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Unidade II

CIÊNCIAS ECONÔMICAS INTEGRADA

Prof. Claudio Ditticio


Objetivos da disciplina

 Discussão de aspectos relacionados ao subdesenvolvimentismo,


desenvolvimento e desenvolvimentismo sob a ótica de
uma economia capitalista.

 Evolução do planejamento no Brasil a partir de uma


perspectiva histórica, considerando os propósitos
e as ações do governo em função dos projetos
de crescimento e desenvolvimento econômicos.

 Questões que dificultam o desenvolvimento brasileiro.


Assuntos integrantes da unidade II

 Análise do planejamento no setor público como condição para


o alcance do crescimento e desenvolvimento econômicos.

Duas formas de organização da atividade econômica:

a) Descentralizada (economia de mercado): predominante


nas economias ocidentais.

b) Centralizada, predominante nas situações em que as


economias são socialistas ou comunistas.
Características da forma descentralizada

 Livre-iniciativa.

 Presença do Estado.

 Elementos de uma economia capitalista.


Livre-iniciativa

 Nenhum agente econômico, empresas produtoras ou


vendedoras ou famílias fornecedoras de fatores de
produção e consumidoras de mercadorias
se preocupa com o gerenciamento para o
bom funcionamento do sistema de preços

 Há uma espécie de mão invisível agindo sobre os mercados


e ela opera como coordenadora das atividades econômicas
e sociais.
Livre-iniciativa

Auxilia na resposta ao problema econômico fundamental, isto é,


resolve as questões principais de um sistema econômico:
 O que e quanto produzir? – Consumidores que dão sinais
ao mercado e às empresas do que precisam produzir.

 Como produzir? – Determinada pela concorrência entre


os produtores pela adoção do método de fabricação mais
eficiente ou mais barato.

 Para quem produzir? – respondida pelo montante de renda


individual.
Fluxo circular da renda e do produto

Fonte: Livro-texto.
Fluxo circular da renda e do produto

 As famílias sinalizam o mercado sobre o que elas precisam


consumir e, portanto, orientam as empresas sobre o que
devem produzir.

 As empresas também dão sinais de mercado e necessitam


empregar fatores de produção (terra, trabalho, capital,
tecnologia e capacidade empresarial) em determinadas
quantidades.

 São determinados os preços das mercadorias


e dos fatores de produção.
Fluxo circular da renda e do produto

 Altas taxas de inflação aliadas às dificuldades orçamentárias


de governos de países subdesenvolvidos atuam como
entraves à capacidade do setor público no financiamento
de projetos em áreas estratégicas ou infraestruturais
(transportes, educação, saúde, comunicações
e área social).

 O sistema de preços determina preços e quantidade de


equilíbrio, pois os consumidores estabelecem os preços
máximos que desejam pagar pelo consumo das mercadorias
e os produtores estabelecem os preços mínimos que desejam
remunerar pela utilização dos fatores de produção.
Presença do estado

 Em função das imperfeições apresentadas pelo sistema


de preços da livre-iniciativa:

 O Estado surge para regulamentar estas atividades.

 A introdução do governo nesse modelo simplificado não


o modifica, pois exerce funções normativas e regulatórias
ao participar dos fluxos econômicos fundamentais.

 O governo se apropria de uma parte da renda e supre a


sociedade com bens e serviços de uso coletivo, remunerando
fatores de produção das famílias – tem ainda a função
de adquirir produtos das empresas.
Elementos de uma economia capitalista

 O sistema caracteriza-se por uma organização econômica


baseada na propriedade privada dos meios de produção
ou de capital.

Os elementos da economia capitalista são:


 capital;
 propriedade privada dos meios de produção;
 divisão do trabalho através da especialização
e da mecanização da produção;
 moeda.
A mão invisível

 Cada agente cuida de si – competição é um fator inerente


e determinante em uma Economia de Mercado – todos os
agentes fazem escolhas racionais para obter mais poder de
mercado que os demais, buscando maximizar seu benefício
individual.

 A relação de troca das mercadorias é a peça-chave na solução


do problema econômico, individual e coletivo.

 As trocas ocorrem com a intermediação da moeda/dinheiro.


