Metodologia da Pesquisa
Metodologia da Pesquisa
Debora Bonat
www.iesde.com.br
Metodologia da Pesquisa
Debora Bonat
3.ª edição
2009
© 2005-2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autoriza-
ção por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
ISBN: 978-85-387-2219-9
CDD 001.81
Métodos de abordagem
e de procedimento .................................................................. 21
Método.......................................................................................................................................... 21
Levantamento, armazenamento
e análise dos dados.................................................................. 63
Levantamento de dados.......................................................................................................... 63
Leitura............................................................................................................................................. 64
Armazenamento de pesquisa................................................................................................ 67
Fichamento................................................................................................................................... 67
Análise do texto.......................................................................................................................... 70
Elementos textuais................................................................... 93
Redação......................................................................................................................................... 93
Divisão da monografia............................................................................................................. 96
Formatação geral do trabalho............................................................................................... 98
Citações........................................................................................................................................101
Sistema de citação recomendado......................................................................................104
Elementos pós-textuais.........................................................113
Referências..................................................................................................................................113
Glossário......................................................................................................................................119
Apêndices...................................................................................................................................119
Anexos..........................................................................................................................................120
Índices..........................................................................................................................................120
Referências.................................................................................127
Anotações..................................................................................131
A pesquisa jurídica
Não é possível afirmar que o pesquisador deve atuar de forma neutra, sem
impor à sua pesquisa aspectos de sua vida pessoal. O pesquisador é um ser
humano, portanto, inserido em uma comunidade que impõe valores e con-
dutas. A falácia da neutralidade, produzida pela corrente do positivismo jurí-
dico, hoje não encontra mais lugar na sociedade.
Para que a pesquisa adquira uma natureza científica, faz-se necessário que a
produção de conhecimento, a busca pela resposta de um problema, ocorra de
forma sistematizada, utilizando-se de um método científico específico.
Além disso, o pesquisador deve ter a consciência dos recursos necessários para
a realização de sua pesquisa, tanto materiais quanto em relação ao tempo dispo-
nível para a pesquisa. Isso porque pesquisa é a realização de uma investigação
planejada, desenvolvida e redigida conforme normas metodológicas.
10
A pesquisa jurídica
somente para buscar novas teorias, mas também para compilar e fornecer uma
nova visão de uma teoria já posta no mundo jurídico. Pode-se, neste momento,
fazer uma comparação do objeto a ser pesquisado com um polígono, cabendo ao
pesquisador olhá-lo a partir de uma nova perspectiva.
A pesquisa, para possuir uma natureza científica, deve ser estruturada, contro-
lada, sistemática e redigida de acordo com as normas metodológicas. Isso porque
o conhecimento, para ser caracterizado como ciência, deve ter como característi-
cas a generalização, a confiabilidade e a sistematização.
11
A pesquisa jurídica
A pesquisa prescritiva, por sua vez, tem como objetivo a proposição de solu-
ções, as quais fornecem uma resposta direta ao problema apresentado, ou pres-
crevem um modelo teórico ideal para delimitar conceitos, que servirão posterior-
mente de respostas diretas.
12
A pesquisa jurídica
Pesquisa de campo
A pesquisa de campo parte da observação de fatos ou fenômenos tal como
ocorrem na realidade. Contudo, não se restringe à mera coleta de dados. É ne-
cessário que se proceda a uma sistematização desses dados coletados, a partir da
pesquisa bibliográfica prévia.
Essa forma de pesquisa traz algumas vantagens, entre elas: o acúmulo de infor-
mações sobre um fenômeno específico e a facilidade na obtenção de uma amos-
tragem de indivíduos.
13
A pesquisa jurídica
A terceira forma ocorre por meio do questionário. Aqui são feitas perguntas de
forma ordenada, as quais deverão ser respondidas por escrito, sem a presença do
entrevistador. Os questionários poderão ser entregues em locais predetermina-
dos ou enviados para que as pessoas os respondam. Contudo, deve ser enviada
junto com as perguntas uma carta explicando a importância de que o questioná-
rio seja respondido de forma correta, sem falseamento das respostas.
A pesquisa de campo sofre com esse possível falseamento, pois depende dos
resultados enviados ou respondidos pelos entrevistados. Uma coleta de dados
que não represente a verdade não trará uma conclusão adequada.
Pesquisa de laboratório
A pesquisa de laboratório é mais difícil, porém mais exata, pois vai preocupar-
-se em descrever, analisar situações que são controladas. Essas situações pode-
rão ocorrer tanto em um recinto fechado (um laboratório) como em um recinto
aberto, e terão como característica básica o controle sobre os dados e efeitos. Na
área jurídica não é muito utilizada.
Pesquisa teórica
A característica principal da pesquisa teórica é a utilização de documentos e
material bibliográfico suficientes para responder o problema. Como não há uma
14
A pesquisa jurídica
Note-se que o fato de não possuir experimentos não significa que o seu re-
sultado não tenha implicações práticas, mas ao contrário: uma pesquisa teórica
pode gerar consequências empíricas, ocasionando grandes transformações so-
ciais, como ocorre na análise da constitucionalidade das leis.
A máxima do Direito “tudo o que é alegado deve ser comprovado” tem vali-
dade na área da pesquisa. Todas as afirmações devem ser comprovadas, seja por
meio de documentos, seja por meio de fontes secundárias ou bibliográficas.
Note-se que uma revisão bibliográfica será suficiente para responder um de-
terminado problema, quando não existirem dúvidas sobre as respostas forneci-
das aos questionamentos.
15
A pesquisa jurídica
É possível afirmar, dessa forma, que as técnicas de pesquisa jurídica aqui estu-
dadas podem ser relacionadas diretamente, ou seja, em uma pesquisa é possível
utilizar mais de uma técnica de pesquisa.
Texto complementar
Organização da pesquisa jurídica1
(ADEODATO, 2002)
16
A pesquisa jurídica
17
A pesquisa jurídica
Na pesquisa jurídica, pelo menos, isto não funciona. Ainda que tais ideias
precisem estar presentes por trás do projeto ou sumário, o autor deve procu-
rar títulos que já exponham ao leitor, a partir do índice, algo do conteúdo que
o espera e que individualizem o trabalho. O ideal é que a introdução tenha
um título específico, que já expresse uma justificativa pela escolha; dentro
dessa introdução, um subtítulo designará a importância do tema; outro ex-
plicitará a metodologia empregada, tanto na pesquisa (quais as fontes, quais
as formas utilizadas) quanto na redação (optou por este ou aquele sistema
de referência, este ou aquele autor-guia, porque excluiu ou incluiu este ou
aquele tema – dependendo de seu papel, a metodologia pode ocupar um
capítulo à parte); outro apontará, muito resumida e atrativamente, o conteú-
do de cada capítulo. No nosso exemplo: “Projeto: As estratégias de inconsis-
tência no Judiciário brasileiro. 1. Hipóteses de trabalho (1.1. Direito e Estado
subdesenvolvidos. 1.2. Direito estatal e direito extraestatal. 1.3. O Direito
extraestatal dependente do Estado. 1.4. Como se organiza esta pesquisa).
2. Pressupostos epistemológicos (2.1. Pluralismo jurídico versus monismo
estatal. 2.2. Estratégia. 2.3. Disfunção). 3. O Direito extraestatal no Judiciário
brasileiro (3.1. O nível dogmático previsto no ordenamento oficial. 3.2. O nível
extradogmático ensejado pelo ordenamento oficial. 3.3. O nível extradogmá-
18
A pesquisa jurídica
19
Métodos de abordagem
e de procedimento
Método
Metodologia é a ciência que estuda os métodos utilizados no processo de
conhecimento. É, portanto, “[...] uma disciplina que se relaciona com a episte-
mologia e consiste em estudar e avaliar os vários métodos disponíveis, identi-
ficando suas limitações ou não no âmbito das implicações de suas aplicações”
(COSTA, 2001, p. 4).
Note-se que essa verdade é validada pela ciência, uma vez que, em sen-
tido absoluto, ela jamais será alcançada, “[...] pois mesmo depois de mil expe-
rimentos que produzam resultados consistentes com uma teoria científica,
basta um, apenas um resultado contrário, para derrubar uma teoria cientí-
fica“ (CRUZ; RIBEIRO, 2003, p. 33).
Método científico
A ciência busca capturar e analisar a realidade, e é o método que faz com
que o pesquisador consiga atingir seus objetivos (DEMO, 1985, p. 20).
Frente a tal cenário, é possível afirmar que existem diferentes métodos que
correspondem a cada ramo da ciência e a cada tema a ser pesquisado. As classi-
ficações dos métodos são muitas. Aqui utilizaremos a classificação que divide os
métodos em de abordagem e de procedimento.
