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RESUMO
1
Mestranda do Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ). Pesquisadora bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ. E-
mail: netycontesini@hotmail.com
V.11, nº1, p.190-206, nov./fev. 2018. 190
Revista FOCO. ISSN: 1981-223X
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
[...] um setor planejado, com objetivos bem definidos, para viabilizar toda a
interação possível entre a organização e seus empregados, usando ferramentas de
comunicação institucional e até de comunicação mercadológica (para o caso do
endomarketing ou marketing interno). Portanto, a comunicação interna corre
paralelamente com a circulação normal da comunicação que perpassa todos os
setores da organização, permitindo seu pleno funcionamento (KUNSCH, 2003,
p.154).
Contudo, a avaliação das ações não só de CI, mas de comunicação de modo geral,
assume caráter desafiador e complexo, visto a natureza simbólica e comportamental de seus
resultados, que dificilmente podem ser mensurados por meio de números ou fórmulas
matemáticas. Os resultados em comunicação, de modo geral, são caracterizados como não
concretos e difíceis de serem quantificados e medidos, pois envolvem os relacionamentos e as
percepções dos públicos, e, sobretudo, as mudanças de comportamento e de atitude (HON e
GRUNIG, 2005). Envolvem também perspectivas, conflitos, atitudes, interpretações,
julgamentos e outros valores que só podem ser avaliados segundo seus efeitos e não segundo
suas quantidades (GALERANI, 2005).
Existe ainda a dificuldade de se isolar os resultados de comunicação de outros fatores
externos e não oriundos de seus programas. Não raro os efeitos de uma ação de comunicação
estão atrelados as ações de outros setores da empresa, representando, portanto, um esforço
conjunto e contextualizado. A isso se une a característica mutante do processo de
comunicação, baseada nos intercâmbios entre seus participantes que se transforma a cada
nova interação, devido à dinâmica de seus envolvidos e os contextos onde se efetivam. Por
fim, tem-se a falta de tempo e de metodologia para a avaliação de resultados de comunicação
e a crença de que uma avaliação significa controle, o que representaria um obstáculo à
espontaneidade das ações de comunicação (GONÇALVES, 2009; TESSI, 2012).
2 METODOLOGIA DE PESQUISA
qualitativo, pois intentou compreender e interpretar o objeto em análise, não sendo necessário
o uso da estatística (MINAYO, 2009).
O referencial teórico foi construído com base em trabalhos apresentados em
congressos e publicados em revistas e periódicos da área de Administração e Comunicação,
pesquisados com o auxílio de plataformas virtuais como, principalmente, Spell, Scielo,
Periódicos CAPES e bibliotecas virtuais de universidades públicas e privadas. Esta revisão de
literatura permitiu elencar três modelos para avaliação, defendidos e testados por estudiosos.
Cumpre ressaltar que estes modelos não são receituários de análise de comunicação,
mas parâmetros de atuação aplicáveis de acordo com o contexto, objetivo, natureza e porte
organizacional, além da maturidade do processo de CI. Deve-se ter em mente que cada
modelo busca atender a diversas expectativas sobre o processo de CI, expectativas estas
resumidas na Tabela 1, abaixo.
Deste modo, os modelos propostos foram escolhidos por apresentarem-se como
sistemáticas simples para a avaliação de programas inteiros de comunicação, sejam de curta
ou de longa duração, entre os quais daqueles de CI. Além disso, estes modelos ilustram, com
exceção da categoria dispêndio monetário, as expectativas quanto ao processo de CI.
Este método de avaliação é definido por seu autor como “uma régua com um conjunto
de diretrizes ou padrões que o profissional deve seguir se quiser medir a efetividade em
Comunicação” (LINDENMANN, 1993, p.7). Seguindo esta régua deve-se primeiramente
estabelecer os objetivos dos programas de CI e, em seguida, determinar em que níveis –
básico, intermediário ou avançado – se deseja medir sua efetividade.
No nível básico, é avaliado o produto das ações de comunicação, ou seja, o que e
como a CI produziu, tanto a nível de quantidade quanto de qualidade. É um nível de fácil e
simples execução onde o profissional utiliza técnicas para medir a produção como contagem
de publicações veiculadas, número de ações de comunicação conduzidas junto aos
empregados, quantidade de panfletos distribuídos, número de eventos realizados durante o
período. Contudo, cabe ressaltar que a organização que opta por avaliar a CI somente neste
nível corre o risco de medir apenas o público que foi atingido pelas ações e não a retenção das
informações veiculadas – ponto que Lindenmann (2003) defende ser a alma de qualquer
processo de comunicação, que será alcançado no próximo nível da régua.
No nível intermediário existe a necessidade de saber se as mensagens veiculadas
foram, adequadamente, recebidas, percebidas, compreendidas e retidas pelos empregados.
Analisa-se, principalmente, se os funcionários expostos as ações de CI compreenderam,
retiveram e podem recordar das mensagens que receberam em eventos, jornais internos,
comunicados, apresentações, entre outros. O foco deste nível é verificar a retenção da CI,
sendo, portanto, empregadas técnicas de coleta de dados qualitativos e quantitativos, por meio
de grupos focados, auditorias e entrevistas em profundidade (LINDENMANN, 2003).
