos tornam-se finos devido sua quebra¹.

Patologias: Os cilindros granulosos estão presentes na glomerulonefrite e na


pielonefrite².

Figura 5: Cilindro granuloso.

5
Figura 6: Cilindro granuloso.

Figura 7: Cilindro granuloso.


6
1.4. Cilindros graxos
Descrição: Os cilindros graxos são cilindros que integraram gotículas de
gordura livre ou corpos gordurosos ovais. Esses cilindros podem conter apenas
poucas gotículas de gordura ou podem ser compostos quase que totalmente por
gotículas de gordura de tamanhos diversos. Se a gordura consistir em colesterol,
sob luz polarizada, exibirão uma característica formação em “cruz de malta”. Já
os triglicérides, não polarizam, porém são corados com Sudan III ou Óleo
Vermelho O1.

Patologia: Cilindros graxos são vistos quando ocorre degeneração adiposa do


epitélio tubular, como na doença tubular degenerativa. Eles também são
geralmente observados na síndrome nefrótica, glomeruloesclerose diabética,
lúpus, nefrose lipoídica, envenenamento renal tóxico, glomerulonefrite crônica e
síndrome de Kimmelstiel-Wilson1.

Fotos não encontradas até o momento, serão adicionadas assim que


possível.

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1.5. Cilindros hemáticos
Descrição: Os cilindros hemáticos podem exibir coloração castanha, podem ser
praticamente incolores1 ou laranja-avermelhados2. Estes cilindros são mais
frágeis que os outros cilindros e podem existir como fragmentos ou ter forma
mais irregular2 visto que podem conter em seu interior várias células agrupadas
sem uma matriz visível ou podem possuir poucas hemácias em uma matriz
proteica. No caso em que as hemácias ainda se apresentam intactas, com os
contornos detectáveis, o cilindro é designado cilindro hemático. Já nos casos em
que o cilindro degenera-se em um cilindro granuloso castanho-avermelhado,
compõe um cilindro de hemoglobina1.

Patologias: Os cilindros hemáticos são sempre patológicos e acusam hematúria


renal. Frequentemente são diagnósticos de doença glomerular, sendo
encontrados na glomerulonefrite aguda, trauma renal, nefrite lúpica, endocardite
bacteriana subaguda e síndrome de Goodpasture. Podem estar presentes
também na trombose de veia renal, infarto renal, na insuficiência cardíaca
congestiva direita, periarterite nodosa e pielonefrite grave1.

Figura 8: Cilindro hemático.

8
Figura 9: Cilindro hemático.

9
1.6. Cilindros hialinos
Descrição: Os cilindros hialinos são os mais comumente encontrados na urina.
São compostos por proteínas de Tamm-Horsfall e podem conter algumas
inclusões, incorporadas enquanto encontravam-se no rim. Visto que são
compostos somente por proteínas, apresentam índice de refração muito baixo e
devem ser observados sob baixa intensidade luminosa. São transparentes,
incolores, homogêneos e frequentemente exibem extremidades arredondadas1.

Patologias: Cilindros hialinos podem ser encontrados até mesmo no tipo mais
brando de doença renal, não sendo correlacionados a qualquer doença em
específico. Alguns cilindros podem ser observados na urina normal, e
quantidades aumentadas com frequência estão presentes depois de
desidratação fisiológica, exercícios físicos1, exposição ao calor e estresse
emocional. Patologicamente, esses cilindros estão aumentados em
glomerulonefrite aguda, pielonefrite, doença renal crônica e insuficiência
cardíaca congestiva2.

Figura 10: Cilindro hialino.

10
Figura 11: Cilindro hialino.

Figura 12: Cilindro hialino e células epiteliais escamosas.

11
Figura 13: Cilindro hialino.

12
1.7. Cilindros leucocitários
Descrição: Os cilindros leucocitários podem possuir bordas irregulares e são
compostos geralmente por neutrófilos e, a menos que tenha ocorrido
desintegração, podem apresentar núcleos multilobulados². Os leucócitos podem
apresentar-se em quantidade pequena no cilindro ou em várias células
agregadas1.

Patologia: Os cilindros leucocitários são encontrados em situações de infecção


e inflamação não bacteriana renais. Desse modo, eles podem ser vistos na
pielonefrite aguda, nefrite intersticial e nefrite lúpica. Também podem ser
encontrados na doença glomerular1.

