Você está na página 1de 15

Universidade de Brasília –UnB

Faculdade de Ceilândia – FCe


Farmácia
Controle Físico-Químico de Qualidade
Turma: “B”
Paulo Barboni

Controle de Qualidade Físico-Químico de

Formas Farmacêuticas Sólidas

Bábilla Nunes 13/0006416


Caroline Couto 12/0009277
Juliana Hocsis 12/0175959
Pedro Henrique 11/0038738

Ceilândia –DF, Maio de 2015


INTRODUÇÃO

Paracetamol é um analgésico-antipirético pertencente à classe dos


derivados do p-aminofenol, introduzido no século passado como resultado de
pesquisas destinadas a substitutos para acetanilida. Embora possuam
propriedades analgésico-antipiréticas, a fenacetina e a acetanilida dão origem à
metemoglobina (hemoglobina incapaz de transportar oxigênio), devido à
formação de um precursor da anilina. Tanto a acetanilida quanto a fenacetina
são metabolizadas a paracetamol, a substância ativa. Outros fármacos dessa
classe são a anidoxina, butacetina, etoxazena, fenacetinol, parapropanol e
parsalmida.

O paracetamol é obtido por acetilação do p-aminofenol com ácido


acético glacial e anidrido acético. Esse fármaco se apresenta como um pó
branco, inodoro e ligeiramente hidrossolúvel e as suas atividades analgésicas e
antipiréticas são similares às da acetanilida e fenacetina, da qual é metabólito.
O paracetamol não tem atividade anti-inflamatória, mas ainda assim é
provavelmente o antipirético-analgésico de segunda escolha, sobretudo para
pacientes alérgicos ao ácido acetilsalicílico ou que sofram de úlceras pépticas.
Por ser menos tóxico que a fenacetina, o paracetamol acabou substituindo-a
em diversas formulações farmacêuticas, sendo habitual administrar doses
diárias1 variando de 0,3 a 1 g (1)

As formas farmacêuticas sólidas, como comprimidos, cápsulas, pós,


granulados, requerem variados ensaios de qualidade físicos-químicos que
podem ser oficiais, quando preconizados pelas monografias farmacopeicas e
não- oficiais quando aplicados voluntariamente pelo fabricante.

Tomando como base a Farmacopeia Brasileira 5ª edição, as formas


farmacêuticas mais comumente utilizadas na terapêutica, as formas sólidas de
uso oral são aquelas que podem originar problemas potenciais de
biodisponibilidade devido às características do fármaco, da formulação, dos
processos empregados na fabricação e da via de administração. Nesses casos,
após a administração, o processo de dissolução do fármaco é fundamental
para que ele esteja em solução e possa ser absorvido, podendo ser um fator
limitante para a absorção. Entretanto, as suspensões de uso oral ou
intramuscular, também, podem ocasionar problemas, uma vez que o processo
de dissolução do fármaco, também, ocorre e sofre a influência dos fatores
citados. E tem-se como controle de qualidade:

O conjunto de medidas destinadas a garantir, a qualquer momento, a produção


de lotes de medicamentos e demais produtos, que satisfaçam às normas de
identidade, atividade, teor, pureza, eficácia e inocuidade. (Farmacopeia Brasileira, 5ª
edição).

Os métodos de análise convencionalmente usados no controle de


qualidade de medicamentos tanto pela indústria farmacêutica quanto pelos
órgãos de fiscalização são principalmente a titulação clássica e a
cromatrografia. ). Além dos ensaios para aprovação, todos os medicamentos
devem passar também por estudos de estabilidade, conforme determinado pela
Resolução RE nº 01 de 29 de julho de 2005 (BRASIL, 2005.)

Para garantir que os medicamentos disponíveis no mercado farmacêutico


sejam seguros e eficazes, é necessário que estes sigam todas as normas técnicas
para a produção e o controle de qualidade (OLIVEIRA et al., 2006.)

A estabilidade de produtos farmacêuticos pode ser afetada por inúmeros


fatores ambientais, como temperatura, luz e umidade, além de outros fatores
relacionados ao próprio produto como as propriedades físicas e químicas do
fármaco e dos excipientes, do material de acondicionamento e do material de
embalagem, por exemplo. Essas possíveis alterações podem ser detectadas
através de alterações na cor, nas propriedades organolépticas, no teor e na
formação de precipitado, dentre outros aspectos (BRASIL, 2012).