A mão invisível

 Para Jorge e Moreira (1990, p.27), qualquer que seja a forma


de organização da atividade econômica de uma comunidade,
[...] os seus objetivos são muito semelhantes: busca-se
otimizar a satisfação do indivíduo, de um lado e, de outro,
maximizar a eficiência produtiva.
Economias atuais

 Dizemos que elas são economias mistas e que combinam


características das economias de mercado e das economias
centralizadas.
O planejamento nas economias capitalistas

Para Betty Mindlin Lafer (1975, p.12), nas economias capitalistas


a necessidade de planejamento relaciona-se com objetivos
econômicos e sociais derivados das falhas de mercado que
impedem o Ótimo de Pareto. Diante de crises cíclicas do
capitalismo [...] [com] impacto no [...] emprego e crescimento
econômico, a adoção “de modelos racionais de política
econômica” poderiam permitir a alocação ótima de recursos.
Não há que se pensar que o planejamento governamental sirva
para substituir a economia de mercado, mas apenas para
corrigir suas imperfeições, “aproximando a alocação de
recursos correspondente a um ótimo pareteano e aumentando
a eficiência dinâmica do sistema, ou seja, promovendo o
desenvolvimento econômico”.
(LAFER, 1975, p.16).
O planejamento nas economias capitalistas

 Um país que esteja experimentando pela primeira vez a


estratégia de planejamento não se dedica especificamente a
entender pormenorizadamente as condições econômicas de
setores isolados.

 Inicia, na maioria das vezes, com um amplo programa de


investimentos públicos nas áreas de transportes, energia,
educação e saúde que vai além de seu orçamento.
Demanda derivada

 A iniciativa do governo de investir em uma área específica,


por exemplo, a saúde, causa um efeito positivo em toda
a sociedade.

 Trata-se do efeito cascata ou dominó: uma cadeia de


produção puxa a outra.
O porquê do planejamento

 Quando a economia atingir a maturidade, o seu desempenho


passa a ser comandado por um conjunto de transformações
pelas quais passou e que afetam o setor de mercado interno,
independentemente do desempenho da base exportadora.

 O planejamento consiste em apontar o caminho mais racional


do desenvolvimento, considerando as características da
economia que se está analisando.
O porquê do planejamento

 Para Matias-Pereira (2012) o planejamento é um elenco de


ações interligadas e que se complementam entre diferentes
instâncias governamentais para que seu real objetivo seja
conquistado.

 O planejamento [...] é um processo dinâmico de racionalização


coordenada das opções, permitindo prever e avaliar cursos de
ação alternativos e futuros [para as] tomadas de decisões
mais adequadas e racionais.
Interatividade

Aponte, entre as alternativas a seguir, o que é correto sob a


ótica do sistema capitalista descentralizado:
I. Nenhum agente econômico, empresas ou consumidores de
bens e serviços, se preocupa em desempenhar o papel de
gerenciar o bom funcionamento do sistema de preços.
II. Há uma espécie de mão invisível agindo sobre os mercados
e ela opera como coordenadora das atividades econômicas.
III. Na teoria econômica, mesmo esta forma descentralizada
somente é viável se houver a intervenção do governo na
economia visando eliminar a ocorrência de preços altos.
IV. O modelo do Fluxo Circular da Renda e do Produto não
consegue ser atendido sob a ótica da livre-iniciativa.
Interatividade

a) Estão corretos os itens I e IV.


b) Estão corretos os itens II e III.
c) Está correto o item II.
d) Está correto o item I.
e) Estão corretos os itens I e II.
Resposta

Aponte, entre as alternativas a seguir, o que é correto sob a


ótica do sistema capitalista descentralizado:
I. Nenhum agente econômico, empresas ou consumidores de
bens e serviços, se preocupa em desempenhar o papel de
gerenciar o bom funcionamento do sistema de preços.
II. Há uma espécie de mão invisível agindo sobre os mercados
e ela opera como coordenadora das atividades econômicas.
III. Na teoria econômica, mesmo esta forma descentralizada
somente é viável se houver a intervenção do governo na
economia visando eliminar a ocorrência de preços altos.
IV. O modelo do Fluxo Circular da Renda e do Produto não
consegue ser atendido sob a ótica da livre-iniciativa.
Resposta

a) Estão corretos os itens I e IV.


b) Estão corretos os itens II e III.
c) Está correto o item II.
d) Está correto o item I.
e) Estão corretos os itens I e II.
Resgate das iniciativas de planejamento no Brasil:
breve revisão

O Estado tem função explícita de planejamento. O planejamento


governamental, portanto, além de um instrumento de ação
pública, deve ser visto como uma imposição constitucional.
Isso está explícito na Constituição Federal de 1988 por meio de
vários dispositivos que lhe conferem caráter imperativo ao
estabelecer a obrigatoriedade de formulação de planos, de
forma ordenada e sequencial para viabilizar o alcance dos
objetivos previamente estabelecidos, que buscam o atingimento
do progresso econômico e social. Matias-Pereira (2012, p.284).
Porque ocorreu o planejamento no Brasil