Cumpre ressaltar que por meio destes métodos avaliativos é possível realimentar o processo
de CI, promovendo melhorias das ações.
Por fim, quando se chega ao nível avançado, o que se busca medir são “realmente
resultados”, vislumbrados sob a forma de mudanças de opiniões, comportamento ou atitude
por parte do público (LINDENMANN, 1997, p.8). Para a avaliação destes resultados, pode-se
utilizar técnicas como testes e entrevistas pré e pós plano de comunicação, pesquisas
experimentais, coleção de dados moderados como observação, participação, análise de dados
e de conteúdo, análise psicográfica, auditoria abrangente ou estudo multifacetado, onde são
utilizadas diversas técnicas em conjunto (GALERANI, 2005). Novamente, é possível
reconhecer possíveis falhas nas ações de comunicação e promover melhoria para o processo
de CI como um todo.
O principal benefício deste modelo para avaliação de CI é a possibilidade de
incrementar a maturidade do processo de CI, conforme a necessidade da organização, o tempo
e o orçamento disponível para equipe de CI. A cada nível que se avança na régua é possível se
aprofundar e demonstrar de modo mais consistente os resultados e benefícios do processo de
comunicação, seja a nível de produção, retenção de informação, promoção de mudanças
comportamentais e/ou promoção de mudança nos relacionamento entre agentes
organizacionais.
[...] seus esforços para obter alinhamento interno, como um campo que abrange os
aspectos instrumentais (de infraestrutura) – como as campanhas e os instrumentos de
comunicação interna – e os aspectos comportamentais (de atitudes) – como a
Para identificar os principais elementos que deveriam compor este modelo, a autora
aplicou, junto a uma amostra significante de profissionais da área de Comunicação, um
questionário com afirmações relativas a infraestrutura e atitudes esperadas do processo de CI
ou percebidas como parte deste processo. Com base nisso, a Escala de Mensuração da
Comunicação Interna foi idealizada com 11 indicadores, cuja definição e medição são
descritos na Tabela 2.
Continua...
Continuação...
Liderança próxima?
Qualidade no face-a-face?
Feedback eficaz? Como os
subordinados enxergam a
Descreve atitudes de comunicação da
Liderança liderança? Existe variações
liderança com suas equipes
no comportamento dos
subordinados diante da
presença ou ausência da
liderança?
reconhecimento individual
Departamentos colaboram
entre si? Existe perspectiva
Clima Descreve o clima organizacional
de crescimento
profissional?
Há orgulho pela empresa?
Descreve o quanto os empregados se
Existe sentimento de
identificam e se orgulham com a
pertencimento?
Identidade empresa. Diz respeito ao sentimento
Empregados conhecem e
de pertencimento à organização e à
identificam-se com
equipe.
empresa?
Empregados conhecem o
negócio, metas e estratégia
Descreve como os empregados
da empresa? Existem
avaliam seu conhecimento sobre o
Orientação para o variações de
negócio da empresa, o mercado, os
Mercado comportamento no sentido
concorrentes, os clientes, as
da conscientização e busca
estratégias e metas pretendidas
dos objetivos
organizacionais?
Fonte: Adaptado de Gonçalves (2009) .
Na fase posterior, esta Escala foi aplicada em uma grande empresa do ramo privado,
com o intuito de validar o instrumento quanto à sua confiabilidade, versatilidade e
flexibilidade. A partir do resultado da pesquisa, a autora sugere uma Matriz Guia de
Alinhamento Organizacional para correção estratégica de variações nos indicadores de
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tão importante quanto implementar ações de CI, é avaliar todo esse processo de modo
a comprovar seus benefícios e mostrar seus resultados de forma tangível. O conhecimento e
quantificação de seus resultados permitem a área criar e evidenciar valor para seus
stakeholders, demonstrando sua parcela de responsabilidade na estrutura organizacional,
aumentando sua credibilidade junto a alta liderança, e conseguindo, cada vez mais, atender
adequadamente as necessidades, expectativas e anseios de seus clientes. Além disso, a função
de avaliação deve ser permanente e contínua, com participação constante da diretoria, bem
como de todos os departamentos e funcionários.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHIAVENATO, I.. Administração: Teoria, Processo e Prática. São Paulo: Makron, 2014.
CUTLIP, S.. Effective Public Relations. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 1999.
DOMENEGHETTI, D.. Novos rumos para as organizações. Revista Comunicação 360º, p.7-
8, 2006.
_______. Guidelines and Standards for Measuring the Effectiveness of Public Relations
Programs and Activities. The Institute of PR Measurement and Evaluation, 2003.
Como citar:
SANTOS, Natália Contesini. Resultados em Comunicação Interna: os desafios da avaliação e modelos
aplicáveis. Revista FOCO, v. 11, n. 1, p. 190– 206, nov../fev. 2018. Disponível em:
<http://www.revistafocoadm.org/index.php/foco/article/view/509>.