22
Métodos de abordagem e de procedimento
Métodos de abordagem
São os métodos que possuem caráter mais geral. São responsáveis pelo ra-
ciocínio utilizado no desenvolvimento da pesquisa, ou seja, “[...] procedimentos
gerais, que norteiam o desenvolvimento das etapas fundamentais de uma pes-
quisa científica” (ANDRADE, 2001, p. 130-131).
Método indutivo
É um método responsável pela generalização, isto é, parte-se de algo particu-
lar para uma questão mais ampla, ou seja, geral. Para Lakatos e Marconi (2003,
p. 86):
Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, sufi-
cientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes exa-
minadas. Portanto, o objetivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é
muito mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam.
O seu objetivo é “[...] chegar a conclusões mais amplas do que o conteúdo es-
tabelecido pelas premissas nas quais está fundamentado” (MEZZAROBA; MON-
TEIRO, 2003, p. 63).
Essa generalização não ocorre por meio das escolhas a priori das respostas,
sendo que estas devem ser repetidas, geralmente baseadas na experimentação.
Isso significa que a indução parte de um fenômeno para chegar a uma lei geral
por meio da observação e da experimentação, descobrindo-se a relação existente
entre dois fenômenos para se generalizar.
23
Métodos de abordagem e de procedimento
Para que não sejam cometidos equívocos na utilização desse método, pri-
meiramente o pesquisador deverá se certificar de que a relação que se preten-
de generalizar é verdadeira, que os fenômenos ou fatos relacionados devem ser
idênticos e, por fim, que não se pode relevar o aspecto quantitativo dos fatos ou
fenômenos. Aprimorando esses cuidados, foram estipuladas algumas leis para o
método indutivo (NÉRICI apud LAKATOS; MARCONI, 2003, p. 88):
Método dedutivo
O método dedutivo é o oposto do indutivo. Ele parte de uma generalização
para uma questão particularizada.
24
Métodos de abordagem e de procedimento
Note-se que, se a premissa maior for considerada falsa, a conclusão não terá
validade. “A questão fundamental da dedução está na relação lógica que deve
ser estabelecida entre as proposições apresentadas, a fim de não comprometer a
validade da conclusão” (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2003, p. 65).
Para Salomon (1996, p. 30), existem duas diferenças básicas entre os métodos
indutivo e dedutivo. A primeira consiste no fato de que se todas as premissas são
verdadeiras, no método dedutivo, a conclusão deve ser verdadeira. Já no método
indutivo, se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão é provavelmente,
mas não necessariamente, verdadeira.
A segunda diferença é que no método indutivo a conclusão traz ideias que não
estavam presentes nas premissas, enquanto que no método dedutivo todas as
informações já estavam, mesmo que indiretamente, previstas nas premissas.
Método hipotético-dedutivo
O método hipotético-dedutivo busca unir os dois anteriores, acrescentando a
racionalização do método dedutivo à experimentação do método indutivo.
25
Métodos de abordagem e de procedimento
Problema
Hipóteses
Para que um pesquisador refute uma hipótese, ele deverá atuar de forma crí-
tica. O próprio Popper, em suas obras A Lógica da Pesquisa Científica (1934) e Con-
jecturas e Refutações (1963), afirmou que é impossível atingir a verdade. A ciência
não trabalha nessa esfera, mas sim na esfera da probabilidade.
Isso quer dizer que uma teoria científica pode fornecer apenas soluções temporárias para os
problemas que enfrenta, pois assim que uma eventual nova teoria responder de forma diferen-
te, ou melhor, ao problema suscitado, a primeira será refutada. (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2003,
p. 69)
Na área jurídica, esse fato é verificável empiricamente, pois as decisões são al-
teradas cotidianamente. Como o Direito é linguagem e depende da interpretação
dos seus operadores, será variável. Uma teoria (hipótese, no nosso caso) será vista
como adequada, para não utilizar o termo verdadeira, até que seja falseada e não
consiga se manter; será, portanto, refutada.
26
Métodos de abordagem e de procedimento
Método dialético
A primeira questão a ser pontuada é a respeito da identificação do método dia-
lético com a corrente de pensamento marxista. O método dialético não foi criado
por Marx, mas sim utilizado na criação de sua teoria. Por isso, a opção por esse
método não implica a adoção de um pensamento “de esquerda”.
Mas foi com Hegel que a dialética ganhou espaço na ciência, já no século XIX.
Esse pensador identificou três momentos básicos que compõem o método dia-
lético: a tese, que constitui uma pretensão de verdade; a antítese, que vai negar a
tese apresentada; e a síntese, que surge do embate teórico entre tese e antítese. A
síntese, por sua vez, constituirá uma nova tese, à qual será proposta uma antítese,
e assim por diante. Dessa forma, o método dialético impõe movimento, pois a
conclusão será acatada como uma nova tese, dando continuidade ao método.
Tese
Antítese
27
Métodos de abordagem e de procedimento
Note-se que, a partir desse método, o objeto é proposto para se superar me-
diante a proposição de uma antítese, originando um resultado distinto. É a partir
dessa permanente superação que podemos afirmar que o método dialético é um
método de movimento.
O que a dialética faz de diferente é captar as estruturas da dinâmica social, não da estática. Não
é, pois, um instrumental de resfriamento da história, tornando-a mera repetição estanque de
esquemas rígidos e já não reconhecendo conteúdos variados e novos, mas um instrumental
que exalte o dinamismo dos conteúdos novos, mesmo que se reconheça não haver o novo total.
(DEMO, 1985, p. 91)
Método experimental
O método experimental é um método fundado na experiência. Seu objeto é
controlado para se atingir resultados pretendidos. Dessa forma, o objeto é colo-
cado sob condições ideais, reproduzidas em laboratórios ou não, selecionando-se
as hipóteses a serem verificadas.
Método estatístico
O método estatístico é empregado nas pesquisas quantitativas, uma vez que
trata de elementos de caráter matemático. Pretende fornecer uma base concreta
e segura das informações a serem analisadas. Terá gráficos e apresentações analí-
ticas das tendências características dos fenômenos pesquisados.
Método histórico
O método histórico coloca os dados da pesquisa sob uma perspectiva histórica.
Isso pode ocorrer de três formas:
comparar o conjunto dos elementos que existe hoje com suas origens his-
tóricas;
28
Métodos de abordagem e de procedimento
Método comparativo
O método comparativo consiste no confronto entre elementos, levando em
consideração seus atributos. Promove o exame dos dados a fim de obter diferen-
ças ou semelhanças que possam ser constatadas, e as devidas relações entre as
duas.
Texto complementar
A ciência procura certezas
(ACHINSTEIN, 2005)
29
Métodos de abordagem e de procedimento
30
Métodos de abordagem e de procedimento
31
Produções científicas
Livro
Trata-se de uma publicação esporádica (não periódica). O conteúdo dos
livros será diferenciado conforme o objetivo do autor, podendo ser científico,
literário ou artístico.
Folheto
É uma publicação não periódica, que contém entre cinco e 48 páginas, reves-
tida de capa.
Monografia
Monografia pode ser analisada em dois sentidos: um amplo e outro estrito. No
primeiro, compreende o estudo de um único tema, de forma aprofundada. Nesse
sentido, qualquer trabalho científico que analise profundamente um tema pode
ser considerado monografia. Por exemplo, uma tese ou dissertação pode corres-
ponder a estudos monográficos.
Para que uma monografia seja aceita e aprovada como uma produção científi-
ca, ela deverá possuir alguns requisitos elementares. Dentre eles, destaca-se a re-
visão de literatura. A monografia é um estudo sobre um único tema, mas isso não
significa que ela seja superficial. Ao contrário, é um estudo aprofundado e, para
que isso ocorra, deve-se buscar ao máximo uma revisão de literatura que venha
propiciar uma análise global sobre o tema, acrescida de seus detalhamentos ou
especificidades.
34
Produções científicas
Uma forma de trazer originalidade para o seu tema ocorre por meio da utiliza-
ção da interdisciplinaridade, uma visão diferenciada sobre o tema. Aliar a Sociolo-
gia, a História e a Filosofia ao Direito pode trazer, por exemplo, uma boa dose de
originalidade à sua pesquisa.
o tema é específico;
o estudo é aprofundado;
35
Produções científicas
Dissertação
Trata-se de um estudo reflexivo, analítico, interpretativo a respeito de um tema
específico e delimitado, através da ordenação de ideias sobre um determinado
assunto. Sua característica básica é o cunho reflexivo-teórico.