Desta forma as condições de estocagem, distribuição e transporte


devem ser adequadas, para assim manter a qualidade dos medicamentos
dentro de padrões ideais. A manutenção de sua estabilidade durante sua
distribuição e armazenamento é fundamental, pois além de garantir sua
efetividade, reduz perdas e minimiza gastos.

OBJETIVOS

Realizar o controle de qualidade físico-químico do comprimido de


paracetamol a partir da amostragem do material e elaborar um laudo de
conformidade.

MATERIAIS

 2 proveta de 25mL;  1 Funil de Buchner1


 1 béquer de 250mL;  Balança analítica;
 1 comprimido de  3 balões volumétricos
paracetamol; de 100mL;
 Solução padronizada  Chapa com Agitação
de NaOH (0,1M); Magnética
 Pipetas volumétricas  1 Kitassato
graduadas;  1 Vidro de relógio
 Almofariz e pistilo;  Espectrofotômetro.

MÉTODOS

I- Primeiramente foram registrados os dados do material, contidos


no rótulo para constar no laudo de conformidade;
II- Foi pesado um comprimido de paracetamol obtido de um frasco
de 500 comprimidos de paracetamol- 500mg cada.
III- O comprimido foi triturado no almofariz com o auxílio do pistilo;
IV- Foi pesado 151,5g da amostra contida no almofariz e o conteúdo
foi transferido para o balão volumétrico de 100mL, em seguida foi transferido
50mL de NaOH (0,1M) para dissolver a amostra;
V- O volume foi completado até a marca de 100mL com água
destilada, observando o menisco;
VI- A solução foi agitada mecanicamente por 15 minutos e depois foi
filtrada para dentro de um béquer de 250mL
VII- Foi transferido para um segundo balão volumétrico de 100mL, a
quantidade de 10mL da solução filtrada que foi diluída em água destilada até a
marca de 100mL, observando o menisco;
VIII- Após a homogeneização da solução, 10mL foram transferidos
para um terceiro balão volumétrico de 100mL, onde também foi adicionado
10mL de hidróxido de sódio (0,1M) e o volume completado com água destilada.
IX- Foi preparada uma solução de hidróxido de sódio a 0,01M a partir
da solução de NaOH (0,1M) para a obtenção do branco e ajuste do zero no
momento da leitura da absorbância pelo espectrofotômetro.
X- Por fim foram obtidos e anotados os valores da absorbância e da
concentração da amostra, já descontados o valor do branco, através do
espectrofotômetro em 257 nm, assim como o valor da massa do comprimido de
todos os grupos da turma de controle físico-químico de qualidade para
posterior elaboração do gráfico de controle e avaliação da uniformidade de
conteúdo conforme a farmacopeia 5° edição.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A determinação do teor de Paracetamol contido em um comprimido de


500 mg pode ser feita à partir dos cálculos descritos abaixo, onde o valor da
concentração obtida através da espectrofotometria refere-se à solução mais
diluída. Para todas as amostras, realizou-se o cálculo de diluição para obter-se
o valor da concentração de cada amostra. Como a solução foi diluída duas
vezes, o cálculo para a determinação da concentração foi realizado por mais
uma vez. Para a amostra 1 (grupo “A”), têm-se que:

C1V1=C2V2 C2V2=C3V3

0,004 x 100 = C2 x 10 0,04 x 100 = C3 x 10

C2= 0,04 mg/mL C3= 0,4 mg/mL

C= m/v

0,4= m/200 m= 80 mg de Paracetamol em 151,5g de comprimido

0,1515 g ----------------- 80 mg de Paracetamol


0,5463g --------------- x
X= 288 mg de Paracetamol

Teor: massa teórica x 100/ massa pesada 288 mg x 100/546,3 mg = 52,71%

Vale ressaltar, que para todas as amostras foram realizados os mesmos cálculos,
onde os resultados estão dispostos na tabela seguinte e foram utilizados para elaborar o
gráfico de controle.

Massa do Concentração Teor %


comprimido (g) mg/mL
Amostra 1 0,5611 0,005 53,10
Amostra 2 0,5631 0,005 52,92
Amostra 3 0,5576 0,008 52,90
Amostra 4 0,5521 0,005 53,25
Amostra 5 0,5636 0,005 52,34
Amostra 6 0,5595 0,005 55,22
Amostra 7 0,5529 0,005 52,53
Amostra 8 0,5463 0,004 52,71
Fonte: Experimento realizado por alunos da matéria “Controle físico-químico de qualidade” da UNB-FCE.

