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CASA TEOLÓGICA

CT02
Está autorizado a reprodução e divulgação total ou parcial deste
material, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e
pesquisa, desde que citada a fonte.

Marciano, Daniel Estevão; Oliveira, João Marcos de Moraes; Silva,


Thiago de Moura.

A legitimidade do Movimento Pentecostal através dos séculos / Daniel


Estevão de Brito Marciano; João Marcos de Morais Oliveira; Thiago de Moura
Silva – 2020.

Apostila (Curso Livre), Casa Teológica, Curso Livre: A legitimidade


do Movimento Pentecostal através dos séculos, Goiânia, Goiás, 2020.

1. Movimento Pentecostal. 2. Pentecostalismo. 3. Glossolalia. 4.


Assembleia de Deus.
Ficha catalográfica elaborada por:

Thiago de Moura Silva


Teólogo
PROFESSORES CONTEUDISTAS

THIAGO DE MOURA
É graduado em Teologia pela FASSEB – 2019
e Pós-graduado em Docência Universitária –
FASSEB – 2020. Atualmente é coordenador de
cursos e professor na Casa Teológica.

JOÃO MARCOS
É graduando em Teologia pela FASSEB.
Atualmente é diretor executivo e professor na
Casa Teológica.

DANIEL ESTEVÃO
É graduando em Teologia pela FASSEB.
Atualmente é professor e editor de vídeos na
Casa Teológica.
ORIENTAÇÕES GERAIS

Caro aluno(a), tudo bem com você? Nós esperamos que


sim. Para fazer este curso você precisará de tempo hábil,
então, organize sua rotina de estudos. Nunca procrastine,
pois isso diminuirá seu aprendizado. Siga de forma integral o
passo a passo, e você se sairá bem.

• Para sua maior comodidade, imprima esta apostila;


• Você deve fazer a leitura integral de cada aula antes de
acessar a videoaula, pois elas sem complementam;
• Faça sempre anotações dos pontos que achar relevante
em sua leitura, pois a videoaula pode dar maiores
esclarecimentos;
• Não se detenha a apostila e as aulas. Se surgir maior
curiosidade, pesquise e leia mais sobre o assunto. As
referências no final da apostila servem para você ampliar
seus Horizontes;
• Se não entendeu o que leu, leia novamente. É importante
pesquisar o significado de palavras que você não
compreender, não prossiga a leitura antes de saber o
significado da palavra;
• Por fim, faça o curso em um lugar tranquilo e confortável.
Sumário
INTRODUÇÃO.......................................................................... 1
EVIDÊNCIA PENTECOSTAL NOS PRIMÓRDIOS DA IGREJA.2
. 1 A PROMESSA E EVIDÊNCIA DO ESPÍRITO SANTO............... 3
. 2 A ÊNFASE DO ESPÍRITO SANTO NOS PAIS DA IGREJA...... 5
.CONCLUINDO........................................................................................ 8
GLOSSOLALIA, O FENÔMENO DAS LÍNGUAS...................... 9
. 1 O FENÔMENO DAS LINGUAS NA HISTÓRIA ........................10
. 2 A GLOSSOLALIA ...........................................................................12
.CONCLUINDO......................................................................................14
A HISTÓRIA DO MOVIMENTO PENTECOSTAL....................15
.1 A BASE DA DOUTRINA PENTECOSTAL E SEU
SURGIMENTO......................................................................................16
. 2 A EXPLOSÃO DO MOVIMENTO PENTECOSTAL ..................18
.CONCLUINDO......................................................................................21
O PENTECOSTALISMO NO BRASIL.....................................22
. 1 A CHEGADA DO PENTECOSTALISMO NO BRASIL..............23
.CONCLUINDO......................................................................................27
A ASCENSÃO DA ASSEMBLEIA DE DEUS..........................28
. 1 A ASSEMBLEIA DE DEUS E A ÊNFASE PENTECOSTAL DO
FALAR EM LÍNGUAS ........................................................................29
.CONCLUINDO......................................................................................32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................33
A LEGITIMIDADE DO MOVIMENTO PENTECOSTAL ATRAVÉS DOS SÉCULOS

INTRODUÇÃO
O presente curso foi elaborado com o intuito de
ensinar cristãos pentecostais, e não pentecostais e
qualquer pessoa que deseje conhecer o Movimento
Pentecostal de forma mais profunda. Ao analisar o contexto
atual, fica evidente que muitas pessoas não conhecem o
Pentecostalismo de forma satisfatória, e os que conhecem,
geralmente conhecem pouco e não sabem falar das raízes
do Movimento, isso acontece até mesmo com cristãos
pentecostais.
Há um grande desconhecimento da História do
Movimento Pentecostal e sua legitimidade por parte dos
cristãos, principalmente aqueles de instituições religiosas
chamadas de “igrejas históricas”, há também um grande
preconceito sobre os ensinos e bases do Pentecostalismo,
tendo como base apenas o senso comum, não buscando
fontes mais profundas sobre o que realmente é o
Pentecostalismo e suas crenças.
Percebendo a necessidade demonstrar a legitimidade
histórica do movimento, a Casa Teológica disponibiliza para
você, querido irmão(a), gratuitamente, este curso intitulado
de: “A legitimidade do Movimento Pentecostal através dos
séculos”.
A Casa Teológica preparou este curso para você com
muito carinho e empenho, aproveite, e bons estudos! Que a
paz de Cristo reine no seu lar.

1 CASATEOLOGICA.COM
A LEGITIMIDADE DO MOVIMENTO PENTECOSTAL ATRAVÉS DOS SÉCULOS

A U L A U M

EVIDÊNCIA
PENTECOSTAL NOS
PRIMÓRDIOS DA
IGREJA

Olá aluno(a), tudo bem com você? Nós esperamos que sim.
Nesta aula você vai aprender sobre as evidências pentecostais
nos primórdios da Igreja e, também que o movimento
Pentecostal surgiu com o intuito de resgatar todo este fervor
espiritual dos primeiros séculos da Igreja.