Tese
Relato de pesquisa essencial para a obtenção do grau de doutor, livre-docente
ou titular, a tese deve revelar a capacidade de seu autor incrementar a área cien-
tífica que foi alvo de seus estudos. Seus itens basilares são: revisão da literatura,
metodologia utilizada, rigor na argumentação e apresentação de provas, profun-
didade de ideias, avanço dos estudos na área.
36
Produções científicas
portanto, mais que a originalidade, é necessário o ineditismo, que “[...] pode ser
tanto algo completamente novo, como aspectos novos de algo já velho” (SANTOS,
2002, p. 47).
Portanto, tese é
[...] realmente uma obra científica, uma análise jurídica de alcance muito mais amplo, que não
se ocupa tão somente da descrição ou análise de um instituto ou questões jurídicas, mas, e
sobretudo, de uma contribuição pessoal do autor a uma determinada área do conhecimento.
(LEITE, 1997, p. 24)
Artigo
O artigo trata de questões científicas, mas com dimensões reduzidas. Sua es-
trutura comporta: título do trabalho, autor, qualificação do autor, sinopse, corpo
do artigo (introdução, desenvolvimento e conclusão), referência bibliográfica e
outros elementos pós-textuais (apêndice, anexos).
Ensaio
Os ensaios, em uma perspectiva ampla, caracterizam-se como exercícios bá-
sicos de composição. Podemos divisar duas espécies de ensaio: o informal e o
formal. No ensaio informal, é admissível a criação e a emoção, que caracterizam
37
Produções científicas
Como o tempo é restrito, a linguagem deve ser concisa, correta e precisa. Logo,
pressupõe-se que o apresentador tenha conhecimento do tema, saiba precisar a
terminologia e adequá-la à plateia, e esteja preparado para responder às ques-
tões que surgirem durante o evento.
38
Produções científicas
Informe científico
O informe científico, ou contribuição científica, é o meio utilizado na divulga-
ção dos resultados parciais ou totais de uma pesquisa, com a intenção de provocar
a repetição das experiências. Nesse sentido, expõem Lakatos e Marconi (2003,
p. 263):
[...] o informe consiste, pois, no relato das atividades de pesquisa desenvolvida, e é imprescindí-
vel que seja compreendido e aproveitado. Deve estar redigido de maneira que a comprovação
dos procedimentos, técnicas e resultados obtidos, ou seja, a experiência realizada, possa ser
repetida pelo principiante que se interesse pela investigação.
Resenha crítica
A resenha crítica é resultado da leitura crítica e das técnicas de resumo de texto,
que serão feitas em relação a uma determinada obra, que poderá ser um livro,
uma monografia ou uma tese, por exemplo. Trata-se, portanto, de um exercício de
leitura e de crítica ao assunto que está sendo lido, dado que a obra é colocada em
confronto com outros referenciais teóricos.
39
Produções científicas
Texto complementar
Entre pergaminhos humanos e bits eletrônicos –
o livro na era do computador
(WANDELLI, 2003)
E, afinal, o livro tem lugar na cultura globalizada ou está prestes a virar peça
de museu? A internet seria o substituto definitivo para esse objeto de orelhas,
corpo, rodapé, colunas e folha de rosto que participou da própria invenção
do humano? Especulações sobre o destino da cultura de papel na era da in-
formática pecam por desconsiderar que os incunábulos, como os livros eram
chamados antes da invenção dos tipos móveis, não são objetos humanos que
se opõem ao computador, artificial e frio, em uma dicotomia do tipo nature-
za versus cultura. No imaginário popular, a leitura e a escrita seriam aptidões
naturais, assim como comer, dormir, andar. Apaga-se o fato de que livros de
papel são eles próprios invenções tecnológicas.
Agora como nunca, a(s) história(s) do livro e da leitura começa(m) a sair dos
círculos dos bibliófilos e eruditos para satisfazer a curiosidade pública geral.
E não é paradoxal que caia no interesse popular exatamente quando as pre-
40
Produções científicas
Uma viagem livresca no tempo permite perceber ainda que todos os apa-
ratos tecnológicos assumidos pelo livro coexistem na era da informática. Pen-
semos nos griots, os guerreiros cantadores que viajam a pé de uma tribo a
outra em algumas regiões da África Ocidental, como Bambara e Malinke. O
predomínio quase total da oralidade e a ausência de livros não impedem que
as palavras caminhem no corpo dos guerreiros, dando permanência à cultura
dessas gentes. Tatuadas no aparato de escrita mais primitivo do mundo – a
própria pele –, as palavras caminham e contam histórias das tribos, genealo-
gia, magia, ritos. Exibem mapas geográficos, canções, ideogramas com avisos
de guerra. Enquanto isso, no continente ao lado, a comunicação se dá via
satélite.
41
Produções científicas
A web é, em si, muito mais uma quimera tecnológica, onde coabitam formas
passadas, presentes e futuras do que uma superação total do velho pelo novo.
Como bem anotou Pierre Lévy, em Tecnologias da Inteligência, o computador
sobrepõe diversas mídias (televisão, telex, livro, rádio, telefone, fax, vídeo,
gravador, cinema) em um sincretismo de formas e linguagens (verbal, oral,
icônica), sem se reduzir a nenhuma delas. O novo não apaga o velho, como
na imagem do palimpsesto, antigo pergaminho submetido a uma solução
química para receber nova inscrição, de forma que era possível encontrar sob
a superfície raspada, as camadas anteriores de escrita. O novo não apaga o
velho, mas ao incidir sobre ele recria-o, transforma-o.
42
Produções científicas
43
Projeto de pesquisa
O projeto serve para orientar o trabalho a ser realizado pelo pesquisador e pelo
seu orientador. Ele traçará metas, caminhos e todos os recursos a serem utilizados
pelo pesquisador durante o desenvolvimento da pesquisa. Não há pesquisa cien-
tífica sem planejamento, sem a construção de um projeto.
Tema
Trata do assunto que vai ser abordado na pesquisa; constitui, portanto, o pró-
prio objeto da pesquisa.
Interesse e afinidade com o assunto também são relevantes. Isso porque a pes-
quisa demanda tempo, e trabalhar com um assunto com o qual não se tenha afi-
nidade faz com que o trabalho do pesquisador ocorra de forma sacrificada.
46
Projeto de pesquisa
Delimitação do tema
Delimitar um tema significa identificar qual a faceta desse assunto que se pre-
tende pesquisar. Note-se que é impossível pesquisar tudo sobre todo o assunto.
Por isso, o pesquisador deverá delimitar, recortar seu tema a partir da faceta que
melhor o interessa.
Problema
O problema constitui um questionamento, uma pergunta que será respondida
ao final da pesquisa. Quanto maior a clareza da pergunta, melhor será a formula-
ção da sua resposta.
47
Projeto de pesquisa
Hipótese
A hipótese constitui a resposta prévia que será lançada ao problema (analisado
no ponto anterior). Trata-se de algo construído a priori, e que com o desenvolvi-
mento do estudo será comprovado ou não.
48
Projeto de pesquisa
Justificativa
A justificativa constitui o momento em que o pesquisador revela ao leitor os
motivos, as razões que o conduziram para a realização da pesquisa. Além disso, vai
indicar em qual estágio o tema a ser pesquisado encontra-se no mundo jurídico e
quais as contribuições que essa pesquisa trará para a sociedade.
Objetivos
São as metas que o pesquisador pretende alcançar. São sempre indicados a
partir de ações, ou seja, de verbos que indiquem a atitude que o pesquisador pre-
tende realizar em relação àquele determinado assunto.
Nesse caso, faz-se necessário que o autor busque verbos que possam ser de-
senvolvidos durante a pesquisa. Por exemplo: identificar é diferente de analisar,
que significa decompor, repartir.
Iniciar com verbos mais simples encaminhando-se para os mais complexos faz
com que a monografia ganhe caráter de logicidade e coerência. Além disso, o
pesquisador deve sempre considerar o objetivo do capítulo: explicar, analisar, in-
terpretar, propor, decodificar, são verbos que podem ser utilizados em capítulos
distintos. A temática de cada capítulo será tratada posteriormente.
Objetivo geral
Esse se responsabiliza pela indicação mais ampla da meta pretendida pelo pes-
quisador. É único e não pode ser confundido com o problema. Aqui vamos exami-
49
Projeto de pesquisa
Objetivos específicos
São detalhamentos do objetivo geral. Normalmente são identificados com os
capítulos do trabalho científico. Assim, cada capítulo fornecerá pelo menos um
objetivo específico.
Embasamento teórico
O embasamento teórico é o momento de fundamentar a pesquisa. Divide-se
em teoria de base, revisão bibliográfica e conceitos operacionais.