Giambiagi e Além (2008) concluem que a expansão das


atividades do Estado no Brasil não decorreu de uma atitude
deliberada do Estado com vistas a ocupar o espaço do setor
privado, tendo procurado:
 expandir a produção no país em decorrência de um setor
privado restrito;
 atenuar as tensões internas provocadas por efeitos
de crises internacionais;
 controlar a expansão do capital estrangeiro em áreas de
interesse público, bem como nas áreas de exploração de
recursos naturais;
 promover a industrialização do país de forma rápida.
Estado desenvolvimentista

 Liderando um processo de substituição de importações,


coloca o país na rota do crescimento econômico induzido
pela produção interna em diferentes áreas, inicialmente na
infraestrutura em que prevalecem os investimentos públicos
seguidos dos privados em setores induzidos pelo Estado.

 A ideia principal é frear importações de bens finais e induzir a


produção interna no intuito de abastecer o mercado interno.
Retrospectiva histórica no Brasil

 Em termos de cronologia, no Brasil, até a década de 1930


é difícil afirmar a existência de planejamento econômico
propriamente dito.

 Ações isoladas com relação a agricultura, preservação do


capital estrangeiro, políticas de preços mínimos, apoio
seletivo a alguns setores industriais a exemplo do
têxtil foram algumas dessas iniciativas.
As mudanças dos anos 1930

 Devido aos efeitos da crise internacional, a diversificação


industrial passa a ocupar papel de destaque perante as
autoridades governamentais.

 As iniciativas adotadas na década de 1930 foram decisivas


para que o período seguinte prosperasse em termos de
formação do setor produtivo estatal.
As mudanças dos anos 1930

Durante a década de 1930, conforme Giambiagi e Além (2008),


a ação do Estado manifesta-se nas seguintes frentes:
 controle de preços nos setores de água, energia
e combustível;
 manutenção dos lucros no setor cafeeiro via controle
de preços;
 administração de taxas de juros;
 criação de autarquias;
 proteção à indústria local;
 criação de linhas de financiamento para favorecer os setores
agrícola e industrial (forte atuação do Banco do Brasil).
Novas medidas de medição da economia

 Foram adotadas novas medidas, em adição às meramente


quantitativas de produção, ou de “crescimento”.
 Entre as medidas de crescimento econômico,
destacam-se o PIB e o PNB.

O PIB representa a soma, em valores monetários, de todos os


bens e serviços finais produzidos no país (ou na região
considerada) em determinado período de tempo. Para o seu
cálculo, ele descarta a renda do exterior, tanto a recebida
quanto a enviada. Considerando-se N o número de habitantes,
o PIB per capita será dado por:

PIB per capita = PIB/N


Durante as décadas de 1940 e 1950

 A partir da década de 1940 várias foram as tentativas de


coordenar, controlar e planejar a economia brasileira.

 O que se pode dizer a respeito dessas tentativas, até 1956,


é que foram mais propostas, como é o caso do relatório
Simonsen (1944-1945); mais diagnósticos, como se deu na
Missão Cooke (1942-1943), Missão Abbink (1948), Comissão
Mista Brasil-EUA (1951-1953); mais esforços no sentido de
racionalizar o processo orçamentário (Plano Salte (1948);
mais medidas puramente setoriais (petróleo ou café) do que
experiências que pudessem ser enquadradas na noção de
planejamento propriamente dito.
Durante as décadas de 1940 e 1950

 No que diz respeito à evolução da participação estatal na


economia, é interessante destacar que é neste período que
surgem as empresas estatais dando suporte infraestrutural
ao processo de industrialização brasileira. Além dos
investimentos em hidrelétricas, outras empresas
foram criadas, como:
 1942, CSN – Companhia Siderúrgica Nacional
e CVRD – Companhia Vale do Rio Doce.
 1943, FNM – Fábrica Nacional de Motores.
 1952, BNDE – Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico, posteriormente BNDES – Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social.
 1953, Petrobrás.
Durante as décadas de 1940 e 1950

 Os anos 1950 são marcados pela consolidação do nacional


desenvolvimentismo com o comando da indústria. No governo
de Juscelino Kubitschek – cinquenta anos de progresso em
cinco anos de governo – é lançado o Plano de Metas.
 Aglutinando capital estatal, privado e estrangeiro, o plano
propunha expansão da indústria nacional pela iniciativa
privada suportada por investimentos estatais
em infraestrutura.

