Você está na página 1de 26

Prof. Dr.

José Roberto Alves Barbosa


 Vincular as relações
de poder nos estudos
do letramento,
considerando que o
aprendizado da leitura
e escrita pressupõe
vínculos valorativos,
de cunho ideológico
com vistas à mudança
social.
 as pesquisas de Gee (1990) e
Street (1984) demonstraram
que o letramento não tem a
ver com inferioridade cultural,
muito menos com habilidades
cognitivas.
 Os estudos a respeito do
letramento apontam para
habilidades específicas,
manifestadas em determinas
práticas particulares.
 Para Bourdieu (1984;
1991), os sistemas
estabelecem distinções
valorativas que premiam
determinados alunos em
detrimento de outros,
especialmente os da
classe média.
 Foucault (1997) destaca como
as estruturas sociais disciplinam
de forma a produzir vontades
de verdade, e tecnologias do
sujeito, a fim de manter o
controle sobre os indivíduos;
 Para Gramsci (1971), os grupos
subordinados podem ser
persuadidos, a fim de se
deixarem dominar pelo
consenso, através do processo
de coerção.
 Por esse motivo, faz-se
necessário “um tarefa crítica,
pondo em questão as instâncias
de controle” (FOUCAULT, 2003,
p. 66);
 Para a “desconstrução ideológica
de textos que integram práticas
sociais [...] a fim de desvelar
relações de dominação”
(FAIRCLOUGH, 2001, p. 89).
 Para Thompson (1995), a
ideologia é hegemônica, pode
serve para sustentar as
relações de dominação,
favorecendo indivíduos e
grupos dominantes.
 Nesse processo de letramento
crítico, cabe aos leitores e
produtores de textos, o
investimento para identificar
como a ideologia é
operacionalizada.
 Essa percepção de educação está atrelada à
pedagogia crítica, defendida inicialmente por Freire
(2011).
 Para ele o aprendizado da leitura e da escrita é um
ato de conhecimento, no qual os aprendizes
assumem o papel de sujeitos criativos.
 A linguagem, nessa perspectiva, tem relações com o
mundo, pois é a palavra-ação, incluindo a relação
dos homens e mulheres com o mundo.
 Ele usou o letramento como forma de quebrar
a ‘cultura do silêncio’ do pobre. Para Freire
(1972, p. 52) faz-se necessário a “ação e
reflexão dos homens sobre o mundo a fim de
transformá-lo
 Os professores precisam fazer
a relação necessária,
conforme propõe Rajagopalan
(2003, p. 127), entre
linguística crítica e o ensino
de línguas, e serem
desafiados não apenas a
“pensar sobre a linguagem”,
mas também “pensar na
linguagem” .
 O significado de
letramento geralmente é
posto em oposição ao
iletramento, e está
relacionado às práticas
sociais, às maneiras
diversas de uso da língua
escrita regulamentada
pelas instituições sociais
(JANKS, 2010).
 O Ensino Crítico de Línguas pode trazer
contribuições significativas para o
empoderamento dos estudantes.

