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XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.


Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008

PERCEPÇÃO DE RISCO NO TRABALHO


EM ALTURA PELOS TRABALHADORES
DO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL
NOS SERVIÇOS REALIZADOS SOBRE
LAJES, ANDAIMES FIXOS E TELHADOS
Cristina Espínola (UTFPR)
CRISTINA.ENGENHARIA@GMAIL.COM
Rodrigo Eduardo Catai (UTFPR)
catai@utfpr.edu.br
Adalberto Matoski (UTFPR)
adalberto@utfpr.edu.br
Arildo Dirceu (UTFPR)
arildo@utfpr.edu.br

O objetivo principal desta pesquisa é reconhecer, baseando-se em


entrevistas, os diferentes níveis de percepção de risco de acidentes dos
trabalhadores do setor da construção civil que executam tarefas em
altura, classificando-os em grupos conforme características
supostamente determinísticas, e que influenciam a maior ou menor
eminência de acidente, visando uma base de dados para a formulação
de estratégias que visem a redução do número de acidentes justificados
por falha humana. Esta pesquisa se caracteriza como um estudo de
caso e investigação de suposições, pois ao final, permite saber como os
trabalhadores da cidade de Curitiba e região metropolitana, que
trabalham em empresas de pequeno porte, percebem os possíveis
perigos durante sua jornada de trabalho. A pesquisa foi separada em
duas partes distintas. A primeira visa caracterizar o entrevistado, de
forma a poder classificá-lo conforme idade, tempo na função,
escolaridade, nível de treinamento, conhecimento e identificação de
Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC), conhecimento,
disponibilidade e uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI),
existência de acidente de trabalho anterior, sendo estas características
seletivas de um grupo. A segunda visa obter respostas sobre a
percepção de riscos pelo entrevistado, utilizando-se de fotografias de
situações onde existe risco de acidente, baseando-se nas exigências da
Norma Regulamentadora NR-18 - Condições e Meio Ambiente de
Trabalho na Construção Civil, e solicitando que o trabalhador avalie o
grau de risco existente conforme uma escala apresentada.

Palavras-chaves: Percepção de risco; Trabalho em altura; Acidente de


trabalho; Construção Civil.
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008

1. Introdução
Desde a criação da Norma Regulamentadora NR-18 (Condições e Meio Ambiente de
Trabalho na Construção Civil), os esforços na sua implantação nos canteiros de obras, seja
por obrigações impostas por lei ou pela política interna das empresas, têm sido crescente.
Mesmo assim, os acidentes de trabalho no setor continuam a existir e em número elevado.
Segundo dados do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), que registra o número de
acidentes oficiais, informados através de Comunicação de Acidente de Trabalho, foram
registradas em 2005, 28.987 ocorrências envolvendo trabalhadores do setor da construção
civil, sendo que 37,7% desses acidentes estavam relacionados com a queda em altura,
conforme pesquisa realizada através de prontuários hospitalares (SILVEIRA et al., 2005).
Os acidentes da área da construção civil podem estar relacionados principalmente a dois
fatores: a condição insegura e o ato inseguro. O primeiro deles está atrelado aos riscos
inerentes da profissão e do ambiente de trabalho. Nesse caso, cabe à empresa responsável
realizar uma análise e oferecer aos operários, condições seguras de trabalho, definindo os
procedimentos para a execução das tarefas, proporcionando treinamento aos trabalhadores,
equipamentos de proteção coletiva e/ou individual, entre outras providências. Já o segundo
fator está ligado ao comportamento do trabalhador, que pode causar falhas operacionais e
tomar posturas no ambiente de trabalho que desobedeçam as normas ou as prescrições de
segurança, em decorrência da decisão livre e consciente de cada trabalhador (VILELA, 2007).
A instrução, a implementação de treinamentos e a disponibilização de equipamentos de
proteção individual podem ser recursos inúteis por estarem sujeitos à capacidade intelectual
dos indivíduos e a reação que cada um deles tem às condições de trabalho, que incluem
situações de pressão, longas jornadas, e preocupação com a produtividade exigida. A reação
individual dos trabalhadores também é influenciada por suas experiências anteriores, pelo que
já vivenciaram no que diz respeito a acidentes. Segundo França (2006), o reconhecimento de
uma situação de risco está associado ao contexto existente e à percepção individual do risco.
Acredita-se que analisando as dificuldades na percepção e identificação de risco de acidentes
pelos trabalhadores no setor, possam-se centralizar esforços no sentido de redimi-las e,
conseqüentemente, reduzir o número de acidentes relacionados à queda em altura.
O objetivo principal deste trabalho é reconhecer a percepção e a identificação que os
trabalhadores do setor de construção civil têm dos riscos no ambiente trabalho a partir de
entrevistas com um grupo de operários que exercem trabalhos em altura no setor da
construção civil, que estão mais propensos a serem vítimas de acidentes de trabalho. Para que
isso fosse possível, foram pesquisadas as características supostamente determinantes para a
identificação de um grupo, e aplicada avaliação com situações de risco conforme visão
pessoal, dentro de uma escala pré-determinada.
2. Revisão bibliográfica
A indústria da construção civil possui algumas peculiaridades: o porte da empresa; o caráter
temporário das instalações; a diversidade dos trabalhos executados em uma obra; a
rotatividade de mão-de-obra empregada; e a terceirização de serviços (ROCHA, 1999). Além
disso, o setor da construção civil pode ser dividido em três setores distintos, de acordo com
Lima Júnior et al. (2005): construção pesada, montagem industrial e edificações. Sendo este
último, o setor focalizado neste artigo.

