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Ciclo do Ácido Cítrico

Ciclo do ácido cítrico, transporte de


elétrons e fosforilação oxidativa
Sob condições aeróbicas, a
maioria das células eucarióticas e
muitas bactérias oxidam
completamente a glicose em
processos que envolvem o
consumo de O2 e a eliminação
de CO2, os quais constituem a
respiração celular.
Respiração Celular
O primeiro refere-se à produção do
acetil-CoA a partir do catabolismo de
glicose, ácidos graxos e aminoácidos,
no citosol; o segundo, à oxidação do
acetil-CoA pelo ciclo do ácido cítrico, na
matriz mitocondrial, e o terceiro, à
transferência de elétrons e fosforilação
oxidativa, na membrana interna
mitocondrial.
Produção de Acetil-Coa a partir de
Piruvato

FAD TPP
CoA-SH NAD+ lipoato NADH
Ocorre a
geração de
Complexo piruvato
desidrogenase (E1 + E2 + E3)
uma molécula
Piruvato Acetil-CoA de NADH

G’° = -33,4 kJ mol-1

Ocorre a liberação
A reação do complexo piruvato desidrogenase de uma molécula
de CO2
Acetil-CoA
2C
1 6C
Visão geral do ciclo 4C citrato sintase
do ácido cítrico
2a
8 Oxalacetato Citrato
ma
lat aconitase
od
esi
dr
og
en
as
6C
Malato 4C e cis-Aconitato
2b
7 fumarase
aconitase

4C 6C
iso
de citra Isocitrato
sid to
se ro
o gena ge
d esidr na
se
Fumarato inato

-ce rogenas
succ

desi
3
4C

togl
d
6

utar
CoA
uc c inil-

ato
S
tase

e
sinte

Succinato
5C
-Cetoglutarato

Succinil- 4
CoA
5 4C
A oxidação de uma molécula de piruvato, pelo
complexo piruvato desidrogenase e pelo ciclo
do ácido cítrico, é intensamente exergônica e a
reação geral é:

Piruvato + 4 NAD+ + FAD + GDP + Pi + 2 H2O →


3 CO2 + 4 NADH + FADH2 + GTP + 4 H+
G’°= 77,7 kJ/mol

4 NADH
1 piruvato → 1 FADH2
1 GTP
Regulação do ciclo do ácido cítrico
A regulação do ciclo do ácido cítrico é exercida
em três passos enzimáticos. A citrato sintase
(Passo 1) é inibida pelo ATP, NADH, succinil-
CoA e citrato. A isocitrato desidrogenase (Passo
2) é inibida por ATP e NADH e estimulada por
ADP e NAD+. O complexo -cetoglutarato
desidrogenase (Passo 3) é inibido por ATP,
NADH e succinil-CoA. A piruvato desidrogenase
também exerce função reguladora sendo inibida
pelos efetores alostéricos NADH, ATP e acetil-
CoA.
A regulação do ciclo do ácido
cítrico
Portanto, a velocidade do ciclo é controlada
pela velocidade de conversão do piruvato em
acetil-CoA e pelo fluxo por meio das três
enzimas do ciclo. Assim, quando as células
apresentam altas proporções de ATP/ADP e
NADH/NAD+, ATP e NADH atuam inibindo
enzimas responsáveis pelas reações
oxidativas. Inversamente, a necessidade de
gerar mais ATP funciona como um estímulo
para as enzimas oxidativas
O transporte de elétrons e a fosforilação
oxidativa

A energia liberada pela oxidação de


nutrientes é usada, pelos organismos
aeróbicos, na forma de energia
química (ATP). A produção de ATP
(processo endergônico), resultante da
fosforilação oxidativa, ocorre de
forma acoplada ao transporte de
elétrons, carreados pelo NADH e
FADH2, até o O2 (processo
exergônico)
Cadeia transportadora de elétrons
Numa série de transferências de oxirredução,
os quatro complexos enzimáticos (I a IV),
que constituem a cadeia transportadora,
conduzem os elétrons ao longo da
membrana interna mitocondrial até o O2, que
é reduzido a H2O. Cada complexo enzimático
pode realizar as reações de uma porção da
cadeia respiratória. Além desses complexos,
dois transportadores de elétrons (coenzima
Q e o citocromo c) estão livres para se
deslocar internamente e ao longo da
membrana interna mitocondrial (Figura 9.3).
Fluxo de elétrons e a síntese de ATP