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A LEGITIMIDADE DO MOVIMENTO PENTECOSTAL ATRAVÉS DOS SÉCULOS

1 A PROMESSA E EVIDÊNCIA DO ESPÍRITO


SANTO

Muitas tradições cristãs juntamente com seus


pesquisadores, questionam a grande ênfase que o
movimento Pentecostal dá ao Espírito Santo e aos seus
dons extraordinários. Alegam que fazer isso é perigoso, pois
acreditam que o movimento coloca a experiência acima das
Escrituras.
Estes julgamentos estão ligados a questão do
desprezo que essas tradições têm com os pentecostais,
ou ao puro desconhecimento histórico. É evidente que os
primórdios da Igreja estão firmados em uma forte ênfase ao
Espírito Santo, pois Ele foi enviado pelo Pai para conduzir a
Igreja e propagar o evangelho de Jesus Cristo.
São inúmeras as ocorrências da ação extraordinária
do Espírito Santo nas escrituras, e na própria história
do cristianismo, que quase foram apagadas pelo
desconhecimento histórico e pela ganância do cristianismo
Ocidental. A questão é; o Espírito Santo sempre esteve
presente, juntamente com a manifestação dos seus dons
extraordinários, as tradições é que se esqueceram disso,
por isso, importa que façamos o resgate histórico do fervor
pentecostal.

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A LEGITIMIDADE DO MOVIMENTO PENTECOSTAL ATRAVÉS DOS SÉCULOS

1.1 Atos 2, a evidência da promessa e seu cumprimento

Muitos estudiosos e leigos no meio evangélico


acreditam que o Espírito Santo só obteve evidência no
grande acontecimento de Atos 2, porém, ao conferirmos
o depoimento do Apóstolo Pedro, podemos perceber que
o fenômeno que aconteceu naquele dia trata-se de uma
promessa feita ao povo de Deus no Antigo Testamento, a
profecia de Joel diz:
“E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que
derramarei do meu Espírito sobre todas as pessoas; e os
vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos jovens
terão visões, os vossos velhos terão sonhos; e naqueles
dias derramarei do meu Espírito sobre os meus servos e
sobre minhas servas, e eles profetizarão. E mostrarei feitos
extraordinários em cima, no céu, e sinais, embaixo; na terra,
e sangue, fogo e vapor de fumaça. O sol se transformará
em trevas e a lua em sangue, antes que venha o dia do
Senhor, e acontecerá que todo aquele que invocar o nome
do Senhor será salvo” (At 2.17-21).
Pedro proclama ao povo que o dia do cumprimento
havia chegado, obviamente, não se tratava do cumprimento
total da profecia, mas do início dela. A Igreja experimentou
naquele dia a manifestação do poder de Deus na pessoa
do Espírito Santo, e o dom que ganha enfoque naquele dia,

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A LEGITIMIDADE DO MOVIMENTO PENTECOSTAL ATRAVÉS DOS SÉCULOS

é o dom de diversidade de línguas. Por isso o Movimento


Pentecostal dá ênfase a este dom em específico, embora
nãos seja o único.
Sabe-se que no início da Igreja, os dons extraordinários
do Espírito Santo tinham uma frequência gigantesca, e isso
se dava pelo grande empenho dos Apóstolos em expandir a
igreja de Cristo. O Apóstolo Paulo em especial, deu grande
ênfase à ação do Espírito Santo, como afirma Lucas Gesta
(2018, p. 78):

Paulo desenvolveu todo um conceito teológico e missiológico


através de conhecimentos que havia acumulado antes de sua
conversão do judaísmo ao movimento de Jesus, juntamente com os
conceitos teológicos que a igreja em Antioquia já havia formado,
fruto de seu desligamento progressivo com a herança judaica e da
influência de uma corrente judaico-cristã, expulsa de Jerusalém,
que fundara aquela comunidade cristã, conhecida como “Grupo dos
Sete”– corrente judaica cristã helenista, que de todas as formas era
discriminada, e foi a primeira a ser perseguida entre os seguidores
do movimento de Jesus. Ali se desenvolveu uma espécie de religião
própria, com seus símbolos e rituais iniciatórios específicos, sua
teologia em torno do conceito da Graça e do papel especial do
Espírito Santo como diretor das ações e práticas missionárias (grifo
nosso).

Em outras palavras: após o Apóstolo Paulo abandonar o


judaísmo, ele passou a ser um grande missionário da Igreja
junto com outros pequenos grupos cristãos, Pedro e Paulo,
em especial, davam grande ênfase ao poder do Espírito

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A LEGITIMIDADE DO MOVIMENTO PENTECOSTAL ATRAVÉS DOS SÉCULOS

Santo em conduzir a Igreja e manifestar grandes feitos e


prodígios, desta forma, em uma leitura simples de suas
cartas, é possível contatar essas evidências, demonstrando
uma veracidade pentecostal contínua, vide o livro de Atos.
A evidência e ênfase da ação do Espírito Santo com a
manifestação de seus dons, continua no período dos pais
da Igreja.

2 A ÊNFASE DO ESPÍRITO SANTO NOS PAIS


DA IGREJA

Antes de tudo, é importante salientar que o


cristianismo primitivo e medieval não se resume ao
nosso Ocidente. O desenvolvimento e expansão inicial
do cristianismo deu-se no Oriente e, posteriormente no
Ocidente, e isso explica o motivo dos cristãos Ocidentais
(católicos romanos e protestantes) acharem que a
manifestação dos dons extraordinários do Espírito Santo e
a ênfase nEle teve o seu fim na era medieval.
No que diz respeito ao Ocidente medieval, é notório que
as manifestações do Espírito minaram, a ponto de ficarem
inertes, mas isso se deu pela grande decadência da igreja
romana neste período, que simplesmente parou de cumprir
seu papel de transformação.
As igrejas Orientais chamadas de Ortodoxas estavam
veementes, e a ênfase deles no Espírito Santo é notória

