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Abstract: the survey presented analyzes the deployment process of the Municipal System of
Culture of the city of Gravataí/RS. As a theoretical concepts are Public Management, cultural
policies, National System of Culture and evaluation indicators. The analysis is the result of
the diagnosis of the cultural setting proposed by this research. Among the methodological
tools are participant observation, documentary research, structured questionnaires and
conducting interviews. The results obtained in different data collections will be used for the
formulation of indicators that allow the assessment and monitoring of public policies that
promote the culture. This project has as its central contribution the development and
deployment of the Cultural Indicators System as a basic component of the Municipal System
of Culture.
Keywords: Cultural Management - Cultural Policies – Cultural Indicators
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Esta pesquisa é resultado do projeto Cidades Culturais: novos rumos para a gestão cultural em Gravataí/RS, realizado no
período de julho de 2014 a setembro de 2015, financiado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura (PRÓ-CULTURA RS
FAC), Lei nº 13.490/10, através da Secretaria de Estado da Cultura. Contou com o apoio institucional da Prefeitura de
Gravataí, por intermédio da Fundação Municipal de Arte e Cultura, do Conselho Municipal de Política Cultural de Gravataí,
Casa dos Açores do Estado do Rio Grande do Sul, Dança Arte Celícia Santos e diversas outras instituições culturais do
município.
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Mestranda em Educação pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), com bolsa CAPES/PROSUP; Especialista em
Gestão Cultural pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC RS); Bacharel em Comunicação Social /
Relações Públicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Tecnóloga em Produção Audiovisual –
Cinema e Vídeo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). E-mail:
simone.constante@gmail.com
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Introdução
Quando se trata da gestão pública da área cultural, essas premissas são reafirmadas,
principalmente por ser um campo que lida com aspectos intangíveis, sensoriais, produtos de
valor material e imaterial, além de serviços com alto valor agregado. A necessidade de
planejamento e organização é vital para uma boa gestão, ou seja, para se conseguir a melhor
relação entre recurso, ação e resultado. No entanto, a prática dos órgãos públicos gestores da
cultura demonstra que o campo de atuação é pouco organizado, faltam marcos regulatórios, há
excesso de burocratização e pouca formalização profissional por parte dos agentes com quem
interage. Além disso, os recursos são escassos, sejam eles materiais, humanos ou financeiros,
além de servirem para atingir fins definidos, geralmente subordinados ao poder político.
isso, os órgãos gestores da cultura precisam de autonomia para a tomada de decisões dentro
do campo político, social e econômico. Ao mesmo tempo, seria arriscado conferir mais poder
aos dirigentes de cultura sem garantir a plena participação e controle social, uma vez que se
trata de gerenciar recursos públicos e implementar políticas públicas de fomento à cultura.
É importante destacar que esse direito está garantido em nossa Constituição Federal de
1988, através do Art. 215, o qual afirma que “o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos
direitos culturais”. A cultura, portanto, é vista como um direito dos cidadãos e, portanto, passa
a ser uma obrigação do poder público e um objeto de política pública. A formulação de
políticas culturais implica em novas práticas, legislações e organizações da cultura. Segundo
Canclini (2005), políticas culturais são um conjunto de intervenções do Estado, juntamente
com outras organizações da sociedade civil, com a finalidade de orientar o desenvolvimento
simbólico, satisfazer as necessidades culturais da população e obter consenso para a
transformação social. Para Rubim (2007), fazer política cultural é estabelecer uma intervenção
estatal, conjunta e sistemática, abrangendo diferentes áreas da cultura, atores coletivos e
metas.
Para tanto, em 2003, o Governo Federal institui aquela que talvez seja a política
pública de cultura mais estruturada até então: o Sistema Nacional de Cultura. Uma proposta
de gestão articulada e compartilhada entre Estado e sociedade, integrando os três níveis de
governo. Processos decisórios democráticos, intra e intergovernos, a partir de uma atuação
pactuada, planejada e complementar. A essência do Sistema Nacional de Cultura está no
modelo tripartite de federalismo e na forma de organizar e equilibrar o direito à fruição e
produção da cultura pelos cidadãos brasileiros. A partir de instâncias de participação e
controle social, o poder público estabelece um formato político-administrativo mais estável e
resistente às alternâncias de poder, organizando de forma sistemática suas políticas e recursos.