Fonte: Experimento realizado por alunos da matéria “Controle físico-químico de qualidade” da UNB-FCE.

Segundo a Farmacopeia Brasileira 5ª edição volume 2, os comprimidos de


Paracetamol devem conter no mínimo 95,05% e máximo de 105% da quantidade
declarada de princípio ativo por comprimido, ou seja, 475 mg mínimo e 525 mg máximo. A
partir dessa informação e comparando-se os dados de teor obtidos, presentes na tabela e
no gráfico de controle infere-se que as amostras analisadas estão com valores que
destoam da faixa de valores estabelecidos pela Farmacopeia, demostrando a ocorrência
de erro aleatório ou mesmo confirmando o resultado que já era esperado por conta das
amostras estarem vencidas, por isso essa disparidade existente entre o que preconiza a
Farmacopéia e os resultados obtidos em laboratório

Os resultados também podem ter sido originados de erros de registro


dos dados, ou de medição ou, ainda, de algum instrumento descalibrado, de
um erro do operador ou de defeitos nos equipamentos.

Vale ressaltar que a concentração da amostra também pode ser obtida


com os valores de absorbância, através da construção da curva analítica com
os dados da absorbância de amostras de concentração conhecida e da
amostra com concentração desconhecida, pois é necessário no mínimo dois
pontos para construir a reta. Ao gerar a equação da reta (y= ax +b), basta
substituir em Y, o valor encontrado no espectrofotômetro para a absorbância da
amostra e o resultado obtido para a variável X corresponde à concentração da
amostra.

CONCLUSÃO

Concluímos então, que os presentes comprimidos testados não


apresentam as condições estabelecidas segundo a Farmacopeia Brasileira 5ª
edição volume 2, que estabelece como parâmetros divergência de no máximo
5% para mais ou para menos de princípio ativo declarado, logo a margem
aceitável seria entre 550mg e 450mg. Contudo deve-se observar o prazo de
validade da amostra, que encontra-se vencida a mais a quase dois anos, o que
provavelmente remota a degradação do paracetamol, uma vez que esse e
suscetível a degradação promovida pela oxidação do mesmo.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(1) Artigo: DETERMINAÇÃO ESPECTROFOTOMÉTRICA POR


INJEÇÃO EM FLUXO DE PARACETAMOL (ACETAMINOFENO) EM
FORMULAÇÕES FARMACÊUTICAS-Clezio Aniceto e Orlando Fatibello-
Filho* Disponível:http://www.scielo.br/pdf/qn/v25n3/9331.pdf
(2) BRASIL. Farmacopeia Brasileira, volume 2. 5° edição. / Agência
Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2010.

(3) GIL, E.S. Controle físico-químico de qualidade de medicamentos. 2°


ed, São Paulo. 2007
ANEXO I

CONTROLE DE QUALIDADE
LAUDO DE ANÁLISE
Produto: Paracetamol 500mg Lote: P68644
Fabricante: Walgreens
Data de fabricação: - Data de validade: 01/2013

Testes/aspectos Especificações Resultados


analisados
Teor 95 a 105%1 Valor médio =
53,12%
Não conforme
Valor de aceitação 450 a 550mg 288mg
1
Farmacopéia Brasileira 5ª Edição.

Disposição: ( ) Aprovado ( x ) Reprovado


Data: 19/05/2015
ANEXO 1
Universidade de Brasília
– UnB Registro de Aula Prática:
Prática 6
Faculdade de Ceilândia –
FCE

Título da Prática:
Controle de qualidade do
comprimido de AAS

Grupo: J Data:15/5/2015

Atividade Realizada: realizou-se o controle de qualidade físico-químico de


formas farmacêuticas sólidas a partir do comprimido de Paracetamol.