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em suas práticas e teologia. Os monges orientais eram


extremamente apegados a uma vida fervorosa no Espírito.
Na Teologia Ortodoxa, há grande ênfase no poder
do Espírito Santo e na manifestação de seus dons
extraordinários como; cura, falar em línguas, profetizar etc.
a tradição deles é ligada a tudo isso. Eles tem uma teologia
chamada de “deificação”, na qual eles acreditam que o ser
humano pode tornar-se um “deus criado”, não no sentido
de ser divino, mas na ideia de se aproximar da estatura de
Cristo.
Basílio apud M. James Sawyer (2009, p. 273), diz que:
“Do Espírito Santo, há o conhecimento antecipado do futuro,
a compreensão dos mistérios, o entendimento de coisas
ocultas, a distribuição de graças, o caminho da verdade, a
associação com anjos, felicidade sem fim e a habitação em
Deus”.
Basílio era um pai da Igreja oriental, e ele dava grandes
ênfases a ação do Espírito, como demostrado acima,
como naquela época (igreja primitiva e medieval) até hoje
os Ortodoxos têm uma grande ênfase espiritual e mística,
evidenciando constantemente a ação do Espírito Santo na
Igreja.
Basílio de Cesaréia afirma que o Espírito Santo é o
princípio Unificador que mantém junto o corpo da Igreja que
é abençoado com tal diversidade de carismas. Não somente
Basílio, mas também vários outros pais da igreja tinham

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A LEGITIMIDADE DO MOVIMENTO PENTECOSTAL ATRAVÉS DOS SÉCULOS

essa ênfase.
De acordo com Cirilo de Jerusalém, a graça dada aos
apóstolos “não era parcial, mas o poder do Espírito estava
na íntegra perfeição” (Palestras Catequéticas) (Sobre
o Espírito Santo 26:61, apud SLIJKERMAN, 2007, p.8).
Podemos sintetizar que:

Cada uma das declaração incluídas [...] inequivocamente testemunha


a presença ativa do Espírito Santo [...] Tais graças e dons incluem:
oração com as mãos estendidas, recebendo a herança e libertação da
morte (Tertuliano); regeneração pelo Espírito Santo e recebendo graça
(Hipólito); limpeza, poder e presentes de sabedoria e conhecimento
(Orígenes); alegria, profecia e espiritual inebriação (Hilário); poder
espiritual e sua plenitude (Cirilo de Jerusalém); diversidade de
carismas e cura (Manjericão); santificação (Gregório de Nazianzo);
perdão, remissão do pecado, santidade, adoção como criança de Deus
e abundante derramamento do Espírito (João Crisóstomo) e eficácia
oculta com subsequente manifestações (Filoxeno). [...] podemos relatar
esta evidência sobre o poder do Espírito Santo no trabalho dos
cristãos dos primeiros séculos da história da Igreja (SLIJKERMAN,
2007, p. 9).

Por fim, dadas as evidências acima, é notório que a


Igreja sempre deu ênfase ao Espírito Santo, ênfase no que
diz respeito a sua função no mundo como guia da Igreja.
Negar os fatos acima seria negar a própria história do
cristianismo.
Como citado no início desta aula, os cristãos
Ocidentais juntamente com sua tradição anti-pentecostal,

8 CASATEOLOGICA.COM
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decidem ignorar os fatos, pois não conseguem perceber,


ou aceitar a veracidade do Movimento Pentecostal que veio
para resgatar o que se havia perdido, a saber, o fervor do
pentecostes.

CONCLUINDO

Nesta aula você aprendeu que, a ênfase do movimento


Pentecostal no Espírito Santo e seus dons extraordinários
são fruto de um resgate que o movimento fez da vivência
e fervor dos cristãos primitivos, aprendeu também que
a ênfase do falar em línguas vem do dia de pentecostes
de Atos 2. Por fim, aprendeu que os pais da igreja davam
ênfase no Espírito santo e no fervor pentecostal, como uma
extensão do pentecostes.

9 CASATEOLOGICA.COM
A LEGITIMIDADE DO MOVIMENTO PENTECOSTAL ATRAVÉS DOS SÉCULOS

A U L A D O I S

GLOSSOLALIA, O
FENÔMENO DAS
LÍNGUAS

Olá aluno(a), tudo bem com você? Nós esperamos que sim.
Nesta aula você vai aprender sobre a glossolalia (dom de
línguas) que é uma marca do Movimento Pentecostal. É
importante que você aprenda sobre este tópico, antes de
entrarmos na história do movimento, então, vamos em frente.

10 CASATEOLOGICA.COM
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1 O FENÔMENO DAS LINGUAS NA HISTÓRIA

Quando partimos de uma visão investigativa sobre a


glossolalia, atestamos sua veracidade na História da Igreja
e, também percebemos seus antecedentes bíblicos. A
promessa do derramamento do Espírito Santo, profetizada
por Joel (Joel 2:28-32), demonstra a esperança de um
grande mover. O retrato que Joel promove do futuro é
muito promissor, onde ninguém estaria imune (jovem ou
velho, escravo ou livre, homem ou mulher) de levar adiante o
ministério profético.
No Novo Testamento há várias evidências de uma
descida iminente do Espírito Santo. O evangelho de João
testemunha que o Espírito desce em forma de pomba
sobre Jesus Cristo. João Batista falou que quem viria após
ele iria batizar com o Espírito Santo. Há também registro
no evangelho de João, a partir do capítulo 14, onde Jesus
apresenta o Espírito Santo como Consolador, O Espírito
da Verdade, Mestre (ensinador) e o Guia da Verdade
(orientador).
Em Marcos 16:17, Jesus fala a seus discípulos que em
seu nome expulsariam demônios e falariam novas línguas,
demonstrando que seus discípulos teriam um ministério
carismático. Depois que Jesus ressuscitou, ele ordenou
aos seus discípulos que permanecessem em Jerusalém até

