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PROCURADORIA DE JUSTIÇA

GAB DRA. JUDITH GONÇALVES TELES

Nº do processo: 0001648-93.2019.8.03.0000
MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL
Origem: TRIBUNAL PLENO

Impetrante: SUZANNE DAS MERCES SIQUEIRA


Advogado(a): ELIAS REIS DA SILVA - 2081AP
Autoridade Coatora: SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO - SEAD
PROCURADOR DO MP: JUDITH GONÇALVES TELES
Tipo de ato: Ato do Ministério Público
PARECER n.º 172/2019 -6ªPJ

Colendo Tribunal Pleno,

Eméritos Desembargadores.

1. DO RELATÓRIO :

Acolho como relatório o histórico da lide produzido pelo


Ilustre Relator, Desembargador Manoel Brito, que ilustra o r. “decisum in limine”
proferido, eletronicamente (Ordem nº 21), em 09/07/2019 e, devidam ente,
publicado no DJE n.º 000122/2019 em 10/07/2019 (Ordem nº 29), pois nada há
para ser retificado, “ipsis litteris”:

“[...] Trata-se de mandado de segurança


preventivo, com pedido liminar, interposto por SUZANNE
DAS MERCÊS SIQUEIRA, por intermédio de advogada
habilitada, contra ato tido por abusivo e ilegal atribuído à
SECRETÁRIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO DO
AMAPÁ.
O impetrante narrou que logrou aprovação nas
seis (06) primeiras as fases do concurso de que trata o
edital nº 001/2017-CFSDQPPMC/PMAP, destinado ao
provimento de cargo de Soldado do Quadro de Praças
Policiais Militares Combatentes da Polícia Militar do Estado

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do Amapá, alcançando a 764ª colocação na ordem de


classificação, e está na iminência de ser convocada para o
curso de formação de soldados.

Informou que teme ser impedida de efetuar a


matrícula no curso de formação em razão da regra
estabelecida no item 3.1 “g” do ato convocatório, segundo a
qual o candidato deve possuir idade mínima de 18 anos e
máxima de 30 na data da referida matrícula.

Sustentou que a Lei Complementar n°


0084/2014, que trata do ingresso na carreira militar do
Estado do Amapá, é omissa ao definir o momento de
aferição de tal limite, mas o STF e o STJ tem
entendimento pacificado de que a fixação de idade deve ser
verificada no momento da inscrição do concurso, realçando
que contava à época da inscrição (10.07 a 02.08.2017) -
editais nº 01 e 02/2017 - com 29 (vinte e nove) anos, pois
nasceu em 8.6.1988.

Discorreu sobre o entendimento jurisprudencial


que entende favorecer a tese e pugnou pela concessão de
gratuidade de justiça e de liminar, para que a autoridade
coatora permita-lhe o prosseguimento no certame e, no
mérito, requereu a confirmação da segurança.

Instruiu o feito com os documentos


disponibilizados à ordem eletrônica nº 01.

Em decisão de ordem eletrônica n.º 8, deferi a


gratuidade judiciária e determinei a colheita de informações
da autoridade coatora, as quais foram prestadas a ordem
eletrônica n.º 16.

À ordem eletrônica n.º 20 a impetrante

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apresentou decisão liminar proferida nos autos do Mandado


de Segurança nº 0001478-24.2019.8.03.0000, que
determina que ela prossiga no certame, mas proferida
fundamento diverso do tratado no presente mandamus. [...]”

Registre -se que a autoridade apontada coatora, fora


regularmente intimada em 27/06/2019, através da Secretária a Exma. Sr.ª
SUELEM AMORAS TAVAROA FURTADO (Ordem n.º 15), bem como
subsidiariamente juntou documentos (Ordem nº 16).

Destarte, como se pode observar o pedido em sede de liminar


restou deferido na forma da decisão monocrática proferida eletroni camente
(Ordem nº. 21).

Consta o registro de envio da citação eletrônica ao escritório


digital do Procurador Geral do Estado (Ordem n.º 24) que restou efetivada em
10/07/2019 (Ordem n.º 30).