Figura 14: Cilindro leucocitário.

13
Figura 15: Cilindro leucocitário.

14
2. Cristais anormais de origem metabólica

2.1. Cristais de bilirrubina


Descrição: Os cristais de bilirrubina aparecem como agulhas agregadas ou
granulares, exibidos na cor amarela característica da bilirrubina2 ou castanho-
avermelhado1.

Patologias: Os cristais de bilirrubina estão presentes nas doenças hepáticas


que formam muita quantidade de bilirrubina na urina. Nos transtornos que
produzem dado tubular renal, como hepatite viral, esses cristais podem ser
agregados à matriz dos cilindros2.

Bilirrubina

Figura 16- Cristais de bilirrubina.

15
Bilirrubina

Carbonato de cálcio

Figura 17: Cristais de carbonato de cálcio e bilirrubina.

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2.2. Cristais de cistina
Descrição: Os cristais de cistina são refringentes, incolores, hexagonais, com
bordas iguais ou desiguais. Podem ser exibidos isoladamente, sobrepostos ou
em agrupamentos. Geralmente apresentam aspecto em camadas ou laminado 1.

Patologias: Os cristais de cistina são encontrados na urina de pessoas que


herdam um distúrbio metabólico que impede a reabsorção de cistina pelos
túbulos renais (cistinúria). Além disso, as pessoas que possuem cistinúria
possuem tendência a formar cálculos renais, principalmente em idade precoce2.

Figura 18: Cristais de cistina.

17
Figura 19: Cristais de cistina.

Figura 20: Cristais de cistina.

18
Figura 21: Cristais de cistina.

19
2.3. Cristais de colesterol
Descrição: Os cristais de colesterol são de difícil visualização, exceto quando
as amostras são refrigeradas, visto que os lipídeos continuam em forma de
gotas. Quando analisados, são vistos como placas retangulares com um entalhe
em um ou mais cantos2, grandes, achatadas e transparentes1, são altamente
birrefringentes com luz polarizada2 e exibem uma variedade de cores.
Ocasionalmente, esses cristais são encontrados sob a forma de um filme sobre
a superfície da urina, e não no sedimento1 e frequentemente são vistos em
conjunto com cilindros graxos e corpúsculos ovais gordurosos².

Patologia: Os cristais de colesterol indicam intensa ruptura tissular, nefrite,


condições nefríticas, quilúria1 e síndrome nefrótica2.

Fotos não encontradas até o momento, serão adicionadas assim que


possível.

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2.4. Cristais de leucina
Descrição: Os cristais de leucina possuem forma esférica, apresentam estrias
radiais ou círculos concêntricos e exibem coloração amarela ou castanha². A
cristalização de leucina pura ocorre em forma de placas, então sua conformação
esferoidal não consiste apenas em leucina¹.

Patologias: Os cristais de leucina são encontrados na urina de pacientes com a


doença urinária em xarope de bordo (defeito no metabolismo dos aminoácidos
leucina, isoleucina e valina), na síndrome da má absorção de metionina e em
doenças hepáticas graves¹.

Fotos não encontradas até o momento, serão adicionadas assim que


possível.

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2.5. Cristais de tirosina
Descrição: Os cristais de tirosina são observados como finas agulhas
refringentes, delgadas, que se organizam em agrupamentos ou feixes.
Frequentemente os agrupamentos são vistos na coloração negra, principalmente
no centro, todavia podem exibir coloração amarela quando há presença de
bilirrubina1. Geralmente são observados em conjunto com cristais de leucina, em
amostras com resultado positivo em testes químicos para a bilirrubina².

Patologia: Os cristais de tirosina estão presentes em disfunção hepática grave


e são encontrados também em doenças hereditárias do metabolismo de
aminoácidos, principalmente a tirosinemia².

Fotos não encontradas até o momento, serão adicionadas assim que


possível.

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3. Cristais de origem iatrogênica

3.1. Cristais de ampicilina


Descrição: A administração parenteral de altas doses de ampicilina pode gerar
a precipitação do fármaco que aparece na urina ácida na forma de agulhas
delgadas, longas, incolores1 e que tendem a formar feixes após refrigeração².