11 CASATEOLOGICA.COM
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serem revestidos do poder do alto.


Atos testifica a descida do Espírito Santo e descreve
que “línguas, como de fogo” foram distribuídas sobre cento
e vinte pessoas no cenáculo de Jerusalém. Isso ocorre na
frente de várias testemunhas de diferentes nacionalidades
(medos, pardos, africanos, egípcios, judeus, árabes, galileus)
e eles ouviram falar das maravilhas de Deus em seus
próprios idiomas.
Após o evento, Pedro explana o que havia acontecido
e usa a profecia de Joel para contextualizar o evento.
A palavra grega χάρισμα ou carisma, que significa
“presente” ou “dom divino” é usada para descrever essas
habilidades extraordinárias promovidas pelo Espírito Santo.
Subsequentemente há mais três eventos, descritos
também em Atos, que evidencia a descida do Espírito
Santo e relaciona esse evento com o “falar línguas”. “Disso
conclui-se que o falar em línguas era evidência clara de que
o Espírito Santo tinha sido dado” (WILLIAMS, 2011, p.538).
A glossolalia (falar em línguas) manifestou um
importante papel na Igreja primitiva (ELDEREN. 1964, p. 53).
A primeira carta de Paulo aos Coríntios, capítulos 12-14 não
somente apontam a existência da glossolalia, mas também
expõe uma lista de manifestações dos dons do Espírito
Santo.
Sobre a glossolalia os capítulos atestam que: Era
procedente do Espírito Santo (1Cor 12,4-7); Visava um fim

12 CASATEOLOGICA.COM
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proveitoso (1Cor 12; 7,25); Não era um carisma concedido


a todos da comunidade (1Cor 12,30); Se não acompanhada
pelo dom auxiliar de interpretação, não era entendida pelos
homens e sim, tão somente, por Deus (1 Cor 14,2-5); Era
um dom que se equiparava ao de profecia, no momento em
que o dom de interpretação se manifestava no culto, dando
à comunidade presente, o sentido das palavras verbalizadas
(1Cor 14,5) e Não poderia ser exercitada no culto público
sem seu dom auxiliar de interpretação ( 1Cor 14,28)
(SANTOS, 2011, p. 60).

Destes versículos podemos concluir facilmente que [...] a glossolalia


cristã, da mesma forma que os demais carismas, tinha sua origem
no Deus cristão que, pelo Espírito Santo, capacitava sua igreja com
dons diversos, com o fim de edificar, exortar e doutrinar o seu povo
(SANTOS, 2011, p.62).

2 A GLOSSOLALIA

É evidente que o dom de línguas está presente nas


escrituras e na História da Igreja, como visto anteriormente.
Agora, importa que passemos a análise desse dom, e como
ele se manifesta, pois as Escrituras o apresenta em duas
formas. O dom de línguas não está limitado as línguas
humanas, como afirma o Apóstolo Paulo, há a manifestação
de línguas humanas (xenolalia) e, também da língua dos
anjos (glossolalia), como afirma o apóstolo Paulo em (1Co

13 CASATEOLOGICA.COM
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13.1).
Neste texto da carta de Paulo aos coríntios, ele os
esta exortando, pois havia uma confusão no uso do dom
de línguas, eles estavam usando de forma desorganizada e
exagerada, e isso atrapalhava o bom andamento dos cultos
a Deus, desta forma, Paulo traz orientações sobre como
usar o dom. Ele diz que fala mais línguas do que todos eles,
e isso significa que Paulo está falando não somente da
glossolalia, mas também de xenolalia, que é o dom de falar
uma ou mais línguas humanas, porém, sem o falante ter
estudado a língua previamente. O fato de Paulo chamar a
glossolalia de “língua dos anjos” pode significar que se trata
de um idioma desconhecido do ser humano, algo celestial,
proveniente do próprio Deus, e sempre será manifestado de
forma inteligível.

Esse é um quadro muito diferente daquele da glossolalia como um


tipo de fala absurda ou balbucio incoerente. Falar em línguas é
completamente o oposto: uma vez que o Espírito Santo é “o Espírito
da verdade”, quando, ele se expressa por meio de uma pessoa ou
pessoas, a verdade está sendo dita. Tal fala está muito longe de ser
tolice e incoerência. Na verdade, falar “conforme o Espírito lhes
concedia se exprimissem” é o resultado da expressão inteligível
(RODMAN, 2011, p. 545).

É importante salientar que a glossolalia nunca será


algo sem sentido ao ouvinte, ou seja, quando alguém está
realmente falando em línguas, por mais que o receptor não

14 CASATEOLOGICA.COM
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consiga entender o que está sendo dito, ele irá perceber


os aspectos naturais da linguagem, pois será algo que tem
fluência, dicção e ordem fonética.
É preciso ter cuidado, pois há exageros dentro do
movimento pentecostal e fora dele também, principalmente
no movimento neopentecostal, onde você consegue
perceber facilmente que a pessoa só está fazendo sons
aleatórios com a boca, que não tem sentido algum, e isso
não é falar em línguas, não faz parte da genuína glossolalia.
Quando uma pessoa fala em línguas, é o próprio
Espírito Santo que está falando, seja para edificar a Igreja,
ou a própria pessoa. Por isso Paulo faz as advertências aos
coríntios, que estavam todos falando de uma vez só, sem
intérprete, então ele diz que, quando não há intérprete, que
fale para si mesmo. Se alguém tem um recado para a Igreja
e precisa falar em língua, Deus preparará o intérprete, caso
contrário, não há sentido em manifestar a língua para a
Igreja, pois ela pode ser para edificação pessoal.
Para finalizar, a glossolalia é um marco para o
movimento Pentecostal, porém, não é tudo, pois o
movimento tem mais substância. Ele está ligado ao cerne
da manifestação carismática do Espírito Santo.

CONCLUINDO

Nesta aula você aprendeu que o fenômeno das línguas

15 CASATEOLOGICA.COM
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está presente nas Escrituras e, também na História da


Igreja, e que ele foi e é uma forte evidência da manifestação
e derramamento do Espírito santo. Por fim, aprendeu que
a glossolalia é diferente da xenolalia, e que ambas estão
presentes nas Escrituras, aprendeu que o dom deve ser
utilizado seguindo as orientações do Apostolo Paulo, e que
o Espírito Santo é sempre o condutor do dom.

16 CASATEOLOGICA.COM
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A U L A T R Ê S

A HISTÓRIA DO
MOVIMENTO
PENTECOSTAL

Olá aluno(a), tudo bem? Nós esperamos que sim. Nesta


aula você irá aprender sobre o Movimento Pentecostal e seu
surgimento. Aprenderá também sobre o que impulsionou o
movimento a nível mundial, essa aula é um mergulho na
história, então, vamos em frente..

