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Semiótica

Prof. Rogerio Ghomes


O que é semiótica?
 É uma ciência que estuda todo tipo de
linguagem, tanto as verbais quanto as
visuais. Quando falamos que a Semiótica
é a ciência de todas as linguagens, a
primeira reação é pensar que linguagem é
sinônimo de língua, mas não; ela é tudo
aquilo que produz sentido para nós, ou
seja, todas as linguagens que o ser
humano, um ser simbólico, é capaz de
criar.
Quais são os "tipos de
semiótica"?

 Pierceana
 Greimasiana
 Semiótica da Cultura - Russa
 Semiótica da Cultura – Alemã
 Semiótica Psicanalítica
Definição de Signo
 "Defino um Signo como qualquer coisa que, de um
lado, é assim determinada por um Objeto e, de
outro, assim determina uma idéia na mente de uma
pessoa, esta última determinação, que denomino o
Interpretante do signo, é, desse modo,
mediatamente determinada por aquele Objeto. Um
signo, assim, tem uma relação triádica com seu
Objeto e com seu Interpretante (8.343)." (p.12)
Santaella, L. (2000). A teoria geral dos signos:
Como as linguagens significam as coisas. 2a ed.
São Paulo: Pioneira.
O que são signos na concepção
peirceana?
 Peirce ampliou a noção de signo,
concebendo-o como uma relação triádica.
 "Signo é uma coisa que representa uma
outra coisa: seu objeto. Ele só pode
funcionar como signo se carregar esse
poder de representar, substituir uma outra
coisa diferente dele." (p.58)
Santaella, L. (1983). O que é Semiótica.
São Paulo: Brasiliense.
Objeto
Representâmen

BOLA
Interpretante
 A imagem que vem a sua cabeça
 no Signo há uma relação tripla entre
Objeto, Representâmen e Interpretante
O que é signo?
 Há muitos e diversos tipos de signos e
qualquer definição de signo deverá ter em
conta não só a polissemia do termo signo,
mas sobretudo a diversidade dos próprios
signos
 O signo tem uma natureza triádica,
podendo ser analisado:
- Em si mesmo, nas suas propriedades
internas, ou seja, no seu poder para
significar
- Na sua referência, aquilo que ele indica,
se refere ou representa
- Nos tipos de efeitos que está apto a
produzir nos seus receptores, isto é, nos
tipos de interpretação que ele tem o
potencial de despertar nos seus usuários
 A teoria da semiótica permite penetrar no
próprio movimento interno das
mensagens, no modo como elas são
engendradas
 É um percurso metodológico-analítico que
promete dar conta de questões relativas
às diferentes naturezas que as
mensagens podem ter: verbal, imagética,
sonora e suas misturas
 Para uma análise afinada, a aplicação da
semiótica reclama pelo diálogo com
teorias mais específicas dos processos de
signo que estão sendo examinados
 Para analisar semioticamente uma
pintura, é necessário haver um
conhecimento de história da arte