Patologia: A precipitação de antibióticos não é muito comum, acontece quando


o uso de antimicrobiano é realizado em doses altas sem a hidratação adequada².

Fotos não encontradas até o momento, serão adicionadas assim que


possível.

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3.2. Cristais de sulfonamida
Descrição: Os cristais de sulfonamida apresentam conformações variadas,
podendo ser feixes de agulhas, rombótica, pedra de amolar, feixes de trigo ou
rosetas. Esses cristais possuem coloração amarelo-castanho ou são incolores².
São necessárias duas etapas para que se possa confirmar a presença desses
cristais: saber se o paciente está fazendo uso de medicamento à base de sulfa
e realizar o teste de lignina para sulfonamidas¹.

Patologias: A cristalização da sulfonamida está relacionada com a hidratação


inadequada do paciente. Além disso, os cristais de sulfonamida presentes na
urina recente podem indicar a probabilidade de dano tubular caso os cristais
estejam se formando nos néfrons².

Figura 22: Cristais de origem iatrogênica devido ao uso de sulfonamida.

24
4. Cristais normais de urina ácida

4.1. Cristais de ácido úrico


Descrição: Os cristais de ácido úrico são normais de urina ácida e possuem
diversas formas, mas as mais proeminentes são de prisma romboide, losango
(plana com quatro lados), oval com extremidade pontiaguda (forma de limão), e
em roseta, que compõe os cristais agrupados. Eventualmente, podem
apresentar seis faces, sendo esta forma confundida com cistina (os cristais de
cistina são incolores). Geralmente, os cristais de ácido úrico apresentam
coloração amarela ou castanho-avermelhada e essa variação de cor depende
da espessura que o cristal possui, de maneira que cristais extremamente finos
podem ser incolores1.

Patologias: A presença desses cristais não exibe importância clínica, visto que
pode ser de ocorrência natural do organismo. Porém, dentre as condições
patológicas nas quais esses cristais são encontrados na urina incluem o elevado
metabolismo de purina, síndrome de Lesch-Nyhan, nefrite crônica, condições
febris agudas, gota1, em pacientes com leucemia que recebem quimioterapia 2.

25
Figura 23: Cristais de ácido úrico em forma de roseta, oval com extremidade
pontiaguda e prisma romboide.

Figura 24: Cristais de ácido úrico em forma de roseta, oval com extremidade
pontiaguda e prisma romboide.

26
Figura 25: Cristais de ácido úrico predominantemente em forma de roseta.

Figura 26: Cristais de ácido úrico em forma de roseta, oval com extremidade
pontiaguda e prisma romboide.

27
Figura 27: Cristais de ácido úrico em forma de roseta, oval com extremidade
pontiaguda e prisma romboide.

Figura 28: Cristais de ácido úrico em forma de roseta, oval com extremidade
pontiaguda e prisma romboide.

28
Figura 29: Cristais de ácido úrico em forma de roseta e oval com extremidade
pontiaguda e seis faces.

Figura 30: Cristais de ácido úrico em forma oval com extremidade pontiaguda,
losango e prisma romboide.

29
Figura 31: Cristais de ácido úrico em forma de roseta, oval com extremidade
pontiaguda e prisma romboide, além de células epiteliais escamosas.

Figura 32: Cristais de ácido úrico em forma de losango e prisma romboide.

30
Figura 33: Cristais de ácido úrico em forma de losango e prisma romboide.

Figura 34: Cristais de ácido úrico em forma de losango e prisma romboide.

31
Figura 35: Cristais de ácido úrico em forma de roseta.

Figura 36: Cristais de ácido úrico em forma de roseta e oval com extremidade
pontiaguda.

32
Figura 37: Cristal de ácido úrico em forma de losango.

33
4.2. Cristais de oxalato de cálcio
Descrição: Os cristais de oxalato de cálcio são normais de urina ácida. A forma
mais comum de cristais de oxalato de cálcio di-hidratados é aquela reconhecida
como “envelope” octaédrico, incolor, ou como duas pirâmides aderidas por meio
de suas bases (Fig. 38-45). Já a forma menos observada é a mono-hidratada
que exibe morfologia ovalada ou em halteres. Ambas as formas são
birrefringentes sob luz polarizada e frequentemente são vistos em aglomerados
aderidos ao muco e podem ser semelhantes a um cilindro 2.

