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PSICOLOGIA DO ESPORTE: HISTÓRICO, DESENVOLVIMENTO E APLICABILIDADES
Coordenação de
Ensino Instituto IPB
PSICOLOGIA DO ESPORTE:
HISTÓRICO,
DESENVOLVIMENTO E
APLICABILIDADES
SUMÁRIO
intervenção são compostas também: pelas práticas de tempo livre (atividade física
praticante com o ambiente escolar, nos mais variados graus), pela iniciação
praticantes de esporte, assim como pessoas que praticam atividade física como
doentes mentais, as pessoas com necessidades especiais entre outros), e por fim
pelos projetos sociais (tem como intuito o esporte como meio de educação e
desempenho.
A Grécia Antiga é tida como o berço da Psicologia Esportiva, pois ali alguns
motora do movimento por meio dos conceitos de corpo e alma. Com isso, o
(1897), o qual afirmou que a prática esportiva (jogar) era um meio de se preparar
mutável).
Destacam que seria por meio do esporte que mente, corpo e alma se manifestariam
em situações reais. Kellor (1908) advogou também que por meio da atividade física
não se construía apenas um corpo forte, mas também uma mente forte.
nos dias atuais (Gonzáles, 1997). Triplett (1898) estudou a influência do adversário
estímulo para a liberação de uma energia que permanecia latente ante as condições
época eram escritas por educadores, atletas e jornalistas, que não apresentavam
suporte científico suficiente para explicar esta variável. Ressalta-se, porém, que
Tchecoslováquia.
Também Bruce Ogilvie e Thomas Tutko lançam nesse mesmo período o livro
Problem athletes and how to handle theme. Este livro foi muito popular entre os
técnicos esportivos e atletas, e devido a ele Ogilvie foi referenciado como o Pai da
Psicologia Aplicada ao Esporte (Cox, Qiu & Liu, 1993). Neste período, a corrente
Apesar das contribuições anteriores de autores como Griffith, foi nesse período que
tendo como seu primeiro presidente Ferrucio Antonelli, o que demonstra que este
Journal of Sport Psychology. Machado (1997) escreve que essa juventude pode ser
esportivo.
precisavam de certificações para atuar em seus campos (Cox, Qiu & Liu, 1993).
(SOBRAPE), tendo como seu primeiro presidente o Prof. Dr. Benno Becker Junior.
América Latina, o que pode ser comprovado com base no grande volume de
Brasil.
SOBRAPE e da ISSP, tendo sido realizado em 1958 por João Carvalhaes, psicólogo
do São Paulo Futebol Clube, o qual posteriormente realizou trabalhos com a seleção
brasileira de futebol. Outro profissional foi Athaide Ribeiro da Silva, que trabalhou em
1962 e 1963 na seleção brasileira de futebol. Casal (2007) comenta que não é
casual a Psicologia do Esporte no Brasil ter começado com o futebol, já que este é o
recursos colocados à disposição do esporte, por exemplo, não psicólogos que vão
Psicologia do Esporte não está presente na grade curricular da maioria dos cursos
esteja presente há quase duas décadas nos currículos dos cursos de Educação
Física como disciplina obrigatória (Rubio, 2000). Neste sentido, parece que a
Num olhar de senso comum, costuma-se ouvir que somos aquilo onde
vivemos. Entendo, por meio do senso crítico, que nossas referências culturais são
alguns traços culturais exercem nas pessoas. Especialmente pelos agentes que
assunto me remete a pensar que somos aquilo com quem nos permitimos contatar.
maior responsável pelo efeito dessa ação, pois estará diretamente relacionada com
a influência que a mensagem vai exercer nas pessoas que a recebem e como essas
qual a opinião das pessoas tem peso significante na construção de um novo estilo
de vida.
os hábitos dos consumidores. Sua imagem deve ter credibilidade para isso. Essa
como por exemplo, frequentes visitas às pediatrias dos hospitais, campos de guerra,
restaurantes.
