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Turma: HV3
Aluno(a): _____________________________________________________________________________________________
Mês: fevereiro
Profª.:
Atividades de Português
Aula do dia 08/02 – Assunto: Conto de enigma
Os romances de Conan Doyle me deram o desejo de empreender alguma façanha no gênero das de Sherlock
Holmes. Pareceu-me que deles se concluía que tudo estava em prestar atenção aos fatos mínimos. Destes, por uma
série de raciocínios lógicos, era sempre possível subir até o autor do crime.
Quando acabara a leitura do último dos livros do Conan Doyle, meu amigo Alves Calado teve a oportuna
nomeação de delegado auxiliar. Íntimos, como éramos, vivendo juntos, como vivíamos na mesma pensão, tendo até
escritório comum de advocacia, eu lhe tinha várias vezes exposto minhas ideias de “detetive”. Assim, no próprio dia
de sua nomeação ele me disse:
— Eras tu que devias ser nomeado!
Mas acrescentou, desdenhoso das minhas habilidades:
— Não apanhavas nem o ladrão que roubasse o obelisco da avenida!
Fi-lo, porém, prometer que, quando houvesse algum crime, eu o acompanharia a todas as diligências. Por outro
lado levei-o a chamar a atenção do seu pessoal para que, tendo notícia de qualquer roubo ou assassinato, não invadisse
nem deixasse ninguém invadir o lugar do crime.
— Alta polícia científica – disse ele, gracejando.
Passei dias esperando por algum acontecimento trágico, em que pudesse revelar minha sagacidade. Creio que
fiz mais do que esperar: cheguei a desejar.
Uma noite, fui convidado por Madame Guimarães para uma pequena reunião familiar. Em geral, o que ela
chamava “pequenas reuniões” eram reuniões de vinte a trinta pessoas, da melhor sociedade. Dançava-se, ouvia-se boa
música e quase sempre ela exibia algum “número” curioso: artistas de teatro, de music-hall ou de circo, que contratava
para esse fim. O melhor, porém, era talvez a palestra que então se fazia, porque era mulher muito inteligente e só
convidava gente de espírito. Fazia disso questão.
A noite em que lá estive entrou bem nessa regra.
Em certo momento, quando ela estava cercada por uma boa roda, apareceu Sinhazinha Ramos. Sinhazinha era
sobrinha de Madame Guimarães; casara-se pouco antes com um médico de grande clínica. Vindo só, todos lhe
perguntaram:
— Como vai seu marido?
— Tem trabalhado por toda a noite, com uma cliente. [...]
A casa era de dois andares e Madame Guimarães, nos dias de festas, tomava a si arrumar capas e chapéus
femininos no seu quarto:
— Serviço de vestiário é exclusivamente comigo. Não quero confusões. [...]
Nisto, uma das senhoras presentes veio despedir-se de Madame Guimarães. Precisava de seu chapéu. A dona
da casa, que, para evitar trocas e desarrumações, era a única a penetrar no quarto que transformara em vestiário,
levantou-se e subiu para ir buscar o chapéu da visita, que desejava partir.
Não se demorou muito tempo. Voltou com a fisionomia transtornada:
— Roubaram-me. Roubaram o meu anel de brilhantes…
1. Faça uma breve pesquisa. Quem foi Conan Doyle? E quem era Sherlock Holmes?
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2. O narrador do conto é personagem (ele narra e participa da história) ou observador (apenas narra,
não participa da história)? Justifique.
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3. Qual é a principal característica da personalidade do narrador? Ela é decisiva para sua atitude diante
do caso do roubo? Justifique
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Um conto de enigma é uma narrativa e, assim, desenvolve uma sequência de ações que formam um enredo. Em
geral, ele se inicia depois da ocorrência de um mistério que precisa ser desvendado (um crime, por exemplo).
Apresenta-se, então, um detetive, que, por meio de pistas, deve solucionar o caso. A resolução do enigma costuma
ser inesperada e surpreender o leitor.
7. Que medidas foram tomadas para descobrir quem havia furtado o anel?
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9. O que motivou Sinhazinha Ramos a cometer o crime? Por que ela supôs que não suspeitariam dela?
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A “Morte Rubra” há muito tempo devastava o país. Jamais se viu peste tão fatal ou tão hedionda. O sangue era
sua revelação e sua marca. A cor vermelha e o horror do sangue. Surgia com dores agudas e súbita tontura, seguidas
de profuso sangramento pelos poros, e então a morte. As manchas rubras no corpo e principalmente no rosto da vítima
eram o estigma da peste que a privava da ajuda e compaixão dos semelhantes. E entre o aparecimento, a evolução e o
fim da doença não se passava mais de meia hora.