 Se o repertório de informações do
receptor é muito baixo, a semiótica não
pode realizar para esse receptor o milagre
de fazê-lo produzir interpretantes que vão
além do senso comum
A Fenomenologia
 Fenômeno é tudo aquilo, qualquer coisa,
que aparece à percepção e à mente
 A fenomenologia tem por função
apresentar as categorias formais e
universais dos modos como os fenômenos
são apreendidos na mente
 Há três elementos formais e universais em
todos os fenômenos que se apresentam à
percepção e à mente
 Primeiridade, secundidade e terceiridade
 A primeiridade aparece em tudo que
estiver relacionado com acaso,
possibilidade, qualidade, sentimento,
originalidade, liberdade. (signos e
interpretações de primeira categoria:
meros sentimentos e emoções)
 A secundidade está ligada às idéias de
dependência, determinação, dualidade,
ação e reação, aqui e agora, conflito,
surpresa, dúvida (signos e interpretações
de segunda categoria: percepções, ações
e reações)
 A terceiridade diz respeito à generalidade,
continuidade, crescimento, inteligência
(signos e interpretações de terceira
categoria: discursos e pensamentos
abstratos)
 A primeiridade consiste, por exemplo, na
presença de imagens diretamente à
consciência, sem uma consciência
propriamente dita; ou melhor, "trata-se de
uma consciência imediata tal qual é.
Nenhuma outra coisa senão pura
qualidade de sentir. A qualidade da
consciência imediata é uma impressão In
totum, indivisível, não analisável, inocente
e frágil."
 O caráter de secundidade já redunda em
"conflito". Não é o não analisável da
primeiridade, mas necessita dela para
existir. É o mundo do pensamento, sem,
no entanto, a mediação de signos. É a
"arena da existência cotidiana“. O aspecto
segundo representa uma consciência
reagindo ante o mundo, em relação
dialética; uma relação dual.
 O que dizer sobre a terceiridade além
desta categoria conter as duas últimas
citadas? De acordo com Santaella, no
nível do pensamento a terceiridade
corresponderia ao nível simbólico, sígnico,
onde representamos e interpretamos o
mundo. Não é um caráter passivo,
primeiro, mas a união deste com o
segundo, acrescentando um fator
cognitivo. Na terceiridade é posto uma
camada interpretativa entre a consciência
(segundo) e o que é percebido (primeiro).
 Toda relação sígnica envolve o signo
propriamente dito, o objeto e seu interpretante.
 A noção de interpretante não se define na de
intérprete do signo, mas através da relação que
o signo mantém com o objeto.
 A partir dessa relação, produz-se na mente
interpretadora um outro signo que traduz o
significado do primeiro (que é o interpretante do
primeiro).
 Por exemplo, a palavra "casa" é um signo
interpretante do signo casa estabelecido
unicamente em cada subjetividade. Dessa
forma, o significado de um signo é sempre outro
signo, e assim por diante.
 Para que exista a dúvida é necessária
uma “coisa” primeira. Qualquer coisa, ou
pelo menos o nome da coisa. Um
pensamento tão primitivo que pode até
mesmo ser uma sensação. Assim, temos
uma qualidade primeira, ou Primeiridade
que é a sensação, uma Secundidade que
é a dúvida, e por fim, a reflexão que
fazemos no momento Terceiro do
pensamento que é denominada de
Terceiridade.
 Tendo suas categorias e a noção de
signo, Peirce estabeleceu uma rede de
classificações, sempre triádicas, dos tipos
possíveis de signo, tomando como base
as relações que se apresentam o signo. A
relação mais elementar entre essas
tríades se dá tomando-se a relação do
signo consigo mesmo (primeiridade), com
seu objeto dinâmico (secundidade) e com
seu interpretante (terceiridade):
 A primeira tricotomia envolve a natureza
material do signo, se dá em relação ao
signo consigo mesmo por uma qualidade,
uma singularidade ou uma lei geral.
Assim, um signo pode ser um quali-signo,
um sin-signo ou um legi-signo.

 A segunda tricotomia diz respeito a


relação do signo com seu objeto. Desta
forma, um signo pode ser um ícone, um
índice ou um símbolo.
 A terceira tricotomia relaciona o signo ao
seu interpretante. Um signo pode ser um
rema, um dici-signo ou um argumento.

 A relação entre estas tricotomias gera 9


classes de signos, formando a percepção
que se dá em três níveis: Primeiridade,
Secundidade e Terceiridade.
 Signo 1º em si mesmo

- Quali-signo
- Sin-signo
- Legi-signo

 Signo 2º com seu objeto


- Ícone
- Índice
- Símbolo

 Signo 3º com seu interpretante:



- Rema
- Dicente
- Argumento
 Cada uma dessas divisões foi então re-
subdividida de acordo com as variações
próprias das categorias de primeiridade,
secundidade e terceiridade. Os signos em
si mesmos podem ser: 1.1 qualidades; 1.2
fatos; e 1.3 ter a natureza de leis ou
hábitos.

 Os signos podem estar conectados com


seus objetos em virtude de: 2.1 uma
similaridade; 2.2 de uma conexão de fato,
não cognitiva; e 2.3 em virtude de hábitos
(de uso).
 Finalmente, para seus interpretantes, os
signos podem representar seus objetos
como: 3.1 sendo qualidades,
apresentando-se ao interpretante como
mera hipótese ou rema; 3.2 sendo fatos,
apresentando-se ao interpretante como
dicentes; e 3.3 sendo leis, apresentando-
se ao interpretante como argumentos.
 Dessas nove modalidades, Peirce extraiu
as combinatórias possíveis. Aquilo que um
signo representa para seu objeto
dependerá, em parte, do tipo de conexão
entre signo e objeto e a espécie de
conexão dependerá do caráter ou
natureza do próprio signo
 Na primeira linha horizontal, temos R
(representamen), O (objeto) e I
(interpretante). Na primeira linha vertical,
temos as categorias P (primeiridade), S
(secundidade) e T (terceiridade).
A primeira tricotomia envolve a natureza
material do signo, se dá em relação ao signo
consigo mesmo