Depois da final da copa do mundo de 2002, era comum as crianças pelo mundo todo
imitarem o corte de cabelo usado por Ronaldinho naquela partida. Atualmente, imita-
desconhecido em personalidade nacional é tão rápida, que em certos casos não são
jogador-galã, conforme matéria publicada com o jogador Kaká (revista Veja, ed.
por exemplo.
mais intimo e até diário nos casos de jogadores que residem com os pais. A conduta
resultados positivos e imediatos, mas ao mesmo tempo age desta forma na intenção
ao poder de avaliação de uma torcida. A torcida, assim como a imprensa, tem poder
pode proporcionar uma modelo de conduta fora dos padrões aceitos pela sociedade.
tanto para comemorar uma vitória ou conquista de título, quanto para pressionar os
atletas na busca por melhores resultados ou então para protestar por uma derrota da
torcida não interfere na sua atuação, o que difere de outros que acreditam que a
jogadores preferirem jogar diante da torcida adversária, pois acreditam que são mais
motivados para jogar quando isso acontece. Nesse caso o efeito da influência dos
com a presença ou não da torcida, mas sim pelo poder de avaliação dos torcedores,
negativo. Por exemplo, quando um jogador consegue com muito esforço fazer uma
boa defesa ou então uma excelente jogada que não se concretiza em gol, mas que
Essa por sua vez, reage de imediato, gritando o nome da equipe ou entoando
pelas normas, valores e regras sociais e está diretamente relacionado com o nível
uma pessoa, que implica uma comparação social. Psicologicamente, o status é uma
imagem social que um indivíduo recebe dos membros de um grupo. Dessa forma
mundial de comunicação.
externas baseados nos valores sociais e na experiência de cada um. Mais ainda:
pelo poder de informação que terá junto aos seus seguidores e membros de suas
poderá desempenhar diferentes papéis dentro de um único grupo, fato que poderá
O conflito de papéis pode ser percebido quando o técnico de uma equipe tem
entre os atletas do grupo, seu próprio filho. Muitas vezes o papel que o pai deve
desempenhar na relação com o filho, não é compatível com o papel que, agora, na
relacionamentos mais íntimos entre treinador e atleta também podem gerar algum
como um bom pai, afetuoso, tolerante, acreditam que poderão se beneficiar, sem
levar em conta que pais também são rigorosos e rigor é o limite necessário para um
tecnológicas da época não podem ficar restritos aos profissionais da mídia ou aos
uma contextualização maior e mais profunda da cultura vigente e das buscas pelas
trabalho, nas clinicas e nas quadras, mas até quando este modelo tradicional
existirá?
Áreas de atuação
rendimento, nas práticas de tempo livre, nos projetos sociais, na iniciação esportiva
e na reabilitação.
Esporte de rendimento.
vista prático.
esportivos.
motivação, entre outros aspectos. Nos esportes coletivos, além dos exemplos
fazem exercícios físicos buscando melhorar a qualidade de vida até as pessoas que
físicas, seja, em um indivíduo que inicia uma aula numa academia, parque, clube ou
assessoria esportiva até o executivo que nas horas vagas pratica triatlon como uma
Projeto social
esportivas saudáveis que possam ser incorporadas em sua formação como cidadão.
Iniciação esportiva
de métodos adequados para crianças e jovens que iniciam nas atividades físicas e
e psicológico.
Esporte escolar.
escolares em todas as suas etapas, desde a ensino básico até o ensino superior.
Reabilitação.
Geralmente a lesão não traz consigo somente sofrimento e dor física, possui um
lúdico, até trabalhar com pessoas que necessitam da atividade física como
1997; Riera & Cruz, 1991; Weinberg & Gould, 1995; Wiggins, 1984; Williams &
Straub, 1991).
variações culturais presentes na vida dos atletas brasileiros, sem, contudo se chegar
de psicólogos brasileiros.
que convivem com uma realidade específica (Angelo, 2000; Cillo, 2000; 2003;
como meio e fim o estudo do ser humano envolvido com a prática do exercício, da
atividade física e esportiva competitiva e não competitiva, muito embora nem sempre
(Marques & Junishi, 2000; Figueiredo, 2000; Markunas, 2000; Martini, 2000).