Patologias: A presença desses cristais não exibe importância clínica, visto que
pode ser de ocorrência natural do organismo, principalmente depois da ingestão
de alimentos ricos em oxalato, como tomate, laranja e alho. Além disso, grande
número desses cristais, especificamente quando existentes em urina recente,
indica a probabilidade de cálculos renais, porque a maioria destes são
constituídos por oxalato. Dentre algumas situações patológicas em que esses
cristais podem se apresentar em grandes quantidades incluem diabetes mellitus,
doença renal crônica grave, doença hepática e intoxicação por etilenoglicol
(anticongelante)1.

Figura 38: Cristais de oxalato de cálcio di-hidratado.

34
Figura 39: Cristais de oxalato de cálcio di-hidratado.

Figura 40: Cristais de oxalato de cálcio di-hidratado.

35
Figura 41: Cristais de oxalato de cálcio di-hidratado.

Figura 42: Cristais de oxalato de cálcio di-hidratado.

36
Figura 43: Cristais de oxalato de cálcio di-hidratado.

Figura 44: Cristais de oxalato de cálcio di-hidratado e flora bacteriana


abundante.

37
Figura 45: Cristais de oxalato de cálcio di-hidratado e presença de muco.

38
4.3. Cristais de oxalato de cálcio mono-hidratado

Fotos não encontradas até o momento, serão adicionadas assim que


possível.

39
4.4. Cristais de urato amorfo
Descrição: Os cristais de urato amorfo são normais de urina ácida e se
apresentam como grânulos castanho-amarelados. Eles podem ser exibidos em
grumos e podem parecer com cilindros granulosos. São visualizados geralmente
em amostras que tenham sido refrigeradas e formam um sedimento rosa
característico2.

Patologias: A presença desses cristais não exibe importância clínica, visto que
pode ser de ocorrência natural do organismo1.

Figura 46: Cristais de urato amorfo.

40
Figura 47: Cristais de urato amorfo.

Figura 48: Cristais de urato amorfo.

41
Figura 49: Cristais de urato amorfo.

Figura 50: Cristais de urato amorfo.

42
4.5. Cristais de urato de sódio
Descrição: Os cristais de urato de sódio são normais de urina ácida e se
apresentam como formas cristalinas ou amorfas. São vistos como agulhas
amareladas ou incolores, ou prismas delgados ou organizados em feixes ou
agrupamentos (forma de roseta)1.

Patologias: A presença desses cristais não exibe importância clínica, visto que
pode ser de ocorrência natural do organismo2.

Figura 51: Cristais de urato de sódio.

43
5. Cristais normais de urina alcalina

5.1. Cristais de biurato de amônio


Descrição: Os cristais de biurato de amônio são normais de urina alcalina e
apresentam formas esféricas com a presença de espículas irregulares
(representado como “maçã espinhosa”) e possuem coloração castanho-
amarelado. Esses cristais também podem ser achados sem a presença de
espículas, porém essa forma é incomum de ser encontrada¹.

Patologias: A presença desses cristais não exibe importância clínica, mas


quase sempre são encontrados em amostras não recentes e podem ser
relacionados com a existência de amônia gerada por bactérias que metabolizam
a ureia2.

Cristal de Biurato
de amônio

Figura 52: Cristal de biurato de amônio.

44
Figura 53: Cristais de biurato de amônio.

45
5.2. Cristais de carbonato de cálcio
Descrição: Os cristais de carbonato de cálcio são normais de urina alcalina. São
pequenos, incolores e apresentam forma esférica ou em haltere¹. Esses cristais
podem se acumular, o que os torna parecido com material amorfo, porém são
diferenciados pela formação de dióxido de carbono gasoso quando é adicionado
ácido acético². Na forma de grandes massas granulosas os cristais de carbonato
de cálcio podem apresentar coloração escura¹.

Patologias: A presença desses cristais não exibe importância clínica².

Cristal de carbonato
de cálcio

Figura 54: Cristal de carbonato de cálcio.

46
Cristais de carbonato
de cálcio

Figura 55: Cristais de carbonato de cálcio.

