Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Grupo I
Os cromossomas são as unidades genéticas que transportam uma parte ou a totalidade do genoma para
as células-filhas aquando da divisão celular. Nos eucariontes, estão presentes no núcleo mas também em
alguns organelos. Na generalidade das bactérias, como no caso de Escherichia coli, o genoma está
maioritariamente contido numa única molécula circular de DNA – plasmídeo. As células eucarióticas
possuem geralmente mais informação genética para além da que se encontra no núcleo. No caso da
formiga da espécie Myrmecia pilosula, o material genético está contido apenas num par de cromossomas,
enquanto que na maioria das espécies de formigas, assim como na espécie humana, o genoma encontra-se
“distribuído” por vários cromossomas, em diferentes organelos. Alguns organelos de seres eucariontes,
como as mitocôndrias e os cloroplastos, apresentam material genético próprio, possuindo geralmente
múltiplas cópias de DNA, e cada célula contém múltiplos destes organelos. Existem evidências que apontam
para a possibilidade de ocorrer fusão de mitocôndrias, o que resultará na troca de material genético, sendo
este fenómeno menos comum nos cloroplastos. Apenas uma fração do DNA cloroplastidial (cpDNA) se
apresenta sob a forma circular.
Os primeiros estudos dos cromossomas em bactérias apresentavam limitações devido ao reduzido
tamanho dos cromossomas, levando à conclusão de que em seres procariontes estaria presente apenas
uma molécula circular de DNA. Em 1972, foi visualizado pela primeira vez o cpDNA, assumindo-se que, tal
como nos seus ancestrais bacterianos, o genoma destes organelos estaria contido num único cromossoma.
Alguns investigadores sugerem que a divisão dos cromossomas em cloroplastos durante a divisão celular
poderá apresentar semelhanças com a divisão de cromossomas em bactérias: em células de E. coli, a
divisão celular ocorre a cada 25 minutos a 37 °C, enquanto que a divisão completa do genoma se prolonga
por cerca de 40 minutos, resultando em diferenças no conteúdo em DNA nas células-filhas.
Baseado em Bendich, A.J. (2004) Circular Chloroplast Chromosomes: The Grand Illusion. The Plant Cell
2. De acordo com os dados, a principal diferença entre o genoma de M. pilosula e o genoma humano é
(A) o maior número de cromossomas nas células do último.
(B) o facto de M. pilosula não apresentar cromossomas.
(C) o número total de pares de bases do genoma.
(D) o facto de as células humanas possuírem um maior número de genes do que as células da espécie
M. pilosula.
6. Ultrapassadas as limitações dos primeiros estudos relacionados com o material genético não-nuclear
(A) concluiu-se que tanto em bactérias como nos cloroplastos poderia haver mais do que um
cromossoma.
(B) foi possível identificar RNA circular nos cloroplastos.
(C) ficou clara a origem dos cloroplastos em células bacterianas.
(D) foi avançada a hipótese de uma origem comum para cloroplastos e mitocôndrias.
7. Nas células humanas, as mitocôndrias provêm do oócito que, por fusão com um espermatozoide, dá
origem à célula que se desenvolve num embrião. Algumas doenças, como certos tipos de Parkinson, têm
origem em anomalias genéticas em mitocôndrias.
Explique em que medida se pode afirmar que estas doenças são igualmente comuns em homens e
mulheres, mas que os descendentes de um homem afetado não herdarão essas anomalias por via paterna.
Grupo II
A origem endossimbiótica dos eucariontes foi proposta no início do século XX. Na década de 60 do
século XX, a investigadora Lynn Margulis propôs e desenvolveu a hipótese da ancestralidade de
mitocôndrias e cloroplastos em procariontes que estabeleceram relações entre si. Mas, ainda que se
conheçam vários exemplos de associações mutualistas e simbioses entre procariontes, as endossimbioses
são desconhecidas até ao momento para além da hipotética origem dos eucariontes. Vários investigadores
mostram-se intrigados por não haver outros exemplos de sucesso na endossimbiose entre procariontes ao
longo de 3 500 Ma.
A única forma conhecida de uma célula ser integrada por outra é através de predação ou de
parasitismo. As interações biológicas são complexas, e podem ser descritas num espetro desde o
parasitismo até à simbiose.
Os benefícios para os seres vivos que estabelecem relações podem ser diretos ou indiretos, e incluem
contributos alimentares ou metabólicos, um habitat seguro ou a colonização de novos habitats e maior
resistência, entre outros. Estes podem tornar os mutualistas mais competitivos ou podem permitir-lhes
“escapar” à competição, por se tornarem melhores exploradores. Na maioria das endossimbioses, a relação
poderá começar por ser de parasitismo (+/-) ou de comensalismo (+/0). Será improvável que a relação que
originou os eucariontes tenha sido inicialmente de benefício mútuo, e uma endossimbiose obrigatória e
irreversível parece resultar de coevolução prolongada entre hospedeiro e simbionte.
A questão prática é: o que terá surgido em primeiro lugar, a “endo” ou a “simbiose”? Alguns autores
defendem que uma interação não-cooperativa poderá constituir inicialmente uma relação endobiótica 1, ou,
por outro lado, uma associação epibiótica 2 pode evoluir no sentido de conferir vantagens mútuas e mais
tarde dar origem a integração.