Constitui-se, assim, uma política de Estado, ao invés de uma política de governo.
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IBGE. Munic 2006. Perfil dos Municípios Brasileiros. Suplemento especial de cultura. 2006. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/perfilmunic/cultura2006/default.shtm
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Opções metodológicas
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Análise dos cadastros dos agentes culturais e identificação dos equipamentos culturais,
entidades, associações, coletivos, empresas, dentre outras organizações pertencentes à cadeia
produtiva, com as quais se pretendia realizar entrevista em profundidade, a fim de conhecer a
realidade das instituições;
Uma das primeiras dificuldades encontradas foi a falta de recursos humanos, técnicos
e financeiros por parte da Fundarc para a realização desta pesquisa. Além de não contar com
profissionais com esta expertise, haviam poucas informações organizadas que pudessem ser
utilizadas para o início da coleta de dados. Foi então que a pesquisadora elaborou um projeto
de pesquisa para buscar financiamento junto à outra esfera governamental, solicitando o apoio
institucional da Prefeitura de Gravataí, por intermédio da Fundarc, e do Conselho Municipal
de Cultura. Em novembro de 2013, a proposta foi inscrita no Edital SEDAC nº 11/2013 -
Concurso “Desenvolvimento da Economia da Cultura Pró-cultura RS FAC”, promovido pela
Secretaria de Estado da Cultura, através do Fundo de Apoio à Cultura do RS (PRÓ-
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Mais informações disponíveis em: <http://sniic.cultura.gov.br/>
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CULTURA RS FAC), Lei nº 13.490/10. Foi inscrita como pessoa física, na finalidade
Indicadores, Pesquisa e Capacitação, que tinha como objetivo a seleção de projetos que
envolvessem ações de formação, capacitação, levantamentos de dados e mapeamento,
possibilitando promover conhecimentos e experiências. Em julho de 2014, o projeto foi
contemplado e recebeu os recursos financeiros necessários para o andamento da investigação
empírica.
Quanto à etapa de coleta de dados através dos questionários, foi enfrentada outra
grande dificuldade, pois o projeto contava com alguns canais de comunicação bastante
limitados para o alcance de todos os diversos públicos de interesse - folders, cartazes, blog e
página nas redes sociais - para divulgar a necessidade de todos os agentes e organizações
culturais efetuarem seus cadastros. Em um primeiro momento, foi feito um levantamento em
sites de busca na internet, para encontrar organizações, empresas e grupos culturais de
Gravataí, para os quais foi enviado e-mail com formulário anexo. Também foram feitas
consultas aos arquivos documentais da Fundarc, aos servidores públicos e líderes da
comunidade cultural para buscar maiores informações sobre os públicos de interesse para os
cadastros. Disponibilizamos cópias impressas a todos os interessados, sendo o formulário
aplicado em todos os quatro workshops realizados pelo projeto Cidades Culturais, durante os
Fóruns Setoriais de Cultura, a 4ª e 5ª Conferências Municipais de Cultura, além de outros
eventos de formação realizados pela Fundarc. O mesmo formulário também ficou disponível
na versão digital na web, através de link no blog do projeto Cidades Culturais5, visando
facilitar a participação dos usuários online.
Ainda assim, acredita-se que o número de agentes culturais cadastrados seja ínfimo
diante da quantidade de pessoas envolvidas com as instituições culturais da cidade,
especialmente no que se refere aos centros de tradições gaúchas (CTGs), casas de povos de
terreiros e escolas de samba, que são os segmentos de maior expressividade do município. As
pessoas mostraram-se resistentes ao preenchimento do cadastro, talvez por desconfiança de
pesquisas em geral e do que será feito com suas informações pessoais, ou mesmo por não
compreenderem a importância de um levantamento como esse para a sistematização do
campo da cultura. A grande maioria preferiu preencher o formulário impresso, até mesmo
porque uma boa parte dos agentes tem dificuldade em operar ferramentas digitais ou não tem
livre acesso à internet.
