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TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA

FARMACOLOGIA: CONCEITOS GERAIS,


FORMAS FARMACÊUTICAS E VIAS DE
ADMINISTRAÇÃO
Danielle Rachel dos Santos Carvalho

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Introdução
Você sabia que desde a Antiguidade remédios ou substâncias, principalmente plantas, eram utilizadas para
tratar doenças? Acredita que foi somente no século XIX, com os avanços das técnicas de química orgânica, que se
iniciou o processo de identificação e purificação das estruturas químicas de drogas, culminando com a evolução
para a Farmacologia que conhecemos hoje?
No século XX, surgiu a indústria farmacêutica. No entanto, por que ela foi tão importante? Porque a partir desse
momento se iniciou a produção de medicamentos em larga escala, contribuindo para a descoberta de novos
conceitos e novas teorias que foram fundamentais para embasar a Farmacologia moderna. Não podemos
esquecer que toda essa trajetória também foi essencial para a descoberta de inúmeros medicamentos usados até
hoje.
Você, como futuro profissional da área da Saúde, já deve ter se perguntado como se define qual é a forma
farmacêutica ideal para determinado medicamento e qual é a melhor via para administrá-lo. Ao se fazer essas
perguntas, com certeza um questionamento que também já deve ter feito é: ao tomar o medicamento,
considerando tudo o que foi mencionado anteriormente, como garantir que a terapia medicamentosa seguida
pelo paciente será eficaz?
Essas reflexões são importantes para você iniciar os estudos desta unidade, em que vamos abordar os conceitos
fundamentais da Farmacologia. Dessa forma, poderemos entender, por exemplo, a diferença entre fármaco,
droga, remédio e medicamento. Você já tinha pensado nisso? Será que existe, de fato, diferença?
Além disso, vamos conhecer como os medicamentos produzem o efeito desejado ao entrar em nosso organismo e
seus tipos de ação. Vamos estudar, também, as principais formas farmacêuticas e suas vias de administração,
aprendendo a diferenciar vantagens e desvantagens de cada via de administração dos medicamentos.
Vamos iniciar os estudos? Boa leitura!

1.1 Farmacologia: conceitos gerais


Para muitas pessoas, remédio e medicamento significam exatamente a mesma coisa. Por exemplo, quando você
precisa ir à farmácia, certamente é porque você está precisando comprar um medicamento ou remédio, certo?
Qual desses termos você usa? Para grande parte da população tanto faz. No entanto, elas não significam a mesma
coisa.
Os termos “droga” e “fármaco” também são frequentemente empregados para se referir à mesma coisa. Você já
percebeu isso?
A seguir, vamos estudar as diferenças entre medicamento, remédio, fármaco e droga e você aprenderá a
diferenciar cada um deles de acordo com os conceitos corretos.

1.1.1 Droga x fármaco x medicamento x remédio

O próximo passo é conhecer as definições dos termos “droga”, “fármaco”, “medicamento” e “remédio” (BRASIL,
2019; GOLAN et al., 2014). Para isso, clique nas abas a seguir.
p.p1 {margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; text-align: justify; font: 12.0px 'Times New Roman'; color: #000000;
background-color: #ffff0b}span.s1 {font-kerning: none}DROGA
Refere-se a qualquer substância de origem animal, vegetal ou mineral que pode promover alterações na
estrutura e função do organismo. Estas substâncias podem causar efeitos benéficos, sendo chamado de fármaco,
e maléficos, sendo chamado de agente tóxico.

FÁRMACO

Refere-se à uma substância química com estrutura já definida, que é o princípio ativo do medicamento. Seus

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Refere-se à uma substância química com estrutura já definida, que é o princípio ativo do medicamento. Seus
efeitos no organismo também já são conhecidos, pois foram estudados. No geral, produzem alterações
bioquímicas e fisiológicas no organismo com a finalidade de gerar um efeito benéfico.