17 CASATEOLOGICA.COM
A LEGITIMIDADE DO MOVIMENTO PENTECOSTAL ATRAVÉS DOS SÉCULOS

1 A BASE DA DOUTRINA PENTECOSTAL E


SEU SURGIMENTO

Doutrina: A origem da doutrina pentecostal em sua


formulação teológica é atribuída a Charles Fox Parham. Ele
considerou que o fenômeno da glossolalia era a evidência
bíblica do batismo no Espírito Santo. Esse conceito
teológico “influenciou de forma direta o avivamento da Rua
Azusa, de 1906, e o surgimento do Movimento Pentecostal
em todo o mundo” (VINSON, 2009, p. 64).
Parham iniciou em 1898, em Topeka, no Kansas, a
Escola Bíblica Betel e a casa da Cura. Seus alunos foram
desafiados a buscar nas Escrituras algum sinal da evidência
do batismo no Espírito Santo. Houve uniformidade entre
eles ao concluir que: “o falar em outras línguas constituía
a única prova bíblica do batismo com o Espírito Santo”
(VINSON, 2009, p. 65).
Essa formulação doutrinaria levou Parham à
prática, através de reuniões, que levaram seus alunos
a experimentar a xenolalia em 21 idiomas conhecidos,
dos quais nenhum deles haviam estudado, e que foram
confirmados como legítimos por pátrios daquelas línguas
(VINSON, 2009, p. 66).
Surgimento: Há algumas incoerências históricas
acerca do surgimento do Movimento Pentecostal, e até

18 CASATEOLOGICA.COM
A LEGITIMIDADE DO MOVIMENTO PENTECOSTAL ATRAVÉS DOS SÉCULOS

hoje existem disputas sobre esse tema, porém, alguns


esclarecimentos são possíveis.
O Protestantismo, devido a sua veemência em
direitos como o livre exame das Escrituras, o sacerdócio
universal e a liberdade de expressão e associação, abriu
espaços para manifestações carismáticas. Podemos citar
os quacres (século 17) os avivamentos dos séculos 18
e 19, na América do Norte assim como na Europa, e por
fim o ministério de Edward Irving, onde os “seus principais
interesses concentram-se nas áreas da cristologia,
pneumatologia e escatologia, com ramificações em todas
as demais áreas da teologia cristã.” (século 19) (MATOS,
1996, p. 3). Ele é considerado o precursor do moderno
movimento carismático. Esses movimentos com frequência
revelavam insatisfações legítimas com a igreja oficial e o
desejo de uma espiritualidade mais profunda.
Foi destes movimentos preexistes que o
Pentecostalismo veio, com a finalidade de um maior
envolvimento da igreja com a o Espírito Santo, que estava
bastante ofuscado, e a busca pelos dons extraordinários do
Espírito Santo.
Uma Data a ser considerada para o início do movimento
é justamente em 1901 com Charles Fox Parham, que
também formulou o princípio das doutrinas pentecostais,
como visto anteriormente, esta data é confirmada pela
maioria dos historiadores. O nome dele foi ofuscado na

19 CASATEOLOGICA.COM
A LEGITIMIDADE DO MOVIMENTO PENTECOSTAL ATRAVÉS DOS SÉCULOS

história, pois o mito de que Parham era homossexual e


ligado a uma organização do Ku Klux Klan (KKK), fizeram
com que seu nome fosse desligado do Pentecostalismo por
muito tempo, embora não haja provas dos fatos contra ele.

Em 1905, Parham estabeleceu outra escola bíblica do tipo “obra


da fé”, dessa vez em Houston, no Texas. Embora na época a escola
tivesse pouco mais de 20 alunos um deles, William J. Seymour, estava
destinado a ser usado na condução do avivamento da Rua Azusa.
(VINSON, 2009, p. 66).

2 A EXPLOSÃO DO MOVIMENTO
PENTECOSTAL

William Joseph Saymor, foi o responsável pela maior


e mais rápida propagação do Movimento Pentecostal. Um
homem de criação humilde, aparentemente tímido, não
gostava de falar em público, porém, Deus escolheu Seymour
para uma obra maior do que ele mesmo poderia imaginar.
Acerca da vida de Seymour, Vinson Synan (2009, p. 69) diz
que:

Nascido na Louisiana, filho de escravos libertos, Seymour era um


negro baixinho e robusto, cego de um olho e agraciado com um
espírito manso e humilde. Ele começou sua odisseia espiritual
ainda na infância, quando fez profissão de fé num culto metodista.
No início de sua fase adulta, mudou-se para Indianápolis, onde se
filiou a uma igreja Metodista. Mais tarde, estabeleceu relações com
a igreja de Deus (Anderson, Indiana), pela qual recebeu ordenação

20 CASATEOLOGICA.COM
A LEGITIMIDADE DO MOVIMENTO PENTECOSTAL ATRAVÉS DOS SÉCULOS

ministerial. [...] Arthur Osterberg, que posteriormente se tornou líder


da Missão da Rua Azusa, descreveu-o como alguém “de fala suave
e simples, mas não um orador. Ele falava a linguagem comum de
gente sem instrução. Podia pregar durante quarenta e cinco minutos
sem demonstrar mais emoção que aquele poste. Não era do tipo
que levantava os braços como para lançar raios e trovejar, nem era
possível imaginá-lo fazendo isso”.

Este homem descrito acima foi um dos mais influentes


divulgadores do Pentecostalismo, embora ele não se pareça
em nada com a radicalidade do movimento, Seymour,
amadureceu com o tempo, e com as diversas experiências
que mais tarde adquiriu com seu ministério pastoral e como
um dos grandes líderes do Pentecostalismo.
Ele pastoreava uma igreja chamada “Missão Santa
Fé”, e nesta instituição, Seymour começou a pregar sobre
o batismo com o Espirito Santo que tinha como evidencia
inicial o falar em línguas (o que nem ele mesmo fazia pois
ainda não tinha recebido o dom), este ensino foi combatido
pelo líder da “Missão Santa Fé”, pois ela tinha uma visão
diferente sobre o assunto e, por fim, acabou expulsando
Seymour de sua congregação por causa de seu ensino.