47
5.3. Cristais de fosfato amorfo
Descrição: Os cristais de fosfato amorfo são normais de urina alcalina e
possuem aparência granulosa, semelhante aos uratos amorfos 2. São incolores
ou escuros e constantemente encontrados na urina em uma configuração amorfa
e não cristalina¹. A refrigeração da amostra de fosfato amorfo, quando presente
em quantidades elevadas, causa a formação de um precipitado branco que não
se dissolve quando é aquecido. Eles podem ser diferenciados de urato amorfo
pela cor do sedimento e pH urinário².

Patologias: A presença desses cristais não exibe importância clínica.

Figura 56: Cristais de fosfato amorfo.

48
Figura 57: Cristais de fosfato amorfo.

Figura 58: Cristais de fosfato amorfo.

49
Figura 59: Cristais de fosfato amorfo.

Figura 60: Cristais de fosfato amorfo.

50
Figura 61: Cristais de fosfato amorfo.

51
5.4. Cristais de fosfato de cálcio
Descrição: Os cristais de fosfato de cálcio são normais de urina alcalina e
possuem conformação de prismas longos, incolores e que podem apresentar
uma extremidade delgada. Esses cristais podem se reorganizar em forma de
rosetas, estrelas, agulhas ou placas grandes e irregulares que podem flutuar na
urina¹.

Patologias: A presença desses cristais não exibe importância clínica, apesar de


o fosfato de cálcio ser um constituinte comum de cálculos renais2.

Figura 62: Cristais de fosfato de cálcio.

52
Figura 63: Cristais de fosfato de cálcio em forma de roseta.

Figura 64: Cristais de fosfato de cálcio em forma de roseta.

53
Figura 65: Cristais de fosfato de cálcio em forma de roseta.

Figura 66: Cristais de fosfato de cálcio em forma de roseta.

54
Figura 67: Cristais de fosfato de cálcio.

Figura 68: Cristais de fosfato de cálcio em forma de roseta.

55
Figura 69: Cristais de fosfato de cálcio em forma de roseta, além de células
epiteliais escamosas.

56
5.5. Cristais de fostato triplo
Descrição: Os cristais de fosfato triplo são normais de urina alcalina e se
apresentam na forma de prisma, que recorda uma “tampa de caixão”2, possuem
de três a seis lados, que geralmente contém extremidades oblíquas 1. São
também incolores e birrefringentes sob luz polarizada2 e podem se precipitar em
forma de samambaia ou pena1.

Patologias: A presença desses cristais não exibe importância clínica, porém


são observados em urinas que possuem bactérias que metabolizam a ureia 2.
Além disso, dentre as condições patológicas nas quais podem ser encontrados
incluem pielonefrite crônica, cistite crônica, hiperplasia da próstata, além de
casos quando a urina é retida na bexiga1.

Figura 70: Cristais de fosfato triplo.

57
Figura 71: Cristais de fosfato triplo.

Figura 72: Cristais de fosfato triplo.

58
Figura 73: Cristais de fosfato triplo.

Figura 74: Cristais de fosfato triplo.

59
6. Estruturas diversas

6.1. Bactérias
Descrição: Enquanto está no rim e na bexiga a urina normalmente não
apresenta bactérias. A contaminação pode acontecer devido à presença de
bactérias na uretra, na vagina, na genitália externa ou no frasco utilizado na
coleta¹. Essas bactérias estão presentes na forma de bacilos (barras) ou cocos
(esféricas)².

Patologias: Em uma amostra coletada adequadamente, a presença de


bactérias acompanhada por piócitos é indicativa de infecção do trato urinário.
Enterobacteriaceae (bacilos gram-negativos), Staphylococcus e Enterococcus,
são as bactérias associadas às infecções do trato urinário².

Figura 75: Flora bacteriana abundante.

60
Figura 76: Flora bacteriana abundante.

Figura 77: Flora bacteriana abundante em forma de bacilos.

61
Figura 78: Flora bacteriana abundante.

62
6.2. Células epiteliais escamosas
Descrição: São células provenientes da descamação normal da uretra e da
vagina. Essas células possuem forma irregular, são grandes, achatadas, com
citoplasma abundante e núcleos proeminentes. Não possuem significado
patológico¹.

Figura 79: Células epiteliais escamosas.

63
Figura 80: Células epiteliais escamosas.

Figura 81: Células epiteliais escamosas.

64
Figura 82: Células epiteliais escamosas.

Figura 83: Células epiteliais escamosas.