MEDICAMENTO
São substâncias ou preparações elaboradas a partir de um fármaco ou da combinação de fármacos. Ao serem
produzidos por manipulação ou pela indústria seguem todos os requisitos legais que no Brasil são definidos pela
ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). É importante mencionar que os medicamentos não têm como
finalidade única a cura de doenças, mas também o diagnóstico, a prevenção e o alívio dos sintomas da doença em
questão.
p.p1 {margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; text-align: justify; font: 12.0px 'Times New Roman'; color: #000000;
background-color: #ffff0b}span.s1 {font-kerning: none}REMÉDIO
Está relacionado com tudo o que pode ser feito para aliviar, tratar ou até mesmo curar um indivíduo. Pode ser
um medicamento, um banho, um chá, uma massagem, uma oração, ou seja, não há limites desde que traga
benefícios para o indivíduo.
Agora que você já estudou o que significa cada termo, você deve ter clareza de que todo fármaco é uma droga,
mas nem toda droga é um fármaco. Além disso, não confunda mais medicamento e remédio. Lembre-se de que
todo medicamento é um remédio, mas nem todo remédio é um medicamento.

VOCÊ QUER VER?


No vídeo intitulado Remédio x Medicamento, o médico Drauzio Varela aborda a diferença
entre remédio e medicamento, oferecendo alguns exemplos que ajudarão a consolidar os dois
conceitos. Assista o vídeo completo em: https://www.youtube.com/watch?
v=wnk9N9U0oPg&list=PLLcA2I5B3SEMQowyetYTAC2r67VAT4-of&index=71&t=0s.

Vamos praticar o que estudamos até aqui? A partir de seus conhecimentos sobre fármaco e droga, clique e
arraste os nomes das substâncias apresentadas para os lugares adequados.
Da mesma forma, vamos praticar o que estudamos sobre medicamento e remédio. Para isso, clique e arraste os
nomes das substâncias apresentadas para os lugares adequados.
Agora que você já sabe a diferença entre fármaco, droga, medicamento e remédio, vamos estudar sobre os tipos
de medicamentos. Vamos lá?

1.1.2 Tipos de medicamentos

Você já sabe o que significa a palavra “medicamento”, mas sabia que eles podem ser divididos em três principais
tipos? A Lei nº 9.787/1999 nos apresenta os três tipos (BRASIL, 1999). Clique nos itens a seguir e confira quais
são.

Medicamento de Referência
Produto inovador registrado na ANVISA e comercializado no país. Sua eficácia, segurança e qualidade são
comprovadas cientificamente pela ANVISA.

Medicamento Genérico
Medicamento similar a um produto de referência ou inovador, geralmente produzido após a expiração ou
renúncia da proteção patentária ou de outros direitos de exclusividade. Possui o mesmo princípio ativo, na
mesma dose e forma farmacêutica, administrado pela mesma via, tem a mesma posologia e indicação

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mesma dose e forma farmacêutica, administrado pela mesma via, tem a mesma posologia e indicação
terapêutica, tendo sua eficácia, segurança e qualidade comprovadas cientificamente. Ele é intercambiável com o
medicamento de referência, ou seja, o substitui de forma segura, pois os testes de equivalência terapêutica,
equivalência farmacêutica e bioequivalência são obrigatoriamente realizados.

Medicamento Similar
Aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, apresenta a mesma concentração, forma
farmacêutica, via de administração, posologia e indicação do medicamento de referência registrado na ANVISA,
podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade,
embalagem, rotulagem, excipientes e veículos, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca.
Muito bem, e como saber diferenciar os tipos de medicamentos na hora da compra?
Para fazer a distinção entre os três tipos, o Ministério da Saúde instituiu um diferencial gráfico nas embalagens
dos genéricos. Você pode conhecer mais sobre esse assunto a partir da Lei dos Genéricos, Lei nº 9.787/1999.

VOCÊ QUER VER?


No vídeo Diferenças entre genérico, similar e de referência, o médico Drauzio Varela aborda as
diferenças entre medicamentos genérico, similar e de referência. Aproveite para reforçar os
conceitos já estudados. Assista em: https://www.youtube.com/watch?v=GXArFeMzZag.

A história dos medicamentos genéricos iniciou-se nos Estados Unidos, por volta dos anos 1960. Porém, no Brasil,
os medicamentos genéricos foram efetivamente introduzidos na década de 1990.