Ao setor estatal, basicamente caberiam investimentos:


 nos setores de energia e transporte;
 em siderurgia;
 no petróleo.
O Plano de Metas de JK

Ao setor privado, caberiam investimentos:

 na indústria de transformação nos setores de insumos


básicos e bens de capital, a exemplo da metalomecânica;

 na distribuição e fornecimento no setor de autopeças


e apoio às grandes multinacionais.
O Plano de Metas de JK

Setores Participação do Investimento Total


(%)
Energia 43,4
Transportes 29,6
Indústrias básicas 20,4
Educação 3,4
Alimentação 3,2
O Plano de Metas de JK

 Celso Lafer (1975) destaca que devido à sua complexidade,


arquitetura e o alcance de suas propostas em termos de
objetivos, o Plano de Metas pode ser considerado como
a primeira experiência de planejamento governamental
efetivamente posta em prática no Brasil.

 O estudo desse Plano é importante quando se deseja


conhecer a evolução histórica e as condições atuais
do planejamento no Brasil.
O Plano de Metas de JK

 Além da construção de Brasília, é possível destacar pontos


positivos e negativos do Plano de Metas, como:
 crescimento de aproximadamente 80% na produção
industrial, notadamente em setores de aço, mecânico,
elétrico, de comunicação e também no setor de transporte;

 crescimento da produção de automóveis e caminhões;

 incentivo à entrada de capital estrangeiro, auxiliando


investimentos privados;

 ingresso de empresas multinacionais no mercado


doméstico, diversificando a produção industrial;
O Plano de Metas de JK

 uso da tecnologia como indutora do crescimento


de produtividade;

 economia doméstica dependente de importação tecnológica


e de bens de capital;

 dificuldades de fechar contas em balanço de pagamentos.


Os anos 1960 e 1970

Nas décadas de 1960 e 1970, o setor público prosseguiu


ampliando a sua participação direta no setor produtivo,
aprofundando a aliança entre “militares e tecnocratas”.
 A ação dos governos militares seguia, conforme Brum (1997),
quatro diretrizes básicas:
 criar e assegurar condições para crescimento econômico
acelerado;
 consolidar o sistema capitalista no Brasil;
 aprofundar a integração da economia brasileira no sistema
capitalista internacional e;
 transformar o Brasil em potência mundial, retirando-o da
condição de país subdesenvolvido.
Plano Trienal do governo Goulart

 Sob o regime parlamentarista e o governo João Goulart,


em 1962 é lançado o Plano Trienal de Desenvolvimento
Econômico e Social (1963-1965).

 A principal preocupação do Plano era a inflação e seu


elemento impulsionador: excesso de demanda
sustentada por elevação de gastos públicos.
Plano Trienal do governo Goulart

Nascimento (2014) aponta algumas metas e medidas adotadas


pelo Plano:
 crescimento do produto nacional de aproximadamente 7%
com o objetivo de melhorar a repartição bem como o nível
de vida da população;
 promoção da reforma agrária;
 melhoria do relacionamento financeiro com o setor externo
via refinanciamento de dívidas;
 diminuição da pressão inflacionária até 1965, de forma
que a variação de preços não ultrapassasse 10%;
 melhoria na qualidade do ensino.
Início do regime militar

 No período seguinte, 1964-1967, sob o regime militar e por


meio do Ato Institucional nº 1, o marechal Humberto de
Alencar Castelo Branco assume a presidência do país.
Nesse governo:
 foram criados instrumentos de controle quanto
à informação;
 eliminou-se o direito à greve;
 surgiram as eleições indiretas para governos estaduais;
 instituiu-se o Cruzeiro Novo como moeda corrente;
 criou-se o Banco Central do Brasil e o BNH – Banco
Nacional da Habitação;
 institui-se a correção monetária;
 institucionalizou-se o regime autoritário no país.
A influência do modelo de substituição
de importações

 O modelo de substituição de importações foi extremamente


importante no processo de industrialização do país, mas
quando começa a dar sinais de esgotamento, a economia
brasileira não consegue continuar em sua trajetória de
crescimento e inicia-se um período de estagnação.
 Entre as distorções, Martone (1975) destaca:
 o processo inflacionário presente em todo o período
das iniciativas de industrialização;
 o sentido capital intensivo dado ao processo de
industrialização no lugar do mão de obra intensiva;
 a crescente presença do setor público em diversos
ramos da economia;
 a estagnação produtiva no setor agrícola.
O Paeg

 Tentativa de recolocar a economia brasileira na trajetória


de desenvolvimento com a formulação de uma política
econômica capaz de eliminar as fontes internas de
estrangulamento que freavam as condições
de crescimento da economia.

 Após efetuar um diagnóstico bem apurado das condições


da economia brasileira, foram estabelecidos
os objetivos do plano.
O Paeg

 Resultado: aprofundamento do processo inflacionário.