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O blog pode ser acessado pelo link: www.projetocidadesculturais.blogspot.com
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Resultados e Discussão
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Dentre alguns dos resultados que já podem ser apresentados, uma das principais forças
adquiridas é a sistematização da gestão cultural, pelo fato do município já contar com a Lei nº
3.484/2014 que institui o Sistema Municipal de Cultura de Gravataí – SMC, sancionada pelo
Prefeito Marco Alba. É importante destacar que todo o processo de planejamento da estrutura
deste Sistema e construção do projeto de lei, em conformidade com o que determinava o
Ministério da Cultura, foi feito de forma conjunta, entre servidores da Fundarc e a nominata
do Conselho Municipal de Cultura na gestão 2013-2015. Nesse sentido, também é preciso
ressaltar que Gravataí consolida-se como um dos municípios com o processo de construção
do Plano Municipal de Cultura mais democrático possível, envolvendo a sociedade civil em
todo o processo e dando protagonismo ao Conselho de Cultura como mediador. As
Conferências tornaram-se espaços privilegiados para o debate e o planejamento das políticas
culturais de forma coletiva, principalmente por serem antecedidas por diversos Fóruns
promovidos pelos mais variados segmentos artístico-culturais do município. Ao compararmos
as proposições feitas em 2011, 2013 e 2015, podemos destacar algumas que permanecem
sendo requeridas pela comunidade cultural e ainda não foram plenamente atendidas pelo
Poder Público Municipal.
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Com relação à cadeia produtiva da cultura, com o intuito de conhecer o perfil dos
agentes culturais do município, estruturou-se um formulário intitulado “Cadastro Municipal
de Agente Cultural”, o qual foi respondido por 553 pessoas, no período de maio de 2013 a
julho de 2015. É importante destacar que a gestão da Fundarc, no ano de 2011, já havia
aplicado outro formulário intitulado “Cadastro Único da Cultura”, o qual continha menos
informações e mais simplificadas, contabilizando cerca de 150 cadastros respondidos. Todos
esses dados foram aproveitados pela pesquisa, porém foi solicitado aos respondentes que
preenchessem também o novo cadastro, com o intuito de atualizar e complementar
informações que não haviam sido solicitadas anteriormente. Com isso, os participantes,
pessoas físicas e jurídicas atuantes na área da cultura, receberam um número de registro que
será a identificação no Sistema Municipal de Informações e Indicadores Culturais de
Gravataí.
Diante dos dados apresentados, podemos constatar que a maioria dos agentes culturais
é do gênero feminino (55%), declara sua cor/raça branca (48%), reside em Gravataí (95%) e
está concentrada em duas regiões da cidade, nos bairros Morada do Vale I (66) e Centro (58).
A maioria também informou não ter nenhum tipo de formação na área da cultura e não
respondeu se atua profissionalmente na área cultural. Dentre os segmentos artístico-culturais
mais citados estiveram o tradicionalismo gaúcho, música, dança, teatro, carnaval, artesanato,
artes visuais e literatura. As entidades culturais com maior número de respondentes foram:
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CMPC - Conselho Municipal de Política Cultural de Gravataí, AGIR- Associação dos Artistas
Visuais do Vale do Gravataí, Centros de Tradições Gaúchas (não nomeados), Clube Literário
de Gravataí, CAERGS - Casa dos Açores do RS, Sociedade Cultural e Beneficente
Acadêmicos de Gravataí e Grupo de Teatro Vivências. Quanto à escolaridade, 37%
declararam formação de ensino médio/técnico e 31% ensino superior, o que demonstra uma
boa qualificação dos respondentes. Apesar dos cursos de graduação, em sua maioria, não
serem ligados à área da cultura, 8% declarou ter curso de pós-graduação/especialização, sendo
grande parte de cunho cultural. Com relação à formação na área da cultura, identificamos que
muitos dos respondentes já haviam participado de algum tipo de oficina na área artística e/ou
produção cultural, todavia declaravam não possuir formação. Da mesma forma, ao
compararmos as respostas de um mesmo entrevistado, percebemos que produtores, gestores
de entidades e artistas já consagrados na cidade não consideram que atuam profissionalmente
na área da cultura. Ao avaliarmos os discursos de muitos artistas, entendemos que só
consideram profissionais na área da cultura aqueles que conseguem ter uma carreira artística
sustentável, não necessitando ter outro tipo de emprego e/ou fonte de renda.