De acordo com o ensino aceito e defendido pelo movimento de


santidade, a Irmã Hutchins e os demais membros da Missão Santa
Fé acreditavam que a santificação e o batismo com o Espírito santo
eram a mesma experiência, a qual muitos deles davam testemunho
de ter vivenciado. [...] O ensino acerca das línguas incomodou tanto
a Irmã Hutchins que Seymour, ao retornar para o culto da noite,

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encontrou as portas da missão fechadas com cadeado (SYNAN,


VINSON, 2009, p. 70).

Willian Seymour com sua pregação sobre o Batismo e


as línguas estranhas, convenceu muitos irmãos de algumas
igrejas como; Metodista e Missão Santa Fé, os quais se
juntaram a ele para que pudessem cultuar a Deus livremente
e propagar este poder imenso que estavam sentindo com
um avivamento individual que os tomara por fascínio e
experiências sobrenaturais. O desejo de Seymour em ser
batizado e falar em línguas tornou-se realidade, como afirma
Vinson Synan (2009, p. 72):

Quando já estava prestes a deixar a casa dos Asberrys, na noite de 9


de abril de 1906, Seymour foi orar, na companhia do senhor Lee, por
uma cura divina. [...] Eles oraram juntos, e Lee de fato foi batizado
e começou a falar em línguas. [...] Seymour correu para a reunião
noturna na casa dos Asberrys e relatou o que havia acontecido com
Edward Lee. A notícia estimulou a fé do povo, mais que o normal, e
de repente “Seymour e sete outros crentes cairão ao chão em êxtase
espiritual, falando em outas línguas”.

A partir deste fato, Seymour sentiu-se ainda mais


impelido pelo Espirito Santo a propagar a “Renovação
Pentecostal”. Os cultos da Rua Azusa estavam sendo
observados e comentados por vários jornais de todas as
partes do mundo, inicialmente a visão desses jornais eram
de extremo desprezo e deboche, porém, começaram a dar

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credito para o movimento, pois já tinha atingido proporções


enormes, várias pessoas testemunhando das maravilhas de
Deus, o fato já não poderia ser levado como piada, mas sim
como uma realidade de avivamento religioso.

A respeito dos testemunhos de cura associados aos primeiros dias do


movimento pentecostal, Martin E. Marty, renomado historiador de
religião, declarou: “Os testemunhos de cura são tão impressionantes
e ocorrem com tal regularidade que em alguns contextos não eram
tratados com a devida reverência”. Um exemplo dentre muitos que
retratam essa regularidade é o de uma jovem que certa noite foi
batizada com o Espírito Santo. Na manhã seguinte, ao chegar
à reunião, ela deparou com uma mulher que estava paralitica
havia trinta e dois anos. A jovem aproximou-se da mulher e disse:
“Jesus deseja currá-la”. Os dedos e os pés da mulher se firmaram
imediatamente, e ela começou a andar (SYNAN, VINSON, 2009, p.
83).

Foi exatamente com este fervor que o Movimento


Pentecostal se espalhou rapidamente aos outros países,
isto deu-se graças ao poder do Espírito Santo que capacitou
uma pessoa tão improvável como Seymour para uma obra
de cunho mundial.

CONCLUINDO

Nesta aula você aprendeu que as bases do Movimento


Pentecostal foram formuladas e propagadas por Charles
Fox Parham em 1898, em Topeka no Kansas, na Escola

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Bíblica Betel e na casa da Cura. Aprendeu também que


há divergências acerca do início do movimento, porém, a
maioria dos historiadores afirmam que foi em 1901. Por
fim, compreendeu que Willian Seymour foi o responsável
pela grande explosão do Pentecostalismo na Rua Azusa e
posteriormente no mundo.

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A U L A Q U A T R O

O
PENTECOSTALISMO
NO BRASIL

Olá aluno(a), tudo bem? Nós esperamos que sim. Nesta aula
você irá aprender sobre a chegada do Movimento Pentecostal
no Brasil, então, prepara-se para mais um mergulho histórico, e
vamos em frente.

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1 A CHEGADA DO PENTECOSTALISMO NO
BRASIL

Logo após o grande avivamento da rua Azusa, o


Movimento Pentecostal se espalhou em grande escala
por vários lugares do mundo e a chegada do movimento
no Brasil teve um grande marco para o estabelecimento
do protestantismo no país. O berço do Pentecostalismo
Brasileiro deu-se no Pará, isso foi possível graças aos
missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren, ambos
receberam um chamado profético da parte de Deus para
virem ao Brasil a fim de evangelizar e estabelecer a nova fé
pentecostal. Gunnar Vingren relata:

[...] Adolfo Ulldin, recebeu do Espírito Santo palavras maravilhosas, e


vários mistérios sobre meu futuro lhes foram revelados. Entre outras
coisas, o Espírito Santo falou através deste irmão que eu deveria ir
para o Pará. Foi-nos revelado também que o povo para quem eu
testificaria de Jesus era de um nível social muito simples. Eu deveria
ensinar-lhes os primeiros rudimentos da doutrina do Senhor. Naquela
ocasião tivemos o imenso privilégio de ouvir através do Espírito
Santo a linguagem daquele povo, o idioma português. Ele também
nos disse que comeríamos comida muito simples, mas Deus nos daria
tudo o que fosse necessário. (VINGREN, IVAN, 2000, p. 27).

A partir desta declaração, pode-se perceber que o


chamado Divino para os missionários era intenso e ao
mesmo tempo um grande desafio a ser cumprido, isso, a

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fim de que a fé pudesse ser conhecida pelos Brasileiros


de forma sobrenatural. Note que nesta mesma declaração,
o fenômeno das línguas era evidente no meio dos crentes
pentecostais dos Estados Unidos, pois o relato de terem
ouvido o idioma português, se deu de forma sobrenatural.
Em 1910 os missionários chegaram ao Brasil e se
estabeleceram em Belém do Pará, este foi o lugar que Deus
escolheu para dar início a propagação do evangelho de
forma sobrenatural.