50
Projeto de pesquisa
Exemplo: Estruturalismo.
Conceitos operacionais
A partir da hipótese, podemos identificar expressões ou palavras-chave que es-
tarão presentes em todos os momentos da pesquisa.
1
Funcionalismo pode ser compreendido como a teoria que concebe a sociedade “[...] como um todo que se comporta como
um só mecanismo de operação. Dessa forma, cada engrenagem, cada elemento da sociedade possui uma função nesse todo”
(MEZZAROBA; MONTEIRO, 2003, p. 95-96).
2
O Estruturalismo “[...] explica o mundo iniciando do todo em direção à parte, da sociedade em direção a suas instituições e
indivíduos. A pesquisa estruturalista, portanto, sempre buscará estabelecer a lógica dessa dinâmica que conforma os comporta-
mentos individuais” (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2003, p. 97).
3
“É uma forma rigorosa e descritiva de tratar as ideias, uma atitude cognitiva que busca incansavelmente as essências primeiras
em seus objetos: os fenômenos” (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2003, p. 98).
4
“O que passa a interessar como objeto de pesquisa são as atitudes (ações e reações) dos indivíduos diante do ambiente social
em que se encontram” (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2003, p. 98-99).
5
“O objeto da pesquisa será tratado pelo empirista como algo a ser observado, testado, experimentado em suas dimensões
concretas” (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2003, p. 99).
6
“O Positivismo superlativiza o valor da ciência como único conhecimento viável e único método aplicável para produzir o co-
nhecimento rigoroso. Somente são levados em consideração os objetos que possam ser investigados cientificamente, segundo
os critérios estabelecidos” (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2003, p. 99-100).
7
“Para Marx existe uma luta de classe embutida nas relações de produção, na divisão entre capital e trabalho. A meta a ser
alcançada seria a de uma sociedade comunista, sem exploradores e explorados [...]. É estudado pela dialética” (MEZZAROBA;
MONTEIRO, 2003, p. 101).
51
Projeto de pesquisa
Metodologia
Identificar o método científico utilizado é de extrema importância, pois um tra-
balho científico deve propiciar a sua realização por outro pesquisador. Aqui, for-
neceremos transparência à nossa pesquisa.
Exemplo:
Cronograma
É a forma pela qual o pesquisador vai equacionar o tempo disponível para reali-
zar a pesquisa. O tempo deve ser dividido em meses, identificando-se as ativida-
des que serão desenvolvidas durante esse período.
52
Projeto de pesquisa
Exemplo:
jan. fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez.
Atividades
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Apresentação
X
do projeto
Levantamento
X
bibliográfico
Leituras X X X X X X
Primeira
X X
redação
Segunda
X X
redação
Primeira
X
revisão geral
Segunda
X
revisão geral
Defesa pública X
Entrega da
X
versão final
Referências bibliográficas
Segundo a ABNT, a expressão referências bibliográficas deve ser substituída na
pesquisa jurídica por referências. Em relação ao projeto não há essa determinação,
ficando a critério do pesquisador a nomenclatura a ser utilizada.
Como nem toda a bibliografia terá sido lida pelo pesquisador, o projeto poderá
dividi-la em bibliografia consultada e bibliografia a ser consultada.
53
Projeto de pesquisa
Bibliografia consultada
São os documentos e materiais bibliográficos efetivamente utilizados na reali-
zação do projeto de pesquisa.
Texto complementar
Pesquisa jurídica universitária:
o autor em busca de um tema
(GUEDES1, 2005)
A busca
Duas possibilidades existem de desencontro:
1
Advogado da União. Procurador-Chefe da Procuradoria Federal Especializada do Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS). Mestre e doutorando em Direito Processual Civil (PUC-SP).
54
Projeto de pesquisa
55
Projeto de pesquisa
Caso seja possível definir com mais especificidade a disciplina, tal como
Direito do Trabalho, Direito Penal, Direito Constitucional ou as novas áreas
intradisciplinares, como Direito do Consumidor, Criminologia etc., melhor
ainda. Assim será mais fácil o detalhamento e a busca do tema.
Contudo, isso é ainda pouco, tem-se um universo que pode ser muito
amplo, sem que se tenha o assunto precisamente definido ou delimitado.
Esses pontos podem ser alinhados e examinados sob a influência dos prin-
cípios, sob a influência das ciências gerais, ou de outra área como no tema:
56
Projeto de pesquisa
[...]
Não sendo útil tal técnica, deve-se voltar à técnica inicial ou tentar outras.
Fruto da experiência concreta profissional, seja do estagiário, do advogado, de
membros das carreiras jurídicas do Estado, os casos pessoais podem render
bons temas, desde que permitam o desenvolvimento técnico, com a isenção
para a busca de novos enfoques.
57
Projeto de pesquisa
Essa escolha, ainda que arbitrária, mantém certa coerência com fatores ob-
jetivos, como a capacidade do autor, a disponibilidade de meios (fontes dis-
poníveis) e a proporcionalidade entre a sua extensão e o tempo disponível.
[...]
Um roteiro
O roteiro pode ser um plano elementar, uma sequência de itens a serem
abordados, uma sequência de perguntas a serem respondidas ou um proble-
ma a ser enfrentado.
58
Projeto de pesquisa
59
Projeto de pesquisa
60
Levantamento,
armazenamento
e análise dos dados
Levantamento de dados
A primeira etapa da pesquisa compreende a coleta de dados que, geral-
mente, na área jurídica, restringe-se ao levantamento bibliográfico, uma vez
que a pesquisa empírica não é muito utilizada nessa área. A coleta de dados é
a busca por informações, responsáveis pela fundamentação da pesquisa.
Leitura
Ler significa
[...] conhecer, interpretar, decifrar, distinguir os elementos mais importantes dos secundários
e, optando pelos mais representativos e sugestivos, utilizá-los como fonte de novas ideias e do
saber, através dos processos de busca, assimilação, retenção, crítica, comparação, verificação e
integração do conhecimento. (LAKATOS; MARCONI, 2002, p. 68)
Dessa forma, estamos sempre aprendendo a ler. Cada leitura que fazemos pos-
suirá um objetivo definido determinado, que conduzirá a nossa forma de ler, ou
seja, a leitura será diferenciada conforme os objetivos de lazer, de cultura, de pes-
quisa, ou de conhecimento científico, que pretendemos atingir.
Dessa forma, a leitura pode nos levar a criar novas concepções de vida e de
humanidade, assim como impulsiona o pesquisador a resolver os problemas que
atingem determinadas pessoas ou comunidades.
64
Levantamento, armazenamento e análise dos dados
Pode parecer que a atitude do leitor é passiva, mas a leitura envolve diversos
atos ou habilidades para que ultrapasse a mera decodificação dos sinais gráficos
e alcance a compreensão, a análise do que se está lendo. Existem alguns passos a
serem seguidos pelo leitor para tornar mais eficaz esse procedimento:
Leitura informativa
O objetivo da leitura informativa ou exploratória é a visualização ampla do
que o material bibliográfico tem a oferecer. Nesse caso, o leitor ainda está bus-
cando o material bibliográfico ou, estando de posse desse material, analisa de
forma ampla se ele será útil na pesquisa que está sendo desenvolvida.
Leitura seletiva
Por meio da leitura seletiva, o pesquisador, tendo em vista um tema defini-
do, escolherá os tópicos ou partes que interessam da obra que está sendo lida. Isso
65
Levantamento, armazenamento e análise dos dados
porque não é necessário que o pesquisador proceda à leitura total da obra, mas
que concentre seus esforços nas partes que mais lhe interessam.
Leitura analítica
Outra modalidade é a leitura analítica. Ao falar em análise, busca-se a decompo-
sição do texto que está sendo lido. Dessa forma, o leitor irá desenvolver sua capa-
cidade de observação das partes constitutivas do texto, identificando os trechos
mais relevantes e eliminando os dados secundários. Analisar, portanto, significa
examinar, decompor os elementos constituintes do texto.
Leitura crítica
Por fim, a leitura crítica vai impor ao texto uma atitude valorativa por parte do
leitor. Note-se que as críticas são realizadas em relação ao texto e não ao autor.
Questões pessoais não devem atrapalhar o estudo científico sobre determinada
obra.
Note-se que esse é um tipo de leitura mais complexo, pois envolve aspectos
valorativos, culturais, conhecimentos jurídicos e gerais para avaliar o trabalho de
um outro autor. Todavia, é a leitura que propiciará um maior embasamento teóri-
co ao pesquisador.