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O autor também destaca uma pesquisa desenvolvida pelo Serviço Social da Indústria (SESI),
denominado de “Projeto SESI na Construção Civil”, que visou compreender as características
e a dinâmica no setor. Os principais resultados encontrados por esta pesquisa foram: baixa
qualificação (72% dos trabalhadores entrevistados nunca freqüentaram qualquer curso ou
treinamento, 80% possuem apenas o 1º grau incompleto, e 20% são analfabetos); elevada
rotatividade (56,5% têm menos de um ano na empresa, e 47% estão no setor há menos de
cinco anos); baixos salários (50% dos trabalhadores ganham menos de dois salários mínimos,
e a média salarial é de 2,8 salários mínimos); absenteísmo (52% faltaram ao trabalho no mês
anterior à pesquisa devido principalmente a problemas de saúde); acidentes (14,6% já
sofreram algum tipo de acidente de trabalho no ano anterior à pesquisa.
Ainda segundo Lima Júnior et al. (2005) deve-se priorizar a prevenção de acidentes e doenças
no setor da construção civil e motivar os trabalhadores para melhor percepção dos riscos,
conforme sua cultura regional, além de combater o analfabetismo, pois todos esses fatores
contribuem para o elevado índice de acidentes, principalmente os graves e fatais.
2.1. A identificação dos riscos e perigos de acidente de trabalho
Segundo Faria (2005), o risco pode estar presente, mas as precauções implantadas diminuem
sua severidade. Desta forma, o risco varia na proporção direta da probabilidade e da
severidade, sendo quanto maior a probabilidade e a severidade, maior o risco. “Perigo é a
fonte ou situação com potencial para o dano, em termo de lesões e ferimentos para o corpo
humano ou danos para a saúde, para o patrimônio, para o ambiente local de trabalho, ou uma
combinação destes”. “Risco é a combinação da probabilidade e da(s) conseqüência(s) da
ocorrência de um determinado acontecimento perigoso”.
Na visão de Gonçalvez (2000), as causas fundamentais dos acidentes são os atos inseguros e
as condições inseguras. As condições inseguras são fatores presentes no local do trabalho, e
devem ser identificadas, localizadas e alteradas para que não venham proporcionar ocorrência
de acidente perante o risco existente. Os atos inseguros são ações que decorrem da execução
de tarefas contrárias às normas de segurança, e que colocam em risco a integridade física de
qualquer trabalhador.
Segundo Massera (2005), pesquisas e observações confirmam que os comportamentos de
risco ou inseguros estão envolvidos na maioria dos acidentes. A cultura de segurança envolve
três fatores (GELLER, 1994 apud FRANÇA, 2006): pessoais, ambientais e comportamentais.
Esses fatores são dinâmicos e mudanças em um deles podem causar impacto nos outros dois.
Geller (1994) apud França (2006) sugere que comportamentos que reduzem a probabilidade
de acidentes estão envolvidos com políticas de melhoria nos ambientes de trabalho e atitudes
pessoais. Binder et al. (2000) verificaram que é comum a atribuição dos acidentes a
comportamentos inadequados do trabalhador, como descuido, imprudência, negligência,
desatenção, e que geram posteriores recomendações como “prestar mais atenção”, “tomar
mais cuidado”, e que estas concepções pressupõem que os trabalhadores são capazes de
manter elevado grau de vigilância durante toda a jornada de trabalho, o que é incompatível
com as características bio-psico-fisiológicas humanas.
Para Porto (2000), um ponto muito importante é a percepção de riscos pelos trabalhadores, e
que muitos fatores podem interferir nesta percepção, fazendo com que os trabalhadores não
percebam ou mesmo neguem a presença de riscos às vezes muito graves. A angústia frente
aos riscos graves e a falta de perspectiva de mudanças faz com que algumas pessoas neguem
de forma subconsciente os próprios riscos que se expõem. Segundo Cichinelli (2007) a