VOCÊ O CONHECE?
Em 1999, enquanto ministro da Saúde do governo Fernando Henrique Cardoso, José Serra foi o
responsável pela Lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999, conhecida como a Lei do
Medicamento Genérico, que efetivamente introduziu esse tipo de medicamento no Brasil.

A seguir, vamos estudar sobre os medicamentos e sua toxicidade.

1.1.3 Toxicidade e medicamentos

Você já estudou que os medicamentos podem ser muito benéficos. Lembre-se de que para que isso ocorra
sempre é necessário usá-los de forma correta e com orientação de profissionais responsáveis.
Quando os efeitos desejáveis não ocorrem, mesmo que você esteja fazendo tudo de acordo com o prescrito,
passamos a falar de toxicidade dos medicamentos. A toxicidade também pode acontecer quando um
medicamento é usado de forma inadequada. Vamos conhecer um pouco mais sobre alguns conceitos
relacionados à toxicidade? Clique nas abas abaixo e confira os termos apresentados no glossário da Resolução
RDC nº 4/2009 da ANVISA (BRASIL, 2009) e no “Safety Monitoring of Medicinal Products” (UMC, 2000).

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EFEITO COLATERAL
Todo efeito, podendo ser benéfico ou prejudicial, porém não intencional de um medicamento, que ocorre em
doses terapêuticas.

REAÇÃO ADVERSA A MEDICAMENTO (RAM)


Toda resposta prejudicial ou indesejável, não intencional, a um medicamento, usado em doses terapêuticas.

EVENTO ADVERSO
Qualquer ocorrência médica desfavorável, que pode ocorrer durante o tratamento com um medicamento, mas
que não possui, necessariamente, relação causal com esse tratamento. Alguns exemplos são: erros de medicação,
eventos adversos por desvios da qualidade de medicamentos, entre outros.

INTOXICAÇÃO MEDICAMENTOSA
Resposta prejudicial decorrente do uso, intencional ou não, de um medicamento em doses elevadas àquelas
usualmente empregadas em doses terapêuticas.
Agora que você já estudou os conceitos que transpassam a toxicidade dos medicamentos é importante ter ciência
sobre os riscos da automedicação e do consumo excessivo de medicamentos.

CASO
A amiodarona é um fármaco usado para o tratamento de arritmias ventriculares e
supraventriculares. De acordo com o estudo de Stelfox et al. (2004), entre 34 a 93% dos
pacientes têm algum tipo de reação adversa ao usar amiodarona, sendo que o
desenvolvimento da toxicidade parece ser dependente da dose e duração da terapia. É
importante enfatizar que a toxicidade que afeta parte dos pacientes (25%) é de natureza grave,
por isso é importante monitorização do tratamento.
No estudo de Melo, Jaraquemada e Gonçalves (2005), é apresentado o caso de um paciente do
sexo masculino, 49 anos, que fazia uso de amiodarona 200 mg/dia há dois anos, apresentou
sintomas de astenia, anorexia e emagrecimento acentuados, icterícia, rouquidão e trêmulo dos
membros superiores. O diagnóstico foi de toxicidade múltipla da amiodarona (tiroideia,
hepática, cutânea, ocular). Após suspender a medicação, já no primeiro dia, verificou-se boa
evolução clínica, com alta após três semanas de internamento. A conclusão dos médicos foi que
mesmo fazendo uso de uma baixa dose da medicação, a reação adversa se manifestou.

Com certeza você já deve ter tomado medicamentos em diferentes formas e formatos. Vamos saber mais sobre
esse assunto no tópico a seguir.

1.2 Formas farmacêuticas


Quando falamos de forma farmacêutica, estamos nos referindo ao formato que determinado medicamento é
apresentado ao público. Para a definição da forma farmacêutica de um medicamento há muita pesquisa científica
envolvida, pois raramente um fármaco é administrado em sua forma original. Ou seja, eles são incorporados à
fórmula farmacêutica, combinado um ou mais princípios ativos e outras substâncias auxiliares.
Para conhecer a definição de forma farmacêutica (INFARMED, 2006, p. 7), clique no quadro a seguir.

Forma farmacêutica

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Forma farmacêutica
Estado final que as substâncias ativas ou excipientes apresentam depois de submetidas às operações
farmacêuticas necessárias, a fim de facilitar a sua administração e obter o maior efeito terapêutico desejado.