66
Levantamento, armazenamento e análise dos dados
Armazenamento de pesquisa
Além de realizar a leitura, faz-se necessário armazenar os dados obtidos com
ela. A pesquisa é um processo, portanto consome um lapso temporal geralmente
grande. Ao final, provavelmente já se esqueceu do que foi lido no início dessa ca-
minhada; portanto o armazenamento desses dados torna-se relevante, evitando
que se tenha que buscar novamente as fontes e refazer a sua leitura.
Contudo, deve-se estar atento para não destacar tudo o que se acredita, a
priori, ser importante. A eficiência do destaque passa por quatro critérios:
Outro ponto relevante é que o destaque deve ser feito em uma segunda leitura,
quando já se tem um conhecimento prévio do texto que está sendo lido.
Fichamento
Após a realização das leituras, faz-se necessário o armazenamento das infor-
mações obtidas por meio de critérios a serem definidos pelo pesquisador. A or-
ganização é imprescindível nesse momento, possibilitando que o pesquisador
não se perca em um emaranhado de livros, anotações e assuntos. A organização
67
Levantamento, armazenamento e análise dos dados
não é suficiente para que a pesquisa se desenvolva com êxito, mas é uma con-
dição necessária para facilitar a execução e a apresentação dela (PARRA FILHO,
1998, p. 168).
Ficha de resumo
O objetivo principal dessa ficha é a captação da ideia maior do texto, ou seja, a
ideia central desenvolvida pelo autor. A essência do texto deve ser transcrita com
as palavras do autor do fichamento. A utilização dessa ficha implica a realização
de um resumo, ou seja, as ideias do autor da ficha de leitura não encontram espaço
nesse modelo de ficha.
Ficha-esboço
Aqui, as ideias principais do autor da obra a ser fichada serão melhor explici-
tadas, uma vez que representa uma síntese do pensamento do autor, página por
página. Constitui, portanto, uma ficha mais detalhada que a ficha-resumo, mas
aqui também não fazem parte as ideias obtidas pelo autor da ficha de leitura.
Ficha de citação
Caracteriza-se pela reprodução integral da ideia do autor da obra que se está
fichando. Essas citações devem estar entre aspas e identificadas com o seu respec-
tivo número de página. Destaque-se que essas citações devem ser diretas, ou seja,
utilizando-se da transcrição literal do que foi produzido pelo autor da obra que
está sendo fichada.
A citação deve ser textual, ou seja, os erros de português devem ser transcritos.
As palavras utilizadas pelo autor devem ser transcritas integralmente, indepen-
dentemente dos erros existentes. Da mesma forma, caso exista alguma supressão
de texto, ela deverá ser indicada com a utilização de colchetes e reticências.
Caso a frase precise ser complementada, essa inscrição deverá estar entre col-
chetes, indicando que essas ideias não pertencem ao texto do autor que está
sendo fichado.
Ficha bibliográfica
Sua finalidade é identificar o objetivo da obra, assim como seu problema e a
comprovação das hipóteses. A metodologia empregada e as técnicas de pesquisa
também devem fazer parte desse tipo de ficha, ao contrário das ideias comple-
mentares, as quais poderão ser obtidas em outras fichas.
conclusões;
69
Levantamento, armazenamento e análise dos dados
Note-se que não é uma ficha de conteúdo, de assunto, mas de critérios meto-
dológicos identificadores da obra que está sendo utilizada.
Análise do texto
A interpretação compreende dois momentos: no primeiro há uma reprodução
do que o autor disse, enquanto que no segundo momento propõe-se uma discus-
são de ideias.
70
Levantamento, armazenamento e análise dos dados
caso da interpretação de leis, ela poderá ser: gramática ou literal, lógica, sistemá-
tica, histórica e teleológica.
71
Levantamento, armazenamento e análise dos dados
Analisar, por sua vez, é “[...] decompor um todo em suas partes, a fim de poder
efetuar um estudo mais completo. Porém, o mais importante não é reproduzir
a estrutura do plano, mas indicar os tipos de relações existentes entre as ideias
expostas” (LAKATOS; MARCONI, 1992, p. 23).
Por fim, pode-se analisar as partes que compõem o texto, ou seja, verificar os
capítulos, e os elementos pré e pós-textuais.
Texto complementar
72
Levantamento, armazenamento e análise dos dados
73
Levantamento, armazenamento e análise dos dados
74
Elementos pré-textuais
da monografia
Capa
Trata-se do primeiro elemento pré-textual de natureza obrigatória. Consti-
tui a primeira folha do trabalho científico e revela ao leitor dados importantes
que identificam a pesquisa. Esses dados deverão ser transcritos na seguinte
ordem:
nome da instituição;
nome do autor;
Elementos pré-textuais da monografia
título da pesquisa;
Lombada
A lombada é um elemento pré-textual opcional, ou seja, é facultativa a sua
utilização pelo pesquisador. Constitui a parte por onde as folhas são costuradas,
devendo conter os seguintes itens (ABNT, 2002a):
78
Elementos pré-textuais da monografia
Folha de rosto
A folha de rosto é um elemento obrigatório, posterior à capa. Seus elemen-
tos são semelhantes aos da capa, acrescentando-se a explicação da natureza
do trabalho:
autor da pesquisa;
título da pesquisa;
subtítulo;
número do volume;
79
Elementos pré-textuais da monografia
Errata
A errata é um elemento opcional que dependerá da necessidade do pesquisa-
dor em informar ao seu leitor que houve algum erro de digitação ou de conteúdo
na impressão da pesquisa. Geralmente, é utilizado quando a instituição de ensino
obriga o pesquisador a defender sua monografia diante de uma banca. Após a
defesa, o conteúdo da errata é acrescido ao texto definitivo da pesquisa.
80
Elementos pré-textuais da monografia
Folha de aprovação
A folha de aprovação constitui um elemento de natureza obrigatória, que iden-
tifica a aprovação do respectivo trabalho para a obtenção do grau pretendido.
Possui como itens essenciais:
Veja o exemplo:
81
Elementos pré-textuais da monografia
Dedicatória
Trata-se de um elemento opcional, por meio do qual o autor irá oferecer a sua
pesquisa, com afeto, a uma determinada pessoa pertencente ao seu círculo de
convívio ou para outro pesquisador que o autor pretenda homenagear. Geral-
mente, é inserida na parte inferior e à direita da lauda.
Exemplo:
Agradecimentos
Os agradecimentos também são um elemento opcional da monografia,
apresentados em folha distinta da dedicatória. É neste momento que o pes-
quisador demonstra sua gratidão às pessoas que o auxiliaram na pesquisa. Um
professor, colega, marido, esposa, pais e filhos geralmente são incluídos nesse
elemento. Como envolve critérios subjetivos, os agradecimentos serão distin-
tos entre os pesquisadores; muitos, inclusive, criam poesia para agradecer a
ajuda recebida.
82
Elementos pré-textuais da monografia
Citação ou epígrafe
Trata-se de um elemento opcional, no qual o autor da pesquisa faz uma cita-
ção de um pensamento, parte de uma teoria ou de uma poesia com o objetivo de
reforçar o tema pesquisado.
Veja o exemplo:
Resumo
O resumo é um elemento obrigatório, conforme dispõe a NBR 14.724 (ABNT,
2002b). Não se trata de uma enumeração de itens e subitens, mas sim da constru-
ção de um texto lógico e conciso, com no mínimo 150 e no máximo 500 palavras.
A NBR 6.028 (ABNT, 2003c) dispõe sobre critérios para a redação desse elemen-
to. Ele deve trazer o objetivo, o método e os resultados da pesquisa de forma su-
cinta, fornecendo ao leitor uma visão panorâmica do assunto que vai ser tratado
na monografia.
83
Elementos pré-textuais da monografia
Deve ser feito em um único parágrafo, com espaçamento simples e sem recuo
na primeira linha. O tamanho da letra deve ser o mesmo utilizado no corpo do
trabalho. A linguagem deve ser em terceira pessoa, na voz ativa.
Segue-se um exemplo:
Resumo
A presente pesquisa versa sobre a crise do Estado liberal e de seu modelo de delegação de poder
político, assim como analisa a possibilidade de sua reestruturação a partir dos fundamentos da
democracia participativa, privilegiando-se o poder local como instância de maior envolvimento
dos sujeitos participantes desse processo. Dessa forma, no primeiro capítulo, busca a demons-
tração que a expressão democracia pode ser utilizada em várias acepções, entre elas, a econô-
mica, a social, a industrial e a política, sendo esta objeto de estudo da presente dissertação. Foi
demonstrado, nessa linha, que ela pode ser exercida, tradicionalmente, de duas formas: direta
ou indiretamente através da representação política. Interligada a ela se relacionam os partidos
políticos, dos quais foram estudados os pontos positivos e negativos em relação ao binômio
representatividade-participação. Nessa mesma direção, no segundo capítulo, foi demonstrado
que o Estado liberal e seu modelo clássico de delegação de poderes encontra-se em crise, sendo
posteriormente proposta a democracia participativa como forma de reestruturação do modelo
vigente. Para tanto, foram analisados os fundamentos da participação popular, assim como sua
distinção em relação à representação. No terceiro capítulo, foram destacadas as modalidades
adotadas pelo sistema jurídico pátrio, tais sejam o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular.