65
6.3. Células epiteliais de transição
Descrição: São células provenientes da descamação normal da bexiga, da
pelve renal e dos ureteres. Possuem forma esférica, poliédrica ou com projeções
caudais². Apresentam núcleo centralmente localizado e podem conter dois
núcleos. Essas células não possuem significado patológico¹.

Fotos não encontradas até o momento, serão adicionadas assim que


possível.

66
6.4. Células epiteliais do túbulo renal
Descrição: São células derivadas dos túbulos renais. Apresentam forma
achatada, colunar ou cuboide. Seus núcleos são grandes, esféricos e são
localizados excentricamente¹.

Patologias: A presença de células epiteliais tubulares renais em números


elevados indica grave lesão tubular e podem ser decorrentes da pielonefrite,
necrose tubular aguda, rejeição de transplante renal e intoxicação por salicilato¹.

Célula epitelial do túbulo


renal

Figura 84: Célula epitelial do túbulo renal.

67
6.5. Corpo graxo oval
Descrição: Os corpos graxos ovais são células tubulares renais que contêm
gotículas gordurosas que são bastante refringentes, com morfologia globular, e
geralmente têm aspecto castanho-amarelado, embora em pequeno aumento e
iluminação pouco intensa possam exibir-se negras, em razão de seu elevado
índice de refração. Se a gordura consistir em colesterol, sob luz polarizada,
exibirão uma característica formação em “cruz de malta”. Já os constituídos por
triglicérides, não polarizam, porém são corados com Sudan III ou Óleo Vermelho
O1.

Patologia: Os corpos graxos ovais estão presentes na síndrome nefrótica,


diabetes mellitus, eclâmpsia, envenenamento renal tóxico, glomerulonefrite
crônica, nefrose lipoídica, embolia gordurosa, após lesões superficiais extensas
com esmagamento da gordura subcutânea e após fraturas dos principais ossos
longos ou da pelve, assim como em fraturas múltiplas, nas quais a gordura pode
ser liberada da medula óssea e atingir a circulação1.

Figura 85: Corpos graxos ovais.

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Figura 86: Corpos graxos ovais.

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6.6. Espermatozoides
Descrição: Os espermatozoides são simplesmente identificados no sedimento
urinário pelo seu formato oval, cabeça ligeiramente cônica e calda longa,
semelhante a flagelo2.
Patologias: Os espermatozoides são, eventualmente, encontrados na urina de
homens e mulheres após relação sexual, masturbação ou ejaculação noturna.
Esporadicamente são de relevância clínica, salvo nos casos de infertilidade
masculina ou ejaculação retrógrada na qual o esperma é expulso para a bexiga
em vez de ser para a uretra2.

Figura 87: Espermatozoides, com a presença de cristais de oxalato di-


hdratado.

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Figura 88: Espermatozoides, com a presença de cristais de oxalato di-hdratado.

Figura 89: Espermatozoide.

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6.7. Hemácias
Descrição: As hemácias podem assumir morfologias diversas, dependendo do
ambiente da urina. Quando a amostra de urina é fresca, as hemácias exibem um
aspecto normal, amarelado ou pálido, lisos, na forma de discos bicôncavos,
anucleares. Quando a urina é diluída e hipotônica as hemácias dilatam e podem
ser lisadas liberando assim a hemoglobina na urina e deixando, apenas, a
membrana celular1. Essas grandes células vazias são chamadas de “células
fantasma”. Já quando a urina é hipertônica, as células encolhem devido à perda
de água e podem aparecer crenadas ou de modo irregular. Além disso, na
hematúria glomerular podem ser observadas as hemácias dismórficas, as quais
variam em tamanho, possuem saliências celulares ou estão fragmentadas. Os
principais tipos de hemácias dismórficas são os acantócitos, hemácias em
formato de anel com protusões em forma de vesícula2 e os codócitos, hemácias
que apresentam o centro mais corado que os arredores (células em alvo)1.

Patologias: A hematúria macroscópica é comumente relacionada a lesões


glomerulares avançadas, porém também é encontrada em danos à integridade
vascular do trato urinário causados por trauma, inflamação aguda, infecção e
coagulopatias. A análise da hematúria microscópica é essencial para o
diagnóstico precoce de doenças glomerulares, carcinoma do trato urinário e
também para confirmar a presença de cálculos renais. Contudo, a probabilidade
de contaminação menstrual deve ser levada em consideração em amostras de
pacientes do sexo feminino. A observação de grande quantidade de hemácias
dismórficas está associada com hematúria glomerular2.