Antes de escolher a forma farmacêutica de um medicamento, Rodríguez, Rodríguez e Corredera (2002)


mencionam que se deve levar em conta três fatores. Clique nos itens a seguir para conhecê-los.

Efeito terapêutico desejado


Características individuais do paciente
Características físico-químicas do medicamento.

Vale lembrar que um mesmo fármaco pode ser apresentado ao público em várias formas farmacêuticas. Nesse
caso, você deve estar se perguntando: mas porque existem diferentes formas farmacêuticas? Clique nos itens a
seguir e confira as principais razões.

Favorecer a administração e/ou ingestão


Garantir a precisão da dose
Proteger a substância ativa durante o percurso pelo organismo
Permitir que o fármaco chegue no seu local de ação
Facilitar a ingestão da substância ativa

Você sabe como as diferentes formas farmacêuticas são classificadas? Veja a seguir.

1.2.1 Classificação e definição das formas farmacêuticas

As formas farmacêuticas podem ser classificadas em sólidas, líquidas, semissólidas e gasosas. Segundo o
Vocabulário Controlado de Formas Farmacêuticas, Vias de Administração e Embalagens de Medicamentos
(BRASIL, 2011), temos 18 tipos de formas farmacêuticas sólidas, nove tipos de formas farmacêuticas líquidas,
quatro formas farmacêuticas semissólidas e um tipo de forma farmacêutica gasosa.

VOCÊ QUER LER?


No site da ANVISA você encontra o documento “Vocabulário controlado de formas
farmacêuticas, vias de administração e embalagens de medicamentos”, que apresenta com
detalhes cada forma farmacêutica. Acesse o link a seguir para aprender mais: http://portal.
anvisa.gov.br/resultado-de-busca?
p_p_id=101&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-
1&p_p_col_count=1&_101_struts_action=/asset_publisher
/view_content&_101_assetEntryId=354099&_101_type=document.

As formas farmacêuticas sólidas são: adesivo, anel, barra, bastão, cápsula, comprimido, dispositivo intrauterino,
filme, glóbulo, goma de mascar, granulado, implante, pastilha, pó, rasura, sabonete, supositório e tablete.

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Figura 1 - Comprimidos e cápsulas, de diferentes formatos e cores, são exemplos de formas farmacêuticas sólidas
que carregam os princípios ativos em doses precisas.
Fonte: Macrovector, Shutterstock, 2020.

Já as formas farmacêuticas líquidas são: emulsão, esmalte, espuma, líquido, sabonete líquido, solução, suspensão,
xampu e xarope.

Figura 2 - O xarope é um dos exemplos mais populares de forma farmacêutica líquida que possui açúcar em altas
concentrações.
Fonte: Syda Productions, Shutterstock, 2020.

Quanto às formas farmacêuticas semissólidas, temos: creme, emplasto, gel e pomada.

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Figura 3 - O creme é a forma farmacêutica semissólida que possui uma consistência mais espessa, nem líquida,
nem sólida.
Fonte: roger ashford, Shutterstock, 2020.

Por último, a forma farmacêutica gasosa é: gás.

Figura 4 - A forma de medicamento em gás pode ser encontrada em inaladores para tratar falta de ar em
pacientes com asma.
Fonte: zlikovec, Shutterstock, 2020.

Após estudar os diferentes tipos de formas farmacêuticas existentes no mercado, ao tomar um medicamento,
procure identificar qual é a forma do medicamento em questão: sólida, semissólida, líquida, gasosa?

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VOCÊ SABIA?
Atualmente, temos muitos medicamentos disponíveis no mercado, contudo, poucos são
destinados ao público infantil. Quando pensamos nesse público, uma das melhores soluções é
recorrer à manipulação de medicamentos que podem ser personalizados ou adaptados à
realidade individual de cada criança. O artigo “Formas sólidas alternativas para administração
oral em pediatria”, de Joana Marto, Ana Salgado e António Almeida, traz uma revisão crítica
dos medicamentos mais recentes no mercado voltados para o público infantil. Para saber mais,
acesse o artigo completo em: http://revista.farmacoterapia.pt/index.php/rpf/article/view
/85.