Posteriormente, pugnou-se pela descentralização democrática privilegiando--se o poder local,
como esfera de efetiva participação popular, especificando alguns projetos desenvolvidos por
determinados municípios brasileiros.
Lista de ilustrações
Trata-se de um elemento opcional, que indicará todas as ilustrações contidas
no texto da pesquisa. Deve ser elaborada de acordo com a ordem das ilustrações
utilizadas no texto.
84
Elementos pré-textuais da monografia
85
Elementos pré-textuais da monografia
86
Elementos pré-textuais da monografia
Sumário
O sumário é um elemento obrigatório, regulamentado pela NBR 6.027 (ABNT,
2003b), que tem por objetivo fornecer ao leitor uma visão geral do trabalho, pois
indicará os capítulos (itens) e suas divisões (subitens).
Todavia, deve-se manter um padrão. Caso uma das páginas finais seja transcri-
ta no sumário, todas deverão estar contidas nesse elemento.
87
Elementos pré-textuais da monografia
Texto complementar
O contexto brasileiro e a importância
da pesquisa e da pós-graduação em Direito
(ADEODATO, 2002)
88
Elementos pré-textuais da monografia
89
Elementos pré-textuais da monografia
-graduação brasileira nem do curso de Direito, mas neles atinge níveis ainda
mais significativos. Por um lado, tem-se o aspecto psicológico da “síndrome da
desistência”, quando o aluno procura explicar seu próprio fracasso na emprei-
tada através de argumentos “objetivos”, tais como ter pouco tempo disponí-
vel, ser arrimo de família, ter coisas mais importantes a fazer, a pouca impor-
tância profissional da pós-graduação e toda sorte de problemas pessoais. O
fato é que, ao lado da disponibilidade intelectual, pesquisa é tarefa das mais
estafantes e nem todos têm conseguido levá-la a cabo satisfatoriamente.
90
Elementos textuais
Redação
A redação de um bom texto exige que o autor tenha prévio conhecimen-
to do assunto que será tratado. Lembre-se que o resultado da pesquisa deve
possuir um caráter científico, portanto, deve ser lógico, sistemático, claro e
Elementos textuais
Dessa forma, para que o leitor fixe-se ao texto, este deverá ir ao encontro dos
objetivos do leitor, demonstrando profundidade, clareza e objetividade. Esses re-
quisitos são capazes de conduzir a um bom texto, com natureza jurídica e cientí-
fica. Assim, ensina Medeiros (2004, p. 259): “[...] a profundidade, a experiência que
se tem do assunto, a segurança na exposição dos fatos, tudo isso motiva sobre-
maneira o leitor”.
94
Elementos textuais
Dessa forma, muitos dos termos que utilizamos na linguagem oral não devem
ser transcritos no momento de se redigir um texto. Assim já ensinou Medeiros
(2004, p. 259-260):
[...] a linguagem escrita, em relação à oral, é uma linguagem controlada. Por causa das exigên-
cias de clareza, deve ser trabalhada. Na exposição oral, conta-se com a presença daquele que
fala com toda a soma mímica, inflexões de voz e variações de tom, que suprem inúmeros escla-
recimentos, que na linguagem escrita muitas vezes desaparecem. A frase, destituída da ajuda do
ambiente, da entoação e da mímica, necessita de construção lógica e concatenada.
A redação científica deve ser precisa e informativa. Ou seja, deve ser completa
quanto à informação transmitida, até porque a monografia compreende o
estudo de um único tema de forma aprofundada. Além de trazer o máxi-
mo de informações sobre o tema, estas não podem ser escritas de forma
aleatória. A construção do conhecimento deve respeitar uma logicidade e
coerência fornecida pela utilização do método adequado.
Deve-se buscar o melhor momento para redigir o trabalho. Cada pessoa tem
um horário em que se sente melhor para escrever. Devem-se utilizar todos
os fatores externos em favor próprio. Ambientes tranquilos, bem ventilados
e com uma boa iluminação fazem com que a redação seja agradável, e não
um trabalho árduo.
Não se deve utilizar desculpas para postergar o início da redação. Escrever de-
manda tempo e tranquilidade. Deve-se buscar preencher essas condições.
95
Elementos textuais
Após redigir o texto, deve-se revisá-lo várias vezes, assim a lógica e a coerência
serão privilegiadas. Ler, reler e consertar os equívocos transformam o texto
em um bom texto, de cunhos científico e jurídico, claro e acessível ao públi-
co a que se destina.
Divisão da monografia
O texto da monografia, didática e metodologicamente, pode ser dividido em
três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão – as quais serão trabalhadas
pelo pesquisador conforme a complexidade do seu objeto de estudo.
Introdução
A introdução serve para esclarecer a metodologia utilizada pelo pesquisador
durante seu estudo. São questões prévias que irão demonstrar ao leitor uma visão
global de como o tema foi pesquisado e quais os resultados dessa pesquisa.
96
Elementos textuais
Na introdução, não devem ser incluídas citações ou notas de rodapé, pois toda
a fundamentação, a teoria e a defesa da hipótese serão construídas no desenvol-
vimento da pesquisa. É a apresentação, pelo pesquisador, de seu trabalho, mas
deve, contudo, ser escrita em terceira pessoa.
Desenvolvimento
O desenvolvimento da monografia é o texto no qual o pesquisador defenderá
a sua ideia nova, a sua visão do tema. É extremamente denso, pois nele todos os
argumentos a favor e contra a hipótese serão apresentados ao leitor.
Para que essa defesa dos argumentos ocorra de maneira lógica e sistematiza-
da, o desenvolvimento da monografia, geralmente, divide-se em três capítulos.
No primeiro capítulo será explicado o assunto. A princípio é bem teórico, uma vez
que expõe uma explicação do assunto. Pode-se afirmar que no primeiro capítulo
o autor vai expor ao seu leitor aquilo que será tratado, fornecendo a fundamenta-
ção adequada da teoria que vai ser defendida ou questionada.
97
Elementos textuais
Conclusão
A conclusão é uma retomada dos posicionamentos defendidos durante o desen-
volvimento da pesquisa. Segundo a ABNT, sua nomenclatura, seja para monogra-
fia, dissertação ou tese, será conclusão e não considerações finais.
Esse fechamento não constitui um mero resumo, mas a indicação dos pontos
principais que possibilitaram a confirmação da hipótese.
Paginação
A NBR 14.724 (ABNT, 2002c) dispõe sobre a paginação da pesquisa. Todas as
folhas da monografia, a partir da folha de rosto, são contadas. Contudo, somente
a partir dos elementos textuais, ou seja, a partir da introdução é que os números são
inseridos nas páginas.
98
Elementos textuais
algarismos arábicos;
canto superior direito – 2cm da borda superior;
último algarismo a 2cm da borda direita.
Fontes
Em relação ao tipo da fonte que deve ser utilizado na monografia, não há ne-
nhuma determinação da ABNT que vincule o pesquisador. Sugere-se, nesse caso,
a utilização como estilo-padrão a fonte Arial.
Margens
As margens do trabalho estão previstas na NBR 14.724 (2002c) e devem adotar
os seguintes parâmetros:
99
Elementos textuais
A regulamentação pela ABNT, segue a NBR 6.024 (ABNT, 2003a) e deverá ser
progressiva, sendo que os números deverão estar alinhados à margem esquerda,
sem nenhum recuo.
Exemplo:
1 O DIREITO DE AÇÃO
Alinhamento
No corpo do texto, deve ser utilizado o alinhamento justificado. Deve-se da
mesma forma dar um recuo na primeira linha do parágrafo.
Os títulos das seções que forem numerados devem estar alinhados à esquerda,
enquanto que aqueles que não possuem numeração (folha de aprovação, agrade-
cimento, dedicatória, sumário, resumo, introdução, conclusão, referências, índice,
glossário etc.) devem estar centralizados.
100
Elementos textuais
três e cinco centímetros. Embora não exista uma padronização imposta pela ABNT,
o pesquisador sempre deverá deixar um recuo na primeira linha e, a partir do pri-
meiro, utilizar sempre o mesmo recuo.