Horário de entrada: 16:15 Horário de


saída: 17:41
Início da aula: 16:00 horas
Final da aula: 18:00 horas

Temperatura (T) e umidade (U) no início T1:21,5ºC T2:21,3°C


da U1: 88% U2:88%
aula
T1:21,9% T2:21,0°C
U1: 87% U2:100%
Temperatura (T) e umidade (U) no
término da
aula
Materiais/Reagentes utilizados e quantidade: 2 provetas de 25mL;1 béquer de 250mL;1
comprimido de paracetamol; Solução padronizada de NaOH (0,1M); Pipetas volumétricas graduadas;
Almofariz e pistilo; 1 balança analítica; 3 balões volumétricos de 100mL; 1 Funil de Buchner; chapa com
agitação magnética; 1 kitassato; 1 vidro de relógio; Espectrofotômetro; comprimido de paracetamol 500 mg.

Intercorrências: Não houve intercorrências

Responsabilidades: Bábila Nunes; Caroline Couto, Juliana Hocsis, Pedro


Henrique

Anexo 2
POP- Controle de Qualidade do Comprimido de Paracetamol

Emissão: 19/05/2015

Condições ambientais do laboratório

Temperatura e umidade no início da aula: 21,5°C

Temperatura e umidade no final da aula:21,9°C

Horário do início do experimento:16:15

Horário de término do experimento:17:41

1) Objetivo: Procedimento Operacional Padrão para avaliação do controle


físico químico da qualidade comprimido de Paracetamol 500mg
2) Responsabilidade: Grupo J
3) Alcance: Laboratório de Química da Universidade de Brasília, Campus
Ceilândia
4) Procedimento:

a) Para a realização das atividades no Laboratório de Química, os alunos deverão


estar devidamente paramentados, com uso de jalecos, sapatos fechados e calça
b) Antes de iniciar os procedimentos, deve-se verificar as vidrarias e materiais
disponíveis
4.1) Primeiramente devem ser registrados os dados do material informados no
rótulo, para constar no laudo de conformidade;

4.2) Foi pesado um comprimido de paracetamol obtido de um frasco de 500


comprimidos de paracetamol- 500mg cada. O comprimido foi triturado no almofariz
com o auxílio do pistilo; Foi pesado 0,06g da amostra contida no almofariz e o
conteúdo foi transferido para o balão volumétrico de 100mL, em seguida foi
transferido 50mL de NaOH (0,1M) para dissolver a amostra;

4.3) O volume foi completado até a marca de 100mL com água destilada,
observando o menisco; A solução foi agitada mecanicamente por 15 minutos e
depois foi filtrada para dentro de um béquer de 250mL; Foi transferido para um
segundo balão volumétrico de 100mL, a quantidade de 10mL da solução filtrada
que foi diluída em água destilada até a marca de 100mL, observando o menisco;

4.4) Após a homogeneização da solução, 10mL foram transferidos para um


terceiro balão volumétrico de 100mL, onde também foi adicionado 10mL de
hidróxido de sódio (0,1M) e o volume completado com água destilada.

4.5) Foi preparada uma solução de hidróxido de sódio a 0,01M a partir da solução
de NaOH (0,1M) para a obtenção do branco e ajuste do zero no momento da
leitura da absorbância pelo espectrofotômetro.

4.6) Lavar as vidrarias e organizar a bancada.

Fonte: Formulário nacional da farmacopeia brasileira/ Brasil. Ministério da


Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 2.ed.Brasília: Anvisa, 2013.
ANEXO 3

Laudo de conformidade

Universidade de Brasília FCE

Controle Físico Químico de Qualidade

GRUPO J DE CONTROLE DE QUALIDADE

PRODUTO: AAS 500mg

LOTE: P68644 FÓRMULA MOLECULAR: C6H12O6

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS: Comprimido revestido Branco

ESPECIFICAÇÃO: PAIN RELIEVER - WALGREENS


TESTES LIMITES RESULT STATU
ADOS S
Espectrofotometria Mínimo:95% 53,12% Reprova
Máximo: do
105%
DATA DE APROVAÇÃO/FABRICAÇÃO: **

DATA DE VALIDADE: 01/2013

OBS: A VALIDADE DO PRODUTO É DADA MEDIANTE A ÚLTIMA


DATA DE ANÁLISE/FABRICAÇÃO DO MESMO.

As características físicas do comprimido de Paracetamol e as


características organolépticas observadas experimentalmente:
comprimido oval e branco com leve cheiro característico.

Grupo J – Turma B
____________________________________
RESPONSÁVEL TÉCNICO
Gerente do Controle de Qualidade
CRF/DF: 2015/01

Você também pode gostar