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CÂMPUS DE MARÍLIA
Faculdade de Filosofia e Ciências
Este trabalho trata da atuação das tropas do exército brasileiro durante a execução da
MINUSTAH (Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti), no Haiti, no
período de 2004 a 2017. O objetivo do trabalho é analisar os abusos cometidos pelos
soldados brasileiros em relação a população haitiana, fazendo uma relação de colonização
e violência entre o Brasil Colonial (com seus respectivos colonos que utilizavam a
violência para garantir a manutenção do sistema) e o Haiti contemporâneo (que ficou
sujeito a atuação das tropas aprovada pelo Conselho de Segurança da Organização das
Nações Unidas, com uma suposta proposta de manutenção da paz) e, assim, pretende-se
demonstrar o processo de imperialismo que o primeiro executou no segundo. Desta
maneira, busca-se, primeiramente, explicar a instabilidade política do Haiti diante dos
interesses do governo brasileiro em estabelecer a missão. Em seguida, há a exposição dos
abusos cometidos pelas tropas brasileiras no território haitiano, a partir do levantamento
de dados de relatos da população. A partir disto, se faz a relação entre a ação violenta da
metrópole portuguesa no Brasil Colônia e a ação dos soldados no Haiti, por meio da do
confrontamento da análise de documentos dos dois períodos. Por fim, uma breve análise
das consequências da MINUSTAH é exposta.
A Organização das Nações Unidas (ONU), por meio do Conselho de Segurança, promove
intervenções militares em países desestabilizados de alguma maneira. Essas intervenções
podem utilizar a força desde que o processo de votação em uma reunião do Conselho seja
aprovado: foi assim que o Brasil passou a comandar a Missão das Nações Unidas para a
Estabilização do Haiti (MINUSTAH).
O Haiti, visto como politicamente desestabilizado pelo sistema internacional, e o Brasil,
entendido como país democrático capaz de lidar com uma operação definida como
“missão de paz” (mesmo ela sendo encabeçada por um corpo detentor da força em forma
de homens – o exército), passaram a ter uma relação baseada no processo da ONU.
Quais seriam as problemáticas desta ação, já que, aparentemente (como tudo aparenta ser
na ONU), a estabilização do Haiti por meio da MINUSTAH o tornaria um país apto a
“desenvolver-se”? A primeira delas já se mostra com os objetivos da missão:
1. Estabilização política buscada por outro país [no caso, por meio do Brasil],
insinuando que a população haitiana não era capaz de consolidar um processo
democrático sem ajuda estrangeira;
2. Fim da violência e asseguramento dos direitos humanos com práticas
‘violentas’ do país operador da missão [no caso, mais uma vez, o Brasil];
3. Caráter ante-histórico e hipócrita ao não considerar a formação do Haiti com
a colonização de potências europeias e até americanas no passado, para
estabelecer a missão, desconsiderando as consequentes manifestações contra
a intervenção militar.
Em segundo lugar, a figura do Estado enquanto detentor do monopólio legítimo da força
consolida a existência da violência provocada no Haiti. Isto é, não seria uma operação de
paz com a figura de homens armados que tinham legalidade para matar ou demonstrar
poder. Matando ou demonstrando a possibilidade [o poder] de matar aconteciam os
abusos. E esses abusos não eram analisados, concretamente (uma vez que eram
denunciados e, consequentemente, ignorados por todos 13 anos de atuação da
MINUSTAH), de modo subjetivo. Não havia tribunais ou número de “gangues” mortas
ou análise de casos de estupro e invasão de casas, julgando o que era realmente eficaz
para estabilização política do país.
Por fim, o Brasil possuía interesses escancarados em participar da missão, procurando
estabelecer-se como membro do Conselho de Segurança da ONU. Como a paz poderia
ser cunhada em cima de interesses políticos?
Assim, essas três problemáticas demonstram a ineficiência e a violência da MINUSTAH,
fazendo relação com uma atuação imperialista do Brasil no Haiti, de acordo com o
histórico do território brasileiro em sua relação colônia-metrópole com Portugal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
COSTA, Frederico Lustosa da. Brasil: 200 anos de Estaado; 200 anos de administração
pública; 200 anos de reformas. 2008. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rap/v42n5/a03v42n5>. Acesso em 04/06/2018.
Cruz, Lúcia Pfeifer, Abuso e exploração sexual em missões de paz da ONU: Um estudo
sobre o caso da MINUSTAH. 2018. 68f. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018. Disponível em: <
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/178574/001062040.pdf?sequence=1
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Denúncias de abuso sexual pode prejudicar missão no Haiti, diz ONU. BBC. Disponível
em:
<http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2011/09/110905_haiti_minustah_sexual_mm
> Acesso em: 03 jun.2018.
HAITI encerra eleições após um ano de incerteza política. G1, 20 nov. de 2016.
Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/11/haiti-encerra-eleicoes-
apos-um-ano-de-incerteza-politica.html>. Acesso em: 04 jun. 2018.
MAISONNAVE, Fabiano; VERPA, Danilo. Após 13 anos, Brasil deixa o Haiti entre paz
frágil e miséria. Folha de São Paulo, 27 out. 2017. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/08/1913374-apos-13-anos-brasil-deixa-o-
haiti-entre-paz-fragil-e-miseria.shtml>. Acesso em: 04 jun. 2018.
NEXO. Qual o balanço da missão de paz brasileira no Haiti. 2017. Disponível em:
<https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/04/25/Qual-o-balan%C3%A7o-da-
miss%C3%A3o-de-paz-brasileira-no-Haiti>. Acesso em 03 jun. 2018.
Relatório diz que casos de exploração sexual por soldados são frequentes. G1. Disponível
em: < http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/06/relatorio-diz-que-casos-de-
exploracao-sexual-por-soldados-sao-frequentes.html > Acesso em: 03 jun.2018.
REUTERS. Oposição no Haiti mostra receio com nova missão da ONU após problemas
com MINUSTAH. G1, 23 out. 2017. Disponível em:
<https://g1.globo.com/mundo/noticia/oposicao-no-haiti-mostra-receio-com-nova-
missao-da-onu-apos-problemas-com-minustah.ghtml>. Acesso em: 04 jun. 2018.
Soldados Brasileiros são acusados de abusos sexuais no Haiti, diz agência de notícias.
ESTADÃO. Disponível em: <
https://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,soldados-brasileiros-sao-acusados-de-
abusos-sexuais-no-haiti-diz-agencia-de-noticias,70001741751 > Acesso em: 03 jun.
2018.
VALENTE, Jonas. ONU encerra missão no Haiti comandada pelo Brasil. Agência Brasil,
16 out. 2017. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-
10/onu-encerra-missao-no-haiti-comandada-pelo-brasil>. Acesso em: 04. jun 2018.