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atividade da construção civil é uma das campeãs em acidentes de trabalho, e o risco da


atividade acaba gerando medo, estresse e outros sentimentos negativos, que geralmente
alimentam o sofrimento dos trabalhadores, refletindo em jogos perigosos, abandono do uso de
EPI’s, descumprimento de normas de segurança e brincadeiras desmoralizantes, pois estas são
as formas que os trabalhadores encontram para lidar diariamente com o risco da morte.
3.Metodologia
Para a verificação das hipóteses optou-se pela realização de questionário a ser aplicado na
forma de entrevistas com trabalhadores do setor da construção civil. O foco da pesquisa foram
trabalhadores com funções de pedreiro, carpinteiro, servente, pintor e encarregado ou mestre
de obra, que estejam trabalhando em empresas de pequeno porte, ou seja, com 19 ou menos
funcionários, onde não existem Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA) nem
Programas de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção
(PCMAT). Optou-se por este tipo de empresa por ser a maioria no cenário da construção.
A entrevista foi dividida em duas partes distintas, a primeira um questionário com finalidade
de investigação das variáveis que caracterizam os entrevistados, e a segunda de distinção de
riscos nos locais de trabalho através de fotografias a fim de caracterizar o risco percebido pelo
entrevistado. Todas as fotografias apresentadas estavam desconformes com a NR-18. Após as
entrevistas os trabalhadores foram divididos conforme as variáveis pesquisadas e os riscos
percebidos e/ou identificados nas fotografias. Todas as variáveis foram combinadas entre si de
forma a obter a combinação com mais baixo nível de percepção/identificação de riscos no
ambiente de trabalho, caracterizando assim, o grupo mais propenso a sofrer acidentes.
Para a análise dos resultados, os entrevistados foram separados conforme a faixa de variação
da resposta em cada questão, e classificados em três grupos (ABDELHAMID apud
FRANÇA, 2006). Aqueles que reconheceram situações de risco como seguras, foram
classificados como “comportamento arriscado”. Já os que reconheceram situações de risco
como inseguras, foram classificados “comportamento seguro”. Finalmente, os que não
conseguiram identificar a situação como segura ou insegura, estando a resposta próxima ao
meio da escala, foram classificados como “comportamento apreensivo”.
Aqueles indivíduos que foram classificados como “comportamento seguro” e
“comportamento apreensivo” foram questionados sobre quais as medidas necessárias para que
o ambiente se tornasse seguro. Os que conseguiram responder coerentemente foram mantidos
em sua classificação, enquanto que os que não conseguiram, caso estivessem no grupo
“comportamento seguro” passaram ao grupo “comportamento apreensivo” e os do grupo
“comportamento apreensivo” para o grupo “comportamento arriscado”.
Como foram apresentadas 10 fotografias, o trabalhador foi classificado conforme a média
aritmética de suas respostas, classificando-o com a mesma escala utilizada para as respostas.
Para os trabalhadores que foram reclassificados de grupo, foram retirados 4 pontos de sua
reposta original, para então ser calculada a média aritmética. Para o estudo das hipóteses,
foram analisados os trabalhadores que em sua média geral tiveram menos de 4 pontos, ou
seja, classificados na faixa de “comportamento arriscado”.
3.1. Elaboração do questionário
A entrevista foi aplicada com duas funções distintas, a primeira visando à caracterização dos
entrevistados, de forma a poder dividi-los em grupos com características semelhantes como
idade, tempo na função, escolaridade, nível de treinamento, reconhecimento da existência e

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funcionalidade de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) e Equipamentos de Proteção


Individual (EPI), aceitação de EPI e vivência de acidentes de trabalho.
Na segunda parte da entrevista foram apresentadas ao trabalhador fotografias de obras em
andamento, comuns a sua realidade, com riscos de acidente de trabalho, pelo descumprimento
de exigências da NR-18. O trabalhador classificou-as conforme uma régua numerada (Figura
1 – modelo de foto com régua para escolha do nível de risco), colorida e com níveis de risco
ditos como baixo, médio e alto, conforme sua interpretação sobre a quantidade de risco
existente no local. Para que se obtivesse economia de custos, para a segunda parte da
entrevista, foi montado um documento com o número da foto e sua escala de risco, facilitando
o trabalho da entrevista, e economizando em impressões das fotos, utilizando as mesmas para
todos os entrevistados.