No quadro a seguir, você vai encontrar as principais formas farmacêuticas existentes no mercado e suas
definições.

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Quadro 1 - Principais formas farmacêuticas e suas definições.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.

Agora que você já conhece as principais formas farmacêuticas, vamos estudar a ação dos medicamentos.

1.2.2 Ação dos medicamentos

Ao definir a forma farmacêutica do medicamento, decide-se a via de administração e, então, consegue-se


identificar se será administrado diretamente no local de ação ou não. Vamos estudar as maneiras que os
medicamentos podem agir para produzir seu efeito.
Clique nos itens a seguir e confira os tipos de ação.

Ação Local

É quando o efeito ocorre no local da aplicação, ou seja, não passa pela corrente sanguínea. Exemplo: Colírios.

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É quando o efeito ocorre no local da aplicação, ou seja, não passa pela corrente sanguínea. Exemplo: Colírios.

Ação Geral ou Sistêmica


É quando ao ser administrado, independente da via, a medicação é absorvida e entra na corrente sanguínea para
atuar no local (órgão ou tecido) de ação desejado. Exemplo: Medicamentos injetáveis.
Quais são as possibilidades de vias de administração de um medicamento? Vamos descobrir no próximo tópico.

1.3 Vias de administração


Você sabe o que significa via de administração? Basicamente, é o caminho pelo qual o medicamento entra em
contato com nosso organismo para poder exercer sua ação. A escolha da via de administração de um
medicamento é de suma importância para garantir que a terapia medicamentosa prescrita ao paciente seja
eficaz. Isso porque a via de administração e o padrão de distribuição do fármaco no organismo podem interferir
diretamente sobre a duração e extensão da ação (DELUCIA et al., 2014).
Ou seja, sempre que um novo fármaco está sendo testado, a escolha da via de administração leva em
consideração como aproveitar da melhor forma possível as moléculas de transporte presentes no nosso
organismo, bem como os demais mecanismos que possibilitam a entrada do fármaco nos tecidos corporais
(GOLAN et al., 2014).
Você sabe como a escolha da via de administração pode influenciar no seu tratamento medicamentoso? Clique
nos itens abaixo e descubra.

A frequência (quantas vezes) da administração e a dose necessária (quantidade) de um determinado


medicamento está diretamente relacionada à via de administração (DELUCIA et al., 2014)
Isso porque a definição desses critérios depende dos processos de perda do fármaco (metabolização e excreção)
quando se inicia o processo de absorção pelo organismo.

Além disso, vale ressaltar que ao determinar a via de administração ideal de um medicamento, deve-se escolher
qual será a forma farmacêutica mais adequada. Isso significa qual irá garantir que a concentração ideal do
fármaco atinja o seu sítio de ação específico.

1.3.1 Principais vias de administração

As vias de administração de medicamentos podem ser divididas conforme esquema abaixo:

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Figura 5 - O medicamento entra em contato com o organismo pelas vias de administração.
Fonte: Elaborada pela autora, 2020.