 Qualissigno – uma qualidade que é um signo;


só é signo quando fiscalizado, mas não é a
fiscalização que o caracteriza como signo.
 Sinsigno (Sin= “aquilo que é uma vez só”, como
em “singular”) -´coisa ou evento realmente
existente que é um signo; envolve um ou mais
qualissignos.
 Legissigno – uma lei que é um signo. É um tipo
geral, e não um objeto singular.
Qualisígno
 este, como todo e qualquer outro signo, é qualisígnico
na medida em que apresenta cores e formas a serem
percebidas como algo (representamen).
Sinsigno
 A imagem produzida pela tinta no papel é sinsígnica
enquanto exemplar único.
Legissigno
 Se esse representamen for capaz de significar não apenas uma
imagem específica de um lago de uma cidade (aquele que foi
fotografado), mas todos os lagos de qualquer cidade, torna-se então
um legisigno.
 Como se pode ver, um signo acumula
categorias, posto que essas categorias
são ordinais, isto é, só se chega à
segunda passando pela primeira.
A segunda tricotomia diz respeito a relação do signo
com seu objeto

 Ícone – é um representamen que, em virtude de qualidades


próprias, se qualifica em relação a um objeto, representando-
o por traços de semelhança ou analogia, e de tal modo que
novos aspectos, verdades ou propriedades relativos ao objeto
podem ser descobertos ou revelados.

 Índice – signo que se refere ao Objeto designado em virtude


de ser realmente afetado por ele. Tendo alguma qualidade
em comum com o objeto, envolve também uma espécie de
ícone, mas é o fato de sua ligação direta com o objeto que o
caracteriza como índice, e não os traços de semelhança.

 Símbolo – signo que se refere ao Objeto em virtude de uma


convenção, lei ou associação geral de idéias. Atua por meio
de réplicas. Implica idéia geral.
Ícone
essa foto representa um lago em uma cidade por
semelhança, ou seja, funciona como ícone.
Índice
A imagem, assim, indica a existência material de um lago
em Londrina - PR
Símbolo
Além de índice, essa imagem do lago pode significar
uma característica peculiar da cidade de Londrina: trata-
se de um ponto turístico. Neste caso específico um
símbolo, isto é, uma representação abstrata,
convencional, de algo.
a terceira tricotomia – refere-se à relação entre
representamen e interpretante

 Rema – signo, para o seu interpretante, de uma


possibilidade qualitativa; termo ou função proposicional
que representa tal ou qual espécie de objeto possível,
destituída da pretensão de ser realmente afetada pelo
objeto ou lei à qual se refere.

 Dicissigno ou Signo Dicente – signo, para seu


interpretante – de existência real. É uma proposição ou
quase-proposição envolvendo um Rema.

 Argumento – signo, para seu interpretante, de uma lei, de


um enunciado,de uma proposição enquanto signo. Ou
seja, o objeto de um Argumento, para o seu interpretante,
é representado em seu caráter de signo; esse objeto é
uma lei geral ou tipo.
Rema
 A categoria remática engloba o que na lógica formal se chama de
termo, isto é, um enunciado impassível de averiguação de verdade,
descritivo como um nome ou palavra. A palavra “lago”, isolada e
fora de qualquer contexto, é certamente um rema.
Dicissigno ou Signo Dicente
 Caso faça parte de uma assertiva qualquer, classifica-se como
dicente (ou dicissigno). Ao contrário do rema, o dicente parece pedir
confirmação de veracidade: esse é o lago Igapó que fica na cidade
de Londrina.
Argumento
 Enunciados encadeados de forma a evidenciar a condição de
verdade de uma conclusão, ou seja, discursos de caráter
persuasivo ou silogismos formais, são exemplos de argumentos. O
lago Igapó é um dos lugares mais bonitos de Londrina e foi perto
dele que procurei um lugar para morar quando me mudei para a
cidade...
 Faça uma análise
da foto (Ponte Hercílio Luz - SC)
envolvendo
as três tricotomias
do signo

1ª A primeira tricotomia envolve a natureza material do signo, se dá em


relação ao signo consigo mesmo
2ª A segunda tricotomia diz respeito a relação do signo com seu objeto

3ª a terceira tricotomia – refere-se à relação entre representamen e


interpretante
 Faça uma análise
da foto (World Trade Center - EUA)
envolvendo
as três tricotomias
do signo

1ª A primeira tricotomia envolve a natureza material do signo, se dá em


relação ao signo consigo mesmo
2ª A segunda tricotomia diz respeito a relação do signo com seu objeto

3ª a terceira tricotomia – refere-se à relação entre representamen e


interpretante

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