Figura 1 - Modelo de foto com régua para escolha do nível de risco


O questionário foi aplicado em cinco empresas de pequeno porte, da cidade de Curitiba e
região metropolitana, aqui denominadas A, B, C, D e E, tendo sido entrevistados 10
funcionários de cada empresa, totalizando 50 trabalhadores. As entrevistas foram realizadas
nos meses de novembro de 2007 e janeiro de 2008. Além da entrevista também foram feitas
anotações sobre as condições do ambiente de trabalho, sobre o ânimo e disponibilidade do
trabalhador durante a entrevista, sobre o horário da entrevista em relação ao turno do
trabalhador e se ele sentia-se contente em relação ao seu trabalho.
4. Resultados e discussões
4.1. Aplicação do questionário
Apesar da classificação das empresas estarem como pequeno porte perante o Ministério do
Trabalho, verificou-se em três das cinco empresas visitadas, a existência de trabalhadores
informais para serviços específicos de determinadas etapas da obra. A média de permanência
destes trabalhadores na empresa é de 2 a 4 semanas, e seus principais serviços são
relacionados à elétrica, hidráulica e acabamentos finos (granitos). Também se verificou a
presença de outros trabalhadores de empresas contratadas para serviços terceirizados, como
acabamentos e forros de gesso, instalações de esquadrias de alumínio e vidros, pavimentações
(calçada e paver). Sendo assim, existiram casos, em que durante a visita de entrevista em
obra, existiam canteiros com a presença de 25, 30 e 32 trabalhadores.
Também se verificou que o porte da empresa não determina o tamanho da obra, pois no início
deste trabalho, imaginava-se que as obras que seriam visitadas, seriam todas de pequeno
porte, mas dentre as obras visitadas uma era composta de 800m2 em três pavimentos e outra
com 1200m2 em dois pavimentos.

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4.1.1. Primeira parte do questionário


A maioria dos entrevistados trabalha como servente ou como pedreiro (figura 2), está a menos
de 3 anos na mesma função (figura 3), trabalham na construção civil de 4 a 6 anos (figura 4).
A parcela de entrevistados com menos de 4 anos na mesma função foi caracterizada por
serventes (62%) e pedreiros (38%), enquanto que a parcela de entrevistados que tem de 4 a 6
anos trabalhando no setor da construção civil é composta por pintores (11,1%) carpinteiros
(16,6%), serventes (16,6%) e pedreiros (55,7%).
Os entrevistados eram em sua maioria adultos entre a faixa de 25 a 35 anos de idade (42%) e
18 a 24 anos de idade (36%) (figura 5). A grande maioria dos entrevistados cursou o ensino
fundamental incompleto (54%), seguido pelo ensino médio completo (26%). Os que cursaram
o ensino fundamental incompleto são em sua maioria adultos entre 25 a 35 anos (37%) e
trabalham como serventes (59,3%). Com relação à estabilidade em empresas, verificou-se que
a grande maioria já esteve empregada em mais de 5 e menos de 7 empresas diferentes (figura
6), dentre estes a maioria na faixa etária em entre 25 e 35 anos de idade (69,2%). Na empresa
em que está atualmente, a maioria trabalha entre 1 e 3 anos (44%), o que demonstra a grande
rotatividade de mão-de-obra no setor (figura 7).
Com relação aos treinamentos realizados, a grande maioria afirma já ter recebido treinamento
na empresa atual e na empresa anterior (56%). Entre os que nunca receberam treinamento, a
maioria está trabalhando a menos de um ano na construção civil, sendo que esta variável está
proporcional ao tempo de trabalho na construção civil, sendo que os trabalhadores entre 10 e
15 anos são a maioria entre os que receberam treinamento na empresa atual e em empresas
anteriores (figura 8). Com relação ao conhecimento de EPI, 92% dos entrevistados afirmam
saber o que são. Os EPI mais fornecidos são as botas e os capacetes, para 100% dos
trabalhadores, seguido por luvas para 60% dos trabalhadores. Os equipamentos como
máscaras, cinto pára-quedista e óculos de proteção foram citados por apenas 6% dos
entrevistados. Em todas as empresas visitadas os trabalhadores tinham EPI à disposição.
Somente 30% dos trabalhadores sentem-se mais seguros usando os EPI, os que usam por
obrigação são 44% dos trabalhadores, e o restante dos entrevistados (26%) afirmam que
sempre que podem preferem não usar os EPI.

Figura 2 – Porcentagem de entrevistados por profissão Figura 3 – Experiência na mesma função

Figura 4 – Experiência no setor da construção civil


Figura 5 – Porcentagem de entrevistados por faixa etária

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Figura 6 – Quantidade de empresas trabalhadas Figura 7 – Estabilidade na empresa em que trabalha

Figura 8 – Treinamentos participados Figura 9 – Sentimento de poder sofrer um acidente