dos profissionais da área por envolver procedimentos éticos ditados pelo Conselho
pessoais ou grupais que oferecem subsídios para se fazer uma seleção de novos
distintas de outras populações. Diante disso, questões de ordem ética têm emergido
para reflexão sobre o uso e abuso de resultados obtidos por meio de instrumentos
para ser desenvolvido irá variar conforme o referencial teórico do psicólogo que o
corporais (Eberspächer, 1995; Valdes Casal, 1996.A; Valdes Casal, 1996.B; Rubio,
2004.a).
com a prática esportiva. Ela também é feita do estudo do fenômeno esportivo a partir
do referencial da Psicologia Social (Brawley & Martin, 1995; Brustad & Ritter-Taylor,
1997; Rubio, 2007; Rubio, 2004.b; Russel, 1993), e nisso os estudos recentes
Nessa dinâmica o psicólogo é visto como aquele profissional que tem como
máximo. Essa perspectiva tem sido alvo de críticas visto que, nem o esporte de alto
somados ao tipo de vida regrada a que são submetidos contribuem para que sua
rendimento do atleta e/ou grupo esportivo (Barreto, 2003; Martin, 2001, Valle, 2003).
Mas, a Psicologia do Esporte não se limita a atuar apenas junto a esse restrito
possível dizer que o público alvo da Psicologia do Esporte é também constituído por
pessoas ou grupos que praticam exercício regular ou que treinam regularmente para
por exemplo, por corredores de longas distâncias que desejam participar de uma
inerentes à convivência intensa desse tipo de prova, são equipes de veteranos que
realizar atividade física, por escolha ou indicação, e têm como maior desafio
da escola, nos mais variados graus (Rubio, 2004.b). Apesar de pouco explorada no
Unidos que tem nos colégios e universidades o locus privilegiado para a formação
modelo americano, uma vez que parte dos atletas que compete nessa categoria é
contratada apenas para defender equipes colegiais sem ter vínculo acadêmico com
a escola, gerando graves distorções entre os alunos. Por outro lado, as equipes
formadas por alunos regulares padecem com o desnível gerado pela condição
técnico, com atletas que tentam equacionar prática esportiva, atividade acadêmica e
modelo pré-determinado.
(Belló, 1999; Markunas, 2003; Scalon, 2004; Rubio, Kuroda, Marques, Montoro,
desempenho pode ser motivado por mais de uma das razões apontadas e que a
da prática esportiva.
sociais.
Romano, Negrão, 2000; Markunas, 2000.a; 2003; Rubio & Angelo, 2005). Isso
retorno a treinos e competições. Isso porque não é raro acontecer de o atleta estar
pronto, do ponto de vista físico, para voltar à ativa, mas não conseguir desempenhar
reabilitação os cuidados com pessoas que sofrem algum tipo de acidente ou trauma
e que passam a necessitar de atividade física regular para o transcorrer de sua vida.
que passaram por acidente vascular cerebral, obesos que estão sob os cuidados
de necessidades especiais que têm na prática esportiva regular uma forma de busca
procedimentos adotados são os do alto rendimento, uma vez que o objetivo a ser
Uma outra área que tem se apresentado ao psicólogo do esporte como muito
promissora são os chamados projetos sociais (DiPierro & Silva, 2003; Marques,
2002; Sanches, 2004; Silva, 2006). Em sua grande maioria, a proposta desses
de profissionais que trabalha e atende esse público. Ainda que sob a denominação
projeto social as propostas de atuação podem ser bastante distintas, umas tendendo
Em ambas as situações a que se ter muito claro que o vínculo do psicólogo com a
(Rubio, 2007).
Não é raro surgir demandas de atletas que não estejam ligadas diretamente
trabalhar essas demandas ele não estará saindo de seu papel de `do esporte' e
especificidade é ser do esporte ela não deixa de estar fincada em bases amplas que
com esse modelo, uma vez que sua vida não se restringe apenas a treinos e
competições (Rubio, 2006), mas, nesse caso, o procedimento mais adequado seria
função. Vale ressaltar que o código de ética da Psicologia prevê esse tipo de
situação e indica que não é recomendado que o profissional psicólogo desvie para
Esporte.
REFERÊNCIAS