No dia 19 de novembro de 1910, em um dia de sol causticante


dos trópicos, os dois missionários desembarcaram em Belém. Não
possuíam eles amigos ou conhecidos nessa cidade. Não traziam
endereço de alguém que os acolhesse ou orientasse. Vinham
unicamente encomendados à graça de Deus; tinham a protegê-los o
Deus de Abraão. (CONDE, EMÍLIO, 2008, p. 26).

O movimento iniciou-se primariamente em pequena


escala, com poucos crentes, mas logo tomou proporções
de grande significância, os desafios que os missionários
enfrentaram foram muitos, principalmente a recepção por
parte das igrejas Batistas que já estavam estabelecidas no
país, chegaram a ser acolhidos por um pastor Batista, mas
logo tiveram que se retirar da igreja, pois a aceitação do
batismo com o Espírito Santo nos moldes pentecostais era
inaceitavel para ele. Gunnar, em seu diário, anotou os relatos
dos primeiros frutos provenientes da missão pentecostal

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até 1914 antes de estourar a primeira guerra mundial, ele


diz que:

[...] foram batizados, no total, 384 pessoas nas águas, e 276 receberam
a promessa do Espírito Santo durante esses quatro primeiros anos de
trabalho pioneiro na Igreja em Belém do Pará. Podemos observar o
progresso sucessivo ano após ano, tanto de batizados nas águas como
com o Espírito Santo. Toda a luta, sofrimento, orações e trabalhos
por trás desses números somente Deus conhece. As bases para um
trabalho frutífero tinham sido colocadas. O trabalho pentecostal no
Brasil, no princípio insignificante, cresceu, e agora é um dos maiores
movimentos pentecostais do nosso tempo. (VINGREN, IVAN, 2000, p.
71, 72).

Os trabalhos estavam a todo o vapor, todos estavam


enfim conhecendo o Deus das Escrituras através dos
missionários pioneiros do Pentecostalismo no país, mas
ainda haviam lugares distantes que Gunnar não tivera a
oportunidade de estabelecer o novo Pentecostalismo, a
viagem do missionário a Alagoas foi mais uma conquista
para a missão que o Senhor lhe chamou para cumprir.

Seguindo a direção de Deus, Vingren fez uma viagem de


evangelização para o Nordeste do Brasil. Precisamente para a cidade
de Maceió, no estado de Alagoas, onde a mensagem pentecostal ainda
não tinha sido pregada. Da mesma forma que o evangelista Filipe
teve que deixar o glorioso despertamento em Samaria e sair para
um caminho deserto, completamente desconhecido, assim também o
missionário Gunnar Vingren passou pela mesma experiência. Ele teve
que deixar o glorioso movimento pentecostal no Pará e fazer uma

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viagem missionária ao estado de Alagoas. (VINGREN, IVAN, 2000, p.


74).

A missão em Alagoas na cidade de Maceió, foi


uma experiência ímpar para o missionário e os crentes
envolvidos, no primeiro culto na cidade o poder do Espirito
Santo sobre os presentes foi notório, como afirma Ivar
Vingren (2000, p. 69) acerca dos relatos de seu pai Gunnar:
“enquanto eu estava orando, um homem foi alcançado pelo
poder de Deus de maneira tão forte, que por duas vezes foi
levantado bem alto do chão. Louvei muito ao Senhor, e senti
grande gozo no meu Deus”. Após alguns messes de missão,
alguns irmãos Batistas e Adventistas foram convencidos
pelo Espirito Santo acerca do poder pentecostal ao qual
presenciaram, então uniram forças para a propagação do
Pentecostalismo na região de Maceió.
No ano de 1918 o trabalho na selva amazônica foi
iniciado pelo missionário Gunnar, que enfrentaria grandes
desafios neste ambiente hostil (VINGREN, 2000).

Num lugar à beira do rio Amazonas, chamado Mira Selvas, Vingren


realizou vários cultos. Ele comentou: “Deus deu-me graça para
falar seriamente com a igreja ali [...] esses cultos foram realizados
num lugar bem perto de mata virgem. Para chegar até lá o acesso
era muito difícil, pois ou tinham de remar em barquinhos através
de rios dentro da selva, ou caminhar pelas desertas e densas selvas.
(VINGREN, IVAN, 2000, p. 103).

29 CASATEOLOGICA.COM
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Os relatos anteriores são o pano de fundo para o


estabelecimento do Pentecostalismo no Brasil, através
deles percebe-se o árduo trabalho dos pioneiros Gunnar
Vingrem e Daniel Berg, para o estabelecimento do
‘movimento’ no país, ambos sofreram duras penas a fim de
cumprir o chamado Divino de propagar o grande avivamento
evangelístico. Os missionários suecos levaram o nome de
cristo para vários lugares no Brasil, alguns deles de difícil
acesso e vivência, todo este processo estabeleceu o
momento propício para fundar a maior igreja pentecostal
do Brasil, a ‘Assembleia de Deus’ que até hoje sustenta
os princípios pentecostais primevos, que deram origem ao
Pentecostalismo.

CONCLUINDO

Nesta aula voce aprendeu que Daniel Berg e Gunnar


Vingren foram os responsaveis por trazer o Pentecostalismo
ao Brasil e que fizeram isso de forma brinhante. Aprendeu
também que eles não foram bem recebidos por algus lideres
religiosos que ja estavam no pais, porém, isso não impediu
o crescimento do movimento. Por fim, aprendeu que a
Assembleia de Deus foi iniciada com eles.

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A U L A C I N C O

A ASCENSÃO DA
ASSEMBLEIA DE
DEUS

Olá caro aluno(a), tudo bem? Nós esperamos que sim. Na


aula passada você viu que a Assembleia de Deus é a igreja
pentecostal pioneira no país. Nesta aula você aprenderá sobre
como ela foi fundada, prepare-se para mais um mergulhos
histórico, e vamos em frente.