2H+
4H+ 4H+
Cit c H+
H+
+ + + + + +
+ + + +
+ + +
+
H+
H+ H+

+
_ _
_ _ _ _

+
_ _ _
_ _ H+
½ O2 H2O
Succinato Fumarato + H+
ADP + Pi H+
NADH NAD+
+ H+ 3H+
ATP

_
_
Potencial Síntese de ATP Potencial _
_
químico dirigida pela elétrico
pH força próton- 
(interior alcalino) motriz (interior negativo)

Figura 1 O fluxo de elétrons e prótons na


cadeia respiratória e a síntese de ATP
1) Os equivalentes redutores de
todas as reações de
desidrogenações catalisadas por
enzimas NAD-dependentes são
transferidos à NADH-CoQ
oxidorredutase (Complexo I).
Composição do
complexo I
O complexo enzimático inclui, entre outras
subunidades, dois grupos prostéticos (um
centro Fe-S e flavina adenina
dinucleotídeo, FMN), e catalisa dois
processos simultaneamente.
Processos catalisados
simultaneamente pelo complexo I
O primeiro é a transferência de um íon hidreto (:H–
) do NADH para a coenzima Q. A desidrogenação
do NADH ocorre por meio de sucessivas reações
que culminam com a redução da coenzima Q
(também chamada de ubiquinona) a CoQH2.
O segundo processo é a transferência de 4H+
para fora da matriz mitocondrial (bombeamento de
prótons) que gera um gradiente de pH (ou de
prótons). Este processo é fortemente exergônico
(G’°= 81 kJ mol-1), liberando energia suficiente
para a fosforilação de ADP em ATP, que requer
30,5 kJ mol-1.
Complexo II
2) A succinato-CoQ oxidorredutase (Complexo II)
catalisa a transferência de elétrons para a coenzima
Q. A succinato desidrogenase (do ciclo do ácido
cítrico) faz parte desse complexo, o qual contém dois
tipos de grupos prostéticos (Fe-S e flavina adenina
dinucleotídeo, FAD) e, pelo menos, quatro proteínas
diferentes. O complexo catalisa a oxidação do
succinato, proveniente do ciclo do ácido cítrico, em
fumarato enquanto a coenzima Q é reduzida a
CoQH2. Nenhum próton é bombeado para fora da
matriz mitocondrial. Embora a reação seja exergônica
(G’°= 13,5 kJ mol-1), a energia liberada não é
suficiente para a fosforilação de ADP em ATP
Complexo III
A CoQH2-citocromo c oxidorredutase
(Complexo III) acopla a transferência de
elétrons de QH2 para o citocromo c. Esse
complexo é um dímero de monômeros
idênticos. Em cada monômero, o centro
funcional é formado de três subunidades: o
citocromo b (com dois hemes, bH e bL), a
proteína Fe-S de Rieske (com um centro 2Fe-
2S) e o citocromo c1 (com um heme). O
complexo possui dois sítios de ligação
distintos (QN e QP.) para a coenzima.
Complexo III
Em resumo, o complexo III acopla a
transferência de dois elétrons de
QH2 até duas moléculas de
citocromo c, com o bombeamento
de 4H+ para fora da matriz. Essa
etapa é exergônica (G’°= 34,2 kJ
mol-1), liberando energia suficiente
para a fosforilação de ADP
Citocromo oxidase – Complexo IV
4) A citocromo oxidase (Complexo IV) catalisa a transferência
do citocromo c para o oxigênio, o último aceptor de elétrons
da cadeia. Esse complexo contém os citocromos a e a3, além
de dois íons Cu2+ que são os aceptores intermediários dos
elétrons entre os dois citocromos. A transferência de elétrons
envolve a atuação de dois centros binucleares (CuA e CuB).
Duas moléculas de citocromo c doam dois elétrons para CuA,
que os transfere para CuB e, desse, para o oxigênio
molecular que é reduzido a uma molécula de H2O. Isso
resulta no bombeamento de 2H+ para fora da matriz.
Portanto, para cada quatro elétrons transferidos, o complexo
enzimático consome 4H+ da matriz reduzindo o O2 em duas
moléculas de H2O. Essa etapa é fortemente exergônica
(G’°= 110 kJ mol-1), liberando energia suficiente para a
fosforilação de ADP em ATP
Bombeamento de prótons da matriz
mitocondiral para o espaço intermembranas
Toda a operação descrita anteriormente gera o
bombeamento de prótons, da matriz mitocondrial para
o espaço intermembranas, criando um gradiente de
prótons (ou pH) e um gradiente elétrico (). O
gradiente eletroquímico, que representa a energia
potencial armazenada (ou força próton motriz) e o
potencial de membrana (), fornece a base do
mecanismo de acoplamento quimiosmótico. O fluxo
inverso de prótons pela membrana de volta à matriz
mitocondrial fornece a energia livre para a síntese do
ATP, catalisada pela ATP sintase (Figura 9.4)
Estrutura da ATP sintase

Figura 2 Estrutura da ATP sintase .