Com relação ao conhecimento de EPC, 14% dos entrevistados afirmam saber o que são. Os
EPC mais citados são GrC em escadas, as proteções de aberturas horizontais e as barreiras
com redes. Um dado interessante é que entre os que reconheceram os EPC estão somente
carpinteiros e encarregados ou mestres de obra. A grande parte das obras visitadas estava com
os EPC em desacordo com a norma ou em situação precária. É comum a utilização de
materiais de pouca qualidade para a montagem dos EPC, como madeiras podres e telas
rasgadas. Os sistemas de GcR quando existentes, estavam montados com altura errada, ou
com falta de rodapé. Não foram averiguadas as causas destas situações por não ser este o foco
desta pesquisa. Os entrevistados possuem diferentes pontos de vista com relação ao
sentimento de poder sofrer um acidente de trabalho durante a execução de tarefas no trabalho,
mas a resposta mais comum, é que às vezes são pressentidos riscos de acidente (figura 9).
Os riscos ocupacionais mais citados ou conhecidos pelos trabalhadores são os ferimentos
relacionados às mãos (27,61%) e aos pés (24,54%). Mas quando questionados sobre o
acidente que mais temem 76% dos trabalhadores elegeram a queda em altura, e 14% o choque
elétrico (figura 10). Mesmo assim, quando perguntados a partir de que altura consideram
perigoso o trabalho em altura, 60% consideram existir riscos somente acima de 6 metros de
altura e poucos acreditam que podem acontecer acidentes em alturas inferiores a 2 metros de
altura (4%), conforme figura 11. Com relação a ocorrência de acidentes de trabalho sofridos
durante a vida profissional, 88% dos entrevistados afirmaram já ter sofrido algum acidente.
Entre os que sofreram acidente, 41% necessitaram de afastamento inferior a 15 dias, e 7%
ficou somente o dia do acidente afastado (figura 12). Considerando que esses acidentes não
foram contabilizados nas estatísticas de acidentes de trabalho do INSS, entre os acidentes
ocorridos, somente 52% dos acidentes foram contabilizados.

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80,00%

70,00%

60,00%

50,00%

40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

0,00%
Ferimento nas Ferimento nos Queda de Queda em Choque Machucar as
Mãos Pés objeto altura elétrico costas devido
à esforços

Riscos conhecidos Mais teme

Figura 10 – Acidentes que os trabalhadores citaram em entrevista e acidente que mais temem sofrer

Figura 11 – Altura considerada arriscada para trabalho Figura 12 – Tempo de afastamento

4.1.2. Segunda parte do questionário


Para a situação apresentada na fotografia número 1, 6 trabalhadores indicaram ser de risco
baixo, 31 risco médio e 13 risco alto. Entre os trabalhadores que responderam por risco
médio, quando questionados sobre quais os riscos que eles verificavam na situação, 15
conseguiram responder sobre os perigos da falta de guarda-corpo adequado na passarela e no
último andar do edifício. Entre os que optaram pelo risco alto, 9 conseguiram identificar os
riscos. Sendo assim, 9 trabalhadores mantiveram-se classificados como “comportamento
seguro”, 19 trabalhadores como de “comportamento apreensivo” e os 22 restantes como
“comportamento arriscado”.
RESPOSTAS
RISCO RESPOSTA IDENTIFICAÇÃO COMPORTAMENTO
FOTO BAIXO 6 ARRISCADO 22
1 MÉDIO 31 15 APREENSIVO 19
ALTO 13 9 SEGURO 9
FOTO BAIXO 7 ARRISCADO 10
2 MÉDIO 8 5 APREENSIVO 9
ALTO 35 31 SEGURO 31
FOTO BAIXO 5 ARRISCADO 12
3 MÉDIO 18 11 APREENSIVO 26
ALTO 27 12 SEGURO 12
FOTO BAIXO 17 ARRISCADO 40
4 MÉDIO 31 8 APREENSIVO 8
ALTO 2 2 SEGURO 2
FOTO BAIXO 10 ARRISCADO 34
5 MÉDIO 28 4 APREENSIVO 10
ALTO 12 6 SEGURO 6
FOTO BAIXO 28 ARRISCADO 35

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6 MÉDIO 15 8 APREENSIVO 11
ALTO 7 4 SEGURO 4
FOTO BAIXO 8 ARRISCADO 11
7 MÉDIO 11 8 APREENSIVO 17
ALTO 31 22 SEGURO 22
FOTO BAIXO 0 ARRISCADO 0
8 MÉDIO 5 5 APREENSIVO 5
ALTO 45 45 SEGURO 45
FOTO BAIXO 0 ARRISCADO 1
9 MÉDIO 7 6 APREENSIVO 6
ALTO 43 43 SEGURO 22
FOTO BAIXO 12 ARRISCADO 15
10 MÉDIO 32 29 APREENSIVO 29
ALTO 6 6 SEGURO 6
Tabela 1 – Resumo das respostas dos trabalhadores por fotografia apresentada
Para as demais situações foi seguido o processo de seleção descrito anteriormente. Cada
situação teve seus resultados conforme a tabela 1. Depois de calculadas as médias aritméticas
de cada trabalhador para as respostas de todas as situações apresentadas, montou-se o gráfico
constante na Figura 13, onde se organizou os trabalhadores por ordem crescente da média
aritmética. Utilizando-se a mesma régua de faixa de risco do questionário, entre os 50
entrevistados foram classificados 15 trabalhadores como “comportamento arriscado”, 30
trabalhadores como “comportamento apreensivo” e 5 trabalhadores como “comportamento
seguro”.
4.1.3. Definição das características do grupo classificado como “comportamento
arriscado”
O “comportamento arriscado” predominou entre o grupo dos trabalhadores de 25 a 35 anos,
pois dentre os 21 entrevistados, 38,10% classificaram-se neste grupo. A idade da maioria dos
trabalhadores deste grupo também é entre 25 a 35 anos, conforme tabela 2.