Citações
Em todo trabalho científico, é comum o uso de citações. Elas compreendem a
transcrição de um dado, que pode ser uma teoria, uma jurisprudência, uma lei ou
uma estatística.
Citações diretas
Citações diretas ou literais são responsáveis pela transcrição das palavras usadas
pelo autor. Para isso, deve-se colocar aspas duplas para indicar que aquela deter-
minada ideia não é do pesquisador, e sim de outra pessoa.
101
Elementos textuais
A ABNT não limita o tamanho das citações, devendo prevalecer a regra do bom
senso. Contudo, é preciso cuidado com a utilização de citações muito extensas,
pois podem revelar aspectos negativos no trabalho acadêmico, indicando ausên-
cia de contribuição pessoal do autor.
Todo trabalho científico demanda uma boa revisão bibliográfica. Mas isso não
significa que o autor do trabalho deva transformá-lo em uma sequência intermi-
nável de citações, principalmente sobre informações óbvias e notórias, ou cita-
ções desnecessárias.
102
Elementos textuais
ideias do autor que está sendo citado. Esses comentários devem ser inseridos no
texto com o auxílio de colchetes. Exemplo:
Esse estudo [pesquisa jurídica] é sistemático e realizado com a finalidade de incorporar os resul-
tados obtidos em expressões comunicáveis e comprovadas aos níveis de conhecimento obtido.
(BARROS; LEHFELD, 2003, p. 30)
Incorreção de texto
Para indicar incorreções no texto, geralmente de língua portuguesa, utiliza-se
o termo sic (“assim mesmo”) entre colchetes e imediatamente após a incorreção.
Destaque
O pesquisador poderá sublinhar, colocar em negrito, ou utilizar o estilo itálico
da fonte, fornecendo destaque a uma palavra, expressão ou ideia. Nesse caso, uti-
liza-se a expressão grifo nosso, quando o destaque é dado pelo autor da pesquisa.
Exemplo:
Agora, quando o destaque é do próprio autor da ideia que está sendo citada, a
expressão a ser utilizada é grifo do autor.
Citação de citação
A ABNT regulamenta a citação da ideia de um autor já citado por outro. Nesse
caso, utiliza-se o termo apud, que significa “citado por”.
103
Elementos textuais
Meios informais
Quando a informação citada na pesquisa foi obtida por meios informais, ou
seja, aulas, palestras, debates, conversas ou entrevistas, deve-se informar ao leitor
por meio da utilização de parênteses. Mas cuidado com esse tipo de informação,
pois todos os fatos citados na pesquisa devem ser comprovados.
Caso a informação tenha sido obtida de forma oral, coloque a expressão infor-
mação verbal entre parênteses.
Citações indiretas
Existirá citação indireta quando a ideia do autor a ser citado for transcrita com
as palavras do pesquisador, ou seja, é “[...] toda ideia ou qualquer tipo de informa-
ção de outra pessoa (fonte), em que utilizamos nossas palavras. Ocorre quando
fazemos uma transcrição livre do texto do autor consultado” (MEZZAROBA; MON-
TEIRO, 2003, p. 273).
104
Elementos textuais
Sistema autor-data
No sistema autor-data, a indicação da obra é feita no próprio texto, entre pa-
rênteses, indicando o sobrenome do autor em letras maiúsculas, seguido do
ano de publicação da obra e da página. Todos esses elementos são separados
por vírgula.
Caso não exista autor especificado, indica-se a instituição responsável pela pu-
blicação e, na ausência desta, o título da obra.
Nas situações em que o sobrenome do autor já foi citado no texto, não é preci-
so repetir, bastando o ano e a página.
Exemplos:
(GIL, 2002, p. 85)
(ABNT, 2000, p. 3)
Entrevista... (2001, p. 14)
Segundo Gil (2002, p. 85)
Exemplo:
(BASTOS, L. R., 1982, p. 140) e (BASTOS, C. R., 2002, p. 122)
Exemplo:
(BONAVIDES, 2001a, p. 54)
(BONAVIDES, 2001b, p. 30)
105
Elementos textuais
Exemplo:
Exemplo:
Exemplo:
Páginas alternadas: p. 2, 8, 10
Sistema numérico
Quando utilizamos o sistema numérico, os dados da referência são transcri-
tos em notas de rodapé. A ABNT não recomenda a utilização desse sistema, e
regulamenta que, no caso de sua adoção, não poderão ser utilizadas notas de
rodapé explicativas.
106
Elementos textuais
1
DEMO, Pedro. Metodologia do Conhecimento Científico. São Paulo: Atlas, 2000. p. 43.
107
Elementos textuais
Notas de rodapé
As notas de rodapé existem para possibilitar ao pesquisador incluir elementos,
como a conceituação de determinados termos jurídicos, os quais não podem estar
no corpo do texto por prejudicar sua lógica e coerência.
Notas explicativas
Servem para acrescentar elementos, dados marginais que não são comporta-
dos no texto, e que são, portanto, inseridos em notas de rodapé.
Essa forma serve também para evitar o glossário, pois os elementos são concei-
tuados em notas de rodapé.
A ABNT, por meio da NBR 10.520 (ABNT, 2002b), regulamenta que as notas
de rodapé explicativas só podem ser utilizadas quando o pesquisador optar pelo
sistema de citação autor-data.
Notas de referências
As notas de referência somente serão utilizadas no caso da opção pelo sistema
de citação for o numérico. Dessa forma, a referência bibliográfica do documento
citado constará não do texto, mas em notas de rodapé.
Texto complementar
Metodologia da pesquisa jurídica (excerto)
(BARRAL, 2003, p. 141-144)
108
Elementos textuais
109
Elementos textuais
110
Elementos textuais
será mais segura na próxima década, pois teve 13 acidentes nos últi-
mos anos, e cada companhia aérea tem em média dois acidentes por
década”).
m) falsa analogia – comparar dois termos que não têm a mesma subs-
tância. Um caso especial de falsa analogia se refere ao uso da palavra
direito que [...] é um conceito análogo, que pode significar norma, jus-
tiça, ciência, o fato social ou direito subjetivo. Daí não ser pertinente
contestar uma argumentação normativa, utilizando-se, por exemplo,
do direito como justiça. Exemplo: “Deputado, Vossa Excelência acha
direito seu salário equivaler a 100 salários mínimos?” [direito como jus-
tiça] “sim, meu querido eleitor, é direito porque acumulei quinquênios,
biênios e férias-prêmio” [direito como direito subjetivo].
111
Elementos pós-textuais
Referências
As referências são relevantes para identificar as obras e documentos que
foram utilizados pelo pesquisador para realizar seus estudos. De acordo com
Mezzaroba e Monteiro (2003, p. 297), podemos entender que referências
compreendem “[...] o conjunto de elementos essenciais que permitem a iden-
tificação da fonte de pesquisa utilizada no decorrer do trabalho científico ou
acadêmico. Pode ser: livro, revista, jornal, legislação, jurisprudência, material
audiovisual etc.”
De acordo com a ABNT, a denominação que deve ser utilizada não é mais
referências bibliográficas ou bibliografia, mas apenas referências. Lembre-se
de que não há numeração de seção para esse elemento, devendo seu título
estar centralizado, escrito com letras maiúsculas e em negrito.
Alinhamento, espaçamento,
entrelinhas entre as referências
O alinhamento utilizado deve ser à esquerda e não mais justificado. Para
quem utiliza o Word, essa forma de alinhamento consta no menu formatar,
parágrafo, alinhamento. A partir dessa forma, as referências não preencherão
toda a linha, embora iniciem sempre no mesmo ponto.
Indicação do autor
As referências iniciam-se pelo sobrenome do autor, quando existente, respon-
sável pela obra utilizada. A transcrição do sobrenome do autor, em letras maiús-
culas, é seguida de vírgula e dos prenomes do autor. Caso o autor possua diversos
prenomes, eles poderão ser abreviados. Exemplo:
SOBRENOME, Nome.
Exemplo:
Mais de um autor
Na existência de mais de um autor, eles devem ser indicados nas referências.
Até três autores, não se pode omitir a existência de nenhum dos autores. Nesse
caso, deverá ser indicado o sobrenome do primeiro autor, seguido do prenome.
Para separar do sobrenome do segundo autor, utiliza-se o ponto e vírgula.
Exemplo:
Exemplo:
114
Elementos pós-textuais
Exemplo:
Autor desconhecido
Em algumas obras não se encontra o autor. Quando o autor não constar
na obra, a referência iniciará pelo título da obra, com a primeira palavra em
letras maiúsculas.
