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UFSC – Departamento de Química

QMC 5119 – Introdução ao Laboratório de Química – 2018/1


Turma: 1205

DETERMINAÇÃO DO CALOR DE REAÇÃO E CALOR DE SOLIDIFICAÇÃO

Data de realização do experimento: 21 de março de 2018


Data de elaboração do relatório: 22 de março de 2018

Equipe: Ana Paula Cardoso (18100472)


Morgana Lurdes da Rocha (18100484)

Florianópolis
Março/2018
1. INTRODUÇÃO

A aula prática do dia 21 de março de 2018 teve como objetivo determinar o calor de
reação e calor de solidificação dos experimentos. O conceito de calor é aplicado intuitivamente no
cotidiano como uma forma de energia que flui do mais quente para o mais frio
(EXPERIÊNCIAS…, 1982, p.37). Calor é a transferência de energia que ocorre devido a uma
diferença de temperatura (atkins).
Várias formas de energia podem ser convertidas integralmente em calor, todavia o
caminho reverso é impossível de ocorrer. Muitas reações liberam calor para o ambiente
(denominadas exotérmicas), enquanto outras tiram (endotérmicas). Essa energia é expressa em
entalpia. Independente do caminho percorrido até a formação dos produtos, a variação da entalpia
deverá ser sempre a mesma afirmação constituinte da lei de Hess (EXPERIÊNCIAS…, 1982, p.37).
Essas mudanças de energia são verificadas pela variação da temperatura, que por sua vez pode ser
medida em um calorímetro.
O calorímetro é definido como um recipiente com paredes isolantes, ou seja, qualquer
recipiente onde seja possível isolar termicamente um sistema (​PARIZE, 2016​). Dessa forma é
possível medir a energia térmica em transição de uma determinada amostra. O calor liberado ocorre
por consequência da ruptura de ligações químicas intramoleculares dos reagentes e formação de
novas ligações nos produtos (​PARIZE, 2016​).

2. MATERIAIS E PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Vidrarias Utilizadas: Equipamentos Utilizados: Substâncias Utilizadas:


- Lata de ferro - Balança semi analítica - Água da Torneira
- Termômetro - Calorímetro (figura 01) - Vela
- Béquer - Banho Maria - Cera Líquida
- Tubo de Ensaio - Ácido Clorídrico
- Hidróxido de Sódio
O processo experimental foi dividido em três partes. O primeiro momento foi realizado
um experimento para a determinação do calor de combustão da vela, onde ela foi pesada em uma
balança semi-analítica juntamente com uma lata (que posteriormente foi preenchida cerca de dois
terços com água da torneira e pesada novamente). Em seguida foi realizada a montagem do
calorímetro, conforme o modelo apresentado pelo professor ilustrado anteriormente e no momento
que se sucedeu a vela foi acesa durante 5 minutos. Passado esse tempo, a vela foi apagada e o
sistema agitado com auxílio do termômetro até que sua temperatura não se elevasse mais. Realizado
esse procedimento a vela foi pesada novamente e foram registrados todos os dados solicitados.
A segunda parte foi constituída pela determinação da solidificação da vela. Nesse
processo, foi realizado a pesagem de um tubo de ensaio contendo cera (a massa do tubo de ensaio já
estava especificada na vidraria) e de um béquer usado posteriormente como calorímetro. Em
seguida o béquer foi preenchido com água suficiente para que a cera ficasse completamente
submersa, sendo ele pesado novamente e a temperatura da água, medida. O tubo de ensaio foi
inserido em um banho maria por aproximadamente 5 minutos, até que a cera contida ficasse
completamente líquida. Quando a cera começou a dar indícios de solidificação, o tubo foi inserido
no calorímetro (béquer com água) e o sistema levemente agitado, tendo este sua temperatura
medida e o valor máximo registrado.
Na terceira parte da experiência, foi determinado o calor de neutralização entre o ácido
clorídrico e o hidróxido de sódio. Tal determinação foi feita 2 vezes, utilizando substâncias com
diferentes concentrações. Na primeira realização foi adicionado 50mL de cada reagente em um
béquer, sendo ambos de 1,0 mol.L​-1 sendo anotado a temperatura máxima atingida, e na segunda o
mesmo procedimento foi realizado utilizando 50mL de soluções com 0,5 mol.L​-1​.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a determinação do calor de combustão da vela, é necessário fazer a soma dos calores
da água e da lata, pois ambos absorveram o calor expelido da vela em combustão. A massa
de água na lata era de 216,038g, o calor específico da água é de 1 cal.g.°C​-1​, e a variação de
temperatura em função da transferência de calor foi de 10,6ºC. A massa da lata era de
42,141g, e seu calor específico é de 0,11 cal .g.°C​-1​, a variação de temperatura foi a mesma
que para a água, portanto, 10,6ºC.