Mas o príncipe Próspero era feliz, destemido e astuto. Quando a população de seus domínios se reduziu à
metade, mandou vir à sua presença um milhar de amigos sadios e divertidos dentre os cavalheiros e damas da corte e
com eles retirou-se, em total reclusão, para um dos seus mosteiros encastelados. Era uma construção imensa e
magnífica, criação do gosto excêntrico, mas grandioso do próprio príncipe. Circundava-a a muralha forte e muito alta,
com portas de ferro. Depois de entrarem, os cortesãos trouxeram fornalhas e grandes martelos para soldar os ferrolhos.
Resolveram não permitir qualquer meio de entrada ou saída aos súbitos impulsos de desespero dos que estavam fora
ou aos furores do que estavam dentro. O mosteiro dispunha de amplas provisões. Com essas precauções, os cortesãos
podiam desafiar o contágio. O mundo externo que cuidasse de si mesmo. Nesse meio-tempo era tolice atormentar-se
ou pensar nisso. O príncipe havia providenciado toda a espécie de divertimentos. Havia bufões, improvisadores,
dançarinos, músicos, beleza, vinho. Lá dentro, tudo isso mais segurança. Lá fora, a “Morte Rubra”.
Lá pelo final do quinto ou sexto mês de reclusão, enquanto a peste grassava mais furiosamente lá fora, o
príncipe Próspero brindou os mil amigos com um magnífico baile de máscaras.
Que voluptuosa cena a daquela mascarada! Mas antes descrevamos os salões em que ela se desenrolava. Era
uma série imperial de sete salões.[...] O sétimo salão estava todo coberto por tapeçarias de veludo negro, que pendiam
do teto e pelas paredes, caindo em pesadas dobras sobre um tapete do mesmo material e tonalidade. [...] As vidraças,
ali, eram rubras – de uma violenta cor de sangue. [...]
Era também nesse apartamento que se achava, encostado à parede oeste, um gigantesco relógio de ébano. Seu
pêndulo oscilava de um lado para o outro com um bater surdo, pesado, monótono; quando o ponteiro dos minutos
completava o circuito do mostrador e o relógio ia dar as horas, de seus pulmões de bronze brotava um som claro, alto,
grave e extremamente musical, mas em tom tão enfático e peculiar que, ao final de cada hora, os músicos da orquestra
se viam obrigados a interromper momentaneamente a apresentação para escutar-lhe o som; com isso os dançarinos
forçosamente tinham de parar as evoluções da valsa e, por um breve instante, todo o alegre grupo mostrava-se
perturbado; enquanto ainda soavam os carrilhões do relógio, observava-se que os mais frívolos empalideciam e os
mais velhos e serenos passavam a mão pela teste, como se estivessem num confuso devaneio ou meditação. Mas, assim
que os ecos desapareciam interiormente, risinhos levianos logo se riam do próprio nervosismo e insensatez e, em
1. No conto, Morte Rubra era uma peste. Quais eram os sintomas dessa doença?
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3. Por que o Príncipe se isola com certas pessoas num local fortificado?
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6. Por que o trecho “até que finalmente começaram a soar as doze badaladas da meia noite no relógio
de ébano” acentua o efeito do mistério do conto?
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7. Contos de terror costumam apresentar elementos sobrenaturais, ou seja, situações que a ciência não
explica. O que há de sobrenatural na narrativa lida?
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O objetivo dos contos de terror é despertar no leitor sensações de medo e horror. Para atingir esse objetivo,
algumas narrativas apresentam elementos sobrenaturais. Em outras, o horror é produzido pela vivência da própria
condição humana. Nos contos de terror, tempo e espaço são recursos essenciais na criação do suspense.
“[...] O sétimo compartimento era totalmente amortalhado por pálios de veludo negro que não somente pendiam das
paredes, como recobriam-lhe todo o teto e tombavam em dobras pesadas sobre um tapete do mesmo material e da
mesma cor. [...] Nos vitrais desta sala, predominava escarlate, ou antes, um tom profundo de vermelho sangue. [...]”
Como vimos, o texto “Se eu fosse Sherlock Holmes” é um conto de enigma. Enquanto “Morte rubra” é um conto de
terror. No de enigma, o suspense torna o leitor curioso sobre a revelação dos aspectos do crime narrado. Além disso,
ele termina com o crime solucionado. Já no conto de terror, ele cria uma atmosfera assustadora, propícia a elementos
sobrenaturais e costuma ter um desfecho negativo.