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Com relação ao patrimônio cultural, conta com a Lei Municipal nº 2.114/2004, que
determina que seja constituído por bens móveis e imóveis, de natureza material ou imaterial,
tombados individualmente ou em conjunto, existentes em seu território e cuja preservação
seja de interesse público. Atualmente, conta com apenas seis bens móveis tombados como
patrimônio histórico municipal e 47 bens móveis inventariados. O município ainda não possui
bens culturais tombados em nível estadual e federal, mas três instituições estão batalhando por
seus tombamentos e registros: Casa dos Açores do Estado do Rio Grande do Sul (CAERGS),
busca tombamento material e registro imaterial; Associação Cultural e Beneficente Seis de
Maio (único Clube Social Negro do município), busca registro imaterial; e Federação Gaúcha
de Laço, que busca reconhecer a prática do tiro de laço como patrimônio cultural imaterial do
país.
Considerações finais
Sem dúvida, a tomada de decisões da gestão pública estará muito mais embasada, a
partir da contextualização do campo e da análise cuidados destes dados, fundamentais para o
conhecimento da realidade e dos segmentos com maiores necessidades, para fins de
planejamento dos investimentos de recursos e de políticas públicas de fomento. A partir dos
formulários preenchidos pelas organizações culturais, dos relatos sobre o histórico das
políticas culturais e análise do cenário de cada segmento artístico-cultural feita pelos gestores
em suas entrevistas filmadas, será possível a antecipação dos possíveis problemas, a definição
das forças e fraquezas da cultura no município, bem como das oportunidades e ameaças do
contexto externo.
O que se percebe é que o desafio maior ainda está por vir, isto é, a execução dessas
políticas públicas de cultura. Garantir autonomia administrativa e financeira para Fundação
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executar o Plano, ao mesmo tempo garantir apoio político para levar esse projeto adiante.
Promover o diálogo permanente e qualificado com o Conselho, efetivando a participação e o
controle social no que se refere à gestão pública da cultura. Potencializar os recursos
financeiros para a realização dos projetos institucionais, a partir da captação através de
mecanismos alternativos, reduzindo a dependência do orçamento municipal. Profissionalizar
os artistas e capacitar os produtores para desenvolver a cadeia produtiva e se tornar
autossustentáveis. Agregar como parceiros não só os agentes culturais, mas a população como
um todo, visto que essa é o público-alvo dessas políticas. Fortalecer as relações institucionais
com os demais entes federados, empresas, instituições culturais e órgãos de fomento.
Monitorar as políticas públicas e intervir com reestruturações quando necessário. Avaliar a
opinião pública a respeito da gestão da Fundarc e reavaliar o planejamento de forma
permanente. Enfim, buscar o aperfeiçoamento do Sistema Municipal de Cultura e balizar os
avanços do campo, realizando análises comparativas paulatinas, medindo o desempenho das
políticas e os impactos diretos na população e, sobretudo, na realidade local. Para isso,
acredita-se na importância dos indicadores culturais, os quais articularão dados concretos
sobre o campo da cultura e ajudarão no direcionamento da gestão para as áreas que
necessitam de políticas públicas prioritárias.
Referências
CANCLINI, Néstor G.. Consumidores e cidadãos. 5ed. Rio de Janeiro: UFRJ, 2005.
IBGE. Munic 2006. Perfil dos Municípios Brasileiros. Suplemento especial de cultura. 2006.
Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/perfilmunic/cultura2006/default.shtm
LIMA, Paulo Daniel Barreto. Excelência em Gestão Pública. Recife: Fórum Nacional de
Qualidade, 2006.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 18ed. São Paulo, RT, 1993.
RUBIM, Antonio Albino Canelas. Políticas culturais no Brasil: tristes tradições e enormes
desafios. Salvador: EDUFBA, 2007.