Martone (1975, p. 73) comenta:

[...] o plano interpreta o processo inflacionário brasileiro como o


reflexo de uma inconsistência do ponto de vista da distribuição
da renda: de um lado, o Governo procura injetar na economia
um volume maior de recursos do que o poder de compra dela
retirado, gerando déficits crônicos no orçamento federal; de
outro lado, forma-se uma luta constante entre empresas e
assalariados pela fixação dos salários nominais, redundando
na famosa espiral preços-salários e pressionando o nível de
demanda monetária para cima.
Interatividade

Indique o que pode ser considerado correto, entre as assertivas


a seguir, tendo como base o Plano de Metas do governo
Juscelino Kubitschek:
I. O seu único objetivo era o controle da inflação.
II. Fracassou na maior parte de seus objetivos que não foram
atendidos pelo plano, desde a sua concepção até a sua
realização.
III. Esse plano pode ser enquadrado no pensamento econômico
ortodoxo brasileiro.
IV. O projeto propunha expansão da indústria nacional por
parte da iniciativa privada, a qual era apoiada por
investimentos infraestruturais propiciados pela
atuação do Estado.
Interatividade

Está correto o que se afirma em:

a) Apenas III.
b) I e II.
c) Apenas II.
d) Apenas IV.
e) III e IV.
Resposta

Indique o que pode ser considerado correto, entre as assertivas


a seguir, tendo como base o Plano de Metas do governo
Juscelino Kubitschek:
I. O seu único objetivo era o controle da inflação.
II. Fracassou na maior parte de seus objetivos que não foram
atendidos pelo plano, desde a sua concepção até a sua
realização.
III. Esse plano pode ser enquadrado no pensamento econômico
ortodoxo brasileiro.
IV. O projeto propunha expansão da indústria nacional por
parte da iniciativa privada, a qual era apoiada por
investimentos infraestruturais propiciados pela
atuação do Estado.
Resposta

Está correto o que se afirma em:

a) Apenas III.
b) I e II.
c) Apenas II.
d) Apenas IV.
e) III e IV.
A orientação dos planos para o atendimento
ao modelo de substituição de importações

 Adotou-se a política desenvolvimentista expressa pela


substituição de importações – o produto antes importado
passa a ter produção doméstica – criam-se barreiras
alfandegárias para proteção do produto nacional – custos
maiores para o consumidor do que os do similar importado.

 Em ambiente de economia fechada sem relações comerciais


com o exterior, o custo interno de produção se eleva, o que
automaticamente é repassado para preços.

 Produção crescente eleva custos e preços, impulsionando


a necessidade de mais moeda para a realização das compras,
aprofundando o processo inflacionário.
Ainda com relação ao Paeg

O Paeg tinha como objetivos compatibilizar:


 revisão da política de crédito ao governo, no intuito de
procurar diminuir o custo do endividamento governamental;

 política de crédito ao setor privado, procurando fazer com


que a expansão do crédito pelo sistema bancário acontecesse
concomitante ao crescimento do produto nacional;

 política salarial na tentativa de eliminar a instabilidade dos


salários reais que se vinha verificando nos últimos anos,
procurando mantê-los, por correção monetária, no mínimo
constantes.
O crescimento econômico brasileiro

 A década de 1970 é de relevante importância, notadamente


pelo “milagre econômico”, ou “milagre brasileiro” (1968-1973).

 Ocorreu durante os Governos Costa e Silva (1967-1969)


e Médici (1969-1974).
O milagre econômico brasileiro

Ano PIB Indústria Agricultura Serviços Inflação


1968 9,8 14,2 1,4 9,9 25,4
1969 9,5 11,2 6,0 9,5 19,3
1970 10,4 11,9 5,6 10,5 19,3
1971 11,3 11,9 10,2 11,5 19,5
1972 12,1 14,0 4,0 12,1 15,7
1973 14,0 16,6 0,0 13,4 15,6
1974 8,2 8,5 1,3 10,6 34,5
1975 5,6 6,2 3,4 11,8 29,3
1976 9,0 10,7 4,2 7,5 46,3
1977 4,7 3,9 9,6 4,1 38,8
1978 5,0 6,4 -2,7 6,2 40,7
Fonte: Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr (2002, p. 398); Brum (1997, p. 323-335).
I e II PNDs

 I PND (1968-70) visava crescimento econômico sustentável,


apoiado em política comercial expansionista, utilizando como
instrumentos isenção de impostos ao exportador combinada
com adoção de minidesvalorizações da moeda nacional da
época. No lado social, em dezembro de 1970 o governo lança
dois programas favorecendo assalariados e servidores
públicos: o Programa de Integração Social e o Programa de
Assistência aos Servidores Públicos (PIS-Pasep) que junto
com o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS),
configuram-se como formação de poupança para
utilização do governo.
Sequência do crescimento brasileiro

 Houve um interessante crescimento do PIB no período


do milagre econômico, conjugado com diminuição
nos índices de inflação.