1) Câmara aprova plano de R$ 3 bilhões para socorro à cultura durante a pandemia. (Gazeta do Povo,
26/05/2020)
Sujeito é o termo com o qual o verbo concorda; é sobre quem se fala. Predicado é o que se diz sobre o sujeito, é o
termo da oração em que está o verbo.
Ainda não entendeu o que é sujeito e predicado? Não tem problema, eu te ajudo. Sujeito é quem está agindo
nas frases. Por exemplo, quando eu digo “Rafael leu o livro.”, quem está agindo, quem leu algo foi Rafael. Isto é,
Rafael é o sujeito da frase.
Para facilitar sua vida, vou te dar uma super dica! Para encontrar o sujeito de uma oração, basta perguntar ao
verbo “Quem é que + verbo?”. A resposta de sua pergunta será o sujeito. Tudo o que sobrar da oração é o predicado.
Neste caso, o verbo, a ação da frase, é “comeu”. Perguntaremos então: Quem é que comeu?
Bem, a resposta de nossa pergunta é: “Rafael”. Sendo assim, Rafael é o sujeito da frase. Logo, o predicado é tudo o
que sobrou, depois de termos tirado o sujeito: “comeu bolo de chocolate.”
sujeito predicado
CLASSIFICAÇÃO DO SUJEITO:
a) SUJEITO SIMPLES: é aquele que possui apenas um núcleo, ou seja, quando o verbo se refere a uma só palavra.
(Miguel viajou. / Nós aprendemos a música.)
b) SUJEITO COMPOSTO: é aquele que possui mais de um núcleo. (Pai e filho estudam juntos em casa. / Aprendem
mais os otimistas e os esforçados.)
c) SUJEITO OCULTO: é aquele que não está explícito na oração, mas pode ser determinado pela flexão número-
pessoa do verbo, ou por sua presença em alguma oração antecedente. (Gosto de viajar todos os anos. [Quem é que
gosto? Só pode ser eu] / Caímos de bicicleta. [Quem é que caímos? Só pode ser nós])
Exercícios:
Sujeito: ________________________________________
Predicado: ________________________________________
Sujeito: ________________________________________
Predicado: ________________________________________
Sujeito: ________________________________________
Predicado: ________________________________________
3. Complete as orações a seguir com os tipos de sujeitos indicados entre parênteses, para que fiquem coerentes com os
predicados.
a) No 2º quadrinho há 3 orações:
c) Na fala da última tirinha: “Não quero saber essas coisas”, o sujeito da oração é:
( ) simples ( ) composto ( ) desinencial
CRÔNICA
É um texto breve, ligado a vida cotidiana, com linguagem coloquial. Pode ter um tom humorístico ou um
toque de crítica indireta, especialmente quando aparece em seção ou artigo de jornal, revistas e programas da TV.
Exercícios
A ÚLTIMA CRÔNICA
A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou
adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais
um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida
diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao
circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de
uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada
para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria
o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem
os assuntos que merecem uma crônica.
Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao
longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar
pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou
também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três
seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém,
que se preparam para algo mais que matar a fome.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o
garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a
ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o
Texto de Fernando Sabino, extraído do livro "A Companheira de Viagem", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1965, pág. 174.
2. Existe alguma relação entre a situação vivida pela família da crônica e a de nossos dias?
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3. Você seria capaz de buscar, num fato do seu dia-a-dia, momentos de fraternidade e sensibilidade e nele descobrir
suas belezas? Se sim, dê exemplos.
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4. O acontecimento da crônica ocorreu num cenário e envolveu pessoas? Em que cenário? Como você descreveria
o botequim?
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6. O narrador-observador não está presente na festa de aniversário, mas é a personagem central dela, por quê?
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7. Que hipóteses poderíamos formular para o fato de a mãe ter guardado as velinhas?
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8. Há nas duas últimas orações do 2º parágrafo uma crítica a instituição família? Você concorda? Explique.
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9. “Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual”. A que ritual o autor se refere?
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10. O autor diz que o pai demonstra estar satisfeito com a celebração. E você, o que acha?
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1. Em sua opinião o constrangimento do pai, ao perceber que estava sendo notado, é normal?
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2. Apesar da dificuldade financeira, podemos destacar sentimentos nobres na relação daquela família. Cite alguns.
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6. No segundo parágrafo, ao descrever a menina, o autor utiliza de adjetivos no diminutivo. Que motivo o leva a
fazer essa escolha lexical?
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7. Defina crônica, com suas palavras, a partir da leitura do primeiro parágrafo do texto de Fernando Sabino.
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