9,00
Média artimética das 10 respotas da segunda parte

8,00

7,00

6,00
da entrevista

5,00
MÉDIA
4,00

3,00

2,00

1,00

-
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
Quantidade de trabalhadores

Figura 13 – Média dos resultados dos trabalhadores

Comportamento % entrevistados mesma % total de


Idade Entrevistados arriscado faixa etária entrevistados
18 a 24 anos 18 6 33,33% 40,00%
25 a 35 anos 21 8 38,10% 53,33%
36 a 49 anos 6 1 16,67% 6,67%

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Mais de 50 anos 5 0 0,00% 0,00%


Tabela 2 – Idade dos trabalhadores classificados como “comportamento arriscado”
Com relação à escolaridade, dentre os 3 trabalhadores com nenhuma escolaridade, 2 foram
classificados no grupo, ou seja, 66,67% dos entrevistados com esta faixa de escolaridade,
conforme tabela 3. Para o total de trabalhadores entrevistados deste grupo, os que mais
predominaram foram os trabalhadores com o ensino fundamental incompleto, com 53,33%
dos trabalhadores. Esses resultados levam a entender que entre os entrevistados, os
trabalhadores com baixa escolaridade têm maiores dificuldades de perceber e/ou identificar os
riscos em seu ambiente de trabalho. Conforme a tabela 4, os entrevistados com 4 a 6 anos de
experiência no setor da construção civil são os que se destacam em quantidade no grupo, com
46,67% de presença, seguidos pelos entrevistados com 1 a 3 anos de experiência, com 26,67%
de presença. Quando analisados os percentuais relativos a quantidade de entrevistados dentro
da mesma faixa de experiência que estão neste grupo, os trabalhadores com menos de 1 ano
de experiência que foram entrevistados estão todos dentro deste grupo, seguidos pelos
trabalhadores com 1 a 3 anos de experiência no setor, com 66,67% dos trabalhadores
entrevistados neste grupo. Sendo assim, conclui-se que os trabalhadores do setor com 6 ou
menos anos de experiência são os que possuem maior dificuldade de percepção e/ou
identificação de riscos ocupacionais.

Comportamento % entrevistados % total de


Escolaridade Entrevistados arriscado mesma faixa escolar entrevistados
Nenhuma 3 2 66,67% 13,33%
Fundamental incompleto 27 8 29,63% 53,33%
Fundamental completo 13 4 30,77% 26,67%
Médio incompleto 6 1 16,67% 6,67%
Médio completo 1 0 0,00% 0,00%
Tabela 3 – Escolaridade dos trabalhadores classificados como “comportamento arriscado”
Com relação ao tempo de experiência na mesma função, dentro do setor da construção civil,
os entrevistados pertencentes a faixa com menos de 1 ano de experiência foram 75%
classificados como “comportamento arriscado’”, seguidos por 47,06% dos trabalhadores da
faixa de 1 a 3 anos de experiência, conforme a tabela 5. Quando analisados em relação ao
total dos classificados como “comportamento arriscado”, os entrevistados com 1 a 3 anos de
experiência na mesma função foram os que quantitativamente mais se destacaram no grupo,
com 53,33% de presença, podendo-se então acreditar que os trabalhadores com 3 ou menos
anos de experiência na função são os com menores percepção e/ou identificação de riscos no
ambiente de trabalho. Como citado anteriormente, os trabalhadores dentro desta faixa de
experiência na função são principalmente serventes.

Tempo de trabalho na Entrevis- Comportamento % entrevistados mesma % total de


Construção Civil tados arriscado faixa experiência entrevistados
Menos de 1 ano 2 2 100,00% 13,33%
1 a 3 anos 6 4 66,67% 26,67%
4 a 6 anos 18 7 38,89% 46,67%
7 a 10 anos 8 2 25,00% 13,33%
10 a 15 anos 14 0 0,00% 0,00%
Mais de 15 anos 2 0 0,00% 0,00%
Tabela 4 – Experiência profissional no setor da construção civil dos trabalhadores classificados como
“comportamento arriscado”

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A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008

Quando analisadas as faixas de treinamentos em segurança do trabalho participados, os


trabalhadores que nunca receberam treinamento foram 100% enquadrados no grupo com
“comportamento arriscado”, conforme tabela 6. Com relação a todos os trabalhadores do
grupo, os com maior predominância são os trabalhadores com treinamento participado em
empresa anterior. Estes dados mostram a importância dos treinamentos e da reciclagem dos
trabalhadores do setor, e, para esta pesquisa em específico, da dificuldade da percepção e/ou
identificação dos riscos no ambiente de trabalho pelos trabalhadores com pouco ou nenhum
treinamento. A maior parte dos entrevistados que tiveram pouco ou nenhum treinamento são
trabalhadores com altos índices de rotatividade em empresas.