Tabela de valores obtidos


Massa da vela antes de ser acesa 12,467g

Massa da vela depois de ser acesa 12,028g

Massa da lata vazia 42,141g

Massa da lata + água 258,179g

Massa da água 216,038g

Temperatura inicial do sistema 23,9°C

Temperatura final do sistema 34,5°C


Tabela 1.
O calor cedido pela vela será igual à soma dos calores absorvidos segundo as
equações:
Qferro = m . c. ​ΔT
Qferro = 42,141 . 0,11 . 10,6
Qferro = 49,1cal

Qágua = ​m . c. ​ΔT
Qágua = 216,038 . 1,00 . 10,6
Qágua = 2.290,0cal

Qvela = Qferro + Qágua


Qvela = - 2.339,1cal

2.339,1cal /0,439g = 5.328,3cal.g​-1

1 cal - 4,18J
5.328,335321 - x
x = 22.272,4J -> 22,3kJ.g​-1
O calor que a vela transferiu foi de 2.339,1cal, seu calor de combustão é a razão deste valor
pela quantidade de massa consumida na queima da vela, como é possível verificar nas equações
anteriores. Essa massa corresponde a 0,438g. Conclui-se então que o calor de combustão da
parafina, composto que constitui a vela, é de 5.328,3cal.g​-1​. A diminuição da massa da vela é
devido a reação de combustão que ocorre na queima da parafina, formando Gás Carbônico (CO​2​) e
Água (H​2​O). Isso é visível na equação a seguir.

C​25​H​52​ + 38O​2​ -> 25CO​2​ + 26H​2​O

A energia de quebra ou formação de ligações utilizadas são encontradas na seguinte tabela:

C-H 413kJ/mol

C-C 348kJ/mol

C=O 804kJ/mol

O-H 463kJ/mol

O=O 496kJ/mol
Tabela 2.
Na próxima tabela é possível notar o cálculo da entalpia das substâncias a partir das
ligações rompidas ou formadas:

Rompimento de 24 ligações C - C 24 . - 348kJ/mol = - 8.352kJ/mol

Rompimento de 52 ligações de C - H 52 . - 413kJ/mol = - 21.476kJ/mol

Rompimento de 38 ligações O = O 38 . - 496kJ/mol = - 18.848kJ/mol

Formação de 50 ligações C = O 50 . 804kJ/mol = 40.200kJ/mol

Formação de 42 ligações O - H 42 . 463 = 19.446kJ/mol

ΔH 10.970kJ/mol

Tabela 3.

Para a segunda parte determinação do calor de solidificação da parafina, é um


processo físico de mudança de fase. O calor de solidificação da parafina deverá ser
equivalente ao calor que a vela transferiu para o calorímetro, ou seja, para a água e béquer. A
seguir é mostrado os valores obtidos antes, durante e depois do processo:

Massa do tubo de ensaio 21,54g

Massa do tubo de ensaio + cera 28,976g

Massa da cera 7,436g

Massa do béquer vazio 44,388g

Massa do béquer + água 137,479g

Massa da água 93,091g

Temperatura inicial do sistema 24,2°C

Temperatura final do sistema 29°C


Tabela 4.
Com esses valores foi possível obter as seguintes equações e calcular o calor de solidificação da
parafina:
Qbéquer = m . c. ​ΔT
Qbéquer = 44,388 . 0,12 . 4,8
Qbéquer = 25,6cal