 Mas esse crescimento não pode ser sustentado, tendendo


ao declínio a partir de 1974 – primeira crise do petróleo,
repercutindo profundamente na economia brasileira
e mundial.
O que foi o II PND

 Como resposta à crise, o governo brasileiro passa a adotar


medidas que envolvem imenso programa de investimentos
públicos com participação da iniciativa privada para elevar
novamente as taxas de crescimento, mesmo que tais medidas
implicassem em perdas significativas de reservas cambiais
ou que tornassem o país devedor para com o setor externo.

 Tal programa ficou conhecido como Segundo Plano Nacional


de Desenvolvimento – II PND, lançado em 1975.
O que foi o II PND

 A opção pelo crescimento implicou um excepcional aumento


da dívida externa do país.

 O crescimento por meio da dívida era justificado pela


possibilidade de as futuras economias de divisas resultantes
dos programas de investimentos – devido à substituição de
importações e ao desenvolvimento de uma nova capacidade
de exportação – virem a criar uma situação na qual o Brasil
poderia produzir superávits comerciais suficientemente
grandes para pagar os juros e amortizar a dívida internacional.
O que foi o II PND

 Aumenta a demanda social por melhores níveis educacionais


– ascensão da classe média – e aquela classe dominante
tradicional passa a sofrer com a concorrência de grupos
industriais urbanos.

 Criam-se forças endógenas e autônomas para o crescimento


econômico autossustentado – valorização da expertise
individual do ser humano quanto ao seu potencial criativo.
A inflação muda de patamar

 Diferentemente do passado, a inflação mostra-se realmente


como uma crise e, como em toda crise, haverá perdas, a
exemplo de diluição dos valores dos ativos monetários,
falência de bancos e empresas, elevação de tributação
para diminuir liquidez, além de demais medidas
de política econômica de caráter restritivo.
O início dos planos de estabilização

 Com o governo Sarney, o primeiro plano de estabilização


foi o Plano Cruzado, implementado em fevereiro de 1986.

 De raiz heterodoxa, influenciado pelo sucesso do Plano


Austral na Argentina, a ideia central desse plano era a
admissão de que a inflação brasileira era inercial.

 As principais medidas do Plano Cruzado foram congelamento


de preços e salários e reforma monetária, com a alteração do
nome da moeda de Cruzeiro para Cruzado.
Outros planos de estabilização

Cruzado 2
Bresser
 No decorrer do ano de 1988, Mailson da Nóbrega adotou a
chamada política “feijão com arroz”, que significa a rejeição
às políticas heterodoxas de combate à inflação.
Verão
 Mesmo com as medidas do Plano Verão, o ano de 1989
encerrou com a taxa anual de inflação próxima a 1.800%.
Collor e Collor II
 A nova Constituição, que foi promulgada em outubro
de 1988, elevava os custos governamentais, aumentando
a transferência de impostos para Estados e Municípios,
desequilibrando o orçamento federal.
O Plano Collor

 Pode-se caracterizar como importante objetivo do período


a redução do tamanho do Estado dentro da perspectiva de
Estado mínimo e a eliminação de grande parte das barreiras
ao livre-comércio.
A transição para o Plano Real

 O período de 1990-1992 foi marcado pelo início de uma


reestruturação produtiva, aceleração da abertura da
economia, desregulamentação dos mercados e por
aceleração dos processos de privatização de
empresas estatais (Nascimento, 2014).

 Este período foi marcado também por forte recessão, aumento


do desemprego e pela queda dos salários reais e da massa
salarial. O desgaste político do governo, aliado às denúncias
de corrupção, acabou por levar o presidente Collor ao
impeachment em outubro de 1992.
O Plano Real

 Estabelecimento do equilíbrio das contas públicas federais


com objetivo de eliminar a principal causa da inflação.

 Criação de um padrão estável de valor, a Unidade Real


de Valor (URV).

 Emissão de uma moeda nacional nova, o Real, com poder


aquisitivo estável.
O Plano Real

 Implantação da URV (Unidade Real de Valor) teve como


objetivo, inicialmente, separar duas funções de uma mesma
moeda: a URV era moeda de curso legal para servir
exclusivamente como padrão de valor monetário.

 O Plano Real é apontado como a melhor experiência


de estabilização da economia brasileira.