Tempo de trabalho na Entrevis- Comportamento % entrevistados mesma % total de


função tados arriscado faixa experiência entrevistados
Menos de 1 ano 4 3 75,00% 20,00%
1 a 3 anos 17 8 47,06% 53,33%
4 a 6 anos 10 3 30,00% 20,00%
7 a 10 anos 6 1 16,67% 6,67%
10 a 15 anos 12 0 0,00% 0,00%
Mais de 15 anos 1 0 0,00% 0,00%
Tabela 5 – Experiência profissional no setor da construção civil, na mesma função, dos trabalhadores
classificados como “comportamento arriscado”

Entrevis-
Comporta- % entrevistados % total de
Participação em treinamentos mento mesma faixa de entrevis-
tados
arriscado treinamento tados
Treinamento somente na empresa atual 6 3 50,00% 20,00%
Treinamento empresa atual e na anterior 28 3 10,71% 20,00%
Treinamento somente em empresa anterior 13 6 46,15% 40,00%
Sem nenhum treinamento 3 3 100,00% 20,00%
Tabela 6 – Participação em treinamentos de segurança do trabalho dos trabalhadores classificados como
“comportamento arriscado”
Todos os trabalhadores que foram classificados como “comportamento arriscado” não
souberam explicar o que era um Equipamento de Proteção Coletiva, e com relação aos
Equipamentos de Proteção Individual, 38,46% dos entrevistados que afirmaram que sempre
que podem preferem não usar os EPI foram classificados como “comportamento arriscado”. A
maior quantidade dos trabalhadores do grupo usa os EPI por obrigação, com 53,33% de
representações, conforme tabela 7.
O “comportamento arriscado” foi definido para 100% dos trabalhadores que afirmaram não
pressentir riscos ocupacionais em seu ambiente de trabalho, e a maior parte dos entrevistados
que foram classificados neste grupo, afirmaram que às vezes pressentem riscos ocupacionais,
conforme tabela 8.

Equipamento de Proteção Entrevis- Comportamento % entrevistados % total de


Individual tados arriscado mesma resposta entrevistados
Sentem-se mais seguros e 15 2 13,33% 13,33%
Usam por obrigação 22 8 36,36% 53,33%
Sempre que podem não 13 5 38,46% 33,33%
Tabela 7 – Uso de EPI pelos trabalhadores classificados como “comportamento arriscado”

Pressente risco de acidente Entrevis- Comportamento % entrevistados % total de


tados arriscado mesma resposta entrevistados
Sempre 3,00 0 0,00% 0,00%

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Quase Sempre 11,00 4 36,36% 8,00%


Às vezes 29,00 7 24,14% 14,00%
Raramente 5,00 2 40,00% 4,00%
Nunca 2,00 2 100,00% 4,00%
Tabela 8 – Pressentimento de risco de acidente pelos trabalhadores de “comportamento arriscado”

Entrevis- Comportamento % entrevistados % total de


Acidente que mais teme tados arriscado mesma resposta entrevistados
Ferimento nas mãos 3 0 0,00% 0,00%
Ferimento nos pés 0 0 0,00% 0,00%
Queda de objeto 2 0 0,00% 0,00%
Queda em altura 38 13 34,21% 86,67%
Choque elétrico 7 2 28,57% 13,33%
Machucar as costas devido à esforços 0 0 0,00% 0,00%
Tabela 9 – Acidente que os trabalhadores classificados como “comportamento arriscado” mais teme

Para 86,67% dos trabalhadores do grupo “comportamento arriscado”, o acidente mais temido
é a queda em altura, conforme tabela 9. Mesmo assim, 53,33% dos trabalhadores acreditam só
existir risco de queda em trabalhos executados acima de 6 metros de altura, conforme tabela
10. Entre 38 entrevistados que afirmaram temer mais a queda em altura, 34,21% foram
classificados no grupo “comportamento arriscado”, e entre os 12 trabalhadores que
consideram arriscado trabalhar a partir de 4 metros de altura, 41,67% foram classificados
como “comportamento arriscado”.