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1 A ASSEMBLEIA DE DEUS E A ÊNFASE


PENTECOSTAL DO FALAR EM LÍNGUAS

A fundação da igreja ‘Assembleia de Deus’ deu-se


primariamente por um grupo de irmãos que após alguns
desatinos com a igreja Batista reuniram-se e começaram
seus cultos, ainda sem um registro legal para a nova
instituição religiosa, como relata Emílio Conde (2008, p.
32):

Após os empolgantes acontecimentos que duraram exatamente dez


dias, o pequeno grupo, no dia 11 de junho de 1911 convidou Daniel
Berg e Gunnar Vingren a comparecerem à Rua Siqueira mendes, 67,
em Belém. Com estas 17 pessoas, expulsas arbitrariamente da Igreja
Batista, funda-se a Assembleia de Deus que, nas décadas seguintes,
causaria admiração e espanto ao mundo inteiro pela pujança de seu
crescimento. (CONDE, EMÍLIO, 2008, p. 33).

O registro oficial da igreja para que se tornasse pessoa


jurídica deu-se alguns anos mais tarde, conforme afirma
Ivan Vingren (2000, p. 104): “[...] chegara o momento de
registrar a igreja para que ela se tornasse pessoa jurídica.
Isto aconteceu no dia 11 de janeiro de 1918, quando a
igreja foi registrada oficialmente com o nome “Assembleia
de Deus”.
Assim como o propósito inicial do Pentecostalismo,
que foi dar maior ênfase aos dons do Espirito Santo, as

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diretrizes doutrinarias das ‘Assembleias de Deus’ continuam


a professar esta crença e hodiernamente mantém-se fiel
à doutrina pentecostal. Ao analisar a declaração de fé da
igreja em questão, percebe-se a ênfase no dom de ‘falar em
línguas’, algo comum entre os pentecostais.

A expressão “outras línguas” (At 2.4) diz respeito a um tipo diferente.


Essas línguas são de natureza espiritual, pois eles falavam “conforme
o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2.4). Essas línguas
reaparecem mais adiante como um dos dons do Espírito Santo, o de
variedade de línguas: “porque o que fala língua estranha não fala
aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito
fala mistérios” (1 Co 14.2). a língua aqui é da mesma essência do
Pentecostes; a diferença está na função. É a chamada glossolalia,
palavra usada para indicar “outras línguas”, que podem ser humanas
ou celestiais. Essa é a nossa marca, como pentecostais que somos.
(SILVA, EZEQUIAS SOARES D. 2017, p. 168).

O falar em línguas esteve presente desde os


primórdios do Movimento Pentecostal, e sempre foi tido
como evidência primeira do batismo com o Espírito Santo,
como afirma Vinson Synan (2009, p. 17,18):

A história dos pentecostais, no sentido moderno da palavra, tem seu


ponto de partida na escola bíblica de Parham, em Topeka, Kansas,
em 1901. A despeito da controvérsia sobre as origens e a época exata
em que Parham começou a dar ênfase ao dom de línguas, todos os
historiadores concordam que o movimento começou no início de
1901, quando o mundo adentrava o século XX. Em consequência do
Pentecostes que eclodia em Topeka, Parham formulou a doutrina

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de que as línguas eram a “evidência bíblica” do batismo no Espírito


Santo.

O falar em línguas nas Assembleias de Deus é


importante para a compreensão do poder sobrenatural do
Espírito Santo, especificamente sobre este dom, a maioria
dos crentes buscam este contato próximo com o Espírito
Santo a fim de obter o dom de ‘falar em línguas’. Para
uma maior compreensão da ênfase que se dá a este dom
específico, um observador dos cultos pentecostais dos
primórdios do movimento declara:

As encantadoras melodias do chamado “coral celeste”, tanto a


letra quanto a música dos hinos cantados sob a evidente direção
do Espirito Santo, faziam vibrar todo o meu ser. Não se tratava
de algo que pudesse ser repetido conforme se desejasse, e sim de
dádiva sobrenatural, concedida em ocasiões especificas, uma prova
incontestável do poder de Deus. Creio que nada impressionava mais
o povo do que essas ocasiões. Ao mesmo tempo, elas inspiravam
um santo temor, uma sensação de indescritível deslumbramento,
especialmente para os que se mantinham em atitude devota. (SYNAN,
2009 apud HORTON, 1982, p. 6).

Pode-se observar que o Movimento Pentecostal


Brasileiro, tem suas bases solidificadas nas bases históricas
do início do movimento em âmbito mundial. As Assembleias
de Deus e demais igrejas pentecostais brasileiras dão
ênfase aos dons do Espirito Santo, na compreensão de
sua ação evidente nos moldes da igreja nos dias de hoje, e

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não somente na igreja primitiva. A importância que se dá ao


dom de falar em ‘outras línguas’ é caracterizado pelas raízes
históricas do Movimento Pentecostal que sempre teve este
dom como sendo a evidência inicial da comprovação do
batismo com o Espirito Santo.

CONCLUINDO

Nesta aula você aprendeu que, Foi através do trabalho


missionário pioneiro de Daniel Berg e Gunnar Vingren, que
hoje o Brasil conta com a maior denominação genuinamente
pentecostal (Assembleia de Deus), que foi a porta de
entrada para outras denominações pentecostais chegarem
no país.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONDE, Emílio. História das Assembleias de Deus no Brasil.


6° Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

ELDEREN, Bastian Van. Glossolalia in the New Testament.


Grand Rapids, Michigan: Calvin Seminary, p. 54-58. In: http://
www.etsjets.org/files/JETS-PDFs/7/7-2/BETS_7_2_53-58_
VanElderen.pdf. Acesso em: 27/06/2018.

SAWYER, M. James. Uma introdução à teologia: das


questões preliminares, da vocação e do labor teológico. São
Paulo: Editora Vida, 2009.

SILVA, Ezequias Soares da. Org. Declaração de Fé das


Assembleias de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.

SYNAN. Vinson. O século do Espírito Santo: 100 anos do


avivamento pentecostal e carismático. São Paulo: Editora
Vida, 2009.

VINGREN. Ivan. Diário do Pioneiro Gunnar Vingren. 5° Ed. Rio


de Janeiro: CPAD, 2000.

WILLIAMS, J. Roadman. Teologia Sistemática: uma


perspectiva Pentecostal. Tradução Sueli Saraiva e Lucy
Hiromi Kono Yamakami. São Paulo, Vida, 2011.

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