Complexo proteico oligomérico ATP
sintase
O complexo proteico oligomérico ATP
sintase possui dois componentes: FO,
que se estende pela membrana interna
e possui três diferentes tipos de cadeias
polipeptídicas (a, b, c) e, F1, que se
projeta para a matriz, e consiste de
cinco tipos diferentes tipos de cadeias
polipeptídicas na proporção 33. F1
é o sítio da síntese de ATP.
Formação de ATP
Os prótons, presentes no espaço
intermembranas, retornam à
matriz mitocondrial através dos
canais de prótons no
componente FO da ATP sintase.
Esse fluxo é acompanhado pela
formação de ATP, que ocorre no
componente F1.
Inibidores específcos da cadeia
respiratória
Há três sítios, correspondentes aos complexos
enzimáticos na cadeia respiratória, nos quais
inibidores específicos exercem efeitos. Amital e
rotenona bloqueiam a transferência de elétrons da
flavoproteína NADH-redutase (no complexo I) para a
coenzima Q. Antimicina A inibe a transferência de
elétrons envolvendo os citocromos b, a coenzima Q e
o citocromo c1. Cianeto (CN), azida (N3) e monóxido
de carbono (CO) são inibidores da transferência de
elétrons do complexo citocromo aa3 para o oxigênio.
Compostos desacopladores (2,4-dinitrofenol,
valinomicina, gramicidina A) inibem a fosforilação do
ADP sem afetar o transporte elétrons.
Sistemas transportadores (ou
“lançadeiras”)- Circuito glicerol-fosfato
Dois importantes sistemas
transportadores (ou “lançadeiras”)
transferem elétrons produzidos nas
reações citosólicas para a mitocôndria. O
circuito glicerol-fosfato, encontrado no
cérebro e músculo esquelético, transfere
elétrons para o FAD, reduzindo-o a FADH2
(complexo II) que, posteriormente, os
transfere para a coenzima Q.
Sistemas transportadores (ou
“lançadeiras”) – circuito malato-aspartato
O circuito malato-aspartato, encontrado
nos rins, coração e fígado, transfere elétrons
para o NAD+, reduzindo-o a NADH e, a
seguir, para o complexo I. Um sistema de
contra transporte (adenina nucleotídeo
translocase), sensível ao atractilosídeo,
permite a entrada de ADP na mitocôndria e a
saída de ATP para o citosol. Esse sistema
atua conjuntamente com um sistema de co-
transporte (fosfato translocase) de Pi e H+
para dentro da mitocôndri
Sistemas de Lançadeiras

Citosol/glicólise Mitocondria/Cadeia
repiratória
(1) circuito glicerol-fosfato

2 NADH 2 FADH 2 / 3 ATP

(2) Circuito malato-aspartato

2 NADH + 2H / 6 ATP
2 NADH
Produção de ATP
O fluxo de elétrons do NADH para o oxigênio
resulta num G’°= 220 kJ mol-1, e do FADH2
para o oxigênio gera um G’°= 200 kJ mol-1,
energia suficiente para a produção de ATP. A
razão P/O, determinada experimentalmente, é
2,5 (ATP) para cada NADH oxidado e 1,5 (ATP)
para cada FADH2 oxidado. Essas informações
permitem predizer, aproximadamente, o
rendimento de ATP após a oxidação completa
de uma molécula de glicose a CO2 e H2O
(Tabela 9.1)
Regulação da fosforilação
oxidativa
A regulação da fosforilação oxidativa, garantindo
as necessidades da célula pelo ATP, é crucial. A
velocidade da respiração mitocondrial (consumo
de O2) e a razão [ATP]/([ADP]/[Pi]) determinam o
estado energético da célula. Em situações em que
se requer energia pela quebra do ATP
(biossíntese, por exemplo), essa razão diminui.
Com disponibilidade de ADP, a velocidade da
respiração aumenta regenerando o ATP. Em
suma, ATP é formado tão rapidamente quanto é
usado nos processos metabólicos que necessitem
de energia
Oxidação completa da glicose

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