É importante entender que ao considerarmos as diferentes vias de administração dos medicamentos, temos dois
tipos de efeitos, o local e o sistêmico. O efeito local acontece quando os medicamentos são administrados
diretamente no local de ação. Já o efeito sistêmico ocorre quando os medicamentos administrados precisam ser
absorvidos e distribuídos pelo organismo até atingir o local específico e, então, exercer sua ação (DELUCIA et al.,
2014).
Vamos iniciar os estudos com a via tópica que é a via que apresenta efeito local. Quando falamos em administrar
um medicamento usando a via tópica, estamos nos referindo a um medicamento que será aplicado diretamente
na pele e mucosas, pois deseja-se um efeito local, evitando assim os efeitos sistêmicos.
A epiderme, por ser uma camada rica em queratina, permite a passagem de fármacos lipossolúveis, ou seja, para
favorecer a penetração, o fármaco precisa ser incorporado em veículos lipossolúveis. Ao contrário da pele, as
mucosas não são cobertas por queratina e são bastante irrigadas, o que permite uma maior penetração dos
medicamentos (RODRÍGUEZ; RODRÍGUEZ; CORREDERA, 2002).
Conheça as formas farmacêuticas mais usadas quando a administração é pela via tópica:
• formulações semissólidas: pomadas, cremes, géis e pastas;
• formulações líquidas: soluções e suspensões.
Agora, vamos conhecer as vias enteral e parenteral, que são as vias que apresentam efeito sistêmico.
Administrar um medicamento pela via enteral significa que ele irá fazer contato com qualquer segmento do
sistema digestório. Como exemplos de vias de administração que ocorrem pelo segmento enteral temos: via oral,
sublingual e retal.
Clique nos itens e saiba mais sobre cada uma.
Quando a administração é por via oral, as formas farmacêuticas mais usadas são:
• formulações líquidas: soluções, emulsões, suspensões, xaropes, entre outros;
• formulações sólidas: comprimidos, cápsulas, pós, drágeas, entre outros.
Já para a administração por via sublingual, as formas farmacêuticas mais usadas são:
• formulações líquidas: gotas;
• formulações sólidas: comprimido sublingual.
E quando a administração é por via retal, as formas farmacêuticas mais usadas:
• formulações líquidas: enema;
• formulações sólidas: supositório.
Seguindo nosso estudo, vamos conhecer a via parenteral. Administrar um medicamento pela via parenteral
significa que ele não irá utilizar o trato gastrointestinal. Consiste na injeção de medicamentos diretamente na

circulação sistêmica, no líquido cefalorraquidiano, em tecido vascularizado ou em outro espaço tecidual (GOLAN

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circulação sistêmica, no líquido cefalorraquidiano, em tecido vascularizado ou em outro espaço tecidual (GOLAN
et al., 2014). É indicada quando se deseja um efeito mais rápido da medicação ou ainda quando o medicamento
se torna ineficaz em contato com o trato gastrointestinal.

VOCÊ SABIA?
Um comprimido sublingual nunca deve ser engolido, ou seja, administrado por via oral.
Quando um fármaco é desenvolvido para ser administrado por via sublingual significa que ele
deve ser colocado embaixo da língua para dissolver de forma rápida e então exercer seu efeito.
Se usado erroneamente por via oral, o percentual de aproveitamento do fármaco pelo
organismo é bem menor que o necessário para exercer um efeito terapêutico, porque não
conseguiria resistir ao efeito de primeira passagem. Importante prestar atenção às
recomendações dos fabricantes e sempre conferir a via de administração de cada
medicamento.

Como exemplos de vias de administração que ocorrem pelo segmento parenteral, temos: via subcutânea (SC),
intramuscular (IM), intravenosa (IV) ou endovenosa (EV), intradérmica e intratecal (IT).
Confira a seguir as diferentes formas de injetar um medicamento de acordo com a via de administração
selecionada.

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Figura 6 - De acordo com a via de administração escolhida, existem diferentes formas de injeção do
medicamento.
Fonte: GraphicsRF, Shutterstock, 2020.

É importante sabermos que todas essas vias que estudamos apresentam vantagens e desvantagens. Esse será
nossa abordagem no item a seguir.

1.3.2 Vantagens e desvantagens das vias de administração

No quadro a seguir, você irá encontrar as vias que estudamos e as principais vantagens e desvantagens em usá-
las.

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Quadro 2 - Vantagens e desvantagens das vias de administração dos medicamentos.
Fonte: Elaborado pela autora, baseado em RANG et al., 2016; RODRÍGUEZ; RODRÍGUEZ; CORREDERA, 2002 e
GOLAN et al., 2014.

Sendo assim, podemos entender que apesar de existirem diferentes vias de administração todas apresentam
vantagens e desvantagens que precisam ser consideradas e ponderadas antes de serem escolhidas.

Conclusão
Concluímos a primeira unidade sobre as noções gerais de Farmacologia, formas farmacêuticas e vias de
administração. Agora você já conhece os principais conceitos relacionados à ciência que estuda os fármacos.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conceituar termos básicos da Farmacologia;
• esclarecer como os fármacos produzem seus efeitos terapêuticos;
• identificar as principais formas farmacêuticas;
• identificar as principais vias de administração;
• examinar as vantagens e desvantagens das diferentes vias de administração.

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