Qágua = ​m . c. ​ΔT
Qágua = 93,091 . 1,0. 4,8
Qágua = 446,8cal

Qcera = Qbéquer + Qágua


Qcera = 472,4cal

472,404288cal/7,436g = 63,52935557cal/g

1 cal - 4,18J
63,52935557cal - x
x = 265,6J -> 2,7 . 10​-1​kJ
Para a terceira parte do experimento foi analisado a temperatura de neutralização do ácido
clorídrico e do hidróxido de sódio em diferentes concentrações:

Temperatura inicial do NaOH (1,0 mol/L) 24,5°C

Temperatura inicial do HCl (1,0 mol/L) 24,5°C

Temperatura de neutralização NaOH + HCl 30,5°C

Temperatura inicial do NaOH (0,5 mol/L) 24,5°C

Temperatura inicial do HCl (0,5 mol/L) 24,5°C

Temperatura de neutralização NaOH + HCl 28,2°C


Tabela 5.

A partir dos dados apresentados acima, foi calculado o calor de neutralização de NaOH
e HCl de concentração 1,0mol/L:
QNaOH = m . c. ​ΔT
QNaOH = 106,5 . 1,0 . 6
QNaOH = 639cal

QHCl = m . c. ​ΔT
QHCl = 59 . 1,0 . 6
QHCl = 354cal

Qneutralização = QNaOH + QHCl


Qneutralização = 993cal -> 4.150,7J -> 4,2kJ

Em seguida foram realizados os mesmos processos para as substâncias com


concentração de 0,5mol/L:

QNaOH = m . c. ​ΔT
QNaOH = 53,3 . 1,0 . 3,7
QNaOH = 197,2cal

QHCl = m . c. ​ΔT
QHCl = 29,5 . 1,0 . 3,7
QHCl = 109,1cal

Qneutralização = QNaOH + QHCl


Qneutralização = 306,3cal -> 1280,5J -> 1,3kJ

É notório que o calor de neutralização em ambas as experiências foram divergentes por


conta da quantidade de moléculas que sofreram a ionização no meio, sendo assim os reagentes mais
concentrados, ou seja, com mais íons dissociados e assim mais energia liberada pela quebra de
ligações.

4. CONCLUSÕES

A aula foi de grande aproveitamento pois foi possível construir algumas conclusões. Os
valores obtidos são passíveis de uma porcentagem de erro relevante, considerando o calorímetro
improvisado, que na prática, não era feito somente de ferro e a parafina não era pura. Além das
perdas pelo ambiente já que o sistema não era devidamente vedado. Com isso foi possível concluir
na primeira parte do experimento, comparando o valor obtido com o valor teórico, que um sistema
devidamente preparado para um processo é essencial para a precisão dos resultados.
Para a segunda parte do experimento, foi possível concluir que os valores de combustão e
solidificação são diferentes pelas propriedades de fenômeno e pela quantidade de parafina que havia
no sistema.
Por fim, na terceira parte foi possível concluir que houve uma diferença considerável na
temperatura de neutralização conforme a mudança de concentração dos reagentes, e portanto houve
uma alteração significativa no calor de neutralização entre ambas as substâncias.

REFERÊNCIAS
EXPERIÊNCIAS de química: técnicas e conceitos básicos: PEQ - Projetos de ensino. PEQ -
Projetos de ensino. São Paulo: Moderna, 1982. 242 p.7

​ RASIL. CETESB. . ​Ficha de informação do produto químico: ​Naftaleno. Disponível em:


B
<http://sistemasinter.cetesb.sp.gov.br/produtos/ficha_completa1.asp?consulta=NAFTALENO>.
Acesso em: 19 mar. 2018.

​ ARIZE, Alexandre Luis; NAGURNIAK, Glaucio Régis; GESSER, José Carlos. ​Introdução ao
P
Laboratório de Química: ​QMC5119. 2016/2. Disponível em:
<file:///C:/Users/mogui/Downloads/Apostila-QMC5119-2016 (1).pdf>. Acesso em: 26 mar. 2018.

IMPERE, Ana Gabriele Dias et al. ​UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CAMPUS
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2015 RELATÓRIO DE PRÁTICA EXPERIMENTAL DE
QUÍMICA. ​São José dos Campos: Passei Direto, 2015. Disponível em:
<https://www.passeidireto.com/arquivo/19329459/relatorio---termoquimica-calor-de-combustao-e-
calor-de-solidificacao>. Acesso em: 26 mar. 2018.

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