Entrevis- Comportamento % entrevistados mesma


Altura arriscada de trabalho tados arriscado faixa de altura % total de entrevistados
2 metros 3 1 33,33% 6,67%
4 metros 12 5 41,67% 33,33%
6 metros 30 8 26,67% 53,33%
8 metros 3 1 33,33% 6,67%
Acima de 10 metros 2 0 0,00% 0,00%
Tabela 10 – Altura de trabalho considerada arriscada pelos trabalhadores classificados como “comportamento
arriscado”

Entre os 44 trabalhadores entrevistados que sofreram acidente de trabalho, 13 foram


classificados como “comportamento arriscado”, sendo que destes, 7 trabalhadores
necessitaram de afastamento por menos de 15 dias, conforme tabela 11. Dentre os 18
entrevistados com afastamento por menos de 15 dias, 38,89% deles foram classificados como
“comportamento arriscado”. Nenhum dos entrevistados deste grupo sofreu acidente de
trabalho que gerasse risco de vida. Considerando que é característica do grupo a experiência
no setor da construção civil há no máximo 6 anos, a rotatividade dos trabalhadores é
considerada alta, conforme os dados da tabela 12, 60% dos entrevistados deste grupo já
trabalharam em 5 a 7 empresas, o que levaria a praticamente uma empresa por ano.

Tempo de afastamento devido a Entrevis- Comportamen- % entrevistados % total de


acidente de trabalho tados to arriscado mesma resposta entrevistados
Menos de 1 dia 3 1 33,33% 7,69%
Menos de 15 dias 18 7 38,89% 53,85%
Entre 15 e 30 dias 12 4 33,33% 30,77%

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Entre 31 e 60 dias 5 1 20,00% 7,69%


Entre 61 e 90 dias 4 0 0,00% 0,00%
Mais de 90 dias 2 0 0,00% 0,00%
Tabela 11 – Tempo de afastamento pelos trabalhadores classificados como “comportamento arriscado” que
sofreram acidente de trabalho

Quantidade de empresas que Entrevis- Comportamento % entrevistados % total de


já trabalhou tados arriscado mesma resposta entrevistados
2 a 4 empresas 6 2 33,33% 13,33%
5 a 7 empresas 26 9 34,62% 60,00%
8 a 10 empresas 17 4 23,53% 26,67%
Mais de 10 empresas 1 0 0,00% 0,00%
Tabela 12 – Quantidade de empresas que os trabalhadores classificados como “comportamento arriscado”
trabalharam
5. Conclusões
Pode-se concluir que dos trabalhadores da construção civil entrevistados, 30% possuem
grande dificuldade na percepção dos riscos nas atividades em altura.
O grupo classificado como “comportamento arriscado” é predominantemente composto por
trabalhadores de idade entre 25 a 35 anos, com baixa escolaridade, que estão trabalhando no
setor da construção civil durante no máximo 6 anos, e trabalham na mesma função há no
máximo 3 anos. Também é característica do grupo, o pouco ou nenhum treinamento, o não
discernimento do que é um Equipamento de Proteção Coletiva, e o repúdio ao uso de
Equipamentos de Proteção Individual, mesmo quando fornecidos pelas empresas.
A maioria dos trabalhadores tem dificuldades em relatar a existência dos riscos ocupacionais
em seu ambiente de trabalho, e embora tendo conhecimento e temor da ocorrência acidentes
com queda em altura, os mesmos acreditam somente ser arriscado trabalhar em alturas
superiores a 4 metros. A maior parte dos trabalhadores do grupo com “comportamento
arriscado”, já sofreu acidente de trabalho, mas nenhum considerado grave, sendo que a
maioria necessitou de menos de 15 dias de afastamento devido ao acidente de trabalho.
Este tipo de estudo é importante para que as empresas estejam cientes sobre a qualidade do
aprendizado dos funcionários durante os treinamentos ofertados, e pode ser utilizado para
planejar os assuntos que necessitam de maior ênfase, assim como a freqüência necessária dos
cursos de reciclagem.
Ficou clara com esta pesquisa a necessidade de investimentos em treinamentos de segurança
do trabalho desenvolvidos especialmente a atender as características dos trabalhadores do
setor da construção civil e do próprio setor. O treinamento de segurança do trabalho deve ser
um programa contínuo, de linguagem fácil e que objetive o desenvolvimento da cultura da
segurança.

Referências
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CICHINELLI, G. Sofrimento psíquico no trabalho medo, estresse, angústia podem estar ligados à atividade

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A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
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profissional. Revista Equipe de Obra, ed. nov. 2007. Disponível em: http://www.equipedeobra.com.br. Acesso
em: 10 dez. 2007.
FARIA, M. T. Gerência de Riscos. Apostila do curso de especialização em engenharia de segurança do
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VILELA, R. A. G. Acidentes do trabalho com máquinas - identificação de riscos e prevenção. Cadernos de
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