 Isso acontece porque os sujeitos são


(des)posicionados em categorias sociais,
tais como gênero, raça, classe,
sexualidade, etnicidade, religião e
habilidade.
 Uma das contribuições do Ensino Crítico
de Línguas é justamente o de identificar
as atribuições de valor na linguagem,
que posicionam os sujeitos.
 Para questionar termos que massificam,
e pretendem generalizar, negando as
possibilidades alternativas de pensar e
agir no mundo (BOURDIEU e WACQUANT,
2001).
 Janks (2013) defende que o ensino
crítico de línguas exige ação. Para
tanto, é preciso estar atento aos
seguintes princípios:
1) A língua está em todos os lugares;
2) Os textos são parciais, não são
neutros;
3) Os produtores dos textos fazem
escolhas;
4) Existem múltiplas modalidades na
construção de sentidos;
 De acordo com Janks (2000), diferentes realizações do
letramento crítico operam conceitos distintos na relação
entre língua e poder:
1) Dominação – identificar meios poderosos para
manutenção e reprodução das relações de dominação
(FAIRCLOUGH, 1989; 2003);
2) Acesso – possibilitar formas de acesso às formas
dominantes, ‘paradoxo de acesso’, a fim de romper
com a marginalização(LODGE, 1997);
3) Diversidade – a diferença deve ser debatida nos
contextos educacionais (GEE, 1990), com vistas à
mudança;
4) Design – seleção e uso de recursos semióticos
distintos para criar possibilidades de transformação e
reconstrução (COPE & KALANTZIS 1997).
 Leitura crítica de textos – escolhas lexicais
(seleção de palavras), escolhas gramaticais (voz,
tempo, modalidade, artigos); sequenciação
(argumento); construção da realidade
(posicionamentos);
 Diversidade, diferença e disparidade – precisamos
refletir sobre identidades, não como algo
estanque mas dinâmico, algo produzido, mas não
determinado.
 Acesso e desejo – quais as aspirações das
pessoas, e suas necessidades, quais os meios de
acesso, quem favorece esse acesso;
 Produção crítica de textos – consciência para
produzir textos que façam a diferença nas formas
em que “nomeamos” e compreendemos o mundo.
 Anúncios publicitários de cosméticos na aula de línguas
 Dissertação: Altaiza Rosângela da Silva Pereira
 Anúncios governamentais na aula de línguas
 Dissertação: Rissia Oscaline Garcia
 A RECONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DO NORDESTINO
A PARTIR DE CHARGES SOBRE A SECA: UMA
PRÁTICA DE LETRAMENTO MULTIMODAL CRÍTICO
NA AULA DE LÍNGUA MATERNA
 Adriana dos Santos Pereira
 LETRAMENTO
CRÍTICO NA AULA DE
LÍNGUA MATERNA:
UMA ANÁLISE DE
ARTIGOS DE OPINIÃO
SOBRE O LIVRO QUE
ENSINAVA
PORTUGUÊS
“ERRADO”
 INAJARA COSMO
PEREIRA
 LETRAMENTO CRÍTICO
MULTIMODAL NA AULA
DE LÍNGUA MATERNA:
A ANÁLISE DE
ANÚNCIO EM VÍDEO
COM YOUTUBER SOBRE
A VENDA DE BANDA
LARGA MÓVEL
 PAULA PRISCILLA
MENDES DE CARVALHO
 LETRAMENTO
CRÍTICO
MULTIMODAL NA
AULA DE LÍNGUA
MATERNA: O
DISCURSO MACHISTA
EM ANÚNCIOS
PUBLICITÁRIOS
VEICULADOS PELA
INTERNET
 ANA LORENA DOS
SANTOS SANTANA
 Os professores de línguas, a partir de
uma perspectiva crítica, não podem
desvincular a língua do discurso e do
poder.
 Existe um longo caminho a ser
percorrido na construção de uma
sociedade mais justa e igualitária, que
respeita a diversidade.
 Apesar dos tempos difíceis, é sempre
possível sonhar, na busca por
transformação social.
 BOURDIEU, P. Distinction. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1984.
 BOURDIEU, P. Language and symbolic power. Cambridge: Cambridge Polite Press, 1991.
 BOURDIEU, P. WACQUANT, L. New liberal speak: note on the new planetary vulgate. Radical
Philosophy 105, p. 2-5, 2001.
 FAIRCLOUGH, N. (ed.) Critical language awareness. London: Longman, 1992.
 FAIRCLOUGH, N. Discurso e mudança social. Trad. de Izabel Magalhães. Brasília: UNB, 2001.
 FAIRCLOUGH, N. Analyzing discourse: textual analysis for social research. London: Routledge, 2003.
 FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. Trad. L. F. B. Neves. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense-
Universitária, 1987.
 FOUCAULT, M. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 2003.
 FOUCAULT, M. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1997.
 FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1977.
 FREIRE, P. Educação como prática de liberdade. 2. re. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
 GEE, J. Social linguistics and literacies. London: Falmer Press, 1990.
 GRAMSCI, A. Selections from prison notebooks. London: Lawrence and Wishart, 1971.
 HEATH, S. B. Ways with words. Cambridge: Cambridge University Press, 1983.
 HORTON, M., FREIRE, P. We make the road by walking. Philadelphia: Temple University Press, 1990.
 JANKS, H. Literacy and power. Routledge: New York, London, 2010.
 JANKS, H. Doing critical literacy. London: Routledge, 2013
 KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design. London: Routledge,
2006.
 RAJAGOPALAN, K. Por uma linguística crítica: linguagem, identidade e questão ética. São Paulo:
Parábola Editorial, 2003.
 STREET, B. Literacy in theory and practice. Cambridge: Cambridge University Press, 1984.
 THOMPSON, J. B. Ideologia e cultura moderna. Petrópolis: Vozes, 1995.

Você também pode gostar