 Houve de fato uma queda brusca da inflação e o objetivo


da estabilização monetária foi amplamente alcançado.
Interatividade

O Plano Real foi, afinal, bem sucedido no combate à alta


inflação e, sobre ele, pode ser entendido como correto que:

I. Como nos planejamentos anteriores, usou fartamente


a alternativa de congelamento dos preços dos bens.
II. Costuma-se dividi-lo em três grandes etapas, iniciando com
o lançamento da URV (Unidade Real de Valor) de forma a
separar os efeitos trazidos pela alta inflação.
III. Tinha como um de seus objetivos o forte combate
ao que se denominava de inflação inercial.
IV. Seus resultados foram pífios, quando se constata o retorno
de índices inflacionários agressivos a partir do início
do século XXI.
Interatividade

Está correto o que se afirma em:

a) Apenas IV.
b) II e IV.
c) II e III.
d) I e IV.
e) Apenas III.
Resposta

O Plano Real foi, afinal, bem sucedido no combate à alta


inflação e, sobre ele, pode ser entendido como correto que:

I. Como nos planejamentos anteriores, usou fartamente


a alternativa de congelamento dos preços dos bens.
II. Costuma-se dividi-lo em três grandes etapas, iniciando com
o lançamento da URV (Unidade Real de Valor) de forma a
separar os efeitos trazidos pela alta inflação.
III. Tinha como um de seus objetivos o forte combate
ao que se denominava de inflação inercial.
IV. Seus resultados foram pífios, quando se constata o retorno
de índices inflacionários agressivos a partir do início
do século XXI.
Resposta

Está correto o que se afirma em:

a) Apenas IV.
b) II e IV.
c) II e III.
d) I e IV.
e) Apenas III.
Os anos Lula e Dilma

 Eleito para decepção daquela parcela do eleitorado que nas


eleições anteriores havia lhe dado apoio na expectativa de
grandes mudanças, Lula adotou como política de governo o
que havia prometido na “Carta aos Brasileiros”, de junho de
2002, mantendo, em linhas gerais, a política macroeconômica
do governo anterior.

 Durante seu governo, a inflação continuou sendo


rigorosamente controlada pela administração da taxa de juros
e pelo Copom (Comitê de Política Monetária), com política
monetária bastante conservadora e a manutenção de altas
taxas de juros.
Os anos Lula e Dilma

 A política macroeconômica foi anunciada e implementada com


o objetivo de alcançar a autossustentabilidade das contas
públicas (Nascimento, 2014), dando continuidade ao regime
de câmbio flexível e metas de inflação sem que fosse
necessária elevação da carga tributária, bastante penosa
para a sociedade brasileira.

 Tais medidas visavam à sustentação do superávit primário de


4,25% do PIB ao mesmo tempo em que se reduzia o gasto com
serviço de dívida.
Os anos Lula e Dilma

 A principal deficiência do Governo Lula, se é possível pôr a


questão nesses termos, é a ausência de um projeto nacional
de desenvolvimento.

 A ruptura do pacto nacional-desenvolvimentista que se deu


em 1964 deu lugar, com a redemocratização, a um pacto
liberal-social, que [está mais para] o neoliberalismo [...].
Os anos Lula e Dilma

 A política macroeconômica do governo Lula apresentou,


no período de 2003 a 2007, como principal prioridade,
a estabilidade monetária.

 O Plano de Desenvolvimento Produtivo (PDP), de maio de 2008,


indicava que a política monetária é condição necessária, mas
não suficiente, para a aceleração da competitividade industrial,
que pode ser comprometida se a ênfase da política econômica
continuar a restringir-se à estabilidade monetária (via aumento
ou manutenção das elevadas taxas de juros e da taxa de
câmbio valorizada).
O PPA (Plano Plurianual)

Cabe destacar o que se determina no § 1 do Artigo


nº 165 da Constituição Federal:

 A lei que instituir o Plano Plurianual estabelecerá, de forma


regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração
pública federal para as despesas de capital e outras delas
decorrentes e para as relativas aos programas de duração
continuada.

 Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao
compilado.htm>. Acesso em 13 de novembro de 2014.
O PPA (Plano Plurianual)

 O PPA apresenta-se como um instrumento de planejamento


estratégico de todas as ações que serão tomadas por
determinado governo.

 Elaborado para o período de quatro anos, procura expressar


com clareza os resultados pretendidos pelo governante que o
elabora e, por meio de seu acompanhamento e avaliação,
verificar a efetividade da execução de seus programas, bem
como rever objetivos e metas (MATIAS-PEREIRA, 2012).
Quando vigora o PPA

 Para que não haja descontinuidade das ações propostas pelo


planejamento de diferentes governantes, é importante ressaltar
que a vigência do PPA não coincide com o mandato do
governante, mesmo que o período de vigência do
mandato seja de quatro anos.

