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Para Caeiro fazer poesia é uma atitude involuntária, espontânea, pois vive no presente, não
querendo saber de outros tempos, e de impressões, sobretudo visuais, e porque recusa a
introspeção, a subjetividade, sendo o poeta do real objetivo.
Caeiro canta o viver sem dor, o envelhecer sem angústia, o morrer sem desespero, o fazer coincidir
o ser com o estar, o combate ao vício de pensar, o ser um ser uno, e não fragmentado.
Discurso poético de características oralizantes (de acordo com a simplicidade das ideias que apresenta):
vocabulário corrente, simples, frases curtas, repetições, frases interrogativas, recurso a perguntas e
respostas, reticências;
Apologia da visão como valor essencial (ciência de ver)
Relação de harmonia com a Natureza (poeta da natureza)
Rejeita o pensamento, os sentimentos, e a linguagem porque desvirtuam a realidade (a nostalgia, o
anseio, o receio são emoções que perturbam a nitidez da visão de que depende a clareza de espírito)
Objectivismo Sensacionismo
- apagamento do sujeito - poeta das sensações tal como elas são
- atitude antilírica - poeta do olhar
- atenção à “eterna novidade do mundo” - predomínio das sensações visuais (“Vi como um
- integração e comunhão com a Natureza danado”) e das auditivas
- poeta deambulatório - o “Argonauta das sensações verdadeiras”
Antimetafísico (“Há bastante metafísica em não Panteísmo Naturalista
pensar em nada.”) - tudo é Deus, as coisas são divinas (“Deus é as
- recusa do pensamento (“Pensar é estar doente árvores e as flores/ E os montes e o luar e o sol...”)
dos olhos”) - paganismo
- recusa do mistério - desvalorização do tempo enquanto categoria
- recusa do misticismo conceptual (“Não quero incluir o tempo no meu
esquema”)
- contradição entre “teoria” e “prática”
CARACTERÍSTICAS ESTILÍSTICAS
- Verso livre - Pontuação lógica
- Métrica irregular - Predomínio do presente do indicativo
- Despreocupação a nível fónico - Frases simples
- Pobreza lexical (linguagem simples, familiar) - Predomínio da coordenação
- Adjetivação objetiva - Comparações simples
- Raras metáforas
RICARDO REIS – O POETA DA RAZÃO
A filosofia de Reis rege-se pelo ideal “Carpe Diem” – a sabedoria consiste em saber-se aproveitar o
presente, porque se sabe que a vida é breve. Há que nos contentarmos com o que o destino nos
trouxe. Há que viver com moderação, sem nos apegarmos às coisas, e por isso as paixões devem ser
comedidas, para que a hora da morte não seja demasiado dolorosa.
- A conceção dos deuses como um ideal humano
- As referências aos deuses da Antiguidade (neo-paganismo) greco-latina são uma forma de referir a
primazia do corpo, das formas, da natureza, dos aspetos exteriores, da realidade, sem cuidar da
subjetividade ou da interioridade - ensinamentos de Caeiro, o mestre de todos os heterónimos
- A recusa de envolvimento nas coisas do mundo e dos homens
Epicurismo Estoicismo
- busca da felicidade relativa - aceitação das leis do destino (“... a vida/ passa e
- moderação nos prazeres não fica, nada deixa e nunca regressa.”)
- fuga à dor - indiferença face às paixões e à dor
- ataraxia (tranquilidade capaz de evitar a - abdicação de lutar
perturbação) - autodisciplina
Horacianismo Paganismo
- Carpe diem: vive o momento - crença nos deuses
- Aurea mediocritas: a felicidade possível no - crença na civilização da Grécia
sossego do campo (proximidade de Caeiro) - sente-se um “estrangeiro” fora da sua pátria, a
Grécia
Culto do Belo, como forma de superar a Neoclassicismo
efemeridade dos bens e a miséria da vida - poesia construída com base em ideias elevada
Intelectualização das emoções - Odes (forma métrica por excelência)
Medo da morte
Quase ausência de erotismo, em contraste com o
seu mestre Horácio
CARACTERÍSTICAS ESTILÍSTICAS
- Submissão da expressão ao conteúdo: a uma - Uso frequente do hipérbato
ideia perfeita corresponde uma expressão perfeita - Uso frequente do gerúndio e do imperativo
- Estrofes regulares de verso decassílabo - Uso de latinismos (astro, ínfero, insciente...)
alternadas ou não com hexassílabo - Metáforas, eufemismos, comparações, imagens
- Verso branco - Estilo construído com muito rigor e muito denso
- Recurso frequente à assonância, à rima interior e
à aliteração
- Predomínio da subordinação
ÁLVARO DE CAMPOS
Morre em 30 de Novembro de 1935 Alto, magro e com tendência a Era moreno, mais baixo e De estatura média, era louro
curvar-se mais forte que Caeiro e tinha os olhos azuis
Motivos poéticos e caracterização do poeta
Fernando Pessoa Álvaro de Campos Ricardo Reis Alberto Caeiro
expressão musical do frio, do tédio amor à vida paganismo variedade da Natureza
e dos anseios de alma
masoquismo busca de um prazer relativo panteísmo sensual
resignação dorida de quem sofre a
aceitação calma do Mundo
tal como é
homem ingénuo