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A SOLIDÃO DO HOMEM GAY

ENQUANTO OS DENTES

O protagonista, Antônio, é negro e homossexual, logo, há a intersecção de raça, gênero


e sexualidade.

Ele sofre abusos psicológicos e físicos do pai e na escola naval (o que é pior pois é uma
escola da marinha).

Ele tem o mesmo nome do pai opressor, Antônio, o qual ele não é próximo, pois chama
o pai de Comandante.

Ele é um sujeito efeminado: um rapaz negro de 1,89 de altura rompe/transgrede com os


padrões sociais. Ele deveria ser um “negão”, mas é uma bicha preta, porque ele era
chamado de libélula azul na escola. A libélula é um símbolo que representa
homossexuais não masculinizados (buscar referência).

Ele sai da escola e sai de casa. Vai em busca de uma vida melhor (na cidade
grande/metrópole). Sai da opressão da cidade pequena (de interior – possivelmente) e
vai para a cidade grande. Há esse deslocamento.

Ele sentia que não pertencia àquele local (sua casa, sua escola) por não ser o padrão:
homem, hétero, comedor, negão.

Ele saiu em busca de um local para sentir o pertencimento. Encontrou na cidade grande,
num apartamento.
Saiu da escola naval pois não se identificava. Foi para a cidade grande em busca de
local de pertença e fazer algo que o complete, ou seja, vender sua arte e fazer filosofia.

No decorrer do romance há momentos que mostram que ele sempre ia em busca de


vários grupos, ou seja, também procurando um local em que se sentia pertencido.

Deu uma festa em seu apartamento e chamou pessoas desconhecidas, ou seja, pessoas
com quem não tinha relações fixas, portanto, ele era um sujeito solitário e por isso vivia
em busca de pertença.

Ele busca uma identidade, de modo a talvez fugir daquela que ele talvez deve ter: a de
seu pai: tanto pelo nome, Antônio, como pela escola.

Ele foi batizado com o nome do pai, foi estudar numa escola da marinha e seu pai era
ex-naval, e na escola os filhos de ex marinheiros deviam ter o nome do pai, logo, uma
tradição cis-hetero-normativa-masculinizante. Tanto é que existe uma passagem no livro
que proíbe atos homossexuais, ou seja, naquela escola ser gay era crime (p. 65-66).

ENTÃAAO, ao sair da escola (que era chamado de Da Silva (p. 50-52) ou Zero Doze ou
Libélula Azul) a qual não se identificava e era discriminatória, ele vai para a faculdade,
mais livre, e passa a se AUTODENOMINAR de TONY. Ele não era mais o Da Silva ou
a Libélula Azul, nomes estes que lhes foi empregado por outros, ele AGORA tinha o
PODER de se IDENTIFICAR, criar uma nova identidade. Não estava mais sob a
sombra do pai.

ESTE ATO DE NOMEÁ-LO TEM O MESMO SENTIDO DE LHE CONFERIR UMA


IDENTIDADE, A QUAL ELE NEGA.
Quando o acidente acontece o namorado o deixa, ou seja, relações líquidas.

Ele sofre o acidente, fica paraplégico, ou seja, as regiões de baixo, que possui os órgãos
sexuais, estavam inativas. Como somos identificados pela nossa sexualidade, então qual
valor ele teria?

Após o acidente, como as relações que ele tinha na cidade eram líquidas/não eram fixas,
fortes, ele retorna ao lar.

Ele foi em busca de uma identidade, pois fugiu daquela a que a sociedade o queria
impor e também em busca de um local/grupo/relações aos quais se sentisse pertencido.

Por que ele buscou uma nova identidade? Um novo local? Por que ele rejeitou o que a
sociedade o havia lhe imposto.

Ele era um sujeito solitário, pois estava deslocado num ambiente de opressão. Neste
local, tudo lhe era estranho e maldoso. Para deixar de ser solitário, ele foi em busca de
se autorrealizar.

Mas por que ele não conseguiu se realizar/se sentir pertencente/construir relações
douradoras/fixas naquele local?

Ele saiu em busca pois não pertencia ao local por ser negro, gay e efeminado e,
logicamente, por rejeitar se tornar masculino heteronormativo. Ele transgrediu as
normas.
ELE REJEITOU OS RÓTULOS E QUERIA SER ELE MESMO. SEU FINAL
SOLITÁRIO SERIA UMA ESPÉCIE DE AVISO ÀQUELES QUE SEGUEM O
MESMO CAMINHO?

O problema não é o outro, é ele mesmo!!!! Ele não se sente mais próprio àquele lugar,
não se sente mais pertencido. A cidade que ele tanto almejava para criar sua identidade
não é mais capaz disso, pois ele é cadeirante. A cidade perdeu o brilho. Os grupos
perderam o brilho pois ele se sentiria abjeto: sem sexualidade, sem movimentos, ou seja,
o abjeto.

Por que ele terminou

4 momentos da narrativa

Infância/adolescênci Saída da casa/escola Estabelecimento e acidente VOLTA


a

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