O ESTADO DO AMAPÁ, por intermédio da Procuradoria


Geral do Estado do Amapá, apresentou defesa ao “writ” (Protocolo n.º 16254415 -
Ordem n.º 31), através da petição eletrônica enviada via Sistema TUCUJURIS.
Na oportunidade, arguiu ausência de Direto Líquido e Certo de Mandado de
Segurança, porquanto entende que a impetrante, não conseguiu demon strar
possuir idade limite necessária para a sua inscrição em curso de formação, posto
que a atuação da Administração e da Instituição responsável pelo certame baseia -
se estritamente às regras estabelecidas no Edital nº 001/2017, não podendo a
impetrante querer mudar os termos ali contido, ficando tanto a administração
quanto os candidatos vinculados ao Edital do certame, constatando, assim, a plena
denegação da concessão do Mandado de Segurança.
Derradeiramente, vieram -me os autos para manifestação.

Eis o relatório que entendo pertinente, em respeito ao


inc. III, do art. 43, da Lei 8.625/93.

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PASSO A OPINAR:

2. DAS PREAMBULARES :

2.3. Da admissibilidade

Verifico presentes os pressupostos de admissibilidade, a um


porque fora interposto na forma do disposto no inc. LXIX, do art. 5º, da CF; c/c
art. 1º da Lei nº 12.016/2009, para proteger direito líquido e certo de suposta
ilegalidade praticada por autoridade pública; a dois porque fora processado em
cumprimento aos preceitos estabelecidos no art. 6º da Lei nº 12.01 6/2009; c/c
arts. 210/215 da Resolução 006/2003 -TJAP - RITJAP; a três porque a
impetração fora apresentada no Egrégio Tribunal de Justiça, tratan do-se de
competência originária consoante estatui a alínea "c", do art. 14, do RITJAP,
encaminhado, posteriormente, a esta Procuradoria de Justiça, onde fora a mim
distribuído (art. 79, inc. III, do RITJAP); a quatro porque cumpriu o disposto no
art. 23 da Lei nº 12.016/2009. Logo, tempestivo, cabível e regular mente
processado, razões porque OPINO PELO CONHECIMENTO DO "MANDAMUS".

3. DO “MERITUM CAUSAE” :

Qual suso relatado alhures, cuida-se de Mandado de


Segurança, com expresso pedido liminar, impetrado por SUZANNE DAS
MERCÊS SIQUEIRA , contra ato, “in thesi”, supostamente omissivo, praticado
pela SECRETÁRIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO DO AMAPÁ, em vista que
fora aprovada nas 06 (seis) primeiras fases do concurso público para admissão no
cargo de Soldado do Quadro de Praças Combatentes da Polícia Milita r do Estado
do Amapá, regido pelo Edital nº 0001/2017 -CFSD/QPPMC/PMAP, alcançando a
764ª colocação na ordem de classificação, e esta na iminência de ser convocada
para o curso de formação de soldados, no entanto teme ser impedida de efetuar a
matrícula no curso de formação em razão da regra estabelecida no item 3.1 “g” do
ato convocatório, segundo a qual o candidato deve possuir idade mínima de 18
anos e máxima de 30 (trinta) anos na data da referida matrícula.

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Sustentou que a Lei Complementar nº 0084/2014, que trata


do ingresso na carreira militar do Estado do Amapá, é omissa ao definir o
momento de aferição de tal limite, mas o STF e o STJ tem entendime nto
pacificado de que a fixação de idade deve ser verificada no moment o da inscrição
do concurso, realçando que contava à época da inscrição (10.07 a 02.08.2017) -
editais nº 01 e 02/2017, com 29 (vinte e nove) anos, pois nasceu em 08.06.1988.
Conclui, ao final, a concessão de medida liminar para que a
autoridade coatora promova sua matrícula no curso de formação de soldados
QPPMC/PMAP/2018, e, no mérito, a concessão em definitivo da segura nça.