Exemplo:
Da mesma forma, algumas obras são traduzidas por outros autores que não o
pesquisador. Nesse caso, o autor da monografia deverá cuidar com a procedência
da tradução, pois há diversas obras traduzidas incorreta ou parcialmente, alteran-
do o pensamento do autor.
115
Elementos pós-textuais
Exemplo:
Exemplo:
Títulos e subtítulos
O título da obra que está sendo citada deverá destacar-se do texto da refe-
rência. Para realizar esse destaque, poderão ser utilizados os recursos do itálico,
negrito ou sublinhado.
Todavia, uma vez optado por uma das formas de destaque, essa opção
deverá ser utilizada em todas as referências. O subtítulo, contudo, não é des-
tacado do texto.
Exemplo:
Edição
A edição deverá ser indicada logo depois do título, com exceção da primeira
edição. A importância de se indicar a edição, além de ser um elemento obri-
gatório, é que de uma edição para outra o autor poderá atualizar, reescrever
ou excluir uma parcela do texto original. O leitor deve ter consciência de que
naquela determinada edição o autor da obra utilizada possuía a ideia que foi
transcrita na pesquisa.
116
Elementos pós-textuais
Exemplo:
Número e página
Caso seja uma revista, o seu número deverá ser indicado, bem como as páginas
que contêm aquela ideia ou teoria. O número será substituído por “n.”, e a página,
por “p.”.
Exemplo:
Local
O local de publicação da obra utilizada deverá ser indicado na referência, logo
após a edição, caso conste. O local será seguido por dois-pontos.
Exemplo:
ECO, Umberto. Como se Faz uma Tese. São Paulo: Perspectiva, 1983.
Caso não exista local definido, utiliza-se a expressão sine loco (s.l.). E, no caso
de mais de um local, não há necessidade de indicar os dois, mas apenas o mais
importante.
Editora
Deverá ser indicada logo após o local, sem a utilização do termo editora. No
caso de não existir indicação da editora, utilize a expressão s.n. E, no caso de mais
de uma editora, separe-as por ponto e vírgula.
117
Elementos pós-textuais
Exemplo:
Data
A data deverá ser identificada após a editora.
Nos casos em que não houver certeza da data, utilizar as seguintes indicações
inseridas dentro de colchetes:
Volume
O volume deverá ser transcrito após a data de publicação.
Exemplo:
SILVA, Ovídio Baptista da. Curso de Processo Civil. 2. ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 1998. v. 2.
118
Elementos pós-textuais
Repetição de entrada
Caso se utilize mais de uma obra do mesmo autor, não será necessário repetir
o sobrenome e prenome do autor que está sendo citado. Basta colocar um traço
com comprimento de cinco espaços abaixo da primeira citação.
Exemplo:
PASOLD, César Luiz; OLIVEIRA, Álvaro Borges de. Prática da Pesquisa Jurí-
dica: ideias e ferramentas úteis para o pesquisador do Direito. Florianópolis:
OAB-SC, 1999.
Glossário
O glossário é uma “[...] lista organizada alfabeticamente de palavras ou expres-
sões técnicas [jurídicas] utilizada na produção científica ou acadêmica, acompa-
nhadas das suas respectivas definições” (ABNT, 2002b, p. 3).
Apêndices
São textos elaborados pelo próprio autor do trabalho, que buscam comple-
mentar e comprovar as ideias defendidas pelo pesquisador. Devem ser incluídas
aqui todas as informações complementares à pesquisa, obtidas por meio dos
questionários, entrevistas, ou até mesmo formulários criados pelo autor.
119
Elementos pós-textuais
Alguns autores, como Edvaldo Soares (2003, p. 63), indicam que no apêndice
constarão dados elucidativos ou ilustrativos que “[...] não são essenciais à compre-
ensão do texto”.
Apêndice A – Questionários
Apêndice B – Entrevistas
Anexos
Os anexos compreendem os materiais que não foram elaborados pelo autor. Não
se deve, contudo, anexar fotocópias de obras. O texto criado pelo autor deverá fazer
referências aos apêndices e anexos, citando-os em notas de rodapé explicativas ou
no próprio texto.
Para Edvaldo Soares (2003, p. 62) os anexos “[...] constituem suportes elucidati-
vos indispensáveis à compreensão do texto”.
Índices
Para João Bosco Medeiros (2004, p. 305), “índices são tábuas de expressões-
-chave que remetem ao interior do texto: em geral, há os índices de assunto ou
remissivos e os onomásticos (nomes de autores citados)”.
120
Elementos pós-textuais
Texto complementar
Elaboração de referências
Dicionários
AULETE, Caldas. Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa. 3.
ed. Rio de Janeiro: Delta, 1980. 5 v.
Atlas
MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Atlas Celeste. 5. ed. Petrópolis:
Vozes, 1984. 175 p.
Biografias
SZPERKOWICZ, Jerzy. Nicolás Copérnico: 1473-1973. Tradução de: Victor
M. Ferreras Tascón; Carlos H. de León Aragón. Varsóvia: Editorial Científica
Polaca, 1972. 82 p.
Enciclopédias
THE NEW Encyclopaedia Britannica: micropaedia. Chicago: Encyclopaedia
Britannica, 1986. 30 v.
1
Monografia é um estudo minucioso que se propõe a esgotar determinado tema relativamente restrito. (cf. Novo Dicio
nário da Língua Portuguesa, 1986).
121
Elementos pós-textuais
Normas técnicas
Órgão Normalizador. Título: subtítulo, número da norma. Local, ano.
volume ou página(s).
Patentes
Nome e endereço do depositante, do inventor e do titular. Título da inven-
ção na língua original. Classificação internacional de patentes. Sigla do país
e número do depósito. Data do depósito, data da publicação do pedido de
privilégio. Indicação da publicação onde foi publicada a patente. Notas.
Dissertações e teses
Autor. Título: subtítulo. Ano de apresentação. Número de folhas ou volu-
mes. Categoria (grau e área de concentração) – instituição, local.
Jornadas
Jornada Interna de Iniciação Científica, 18, Jornada Interna de Iniciação
Artística e Cultural; 8, 1996, Rio de Janeiro. Livro de Resumos. Rio de Janeiro:
UFRJ, 1996. 822 p.
2
Quando se tratar de mais de um evento, realizados simultaneamente, deve-se seguir as mesmas regras aplicadas a autores
pessoais.
122
Elementos pós-textuais
Reuniões
Annual Meeting of the American Society of International Law, 65, 1967,
Washington. Proceedings...Washington: ASIL, 1967. 227 p.
Conferências
Conferência Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, 11, 1986, Belém.
Anais…[S. l.]: OAB, [1986?]. 924 p.
Relatórios oficiais
Comissão Nacional de Energia Nuclear. Departamento de Pesquisa Cientí-
fica e Tecnológica. Relatório. Rio de Janeiro, 1972. Mimeografado.
Relatórios técnico-científicos
SOUZA, Ubiraci Espinelli Lemes de; MELHADO, Silvio Burratino. Subsídios
para a Avaliação do Custo de Mão de Obra na Construção Civil. São Paulo:
Epusp, 1991. 38 p. (Série Texto Técnico, TT/PCC/01).
Referências legislativas
Constituições
País, Estado ou Município. Constituição (data de promulgação). Título.
Local: Editor, ano de publicação. Número de páginas ou volumes. Notas.
Leis e decretos
País, Estado ou Município. Lei ou Decreto, número, data (dia, mês e ano).
Ementa. Título e dados da publicação que publicou a lei ou decreto.
Pareceres
Autor (Pessoa física ou instituição responsável pelo documento). Ementa,
tipo, número e data (dia, mês e ano) do parecer. Título e dados da publicação
que publicou o parecer.
123
Elementos pós-textuais
Partes de monografias
Autor da parte. Título da parte. In: Autor da obra. Título da Obra. Número
da edição. Local de publicação: Editor, Ano de publicação. Número ou volume,
se houver, páginas inicial-final da parte, e/ou isoladas.
Capítulos de livros
NOGUEIRA, D. P. Fadiga. In: FUNDACENTRO. Curso de Médicos do Traba-
lho. São Paulo, 1974. v. 3. p. 807-813.
124
Referências
128
Referências
LEITE, Eduardo de Oliveira. Monografia Jurídica. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tri-
bunais, 1997.
PASOLD, César Luiz; OLIVEIRA, Álvaro Borges de. Prática da Pesquisa Jurídica:
ideias e ferramentas úteis para o pesquisador do Direito. Florianópolis: OAB-SC,
1999.
129
Referências
130
Anotações
Metodologia da Pesquisa
Metodologia da Pesquisa
Metodologia da Pesquisa
Debora Bonat
www.iesde.com.br