1
endobiótica - um organismo vive nos tecidos de um hospedeiro.
2
epibiótica - um organismo vive na superfície de outro organismo.
Baseado em Zachar, I., Boza, G.. (2020) Endosymbiosis before eukaryotes: mitochondrial establishment in protoeukaryotes. Cellular
and Molecular Life Sciences
4. A associação entre procariontes, que estará na origem das mitocôndrias, poderá ter permitido
(A) ao hospedeiro colonizar novos ambientes.
(B) ao hospedeiro fixar dióxido de carbono na presença de luz.
(C) a ambos os intervenientes garantirem mais proteção.
(D) ao hóspede obter mais alimento pelo facto do hospedeiro ser autotrófico.
Coluna 1 Coluna 2
(a) Algumas plantas carnívoras capturam e digerem pequenos mamíferos e pássaros. (1) (+/-)
(b) As migrações de grandes manadas de gnus podem provocar a morte de muitos (2) (+/0)
insetos do solo.
(c) As bactérias nitrificantes nos nódulos radiculares das leguminosas fixam nitrogénio (3) (+/+)
atmosférico, útil para o crescimento das plantas.
(4) (-/0)
(5) (-/-)
Nota: (+) benefício; (-) prejuízo; (0) neutro
Grupo III
Os tardígrados, também conhecidos como ursos-de-água, pertencem ao filo Tardigrada, que
compreende atualmente mais de 1100 espécies. São animais microscópicos e invertebrados de vida livre
que podem ser encontrados em musgos, em plantas com flor, na areia, em água doce e água salgada.
Conhecidos por serem extremamente resistentes às condições do meio, sobrevivem à dessecação, ao
congelamento, a elevada salinidade e mesmo nas condições de vácuo e elevada radiação do Espaço!
Sobrevivem a temperaturas entre -270 °C e 150 °C, a pressões de 6000 atmosferas (pressão atmosférica ao
nível do mar= 1 atmosfera) e a radiações cerca de 1000 vezes superiores ao limite para o ser humano. Estas
características justificam a sua utilização em estudos de agências espaciais sobre vida fora da Terra.
O seu corpo é pequeno, não possui nenhum sistema de órgãos especializado na circulação ou
respiração, sendo o interior do corpo, ou hemocélio, preenchido por um líquido que transporta nutrientes
e oxigénio, ocorrendo hematose cutânea. Na maioria das espécies os indivíduos são consumidores
primários, embora existam algumas espécies carnívoras. Reproduzem-se sexuadamente e/ou
assexuadamente por partenogénese. São hermafroditas e os ovos são lançados para o exterior por uma
abertura próxima do ânus.
Em condições desfavoráveis, podem entrar num estado de latência designado criptobiose: o corpo
perde praticamente toda a água e o metabolismo é reduzido a apenas 0,01% da taxa normal. Sabe-se que o
organismo pode permanecer neste estado durante anos ou mesmo décadas.
Massa (µg)
Baseado em Pedersen, B.H. et al. (2020) A method for studying the metabolic activity of individual tardigrades by
measuring oxygen uptake using micro-respirometry. Journal of Experimental Biology
9. Tendo em conta as características dos tardígrados, explique em que medida poderá afirmar-se que o
número de espécies identificadas poderá subestimar o número real de espécies deste grupo de animais.
Grupo IV
Nos organismos pode ocorrer a alteração de características fisiológicas e/ou comportamentais que
facilitam a adaptação ao meio e a sobrevivência. O debate sobre a possibilidade de transmissão destas
características através de alterações não-genéticas tem mais de um século e diversas evidências fortalecem
a hipótese de que experiências de antepassados relacionadas (por exemplo, com nutrição, toxinas
ambientais ou stresse social) podem ter efeitos poderosos a nível fisiológico, metabólico e das funções
celulares, e desempenhar um importante papel a nível fenotípico nos descendentes ao longo de várias
gerações. O termo epigenética foi cunhado em meados do século passado e refere-se aos mecanismos,
estáveis e de longa-duração, de regulação da expressão e função dos genes, induzidos por fatores
ambientais sem alterações na sequência de DNA. As modificações epigenéticas incluem a metilação do DNA
(a adição de um grupo metil, que resulta numa inibição da transcrição, comum em mamíferos),
modificações nas histonas e a síntese de pequenas sequências de RNA não-codificante.
Em humanos, dados epidemiológicos apoiam a ideia de que perturbações ambientais e na nutrição
podem resultar na transmissão de alterações epigenéticas ao longo de várias gerações: a exposição à fome
está associada a baixo peso à nascença, risco aumentado de obesidade, desregulação do metabolismo de
glicose e lípidos, entre outros. A nutrição materna ao longo da gestação tem efeitos conhecidos no
desenvolvimento e saúde dos descendentes: por exemplo, a situação de fome a que foram expostas
futuras mães no “Inverno da fome” Holandês na Segunda Grande Guerra está associada, durante várias
gerações, a baixo peso à nascença e a um aumento do risco de diabetes tipo 2. Também foi identificada
uma relação entre cirurgias de perda de peso e a ocorrência de metilação em espermatozoides, em
particular nas proximidades de genes associados ao controlo do apetite.
Baseado em Wang, Y. et al. (2017) Lamarck rises from his grave: parental environment-induced epigenetics
inheritance in model organisms and human. Biological Reviews