Assim, após análise acurada dos autos, vejo assistir razão ao


pleito autoral. Explico:

“In casu”, a questão estabelecida envolve suposta omissão


abusiva e ilegal em concurso público do qual participou a impetran te, para o cargo
de Soldado do Quadro de Praças Policiais Militares Combatentes da Polícia
Militar do Estado do Amapá. Todavia, conforme Edital n.º 001/2017 -
CFSD/QPPMC/PMAP, alcançou aprovação, figurando, assim, na 764ª colocação,
sendo habilitada nas 06 (seis) fases, porém, teme ser impedida de efetuar a
matrícula no curso de formação em razão da regra estabelecida no item 3.1 “g” do
ato convocatório, segundo a qual o candidato deve possuir idade mínima de 18
anos e máxima de 30 (trinta) anos na data da referida matrícula

Primeiramente , é importante esclarecer que o Mandado de


Segurança é ação constitucional, que visa à proteção de direito líquido e certo,
individual ou coletivo, com rito sumário especial e, portanto, mais célere. A
especificidade do seu objeto, ou seja, direito líquido e certo, exige que, quando
da impetração, sejam juntadas provas documentais e pré-constituídas, por não
comportar produção de provas “a posteriori”. Nesse ponto, ressalta -se a doutrina
de Theotônio Negrão . Vejamos :

“Art. 1º: 25. Direito líquido e certo é o que resulta de


fato certo, e fato certo é aquele capaz de ser
comprovado de plano (...), por documento inequívoco (...),
e independentemente de exame técnico (...). É necessário

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que o pedido seja apoiado ‘em fatos incontroversos, e não


em fatos complexos, que reclamam produção e cotejo de
provas (RTJ 124/948; no mesmo sentido: RSTJ 154/150;
STJ-RT 676/187).”

(NEGRÃO, Theotônio. Código de Processo Civil e Legislação


Processual em vigor. São Paulo: Saraiva, 35ª ed., p. 1665.)

(Original sem marcas ou destaques)

Na mesma esteira de entendimento, Vicente Greco Filho (in


Direito Civil Brasileiro, Ed. Saraiva, p. 297), também abordando o tema, escreve:
“O pressuposto do mandado de segurança, portanto, é a
ausência de dúvida quanto à situação de fato, que deve
ser provada documentalmente. Qualquer incerteza sobre
os fatos decreta o descabimento da reparação da lesão
através do mandado, devendo a parte pleitear seus
direitos através de ação que comporte dilação probatória.
Daí dizer -se que o mandado de segurança é um processo
rápido, concentrado, fundado em prova documental. No
caso de não ser possível a apreciação do pedido por haver
dúvida quanto à matéria de fato, por outro lado, pode o
interessado propor a demanda adequada, não ocorrendo
contra ele o fenômeno da coisa julgada.”

(Grifo não original)

Da mesma maneira, é o posicionamento do saudoso Professor


Hely Lopes Meirelles (in Mandado de Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública,
Mandado de Injunção, “Habeas Data”. São Paulo: Malheiros Editores, 17ª ed., p.
28/29), “verbis”:

“Quando a lei alude a direito líquido e certo, está


exigindo que esse direito se apresente com todos os
requisitos para seu reconhecimento e exercício no

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momento da impetração. Em última análise, direito líquido


e certo é direito comprovado de plano. Se depender de
comprovação posterior, não é líquido nem certo, para fins
de segurança.”

(Grifo não original)

Sobre a matéria, o Tribunal de justiça do Estado do Amapá,


tem o posicionamento de que o requisito relativo à idade máxima do candidato
deve ser aferido no momento da inscrição no certame e não no ato da matrícula
do curso de formação. Confira -se:

“CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE


SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. POLÍCIA MILITAR.
IDADE MÁXIMA PARA INGRESSO. AFERIÇÃO NA DATA
DE INSCRIÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. DIREITO LÍQUIDO E CERTO
CONFIGURADO. SEGURANÇA CONCEDIDA. 1) O Supremo
Tribunal Federal, no ARE 678.112/MG, julgado sob a
sistemática da repercussão geral, apesar de ter assentado a
constitucionalidade do estabelecimento de limite de idade em
razão da natureza das atividades de determinados cargos
públicos, firmou orientação de que tal exigência deve ser
comprovada na data da inscrição no certame. 2) No caso, o
impetrante que contava com 30 anos de idade na data de
encerramento da inscrição, preenchendo, naquela ocasião, os
requisitos legais, foi eliminado do certame exclusivamente
por ter completado 31 anos de idade antes da matrícula no
curso de formação. 3) Configura lesão a direito líquido e
certo do impetrante exigir a comprovação do limite etário no
ato da matrícula para o curso de formação, porquanto tal
limite etário, apesar de possuir amparo legal e
jurisprudencial, há de ser comprovado no momento da
inscrição no certame. 4) Segurança concedida.”

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(TJAP, MS Nº 0002108-17.2018.8.03.0000, Rel. Des.


ROMMEL ARAÚJO DE OLIVEIRA, Tribunal Pleno j.
07/11/2018)

“DIREITO ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO PARA


POLÍCIA MILITAR. REQUISITO DE IDADEMÁXIMA.
COMPROVAÇÃO NO MOMENTO DA INSCRIÇÃO NO
CERTAME. SEGURANÇA CONCEDIDA. 1) Segundo a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a comprovação
da idade máxima para ingresso em cargo público da carreira
militar deve ocorrer no momento da inscrição do certame e
não no momento da matrícula do candidato no Curso de
Formação; 2) Segurança concedida.”

(TJAP, MS Nº 0002364-57.2018.8.03.0000, , Rel. Desª.


SUELI PEREIRA PINI, Tribunal Pleno j. 31/10/2018)

“CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE


SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. POLÍCIA MILITAR.
IDADE MÁXIMA PARA INGRESSO. AFERIÇÃO NA DATA
DE INSCRIÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. DIREITO LÍQUIDO E CERTO
CONFIGURADO. SEGURANÇA CONCEDIDA. 1) O Supremo
Tribunal Federal, no ARE 678.112/MG, julgado sob a
sistemática da Repercussão Geral, apesar de ter assentado
a constitucionalidade do limite de idade para determinados
cargos públicos, em razão da natureza das atividades, tal
requisito deve ser comprovado na data da inscrição no
concurso. 2) No caso, o impetrante que contava com 30 anos
de idade na data de encerramento da inscrição no concurso,
preenchendo, naquela ocasião, os requisitos legais, foi
eliminado exclusivamente por ter completado 31 anos de
idade antes da inscrição no curso de formação. 3) Configura
lesão a direito líquido e certo do impetrante exigir a
comprovação do limite etário no ato da matrícula para o

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curso de formação, porquanto tal limite etário, apesar de


possuir amparo legal e jurisprudencial, deve ser atendido no
momento da inscrição no certame. 4) Segurança concedida.
5) Agravo Interno julgado prejudicado.”

(TJAP, Agravo Interno Nº 0001565-14.2018.8.03.0000, Rel.


Des. ROMMEL ARAÚJO DE OLIVEIRA, Tribunal Pleno j.
19/12/2018)

“CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE


SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. POLÍCIA MILITAR.
IDADE MÁXIMA PARA INGRESSO. AFERIÇÃO NA DATA
DE INSCRIÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. DIREITO LÍQUIDO E CERTO
CONFIGURADO. SEGURANÇA CONCEDIDA. 1) O Supremo
Tribunal Federal, no ARE 678.112/MG, julgado sob a
sistemática da Repercussão Geral, apesar de ter assentado
a constitucionalidade do limite de idade para determinados
cargos públicos, em razão da natureza das atividades,
firmou orientação de que tal requisito deve ser comprovado
na data da inscrição no concurso. 2) No caso, o impetrante
que contava com 30 anos de idade na data de encerramento
da inscrição no concurso, preenchendo, naquela ocasião, os
requisitos legais, foi eliminado do concurso, tão somente,
por ter completado 31 anos de idade antes da inscrição no
curso de formação. 3) Configura lesão a direito líquido e
certo do impetrante exigir a comprovação do limite etário no
ato da matrícula para o curso de formação, porquanto tal
limite etário, apesar de possuir amparo legal e
jurisprudencial, deve ser atendido no momento da inscrição
no certame. 4) Segurança concedida.”