 O primeiro ano de vigência do PPA será o segundo ano


do mandato do governante, seja ele presidente, governador
ou prefeito.
Como é montado o PPA

 Desenvolvido por programas, articula um conjunto de ações


representadas por projetos, atividades e operações especiais,
que concorrem para o alcance dos objetivos governamentais.

 Os programas e ações do PPA são revisados anualmente para


fins de elaboração das propostas orçamentárias setoriais que
dão origem à Lei de Diretrizes Orçamentárias e à Lei de
Orçamento Anual de que trataremos oportunamente.
Histórico de elaboração dos PPAs

 1991/1995
 1996/1999
 2000/2003
 2004/2007
 2008-2011
 2012-2015

 A sucinta apresentação dos planos plurianuais no livro-texto


da disciplina remete às funções organizacionais e de
planejamento privado conforme aquelas discutidas na
Unidade I da disciplina. Cada vez mais o planejamento
apresenta-se como técnico e não como político.
A LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias)

 Abrange as metas e prioridades da administração pública


federal, incluindo as despesas de capital para o exercício
financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei
orçamentária anual, dispõe sobre as alterações da legislação
tributária e estabelece a política de aplicação das agências
financeiras oficiais de fomento.
A LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias)

 É com a Lei de Diretrizes Orçamentárias que se estabelecem


as prioridades bem como as metas da administração pública
federal no que diz respeito aos orçamentos anuais que
formam o orçamento unificado, quais sejam, o orçamento
fiscal, o da seguridade social e dos investimentos das
empresas estatais.
A LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias)

 Giacomoni (2012) afirma ser de extrema importância analisar


a Lei de Diretrizes Orçamentárias à luz da Lei de
Responsabilidade Fiscal, pois esta última exige
que se considere:
 equilíbrio entre receitas e despesas;
 metas fiscais;
 riscos fiscais;
 programação financeira e o cronograma de execução
mensal de desembolso, a serem estabelecidos
pelo Poder Executivo.
A LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias)

 Critérios e formas de limitação de empenho a serem efetivados


nas hipóteses de risco de não cumprimento das metas fiscais ou
de ultrapassagem do limite da dívida consolidada.
 Normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos
resultados dos programas financiados com recursos dos
orçamentos.
 Condições e exigências para transferências de recursos
a entidades públicas e privadas.
 Forma de utilização e montante da reserva de contingência
a integrar a lei orçamentária anual.
 Demonstrações trimestrais apresentadas pelo Banco Central
sobre o impacto e o custo fiscal das suas operações.
 Concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza
tributária da qual decorra renúncia de receita (p.228).
Entraves ao crescimento e ao desenvolvimento:
desafios infraestruturais

 Não nos referimos apenas à malha dos transportes e suas


diversas modalidades, mas sim também da saúde, saneamento
básico, educação, mobilidade social e questões demográficas
dos grandes centros urbanos e melhorias nas condições de
produção e sociais das áreas rurais.

 Nos serviços de eletricidade e telefonia, o Brasil ocupa posição


pouco abaixo da que caberia esperar, dada a renda per capita
[...]. Não obstante, [...] a infraestrutura de transporte ocupa
posição bem pior, especialmente em relação aos portos e
estradas. A qualidade dos aeroportos também se compara
desfavoravelmente com outros países, embora a
disponibilidade de assentos em aviões seja percebida
como abundante.
Interatividade

O PPA é um instrumento de planejamento que precede


os demais, como a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias)
e a LOA (Lei do Orçamento Anual):

I. O PPA vigora apenas durante o mandato do executivo


que o elaborou.
II. O PPA é de responsabilidade apenas do Executivo Federal.
III. O PPA visa, entre outros, orientar a ação governamental,
objetivando alcançar o desenvolvimento econômico e a
promoção do bem-estar social.
IV. No Executivo Municipal, o PPA é substituído pela LDO
(Lei de Diretrizes Orçamentárias).
Interatividade

Está correto o que se afirma em:

a) Apenas I.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e IV.
e) Apenas III.
Resposta

O PPA é um instrumento de planejamento que precede


os demais, como a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias)
e a LOA (Lei do Orçamento Anual):

I. O PPA vigora apenas durante o mandato do executivo


que o elaborou.
II. O PPA é de responsabilidade apenas do Executivo Federal.
III. O PPA visa, entre outros, orientar a ação governamental,
objetivando alcançar o desenvolvimento econômico e a
promoção do bem-estar social.
IV. No Executivo Municipal, o PPA é substituído pela LDO
(Lei de Diretrizes Orçamentárias).
Resposta

Está correto o que se afirma em:

a) Apenas I.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e IV.
e) Apenas III.
ATÉ A PRÓXIMA!

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