Figura 90: Hemácias.


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Figura 91: Hemácias.

Figura 92: Hemácias (hematúria maciça).

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Figura 93: Hemácias dismórficas (codócitos e acantócitos).

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6.8. Leucócitos ou piócitos
Descrição: Os leucócitos são maiores que as hemácias, mas menores que as
células epiteliais renais. Frequentemente são esféricos e podem aparentar cor
cinza pálida ou amarelo-esverdeada, organizando-se isoladamente ou em
aglomerados. Os leucócitos observados na urina são denominados piócitos e
consistem principalmente em neutrófilos, que podem ser identificados por seus
grânulos e núcleos multilobulados1.

Patologias: Uma elevação de leucócitos na urina está relacionada a um


processo inflamatório no trato urinário ou na região adjacente ao mesmo.
Algumas vezes, a piúria (piócitos na urina) é observada em situações como
pancreatite e apendicite, assim como também é observada em condições não
infecciosas, como glomerulonefrite aguda, nefrite lúpica, acidose tubular renal,
desidratação, febre, estresse e na irritação não infecciosa de ureter, uretra ou
bexiga. A existência de vários leucócitos na urina, principalmente quando
constituem aglomerados, é um poderoso indicativo de infecção aguda, como
pielonefrite, uretrite ou cistite1.

Figura 94: Piócitos (leucócitos) e hemácias.

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Figura 95: Aglomerado de piócitos (leucócitos) e hemácias.

Figura 96: Piócitos (piúria maciça).

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Figura 97: Hemácias e piócitos (leucócitos).

Foto 98: Piócitos (leucócitos) e hemácias.

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6.9. Leveduras
Descrição: As células de levedura são incolores, lisas, e habitualmente ovoides,
com paredes duplamente refringentes. Elas podem alterar em tamanho e
geralmente possuem brotamentos1 e/ou micélios2.

Patologias: Leveduras podem ser detectadas nas infecções do trato urinário,


frequentemente em pacientes com diabetes mellitus, assim como também
podem estar presentes na urina resultantes de contaminação de origem cutânea
ou vaginal. A Candida albicans é a levedura mais constantemente encontrada
na urina1.

Figura 99: Células leveduriformes com hifas.

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Figura 100: Células leveduriformes com hifas.

Figura 101: Piócitos (leucócitos), células leveduriformes e pseudo hifas.

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Figura 102: Piócitos (leucócitos), células leveduriformes e pseudo hifas.

Figura 103: Presença de pseudo hifas.

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6.10. Muco
Descrição: Os filamentos mucosos são filamentos delgados, longos e
ondulantes de estruturas parecidas com fitas, que apresentam estrias
longitudinais discretas1 e possuem baixo índice refratométrico2. Alguns dos
filamentos mais largos podem ser confundidos com cilindros hialinos 1.

Patologia: Esses filamentos estão presentes em baixas quantidades na urina


normal, mas podem estar em altas quantidades quando há irritação do trato
urinário ou inflamação1. Possui maior prevalência em amostras de urina do sexo
feminino².

Figura 104: Muco.

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Figura 105: Muco.

Figura 106: Muco.

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Figura 107: Muco.

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7. Referências bibliográficas

1. MANDT, L. A.; SHANAHAN, K. Exame de urina e de fluidos corporais de Graff.


2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.

2.STRASINGER, S.K.; LORENPZO, M.S.D. Urinálise e Fluidos corporais. 5. ed.


São Paulo: Livraria Médica Paulista Editora, 2009.

Autoras:
Raquel Salviano da Silva
Ariane Silva Máximo
Caroline Pereira Domingueti

Colaboradores das fotos:


Ana Paula Alves Santos
Kelly Pereira Pinto
Mariana Caroliny Ferreira
Rafael Maia Oliveira
Raquel Salviano da Silva
Reivlis Rodrigues Dias
Victor Rocha Mendes Oliveira

Intituição colaboradora:
Irmandade de Santa Casa de Misericórdia de Oliveira

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