(TJAP, MS Nº 0002238-07.2018.8.03.0000, , Rel. Des.


ROMMEL ARAÚJO DE OLIVEIRA, Tribunal Pleno j.
05/06/2019)

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Nesse mesmo sentido, caminha o posicionamento do Supremo


Tribunal Federal, fundando-se nos princípios da segurança jurídica, razoabilidade e
proporcionalidade, para garantir que o momento da exigência do cumprimento do
limite etário deve ser o da inscrição inicial no concurso e não na data de inscrição do
curso de formação:

“DIREITO ADMINISTRATIVO. EMBARGOS


DECLARATÓRIOS EM AGRAVO REGIMENTAL EM
RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PRETENSÃO
DE COMPROVAÇÃO DO LIMITE DE IDADE MÁXIMO.
DECISÃO DO TRIBUNAL DE ORIGEM QUE DIVERGE DA
JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
EMBARGOS ACOLHIDOS. [...] 2. Esta Corte possui
entendimento no sentido de que o limite de idade, quando
regularmente fixado em lei e no edital de determinado
concurso público, há de ser comprovado no momento da
inscrição do certame. Precedentes. [...] 4. Hipótese em
que o Tribunal de origem decidiu de forma contrária à
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, ao reformar a
sentença, exigindo a comprovação do limite de idade em
momento posterior ao da inscrição no concurso público
[...].”

(STF, RE nº 918410 AgR-ED/DF, Rel. Ministro ROBERTO


BARROSO, Primeira Turma, j em 16/09/2016).

Dessa maneira, conforme se pode verificar da cópia da


carteira de identidade juntada aos autos (Ordem nº 01), a impetran te nasceu em
08 de junho de 1988 e efetivou sua inscrição no concurso público no período de 10
a 02 de agosto de 2017 (item 4.2 do edital), ou seja, à época estava com 30
(trinta) anos, o que atende à previsão editalícia no que concerne à idade máxima,
uma vez que não tinha completado 31 (trinta e um) anos.

Ressalte -se, por oportuno, que a Lei Complementar nº

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84/2014 não define exatamente em que momento o atendimento ao critério


etário será verificado, assim deve se considerar a data da inscriç ão no certame,
senão vejamos:

Art. 10. O ingresso na carreira militar é facultado a


tosos os brasileiros, sem distinção de raça ou crença
religiosa, mediante matrícula ou nomeação após aprovação
em concurso público de provas e/ou de provas e títulos,
observadas as condições estabelecidas em lei, nos
regulamentos da Corporação e que preencham os seguintes
requisitos:

IV - idade mínima de 18 (dezoito) anos e máxima de 30


(trinta) anos para os Quadros de Praças e Oficiais
Combatentes e, para os demais Quadros, a idade limite
será fixada em legislação específica ;

Diante disso, impedir que a impetrante siga nas fases


seguintes do certame pelo fato de ter superado a idade limite para ingresso no
quadro da Polícia Militar durante a realização do certame, quando na época da
inscrição atendia ao critério exigido, configura o ato ilegal e abusivo a violar seu
direito líquido e certo, na esteira da jurisprudência dessa Corte.

Por tudo que fora exposto, a concessão da ordem é medida


que se impõe, garantindo a impetrante prosseguir nas fases seguint es do
concurso objeto do Edital nº 001/2017 -CFSD/QPPMC/PMAP .

4. DA CONCLUSÃO :

À vista de todo o exposto, esta Procuradoria de Justiça


OPINA, preambularmente, pelo CONHECIMENTO do “mandamus”, para, no
mérito, DELIBERAR pela CONCESSÃO da segurança mandamental.

É O PARECER.

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MACAPÁ, 26/07/2019

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