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Poema “Porque” de Sophia de Mello Breyner Andresen

“se mascaram”  hipocrisia, falsidade

“usam a virtude/ Para comprar o que não tem perdão”  corrupção

“têm medo”  crime

PORQUE os outros “são os túmulos caiados/ Onde germina calada a podridão”  conivência

“se calam”

em construção “se compram e se vendem/ E os seus gestos dão sempre dividendo.”  corrupção

anafórica “são hábeis”  esperteza

“vão à sombra dos abrigos”  oportunismo

“calculam”  calculismo

MAS ------- “tu não”

“E tu vais de mãos dadas com os perigos.”

o TU verdadeiro, consciente, corajoso, justo e digno DENÚNCIA

vs. os outros CRÍTICA SOCIAL


A PROCURA DA JUSTIÇA na poesia de Sophia:
 denúncia das injustiças e da opressão numa atitude de empenhamento social e político;
 a poesia como "perseguição do real", uma moral: "aquele que vê o espantoso esplendor do mundo é logicamente levado a
ver o espantoso sofrimento do mundo";
 a poesia contém em si uma procura de justiça (a justiça «confunde-se com o equilíbrio das coisas, com aquela ordem do
mundo que o poeta quer integrar no seu canto»);
 a moral do poema é o resultado de uma «integração no tempo vivido» – tempo «duma profunda tomada de consciência»;
tempo de rejeição do «pecado burguês»;
 o artista tem um papel a cumprir:
- influencia a vida e o destino dos outros;
- contribui para a formação de uma consciência comum dizendo-nos que «não somos apenas animais acossados na
luta pela sobrevivência mas que somos, por direito natural, herdeiros da liberdade e da dignidade do ser».

in Arte Poética III (1964)

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